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Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 94 Capítulo 7 Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle 7.1 Balanço energético em um sistema de controle Seja o sistema demonstrado na fig. 7.1: Fig. 7.1: sistema de controle genérico Onde: E = energia interna total do sistema W = trabalho exercido pelo sistema Q = quantidade de calor introduzida no sistema Pela PLT tem-se que: Seja e a energia total por unidade de massa e definida como sendo: Onde: V2/2 = energia cinética por unidade de massa g.z = energia potencial por unidade de massa u = energia intermolecular por unidade de massa dt dW dt dQ dt dE −= uzgVe ++= . 2 2 Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 95 Lembrando-se que, no apêndice D, para o volume de controle, foi deduzida a variação total da grandeza N ao longo do escoamento da massa fluída: Pela PLT aplicada a um volume de controle tem-se que: N = E η = e Lembrando-se que, num EPI: Então: O trabalho W compõe-se dos seguintes termos: W = WS + Wnormal + Wcisalhamento + Woutros Onde: WS = trabalho de eixo transferido para fora da SC (bombas e turbinas) Wnormal = trabalho realizado por tensões normais na SC Wcisalhamento = trabalho realizado por tensões de cisalhamento na SC Woutros = trabalho realizado pela energia elétrica, eletromagnética, isto é, outras formas de energia que em FT não serão consideradas; portanto: Woutros = 0. Como Wnormal é dado pelas forças de pressão normal à SC, tem-se que: dt dmp dt dWnormal . ρ = No caso de Wcisalhamento, tem-se que: ∫∫ ∂ ∂ += VC ol SC dV t AdV dt dN .... ρηρη r o r 0.. = ∂ ∂ ∫ VC oldVt ρη ∫=− SC AdVe dt dW dt dQ r o r ..ρ ∫= SC tocisalhamen dAVW . r o r τ Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 96 Como a SC, geralmente, é perpendicular ao vetor velocidade V, tem-se que: Wcisalhamento = 0 Assim a PLT, na forma resumida, é dada por: Mas, se se passar o termo dQ/dt para o segundo membro da equação anterior, pode-se escrever que: Define-se perda de carga ht como sendo: Assim, para dois pontos do sistema de controle, onde o ponto 1 é a entrada e o ponto 2 é a saída, tem-se que: Mas, lembrando que: Q dt dm .ρ= Pode-se simplificar a equação da PLT como sendo: PQ dt dWS ∆.= Onde: AdVpuzgV dt dW dt dQ SC S r o r ... 2 2 ρ ρ∫ +++=− dm dQ dt dm dt dQ .= dm dQ uht −= +−+ − + − −= t S hzzgVVPP dt dm dt dW ).( 2 . 12 2 1 2 212 ρ Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 97 thzzg VVPPP .).(.).( ρρρ∆ −−+−+−= 21 2 2 2 1 21 2 Isto é, o termo dWS/dt é o produto de vazão em volume pela variação de pressão total do sistema, o que dimensionalmente resulta: [ ] 1213 −−− === TLFLFTLPQ dt dWS ......∆ Que é o símbolo dimensional da potência. Em outras palavras, a potência de eixo do dispositivo (bomba ou turbina) instalado no meio do escoamento é o produto da vazão em volume do sistema pela variação de pressão total. Nesta variação de pressão total estão incluídas todas as pressões possíveis do sistema e, principalmente, a perda de pressão pela existência da perda de carga. No SI, a unidade de dWs/dt resulta: [dWs/dt] = N.m.s-1 = W ���� Watt No SIG, a unidade de dWs/dt resulta: [dWs/dt] = lbf.ft.s-1 Mas, é muito mais comum utilizar-se das unidades do sistema prático, isto é, o CV (cavalo-vapor) e o HP (horse-power). Pelo modelo adotado para a aplicação da PLT (fig. 7.1) convenciona-se que: dWS/dt > 0 � turbina existente entre 1 e 2 dWS/dt < 0 � bomba existente entre 1 e 2 dWS/dt = 0 � nem bomba e nem turbina existente entre 1 e 2 7.2 Caso particular de aplicação da PLT em sistemas de controle Seja o sistema simples de bombeamento ilustrado na fig. 7.2. Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 98 Fig. 7.2: sistema simples de bombeamento O sistema é formado por duas tubulações distintas, a saber: sucção (vai do reservatório inferior ou poço até a bomba centrífuga) e recalque (vai da bomba centrífuga até o reservatório superior ou caixa d’água). Os diâmetros destas tubulações podem ser diferentes (geralmente Dsucção > Drecalque) ou iguais. Neste sistema destacam-se os seguintes componentes: I) Bomba centrífuga (BC): dispositivo que tem a função de retirar a água do reservatório inferior (geralmente um poço) e enviá-la para o reservatório superior (geralmente uma caixa d’água); seu princípio de funcionamento baseia-se na aplicação da força centrífuga na água quando ela se encontra dentro do impulsor, conforme figs. 7.3 e 7.4. Fig. 7.3: bomba centrífuga típica Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 99 Fig. 7.4: sistema em corte de uma BC II) Motor de acionamento (motor): pode ser elétrico, de combustão interna (gasolina, álcool) ou à explosão (diesel); também pode ser empregada uma turbina a vapor no lugar do motor; sua função é mover o rotor da bomba em regime permanente, para garantir o funcionamento da parte hidráulica; no caso de um motor elétrico em regime CA a fig. 7.5 o ilustra. Fig. 7.5: motor elétrico em CA III) Cotovelo de 90o: geralmente é metálico mas, para algumas aplicações em baixa potência hoje já existem em PVC rígido; na fig. 7.6 ilustra-se uma cotovelo em aço inox. Fig. 7.6: cotovelo de 90o em aço inox Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmicaaplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 100 IV) Válvula de retenção: utilizada para reter a água na tomada do recalque; geralmente é metálica e tem que ser fabricada com rígido controle de qualidade (fig. 7.7). Fig. 7.7: válvula de retenção V) Registro de gaveta: utilizado para controle da vazão do sistema; sua fabricação também deve seguir o mesmo rigor da válvula de retenção (fig. 7.8). Fig. 7.8: registro de gaveta VI) Válvula de crivo ou de pé: utilizada para controle da entrada da água na sucção; possui uma grelha para evitar a entrada de rochas e outros objetos na tubulação de sucção (fig. 7.9); Fig. 7.9: válvula de crivo em aço inox Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 101 Para o sistema da fig. 7.2 deve-se considerar que: a) os pontos 1 e 2 para aplicação da PLT serão, respectivamente, o nível de água do reservatório inferior (onde P1 = Patm, em termos absolutos) e a saída da tubulação de recalque no reservatório superior (onde P2 = Patm, também em termos absolutos); b) a velocidade de recalque V2 é muito maior que a velocidade do ponto 1 (princípio dos grandes reservatórios) de tal forma que, no termo de energia de pressão cinética tem-se que: 42 222 2 2 2 2 1 . .8 222 )( recalqueD QVVVV pi − = − = − ≅ − c) cada tubulação e conexão contribuirá com sua perda de carga; somando-as, tem-se a perda de carga total do sistema, dada por: [m] ....60304,0 552 += suc sucsuc rec recrec t D Lf D LfQH onde: [Q] = m3/h [L] = m [D] = in Lsuc = a+ Leq_cotovelo de 90o + Leq_válvula de crivo Lrec = A + Leq_cotovelo de 90o + Leq_registro de gaveta +Leq_ válvula de retenção Os dados de Leq para estas conexões estão dispostos do apêndice H. d) a diferença de cotas entre os pontos 1 e 2 resulta: ∆∆∆∆z = z1 – z2 = - (H + h) e) a altura manométrica total do sistema (AMT), que considera toda altura necessária para a elevação da água mais as perdas de carga do sistema, é dada pela expressão: Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 102 [m] tHhHAMT ++= Porém, devido ao fato da BC também provocar uma perda de carga localizada no sistema, adota-se que a AMT real deve ser o produto da AMT por um coeficiente de segurança (da ordem de 20% ou mais). Por isto, a AMT real é dada por: AMTreal = 1,2.AMT Substituindo-se os dados dos itens a até d na PLT tem-se que: [Pa] ..150262,0. 4 2 +=∆ real rec AMTg D Qp ρ onde o sinal negativo foi omitido pois já se sabe que o dispositivo é uma bomba. Finalmente, com os dados da potência dWs/dt e AMTreal basta consultar um catálogo do fabricante de bombas e dimensionar a bomba mais adequada para a aplicação. Um exemplo de dados sobre bombas se encontra no e-book folder eletrônico IMBIL, disponível no site da FACENS. É claro que, num projeto mais completo, deve-se considerar também a determinação do parâmetro NPSH, de fundamental importância no dimensionamento da BC. Por sua vez, NPSH é um acrônimo para o termo em lingua inglesa Net Positive Suction Head (algo como altura livre positiva de sucção). É a energia (carga) medida em pressão absoluta disponível na entrada de sucção de uma bomba hidráulica. O NPSH disponível (NPSHdisp), é a energia que o sistema disponibiliza ou chega na entrada de sucção da bomba. A energia de pressão absoluta resultante é chamada de NPSH disponível e é expressa normalmente em metros de coluna de água (mca). O NPSH requerido (NPSHreq) é a energia de pressão absoluta que a bomba requer na sua entrada de sucção para evitar que o fenômeno da cavitação ocorra e depende das caracteristicas construtivas da bomba, da sua rotação e da vazão. Ele é informado pelo fabricante da bomba. Quando o NPSHdisp > NPSHreq, provavelmente não ocorrerá o fenômeno da cavitação. Por sua vez, cavitação é o nome que se dá ao fenômeno de vaporização de um líquido pela redução da sua pressão quando em movimento. Em certos pontos do escoamento, devido à aceleração do fluido, como em um vertedor, em uma turbina hidráulica, em uma bomba hidráulica, em um bocal ou em uma válvula, a pressão do fluido pode cair a um valor menor que a pressão mínima em que ocorre a vaporização do mesmo (Pv) na temperatura T0. Então ocorrerá uma vaporização local do fluido, formando bolhas de vapor (formação de cavidades dentro da massa líquida). A cavitação é comum em bombas de água e de óleo, válvulas, turbinas hidráulicas, propulsores navais, pistões de automóveis e até em canais de concreto com altas velocidades, como em vertedores de barragens. Capítulo 7: Primeira Lei da Termodinâmica aplicada a um volume de controle___________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Prof. André Vitor Bonora FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba 103 A cavitação deve ser sempre evitada por causa dos prejuízos financeiros que causa devido a erosão associada, seja nas pás de turbinas, de bombas, em pistões ou em canais. Nas figuras 7.10 e 7.11 ilustram-se o efeito da cavitação nas pás das turbinas hidráulicas. Fig. 7.10: exemplo de cavitação nas pás de uma turbina hidráulica Fig. 7.11: exemplo de cavitação numa turbina tipo Francis
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