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Resumo Sociedade simples de natureza civil

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Sociedade simples de natureza civil
1) Noções gerais:
● Sociedade simples de natureza civil: sociedade de pessoas que presta serviços. Para participar
do quadro de sócios é relevante a affectio societatis → confiança mútua e vontade de ser sócio
do outro.
● É personificada, desde que o contrato social seja inscrito no Cartório de Registro Civil das
Pessoas Jurídicas do local da sede ou do domicílio jurídico, indicado no ato constitutivo.
● Perseguem lucro direto (obtido de pronto, ex: compra e venda de um serviço/produto) e
indireto (ex: oferta de brindes).
2) Generalidade das normas jurídicas:
● As normas jurídicas da sociedade simples são gerais no direito societário, ou seja, quando
compatíveis, são aplicáveis de forma supletiva ou como complementação normativa às
pessoas jurídicas empresárias.
3) Pessoas que podem contratar sociedade simples:
● A sociedade simples de natureza civil é contratada por profissionais que exercem atividade
intelectual.
○ Atividade intelectual → nasce da ideia humana exteriorizada num suporte material, não
nasce do esforço físico do ser humano. Pode ter natureza científica, artística ou literária.
4) Distinção entre sociedade simples de natureza civil e empresária:
Civil Empresária
Prestação de serviços de natureza pessoal.
Ato constitutivo inscrito no Cartório de
Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Prestação de serviços desenvolvida de forma
impessoal.
Ato constitutivo inscrito na Junta Comercial.
● Observações:
○ Embora a sociedade simples seja um tipo societário de natureza civil, ela pode se revestir
de um dos tipos destinados às sociedades empresárias.
○ O exercício da profissão intelectual pode constituir elemento de empresa ou ser parte de
uma atividade econômica maior. Nesses casos, a sociedade simples pura ou revestida de
um dos tipos destinados às sociedades empresárias adquire natureza empresária.
5) Normas que regem a sociedade simples:
● Sociedade simples pura: regidas pelas normas que lhe são próprias (arts. 997 a 1.032 do
Código Civil).
● Sociedade simples de natureza empresária: pode ser constituída segundo um dos tipos
regulados nos arts. 1.039 a 1.092 do Código Civil. Usualmente, opta-se pela sociedade
limitada unipessoal ou limitada plural (arts. 1.052 a 1.087). Na eventualidade da sociedade
simples revestir-se de algum outro tipo societário, a ela serão aplicáveis as regras particulares
do tipo adotado e supletivamente as normas jurídicas próprias da sociedade simples.
6) Insolvência:
● A sociedade simples pura e a sociedade simples de natureza empresária não se sujeitam à Lei
nº11.101/2005.
● Advindo a insolvência da sociedade simples, seus credores poderão requerer ao juízo
competente a declaração da insolvência civil da sociedade (arts. 748 a 786-A do Código de
Processo Civil de 1973, por disposição do art. 1.052 do CPC 2015).
○ Insolvência → passivo (dívidas, obrigações) consideravelmente acima do ativo (haveres,
créditos).
7) Nome empresarial:
● Nome empresarial: designação pela qual a pessoa jurídica exerce a atividade econômica,
apresenta-se somente na forma nominativa.
● Firma vs. Denominação:
Firma Denominação
Deve ser composta com o nome civil de um,
alguns ou todos os sócios. Pode-se abreviar
ou omitir o prenome, mas não o sobrenome.
Não constado o nome de todos os sócios,
deverá ser acrescentado o aditivo &/e Cia.,
indicando a existência de outros.
O empreendedor individual deve adotar seu
nome civil completo ou abreviado, não
podendo apreciar o último prenome, nem ser
excluído qualquer dos componentes do
nome, podendo incluir uma expressão mais
precisa de sua pessoa (apelido ou nome
como é mais conhecido) ou gênero/espécie
de negócio que desenvolve, que deve
constar como objeto da sociedade no ato
constitutivo.
Na denominação deve-se designar o objeto
social, podendo nela figurar o nome de um
ou mais sócios, pessoa natural ou jurídica,
apresentar em seu núcleo nome fantasia,
seguida do aditivo diferenciador da
sociedade.
Firma Firma ou denominação Denominação
Soc. nome coletivo
Soc. com. simples
Empres. individual
Soc. comandita ações
Soc. Ltda. plural
Limitada unipessoal
S/A ou Cia.
Soc. com. ações
Soc. limitada plural
Limitada unipessoal
○ Proteção ao nome empresarial: decorre automaticamente do registro do ato constitutivo.
○ Nome fantasia, de fachada ou marca:
→ A lei não prevê o registro do nome fantasia para fins de assegurar sua proteção legal.
Todavia, é necessário requerer o seu registro como marca de produto ou serviço no
Instituto Nacional da Propriedade Industrial, o que concede proteção ao nome
fantasia.
→ Marca significa sinal distintivo utilizado pela pessoa jurídica para que o público
possa distinguir facilmente seus produtos/mercadorias/artigos/serviços. Pode se
apresentar na forma nominativa, figurativa, mista ou tridimensional.
8) Responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais:
● A responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais depende do que ficou ajustado no
contrato social.
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que,
além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
● Na execução dos bens pessoais dos sócios os credores devem observar a participação de cada
um ao capital social, já que as perdas ocorrem proporcionalmente às respectivas quotas de
capital, salvo estipulação em contrário.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da
sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
9) Contrato social:
● É o ato constitutivo da sociedade simples de natureza civil.
● Características: escrito; instrumento particular ou público (lavrado em cartório).
● Os sócios podem acrescentar ao contrato social cláusulas acidentais ou facultativas.
● Deve ser registrado no prazo de 30 dias contado da data lançada no contrato. Caso seja
registrado dentro dos 30 dias seguintes à data lançada no mesmo, o registro retroage à data que
consta no instrumento do contrato, de modo que os atos praticados, com respaldo no contrato,
são válidos em relação a terceiros. Se o contrato for registrado depois dos 30 dias, a sociedade
será tratada no período compreendido entre a data indicada no contrato e a data da concessão
do seu registro como uma sociedade em comum.
Art. 998. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a
inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será
requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou
qualquer interessado.
§ 1º Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias,
contado da lavratura dos atos respectivos.
§ 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a
partir da data de sua concessão.
§ 3o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso de
omissão ou demora.
● Todas as alterações introduzidas no contrato ou estatuto originário da pessoa jurídica deverão
ser averbadas à margem da sua inscrição do Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
dentro do prazo de 30 dias contado da data da modificação.
Art. 999. Parágrafo único. Qualquer modificação do contrato social será averbada,
cumprindo-se as formalidades previstas no artigo antecedente.
● Pacto em separado contrário ao contrato social, à lei ou à ordem pública:
○ Cláusulas acidentais, facultativas ou condições estabelecidas em documento separado do
contrato social elaborado pelos sócios, contrárias ao disposto no contrato social, à lei ou à
ordem pública são ineficazes ou não produzem efeitos em relação a terceiros, que não
firmaram o pacto separado, sócios ou não. Tais ajustes somente são válidos e podem
vincular os sócios signatários nas suas relações diretas e pessoais,podendo invocar suas
disposições específicas uns contra os outros.
Art. 997. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado,
contrário ao disposto no instrumento do contrato.
10)Estabelecimento principal e secundário:
● Uma mesma pessoa jurídica pode desenvolver sua atividade econômica organizada ou ramo de
negócio em vários lugares ao mesmo tempo. Se assim for, configura-se o estabelecimento
principal e o secundário. Todavia, cada estabelecimento tem sede social própria ou domicílio
contratual ou estatutário específico para as relações que lhe correspondem.
● O que caracteriza o estabelecimento principal e o secundário é o vínculo de direção e
subordinação.
● Sede social vs. principal estabelecimento:
○ Sede social: lugar onde a pessoa jurídica de direito privado pode ser encontrada para
responder por suas obrigações.
○ Principal estabelecimento: lugar onde fica situado o centro vital dos negócios da pessoa
jurídica, onde é realizado o maior volume de negócios no sentido econômico.
11)Deliberações sociais:
● São tomadas em reunião, lavradas e documentadas em ata que deve ser assinada, no mínimo,
pelo número de sócios necessário à aprovação das matérias.
● Quórum: número mínimo de pessoas necessárias para que uma deliberação/decisão possa ser
válida. O quórum de deliberação da sociedade simples de natureza civil poderá ser:
○ Deliberação unânime: qualquer deliberação sobre cláusulas essenciais (art. 997); exige a
aprovação/consentimento de todos os sócios, de forma a proteger os termos iniciais da
contratação da sociedade.
○ Maioria absoluta dos votos em relação ao capital social: demais deliberações, desde que
os sócios não tenham ajustado cláusula contratual prevendo a necessidade de deliberação
unânime (art. 999). A matéria apresentada exige consentimento de sócios titulares de
mais de metade do capital social (50% + 1). A lei não exige a convocação de uma reunião
formal, suficiente é a subscrição do instrumento de alteração contratual.
Obs: maioria simples: aprovação da maioria dos presentes à votação (contagem por
cabeça)..
● Empate nas deliberações: o legislador deixou estabelecido que em caso de empate na
votação, prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios. Se ainda assim o empate
não for resolvido (ex: sociedade com número par de sócios, cujos votos representem o valor
do capital empatado), a lei prevê a possibilidade de resolver-se no judiciário (art. 1.010, § 2º)
ou através de arbitragem, conciliação ou mediação.
● Voto conflitante/contrário: o sócio vota em nome próprio, todavia, deve exercer o seu direito
de voto sempre no proveito da pessoa jurídica. Caso haja interesse conflitante, deve o sócio
abster-se de participar da deliberação social. O voto conflitante ou contrário ao da sociedade
se caracteriza quando o sócio e a sociedade estiverem em posições contrapostas, regra geral,
previsto em lei (ex: art. 1.074, § 2º). Se o sócio votar assim mesmo, estará proferindo voto
conflitante ou incompatível ao da sociedade.
● Abuso de direito de voto/ voto abusivo: proferido com o intuito de causar danos à pessoa
jurídica ou aos sócios. Gera responsabilidade civil do sócio em razão das perdas e danos que a
pessoa jurídica ou os demais sócios vierem a sofrer em razão da deliberação ou decisão havida
graças a seu voto. Não responderá o sócio se o seu voto, embora abusivamente proferido, não
tenha prevalecido.
12)Início das obrigações e efeitos do contrato social:
● Início das obrigações em relação aos sócios: começam da data da assinatura do contrato,
ainda que não registrado, devendo conter as assinaturas de todos os sócios, duas testemunhas e
advogado. Exceto se no contrato for fixada outra data de vigência.
● Início das obrigações em relação a terceiros: o contrato só gera efeitos ou é válido a partir da
data do seu registro. O contrato particular, não inscrito na instituição pública competente, com
as assinaturas necessárias, produz efeitos entre os sócios, mas não perante terceiros.
13)Obrigações dos sócios:
● Integralizar a quota subscrita → obrigação essencial; integralizar a quota subscrita ou
adquirida na forma e no prazo previsto no contrato social.
● Lealdade e cooperação recíproca.
14)Capital e quotas sociais:
● A sociedade simples (e demais sociedades contratuais) tem o capital dividido em quotas
sociais.
● Os sócios têm liberdade para definirem em quantas quotas o capital social será dividido. As
quotas podem ter o mesmo valor ou valores diferentes.
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou
diversas a cada sócio.
● Integralização de quotas: é o pagamento das quotas acordadas pelos sócios. É necessário
deixar explícito no contrato social como cada um dos sócios irá integralizar ou efetuar o
pagamento do seu percentual do capital social. Em regra, na sociedade simples (e demais
sociedades contratuais), a integralização da quota social pode ser feita através de dinheiro,
bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, suscetíveis de avaliação em pecúnia ou em
dinheiro, desde que úteis ao desenvolvimento da atividade econômica organizada da
sociedade, ainda, créditos.
● Com o objetivo de resguardar a inteireza ou inalterabilidade do capital social, o sócio que
contribui ao capital social com bens responde perante a sociedade pela evicção (art. 447) e
pela solvência de seu devedor particular. (art. 265 e 1.005).
● Cessão de quotas: compra e venda de quotas por meio da transferência (parcial ou total).
○ É necessário o consentimento de todos os sócios e a averbação da cessão às margens da
inscrição da sociedade. Do contrário, a cessão é ineficaz ou não tem validade em relação
aos demais sócios, à sociedade e terceiros.
Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do
contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à
sociedade.
Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o
cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações
que tinha como sócio.
15)Os sócios:
● Sócio de serviços: característica da sociedade simples que presta serviços de forma pessoal. O
sócio integraliza sua parte no capital social com o seu trabalho, isto é, são contratados como se
fossem sócios, com direito a voto e participação nos lucros, não precisando dispor de capital
para entrar na sociedade.
○ O sócio que contribui com serviços participa dos lucros sociais na proporção da média do
valor das quotas, salvo estipulação em contrário (art. 1.007).
○ O sócio não pode empregar-se em atividade estranha à sociedade, deve ter dedicação
exclusiva, caso contrário poderá ser privado de seus lucros e ser excluído do quadro
societário (art. 1.006).
● Sócio remisso: é aquele que deixa de integralizar a quota subscrita, na forma e prazo
especificado no contrato social. Ele deverá ser constituído em mora, mediante notificação
judicial ou extrajudicial pelo administrador da pessoa jurídica, concedendo-lhe o prazo de 30
dias para cumprir a sua obrigação.
Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem
prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a
terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os
juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.
Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições
estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao
da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.
Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à
indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado,
aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1o do art. 1.031
● Expulsão retirada oufalecimento do sócio e responsabilidade:
○ Responsabilidade do sócio que se retira, é expulso ou que falece pelas obrigações
sociais:
→ O sócio responde pelas obrigações de natureza civil, trabalhista e tributária 2 anos
antes e 2 anos depois da averbação da retirada voluntária ou da expulsão à margem
do registro da sociedade.
→ Tratando-se de falecimento de sócio, o espólio ou o conjunto de bens deixado pelo
falecido responde pelas dívidas, mas feita a partilha, cada herdeiro responde até o
quinhão ou parte que recebeu em herança, podendo ser acionado até 2 anos pelas
obrigações de responsabilidade do de cujus (arts. 605,I e 796 do CPC).
○ Direitos dos herdeiros do sócio e do cônjuge separado judicialmente: os herdeiros do
sócio, ou o cônjuge que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte
que lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros até que se
liquide a sociedade (art. 1.027).
○ Morte de sócio e ingresso de herdeiros: regra geral, a quota deixada pelo de cujus é
liquidada e o valor é entregue aos seus sucessores ou herdeiros, perfazendo-se a resolução
da sociedade em relação a um sócio (dissolução parcial). Alternativamente, o contrato
social pode regular o acontecimento de forma diferente, os sócios remanescentes poderão
optar pela dissolução da sociedade ou pode haver uma composição de vontade entre os
sócios remanescentes e herdeiros do de cujus, a fim de regular a sua substituição na
sociedade (art. 1.028).
○ Hipóteses de exclusão do sócio:
→ Sócio remisso que não integraliza a quota subscrita (art. 1.004).
→ Sócio que comete falta grave no cumprimento de suas obrigações legais ou
contratuais (art. 1.030).
→ Sócio declarado incapaz por fato superveniente (art. 1.030).
→ Sócio que pratica atos de inegável gravidade que colocam em risco a continuidade da
sociedade (art. 1.085).
→ Sócio declarado falido ou cuja quota for liquidada (art. 1.030).
○ Hipóteses de retirada mediante reembolso de haveres pela sociedade: significa o direito
do sócio acionista de retirar-se por vontade unilateral do quadro societário, mediante
reembolso de seus haveres pela sociedade. O recesso ou retirada somente pode ocorrer
em algumas situações taxativamente previstas em lei: quando o contrato social for
modificado, quando houver fusão da sociedade, quando houver incorporação de outra
sociedade, quando houver cisão, quando houver transformação da sociedade.
→ Apuração dos haveres: a resolução da sociedade em relação a um sócio exige a
imediata liquidação (apuração) de sua quota, para fins de cálculo dos haveres e
pagamento pela pessoa jurídica.
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o
valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado,
liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação
patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço
especialmente levantado.
§1º O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios
suprirem o valor da quota.
§2º A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da
liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. (Vide Lei nº
13.105, de 2015) (Vigência)
16)Administração da sociedade:
● A sociedade simples de natureza civil somente pode ser administrada por sócios.
● Teoria organicista: o funcionamento de uma sociedade pode requerer três órgãos:
○ Órgão de deliberação: são as reuniões e assembleias nas quais os sócios ou acionistas
manifestam a vontade da sociedade ou a vontade social através do direito a voto.
○ Órgão de administração: formado pela diretoria através da qual a pessoa jurídica se faz
presente em todos os atos judiciais e extrajudiciais, administra a sociedade e executa as
determinações das reuniões ou assembleias e do conselho de administração. Trata-se de
órgão facultativo, cuja presença só é obrigatória em três modalidades de sociedade:
sociedade por ações ou companhia, sociedade por ações de capital autorizado e sociedade
de economia mista.
○ Órgão de fiscalização.
● Pessoas impedidas de exercer o cargo de administrador: pessoas impedidas por lei especial
(ex: leiloeiros, magistrados, militares etc.) e pessoas que cometeram crimes e se tornaram
inidôneas ao cargo, enquanto perdurarem os efeitos da condenação (ex:corrupção ativa ou
passiva, crime contra a economia popular etc.).
● Competências do administrador:
○ O contrato social deverá conter o nome do administrador, poderes e atribuições (art. 997,
VI).
○ A sociedade poderá ser administrada por um, alguns ou todos os sócios. No exercício das
funções eles poderão atuar de forma isolada, de forma conjunta ou de forma sucessiva.
○ Na circunstância em que um determinado ato irregular é praticado isoladamente por um
administrador e de competência isolada, a responsabilidade será pessoal e não solidária.
A responsabilidade será solidária somente quando ele age ilicitamente em conjunto com
outros.
○ Competindo a administração a vários administradores que atuam de forma isolada, cada
qual poderá impugnar a operação pretendida pelo outro e a validade da operação será
decidida por maioria absoluta de votos em relação ao capital social. Perante terceiros, o
ato impugnado vincula a sociedade (art. 1.013, § 1º). Se nenhum administrador impugnar
o desconhecimento ou por qualquer outro motivo, o administrador que realizou a
operação responde por eventuais perdas e danos perante a sociedade se sabe ou devia
saber que está agindo em desacordo com a intenção da maioria dos administradores (art.
1.013, § 2º).
● Nomeação do administrador: o administrador poderá ser nomeado diretamente no contrato
social, no momento da contratação da pessoa jurídica ou depois de constituída a sociedade,
por meio de ato separado do contrato social.
● Responsabilidade do administrador: a responsabilidade é subjetiva.
● Revogação dos poderes de administração: o cargo de administrador é indelegável, mas nada
impede que, nos limites de seus poderes, os administradores constituam mandatários ou
procuradores, outorgando-lhes poderes específicos para os atos e operações que poderão
praticar.

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