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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que nos deu forças, resignação e sabedoria, permitindo assim superarmos nossas dificuldades e atingirmos nosso objetivo.
	A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbramos eivado pela acendrada confiança no mérito e ética, aqui presentes.
	Ao nosso orientador Paulo Henrique Reis de Mattos, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pela sua confiança, orientações, apoio e incentivos.
	Aos nossos pais e familiares, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
	E a todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte desse projeto, o nosso muito obrigado.
RESUMO
Este trabalho aborda o direito de herdar e suas limitações, tendo como enfoque a exclusão do indigno no direito sucessório. Tal abordagem tem relevância significativa, pois a lei afasta do indigno, como reprovação e em função da gravidade dos atos por ele praticados, o seu direito sucessório. O propósito deste trabalho é buscar entender como se dá o processo de exclusão do indigno bem como correlacioná-lo a alguns ramos do Direito. Este propósito será alcançado por meio da revisão bibliográfica. A pesquisa evidenciou que as limitações no direito de herdar são moral e lógico, pois quem pratica atos criminosos, ofensivos ou reprováveis, taxativamente enumerados em lei, contra quem vai lhe transmitir uma herança torna-se indigno de recebê-la.
Palavras-chave: Direito Sucessório, Direito de herdar e suas limitações, Exclusão do indgno.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo apresentar a situação do herdeiro ou legatário que venha a praticar qualquer ato de indignidade contra o de cujus. Serão abrangidos os ramos de Direito das Sucessões, também como Direito Processual Civil, Direito Processual Penal, Direito Internacional e Direito Penal. 
Estarão sendo apresentados ao longo do trabalho, procedimentos e consequências advindos do ato no qual o herdeiro ou legatário venha a ser considerado indigno e por tal motivo não vier a participar da sucessão. 
A indignidade deriva da lei, em que só considera apto de gerar tal exclusão os motivos expressamente declarados no artigo 1814 do Código Civil. 
O procedimento da indignidade possui uma grande relevância, tendo em vista as ações do herdeiro ou legatário, que visa a prática de determinados atos ofensivos contra o autor da herança. Porém, o herdeiro só será privado do seu direito sucessório se houver a sentença transitada em julgado, com a Ação Declaratória de Indignidade. 
2 CAPÍTULO I: O Direito de herdar e suas limitações
	A sucessão ocorre quando uma determinada pessoa substitui a outra na titularidade de certos bens. Sob a perspectiva jurídica, é a transmissão da titularidade de direitos, eventualmente obrigações, resultantes do óbito de seu titular, em razão de declaração de vontade ou de determinação legal. Somente após a morte do titular dos direitos, é que pode ocorrer a herança. Sendo assim, caso seja feito qualquer contrato de herança com a pessoa viva, tal ato será considerado nulo.
O fim da existência da pessoa natural ocorre com a morte real. Tendo em vista que não se pode conceber direito subjetivo sem titular, assim que a morte é declarada, abre-se a sucessão, transferindo-se a herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus. Nisto compreende-se o Princípio de Saisine, de acordo com o qual o próprio de cujus transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança (le mort sisit le vif).
	O foro apto para o processo do inventário é o do último domicílio do de cujus, mesmo que o óbito tenha ocorrido fora do país. No entanto, se o autor da herança não tiver domicílio certo o foro será o da situação dos bens; e se, além do mais, possuía bens em lugares diferenciados, será o do lugar onde ocorreu o óbito.
	A sucessão quanto a sua fonte, pode ser legítima ou testamentária. Esta, resulta de respeito à vontade do de cujus, ou seja, disposição de última vontade, enquanto aquela, decorre da lei. Quando a pessoa morre sem deixar testamento, a herança é transmitida a seus herdeiros legítimos, seguindo a ordem da vocação hereditária. A sucessão poderá ser, além disso, ao mesmo tempo, legítima e testamentária quando o testamento não incluir todos os bens do de cujus, dado que os não inclusos serão transmitidos a seus herdeiros legítimos.
	No tocante aos efeitos, a sucessão pode ser a título universal e a título singular. A primeira se dá, quando o herdeiro é convidado a suceder na totalidade, fração ou porcentagem da herança. Já a segunda, ocorre quando o testador transmite ao herdeiro um bem certo e determinado, intitulado legado.
	Caso o herdeiro ou legatário pratique determinados atos julgados ofensivos contra o autor da herança, ele poderá ser destituído do direito sucessório. Contudo, a norma só considera apto de gerar tal exclusão os motivos expressamente declarados no artigo 1814 do Código Civil. A indignidade é, assim, uma sanção civil, que provoca a privação do direito sucessório.
	Entretanto, a indignidade não pode ser confundida com a deserdação, apesar de ambas terem a mesma intenção, excluindo da sucessão aqueles que cometem atos repreensíveis contra o falecido. A indignidade deriva da lei, que prevê a pena apenas nas hipóteses do artigo 1814. Já na deserdação, o responsável por tais atos é punido, em testamento, pelo próprio autor da herança, nos casos expressos no referido artigo, assim como nos mencionados do artigo 1962 do Código Civil.
3 CAPÍTULO II: A INDIGNIDADE E O DIREITO INTERNACIONAL
A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros.
LICC: Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º. A sucessão de bens de estrangeiro, situados no País, será regulada pela brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus‟.
Em razão da exceção constitucional, aplica-se que se o inventário for promovido no Brasil, a partilha dos bens será feita segundo a lei brasileira, em benefício do cônjuge ou filhos brasileiros, exceto se a lei nacional do de cujus lhe for mais favorável. Caso o inventário seja feito no exterior, a sentença somente será homologada no Brasil se tiver sido aplicada ou à lei brasileira ou à lei pessoal do finado, na dependência de se apurar qual a mais vantajosa para o cônjuge ou filhos brasileiros. 
Se a sentença estrangeira for desfavorável ao consorte, aos filhos brasileiros ou a quem os represente, será necessário, um novo inventário, no Brasil, que propicie a divisão dos bens situados no Brasil, de acordo com o critério da Constituição Federal. Entretanto, lei brasileira aplicar-se-á à vocação para suceder, em relação aos bens deixados no Brasil, mesmo quando a lei do último domicílio do falecido for a estrangeira, se este deixou cônjuge e filho brasileiros e a lei estrangeira do domicílio não lhes for mais benéfica.
De um modo geral, é chamada pela Lei a Sucessão, por isso haverá de ser aferida pela mesma Lei competente para reger a sucessão do morto que, no Brasil obedece a lei do País em que era domiciliado o defunto. E resolvida a questão prejudicial de que determinada pessoa , segundo o domicílio que tinha o de cujus , é herdeira, cabe examinar se a pessoa indicada é capaz ou incapaz para receber a herança, solução que é fornecida pela Lei do domicílio do herdeiro.
LICC / Art. 10: § 2º. “A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder”.
4 CAPÍTULO III: A INDIGNIDADE E O PROCESSO CIVIL
	A indignidade não permite a transmissão do patrimônio ao herdeiro, seja ele, legítimo ou testamentário. Esta ocorre para impedir que aquele que causar algum dano ao titular da herança recebaa parte que lhe caiba no acervo hereditário.
	A indignidade tem causas objetivas, ou seja, estão previstas em lei; não estão a critério do titular da herança criá-las por si só. Portanto, para que a indignidade se caracterize é necessária à observância da lei. Os critérios podem ser encontrados no artigo 1814 do Código Civil.
	Em tais crimes não é necessária a condenação na área criminal para que caracterize a indignidade, basta a apresentação de provas da ocorrência que garantam a veracidade dos fatos, porém, havendo condenação no penal não há mais a necessidade da Ação Declaratória de Indignidade, já que se encontra certa a real intenção do herdeiro.
	Os casos de indignidade por estarem taxativamente previstos em lei, e, portanto, sendo uma penalidade civil, exigem que haja uma sentença transitada em julgado, em ação ordinária contra o herdeiro que deu causa à exclusão, podendo qualquer pessoa que tenha legitimidade na sucessão pleitear a Ação Declaratória de Indignidade. Porém, tal ação, extingue-se após quatro anos da abertura da sucessão, não podendo mais após esse período ser pleiteada, consequência esta, prevista no artigo 1815, parágrafo único do Código Civil.
	O herdeiro causador da indignidade, até o momento da sentença transitada em julgado, que lhe declara excluído, terá poderes sobre os bens do de cujus, podendo ele usufruir livremente. Porém, com a sentença, é imposta a ele a restituição dos bens com seus frutos ou rendimentos, isso porque, os efeitos da sentença retroagem à data do falecimento do de cujus, pois possui efeitos “Ex Tunc”. 
	A sentença que declara indignidade, por ser uma penalidade imposta, não ultrapassa o indigno, ou seja, possui apenas efeitos pessoais. Sendo assim, os descendentes do herdeiro excluído têm direito de receber, por representação, a parte que cabia ao indigno, como se morto ele fosse, no momento da abertura da sucessão, conforme o artigo 1816 do Código Civil.
5 CAPÍTULO IV: A INDIGNIDADE E O DIREITO PENAL
	Os motivos que ensejam a exclusão do indigno do direito sucessório estão elencados no artigo 1814 do Código Civil.
	A vocação hereditária, nascida do parentesco ou da vontade (legítima ou testamentária) supõe uma relação de afeto, consideração e solidariedade entre o autor da herança e o sucessor. No entanto, o sucessor, chamado pela ordem de vocação hereditária, pode praticar atos indignos dessa condição de afeto e solidariedade humana e familiar. É moral e lógico afirmar que o praticante de atos de desdouro contra quem vai lhe transmitir a herança torna-se indigno de recebê-la. Razão pela qual a lei traz descritos os casos de indignidade, isto é, fatos típicos que, se praticados, podem excluir o herdeiro da herança. A lei, ao permitir o afastamento do indigno, promove um juízo de reprovabilidade, em função da gravidade dos atos praticados. No entanto, não existe exclusão automática por indignidade. O indigno só é afastado da sucessão mediante sentença judicial.
	O presente artigo descreve os fatos típicos que autorizam a declaração de indignidade, mediante a devida ação de rito ordinário. Como a indignidade é uma pena, essas situações legais são números fechados, não permitindo a interpretação extensiva.
	A razão moral da exclusão é por si só explicativa. Quem de qualquer forma concorrer para o homicídio ou tentativa deste com relação ao autor da herança, ficará excluído de sua sucessão. Nada importa a motivação do crime. Este código acrescentou ainda o homicídio ou sua tentativa dolosa contra o cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente, o que confirma o sentido ético e moral da disposição legal.
	O inciso I do artigo 1814 do Código Civil refere-se aos artigos 121 do Código Penal (homicídio), artigo 18, inciso I, CP (crime doloso), artigo 14, inciso II, CP (tentativa).
	Como a lei se refere a herdeiros ou legatários que houverem acusado caluniosamente em juízo ou incorrido em crime, parece claro a necessidade da condenação criminal na presente hipótese do inciso II do artigo 1814.
	Esse dispositivo refere-se aos artigos 339 (denunciação caluniosa), artigo 138 (calúnia), artigo 139 (difamação) e artigo 140 (injúria), todos do Código Penal.
	Por outro lado, a denunciação caluniosa consiste no fato de alguém dar causa à instauração de investigação policial ou processo judicial contra outrem, imputando-lhe crime de que sabe ser inocente. Os reflexos devem atingir o juízo criminal, ainda que a imputação tenha sido veiculada no juízo civil. Aqui, pela dicção legal, não há necessidade de condenação criminal.
	A lei preserva a liberdade de testar. A vontade testamentária deve ser livre, espontânea. No caso, a lei pune o herdeiro ou o legatário que viciaram a vontade do testador. Qualquer que seja a inibição perpetrada pelo interessado contra a vontade testamentária, insere-se na presente reprimenda. O óbice oposto pelo sucessor, portanto, pode ser tanto físico como moral. A questão sofrerá toda prova no curso de ação de procedimento ordinário. Não se leva em conta o fato de o coautor, eventualmente, até mesmo ser beneficiado pelo testamento. A inibição de vontade testamentária é vista aqui de forma genérica. Os meios fraudatórios podem ser os mais variados, pois, como sempre acentuamos, a fraude é um vício de muitas faces.
6 CAPÍTULO V: A INDIGNIDADE E O PROCESSO PENAL
	O fato de existir processo criminal em trâmite para se apurar a prática de homicídio doloso, seja este tentado ou consumado, não suspende os prazos para ações cíveis, na decretação de indignidade. Os prazos das ações de natureza decadencial, portanto, não se interrompem ou suspendem, salvo expressa previsão legal (art. 207, C.C). Nota-se que a previsão contínua na lei é de suspensão de prescrição, e não da decadencial, até a sentença penal definitiva, quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal.
	Não se exige que o herdeiro seja o autor do homicídio ou tentativa deste. A sua participação no crime como coautor ou partícipe, por qualquer forma, é suficiente para comprometê-lo.
	A inimputabilidade deve ser vista com reservas no caso da indignidade, sobretudo porque não seria moral, sob qualquer hipótese, que um menor de 18 (dezoito) anos pudesse se beneficiar de sua menoridade, para concorrer na herança do pai que ele matou. Assim sendo, a afirmação peremptória “quando falta a imputabilidade, não há indignidade”, deve admitir válvulas de escape, levando em conta, primordialmente, que há um sentido ético na norma civil que extrapola o simples conceito legal de inimputabilidade.
	Indigno é quem comete o fato e não quem sofre a condenação penal. No entanto, se o juízo criminal conclui pela inexistência do crime ou declara não ter o agente cometido o delito, bem como se há condenação, isso faz coisa julgada no cível.
	Outra questão de alta controvérsia, pelas suas implicações morais, é a da eutanásia, da morte piedosa. No entanto, essa conduta é, hoje, matéria de permanentes estudos no campo jurídico, psicológico, sociológico e médico. Há divergências doutrinárias nesse sentido.
Em nosso ordenamento, a eutanásia é crime e, assim sendo, não há como excluí-la, no caso de indignidade. Da mesma maneira, a instigação ao suicídio, dentro do espírito da lei, deve se equiparar ao homicídio, para efeito de indignidade.
A extinção da pena no juízo criminal não elide a exclusão por indignidade. No caso de crime preterintencional e de aberratio ictus, não existe a intenção homicida, razão pela qual não deve o herdeiro ser excluído. Assim também nas situações de legítima defesa, estado de necessidade ou exercício regular de direito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Dimas Messias de; CARVALHO, Dimas Daniel de. Direito das Sucessões: Inventário e partilha. 3° ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2011. 408 pag. (Vol. VIII).

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