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Variação Linguística e Ensino

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Na situação 1, a análise feita pela professora está adequada? As estruturas destacadas por ela pertencem à variedade padrão ou à variedade não padrão da língua? A visão em relação a essas estruturas é a mesma quando consideramos fala e escrita? O exemplo não pertence à variedade padrão da língua, mas sim a uma variante rural, uma bagagem na linguagem que o Chico Bento tem, sendo reproduzida através da tirinha. Nós vemos em “língua, linguagem e fala” que a norma é um conjunto de regras que visam impor um padrão de linguagem que precisam ser seguidas pelos falantes, padrão escolhido dentro da diversidade da língua. O que não impede que um autor utilize a linguagem de modo expressivo chamando a atenção de como essa mensagem é configurada como no exemplo acima. Maurício de Souza em sua tirinha usou a escrita para ressaltar a variedade linguística rural e a bagagem do personagem em seu uso falado, o professor fica encarregado de apontar o certo ou o errado aos seus alunos.
 Na situação 2, o professor considera a existência do falante culto e as diferenças entre fala e escrita? No segundo exemplo o professor corrige o aluno baseado apenas na linguagem padrão da língua, ou seja, considerando apenas a uso padrão (escrito) privilegiando o uso prescrito pela gramática normativa da língua desconsiderando a competência do aluno em se expressar fazendo uso da língua materna. Reforçando apenas o conceito de ‘’certo’’ e ‘’errado’’. A forma como as duas situações foram trabalhadas pelos professores em sala de aula contempla a questão USO-REFLEXÃO-USO proposta pelos PCNs? A situação 1, se for trabalhada pelo professor de forma adequada ela contempla sim a questão do uso-reflexão-uso desde que o professor trabalhe bem essa situação junto ao aluno, enfatizando que esta é uma variante da língua que não está sendo utilizada de forma adequada embora não seja errada uma vez que há comunicação mesmo sendo difícil de entender, há sim uma comunicação. Já a situação 2 apesar do contexto geográfico ser o mesmo, a fala do aluno ainda é apropriada dentro da intenção comunicativa dele. Consierando a importância dada pelos PCNs ao respeito à variação linguística, como deveria ter sido feita a abordagem? A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, é saber, quais variedades e registro da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa do contexto. Entende-se a variação como um fenômeno associado a valores sociais e que, cabe aos professores e à escola como um todo cuidar para que não se possa existir, muito menos se produzir o preconceito linguístico, onde o aluno seja capaz de interagir com os outros apesar de suas diferenças linguísticas. Na tirinha, por exemplo, a professora poderia ter corrigido Chico Bento, assim como aconteceu na segunda situação, apesar dos erros existe uma comunicação, é possível entendê-lo.

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