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- constitui-se, em rigor, na parte geral do direito societário brasileiro - as normas que regem as sociedades simples (arts 997 a 1.038 CC), aplicam-se subsidiariamente a quase todos os tipos societários albergados em nosso direito. -Trata-se de uma sociedade de pessoas, contratual, podendo adotar quaisquer dos regimes de responsabilidade dos sócios. I I I I ---- SOCIEDADE SIMPLESSOCIEDADE SIMPLESSOCIEDADE SIMPLESSOCIEDADE SIMPLES 1) Objeto – art. 982 e 966 CC São simples as sociedades que não possuem como objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito à registro. São simples as sociedades de exercício profissional intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que haja concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se constituir elemento de empresa. 2) Constituição: A sociedade simples pode constituir-se como sociedade simples mesmo ou em conformidade com um dos tipos de sociedade empresária. Só se subordinará às regras que lhe são próprias, se adotar o modelo de sociedade simples. Caso contrário, ficará subordinada ao regime legal do tipo escolhido (artigo 983). Exceções: S.As e Comanditas por Ações são obrigatoriamente empresárias. 3) Contrato: escrito, particular ou público, com todas as especificações gerais previstas no art. 997 CC (qualificação, capital social etc). Observações importantes: a) Capital Social: a contribuição dos sócios para a formação do capital social pode ser em bens de qualquer espécie suscetível de avaliação pecuniária, ou em serviços (exclusividade, salvo convenção em contrário). b) Participação nos lucros e nas perdas: em regra, os sócios participam dos lucros e das perdas na proporção das suas respectivas quotas (art 1008 CC). Art. 1008 CC: É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. Exceção: o sócio de indústria participa apenas dos lucros, salvo disposição em contrário. c) Responsabilidade: a sociedade é personificada e, portanto, adquire direitos e obrigações em nome próprio. Porém: - Regra: se esgotados os bens da sociedade sem lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção de suas participações. (responsabilidade subsidiária e benefício de ordem) - arts.1023 e 1024 CC. - Exceções: podem responder solidária (cláusula de responsabilidade solidária) ou limitadamente (Sociedade Simples Limitada), se expresso no contrato social. Art. 1023. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. d) Registro: mesmo sob o modelo de sociedade empresária, deve ter seu contrato arquivado no Cartório de Registro Civil de pessoas jurídicas do local de sua sede (art. 114, II, Lei 6015/73 – Lei de Registros Públicos). - Prazo: trinta dias subseqüentes à constituição da sociedade - efeitos perante terceiros se iniciam da data do ato social. Se extrapolado o prazo, os efeitos se iniciam da data de registro. 3.1) Alteração do contrato social Modificações referentes às matérias do art. 997 (denominação, objeto, prazo, capital social etc) exigem consentimento unânime dos sócios. (artigo 999). As demais alterações podem ser deliberadas pela maioria absoluta de votos (mais da metade do capital sócia), salvo cláusula contratual que exija quorum superior ou unanimidade. Qualquer alteração deve ser averbada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 4) Obrigações dos sócios – arts. 1001, 1002 e 1004 CC. “Art. 1001. As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais.” a) Integralização das quotas, no prazo e forma convencionados no contrato. - sócio remisso (inadimplente): responderá pelos danos causados, poderá ser excluído da sociedade ou ter sua participação reduzida ao montante já realizado. À escolha da maioria dos sócios. Bens e créditos: Art. 1005 CC. “O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso, responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito.” c) Substituição: o sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento expresso dos demais, em alteração do contrato social. d) Dívidas anteriores: o sócio admitido, após constituída a sociedade, responde pelas dívidas contraídas anteriormente. (art. 1.025). e) Credor particular de sócio: a execução sobre o que couber ao sócio nos lucros sociais, ou na parte que lhe tocar em liquidação (artigo 1.026) só poderá ocorrer em último caso, não havendo outros bens do devedor. - pode o credor requerer a liquidação da quota do devedor. - valor da quota: apuração de haveres. - o valor será depositado em dinheiro, no juízo da execução, no prazo de até 90 dias após a liquidação (art. 1.026, § único), salvo acordo ou estipulação contratual diversa. Manutenção da empresa. Outro exemplo é o art. 1027 f) Retirada: Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação. 5) Cessão das quotas Por ser uma sociedade de pessoas, o ingresso de novos sócios fica na dependência do consentimento de todos os sócios remanescentes. Caso haja a cessão, total ou parcial, de quotas sem o consentimento dos demais, mediante a devida alteração contratual, esta não terá eficácia perante eles e nem perante a sociedade. Caracterizará apenas um contrato entre o cedente e o cessionário, possibilitando a ação em regresso, se for o caso. 5.1) Responsabilidade solidária do cedente: com o cessionário, por dois anos, após averbada a alteração, pelas obrigações assumidas como sócio. (Art. 1003, parágrafo único, CC.). 6) Administração da sociedade: - só pode ser feita por pessoas naturais (artigo 997, VI, CC). - os administradores: (art. 1.011) devem exercer suas funções com diligência, zelo e lealdade. - é o órgão da sociedade que tem a função de “presentar” sociedade e praticar negócios jurídicos em nome dela. - quando a administração compete aos sócios: (art. 1.010) as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. 6.1) Nomeação de administradores: - no próprio ato constitutivo - em instrumento separado - deve ser averbado à margem da inscrição da sociedade no registro público, sob pena de o administrador responder pessoal e solidariamente com a sociedade pelos atos que praticar. Pode haver vários ou apenas um administrador. Em caso, de competência conjunta é participação obrigatória de todos os administradores, salvo nos casos de urgência em que a omissão ou retardo das providências possa causar dano irreparável ou grave (art. 1.014). 6.2) Responsabilidade do administrador: - não responde pessoalmente por atos regulares de gestão. - responde por perdas e danos se agir, sabendo ou devendo saber, em desacordo com a maioria (art. 1.013, § 2º). - art. 1.017 CC: “O administrador que, sem o consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, terá que restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente, com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele também responderá”. - responde solidariamente, perante a sociedade e em face dos terceiros prejudicados, pelos prejuízos decorrentes de culpa no desempenho de suas funções, atos violadores da lei ou contrato social. Neste caso,a sociedade também responde perante terceiros, mas, ulteriormente, pela via regressiva, poderá pleitear indenização dos administradores (art. 1.016). - Excesso de poderes praticado por seus administradores em face de terceiros só poderá ser alegado pela sociedade nas seguintes hipóteses (artigo 1.015, parágrafo único): a) se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; b) provando-se que a limitação era conhecida do terceiro; c) tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. Obs 1: Voto conflitante: quando o administrador tem interesse incompatível com o da sociedade - art. 1.017, parágrafo único, CC. Se a deliberação foi aprovada graças ao voto do administrador e, constatando-se que sem o seu voto aquela não seria aprovada, a assembléia poderá ser anulada. Obs2: Teoria ultra vires: exonera a sociedade de responder perante terceiros por operações evidentemente estranhas aos negócios sociais. (art. 1.015, parágrafo único, III, CC) Indelegabilidade da administração: O administrador não pode fazer uso de substitutos para o exercício de suas funções. Pode, porém, constituir mandatários da sociedade, nos limites de seus poderes, para atos e operações específicos (art. 1.018 CC). 6.3) Revogabilidade ou irrevogabilidade dos poderes dos administradores: - sócio nomeado: a) no ato constitutivo da sociedade: poderes irrevogáveis, salvo se comprovada justa causa em ação judicial movida por qualquer sócio (art. 1.019). b) em ato separado, os poderes são revogáveis a qualquer tempo. O mesmo se aplica ao administrador não sócio. 7) Resolução da sociedade em relação a um sócio: (arts. 1028/1030) Resolução parcial: a sociedade não se extingue, apenas liquida-se a quota do sócio. O capital social será reduzido proporcionalmente, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota. Hipóteses: a) morte de sócio – salvo se: se o contrato dispuser diferentemente; se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; se herdeiros e sócios acordarem sobre a substituição do falecido. b) retirada de sócio: sociedade por prazo indeterminado: a qualquer tempo - notificação aos demais com antecedência mínima de 60 dias. Sociedade por prazo determinado: só provando em juízo a justa causa. c) exclusão judicial por iniciativa da maioria: por falta grave no cumprimento de suas obrigações (conceito indeterminado); ou por incapacidade superveniente. d) exclusão de pleno direito: sócio declarado falido, sócio com quota liquidada por credor particular. 7.1) Responsabilidade pelas dívidas sociais - nenhuma das formas de resolução parcial exime o sócio, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até 2 anos após averbada a resolução da sociedade; - a retirada e a exclusão também não eximem o sócio ou seus herdeiros, por dívidas posteriores, enquanto não averbada a resolução, por até 2 anos. 8) Dissolução da sociedade. - Dissolução extrajudicial: a) com o vencimento do prazo de duração, salvo se prorrogada por tempo indeterminado; b) com o consenso unânime dos sócios; c) com a deliberação da maioria absoluta dos sócios, na sociedade por prazo indeterminado; d) com a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída em 180 dias; e) com a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. - Dissolução judicial da sociedade: a) com a anulação de sua constituição; b) com o exaurimento do fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade. 9) Liquidação da sociedade: extrajudicial (arts.1.102 a1110 CC) ou judicial (art. 1111 CC e 1.218, VII, do CPC) - Na liquidação realiza-se o ativo e resgata-se o passivo da sociedade para, após, apurar-se os haveres de cada sócio. São vedadas novas operações, pelas quais responderão os administradores solidária e ilimitadamente. II - SOCIEDADE EM NOME COLETIVO a) Nome: - firma ou razão social. - Deve ser hábil à identificação da coletividade social - Qualquer omissão – obrigatório “& Cia”, “e Cia” ou “e Companhia” ao final do nome. b) Constituição da sociedade: - apenas pessoas naturais - intuito persona e affectio societatis - responsabilidade solidária e ilimitada – possível apenas a limitação na relação entre os sócios. - Registro na respectiva Junta Comercial - apenas sócios podem ser administradores c) Dissolução da sociedade: - o vencimento do prazo de duração, salvo se prorrogada; - o consenso unânime dos sócios; - a deliberação da maioria dos sócios, na sociedade de prazo indeterminado; - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. - pela declaração da falência - Judicialmente, quando anulada a sua constituição, exaurido ou inexeqüível o fim social. III - SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES a) Sócios: - comanditários: pessoas naturais ou jurídicas - comanditados: pessoas naturais b) Responsabilidade: - comanditários: limitada ao valor de suas quotas – não pode participar da gerência, nem ter o seu nome na firma. - comanditados: pessoal e subsidiária. c) Nome: um, alguns ou todos os sócios comanditados, no todo ou em parte (& Cia). d) Capital Social: - Integralização: - comanditários: valores ou bens - comanditados: valores, bens ou serviços e) Dissolução - a) vencimento do prazo de duração - b) consenso unânime dos sócios - c) maioria absoluta dos sócios, nas sociedades por prazo indeterminado. - d) falta de pluralidade de sócios por mais de 180 dias – inclusive quanto à duas categorias de sócios. - e) extinção da autorização para funcionar. IV IV IV IV ---- Sociedades em Comandita por Sociedades em Comandita por Sociedades em Comandita por Sociedades em Comandita por AAAAçõçõçõçõeseseses - reger-se pelas normas relativas às sociedades anônimas. - Nome: Denominação ou a firma com os nomes dos sócios-diretores ou gerentes + "Comandita por Ações", por extenso ou abreviadamente. - Ficam ilimitada e solidariamente responsáveis, pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes, figurarem na firma ou razão social. - Administração: apenas sócio e como diretor ou gerente, responde, subsidiária mas ilimitada e solidariamente, pelas obrigações da sociedade. - A assembléia-geral não pode, sem o consentimento dos diretores ou gerentes, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, emitir debêntures ou criar partes beneficiárias nem aprovar a participação em grupo de sociedade. V - SOCIEDADE COOPERATIVA - Lei no 5.764, de 1971 São sociedades: - de pessoas - simples, portanto não sujeitas à falência - com forma jurídica própria, - constituídas para prestar serviços aos associados Distinguem-se das demais sociedades por várias características. Exemplos: a. voluntária, com número ilimitado de associados; b. limitação do número de quotas-partes para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade; c. inacessibilidade das quotas partes do capital à terceiros, estranhos à sociedade; d. quorum para o funcionamento e deliberação da assembléia geral baseado no número de associados e não no capital; e. não distribui benefício às quotas-partes do capital ou estabelece outras vantagens ou privilégios; f. permitir o livre ingresso a todos os que desejarem utilizar os serviços prestados pela sociedade, exceto aos comerciantes e empresários que operam no mesmo campo econômico da sociedade, cujo ingresso é vedado; g. o ingresso de pessoa jurídica limita-se àquela que pratica as mesmas atividades econômicas das pessoas físicas. Objetivos sociais - viabilizara atividade de seus associados, adotar qualquer objeto, respeitadas as limitações legais no sentido de não exercerem atividades ilícitas ou proibidas em lei. Constituição As sociedades cooperativas, na prática, são constituídas por ata da assembléia geral de constituição, transcritas no "livro de atas" que, depois da ata de fundação, servirá como livro de atas das demais assembléias gerais convocadas pela sociedade. Dissolução - quando assim deliberar a Assembléia Gera; - pelo decurso do prazo de duração; - pela consecução dos objetivos predeterminados; - devido à alteração de sua forma jurídica; - pela redução do número mínimo de associados ou do capital social mínimo se, até a Assembléia Geral subseqüente, realizada em prazo não inferior a 6 (seis) meses, eles não forem restabelecidos; - pelo cancelamento da autorização para funcionar; - pela paralisação de suas atividades por mais de 120 (cento e vinte) dias. A dissolução da sociedade importará no cancelamento da autorização para funcionar e do registro.
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