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latimparabotanicos-rizzini-1955

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Latim para Bot�nicos - RIZZINI C T - 1955.pdf
CA R LO S TO LED O RIZZ I N I 
ENSAIO SOBRE O USO DO lATIM NA BOTÂNICA 
lATIM PARA BOTÂNICOS 
FUNDAÇÃO GONÇALO MONIZ - BAHIA - BRASIL - 1955 
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s e.t:mo n.e. 
CD. CD, CD, 
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Parecer da Comissão Julgadora do Prêmio José Ve-
rissimo (Ensáio e Erudição) da Academia Brasileira de 
Letras para 1951: 
« O Sr. Carlos Toledo Rizzini, homem igual-
mente de ciência e de letras, apresentou com 
seu Ensaio sôbTe o uso do latim na Botânica, 
um trabalho de fôlego que exige erudição e 
cultura. Dividido em cinco partes, destacamos 
especialmente a última de tôdas: O dicionário 
laUno-português aplicado à Botânica. Trata-
se, pois, de uma obra útil, necessária. de real 
significação, digna de aplausos e que vem con-
solidar o prestígio intelectual de seu autor ». 
Ass.) Mucio Leão 
Elmano Card'im 
José Carlos de Maccdo Sow'cs, relator. 
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PREFÁCIO 
Lançando a obra do naturalista CaT?os Tolcdo Riz.õini - "Latim par a 
botânicos" - a Fundação Gonçalo Nloniz tem em vista prcencher grave 
lacuna de nossa literatura botânica. Como é sabido, a Sistemática Botân'ica 
conservou a tradição das dcscriçõcs latinas, o qu'!, se reprcscnta uma grande 
facilidade bibliográfica, exige, por outro lado, o manejo do latim cicntífico 
como instrumento básico de trabalho. E o pcrigo do conhecimento inseguro 
dêstc meio de expressão dos caractercs taxinômicos e evidente. Daí a neces-
sidade de se sair definitivamente do autodidatismo forçado em que estáva-
mos, neste assunto, no Brasil. Porque nada havia que orientasse o cstucliow 
nesta matéria, a não ser gramáticas e cursos com o objetivo do ensino da 
lingua latina em geral, o que exiue uma aprendi:wgcrn mais longa, desani-
mando o jovcm sistemata diante de um programa vasto, de que êle sabe 
só poder utilizar uma parcela pequena. Nêste trabalho, ao contrário, limitam-
Sf~ as noções gramaticais ao indispensável, forneeem-se modelos de elescrições, 
rara moldar a sintaxe pela dos bons autores. Albn disso há, no fim, um 
dicionário especializado, que reprcsenta grande massa de trabalho acumulado, 
a primeiro no gênero entre nós, c cuja utilidade logo há de se fazer sentir. 
o autor ingressou, por concurso, no quadro cios naturalistas do Jardim 
Botânieo do Rio de Janeiro em 1945 c, em 1947, graduou-se em Medicina. 
Seus trabalhos situam-se principalmcnte no domínio da Sistemática; versan-
do sôbTe ACA.NTHACEAE, COMPOSITAE, RUBIACEAE, LORÁNTHACEAE, 
BIGNONIACEAE, OLACACEAE, DICHAPETALACEAE, bem como sôbre 
líquens do gênero USNEA (ele gr[[}~de interesse méelico em rir tucZe dos anti-
bióticos que contêm). 
çuanelo naturalista do Parque Nacional da Serra dos órgdos organizou 
o herbár'io regional e diversos estudos florísticos loeais . Em eolaboracão eom 
o naturalista Paula Oechioni descrevcu, recentemente, a nova família 
DIA LYPETALANTHA CEA E, aceita por Lam, Bremekamp e outros. Reali-
zou estudos anatômieos sôbre os haustórios das LORANTHACEAE, tendo 
publicado também diversos tTabalhos de div2110ação, acêrea dos mCtodos de 
preparo do polen (com vistas para os alergistas), da morfologia do '!Jolen 
e do novo sistema filogenético de Lam para as Cromófitas. 
LUIZ FERNANDO GOUV:EA LABOURIAU. 
1 
I 
i 
ÍNDICE 
INTRODUÇãO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 
I - NOÇÕES I NDISPENSÁVEIS DE GRAMÁTICA LATIN;\ ................ 15 
1 - Alfabeto 15 
2 - Número .. .. .. ........ .... . ..... ... ... .............. .. 15 
3 - Gênero ........ ...... . ... ....... .................. ... 16 
4 - Pa rtes do discurso .... ........ ....... . ... .. ......... 17 
5 - Tema e 6 - Desinência .. . .. .. ................ . .. .. 17 
7 - Declinação ....... .. .......... . .. ........ ..... ........ 17 
8 - Número e reconhecimento das declinações.......... 18 
9 - Casos.. ... .. ............. . ... .... .. . .. . ..... ... .. . .... 19 
10 - Nomes gregos ... . .. .. .. .. .. . . ...... .. .... .. ..... . .. . . 19 
11 - Declinação dos substantivos . ... .... . .............. . . 20 
a - Primeira declinação .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 
b - Segunda declinação. .. ..... ................... . . 21 
c - Terceira declinação. .. . .......... .. .. .. .. . .. .. .. 21 
d - Quarta declinação.. .. ...... .. . .. .. .. .. .. ..... .. 24 
e - Quinta declinação. ....... . .................. .. .. 25 
12 - Nomes compostos.... .... .. .. .. .... . . . ...... .. .. .. .. .. 26 
13 - Gênero português dos epitctos latinos .. . . . . . . . . . . . . . 26 
14 - Declinação dos adjetivos qualificativos. . . . . . . . . . . . . . . . 27 
I - Adjetivos de 1." classe.......................... 27 
2 - Adjetivos de 2." classe............. . .. ......... . 2:J 
15 - Particípios presentes adjctivados . .. . ... .... ... .. .. .. 31 
16 - Outras classes de adjctivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 
17 - Adjetivos numerais .. . .. ......... ... . .. .. .. .. .. . .. .. .. 33 
18 - Medidas de comprimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . 35 
19 - Gráus dos adjetivos qualificativos. .. ..... ........ .. 36 
1 - Comparativo de superioridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 
2 - Comparativo de inferioridade. ... . .... . . . ...... 37 
3 - Comparativo de igualdade ..... .. ... . .. .. . ...... 37 
4 - Gráu superlativo ............................... . 
5 - Comparação irregular ............. . .. . ... ..... . . 
37 
39 
f-
I 
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I 
i 
\ 
I 
1 
-10 -
20 - D::elinação dos pronomzs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 
A - Pronomes demonstr8.tivos ... . . . . .. .. .... .. . .. .. . 40 
B - Pronomes ind2fil1idos . . . ... . . .... .. ....... . .. . . . 
21 - Advérbios .. ... . .. .... .. .... .. . .. ... ... .... .... .. .... . 
22 - Preposições 
42 
41 
43 
23 - Conjunções .. . .. .. . . . ...... ... . . ......... ............ 50 
24 - Verbos .... . ... ... . ..... . .... ... ... .. .... .... .. . .. .. . . 53 
25 - Algumas formas verbais in1portantcs........... . .... 5ô 
26 - P alavr as e locuções especialmente importanLes.... .. 50 
27 - Prefixos de muito valor..... . ................ .. .. . . . 65 
28 - Da sintaxe emp,'e6ada n as clia;noses . . . . . . . . . . . . . . . . Gn 
2;) - O alfabeto grego..................................... 70 
30 - Transferência ele palanss elo greGo para o la tim c 
lJOl'tuguês ,.. . ..... ............................... ~11 
II - REDAÇÁo DE DIi\GNOSES . . . • • . . . . . . . . . . . • . . . • . . . . . . • . . . . . . . . . . . 73 
1 - Definição ............. . .... . ...... . ... . ............ . . 73 
2 - Conceito . .. .. . ... ... ... ... ... .... . .. . .. . ..... . . ... . .. 73 
3 - Partes de uma di::tgno,;e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7<1 
4 - Introdução às diagnoses la t in8.s . ... .. . . .. ... .... .... 74 
5 - Descrição de plrUltns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 
G - Observações que se seguem às diaznoses... ... ... . . . 90 
7 - Parte acessória das diaól1oses. ........ . ....... . . .... [12 
8 - Descrição de variedades ... . ......... . .. . .... . .... .. . 05 
9 - Preparação ele chaves........................ . .. .... . 96 
III - RAIZES GREG.~S E LI\.TIN t.S M:\JS I i\l POItTI\.:;Tr:S NA CO IlIPosrçÃo 
DOS NOMES SISTEMÁTICOS... .............. ... .......... 9!J 
1 - Dificuldades ... ... ... ... . . ........ ... .. .... ... .... .. .. 99 
2 - - Categoria grama tjeal elo.s m eS!11r\s.. .. . . . . . .. . . 100 
3 - Das
r aizes latlnns .... .. ... .... .. ..... . ..... . .. .. .. . . lüO 
4 - Pronúncia dos nOil1CS C~11 . . _-1: ;\ ........ . . ... . ... . .. . 101 
5 - Relação das m ais important8s . ... . ... . .... . ........ 101 
IV TRECHOS SELECIONADOS ...................................... . lOS 
v - DICION ÁRIO L,;TlNO-PORTUGUÊS .~PLIÇADO ii EOT.'imcA... . . . ... . 115 
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1 
J 
INTRODUÇÃO 
« Indocti discant et ament meminisse periti, " 
Não é inopor tuno êslc despretencioso ensáio. E que o latim empregada 
cm larga escala, atê o seculo passado - e ainda hoje, cmboT!1 em mais 
modestas p7'o'Por~ões, por fórça das convenções mantidas por todos os con-
gressos botânieos (o último em 1950) - não fóra, até então, analüado sob 
o ponto de vista aquí adotado - pelo menos, tanto quanto pUdemos apurar, 
em nosso magnifico idionw. (*) E ver-se-á que não poucas peculiaridades 
êle demonstra, quase completamente concordantes com o latim elássico lite-
rário, mas eom caráter dc exceção; não raras vezes certos voeablllos têm 
sentido todo próprio em Botânica, só longinquamente abonado pelos clássicos. 
Procuramos ressaltar tais diferenças para que seu uso seja eampreendido e 
L~ontinuado, ja que são verdadeiros padrões de linguagem por todos entcn-
d1dos; sirvam-nos de exemplos: os vcrbos GAUDERE e LUDERE, a dceli-
ncti}ao dos gregos nelltros elr~ - MA, a declinação dos gregos femininos em 
- IS, o empreyo de raizes gregas latinizadas, a dcclinação dos nomes com-
postos latinos, o uso da letra J, a declinação de SPECIES, EI, etc. 
Essas particularidades, associadas ao modo lJeCllliar de descrever, justi-
f icam o presente ensaio; além disso, lhe são inerentes propriedades didáticas, 
que constituem Slla aspiraçâo última. Assim, julgamos ter assinalado e escla-
rccido umas tGntas singularidades seeulares e, ao mesmo tempo, facilitado 
o cstudo dos interessados em Sistemática vegetal, 
Pos:o isto, a nomenclatura botânica e as descrições dc novas entidades 
taxionómicas devem, obl'igatóriamcnte, utilizar o latim e vozes gregas latini-
zc,das (raramcnte em estado puro); isto se tornou pràticamente exequível 
desde 1753, quando o genial Carlos de Lineu introduziu a nomenclatura 
bmária por meio de sua famosíssima obra "Species Plantarum", Em 1867 
.1 Congresso Internacional de Botânica - reunido em Paris - ratificou o 
( ':' ) Recentemente encontramos na revista "Svensk Botanlsk Tidsk", 45 (3) :534 -
537, 1951, uma anàl1se em sueco de um livro tambcm escrito nessa Inacessível lingua 
denominado "Latin for botanister och zoologer" de E. Wikén (Gleerups, Lund 1951, 
497 pags.). Tendo podido compreender o título, notamos ~er um trabalho de maior 
amplitude que o 110<:80, s6 para botânicos. 
-12 -
emprêgo do latim, mantido rcforçado cm 1950. Dêsfc modo a matéria é 
perfeitamente atual. Em épocas pre-lineanas havia centenas dc obras SÔbl'C 
as ciências naturais redigidas naquele idioma, apenas sem a neeessária 
uniformidade e clareza, introduzidas pelo eminente sábio sueco. 
Com a utilização tão extensa dessa língua naquela eiência, constituiu-se 
cúmo que uma espéeie de ramo aparte - originário do ehamado latim cien-
iZfieo da IdadeJYIédia - agora denominado "latim dos botânicos", como fa?' 
Candidod e Figueiredo (8); êste conhecido autor, contudo, se engana ao dizer 
" porque os botánicos criaram um latim para seu uso - o LATIM BOTii-
NICO ... ". já que não foi êle criado pelos botânicos e, sim, adotado da Idade 
Média, como mencionamos há momentos. P:le concorda, igualmente há pouco 
o adiantamos, em sua maior parte com o latim elássico quanto à ortografia e, 
tanto quanto possível, no que conccrne à gramática pràpriamente dita. 
Empregando a bela língua de Cícero, que continua a ser aquilo que 
sempre foi para os naturalistas, temos obrigação de o fazer o mais correta-
n!ente possível. As gramáticas latinas usuais cscasso auxílio prestam quando 
alguem pouco ajeito ao seu manejo deseja descrever uma nova espécie ou 
c'iar um novo nome genérico; menos ainda os dicionários por não suprirem 
o leitor com a terminologia botânica, inexistente ao tempo dos clássicos. 
O vocabulário de Steinmetz (28) apenas regista os termos no nominativo, 
nâo indicando nem o gênero nem a declinação (desinência do genitivo sin-
gUiai); mesmo que fosse completo, pouco auxílio propiciaria ao inexpcr[o. 
Cabrera (3) tentou remediar isto dando noções do idioma em questão; o 
pequeno volume de info1'1nações aliado às ineorreções tipográfieas torna spu 
trabalho inoperante - mais ainda por julgar êle que as descrições latinas 
devam ser simplesmente um resumo dos caracteres mais importantes, segui-
das de outras correspondentes e na língua do autor ou ainda em latim; 
baseado no primeiro pressuposto, deu parcimonioso desenvolvimento, conso-
ante assinalamos, ao seu artigo. Daí concluirmos que, tanto Cabrera como 
Steimnetz, obrigam o leitor a possuir prévio conhecimento bastante apreciá-
vel, suficiente para dispensar o primeiro artigo citado. 
Scmpre usamos, como muitíssimos outros, completas descrições latinas 
e assim há de ser p01'que nosso lindo idioma, infelizmente, é desconheeido 
nos grandes centros científicos; uma bôa diagnose latina é perfcitamente 
clara para succos, japoneses e indús, pois êstes usam a mesma língua em 
sc tratando de Botânica. Quando enviamos ao conheeido Prof. li. J. Lam, 
de Leiden, nosso trabalho (col. com P. Occhioni) "Dialypetalanthacece" 
acompanhado do material herborizado correspondente, éle não esqueceu, 
em sua resposta, de fazer Teferência a "very complete description of this 
remarkable plant ... ", tôda. em latim e, por isso mesmo, claríssima para êle, 
cminente sistema ta. 
-13 -
Concluimos pcla enorme vantagcm de não limitar as diagnoses às curtas 
dCSC1'içõcs em latim, seguidas de mais completas em português (ou outra 
língua em que escreve o autor). 
o presente trabalho baseia-se no que podemos chamar, sem e:r:agero, 
os "clássicos da Botânica", citados em parte na bibliografia aprcsentada no 
final. Lineu, Eichler, Urbano Willedcnow, Meissner e muiios outros menos 
conhecidos mas latinistas tão bons quanto os nominalmcnte citados. 
Dividimo-lo cm cinco partes bem distintas, a saber: 
I - Noções indispcnsáveis de gramática latina, onde são estudados não 
só os fundamentos do latim clássico como também as particularida-
des do latim dos botânicos. 
II - Redação de diagnoscs, em que é fcito um estudo acurado de como 
os sistema tas usam descrever suas plantas. 
III - Raizcs gTegas c latinas mais importantes na composiçção de nomes 
sistemáticos. 
IV - Trechos selecionados para leitura e tradução, os mais simples e belos; 
acompanha pequeno vocabulário para palavras ou exprcssões ausentes 
nos dici onál·i os. 
V - Dicionário latino-português aplicado à Botânica. 
Nessas cinco partes os exemplos são cxclusivamente referentes à c!Cncic~ 
das plantas, o que aumenta sensivelmente as possibilidades de emprêgo 
di reta por parte dos interessados. 
Esta obra não pode ser considerada completa, embora pouco falte para 
tanto, ialvês; com a continuação, anos afóra, sem dúvida o conscguircmos, 
ainda que isso não tcnha cfeitos práticos scnsíveis; aqui se cncontra mai9 
do que seria n eccssário ao interessado. 
---------- - --- _ ............... -. . 
J 
\ 
I 
A 
NOÇÕES INDISPENSAVEIS 
DE GRAMÁTICA LATINA 
- ' - 1 - Alfabeto 
Compõe-se de 23 ou 24 letras, segundo se considere ou não como tal o J: 
A, a G, g O, o u, u 
B, b H, h P, P V, v 
C, c I, Q, q X, x 
D, d L, I R, r Y, y 
E, e M, m S, s Z, z 
F, f N, n T, t 
OBS. - As letras K, X, Y e Z aparccem em vocábulos gregos; os nomes 
oriundos desta língua trocaram o K por C, embora aquela tenha sido letra 
integTante
do latim em seus primórdios, depois substituida pela outra. Os 
ccrn Z assim permaneceram, mas são poucos; os com X e Y praticamente 
não aparecem. 
Importa-nos, porém, discutir com mais minúcia o 1. Os ro:nanos não 
empregavam na escrita a letra J e, sim o I; contudo, na pronúncia se diferen~ 
ciavam tão bem como hoje. Salvo poucas exceções, o I é consoante (isto é J) 
quando precedendo uma vogal, no início ou meio da palavra: iam (jam, já, 
agora mesmo), coniuges (conjuges, csposos); nos demais casos é vogal, isto 
é, tem som de I português: Ilex (gênero de plantas), etc .. Como exceções 
podemos apontar, ex. gr., algumas vozcs gregas, sem importância para nós, 
e certos comparativos latinos : tenuior (mais tênue) , assiduior (mais assíduo). 
!',ão temos interesse em entrar a analisar minudências a respeito porqCle 
carecem de valor, dado seu caráter excepcional. 
Se a diferenciaçã.o fonética entre os dois sempre foi característica do 
latim, inclusive da decadência, a distinção ortográfica rcmota a época porte-
rio r à Idade Média. O nosso latim - oriundo, como é, do chamado latim 
ri 
I -16 -
científico daquela fase da história - utiliza demasiado frequentemente o J. 
Não falamos latim, escrevemo-lo simplesmente; será, pois, duplamente prá-
tico abandonar tal letra, como fazem muitos cultores do magnífico idioma. 
Em primeiro lugar, não teremos necessidade de cogitar da mencionada 
distinção. Em segundo, estaremos com todos os clássicos literá l·ios. Posto isto, 
podcmos empregar apenas em nossos escritos a vogal e consoante I (i). 
Nos textos botânicos, antigos e modernos, vamos quase sempre encontrar 
o J, o que não tem, conforme explanamos, a mínima importância. Finalmcnte, 
não cometcrá nenhum absurdo quem por êstes se reger. 
Nota - Somos forçados a abrir exceção para os nomes genéricos e 
cspecíficos, aos quais as regras de nomenclatura proibem quaisquer modifi-
cações, 7nesmo quando erradamente gmfados por seus respectivos criadores. 
Assim, Jasminuln e derivados (jasminoides, jasminif lora, etc.) terão os J 
respeitados. Tais vozes serão consideradas neologismos e, por isso, não entram 
em discordáncia com o acíma exarado. AliQs, os neologismos ocupam lugar 
pl eponderante desde o latim medieval e, mesmo, em plena Roma dos clássicos 
(veja a êstc respeito o dístico escolhido sob o título do dicionário). 
-- 2 . Número 
Singul8.r e plural, 11avendo, contudo, palavras Que só existem no plural 
(rluralia tml'lum) e outras com significado diverso conforme o número, 
v . gr., scopa, ce : sing. (raminho, graveto), scopce, arum: plural (vassoura) . 
Como exemplo de plumlia tantmn tcmos: Tamalia, alimn (a ramagem). 
Masculino, feminino e neutro. O gênero é dado ou pela significação do 
vocábulo (gênero n2.tural) ou pela dcsinGnc!a (gênero gramatical). Assim, 
Prunus e Cupressus scriam masculinos pela terminação ou desinência, mas, 
n(>, realidade. femininos por representarem cousas accitas como tais (plan tas) 
- eis a diferença entre gêncro gramatical (pelo qual ambos seriam masculi-
nos) e gênero natural (o que prevaleceu no caso) . Ê curioso que crystallus 
(,) cristal) seja feminino, tanto mais que se dá I f'xg f'. preferência à forma 
neutra crys tallum. Os dicionários indicam o gênero dêste modo: f. - femi-
nino; 111. - masculino e n. - neutro, não havendo maior dificuldade; 
assim também o nosso dicionário o indicará, já que poucas vezes se o pode 
descobrir ao simples exame da palavra isolada. 
I 
·1 
I j 
-17 -
-- 4 - Parte t/i,J Discurso 
Temos só precisão absoluta de: substantivos, adjetivos, advérbios e prc-
posições, os dois primeircs declináveis e os dois últimos invariáveis. Secundà-
riamente poderemos utilizar pronomcs e verbos, os primeiros sujeitos às 
declinações e os últmos muitas vezcs no particípio passado. 
--- 5 - Tema e 6 - D~sinência 
Noções de cxtrema importância. Tema é a parte imu tável elas palavras 
e desinência ou terminação a parte final variável. Obtem-se o iema de qual·· 
quer termo pela eliminação da desinência do genitivo singular: qual o tema 
ela. palavra coroEa? Sendo o genitivo singubr cOl'ollre, retiramos a sua tenni-
nação re e teremos o tema coro ll. Mas, para isto precisamos s8,bcr sempre o 
genilivo singular ele todos os vocábulos. Quem no-ia dará? Os dicionários, 
onde todos os substantivos se acham nesta ordcm: nominativo singular (ou 
nom. plural nos raros casos em que nüo há sing'ular: v. n. 2), desinência elo 
gônitivo Singular (ou plural nos casos acima) e, por fim, o gênero abreviada-
mente como indicamos em n. 3. Exemplos: procuremos o vocábulo folium, 
a folha; como o encontraremos citado? Foliurn, i, n . - nom. sing., i do gen. 
sing. (folii) e n . expressando o gênero neutro. 
Agora vejamos fIos, flor. 
FIos, floris m. - nom. sing., flor is o gen. sing. por extenso porque a forma .. 
ção dele é um tanto irregular e m. demonstrando ser masculina a palavra. 
Seus temas são, à vista da indicação do dicionário : 
Folium, folii - tema fali. 
Flos, floris - tema flor. 
No caso de foliurn, i, o gcnitivo é, conscquentemente, obtido pela substi-
tuição de mn por i e no de fIos dado diretamcnte pelo dicionário. E assim 
em todos os demais casos. 
1 - Declinação 
A grande importância. do conhecimento do tema e das desinências 
reside nas declinações. Declinar é adicionar ao tema de cada palavra a desi-
nência adequada ao que se quer expressar, isto é, a terminação característica 
dc cada caso. Qual a finalidade das declinações? Exprimir as diferentes 
I 
i I 
I 
. : 
i 
I, 
11 ~ 
- 18 -
relações lógicas das palavras entre sí, o que em português é feito pelos 
artigos, preposições e colocação dos nomes. Em latim n ão há artigos, suas 
preposições são algo diversas quanto à formo. e uso; igualmente, o. colocação 
dos vocábulos (pronomes!) pouca importância tem, de um modo geral. 
Posto isto, com a mudança da terminação dos substantivos, adjetivos e 
pronomes (as t rês categorias de vozes declináveis) e pelo contexto podemos, 
sem gr andes dificuldades, entender o latim dos botâni cos. 
-- 8 . Número e Reconhecimento elas Declinações ---
São cinco e fàcilmente reconhecíveis pela terminação do genitivo sin-
gular, obtido - C01110 já vimos - nos dicionários: 
Gen. sing. D eclinação 
-AE Ln 
-I 2." 
-IS 3." 
-US 4." 
-EI 5." 
Vejamos alguns exemplos abrindo o dicionário (algumas dessas p alavras 
não ocorrem em todos êles): 
Planta, ae, f. - a planta Ln decI., feminino. 
Ramus, i, m. - o ramo 2." decI., masculino. 
Prunus, i, f. - a ameixeira 2a decI., feminino 
lndusium, i, n. - o indúsio 2." decI., neutro. 
Ramalia, aZill1n, n . - a ramagem 3.n decl., neutro (plural ia tantum: v. n . ~). 
Sémen, is, n. - a semente 3.n decI., neutro. 
Arbor, is, f. - a á rvore 3.n decI., feminino. 
Frutex, jrut icis, m. - o arbusto 3.n decI., masculino. 
Fructus, US, m. - o fruto 4.n decl., masculino. 
Tribus, US, f. - a tribo 4." decI., feminino. 
Species, ei, f. - a espécie 5.a decI., feminino. 
l' . ; . _.=--....,..---"'---_ .... ~ ....... ~~~- ,- . . .. -. 
19
9 - Casos ——-—
—
— ———
*
~
—
Cacla deelinacao se compoe de seis casos: nominativo, genitivo, dativo,
acusativo, vocativo e afalativo, dcs caiais o vocativo sera eliminado de nossas
cogitacoes por seu nenhum interesse (para nos, entendido) . Suas desineneias
podem variar de acordo com o genero e o niimero, estando ainda sujeitas a
muitas excecoes e particularidades. Por isso, nao e materia para ser decorada
e, sun, consultada; contudo, a pratica a vai fixando na memoria.
Fungoes dos casos — O nom. indica sempre o sujeito, aquele que executa
a acao expressa pelo verbo. O gen. exprime uma relacao de posse
ou proprie-
dacle (complemento restritivo) : a folha da arvore (folium arboris, o 1.° nom.
e o 2.° gen.). O dativo e o caso do objeto indireto ou complemento termi-
ng tivo: com o perfume semelhante ao de jasmim (odore Jasmino simili, o
2° dativo) . O acus. refere o objeto direto, aquele que recebe a acao expressa
pelo verbo: as plantas tern folhas (plantae folia habent, o 1.° nom. e o 2.°
acus. plural) . O abl. designa as miiltiplas circunstancias em que pode se
dar a acao: tempo, lugar, causa, modo, instrumento, etc..
Depois de dadas as declinagoes isto se tornara mais claro.
O ablativo e um dos casos mais importantes em Botanica porque nao
deixa de dar ideia de posse, desde que se nao trate de complemento restritivo;
de um modo apenas empirico podemos diferencia-los por meio das particulas
usadas em portugues: da: gen., com: abl.: as folhas da planta sao grandes
e verdes (folia plantae magna et viridia, gen. em plantae) . Planta com folhas
grandes e verdes (planta foliis magnis et viridibus, abl. em Joliis) . Sste tipo
de construcao e usado na grande maioria das descricoes mais simples
de
plantas: Atente-se para os adjetivos magna e viridia, cujas desineneias acom-
panham seus substantivos nas modificacoes apresentadas, o que e proprio
deles.
Homes Gregos —
—
Seguem quase sempre as declinacoes latinas: l.
a
,
2.a e 3.a . Mesrno stoma
(estomato, pequeno poro ou abertura), que deveria fazer o abl. plural em
—IS (stomatis), acompanha essa norma ssgundo o uso consagrado dos
bctanicos.
Contudo, Botanica se declina em grego e, naturalmente, nao poderiamos
esquecer semelhante vocabulo. Aproveitamos, entao, a oportunidade pava
nos livrar dessa unica deelinacao grega que nos interessa:
.. ' 
I 
I ' 
ii 
i: i: 
li q 
Nom . 
Gen. 
Dat. 
Botanice 
Botanices 
Botanicae 
Acus. - Botanicem 
Abl. - Botanice 
- 20 -
H. B. - Há quem decline Botanica, ae, L, na primeira declinação, mas 
são poucos. 
Isto se refere às palavras gregas em -E, -AS e -ES. A declinação 
grega acima diz respeito ao singular: os mesmop termos fazem o plural 
ia tino na primeira declinação . 
-- 11 . Declinação dos Substantivos 
P:-imeira declinação: 
Encerra substantivos femininos e poucos masculinos. 
C A sos 
Nom. 
Gen. 
Dat. 
Acus. 
Abl. 
C A sos 
Nom. 
Gen. 
Dat. 
Acus . 
Abl. 
SINGULAR 
planta (a planta) 
Plant-re 
Plant-re 
plant-am 
plant-a 
PLURAL 
Plant-re 
Plant-arum 
Plant-is 
Plant-as 
Plant-is 
SIGNIFICADO 
;c, ou uma planta 
ela ou de uma planta 
à ou a uma planta 
9, ou uma planta 
da, com ou pela planta 
SIGNIFICADO 
as plantas 
das plantas 
às plantas 
as plantas 
das, com as ou pelas 
plantas 
As desinências foram e serão destacadas sàmente quando características 
dos casos . Em muitos nominativos elas são variáveis e por isso aparecem 
unidas aos temas. 
, 
I 
I 
I 
:! 
" 
- 21 -
Qualquer outra palavra que os dicionários nos revelarem pertencer 
a esta declinação será declinada pela adição elas terminações separadas pelo 
hifen ao tema. E assim para tôdas as outras. 
S egllnda declinação: 
Encerra nomes masculinos (nom. em -US, -ER e -IR) e neutras 
(nom. em -UM); muito poucos, por exceção, são femininos, alguns dos 
quais já citamos. 
Não repetiremos daqui por diante o significado, sempre igual. 
Substantivos masculinos: 
C A sos SINGULAR PLURAL 
Nom. Pil-us (o pêlo) Pil-i 
Gen. Pil-i Pll-orum 
Dat. Pil-o Pil-is 
Acus. Pil-um Pil-os 
Abl. Pil-o Pil-is 
Substantivos neutros: 
Vimos que fazem o nom. sing. em -UM. Todo o singular é igual ao 
anterior, mas não o plural. 
CASOS SINGULAR PLURAL 
Nom. foli-um (a folha) foli-a 
Gen. Icli-i foli-orum 
Dat. foli-o foli-is 
Acus. foli-um foli-a 
Abl. foli-o foli-is 
Os neutros em -US (como virus, o veneno) são excepcionais. Relembra~ 
mos que isso não tem importância porque os dicionários indicam sempre o 
gênero bem como o que apresentaremos na parte final. 
'Terceira declinação: 
É a mais complexa por apresentar numerosas particularidades e exceções. 
Inicialmente convêm notar que o nom. sing. é extremamente variável em sua 
desinência, o que carece de maior importância: rex, genus, julguT, calcar, 
mare, acumen, jlos, calyx, crassitudo, orbis, jascis, etc.. Nunca, porém, varía 
o gen. sing. característico -IS. 
- 22-
Vamos distribuir, sob um ponto dc vista exclusivamente prá.tico, as 
palavras de int8rêsse botânieo em grupos uniformcs quanto às dcclin ações; 
quando se tratar de deelinar um dado termo, procure-sc o grupo prêviamente 
cm que êlc sc enquadra. Os três gêneros estão mais ou menos igualmcnte 
representados. 
1.0 grupo -- Vocábulos com o mesmo número de sílabas no nom. e gcn. 
sin:::;ulares (parissílabos) e palavras com o gen. sing. possuindo mais sílab% 
do que o nom. sing. (imparissílabos), cUjo tema finaliza por mais de uma 
consoante. 
São, na realidade, dois grupamentos de vozes com igual sistema de 
declinação. Exemplos: eaulis, eaulis, parissílabo (o eEmle; nom. c gen. sing. 
ccm o mesmo número de sílabas); nox, noetis, tema: noet, imparissíla))o 
eom tema terminado por duas consoantes. Tôdas as palavras de nosso inte-
ressc se filiam a eaulis, is nêste grupo primeiro. 
C A S o S SINGULAR PLUR AL 
Nom. Caulis (o caulc) Caul-es 
Gen. Caul--is Caul-ium 
Dat. Caul--i Caul--ibus 
Acus. Caul--em Caul-es 
/l.bl. Caul--e Caul--ibus 
2.° grupo - Formado pelos imparissílabos (gen. sing. com mais sílabas 
do que o nom. sing.) cujo tema termina por uma só consoante; exemplo : 
TCidix, radieis - tema radie (gen. sing. sem a desinêneia -IS). ll:ste é o 
maior e mais importante grupo da 3.a declinação. 
Masculinos e femininos: 
C A S o S SINGULAR PLURAL 
NO!11. calyx (o cálice) calyc--es 
Gen. cnlyc--is calyc--um 
Dat. calyc--i calyc-ibus 
Aeus. caiyc--cm calyc--es 
AbI. eaJy--e calyc-ibus 
Neutros: 
C ASO S SINGULAR PLURAL 
Nem. genus (o gênero) gencr--a 
Gen. g!'ner--is gcner--um 
. L' __________________ _____________ __ 
Dat . 
Acus . 
AbI. 
- 23-
gener-i 
genus 
gener-e 
gener-ibus 
gener-a 
gener-ibus 
Pelo exposto, os grupos primeiro e segundo assim se diferenciam : 
Gen. plural 
Nem. pI. neutro 
Grupo 1.° 
-rUM 
Grupo 2.° 
-UM 
-A 
OBS. - 1. A importantíssima vóz grega epidennis, epidennidis (a epi-
derme) segue exatamente, n êste grupo, o modelo calyx, cis por ser feminina. 
2. O igualmente útil vas, vasis (o vaso), neutro, por exceção faz o geni-
tivo plural da 2.n declinação (vasorum) , porém, cm todos os demais casos 
acompanha o paradigma genus, gcncTis. 
3.0 grupo - Constituido por nomes neutros finalizando por: -E, -AL e 
-AR, como exemplar, aris. Para nós apresenta menos interesse. Tomemos 
cemo paradigma calcar, is (a espora; em Morfologia vegetal: calcar ou 
espora, um apêndice do cálice ou corola presente em várias famílias). 
C A S o S SINGULAR PLURAL 
Ncm. ealcar (a espora) calcar-ia 
Gen. calcar-is calcar-ium 
Dat. calcar-i calcar-ibus 
Acus. calcar calcar-ia 
AbI. ca1car-i calcar-ibus 
Todos os demais nomes neutros (finalizando em: -L, -US, -MEN, 
etc.) pertencem ao 2.° grupo, precisamente o nlais importante: acumen, 
aC'1l1ninis; semen, seminis; putamen, putaminis; genus, generis; corpus, 
corpo ris, etc. 
4.0 gm1JO - Vocábulos neutros em -MA de origem grega, que, óbvia-
mente, são para nós devéras importantes: stigma, sti'gmatis; stoma, stomatis; 
parenchyma, pa:cnchymatis; xylema, xylcmatis; phloema, tis; prosenchyma, 
tis; rhizoma, tis; 17LeTistema., tis; sclercnchyma, tis; cOllenchyma, tis;
stroma, tis; ascoma, tis; plectenparenchyma, tis. 
C A sos 
Nom. 
Gen. 
SINGULAR 
Stigma (o estígma) 
Stigmat-is 
PLURAL 
Stigmat-a 
Stigmat-um 
- 24-
Dat . S tig!l1at-i Stigmat-ibus 
i\cus . St.igma Stigmat-a 
AbI. Stigmat-e Stigmat-ibus 
Assim preferem os botânicos e nem porisso incorrem em erro, ainda 
que os clássicos gostem mais de fazer com que sigam, no plural, a 2.a decli-
nação: stigmata, stigmatol'wn, stigmatis, stigmata, stigmatis. 
5.0 grupo -- Palavras com acusativo singular em -1M ou -lN indifcren-
tementc, e ablativo singular sempre em -I, São nomes gregos, que só cita-
mos pela importância de cinco vocábulos em Botânica: basis, is (a base); 
anthesis, is (a ântese, época de abertura das flores) ; rachis, is (a l'áquc, 
eixo da inflorescência); diagnosis, is (diagnose, descrição) e synopsis, is (a 
sinópse). São todos femininos. 
C A S o S SINGULAR PLUR A L 
Nom . basis bas--es 
Gcn. bas- -is /Jas-ium 
Dat. bas-i bas-ibus 
Acus . bas-im ou -in bas-es 
AbI. bas-i bas-ibus 
Do mesmo modo, os restantes. Dá-se preferência ao ucus. sing . em -lN, 
nos textos taxinômicos. 
N. B. - Excelentes latinistas botânicos, como Eicl1ler e Lincu, emprc-
gam no gen. sing. a forma grcga -EOS: baseos, aniheseos ("lobis baseos", 
"antheseos tempore", "rac!1cos foveas"). f; emprêgo autorizado em Botânica, 
portanto, mas scrá preferível adotar a forma latina para uniformizar. 
Parece-nos dêste modo ter surpreendido tôdas as cvcntualidades (dc 
nosso particular interêssc) capazes de surgir nesta difícil declinação. 
Tenhamos, como facilidade, em mente o seguinte: 
1 - O gênero ncutro tem os nominativos sing. c plural sempre iguais aos 
acusa ti vos do mesmo número. 
2 - O dativo sing. é sempre em -L 
3 - O dato e abI. plurais terminam constantemente em -IBUS. 
Quarta declinação: 
Só temos interesse nos masculinos e (por exceçáo) femininos (nom. sing. 
. _ i 
-
- 25-
em -US) : fructus, us (o fruto); ériblls, llS (a tribo); F i cus, us (o F icus, 
gênero de plantas ou o figo e figueira) e poucos mais. 
C A sos SINGULAR PLURAL 
Nom. Fie-us Fie-us 
Gen. Fic-us Fic-uum 
Dat. Fic-ui Fic-ibus 
Acus. Fic-um Fic-us 
AbI. Fic-u Pic-ibu& 
Esta palavra também pode ser atribuida à 2.a decl.: F icus, i, f.; contudo, 
rcpresentando um gênero da família Momceae só se emprega na 4 .a decli-
nação. Os substantivos neutros aqui não têm o minimo interêsse para a 
ciência das plantas. 
Nota - Sinlls, us (veja dicioniriol faz o ablativo e dativo plurais em 
-UBUS: sinllblls. 
Quinta declinação: 
Nomes fcmininos, dos quais pratical1\cnte só nos importa s]Jccies, ei 
(a espécic). 
C A sos SINGULAR PLURAL 
speci-€s speci-es 
Gen. speci-ei speci-erum 
Dn.t. speci-ei sp·:;ci-ebus 
Acus. speci-em speci-es 
AbI. speci-e specl-ebus 
Muito de propósito escolhemos essa importantíssima paJavra como 
modelo: é quc ela clássicamente não apresenta, no plural, mais do que 
nom., acuso e vocativo. Nos textos botânicos mais rcspeitáveis, porém, é 
declinada em todos os casos, como o fizemos. E isto porque seu significado 
tendo sido ampliado (passando a expressar a unidade sistemática funda-
mental) houve necessidade, paralelamente, de aumentar as possibilidades 
de emprêgo. Assim, com grande frequência encontramos e usamos: 
"conspectus specierum", "conspectus specierum Brasiliensium", "in aliis 
speciebus", etc .. 
- 26 -
-, -- 12 . Nomes Compostos ---
Em Fitotaxinomía podemos dizer que a grande maioria dos nomes 
compostos o são por dois ou, raramente, mais substantivos; tais nomes 
compostos são passiveis apenas de declinação em seu segundo componente, 
pois segundo a regra o primeiro (genitivo de especificação) ficava invariável; 
assim, pipericaulis (com caule semelhante ao dc Piper) só se declina em 
seu segunelo elemento, sendo o primeiro um genitivo que permanece cons-
tante. O mesmo se eliga para os compostos ele substantivos com prefixos 
de natureza invariável: Orthotactus, i; intrapetiolaris, e; epiphyticus, a, um. 
O genitivo da especificação deve pertencer à declinação elo vocábulo em 
questão: uma planta com folhas de Begonia será begonicefolia porque Begonia 
pertence à 1.n declinação . Uma dada espécie com flores muito semelhantes 
às de Cestrmn será cestl'iflora porquanto Cestrum é da 2." elecI.. Assim é 
classicamente, mas não em Botànica moderna. Agora atribuimos sempre o 
genitivo de especificação à 2.n decl.: apezar do que dissemos acima, o certo 
é begoniijoZia (como se Begonia fosse da 2.n decl.); pipericaulis, apezar de 
PI,pel' ser da 3.n decl. 
Muitos nomes compostos - especialmente específicos - são constituidos 
1101' um adjetivo qualificativo unido a um substantivo: latifolius, a, um; 
grandiflorus, a, um; calliacanthus, a, um; etc. Manda a gramática latina 
que se declinem, nestes, ambos os componentes, mas os botânicos o fazem 
apenas no segundo membro (substantivo), tratando o primeiro como se 
fóra também substantivo tomando-o sob a forma genitiva. 
-- 13 . Gênero Português elos Epítetos Latinos 
A questão é bem mais importante do que parece, pois temos visto ser 
t ratad8, de modo inteiramente arbitrário. Devemos eSC1'ever (dizer): o ou a 
Des7noncus polyacanthus, o ou a RuelZia amoena, a ou o Peitop7w1'1un 
Vogellianmn? 
Podemos agir de duas maneiras: 1. Atribuir a todos Os nomes especi-
ficas o gênero feminino baseados na concordância latente, referindo-se à 
palavra planta: a Desmoncus polyacanthus (subentendemos: a planta chama-
da D. polyacanthus) , a Ruellia amo ena (não há dúvida porque o binómio é 
feminino). a Peltophorum Vogellianum (isto é, a planta denominada P. 
Vogellianum). Se a concordância latente fosse referida ao vocábulo vegetal, 
tudo seria masculino; contudo, isto não se usa porque repúgna dizer: o 
R. amo ena, ainda se subentendendo: o vegetal R. amoena, acrescendo a cir-
cunstância de ser vegetal muitíssimo menos empregado do que planta. 2. 
i 
. e 
- 27-
Gutra modalidade seria atribuir a cada binõmio o gênero latino : o D . polya.-
c(mtlws, a R. amo ena, o P. Vogellianum (neutro, em português masculino). 
A concordância latente com o nome vulgar, segundo Candido de Figuei-
redo (9), é desprezível por inexequível; realmente, só plantas muito conheci-
das - ou por alguma propriedade especial ou por sua abundância - é que 
rE.cebem nomes populares, havendo, consequentemente, muitos milhares delas 
(fi. grande maioria) conhecidas sõmente pelos epitetos científicos: o Quercus 
alba (binômio feminino, mas o artigo se refere ao carvalho, nome vulgar da 
mesma). Pelo dito, a quasi totalidade do reino vegetal (incluidos os inferio-
res, microscópicos, etc.) estaria a salvo ele semelhante prática. Sejamos 
justo já que êle reconhece não ser erro admitir o g'ênero feminino, apenas 
não entra em minudências, deixando a matéria obscura. 
Será sempre facil empregar o segundo modo de dizer para quem conheça 
o:; adjetivos de Ln e 2.a classes; eis aí uma razão prática para adotarmos 
fi primeira, que nem isso exige, além de uniformizar. 
-- 14 - Declitlaçáo elos Adjetivos Qualificativos ----
Como é natural, sâo tão importantes quanto os substantivos que quali-
ficam e com os quais concordam em gênero, número e caso: arboT elata 
(árvore muito alta) - arbar, substantivo feminino, sign., nom.; elata, adje-
tivo fem, nom., sing. 
Os qualificativos latinos são divididos em duas classes quanto às decli-
nações: 
1 - Adjetivos de 1.a classe - Declinam-se nas La e 2." decl. de acordo com 
o gênero da palavra: os femininos na L" e os masculinos na 2.a . 
:f:stes adjetivos de 2.a classe são triformes, isto é, têm três desinências 
segundo o gênero: 
Gênero 
Masc. 
Femin. 
Neutro
Desinência 
-US e ER 
-.4., -RA e -ERA 
-UM, -RUM e -ERUM 
Exemplos 
acutus, glaber, parvus, asper 
acuta, glabra, parva, aspera 
acutum, glabrum, parvum, 
asperum. 
As quais, na grande maioria dos casos, reduzem-se a -US, -A e -UM, 
respectivamente. 
I; 
- 23 - . 
Pesquisa nos dicionários - ~stes os indicam de duas maneiras que s6 
diferem à primeira vista. 
1 - Elatus 3 
2 - Glaber 
ou 
glabra 
elatus, a, um. 
glabrum. 
Isto quer dizer que são tI'lformes (Indicado por mela do algarlsmo 3 ou 
pelas três terminações) e da 1.a classe (evidente pelas desinências do nom. 
das 1.a e 2.a decl.); o gênero no caso concreto será o mesmo do substantivo 
ao qual deva ser referido o adjetivo. 
Adjetivos qualificativos em -US, -A, -UM 
~ o caso mais frequente. Tomemos como paradigma latus 3 (latus, a, 
um): largo, amplo. 
SINGULAR PLURAL 
Casos Masc. Femin. Neutro Masc. Femin. Neutro 
Nom. lat-us lat-a lat-um lat-i lat-ae lat-a 
Gen. lat-i lat-ae lat-i lat-orum lat-arum lat-orum 
Dat. lat-o lat-ae lat-o lat-is . lat-is lat-is 
Acus. lat-um lat-am lat-um lat-os lat-as lat-a 
Abl. lat-o lat-a lat-o lat-is lat-is lat-is 
Repisando, masculino e neutro regem-se pela 2.a decIo e feminino pela 
1.n, razão por que êste quadro poderia ser dispensado se não dificultasse 
a consulta as duas declinações separadas. 
Adjeiivos qualificativos em -ER, -RA, -RUM 
SINGULAR PLURAL 
Casos Masc. Femin. Neutro Masc. Femin. Neutro 
Nom. glaber glabr-a glabr-um glabr-i glabr-ae glabr-a 
Gen. glabr-i glabr-ae glabl'-iÍ. glabr-orum glabr-arum glabr-orum 
Dat. glabr -o glabr-ae glabr-o glabr-is glabr-is glabr-is 
Acus. glabr-um glabr-am glabr-um glabr-os glabr-as glabr-a 
AbI. glabr-o glabr-a glabr-o glabr-is glabr-is glabr-is 
J_ . __ . ____ . __ . ___ .. 
29 --
Assim, vemos quc se diferenciam - não essencialmente ainda - pela 
irregularidade do tema em relação ao nominativo singular. Do m2smo modo, 
os terminados em -ER, -ERA, -ERUlVI, pelo que nos dispensamos de 
rc·petir. 
É m'üito importante o seguinte conhecimento: muitos o.djetivos qualifi-
c:i tivos de l.a classe podcm ser formados pela aposição dos sufixos -PER 
(de fero: levo, trago) e -GER (de gero: o mesmo o.ue feTo) a um substantivo. 
Excmplos: squamifer, squamifera, squamijeT1lm; ,florifer, a" um; jructijer 3; 
sjJin iger, a, um; ctc. (que significam: portador de escamas; que leva flores; 
frutífero; portador de espinhos). Correspondem ambos a -PHORUS, A, UM, 
Oril,lUcto do grego: adenophoT1ls, a, um. 
A formação destes qualificativos pela adição dos sufixos -FER e -GER 
deve ser feita segundo as normas expostas em n . 12, isto é, unindo-se a 
suostantivos terminando pclo genitivo deespecificaçáo (gen. sing. da 2." dec!.. 
ainda que pertençam a outras quaisquer). Exemplo: jructus, us (4.a decl.): 
g€'n. sing. da 2.a dec!. jructi mais -FER - jructifer, a, um (o que leva frutos 
ou o que é provido de tais). Contudo, -PHORUS, A, UM, dc oríge!l1 grega 
e uso.do com palavras da mesma procedência (para evitar híbridos), não 
está sujeito a essa regra: rhizophorus, a, um, (o que possui raizes) ; fJYno-
phorus, a, um (ginóforo, o que sustenta ou leva o gineceu); pode-se, de um 
mOtlo geral, dar como regra prática a seguinte: êste sufixo se une às raizes 
gregas dando a estas a terminação -o (como nos exemplos ' acima) ou, 
raramente, --S (como em phosphorus, a, um: fósforo, o que é ,portador dc 
luz). P alavras como porophorus, a, um (provido de poros, oiíficios) são 
condenáveis por sua natureza híbrida. 
N. B .: -PHORUS, A UM é empregado em Fitotaxinomia para compor 
nomes genéricos também, tendo função substantiva: Feltophorum (gênero 
de Leguminosae) . 
OES. - Os particípios passados têm a forma e exercem a função de 
ac1 jetivos, sendo como tais tra tados; por suas desinências pertencem à 1."-
.')ls sse, sendo aí declinados: compositus, a, um (composto, formado); annatu3, 
O., um (armado, provido de órgãos pungentes); ornatus, a, um (prov.ido de)' ; 
inst1'1lctus, a, um (provido de); notatus, a, 7.?m (percebívcl, marcado), etc., 
respectivamente dos verbos: componere, armare, ornare, instruere e notare. 
2 - Adjetivos de 2. a classe - Com três formas, e declináveis na 3.a declinação. 
Triformes - Contum com três desinências para o nom. sinS;. consoante 
o gênero: -ER (masculino), -IS (feminino) e -E (neutro), o Que os 
dicionários assim cxpressam: campester, tris, tre; terrester, tris, tre; acer, 
acris, acre, de modo a não haver dúvida quanto à forma. ' Note-se que 11:l. 
duas formas para o plural. 
Casos 
Nom. 
Gen. 
D.:lt. 
Acus. 
Abl. 
Casos 
Nom. 
Gen. 
Dat. 
Acus . 
Abl. 
-30 -
SINGUL fl R 
Masc. Fcmin. 
campester 
campestr-is 
campestr-i 
campestr-- em 
campestr-i 
campestr-is 
campestr-is 
campestr-i 
campestr-ell1 
campestr-i 
PLURAL 
Masc ., Fem. 
Campestr-es 
campestr-ium 
campestr-ibus 
c~mpestr-es 
campestr-ibus 
Neutro 
campestr-e 
campestr-is 
campestr-i 
campestr-e 
campestr-i 
Neutro 
Campestr-irL 
campestr-ium 
campestr-ibus 
c8.mpestr-ia 
campestr-ibus 
Biformes - Com duas terminações: -IS (masculino e feminino) e -E 
(neutro). Nos dicionários aparecem sempre assim: brevis, e; lcvis, e (leve) ; 
lacvis, e (liso, polido) . 
SINGULAR PLURAL 
Casos Masc., lem. Neutro Masc., lem. Neutro 
Nom . Vaginal-is Vaginal-e Vagina l-es Vaginal-ia 
Gen . Vaginal-is Vaginal-is Vagina Hum Vaginal-ium 
Dat. Vaginal-i Vaginal-i Vagina l-Ibm Vaginal-ibus 
Acus. Vaginal-em Vaginal-e Vagina l-es Vaginal-ia 
Abl. Vaginal-i Vaginal-i Vagina l-ibus Vaginal-ibus 
Vaginalis, e: em forma de bainha. Aqui se enquadram quasi todos os 
qualificativos mais úteis. 
Uniformes - Os que apresentam uma única desinência para os três 
gvneros, quasi sempre -X. Nos dicionários surgem dêste modo: lerox, ocis 1 
(a unidade indicando ser o adjetivo uniforme); tercs, teretis 1 (arredon-
dado, sem ângulos). 
I 
I 
- 31 --:-
SIN G U L A R PLURAL 
Casos Masc., Fem in ., Ncutro Masc., Vcmin. Neutro 
Nom. Teres Teret-es Teret--ia 
Gcn. Terei-is Teret-ium Teret-ium 
Dat. Teret-i Teret-ibus Teret--ibllS 
Acus. Teret-em Teret-es Teret--ia 
AbI. Teret-i Teret-ibus Teret--ibus 
Por o:1de se vê possuir em duas formas plurais. 
Notamos, à simples inspeção, que os três modelos de deelinação só variam 
c:ul'. nto [, O nominativo singular. Devemos observar ainda que estes adjeti-
vos t i}:11 sempre: nom. pI. neutro em -IA, gen. pI. em -IUl\-1 e abI. sing. 
em -I. 
1.- ,-., ... n --- ..) - Yarlo;c lplOS rresentes Adjetivaclos 
São extremamente importantes por sua abundâneia e emprêgo nos 
toxtos descritivos. Terminam sempre em -NS (preeisamente em -ANS ou 
-ENS) e sâo uniformes, deelinando-se eomo tais ; decumbcns, dec,mJbentis 
(r8steiro, prostrado); clehiscens, dehiscentis (o Que se abre; dehiseente); 
decip:ens, tis (o que engana, eonfunde); constans, tis (constante), Quando 
empregados eomo particípios sofrem uma úniea modifieação: fazem o abla-
tivo singular em -E ao invés de em -I (eomo sóe aconteeer quando funeio-
nam eomo adjetivos); pràtieamente só os usamos nesta última qualidade, 
Tal matéria merece alguns reparos , 
O que muitas vezes obscurece a percepção da verdadeira função dos 
p~l rtieípios presentes latinos é, segundo nos pareee, a sua passagem para 
a língua portuguesa na qualidade de verdadeiros adjctivos: dehiscens, tis 
siznifiea : o que se abre ou abi'indo, ao mesmo tempo que nos chegou sob a 
forma do adjetivo deiscente: fruto deiseente, isto é, que se abre, 
Pôsto isto, devemos anotar o seguinte: eomo adjetivos eoncordam em 
benero, número e easo eom o substantivo; eomo verbos regem seus easos , 
Fructus
dehiscens, ovalis,., (fruto deiseente, oval",), aquí o temos 
eomo adjetivo, 
Fructu1n dehiscens se(nina delabuntur (abrindo-se o fruto eaem as semen-
tes) , ei-Io como verbo, ou seja, partieípio presente, 
-32-
Agora, se entendessemos no segundo cxemplo: "deiscente o fruto, caem 
aI, scmentes", pOderíamos ter a impressão de que dehisccns fosse adjetivo; 
ccrn atenção vemo-lo, no primeiro caso, concordar "in totCUl1" com o subs-
tantivo jructus e no segundo reger o acusativo jruc ttl1n. Por fim, convém 
notar Que frequentemente se percebe a função antes pc lo contexto do que 
pela lógica gramatical. 
Tôda a vez quc não qualifica diretamente um substantivo podemos fazer 
o abl. em -E: ab antecedente .. . etc .... di jferl ; ab insequentc. . . etc .... 
dignoscitur; cum antecedente.. . etc .. .. ; cum insequente ... ; c assim por· 
diante. Alguns exemplos esclarecedores: 
1 - Rami corti cc cincreo-juscesccnti obtecti (os ramos revestidos por casca 
de cor cinza-escura; aí o adje tivo cincreo-juscesccns qualifica o abi. 
co1"ticc) . 
2 - Folia margine calloso nigr icant i cincta (as folhas circundadas pOI' 
margcm c::1,losa e quasi negra; o adjetivo nigricans diz rcspeito ao abl. 
margine) . 
3 - Folia nervo media supra prominente. .. (as folhas com a nervura, cen-
tral sobressaindo-se na página superior; nêste o particípio presente 
prominens rcge o abI. nervo medio, interposto o advcrbio supra) . 
4 - Annulo calloso infra eas pedunculum cingentc (com o anel caloso 
cingido o pedúnculo abaixo delas; o particípio cigens regendo o acuso 
pedunculum) . 
5 - Rami coriice virenti . .. (os ramos com a caSCa esverdeada . .. ). 
E desta maneira sem maiores dificuldades. Quanto aos demais. casos, 
não há interesse em decidir porque as desinências são as memas, quer se 
trate de particípios ou adjetivos . Acresce a circunstância dc que poucas 
oportunidades se nos oferecem quando particípios , 
Omnis, e <todo, tôda, tudo) é um biforme muito importante para os 
botânicos por sua ocorrência a todo momento. Os demais tipos serâo estu-
dados com os pronomes porque muitas vezes a mesma palavra exerce as 
duas funções. Exemplo: haec planta est rara, illa vulgarior (esta planta é 
r'1ra, aquela é mais comum) , haec é adjetivo demonstrativo e illa pronome 
d", mesma categoria; illa species sat !requens, haec valde rara (aquela plantfl. 
é bastante comum, esta muito Tara), onde tudo se passa de modo contrário: 
illa é adjetivo e haec pronome. Isto não se aplica aos 
J 
i 
33 -
-- 17 - Adjetivos Numerais 
Têm importância algo menor, mesmo os cardinais e ordinais, pOis podem 
ser representados por algarismos evitando, assim, as declinaçõcs. Um, dois e 
três são declináveis, mas de quatro (inclusive) para diante éies são inva-
riáveis. Os ordinais seguem a declinação dos adjetivos de 1.a classe e, por-
tanto, não apresentam maiores· dificllldades; o mesmo seja dito em relação 
aos distributivos. Os advérbios numerais são invariaveis como quaisquer 
outros advérbios. 
Damos uma lista dessas categorias de numerais até 10; em caso de 
necessidade - Que certamente não se apresentará - qualqucr gramática 
oferece relações mais completas; em seguida, declinaremos os três primeir05 
cardinais. 
Cardinais Ordinais Distributivos Advérbios numerais 
Unus, a, 1l1n l'rimus, a, 1l1n Singuli, ae, a Semel 
(um, uma) (primeiro, a) (um a um, p:lra (uma vez) 
cada um) 
Duo, duae, duo Secundus, a, um Bini, ae, a Bis 
(dois, duas) (segundo, a) (dois a dois, para (duas vezes) 
cada dois) 
Tres, tria Tertius, a, U1n 'Terni, ae, a Ter 
OBS. - Não há necessidade de repetir a correspondência portuguesa. 
QuaUuor Quartus, a, um Quaterni, ae, a Quater 
Quinque Quintus, a, U1n Quini, ae, a Quinquies 
Sex Sextus, a, um Seni, ae, a Sexies 
Septem Septimus, a, mn Septeni, ae, a Septies 
Octo Octavus, a, um Octoni, ae, a Octies 
Novem iVonus, a, U1n Noveni, ae, a Novies 
Decem Lecimus, a, um Deni, ae, a Decies 
OBS. Muito relacionado com secundus, a, um é alter, a, um (um 
dos dois). 
Declinação de unus, a, um: 
i, 
! 
.' ! 
- 34-
Casos J'IIasc. Femin. j'leutro 
I'101n. Unus Una Unum 
Oen. Un- illS Un- ius Un-ius 
Dat . Un-i Un-i Un-i 
f,CUS. Un-um Un-am Un-um 
A.b1. Un-o Un-o Un-o 
Nota - O plural tem uso devéras restrito e não nos interessa em absoluto. 
Como êste se declinam outros adjetivos, embora não numerais, mui to 
importantes: totus, a, um (todo, tôda); solus, a, um (so); nullus, a, um; 
ullus, a, um (alg-um). I mportante: nullus, a, um usado com um substantivo 
I~O ab:ativo significa sem; exemplos: nullis foliis (sem folhas), nulla planta 
absque cellulis (não h á plan ta sem células), folia nullo peiíolo (folhas sem 
pecíolo) . 
Declinação de duo, duae, duo: 
Casos Masc. Fe1nin. 
!';om . Duo Duae 
Oen. Dll-onun DU-aJ'um 
Dat. Du-obus Du-abus 
Acus. Du-os ou 
-O Du-as 
1'.b1. Du-obus Du-abus 
Como êste também: ambo, ambae, ambo (ambos). 
Declinação de ires, tria: 
Casos M asc., f em. Neutro 
Nom. Tres Tria 
Gen. Tr-ium Tr-ium 
Dat. Tr-ibus Tr- ibus 
Acus . Tr-es Tr-ia 
Abl. Tr-ibcls Tr-ibus 
Neutro 
Duo 
Du-orum 
Du-obus 
Du-o 
Du-obus 
A.plicaçÕes - Folia in am bobus pagin is (folhas n as duas faces .. . ). Species 
haec freC;ile71S altera Ta,l' ior (esta esp,kie é frequente, a outra mais rara) . 
\ 
I 
I 
1 
I 
l i 
\ 
- 35-
Fo l ia fo lioZa duo habent (as folhas têm dois folíolos) . ln g:omentlo latera!i 
s1lnt deeem jlores (no glomérulo lateral há 10 flores). Petioli 3 cm. longi (05 
pecíolos com 3 cm. de comprimento). A prima species foliis, tertia floriblls 
di/fert (difere da primeira especie pelas folhas, da terceira pelas flores.). 
Folia bis longiora floribus (as folhas são duas vezes mais longas do que :\6 
flores - poderia ser também: qllam flores). Stip1l1ae sllb síngulo folio binoe 
(as estipulas sob cada folha são duas - isto é, duas estipulas para cada 
folha). Insecta pZeraqlle senos, alia octonos pedes habent (a mór parte dos 
insetos possue seis patas, outros oito - isto é, 6 ou 8 patas para cada inseto) ; 
também poderia ser: insecta pleraque sex, alia oeto pedes habent (grande 
parte dos insetos possuem seis patas, outros oito - tal qual no exemplo 
anterior) ; em Biologia o cardinal é mais empregado que o distributivo: natu-
ralmente se subentende que cada inseto tenha tantas patas. Habttat ad 
rivulos fere tot ius orbis (vivc nos riachos de quase todo o mundo) . ... seminibus 
in singulo loculo solitariis ( ... com as sementes solitárias em cada lóculo ou 
loja do ovário). Varietas convenit in struetura totius plantae cum priori 
S7Jeeie (a variedade concorda, quanto à estrutura geral - de tõdil a planta -, 
com a espécie anterior. Exemplaria so la feminea vidi (ví - examinei - sõ 
exemplares femininos) . 
-- 18 • 1If1ediclas de Comprimento ----------
Há relativamente pouco tempo se utiliza em Sistemática o sistema métrico 
decimal. Com grande frequência defrontamos com antigas medidas que 
precisamos conhecer para bem interpretar as descriçõ~s menos recentes. 
Vejamos as mais cncontradiças. 
1 - Digilus, i, m. - (largura de um)' dedo 0,85 cm.) . 
2 - Linea, ae, f. - linha (2 mm.) . 
3 - Orgyalis, e - o que mede uma braça: 1,80 m. (f rutex orgyalis). 
4 - Pes, pecl !s. m. - pé (30 cm.; há alguma controvérsia). 
5 - Pedalis, e - o Que mede um pé (folia pedalia) . 
6 - POlZex, pollicis, m. - polegada (2,5 cm.) . 
7 -- Pollieer is, e - o que mede uma pOlegada (fios polliearis, bipollicaris, 
etc.) . 
3 - Spithamaeus, a, um - o que mede sete polegadas (herba spithamaea, 
frutex spitharnaeus, etc.) . 
No que tange às mensurações é comum encontrarmos o prefixo 
13ó8Q:;1-- unido às diferentes
medidas: folia sesquipedalia, flori bus sesqui-
i 
1 
- 35-
pollicaribu.s: isto .quer dizer terem os órgãos em questãtÜ uma vêz e me ia ,J 
comprimento indIcado : folhas medindo um pé e meio, com flores medindo 
uma polegada e meia. Também se empregavam prefixos expressando meio, 
metade: SEMI- (antes de vocábulos latinos) e HEMI-(::mteposto a termos 
de origem grega): c07"Olla semipoilicaris, suff rutex hemiorgyalis. 
Quanto ao metro e suas subdivisões, veja o dicionário. 
-- 19 - Gráus dos AcJjetivos Qualificativos 
Há, como no vernáculo, três gráus: positivo, comparativo e superlatIvo. 
O primeiro acaba de ser estudado em suas feIções mais importantes nos 
textos <:lescritivos dos botânicos; os dois outros merecem também minúcia 
pelo grande Interesse que neles temos. 
Gl'áu comparativo - Expressa um confronto de três maneiras: 1. 
aumentando o sentido do positivo: mais agudo; 2. diminuindo-o: menos 
agudo; 3. igualando-o ao de outro ser: tão agudo quanto ... 
1. Comparativo de superioridade - Forma-se trocando a terminação 
do genitivo singular (-I nos adj. de L" classe, -IS nos de 2.") pelas seguin-
tes desInências: 
Masc.,' j'emin. 
,-IOR 
Neutro 
-lUS 
Exemplos : - acutus, a, um (agudo): gen. sIng. acuu, comparativo: 
acutior, acutius (mais agudo); perennis, e (perene): gen. sing. perennis, 
comparativo: perennior, perennius (mais perene, isto é, que dura mais). 
Os particípios presentes, usados como adjetivos, sujeitam-se à mesma 
l'e.;ra: patens, patentis (aberto): patentior, patentius. 
Declinação - São incluidos entre os adjetivos de 2.n classe (veja 14, 2) 
biformes, dos quais se diferenciam pelo: abl. sing. em -E, nom. pI. em -A. 
e gCl1. plural eril -UM. 
SINGUL A R PLUR A L 
Casos Masc., jemin. Neutro Masc., jemin. Neutro 
Nom . altior altius altior-es altior-a 
Gen. altior-is altior-is altior-um altior-um 
Dat . altior-i altior-i altior-ibus altior-ibus 
A.cus. altior-em altius altior--es altior-a 
AbI. altior-e altior-e altior-ibus altior-ibus 
.. . . _ .. __ ._ .. .... _ .. _ .. _ -------------------------------
'1 
'\ 
-37 -
Aplicação - E:stes comparativos de superioridade eonstituem o primeiro 
termo de uma eomparação; arbor altior ... (a árvore mais alta .. . ), flos bre-
vior... (a flor mais curta .. . ), petalum albius (a pétala mais branca), ete .. 
O segundo termo pode ser representado de dois modos: 
1 - Por um ablativo simplesmente, se o primeiro termo for um nomi-
nativo ou acusativo: arbor altior est homine ou arbor alUor homine (a) 
árvore é mais alta do que o homem), flos brevior folio (a flor é menor que 
a folha), petalmn albius ealyce (o pétalo é mais branco do que o cálice), 
species illa hac vulgarior (aquela espécie é mais eomum do que esta); no 
transcurso de uma descrição podemos traduzí-Ias assim: árvore mais alta 
do que o ou um homem, flor mais eurta do que a ou uma folha, etc .. "Nulla 
scientia Cimplior Botanica est" (Lineu. Nenhuma ciênCia é mais ampla do 
que a Botãnica. 
2 - Pelo mesmo caso do primeiro termo precedido da partícula eompa-
rativa QUAM: arbor altior quam homo, flos brcvior quam folium, petalum 
albius quam calyx, species illa quam haec vulgarior. 
O reforço adverbial "muito" se verte por multo : arbor multo altior quam 
homo (a árvore muito mais alta que o homem), species ilZa hac multo vulga-
rior (aquela espéeie é muito mais eomum que esta) . 
2. Comparativo de inferioridade - O primeiro termo da comparação 
leva, anteposto ao adjetivo, a palavra minus, regendo-se o segundo por meio 
das duas eventualidades anteriormente eitadas: fructus minus odoratus 
quam flores (o fruto é menos perfumado do que as flores ou fruto menos 
perfumado do que as flores) ou fructus minus odoratus floribus; flores 
minus brevis foliis (as flores menos curtas do que as folhas), ete .. 
3. Comparativo de igualdade - Formado de várias maneiras equivalen-
tes; fiquemos com as seguintes: 
1 - Corolla pariter longa ac ealyx ou corolla longa paritcr ac calyx: os dois 
substantivos '- eorolla e calyx, bem eomo o adjetivo longa - no mesmo 
easo (a corola é tão longa quanto o cálice ou corola e eáliee do mesmo 
comprimento) . 
2 _. Folia tam viridia quam jructus ou jOlia viridia tam qu~m jructus (as! 
folhas são tão verdes quanto os frutos ou folhas e frutos igualmente 
verdes) . 
3 - Species aeque pulchra acalia ou species aeque ac alia pulchra (espéeie 
tão bela quanto a outra, etc .... ) . 
4. Gráu superlativo - Expressa o mais alto gráu em que uma quali-
dade pode existir: agudíssimo ou o mais agudo. Tanto os qualificativos como 
os. particípios presentes adjetivados adquirem o gráu superlativo quando se 
substituem as desinêncías (antes eitadas para o comparativo de superiori-
dade) do genitivo singular (-I nos adj. de 1.n classe, -IS nos de 2.a) por 
- 30 --
-ISSIMUS, -A, -UM; por estas terminat;ões vemos que êles são deeli-
náveis exatamente como os adjetivos de 1.a classe. Exemplos: acutus, a, um: 
gen. sing. acuti, superlativo acutissimus, a, um; pel'ennis, e: gen. sing. 
pcrcnnis, superlativo perennissimus, a, um; em se tratando de feminino da 
lU elasse não há diferença alguma: gen. sing. fem. acutac, superlativo 
acutissimus, a, mn. 
Os adjetivos terminados em -ER - e são muitos na terminologia botâ-
niea - fazem o superlativo pela adição de -RIMUS, -A, -UM ao nomina-
tivo singular masculino: 
Scaber, scabra, scabrmn scabeTl'imus, a, um 
Asp!';r, a, mn - aSpeTTi1lws, a, um. 
Integer, a, um - integerrimus, a, um. 
Glabcr, a, um - glaberrimus, a, um. 
E assim: pUlcher, liber, ete. 
Os seguintes, importantes para nós, adjetivos empregam -LIMUS, -A, 
-UM: 
Facilis, e - facillimus, a, um. 
Difficilis, e - difticiilimus, a, um. 
Similis, e - simillimus, a, um. 
Dissimilis, c - dissimillimus, a, um. 
Glacilis, e - gracillimus, a, um. 
Humilis, e - humillimus, a, um. 
Aplicação - Tôdas estas formas exprimem, ao mesmo tempo, os super-
l?tivos absoluto e relativo da língua portuguesa: fios pulcherri77ws (flor é 
m~"sculina em latim! ) signifiea - flor belíssima ou a mais bela flor. 
T[,mbém devemos anotar o seguinte: o termo de eomparação no super-
·18.tivo, que utilizamos frequentemente, é feito por meio do genitivo ou ablativo 
precedido de preposiçào que o e:dge: esta espécie é a mais distinta de todo 
o genero - hacc specics omnis gcneris distinclissima (genitivo em omnis 
genel'is) ou haec species ex omne genere distinctissima (preposição ex segui-
da de abl. em omne generc); mais simples e efieientemente: esta espéeie 
é a mais distinta do gênero - haec species generis distinctissima ou haee 
species ex genere distinctissima (ou, ainda, haec spccies distinctissima ex 
genel'e) . 
Nos textos botânieos também aparecem preposlçoes regendo aeusativo 
(eomo veremos no estudo desta categoria gramatieal): haec al'bor intel' 
1 
- 39-
omnes altissima (esta árvore é a mais alta entre tôdas, subentendendo-se : 
entre tôdas do mesmo grupo) . 
5 - Comparação irregular - os seguintes qu alificativos importantes, 
por n ão se regerem pelo exposto, têm comparação irregular: 
PO S ITIVO 
Bonus, a, Uln 
(bom, bôa) 
Malus, a, um 
(mau, má) 
l\1agnus, a, um 
(grande) 
Parvus, a, unl 
(pequeno) 
Multus, a, um 
(muit.o) 
Inferus, a, um 
(baixo) 
Superus, a, Uln 
(alto) 
Exterus, a, um 
(externo) 
COMPARATIVO 
Masc. Fernin. Neu[ro 
Melior Melius 
(melhor) (melhor) 
Peior Peius 
(pior) (pior) 
lVr~üor Maius 
(maior) (maior) 
Minor Minus 
(menor) (menor) 
V.obs. Plus 
(mais) 
Inferior Inferius 
(inferior) (inferior) 
Superior Superius 
(superior) (superior) 
Exterior Extcrius 
(exterius) (exterior) 
SUPERLATIVO 
Masc., F emin., Neuíro
Optimus, a, um 
(ótimo, ótima) 
Pcssimus, a, um 
(péssimo, péssima). 
Maximus, a, um 
(máximo, máxima). 
lVIínimus, a, um 
(mínimo, mínima). 
Plurium, a, um 
(muitíssimo, muitíssima). 
Infimus, a, um 
(ínfimo) 
Supremus, a, um 
(supremo) ou sumus, a, 
um. 
Extremus, a, um 
(extremo) . 
Obs. - Plus, comparativo de multus, a, um, no singular só apresenta o 
gênero neutro e os casos nom., gen. c aCUSo (plus, pluris, plurem). Para nós 
apenas pode ter i:nportância no nom. (plus) usado como advérbio. O plural 
plures, a, ium ( que pOde ser considerado como comparativo dc multi, ae, a 
- êste por sua vez plural de multus, a, um) tanto se emprega como adje-
tivo quanto substantivo: 
Casos Masc., Femin. N eutro 
Nom. Plures (muitos; vários ; os mais Plura 
numerosos) . 
Gen. Plurium Plurium 
Dat . Pluribus Pluribus 
Acus. Plures Plura 
Abl . Pluribus Pluribus 
Aparece também complures, ium (vá rios, alguns) , declinado do mesmo 
modo. 
- 40-
Para finalizar êste importante capítulo, citemos alguns comparativos 
irregulares cujos positivos são preposições: 
PTeposições 
Pro ou prae 
(diante de) 
Intra 
(para dentro) 
Prope 
(perto de) 
Ultra 
(além de) 
Ante 
(diante de) 
Citra 
(aquém) 
Masc., jemin. 
Prior 
(o primeiro, entre 
dois; anterior 
Interior 
ünterior) 
Pro prior 
tmais perto) 
Ulterior 
(ulterior) 
l\nterior 
(anterior) 
Citerior 
(mais aquém) 
Neutro 
prius 
(idem) 
Interius 
(interior) 
Propius 
(mais perto) 
L'lterius 
\ ulterior) 
Anterius 
(anterior) 
Citerius 
(mais aquém) 
lIfasc., jemin., neutro 
Primus, a, um 
(o primeiro, entre 
muitos) 
Intimus, a, um 
(O mais interno) 
Proximus, a, um 
<o mais perto) 
Ultimus, a, um 
túltimo) 
Sem superlativo 
Citimus, a, um 
(o mais s.quém) 
Aplicações - Folia jloribus maiora (as folhas maiores do que as flores). 
Stigma maius quam in illa (o estigma maior que naquela . . . ). Folia injeriora 
parva, ea superiora magna (os folíolos inferiores pequenos, os superiores 
grandes). Bracteae exteriores interioribus latiores (as brácteas exteriores 
mais largas do Que as interiores). Flores ad axillas joliorum supremo rum 
inserti (as flores inseridas nas axilas das folhas supremas - isto é, mais 
altamente colocadas). Genus ad Rubiaceas relat1L1n, characteribus tamem 
pluribus. .. (gênero atribuido às Rubiaceae, contudo, por muitos caracte-
rcs ... ). Species alterae commemoratae proxima... (espécie próxima da 
outra mencionada . .. ). 
Os pessoais e possessivos não têm o mínimo interesse para nós. No estu-
do dos adjetivos já declaramos que muitos deles exercem também as. funções 
de pronomes, razão por que seriam aqui estudados. 
A - Pronomes demonstrativos - os principais são: 
Hic, haec, hoc: êste, esta, isto. 
I 
i 
, I 
, "b 
- 41-
SI NGULAR PLURA L 
Casos Masc. Fcmin. Neutro Masc. Femin. Neutro 
Nom. hic haec hoc hi hae haec 
Gen. huius huius huius horum harum horum 
Dat. huic l1uic huic his his his 
Acus. 11lInc l1anc hoc hos has haec 
Abl. hoc l1ac hoc his his his 
Is~c, is/a, istud: esse, essa, isso. 
SINGUL A R PLUR A L 
Casos Masc. Fetnin. Neutro Jliasc. Femin. Neutro 
Nom. iste ista istud isti istae ista 
Gen. istius istius istius istorum istal'um istorum 
Acus. istum istam istud istos istas ista 
Abl. isto ista isto is tis istis istis 
Ilie, illa, illud: aquele, aquela, aquilo . 
S :r NGULAR PLURAL 
Casos Masc. F emin. Neutro Masc. Femin. Neutro 
Nom. i!le illa illud illi illae illa 
Gen. illius illius illius illorum illarum illorum 
Dat. illi illi illi illis illis illis 
Acus. illum illam illud illos illas illa 
Abl. illo illa illo illis illis illis 
Is, ea, id : êle, ela ; aquele, aquela; o mesmo, a mesma. 
Ipse, ípsa, ipsu.m: o mesmo, a mesma; êle mesmo, etc., porém, refere-se 
sempre à própria pessoa. 
Idem, eadem, idem: o mesmo, a mesma, aquilo mesmo (em relação a 
cousa antes mencionada). 
Todos são declinados segundo os três modelos acima oferecidos, salvo 
os nominativos que daremos abaixo; deve-se ter em mente o fato de os 
acusativos neutros serem sempre iguais aos nominativos: 
-- 42 -
SINGULAR P LURA L 
Caso Masc. Femin. Ncutro Masc. Femin. Neutro 
Nom. is ea id ii eae ea 
ipse ipsa ipsum ipsi ipsae ipsa 
idem eaelem idem iidem eaedem eadem 
(Nêste último a parte final - idem permanece invariável) . 
Aplicação - Híc e is te demonstram um objeto próximo; ilZe e is algo 
afastado ou que não está presente. Muitas vezes se encontra a partícula 
de realce CE adicionada às form8s em -S (não raro tamb~m em -C): hisce, 
hascc, hacce, etc., em nada modificando o sentido. 
Quando usados como pronomes aparecem isolados e concordam em gê-
ne1'0 e número com o substantivo em cujo lugar estão, mas o caso depende 
da fU!1~iio lógica exercida na oração. Como adjetivos, surgem ao lado de 
um substantivo com o qual concordam em gênero, número e caso. Exemplo: 
hic !los est luteus, ilZe albus (esta flor é amarela, aquela branca), onde hic 
é adjetivo e ille pronome. 
Deindc aliquot auctores ea Rubiaceas habuerunt (depois alguns autores 
8, consideram como Rubiacea). Operum, quae in hoc opusculo citavi, haec 
ipse vidí et consului: (Das obras que citei nêste opúsculo, estas eu mesmo 
vi e consultei) - N. B.: operum ... haec ... (das obras ... estas ... ), geni-
tivo partitivo com pronome neutro, construção bastante comum nos clás-
sicos botânicos: "Multae istarum arborum mea manu satae sunt" (muitas 
destas árvores foram plantadas por mim - pela minha mão; is ta rum arbo-
rum, gen. plural e multae, adjetivo de quantidade no plural). Nos mesmos 
textos se prefere, contudo, substituir esse genitivo por ex com ablativo: Ex 
opcribus. .. his, mllltae ex is tis arboribus . .. 
p, - Pronomes indefinidos - Alguns são comuns nos textos sistemáticos e 
fr .. cilitam sensivelmente as descrições não raramente, podendo receber as 
::"tribuições de adjetivos. 
uterque, utraqlle, utrumque: um e outro, ambos. 
Casos 
Nom. 
Gen. 
Dat. 
Masc. 
uterque 
utriusque 
utrique 
SINGULAR 
Fem. 
utrique 
utriusque 
utraque 
Neutro 
utrique 
utl'iusque 
utl'umque 
Acus . 
Abl. 
Nom . 
Gen. 
Dat . 
Acus. 
Abl. 
utrumque 
utroque 
utrique 
utrorumque 
utrisque 
utrosque 
utrisque 
- 43-
utramque 
utraQue 
PLURAL 
lltraeque 
utrarumque 
utrisque 
utrasque 
utrisque 
utrurnque 
utroque 
utraque 
utrorumque 
utrisque 
utraque 
utrisque 
Aplicação Florcs utriIisque sexus segmentis calycinis apicem verSES 
admodum anqustati aCll1ninastique praedi ti (as flores dos dois - de um e 
outro - sexos providas de segmentos do cálice mui to estreitados em clire-
ção ao ápice e acuminados). Folia in utraque pagina pi/asa (as folhas pilo-
sas em ambas as faces ); falando-se de duas espécies anteriormente, ou no 
momento, citadas: utraque jolí is âistincta sunt ou utraquc spccies dfstinc ta 
foliis (as duas ou as duas espécies são distintas pelas folha s). Tôda a vez 
que for possível se prefere o advérbio daí derivado utrimque (na grande 
maioria dos autores menos corretamente escrito com n ao invés de rn), tra-
duzido como "de ambos os lados": jolia utrirnque pilosa. 
OBS. -- .Se o síngulor nos é prestativo, o plural não tem o menor empre-
f O porque só é usado em referência a substantivos admitindo unicamente 
i"ste número (pluTalia tantmn) : utraque ramal ia . . . 
Altcr, altera, alterum: outro, segundo (falando-se de dois). 
Alius, alia, aliud: out,ro (em referência a vários) . 
Nonnullus, a, um: al"um, alguma . 
:Estes três seguem o meS!110 modelo, salvo os nominativos : 
SI NGULAR PLURA L 
Casos
M asc. Femin. Ncutro Masc. Femin. 
Nom. Alter Altera Alterum Alteri Alterae 
Gen. Alteríus Alterius Alterius Alterorum Alterarum 
Dat. Alteri Alteri Alteri Alteris Alteris 
l'.cus. A1terum Alteram Alterum Alteras Alteras 
Abl. Altero Altera Altero Aiteris Alteris 
N eut1'O 
Altera 
Alterorum 
Alteris 
Altera 
Alteris 
Aplicação- Antherarmn thecis inferis muticis, alteris aT1natis (com as 
-44-
t2G8S inferiores das antéras inermes, as outras, isto é, as superiores, arma-
dar) o Folia nonnulla oolonga. .. (algumas folhas oblongas o . . ). Species intcr 
alias faciilime dignoscitur (a espécie facilmente diagnosticável entre as 
outms) o No B o: alius discrepa um tanto dos outros por fazer dato alii e 
abI. aliis. 
-- 21 . Advérbios 
São palavras invariáveis, isto é, não sujeitas às declinações, que adicio-
namos aos adjetivos, verbos e outros advérbios para lhes modificar, segundo 
aquilo que precisamos dizer" a significação: folia valde tomentosa (folhas 
muito tomentosas). 
Advérbios de lugar - Poucos podemos empregar: 
lHc - aquí 
Ubi - onde 
Unde - donde 
!llic - alí lbidem - aí mesmo 
Alibi - em outro lugar Undique - de ou em tô-
das as partes 
Eodem - para ou no lnde - de lá, desde. 
mesmo lugar 
Aplieação - Ibidem é muito empregado para indicar, numa citação bi-
bEog:ráfic9., quaisquer publicações antes citadas: Ibido, pgo 27, por exemplo; 
t?mbém uma localidade já referida para evitar repetições inúteis. 
HalJ!tc:.t uncliqu2 ln Rio rIe Janeiro (habita em todos os lugares do Rio 
de Janeiro). ln eodem loco (no mesmo lugar, igualmente para não repetir 
uma localidade antes mencionada). Crescit in So Paulo, ubi frequens (vive 
em S o Paulo, onde é comum) o FoZia basi apiceque rotundata, unde fere 
aliZonJa (folhas na base e no ápice arredondadas, donde serem quase oblono. 
gas) o Petalum inde a basi angustatU1n (o pétalo desde a base estreitado). 
Cellulae inde a 150 X notatae (células visíveis desde 150 aumentos). Formas 
hie cnumero: (Aquí enumero as formas:) . 
Advérbios de tempo - Alguns são interessantes: 
Adhue - até aquí, até agora 
llucusque - o mesmo que adhuc e 
haetenus 
Deinde ou dein - depois, em seguida 
F-Iastenus - o mesmo que adhuc 
Mox - logo, daqui a pouco 
Brevi - o mesmo que mox 
1 
- 45-
Subinde - logo depois, pouco a pouco 
Ultra - além 
Nune - agora 
1'1lnc ou tum - então 
Usqlle até 
Usque ad - até perto de 
Dlim - Outróra 
Nunquam - nunca. 
Aplicação - Planta adhuc ignota (planta até agora desconhecida). 
Flores hactenus cogni ti (as flores até hoje ou agora conhecidas) . Folia 
pilosa, deindc ou mox glabra (as folhas pilosas, depois - mais tarde -
glabras) . Species hucllsque semel lecta ad ripas jluvii .. . (espécie até agora 
uma vez colhida nas margens do rio . . . ). Petioli usque 2 cm. longi (os pecío-
los até 2 cm. de comprimento) . InteT1!odia usqllC ad 5 cm. longa (os entren63 
até aproximadamente 5 cm. de comprimento) . PiZi staminum ultra milZi-
metrales (os pelos estaminais além de 1 mm,). Species olim descriptae .. . 
(as espécies antes - outróra - descritas ... ). Species joliis nunquam 
acutis . " (a espécie nunca com folhas agudas ... ). Fructus nunc a me detec-
tus ... (o fruto ag'or a achado por mim ... ) . Rami pilis jlavis obtecti, brcvi 
iis dest i tuti (os ramos cobertos de pelos fIavos, logo depois destituidos deles). 
Advérbios de modo - Para nós os mais importantes devido às facili-
dades Que introduzem nas diagnoses latinas, segundo .havemos de ver mais 
adiante . 
Ita e sic - assim, deste modo 
Ut e uti - como (o segundo antes de 
consoante; o primeiro in-
diferentemente) . 
Plus - mais 
MultU7n - muito 
lI1axime - muitíssimo 
Paulum ou paulo - pouco 
Item - da mesma forma 
Magis - mais 
Magnopere - muito, em alto gráu 
Nuper - recentemente 
Parum - de menos, pouco. 
Apli cações - Species foli is caducis ut in illa (a espécie com folhas cadu-
cas como naquela - outra já referida) . Folia pilosa, coriacea ... ; jloriblls 
Uem pilosis (folhas pilosas, coriáceas . .. ; com as flores do mesmo modo 
pilosas). Gcnus hoc magis habitu quam characteribus scriptis dejinit1l1n 
(êste gênero é mais definido pelo hábito do que por caracteres marcantes). 
Folia magnopere utrimque n erv is reticulata (as folhas, em ambas as pági-
nas, reticuladas por meio das nervuras em alto gráu - ou muitíssimo reti-
culadas ... ). Plantae Tariorcs nuper detectae itaque mihi haud visae (plan-
tas mais raras, recentemente descobertas, e assim não vistas por mim ). 
Sectiones ita pa1'Um distinctae sunt ut deliberavit eas repudiare (as secções 
são tão pouco distintas que resolveu abandoná-las) . 
.... '='-""------------ - ---- -- ----
ti ~~---_ ._----_ . ~ . -- - .. . __ .. ~ -
- 46-
Alguns advérbios têm comparação irrcgular : 
Positivo Comparativo 
Bcne (bcm) Melius. (melhormcnte) 
Mal e (mal) Peius (piormente ) 
Magnopere (muito) Magis (mais) 
MuI tum (muito) Plus (mais) 
Non muI tum (náo muito) Minus (o menos) 
Saepe (muitas vezes) Saepius (mais vezes ) 
Superlativo 
Optime otimamente ; 
perfeitamentc) . 
pessime (p::ssimHmICI1-
te) 
J).·faxime (muitíssimo) 
Plurimum (o mais) 
Minime (minimo) 
Saepissime 
mas vezes). 
(muitíssi-
Frequentemente se utiliza o acusativo singular neutro dos adjetivos 
CGmo advérbios : facil is, e (fácil): acuso sing. neutro facile - species facile 
disting1litur (a espécie facilmente se distingue) . Difficilis, c: adv. difficile; 
1Jaulus, a, um (pequeno) : adv. paulum, cte. 
Mas, a grande maioria dos advérbios de modo é formada com facilidade 
~ liberdade da maneira seguinte: substituindo a desinência do genitivo sin-
gulr.r por -E para os adjetivos de Ln classe e -ITER para os de 2.". 
Exemplos com aplicações: 
Congestus, a, um (amontoado, eongesto), gen. sing. c01lgcsti : adv. con-
[lcste (de um modo eongesto, eongestamente). Flores ad axillas congeste 
inserti (flores inseridas congestamente nr.s axilas). CrasSlls, a, um (espesso, 
Grosso) , gen. sing. crassi: adv. crasse (espessamen te). Folia crasse coriacsa 
(folhas espessamente coriáceas). Modiel/.s, a, um (medíocre, mediano) adv. 
modice. Folia modice coriacea (folhas modcradamcnte coriáceas). Arcte 
(apertada mente, estreitamente), repetitc (repetidamente), e assim por dian-
te para os adjetivos de Ln classe. 
Gracilis, e (delgado, esbelto, fino), gen. sing. gracllis: ad\'o graciliter. 
Cml/is graciliter ang1llatus (caule finamente ansuloso). MOllis, e (mole, 
macio), adv. 1Il0lliter. Floriblls mol/Uc/' pubescentibus (com as flores macia-
mente pubescentes, isto é, providas de pelos macios). Pcrpencliclllariter (per-
jJéndieularmente), lon[litlldinaliter (longitudinalmente), 1Jrobabiliter (pro-
vàvelmentc), latcralitcr (lateralmente), Sim1JZicitc)' (simplesmente) , c assim 
por diante para os de 2." classe. 
E assim formamos ,nossos advérbios ele modo necessários, de maneira 
geral. 
Os adjetivos em -NS (particípios presentes) recebem simplesmente 
-ER : 
- 47-
Teres, lerclis, adv. t ereter. Patens, patcntis, adv. patenter. Deeurrens, 
tis, adv. decurrenter. Lutescens, tis, adv. lutescenter. 
Os comparativos e superlativos formam tamb5m importantes advérbios. 
Os do comparativo coincidem com o próprio neutro e os superlativos formam-
nos pela troca da sua desinência do gen. sing. por -E: 
Altus, a, mn: adv. poso alte ; adv. eomp. alUus; adv. superl. a!tissime. 
Sig'nificam: alto, ?.lt.amcnte, mais altamente c altlssimamente. Segmenta 
'eorollae altissime e01Ll1ata (os segmentos da corola soldados o mais alta-
mente possível, ou seja, até a extremidade). 
Levis, e: adv. poso leviter ; adv. comp. levius; adj. super!. levissime . 
Slamina

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