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DEFESA DO RÉU Pratica III

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Jorge Roberto Sarobe
								Daniel Roberto Sarobe
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA
DE SÃO JOSÉ SC.
MATEUS, já qualificado nos autos em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado que a esta subscreve (procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, dentro do prazo legal, oferecer
Resposta à acusação
Com fulcro no artigo 396-A, CCP, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
A vítima não é deficiente mental, e já a namora há algum tempo. Ainda sua avó materna e sua mãe, que moram com o Réu, sabiam do namoro e todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas. 
A vítima não quis dar ensejo à ação penal, tendo o promotor, agido por conta própria. Conforme art. 107, I do CP, a Ação Privada é personalíssima, cabendo somente à vítima, oferecer a Queixa Crime. Por fim, o Réu informa que não há qualquer prova da debilidade mental da vítima e que a mesma poderá comparecer para depor a seu favor em juízo.
I – DOS FATOS:
Mateus foi denunciado porque, em agosto de 2010, supostamente teria se dirigido à residência de Maísa e a constrangido a com ele manter conjunção carnal, resultando assim na gravidez da suposta vítima, conforme laudo de exame de corpo de delito. Narra ainda a exordial que, embora não se tenha se valido de violência real ou de grave ameaça para a prática do ato, o réu teria se aproveitado do fato de Maísa ser incapaz de oferecer resistência ao propósito criminoso, assim como de validamente consentir, por se tratar de deficiente mental, incapaz de reger a si mesma.
II – DO DIREITO:
Preliminarmente, há que se destacar a ilegitimidade do Ministério Público para a propositura da presente ação, tendo em vista que a vítima é maior de idade e cabe a ela o oferecimento de Queixa Crime conforme Art. 107, I do CP. Como se vê pelo Art. 225 do CP, somente se procede mediante ação penal pública condicionada nos casos de hipossuficiência financeira da vítima e de seus genitores.
Trata-se, portanto, de ação penal pública condicionada à representação, sendo esta uma manifestação do ofendido ou de seu representante legal, no sentido de autorizar o Ministério Público a iniciar a ação penal. A representação é, nestes termos, uma condição de procedibilidade. Sobre a imprescindibilidade da representação nos casos em que a lei a exige, interessante trazer à lume o entendimento jurisprudencial:
Indispensabilidade da representação: – STJ: “Representação. A ação penal, dependente de representação, reclama manifestação do ofendido para atuação do Ministério Público. Sem essa iniciativa, a ação penal nasce com vício insanável”. (RSTJ 104/436) – (MIRABETE – Código Penal Comentado – Editora Atlas – pg. 643)
Diante de tal situação, há que se comentar que a representação é uma condição específica para esse tipo de ação sem a qual a ação penal sequer deveria ter sido ajuizada.
Nesses termos, o que se denota é a ocorrência de uma da causa de nulidade, sendo esta, de modo específico, prevista no artigo 564, III, a do CPP.
No que diz respeito ao mérito, devemos nos atentar para o fato de que o réu desconhecia a alegada condição de tratar-se a vítima de débil mental, sendo este um dos requisitos previstos em lei para que se presuma a violência. Senão vejamos:
Art. 224 – Presume-se a violência, se a vítima:
[…]
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância.
Não sendo a debilidade aparente e, portanto, desconhecida pelo réu, os atos sexuais, nas circunstâncias em que foram praticados, deram-se de forma não criminosa por manifesta atipicidade.
Não bastassem tais circunstâncias, compulsando os autos, observa-se ainda a inexistência de Laudo Pericial comprovando a alegada debilidade mental, que, aliás, não pode ser presumida.
III – DO PEDIDO:
Diante do exposto, requer seja anulada desde o inicio a presente ação penal, com fulcro no artigo 564, inciso II do Código de Processo Penal, devendo a exordial ser rejeitada com fulcro no artigo 395, inciso II do aludido Código. Não entendendo desta forma, requer seja o acusado absolvido sumariamente com amparo no artigo 397, inciso III do Código de Processo Penal.
Entretanto, caso ainda não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer a realização de Exame Pericial, para que se verifique a higidez mental da suposta vítima e sejam ouvidas as testemunhas a seguir arroladas no decorrer da instrução:
Testemunha 1 – Olinda, qualificada à fl. __.
Testemunha 2 – Alda, qualificada à fl. __.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Florianópolis, 17 de Fevereiro de 2017.
Advogado_________
OAB nº___________

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