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1 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA RAFAEL DE FREITAS SILVA TRABALHO DE SOCIOLOGIA – AV 2 RIO DE JANEIRO 2018 2 A sociedade tem sido moldada por lutas sociais com diferentes finalidades, porém com motivações que se aproximam em algum ponto. A principal delas é a busca por mudanças que advém da insatisfação por alguma situação preestabelecida. Quando há um desequilíbrio na vida social, pode-se esperar por mudanças e na sociedade capitalista, desde seu início, existe a marca da desigualdade em sua estrutura e lógica de atuação. Para entender a lógica da sociedade capitalista, não há necessariamente um aprofundamento sobre quem são os detentores de maior parte meios de produção ou de meandros da qual só uma extensa leitura e pesquisa nos fariam entender seu surgimento ou sua rápida ascensão em nossa sociedade; logo a proposta é fazer uma primeira análise sobre esse modelo e o porquê de seu sucesso. Há um equívoco em dizer que na sociedade voltada para o capital ocorre a maior ou menor desigualdade ou desequilíbrio, pois isso sempre houve em nossa raça, e a vivência com base no que seria comum a todos poucas vezes foi vista. Porém, para não alongar a linha do tempo, vamos analisar o absolutismo e o que veio após, em consequência da revolução francesa e industrial; resumidamente, houve a troca de reis absolutos que exploravam o povo, em sua grande parte camponeses, por uma seleta casta de burgueses, que teriam a detenção dos meios de produção e explorariam os trabalhadores para conseguir obter maiores lucros possíveis em detrimento de condições favoráveis trabalho e remuneração equivalente ao esforço despendido. Portanto, a intensão aqui é dizer da forma mais simples possível, que a natureza do homem é individualista e egocêntrica, trazendo à tona modelos sociais que mais se aproximam desta sua realidade e formas de agir. Dito isso, há de se ressaltar que nós, humanos, somos contraditórios. Há esse lado intrínseco no ser, que por si só é individualista, porém há, na racionalidade humana, momentos em que nos distanciamos dessa gênese. O surgimento do comunismo, de forma inevitável ou não, proveniente de uma ação da classe trabalhadora ou em consequência de uma crise do modelo econômico vigente é um exemplo no qual se pode identificar a influência do social sobre o individual, a preocupação com o todo e não somente às partes. Agora passo a palavra a Le Bon. Ele diz (p. 13): “O fato mais singular, numa massa psicológica, é o seguinte: quaisquer que sejam os indivíduos que a compõem, sejam semelhantes ou dessemelhantes o seu tipo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o simples fato de se terem transformado em massa os torna possuidores de uma espécie de alma coletiva. Esta alma os faz sentir, pensar e agir de uma forma bem diferente da que cada um sentiria, pensaria e agiria isoladamente. Certas ideias, certos sentimentos aparecem ou se transformam em atos apenas nos indivíduos em massa. A massa psicológica é um ser provisório, composto de elementos heterogêneos que por um instante se soldaram, exatamente como as células de um organismo formam, com a sua reunião, um ser novo que manifesta características bem diferentes daquelas possuídas por cada uma das células”. (FREUD, 1920-1923) Diante de tal fonte histórica, faz-se necessário comentar brevemente sobre o surgimento desta ideologia e seus principais autores. O desenvolvimento da sociedade capitalista trouxe novas inspirações ao pensamento comunista. Ao explicar as situações de desigualdade surgiu o socialismo científico de Karl Marx e Friedrich Engels. Com inspiração na dialética de Hegel (filósofo alemão do 3 século XVIII – XIX, os pensadores buscaram a construção de um argumento que colocou na luta das classes sociais as bases de transformação da sociedade. Logo, o socialismo tem como proposta, a transformação, ao buscar na luta de classes e no materialismo histórico (O materialismo histórico é uma teoria que faz parte do socialismo marxista. Essa corrente teórica enfoca nos estudos da sociedade por meio da relação entre a acumulação material e o desenvolvimento da história da humanidade.) 1, meios para alcançar a mudança. Segundo a lógica marxista, as classes subordinadas deveriam tomar o controle do Estado. Ao ter controle sobre a entidade estatal, buscariam promover mudanças que tivessem como finalidade a cessão das desigualdades sociais e econômicas. Com isso, o comunismo somente aconteceria no momento em que o Estado fosse superado em benefício de uma sociedade na qual as riquezas fossem igualitariamente divididas a todos aqueles que contribuíssem com sua força de trabalho. Cabe ressaltar também a diferença entre o socialismo e o comunismo. Este só será alcançado depois daquele, quando meios de produção e propriedade pertencerem ao Estado. Dessa forma, os indivíduos estarão adaptados ao compromisso de realizar o bem comum e não haverá classes sociais pois todos estarão em igual patamar de igualdade. Antes de chegar a esta fase, o socialismo deve ser implementado, na qual ocorrerá a abolição da propriedade privada e dos meios privados de produção. O modo de produção socialista refere-se à organização econômica que reivindica a gestão e a propriedade pública ou coletiva dos meios de produção e a distribuição dos bens. Esse sistema objetiva implantar uma sociedade definida pela igualdade de oportunidades e meios para todos. (NEWMAN, 2005) Desta forma, o modelo de produção socialista é formado pelo intervencionismo do Estado, sob diversas formas. Na prática, em alguns países que tiveram maior influencia deste modo de produção, a intervenção do Estado é absoluta, em outros há maior liberdade de mercado e menos intervenção estatal. No Brasil, identifica-se uma atuação de estatais (que explorem atividades econômicas ou não) e também há empresas privadas, ambos em uma mesma área; pode-se identificar em nosso modelo, a presença das agências reguladoras, que regulam alguns segmentos de mercado e há outros entes públicos que atuam em algumas falhas de mercado. “A história de toda sociedade até hoje é a história de luta de classes. A moderna sociedade burguesa, surgida das ruínas da sociedade feudal, não eliminou os antagonismos entre as classes. Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta em lugar das antigas. A nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se, entretanto, por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade inteira vai-se diminuindo cada vez mais em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes diretamente opostas entre si: a burguesia e o proletariado.” (ENGELS & MARX) Um marco histórico da luta de classes, entre burgueses e operários, foi o advento das greves. A greve se torna um importante instrumento à serviço dos trabalhadores. Embora haja registros de greve anteriores a época da primeira revolução industrial, é nesse momento que se percebe o quão importante esse instrumento se faz. Para Marx, naquele momento não ocorria uma remuneração aos trabalhadores(proletários) que fosse equivalente à riqueza por eles produzida. Logo, surge o conceito de “mais – valia”, que pode ser entendida como a relação existente entre o valor do trabalho e o salário recebido pelo trabalhador, apresentando uma desigualdade. 1 O que é Materialismo Histórico? - Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/materialismo-historico/>Acesso em: 03\06\2018 4 Em outras palavras, a mais valia significa a diferença entre o valor produzidopelo trabalho e o salário pago ao trabalhador. Logo, é a base de exploração do sistema capitalista sobre o trabalhador. A greve surge como forma de estabelecer poder de barganha por parte dos trabalhadores, reivindicando melhores salários, condições de trabalho ou aquilo que lhes fosse conveniente e trouxesse benefícios diante do trabalho exploratório. Foi de extrema importância, os conflitos entre as classes, pois, com o passar dos anos, os trabalhadores foram incorporando direitos que hoje são vistos como normais e corriqueiros, porém, já foram objeto de luta no passado. Para tornar a análise da discussão o mais concreta possível, o exemplo a seguir ilustrará a relação existente entre três óticas: o proletário, a burguesia e o Estado. Maio de 2018, greve dos caminhoneiros, o país se viu totalmente dependente da classe de trabalhadores que fazem o transporte da maioria dos insumos necessários a sobrevivência nesta sociedade. A greve é o fenômeno social que melhor representa a luta de classes. Neste caso, os caminhoneiros lutaram por algo específico, que é o valor do combustível, que onera significativamente o valor de seu transporte, sendo aí identificado o grande problema. O Estado brasileiro tem altos impostos sobre os produtos e deixa escapar o imposto sobre a renda, tendo grandes fortunas não taxadas, inclusive pelo alto índice de sonegação; e isso gera menor poder de consumo para os trabalhadores que tem menor renda. Os contratantes, empregadores, justificam o valor do frete, que são baixos, diante da grande jornada de trabalho dos transportadores, mas o valor se justifica, pois se fosse pago maiores valores de frete a todos, provavelmente estas empresas iriam repassar este valor pela cadeia de produção e perderiam mercado, diante da concorrência. O lado que possui menor força, quando não organizados, são os contratados, logo, os caminhoneiros. O proletariado quanto não organizado e sem ferramentas de luta, torna- se escravo daqueles que detém maior poder na sociedade. Ao se organizarem, mostram sua força e desestabilizam uma nação. Por fim, trago a uma última análise sobre uma prática contemporânea, muito comum em nosso país, que é a escravidão moderna. Esta, não muito distante daquele modelo inicialmente estabelecido pela burguesia na primeira revolução industrial. O trabalhador faz jornadas muito longas de trabalho, em péssimas condições e com uma remuneração que nunca irá ser o suficiente para se livrar daquele meio de vida. Logo, há de se questionar em que tipo de sistema capitalista estamos vivendo e para onde as lutas do passado nos trouxeram, sendo esta reposta de difícil assertividade, mas que ao estudar a luta de classes e outros conceitos por aqui citados, podemos entender melhor nossa realidade. 5 Bibliografia BEZERRA, Juliana. Diferenças entre Comunismo e Socialismo. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/diferencas-entre-comunismo-e-socialismo//> Acesso em: 03 de junho de 2018 CAMPOS, Nicole. A greve sob a ótica Marxista. Disponível em: <https://camposnicolee.jusbrasil.com.br/artigos/339228033/a-greve-sob-a-otica-marxista> Acesso em: 03 de junho de 2018 DURAND, Jean- Pierre. A sociologia de Marx. Editora Vozes. ENGELS, Friedrich. MARX, Karl. Manifesto do partido comunista. 2ª edição. Editora Vozes de bolso. FREUD, S. (1920-1923). Psicologia das Massas e Analise do Eu. Greve dos caminhoneiros: a cronologia dos 10 dias que pararam o Brasil. Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/brasil-44302137>. Acesso em: 03 de junho de 2018. Martins, José Ricardo. Introdução à sociologia do trabalho. Editora Intersaberes. Bibliografia BEZERRA, Juliana. Diferenças entre Comunismo e Socialismo. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/diferencas-entre-comunismo-e-socialismo//> Acesso em: 03 de junho de 2018 CAMPOS, Nicole. A greve sob a ótica Marxista. Disponível em: <https://camposnicolee.jusbrasil.com.br/artigos/339228033/a-greve-sob-a-otica-marxista> Acesso em: 03 de junho de 2018 DURAND, Jean- Pierre. A sociologia de Marx. Editora Vozes. ENGELS, Friedrich. MARX, Karl. Manifesto do partido comunista. 2ª edição. Editora Vozes de bolso. Greve dos caminhoneiros: a cronologia dos 10 dias que pararam o Brasil. Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/brasil-44302137>. Acesso em: 03 de junho de 2018. Martins, José Ricardo. Introdução à sociologia do trabalho. Editora Intersaberes.
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