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curso 29945 aula 09 v1

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Aula 09
Direito Constitucional p/ IBAMA 2017 (Analista Ambiental) - Com
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Equipe Ricardo e Nádia 01, Nádia Carolina, Ricardo Vale, Equipe Ricardo e Nádia 02
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DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA 
Teoria e Questões 
Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
!ULA 09 
PODER JUDICIÁRIO 
Sumário 
Poder Judiciário ............................................................................................................................ 3 
1.  Introdução .............................................................................................................................. 3 
2.  Estrutura do Poder Judiciário ............................................................................................. 5 
3.  As Garantias do Poder Judiciário ...................................................................................... 8 
4.  Vedações aos Magistrados ................................................................................................ 17 
5.  O Estatuto da Magistratura ............................................................................................... 19 
6.  Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ............................................................................... 29 
7.  Supremo Tribunal Federal (STF) ..................................................................................... 36 
8.  Superior Tribunal de Justiça (STJ) .................................................................................. 50 
9.  Justiça Federal ..................................................................................................................... 60 
10.  Justiça do Trabalho .......................................................................................................... 63 
11.  Justiça Eleitoral ................................................................................................................. 67 
12.  Justiça Militar ................................................................................................................... 70 
13.  Tribunais e Juízes dos Estados ...................................................................................... 71 
Questões Comentadas ................................................................................................................... 72 
Lista de Questões ......................................................................................................................... 109 
Gabarito ......................................................................................................................................... 125 
 
 
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Poder Judici‡rio 
1. Introdu‹o 
1.1- Aspectos Gerais: 
O Poder Judici‡rio Ž o respons‡vel pelo exerc’cio de uma das fun›es pol’ticas 
do Estado: a fun‹o judicial ou jurisdicional. ƒ o Poder Judici‡rio 
competente para exercer a jurisdi‹o, solucionando conflitos e Òdizendo o 
DireitoÓ diante de casos concretos. 
A aplica‹o do Direito n‹o Ž, todavia, o que distingue o Poder Judici‡rio 
dos demais Poderes. Em certa medida, essa Ž uma tarefa tambŽm realizada 
pelo Poder Executivo e pelo Poder Legislativo. Para Konrad Hesse, o que 
singulariza o Poder Judici‡rio Ž a capacidade de prolatar decis‹o aut™noma, 
de forma autorizada e, por isso, vinculante, em casos de direitos contestados 
ou lesados.1 
No Brasil, adota-se o sistema ingls de jurisdi‹o. Nesse modelo, apenas o 
Poder Judici‡rio faz coisa julgada material, isto Ž, decide casos concretos 
com definitividade. Vigora o princ’pio da inafastabilidade de jurisdi‹o, 
segundo o qual Òa lei n‹o excluir‡ da aprecia‹o do Poder Judici‡rio les‹o ou 
ameaa a direitoÓ (art. 5¼, XXXV). ƒ diferente do contencioso administrativo 
(sistema francs), no qual certas matŽrias s‹o decididas com definitividade por 
—rg‹os da Administra‹o Pœblica, n‹o sendo cab’vel recurso ao Judici‡rio. 
Por mais que se possa querer, o Direito positivo Ž incapaz de abarcar toda e 
qualquer conduta humana. Normas genŽricas e abstratas n‹o conseguem, 
sozinhas, regular a infinidade de casos concretos que ocorrem no dia-a-dia. 
ÒDizer o DireitoÓ aplic‡vel a uma lide, n‹o Ž, portanto, tarefa simples. Ao 
contr‡rio, Ž miss‹o complexa, que imp›e ao Poder Judici‡rio a necessidade de 
interpretar o Direito. 
Exercer a jurisdi‹o Ž fun‹o t’pica do Poder Judici‡rio. Segundo Dirley da 
Cunha Jœnior, a jurisdi‹o Ž uma atividade que tem as seguintes 
caracter’sticas2: 
a) secund‡ria: Os conflitos devem ser, primariamente, resolvidos pela 
partes em lit’gio. O Poder Judici‡rio, ao exercer a jurisdi‹o, estar‡ 
realizando uma atividade que deveria, primariamente, ter sido 
solucionada pelas partes. 
                                                        
1
 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 
6» edi‹o, 2011. pp. 963-964.  
 
2
 CUNHA JòNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6» edi‹o. Ed. Juspodium. 
Salvador: 2012, pp. 1107-1108. 
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b) instrumental: A jurisdi‹o Ž o meio (instrumento) do qual se vale o 
Direito para impor-se a todos. 
c) desinteressada: Ao exercer a atividade de jurisdi‹o, o Poder 
Judici‡rio n‹o cede aos interesses de nenhuma das partes litigantes. Ao 
contr‡rio, o Poder Judici‡rio age segundo o Direito. 
d) provocada: O Poder Judici‡rio n‹o age de of’cio. O exerc’cio da 
jurisdi‹o depende de provoca‹o, em raz‹o do princ’pio da inŽrcia. 
Em defini‹o mais completa, Fredie Didier Jr. afirma que Òa jurisdi‹o Ž a 
fun‹o atribu’da a um terceiro imparcial de realizar o Direito de modo 
imperativo e criativo (reconstrutivo), reconhecendo / efetivando / protegendo 
situa›es jur’dicas concretamente deduzidas, em decis‹o insuscet’vel de 
controle externo e com aptid‹o para tornar-se indiscut’velÓ. 3 
AlŽm da sua fun‹o t’pica de jurisdi‹o, o Poder Judici‡rio tambŽm exerce as 
fun›es at’picas de legislar e de administrar. A atividade de legislar se 
manifesta quando os Tribunais editam os seus Regimentos Internos, que s‹o 
consideradas normas prim‡rias. J‡ o exerc’cio da atividade administrativa 
ocorre, por exemplo, quando um Tribunal realiza uma licita‹o, celebra um 
contrato administrativo ou, ainda, faz um concurso pœblico para ingresso de 
novos servidores. 
1.2- O Poder Judici‡rio no Estado Social e no Estado Constitucional: 
Com o advento do Estado Social e do Estado Constitucional,o Poder 
Judici‡rio ganhou maior relev‰ncia na manuten‹o da ordem social. AtŽ 
ent‹o, as fun›es do Judici‡rio eram meramente secund‡rias, relegadas a 
segundo plano, se comparadas com as do Poder Executivo e do Poder 
Legislativo. 
No Estado Social, o papel estatal n‹o se limita, t‹o somente, a garantir as 
liberdades pœblicas (liberdades negativas). Na verdade, vai muito alŽm disso. 
O Estado passa a ser intervencionista (prestacionista), ofertando bens e 
servios aos indiv’duos. Nesse modelo, o Estado adquire a responsabilidade de 
garantir que todos ter‹o acesso aos direitos sociais como, por exemplo, 
educa‹o e saœde. 
Se o Estado deixa de atuar, permanecendo inerte na oferta dos direitos sociais, 
o indiv’duo poder‡ acionar o Poder Judici‡rio. O Estado-juiz Ž chamado a 
atuar, concretizando, ent‹o, os direitos sociais previstos na Constitui‹o. 
No Estado Social, portanto, a atua‹o do Poder Judici‡rio direciona-se para 
garantir o Òm’nimo existencialÓ, ou seja, garantir as condi›es m’nimas para 
uma existncia humana digna. 
                                                        
3
 DIDIER Jr. Fredie. Curso de Direito Processual Civil, Vol. 1, 17a edi‹o. Ed. Juspodium. 
Salvador: 2015, pp. 153. 
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No Estado Constitucional, por sua vez, atribui-se papel central ˆ 
Constitui‹o, vista como fundamento de validade de todo o ordenamento 
jur’dico. Surge, aqui, a no‹o de controle de constitucionalidade, baseada 
na l—gica de que todas as normas devem ser compat’veis com o texto da 
Constitui‹o, sob pena de serem consideradas inv‡lidas. 
Os atos do Poder Executivo e do Poder Legislativo, a partir desse momento, 
podem ser submetidos ao controle do Poder Judici‡rio. Passa-se a falar 
na existncia de uma ÒJustia ConstitucionalÓ, respons‡vel pela curatela da 
Constitui‹o, Ž dizer, respons‡vel por garantir-lhe a supremacia. ƒ um novo 
papel atribu’do ao Poder Judici‡rio. 
Nesse modelo de Estado Constitucional, o Poder Judici‡rio n‹o se limita mais 
a solucionar conflitos intersubjetivos (entre pessoas). A miss‹o do 
Judici‡rio passa a ser mais ampla, direcionada para a garantia dos direitos 
fundamentais, dos valores constitucionais e, em œltima inst‰ncia, do 
pr—prio Estado democr‡tico de direito. O Poder Judici‡rio torna-se, assim, 
verdadeiro garantidor da integridade do ordenamento jur’dico. 
2. Estrutura do Poder Judici‡rio 
O art. 92, CF/88, relaciona os —rg‹os integrantes do Poder Judici‡rio. 
Art. 92. S‹o —rg‹os do Poder Judici‡rio: 
I - o Supremo Tribunal Federal; 
I-A o Conselho Nacional de Justia; 
II - o Superior Tribunal de Justia; 
II-A Ð o Tribunal Superior do Trabalho 
III - os Tribunais Regionais Federais e Ju’zes Federais; 
IV - os Tribunais e Ju’zes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Ju’zes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Ju’zes Militares; 
VII - os Tribunais e Ju’zes dos Estados e do Distrito Federal e 
Territ—rios. 
O STF Ž o —rg‹o de cœpula da organiza‹o judici‡ria brasileira, exercendo, 
simultaneamente, as fun›es de Corte Constitucional e de —rg‹o m‡ximo 
do Poder Judici‡rio. ƒ interessante notarmos que trata-se de fun›es distintas. 
Como Corte Constitucional, o STF atua para solucionar conflitos jur’dico-
constitucionais, protegendo a incolumidade da Constitui‹o. Como exemplo, 
o STF Ž o respons‡vel por processar e julgar, originariamente, as A›es 
Diretas de Inconstitucionalidade. Como —rg‹o m‡ximo do Poder Judici‡rio, o 
STF julga casos concretos em œltima inst‰ncia. Exemplificando, o STF Ž o 
respons‡vel por processar e julgar, nos crimes comuns, os Deputados e 
Senadores. 
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Na estrutura hier‡rquica do Poder Judici‡rio, logo abaixo do STF, est‹o os 
Tribunais Superiores: Superior Tribunal de Justia (STJ), Tribunal Superior 
do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar 
(STM). 
Enquanto o STF Ž o guardi‹o da Constitui‹o Federal, o STJ pode ser 
considerado o guardi‹o do direito objetivo federal. Os outros Tribunais 
Superiores (TST, TSE e STM), por sua vez, s‹o as inst‰ncias recursais 
superiores, respectivamente, da Justia do Trabalho, Justia Eleitoral e da 
Justia Militar. 
 
Em 12 de junho de 2016, foi promulgada a Emenda 
Constitucional n¼ 92/2016, que inseriu o TST no rol de 
—rg‹os do Poder Judici‡rio. AtŽ ent‹o, o TST n‹o aparecia no 
rol do art. 92. 
O esquema a seguir mostra como Ž a estrutura do Poder Judici‡rio, cuja Corte 
M‡xima Ž o STF: 
 
Para que as fun›es do Poder Judici‡rio possam ser desempenhadas com 
maior eficincia, a sua jurisdi‹o divide-se em Justia Comum e Justia 
Especial. Desdobrando ainda mais, temos o seguinte: 
a) Justia Comum: abrange a Justia Estadual (composta pelos 
Tribunais de Justia Ð TJ`s e Ju’zes de Direito) e a Justia Federal 
(composta pelos Tribunais Regionais Federais Ð TRF`s e Ju’zes Federais). 
CNJ
STF
STJ
TJs
JUIZES 
ESTADUAIS
TRFs
JUIZES 
FEDERAIS
TST
TRTs
JUIZES DO 
TRABALHO
TSE
TREs
JUIZES 
ELEITORAIS
JUNTAS 
ELEITORAIS
STM
CONSELHOS 
DE JUSTIÇA
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b) Justia Especial: abrange a Justia do Trabalho, a Justia Eleitoral e 
a Justia Militar. 
O STF e os Tribunais Superiores (STJ, TSE, TST e STM) tem sede em 
Bras’lia e jurisdi‹o em todo o territ—rio nacional. Isso quer dizer que 
suas decis›es alcanam pessoas e bens em qualquer ponto do territ—rio 
brasileiro. S‹o, em raz‹o disso, chamados de —rg‹os de convergncia. 
Cabe destacar que o STF e o STJ s‹o denominados —rg‹os de 
superposi‹o. Isso porque, embora eles n‹o pertenam a nenhuma Justia 
(Comum ou Especial), suas decis›es se sobrep›em ˆs proferidas pelos 
—rg‹os inferiores das Justias comum e especial. 
 
Destacamos, a seguir, alguns detalhes que voc precisa ter 
em mente: 
1) Quando falamos em Tribunais Superiores, estamos nos 
referindo ao STJ, TST, TSE e STM. O STF n‹o Ž um Tribunal 
Superior, mas sim o Tribunal Supremo. 
2) Dentre os Tribunais Superiores, o œnico que n‹o integra 
nenhuma Justia (Comum ou Especial) Ž o STJ. 
3) O juiz singular Ž considerado um —rg‹o do Poder 
Judici‡rio. 
Falta, ainda, falarmos sobre o Conselho Nacional de Justia (CNJ). Criado 
pela Emenda Constitucional n¼ 45/2004, o CNJ Ž o —rg‹o de controle 
interno do Poder Judici‡rio. ƒ respons‡vel pelo controle da atua‹o 
administrativa e financeira do Poder Judici‡rio e do cumprimento dos deveres 
funcionais dos ju’zes 
O CNJ, assim como o STF e os Tribunais Superiores, tem sede na capital 
federal (Bras’lia). PorŽm, o CNJ n‹o exerce jurisdi‹o. Apesar disso, 
segundo entendimento doutrin‡rio e jurisprudencial, ele integra a estrutura 
do Poder Judici‡rio, na condi‹o de —rg‹o de controle interno desse Poder. 
Por œltimo, vale destacar que, embora cada uma das ÒJustiasÓ tenha seu 
espao pr—prio de atua‹o, a estrutura do Poder Judici‡rio Ž considerada 
unit‡ria, nacional.4 Referendando esse entendimento, transcrevemos abaixo 
trecho de decis‹o do STF: 
ÒO pacto federativo n‹o se desenhanem expressa, em rela‹o ao 
Poder Judici‡rio, de forma normativa idntica ˆ que atua sobre os 
                                                        
4
 TAVARES, AndrŽ Ramos. Manual do Poder Judici‡rio Brasileiro, 2012, pp.135 
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demais Poderes da Repœblica. Porque a Jurisdi‹o, enquanto 
manifesta‹o da unidade do poder soberano do Estado, tampouco 
pode deixar de ser una e indivis’vel, Ž doutrina assente que o Poder 
Judici‡rio tem car‡ter nacional, n‹o existindo sen‹o por met‡foras 
e meton’mias, ÔJudici‡rios estaduaisÕ ao lado de um ÔJudici‡rio 
federalÕ. 
A divis‹o da estrutura judici‡ria brasileira, sob tradicional, mas 
equ’voca denomina‹o, em Justias, Ž s— o resultado da reparti‹o 
racional do trabalho da mesma natureza entre distintos —rg‹os 
jurisdicionaisÓ. 5 
2.1- Justia de Paz / Juizados Especiais: 
A Constitui‹o Federal prev que a Uni‹o e os Estados criem a justia de 
paz e os juizados especiais. Vejamos o que prev o art. 98, CF/88: 
Art. 98. A Uni‹o, no Distrito Federal e nos Territ—rios, e os Estados 
criar‹o: 
I - juizados especiais, providos por ju’zes togados, ou togados e leigos, 
competentes para a concilia‹o, o julgamento e a execu‹o de causas 
c’veis de menor complexidade e infra›es penais de menor potencial 
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumari’ssimo, permitidos, 
nas hip—teses previstas em lei, a transa‹o e o julgamento de recursos 
por turmas de ju’zes de primeiro grau; 
II - justia de paz, remunerada, composta de cidad‹os eleitos pelo voto 
direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competncia 
para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de of’cio ou em 
face de impugna‹o apresentada, o processo de habilita‹o e exercer 
atribui›es conciliat—rias, sem car‡ter jurisdicional, alŽm de outras 
previstas na legisla‹o. 
¤ 1¼ Lei federal dispor‡ sobre a cria‹o de juizados especiais no ‰mbito 
da Justia Federal. 
¤ 2¼ As custas e emolumentos ser‹o destinados exclusivamente ao 
custeio dos servios afetos ˆs atividades espec’ficas da Justia. 
3. As Garantias do Poder Judici‡rio 
A atividade jurisdicional Ž de extrema relev‰ncia para a ordem jur’dica, uma 
vez que cabe ao Poder Judici‡rio exercer o œltimo controle da atividade 
                                                        
5
 ADI 3367/DF. Rel. Min. Cezar Peluso. Julgamento em 13.04.2005. 
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estatal, seja ela proveniente do Poder Legislativo ou da Administra‹o 
Pœblica.6 
TambŽm Ž ineg‡vel o importante papel do Judici‡rio na prote‹o da 
dignidade da pessoa humana, notadamente no exerc’cio da sua fun‹o 
contramajorit‡ria. Note-se que, por meio dessa fun‹o, o Poder Judici‡rio 
protege as minorias contra abusos cometidos pelo Ògoverno da maioriaÓ (leis 
emanadas do Poder Legislativo). 
Em virtude de t‹o destacadas tarefas, o Poder Judici‡rio precisa atuar com 
independncia e imparcialidade. Disso decorrem as garantias que lhe s‹o 
ofertadas pela Constitui‹o Federal. Por meio delas, o Poder Judici‡rio e os 
pr—prios ju’zes poder‹o atuar livres de press›es externas de outros Poderes. 
Segundo o Prof. JosŽ Afonso da Silva, as garantias do Judici‡rio s‹o de 2 
(dois) tipos: institucionais (que protegem o Judici‡rio como institui‹o) e 
funcionais ou de —rg‹os (que protegem os magistrados, individualmente 
considerados). 
 
3.1- Garantias Institucionais (ou Garantias do Poder Judici‡rio): 
A Constitui‹o Federal de 1988 prev v‡rios garantias institucionais do 
Poder Judici‡rio. Dentre elas, citamos as seguintes: 
a) Previs‹o constitucional de que constitui crime de responsabilidade 
do Presidente da Repœblica os atos que atentam contra o livre 
exerc’cio do Poder Judici‡rio (art. 85, II, CF). 
b) Veda‹o de que medida provis—ria ou lei delegada discipline as 
garantias dos magistrados (art. 62, ¤ 1¼, I, ÒcÓ e art. 68, ¤ 1¼, I, CF). 
c) Autonomia organizacional e administrativa (art. 96, CF). 
d) Autonomia financeira (art. 99, CF). 
Iremos concentrar nossa aten‹o no estudo da autonomia organizacional e 
administrativa e da autonomia financeira. Essas s‹o, sem dœvida alguma, as 
garantias institucionais mais importantes do Poder Judici‡rio. 
A autonomia organizacional e administrativa se revela no poder de 
autogoverno que a Constitui‹o conferiu aos tribunais do Poder Judici‡rio 
(art. 96, I, CF/88). 
                                                        
6
 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 
6» edi‹o, 2011. pp. 964-965. 
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Art. 96. Compete privativamente: 
I - aos tribunais: 
a) eleger seus —rg‹os diretivos e elaborar seus regimentos internos, com 
observ‰ncia das normas de processo e das garantias processuais das 
partes, dispondo sobre a competncia e o funcionamento dos respectivos 
—rg‹os jurisdicionais e administrativos; 
b) organizar suas secretarias e servios auxiliares e os dos ju’zos que 
lhes forem vinculados, velando pelo exerc’cio da atividade correicional 
respectiva; 
c) prover, na forma prevista nesta Constitui‹o, os cargos de juiz de 
carreira da respectiva jurisdi‹o; 
d) propor a cria‹o de novas varas judici‡rias; 
e) prover, por concurso pœblico de provas, ou de provas e t’tulos, 
obedecido o disposto no art. 169, par‡grafo œnico, os cargos necess‡rios 
ˆ administra‹o da Justia, exceto os de confiana assim definidos em 
lei; 
f) conceder licena, fŽrias e outros afastamentos a seus membros e aos 
ju’zes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; 
O art. 96 fala genericamente em ÒtribunaisÓ, o que nos indica que esse 
dispositivo se aplica a qualquer Tribunal do Poder Judici‡rio, sejam eles 
tribunais de segunda inst‰ncia (TJ`s, TRF`s, TRT`s e TRE`s), Tribunais 
Superiores (STJ, TST, TSE e STM) e atŽ mesmo o STF. 
Assim, todos os Tribunais detm ampla competncia em matŽria 
administrativa. Como exemplo, os Tribunais tm competncia para prover os 
cargos de magistrados e os cargos necess‡rios ˆ administra‹o da Justia. Da 
mesma forma, os Tribunais tm competncia privativa para conceder licena, 
fŽrias e outros afastamentos a seus membros e aos ju’zes e servidores que 
lhe forem imediatamente vinculados. 
Para que fique mais claro, vamos a um exemplo. Imagine que Jo‹o tenha o 
sonho de se tornar Juiz de Direito. Ele faz o concurso para Juiz Substituto do 
Estado de S‹o Paulo e Ž aprovado. Uma vez aprovado, ele ser‡ nomeado pelo 
TJ/SP, tribunal ao qual estar‡ administrativamente vinculado. Quando Jo‹o for 
tirar fŽrias, Ž o TJ/SP que ir‡ conced-las. 
Ainda sobre a autonomia organizacional e administrativa, a CF/88 prev que o 
STF, os Tribunais Superiores e os Tribunais de Justia podem propor ao 
Legislativo, observados os limites estabelecidos na Lei de Responsabilidade 
Fiscal: 
- A altera‹o do nœmero de membros dos tribunais inferiores; 
- A cria‹o e a extin‹o de cargos e a remunera‹o dos seus servios 
auxiliares e dos ju’zos que lhes forem vinculados; 
- A fixa‹o do subs’diode seus membros e dos ju’zes, inclusive dos 
tribunais inferiores, onde houver; 
- A cria‹o ou extin‹o dos tribunais inferiores; 
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- A altera‹o da organiza‹o e da divis‹o judici‡rias. 
 
Ao dizer que compete ao STF, aos Tribunais Superiores e aos 
Tribunais de Justia Òpropor ao Poder LegislativoÓ, a 
Constitui‹o Federal est‡ atribuindo aos mencionados 
Tribunais a iniciativa de projetos de lei sobre essas 
matŽrias. 
Por exemplo, o STF detŽm a iniciativa para apresentar ao 
Congresso Nacional projeto de lei alterando a remunera‹o de 
seus Ministros. 
A autonomia financeira do Poder Judici‡rio est‡ expressa no art. 99, CF/88 e 
consiste na possibilidade de que os tribunais elaborem suas propostas 
orament‡rias dentro dos limites estabelecidos pela Lei de Diretrizes 
Orament‡rias (LDO): 
Art. 99. Ao Poder Judici‡rio Ž assegurada autonomia administrativa e 
financeira. 
¤ 1¼ - Os tribunais elaborar‹o suas propostas orament‡rias dentro dos 
limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de 
diretrizes orament‡rias. 
¤ 2¼ - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais 
interessados, compete: 
I - no ‰mbito da Uni‹o, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e 
dos Tribunais Superiores, com a aprova‹o dos respectivos tribunais; 
II - no ‰mbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territ—rios, aos 
Presidentes dos Tribunais de Justia, com a aprova‹o dos respectivos 
tribunais. 
¤ 3¼ Se os —rg‹os referidos no ¤ 2¼ n‹o encaminharem as respectivas 
propostas orament‡rias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes 
orament‡rias, o Poder Executivo considerar‡, para fins de consolida‹o 
da proposta orament‡ria anual, os valores aprovados na lei 
orament‡ria vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na 
forma do ¤ 1¼ deste artigo. 
¤ 4¼ Se as propostas orament‡rias de que trata este artigo forem 
encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do ¤ 
1¼, o Poder Executivo proceder‡ aos ajustes necess‡rios para fins de 
consolida‹o da proposta orament‡ria anual. 
¤ 5¼ Durante a execu‹o orament‡ria do exerc’cio, n‹o poder‡ haver a 
realiza‹o de despesas ou a assun‹o de obriga›es que extrapolem os 
limites estabelecidos na lei de diretrizes orament‡rias, exceto se 
previamente autorizadas, mediante a abertura de crŽditos suplementares 
ou especiais. 
No ‰mbito da Uni‹o, o encaminhamento da proposta orament‡ria ao Poder 
Executivo ser‡ feito pelos Presidentes do STF e dos Tribunais Superiores. 
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Em ‰mbito estadual, a proposta orament‡ria ser‡ encaminhada ao 
Executivo pelos Presidentes dos Tribunais de Justia. 
Mas por que essas propostas orament‡rias s‹o encaminhadas ao Poder 
Executivo? 
Porque Ž o Poder Executivo que detŽm a iniciativa das leis 
orament‡rias. ƒ o Poder Executivo o respons‡vel por apresentar o projeto 
de Lei Orament‡ria Anual ao Congresso Nacional. O —rg‹o respons‡vel por 
consolidar as propostas orament‡rias Ž o MinistŽrio do Planejamento. 
Se a proposta orament‡ria n‹o for encaminhada pelo Poder Judici‡rio 
dentro do prazo estabelecido na LDO, o Poder Executivo considerar‡ os 
valores do ano anterior (valores previstos na LOA que est‡ em vigor). 
E se a proposta orament‡ria do Poder Judici‡rio for encaminhada em 
desacordo com os limites estabelecidos na LDO? 
Nesse caso, caber‡ ao Poder Executivo Òfazer cortesÓ na proposta do Judici‡rio. 
Em outras palavras, o Poder Executivo proceder‡ aos ajustes necess‡rios 
para fins de consolida‹o da proposta orament‡ria anual. 
Note que, no art. 99, ¤ 5¼, a CF/88 fixa uma exce‹o para a realiza‹o de 
despesas ou a assun‹o de obriga›es que extrapolem os limites 
estabelecidos na lei de diretrizes orament‡rias (LDO). Poder‹o exceder os 
limites estabelecidos pela LDO as despesas previamente autorizadas pela 
abertura de crŽditos suplementares ou especiais. 
 
(TCE / CE Ð 2015 ) Cabe aos Tribunais elaborar suas 
propostas orament‡rias, dentro dos limites estipulados 
conjuntamente com os demais Poderes na Lei de Diretrizes 
Orament‡rias, competindo-lhes tambŽm eleger seus —rg‹os 
diretivos e elaborar seus regimentos internos, com 
observ‰ncia das normas de processo e das garantias 
processuais das partes, dispondo sobre a competncia e o 
funcionamento dos respectivos —rg‹os jurisdicionais e 
administrativos. 
Coment‡rios: 
Essa Ž uma excelente quest‹o para testarmos nosso 
conhecimento. Ela traz, essencialmente, duas informa›es 
importantes: 
- Os tribunais elaboram suas propostas orament‡rias 
dentro dos limites estipulados na LDO (art. 99, ¤ 1¼, CF/88). 
- Os tribunais tem competncia para eleger seus —rg‹os 
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diretivos e elaborar seus regimentos internos (art. 96, 
I, ÒaÓ). Quest‹o correta. 
(TCE / CE Ð 2015) As propostas orament‡rias 
encaminhadas pelos Tribunais em desacordo com os limites 
estipulados na Lei de Diretrizes Orament‡rias n‹o poder‹o 
ser objeto de ajustes pelo Poder Executivo, que dever‡ 
restitu’-las aos Tribunais competentes para que promovam 
sua adequa‹o no prazo legal, competindo, ainda, aos 
Tribunais propor ao Poder Legislativo a fixa‹o do subs’dio 
de seus membros e dos ju’zes. 
Coment‡rios: 
Caso as propostas orament‡rias encaminhadas pelos 
Tribunais estiverem em desacordo com os limites 
estipulados na LDO, o Poder Executivo proceder‡ aos 
ajustes necess‡rios para fins de consolida‹o da proposta 
orament‡ria anual. Quest‹o errada. 
(TRT / MG Ð 2015) Caso os Tribunais competentes n‹o 
encaminhem as respectivas propostas orament‡rias dentro 
do prazo legal, o Poder Executivo considerar‡, para fins de 
consolida‹o da proposta orament‡ria anual, os valores 
aprovados na lei orament‡ria vigente, ajustados de acordo 
com os limites estipulados na Lei de Diretrizes 
Orament‡rias. 
Coment‡rios: 
Se os Tribunais n‹o encaminharem as propostas 
orament‡rias dentro do prazo legal, o Poder Executivo 
ir‡ considerar os valores previstos na lei orament‡ria 
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na 
LDO. Quest‹o correta. 
 
3.2- Garantias Funcionais (ou Garantias dos Magistrados): 
As garantias funcionais tem como objetivo central garantir a independncia e 
imparcialidade dos ju’zes no exerc’cio de suas fun›es, o que Ž um elemento 
central para a amplia‹o do direito ao acesso ˆ Justia. A existncia de 
magistrados independentes e imparciais Ž, afinal, condi‹o imprescind’vel para 
que o Poder Judici‡rio possa fazer com que direitos e deveres sejam 
respeitados. 
E quais s‹o as garantias funcionais dos magistrados? 
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As garantias funcionais est‹o elencadas no art. 95, CF/88 e consistem em 
verdadeiras prerrogativas atribu’dasaos magistrados. 
Art. 95. Os ju’zes gozam das seguintes garantias: 
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, s— ser‡ adquirida ap—s dois anos 
de exerc’cio, dependendo a perda do cargo, nesse per’odo, de 
delibera‹o do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais 
casos, de sentena judicial transitada em julgado; 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pœblico, na forma do 
art. 93, VIII; 
III - irredutibilidade de subs’dio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e 
XI, 39, ¤ 4¼, 150, II, 153, III, e 153, ¤ 2¼, I. 
3.2.1- Vitaliciedade: 
A vitaliciedade Ž uma garantia de que o magistrado n‹o ser‡ destitu’do do 
cargo, salvo em caso de exonera‹o por sentena judicial transitada em 
julgado. Uma vez adquirida a vitaliciedade, um mero processo administrativo 
n‹o ser‡ suficiente para que o juiz seja afastado do seu cargo. Assim, o 
magistrado pode atuar com independncia, tendo a garantia de que seu cargo 
est‡ protegido mesmo ap—s tomar decis›es contr‡rias a grupos que detŽm o 
poder pol’tico-econ™mico em uma sociedade. 
 
Note que, mesmo ap—s adquirida a vitaliciedade, o magistrado 
poder‡ perder o seu cargo. No entanto, para isso, ser‡ 
necess‡ria decis‹o judicial definitiva. Uma decis‹o 
administrativa ou uma decis‹o judicial de primeira inst‰ncia 
n‹o podem determinar a perda do cargo do juiz. 
Essa regra, entretanto, comporta uma exce‹o, que Ž a 
perda de cargo por determina‹o do Senado Federal, no 
caso de crime de responsabilidade cometido pelos Ministros 
do STF ou pelos membros do Conselho Nacional de Justia 
(CNJ). Veja que, nesse caso, a decis‹o que determina a perda 
do cargo n‹o Ž uma decis‹o judicial. 
E como Ž adquirida a vitaliciedade? 
No primeiro grau, a vitaliciedade Ž adquirida ap—s 2 (dois) anos de 
exerc’cio. Durante esse per’odo, o juiz estar‡ em est‡gio probat—rio, podendo 
perder o cargo por delibera‹o do Tribunal ao qual esteja vinculado. Por 
exemplo, Marcos foi aprovado no concurso de Juiz-Substituto de S‹o Paulo. 
Tomando posse, tem in’cio o seu est‡gio probat—rio de 2 anos. Durante esse 
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per’odo, o Tribunal de Justia de S‹o Paulo poder‡, administrativamente, 
decidir pela perda do cargo do jovem juiz Marcos.7 
Nem todos os ju’zes, todavia, ingressam na Magistratura pelo primeiro grau. 
H‡ aqueles que n‹o s‹o ju’zes de carreira e que tornam-se magistrados 
porque foram nomeados membros de um Tribunal. ƒ o caso, por exemplo, dos 
Ministros do STF, que s‹o nomeados pelo Presidente da Repœblica ap—s 
aprova‹o pelo Senado. TambŽm Ž o caso dos membros de Tribunal que s‹o 
nomeados pela regra do Òquinto constitucionalÓ, que determina que um 
quinto dos lugares dos TRF`s e dos TJ`s ser‡ composto de membros do 
MinistŽrio Pœblico e da Advocacia. 
Para esses magistrados, a vitaliciedade Ž adquirida na posse, ou seja, n‹o 
h‡ que se falar em est‡gio probat—rio. Desde o momento da posse, somente 
poder‹o perder o cargo por sentena judicial transitada em julgado. 
3.2.2- Inamovibilidade: 
A inamovibilidade impede que o juiz seja removido de um cargo para outro, 
salvo motivo de interesse pœblico. Assim, interesses pol’ticos n‹o poder‹o 
motivar a remo‹o de um magistrado. Um juiz mais severo n‹o poder‡, por 
exemplo, ser removido de um cargo para outro a fim de que n‹o seja mais 
respons‡vel pelo julgamento de um processo que tramita em sua vara. Nesse 
sentido, Ž uma garantia que est‡ em ’ntima conex‹o com o princ’pio do 
Òjuiz naturalÓ. 
A inamovibilidade n‹o Ž um direito absoluto. A Constitui‹o Federal de 1988 
menciona que o juiz poder‡ ser removido por motivo de interesse pœblico. ƒ 
o que prev o art. 93, VIII, CF/88, segundo o qual Òo ato de remo‹o, 
disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse pœblico, fundar-
se-‡ em decis‹o por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do 
Conselho Nacional de Justia, assegurada ampla defesaÓ. 
Embora a Constitui‹o seja silente a respeito, o magistrado poder‡ ser 
removido a pedido ou em raz‹o de promo‹o. Observe-se, porŽm, que, 
em nome da inamovibilidade, o magistrado poder‡ negar a promo‹o, 
quando assim considerar adequado. 
Ao contr‡rio da vitaliciedade, n‹o h‡ prazo para aquisi‹o da 
inamovibilidade. Desde a posse do magistrado, seja no primeiro grau ou em 
um Tribunal, ele j‡ poder‡ usufruir dessa garantia. 
3.2.3- Irredutibilidade de Subs’dios: 
                                                        
7 Segundo a Lei Org‰nica da Magistratura, a decis‹o de perda do cargo do magistrado em 
est‡gio probat—rio ser‡ tomada pelo qu—rum de 2/3 dos membros do Tribunal ao qual estiver 
vinculado. 
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Os servidores pœblicos, em geral, gozam da garantia de que seus vencimentos 
e subs’dios s‹o irredut’veis (art. 37, XV). N‹o Ž diferente para os magistrados, 
que gozam da garantia de irredutibilidade de subs’dios. Por meio dessa 
garantia, busca-se proteger a remunera‹o dos ju’zes contra qualquer tipo 
de retalia‹o do Poder Executivo ou do Poder Legislativo. 
 
(TJDFT Ð 2015) A garantia de inamovibilidade, prevista na 
CF, alcana ju’zes e desembargadores titulares, mas n‹o se 
estende a ju’zes substitutos. 
Coment‡rios: 
N‹o h‡ prazo para aquisi‹o da inamovibilidade. Desde a 
posse do magistrado, seja no primeiro grau ou em um 
Tribunal, ele j‡ poder‡ usufruir dessa garantia. Assim, os 
ju’zes substitutos tambŽm fazem jus ˆ inamovibilidade. 
Quest‹o errada. 
(SEAP / DF Ð 2015) No primeiro grau, a vitaliciedade s— 
ser‡ adquirida ap—s, no m’nimo, trs anos de exerc’cio. 
Coment‡rios: 
No primeiro grau, a vitaliciedade Ž adquirida ap—s 2 (dois) 
anos de exerc’cio. Quest‹o errada. 
(SEFAZ / BA Ð 2014) Os ju’zes gozam da garantia da 
vitaliciedade, que, no primeiro grau, s— ser‡ adquirida ap—s 
trs anos de exerc’cio, dependendo a perda do cargo, nesse 
per’odo, de delibera‹o do tribunal a que o juiz estiver 
vinculado, e, nos demais casos, de sentena judicial 
transitada em julgado. 
Coment‡rios: 
No primeiro grau, a vitaliciedade Ž adquirida ap—s 2 anos 
de exerc’cio. Durante esse per’odo de 2 anos, o magistrado 
poder‡ perder o cargo mediante delibera‹o do Tribunal ao 
qual estiver vinculado. Adquirida a vitaliciedade, o juiz 
somente poder‡ perder o cargo mediante sentena judicial 
transitada em julgado. Quest‹o errada. 
(DPE / PR Ð 2014) A inamovibilidade Ž uma garantia de 
independncia do Poder Judici‡rio, garantindo ao magistrado 
a impossibilidade de remo‹o sem seu consentimento. 
Contudo, tal garantia Ž relativa, uma vez que o pr—prio texto 
constitucional possibilita que haja a remo‹o por interesse 
pœblico, mediante voto de dois teros do respectivo Tribunal 
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ou do Conselho Nacional de Justia, assegurada a ampla 
defesa. 
Coment‡rios: 
A inamovibilidade n‹o Ž garantia absoluta, uma vez que Ž 
poss’vel a remo‹o por interesse pœblico. Para isso, ser‡ 
necess‡ria decis‹o por maioria absoluta do Tribunal ou do 
Conselho Nacional de Justia, sendo assegurada ampla 
defesa. Quest‹oerrada. 
 
4. Veda›es aos Magistrados 
As veda›es aos magistrados tm fundamento em imperativos de ordem 
Žtica, impedindo a ocorrncia de situa›es que p›em em dœvida a 
confiana no exerc’cio da fun‹o jurisdicional pelo magistrado. 
Ao tratar das veda›es aos magistrados, o STF entendeu que Òas veda›es 
formais impostas constitucionalmente aos magistrados objetivam, de um lado, 
proteger o pr—prio Poder Judici‡rio, de modo que seus integrantes sejam 
dotados de condi›es de total independncia e, de outra parte, garantir que os 
ju’zes dediquem-se, integralmente, ˆs fun›es inerentes ao cargo, proibindo 
que a dispers‹o com outras atividades deixe em menor valia e cuidado o 
desempenho da atividade jurisdicional, que Ž fun‹o essencial do Estado e 
direito fundamental do jurisdicionado.Ó8 
O art. 95, par‡grafo œnico, da CF/88, estabelece as diversas veda›es aos 
magistrados: 
Art. 95 (...) 
Par‡grafo œnico. Aos ju’zes Ž vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun‹o, salvo 
uma de magistŽrio; 
II - receber, a qualquer t’tulo ou pretexto, custas ou participa‹o em 
processo; 
III - dedicar-se ˆ atividade pol’tico-partid‡ria. 
IV - receber, a qualquer t’tulo ou pretexto, aux’lios ou contribui›es de 
pessoas f’sicas, entidades pœblicas ou privadas, ressalvadas as exce›es 
previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no ju’zo ou tribunal do qual se afastou, antes de 
decorridos trs anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou 
exonera‹o. 
                                                        
8 MS 25.938, Rel. Min. C‡rmen Lœcia, Julgamento em 24.04.2008, Plen‡rio. 
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a) O juiz n‹o pode exercer nenhum outro cargo ou fun‹o, ou seja, aos 
magistrados Ž vedada a acumula‹o de cargos pœblicos. A œnica exce‹o, 
em que a acumula‹o ser‡ l’cita, Ž o exerc’cio da fun‹o de magistŽrio. 
Na ADI n¼ 3.126/DF, o STF foi chamado a apreciar a constitucionalidade da 
Resolu‹o n¼ 336/2003, do Conselho da Justia Federal. A norma em quest‹o 
dispunha sobre o acœmulo do exerc’cio da magistratura com o exerc’cio do 
magistŽrio, prevendo que, no ‰mbito da Justia Federal, os ju’zes somente 
poderiam exercer uma œnica fun‹o de magistŽrio. 
Nos exatos termos da CF/88, aos ju’zes Ž vedado exercer, ainda que em 
disponibilidade, outro cargo ou fun‹o, salvo uma de magistŽrio. A quest‹o Ž 
a seguinte: o artigo ÒumaÓ estaria ou n‹o se referindo a uma Ҝnica fun‹o de 
magistŽrioÓ? 
Segundo o STF, a interpreta‹o mais adequada Ž a de que o texto 
constitucional quis Òimpedir o exerc’cio de outra atividade que n‹o a de 
magistŽrioÓ. Dessa forma, n‹o h‡ que se observar a restri‹o a uma 
ҜnicaÓ fun‹o de magistŽrio. O magistrado poder‡ exercer Òmais de umaÓ 
fun‹o de professor, o que, todavia, n‹o poder‡ prejudicar os afazeres da 
atividade judicante. 
b) Os ju’zes n‹o podem receber, a qualquer t’tulo ou pretexto, custas ou 
participa‹o em processo. Com isso, impede-se que os magistrados tornem-
se interessados nos valores envolvidos nas causas e, dessa forma, decidam 
com base em motiva›es de ordem financeira. 
c) H‡ veda‹o absoluta a que os ju’zes se dediquem ˆ atividade pol’tico-
partid‡ria. Caso decida se dedicar a essa atividade, dever‡ o juiz se afastar 
definitivamente da magistratura, mediante aposentadoria ou exonera‹o, 
sob pena de perda do cargo (LC no 35/79, art. 26, II, ÒcÓ). Segundo o TSE, o 
magistrado n‹o pode sequer se filiar a partido pol’tico.9 
d) ƒ vedado aos ju’zes receber, a qualquer t’tulo ou pretexto, aux’lios ou 
contribui›es de pessoas f’sicas, entidades pœblicas ou privadas, ressalvadas 
as exce›es previstas em lei. 
e) Aos ju’zes Ž vedado exercer a advocacia no ju’zo ou tribunal do qual 
se afastou, antes de decorridos 3 (trs) anos do afastamento do cargo por 
aposentadoria ou exonera‹o. Essa veda‹o Ž chamada de ÒquarentenaÓ. 
Suponha que o Desembargador Paulo SŽrgio tenha se aposentado. Ele era 
membro do Tribunal de Justia do Rio de Janeiro. A pergunta Ž: ele poder‡ 
exercer a advocacia assim que se aposentar? 
                                                        
9 Resolu‹o n¼ 19.978 , de 1997. 
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Sim, poder‡ exercer a advocacia. PorŽm, para exercer a advocacia no Tribunal 
de Justia do Rio de Janeiro (TJ-RJ), ele precisar‡ aguardar 3 (trs) anos. J‡ o 
exerc’cio da advocacia perante outro ju’zo ou Tribunal, Ž plenamente 
admiss’vel desde o momento em que ele deixar o cargo. 
Como Ž de se notar, a ÒquarentenaÓ visa evitar situa›es de suspei‹o quanto ao 
bom funcionamento do Judici‡rio, garantindo a este, mais uma vez, independncia e 
imparcialidade.10 
 
(SEAP / DF Ð 2015) Segundo entendimento do Supremo 
Tribunal Federal (STF), os magistrados n‹o podem exercer o 
magistŽrio em mais de uma institui‹o, sendo-lhes vedado 
lecionar em uma institui‹o privada e em uma pœblica 
simultaneamente. 
Coment‡rios: 
O entendimento do STF Ž o de que os magistrados poder‹o 
exercer Òmais de umaÓ fun‹o de magistŽrio. A CF/88 n‹o 
estabeleceu restri‹o a Òuma œnicaÓ fun‹o de magistŽrio. 
Quest‹o errada. 
(TJ / SP Ð 2014) ƒ vedado aos ju’zes exercer a advocacia 
no ju’zo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 
dois anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou 
exonera‹o. 
Coment‡rios: 
O prazo de ÒquarentenaÓ Ž de 3 (trs) anos. Antes de 3 
anos do afastamento, o magistrado n‹o poder‡ exercer a 
advocacia no ju’zo ou tribunal do qual se afastou. Quest‹o 
errada. 
 
5. O Estatuto da Magistratura 
O Poder Judici‡rio deve ser organizado com base no Estatuto da Magistratura, 
o qual deve ser estabelecido por meio de lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal (STF). AtŽ o momento, essa lei complementar 
n‹o foi editada, motivo pelo qual o Estatuto da Magistratura Ž definido por 
uma lei complementar editada antes da CF/88: a Lei Complementar n¼ 
35/1979 (Lei Org‰nica da Magistratura). 
                                                        
10
  MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito 
Constitucional, 6» edi‹o, 2011. pp. 970-971. 
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b
   
 
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O Estatuto da Magistratura dever‡ observar princ’pios gerais definidos pelo 
art. 93, CF/88. A seguir, comentaremos sobre cada uma desses princ’pios, 
verdadeiras regras de organiza‹o do Poder Judici‡rio. 
5.1- Ingresso na Carreira: 
O ingresso na carreira da magistratura ocorrer‡ mediante concurso pœblico 
de provas e t’tulos, com a participa‹o da OAB (Ordem dos Advogados do 
Brasil) em todas as fases. O cargo inicial Ž o de juiz-substituto e exige-se do 
bacharel em direito, no m’nimo, 3 (trs) anos de atividade jur’dica. 
Art. 93 (É) 
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial ser‡ o de juiz substituto, 
mediante concurso pœblico de provas e t’tulos, com a participa‹o 
da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se 
do bacharel em direito, no m’nimo, trs anos de atividade jur’dica e 
obedecendo-se, nas nomea›es, ˆ ordem de classifica‹o; 
Algumasobserva›es s‹o necess‡rias sobre esse comando constitucional: 
a) O concurso pœblico para ingresso na carreira da magistratura dever‡ 
ser obrigatoriamente de provas e t’tulos. N‹o se admite que o concurso 
para juiz substituto seja apenas de provas. 
b) O concurso pœblico como requisito para o ingresso na carreira da 
magistratura revela que o legislador constituinte optou pelo critŽrio da 
meritocracia. Por incr’vel que parea, h‡ cr’ticas a essa forma de 
provimento. H‡ argumenta‹o doutrin‡ria no sentido de que, Òem uma 
sociedade imersa em um paradigma padr‹o-democr‡tico, qualquer forma 
de provimento que n‹o seja pelo voto popular direto torna-se, 
inexoravelmente, objeto de desconfiana, quando o respectivo cargo 
importe em tomar decis›es que afetar‹o as rela›es sociaisÓ.11 Dessa 
forma, h‡ autores que argumentam que, em raz‹o do provimento dos 
cargos da magistratura n‹o ser pelo voto popular, faltaria legitimidade 
democr‡tica ao Poder Judici‡rio. 
c) A Constitui‹o Federal de 1988 requer 3 (anos) de atividade 
jur’dica para o ingresso na carreira da magistratura. 
O termo inicial para a contagem desse prazo Ž a conclus‹o do curso 
de Direito (cola‹o de grau), ou seja, nenhuma atividade anterior Ž 
considerada para fins do c‡lculo do tempo de atividade jur’dica. A 
comprova‹o de 3 (trs) anos de atividade jur’dica dever‡ ocorrer na 
data da inscri‹o definitiva no concurso. 
                                                        
11
 TAVARES, AndrŽ Ramos. Manual do Poder Judici‡rio Brasileiro, 2012, pp. 28-29. 
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Ressalte-se que a defini‹o do que se considera atividade jur’dica, para 
fins de ingresso na carreira da magistratura, est‡ prevista na Resolu‹o 
CNJ n¼ 75/2009. 
d) A OAB deve participar em todas as fases do concurso. 
5.2- Promo‹o: 
Os —rg‹os do Poder Judici‡rio exercem seu poder (jurisdi‹o) em um 
determinado espao territorial. O juiz de direito, que Ž o —rg‹o de 1¼ grau de 
jurisdi‹o, exerce seu poder em uma comarca, que pode abranger um ou 
mais munic’pios. 
As comarcas s‹o classificadas, administrativamente, em entr‰ncias, conforme 
sua import‰ncia. As comarcas de 1a entr‰ncia ser‹o aquelas menos 
importantes, em que h‡ um movimento forense menor. Em seguida, teremos 
as comarcas de 2a entr‰ncia e as comarcas de entr‰ncia especial. 
Quando alguŽm ingressa na carreira da magistratura, ele ir‡ exercer suas 
fun›es de juiz em uma comarca ÒmenorzinhaÓ, de 1a entr‰ncia. Depois de um 
tempo, ele Ž promovido e passa a exercer suas fun›es em uma comarca mais 
importante, de 2a entr‰ncia. E assim sucessivamente... 
A Constitui‹o Federal de 1988 prev justamente isso. Segundo o art. 93, II, a 
promo‹o na carreira da magistratura ser‡ de entr‰ncia para entr‰ncia, 
alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes 
regras: 
a) Promo‹o obrigat—ria do juiz que figurar por 3 (trs) vezes 
consecutivas ou 5 (cinco) alternadas em lista de merecimento; 
b) Promo‹o por merecimento com requisitos de 2 (dois) anos de 
exerc’cio na respectiva entr‰ncia e integrar, o juiz, o primeiro quinto da 
lista de antiguidade desta, salvo se n‹o houver, com tais requisitos, 
quem aceite o lugar vago. 
c) Aferi‹o do merecimento conforme o desempenho e pelos critŽrios 
objetivos de produtividade e presteza no exerc’cio da jurisdi‹o e pela 
frequncia e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de 
aperfeioamento; 
d) Na apura‹o de antigŸidade, o tribunal somente poder‡ recusar o 
juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois teros de seus 
membros, conforme procedimento pr—prio, e assegurada ampla defesa, 
repetindo-se a vota‹o atŽ fixar-se a indica‹o; 
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e) N‹o ser‡ promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos 
em seu poder alŽm do prazo legal, n‹o podendo devolv-los ao 
cart—rio sem o devido despacho ou decis‹o; 
E como se d‡ o acesso aos Tribunais? Em outras palavras, como um juiz de 
carreira poder‡ se tornar membro de um Tribunal? 
Segundo o art. 93, III, o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-‡ 
por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na œltima ou 
œnica entr‰ncia. 
A CF/88 prev, ainda, a existncia de cursos oficiais de prepara‹o, 
aperfeioamento e promo‹o de magistrados, sendo etapa obrigat—ria do 
processo de vitaliciamento a participa‹o em cursos oficiais ou 
reconhecidos por escola de forma‹o e aperfeioamento de magistrados. 
5.3- Estrutura Remunerat—ria: 
A remunera‹o dos magistrados Ž recebida na forma de subs’dio, uma vez 
que o art. 39, ¤ 4¼, estabelece que Òo membro de Poder, o detentor de 
mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secret‡rios Estaduais e 
Municipais ser‹o remunerados exclusivamente por subs’dio fixado em 
parcela œnica, vedado o acrŽscimo de qualquer gratifica‹o, adicional, abono, 
prmio, verba de representa‹o ou outra espŽcie remunerat—ria, obedecido, 
em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. 
O subs’dio dos Ministros do STF Ž o teto remunerat—rio de toda a 
Administra‹o Pœblica, nos diversos n’veis federativos (Uni‹o, Estados, Distrito 
Federal e Munic’pios). Assim, nenhum servidor pœblico poder‡ receber uma 
remunera‹o superior ao subs’dio mensal dos Ministros do STF. 
O art. 93, V, CF/88, prev outras duas regras importantes a respeito do 
subs’dio de membros do Poder Judici‡rio: 
a) O subs’dio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponder‡ 
a 95% do subs’dio mensal fixado para os Ministros do STF. 
b) Os subs’dios dos demais magistrados ser‹o fixados em lei e 
escalonados, em n’vel federal e estadual, conforme as respectivas 
categorias da estrutura judici‡ria nacional, n‹o podendo a diferena 
entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por 
cento, nem exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do subs’dio 
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores. 
 
Veja que o art. 93, V, estabelece dois tetos: um para os 
Ministros dos Tribunais Superiores (95% do subs’dio dos 
Ministros do STF) e outro para os demais magistrados 
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(95% do subs’dio dos Ministros dos Tribunais 
Superiores). 
No ‰mbito da ADI n¼ 3.854/DF, o STF foi chamado a apreciar importante 
quest‹o em torno do subteto remunerat—rio do Poder Judici‡rio Estadual. 
Naquela oportunidade, foi questionado o art. 37, XI, CF/88, o qual estabelece 
que, no ‰mbito do Poder Judici‡rio Estadual, o limite remunerat—rio ser‡ o 
subs’dio dos Desembargadores do Tribunal de Justia, limitado a 
90,25% do subs’dio mensal dos Ministros do STF. 
O STF, com base na ideia de que o Poder Judici‡rio tem car‡ter nacional e 
unit‡rio, entendeu que seria inconstitucional estabelecer limites 
remunerat—rios diferenciados para os membros da Magistratura federal e 
da Magistratura estadual. Assim, apoiado no princ’pio da isonomia, o STF 
entendeu que o limite de 90,25% do subs’dio mensal dos Ministros do STF n‹o 
se aplica aos membros da magistratura estadual. 
5.4- Remo‹o, Disponibilidade e Aposentadoria compuls—ria:No regime jur’dico aplicado aos magistrados, a remo‹o, a disponibilidade e 
a aposentadoria compuls—ria s‹o san›es a eles aplicadas. 
Segundo o art. 93, VIII, o ato de remo‹o, disponibilidade e 
aposentadoria do magistrado, por interesse pœblico, fundar-se ‡ em decis‹o 
por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional 
de Justia, assegurada ampla defesa. 
A CF/88 tambŽm trata da remo‹o a pedido e da permuta de magistrados 
de comarca de igual entr‰ncia. Segundo o texto constitucional, aplica-se ˆ 
remo‹o a pedido e ˆ permuta, no que couber, as regras relativas ˆ promo‹o 
de magistrados. 
5.5- Aposentadoria: 
Segundo o art. 93, V, CF/88, Òa aposentadoria dos magistrados e a pens‹o de 
seus dependentes observar‹o o disposto no art. 40Ó. Assim, as regras relativas 
ˆ aposentadoria e pens‹o aplic‡veis aos magistrados s‹o aquelas que est‹o 
consubstanciadas no regime pr—prio de previdncia social dos servidores 
pœblicos. 
5.6- Residncia na Comarca: 
Segundo o art. 93, VII, CF/88, o juiz titular residir‡ na respectiva comarca, 
salvo autoriza‹o do tribunal. Assim, a residncia fora do local onde exerce 
suas atividades da magistratura Ž situa‹o excepcional, admitida somente 
depois de autorizado pelo tribunal. 
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5.7- Julgamentos do Poder Judici‡rio: 
Os julgamentos dos —rg‹os do Poder Judici‡rio dever‹o ser, todos eles, 
pœblicos. Todas as decis›es ser‹o fundamentadas, sob pena de nulidade, 
podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, ˆs pr—prias partes e a 
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preserva‹o do 
direito ˆ intimidade do interessado no sigilo n‹o prejudique o interesse pœblico 
ˆ informa‹o (art. 93, IX). 
As decis›es administrativas dos tribunais ser‹o motivadas e em sess‹o 
pœblica. Aquelas decis›es administrativas de natureza disciplinar ser‹o 
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 
5.8- Ininterruptabilidade de Jurisdi‹o: 
A EC n¼ 45/2004 (Reforma do Judici‡rio) instituiu o princ’pio da 
ininterruptabilidade de jurisdi‹o, que tem como fundamento a 
necessidade de promover maior celeridade processual. 
XII - a atividade jurisdicional ser‡ ininterrupta, sendo vedado fŽrias 
coletivas nos ju’zos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias 
em que n‹o houver expediente forense normal, ju’zes em plant‹o 
permanente. 
Com base nesse dispositivo, s‹o vedadas as fŽrias coletivas nos Òju’zos e 
tribunais de segundo grauÓ. O direito ˆs fŽrias continua existindo; o que 
n‹o se admite s‹o as fŽrias coletivas. A atividade jurisdicional deve, afinal, ser 
ininterrupta. Mesmo nos dias em que n‹o houver expediente forense normal, 
devem ser mantidos ju’zes em plant‹o permanente. 
Segundo o STF, Ž compat’vel com a CF/88 a decis‹o do CNJ que considera 
indevida a existncia de fŽrias coletivas para servidores de Tribunal de 
Justia. As leis e atos normativos que previam fŽrias coletivas em Tribunais de 
2¼ grau foram revogados pela EC n¼ 45/2004.12 
Na busca pela maior celeridade processual e eficincia do Poder Judici‡rio, a 
Constitui‹o Federal tambŽm determina que: 
a) O nœmero de ju’zes na unidade jurisdicional dever‡ ser 
proporcional ˆ efetiva demanda judicial e ˆ respectiva popula‹o. 
b) Os servidores do Poder Judici‡rio receber‹o delega‹o para a pr‡tica 
de atos de administra‹o e atos de mero expediente sem car‡ter 
decis—rio. 
                                                        
12 STF. 2» Turma. MS 26739/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgamento em 01.03.2016. 
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c) A distribui‹o de processos ser‡ imediata, em todos os graus de 
jurisdi‹o. 
5.9- îrg‹o Especial: 
Os Tribunais do Poder Judici‡rio, no exerc’cio do poder de autogoverno, se 
organizam atravŽs da edi‹o dos seus regimentos internos. Ao se organizarem, 
os Tribunais criam os chamados җrg‹os fracion‡riosÓ (Se›es, Turmas, 
C‰maras). Por exemplo, o STJ se organiza em 3 (trs) Se›es, cada uma delas 
dividida em duas Turmas. 
Os Tribunais, alŽm de atuarem por meio dos seus —rg‹os fracion‡rios, tambŽm 
desempenhar‹o suas fun›es por meio do Plen‡rio, que Ž composto por 
todos os seus membros. No entanto, em Tribunais muito grandes (com grande 
nœmero de membros), n‹o Ž f‡cil reunir todos eles em Plen‡rio. ƒ comum, 
ent‹o, que seja criado um —rg‹o especial, destinado a exercer atribui›es 
administrativas e jurisdicionais que lhe forem delegadas da competncia 
do Tribunal Pleno. 
Vejamos o que diz o art. 93, XI, CF/88: 
XI - nos tribunais com nœmero superior a vinte e cinco julgadores, 
poder‡ ser constitu’do —rg‹o especial, com o m’nimo de onze e o m‡ximo 
de vinte e cinco membros, para o exerc’cio das atribui›es 
administrativas e jurisdicionais delegadas da competncia do tribunal 
pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade 
por elei‹o pelo tribunal pleno. 
O —rg‹o especial poder‡ ser constitu’do apenas nos tribunais com nœmero 
superior a 25 (vinte e cinco) julgadores. Na composi‹o do —rg‹o especial, 
metade das vagas dever‡ ser provida por antiguidade; a outra metade, por 
elei‹o pelo Plen‡rio. 
5.10- O Òquinto constitucionalÓ: 
Nos Tribunais Regionais Federais (TRF`s) e nos Tribunais de Justia (TJ`s), 
uma parte das vagas ser‡ destinada a membros oriundos do MinistŽrio 
Pœblico e da Advocacia. ƒ exatamente isso o que prev a regra do Òquinto 
constitucionalÓ. Vejamos o que disp›e o art. 94, CF/88: 
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos 
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territ—rios ser‡ composto 
de membros do MinistŽrio Pœblico, com mais de dez anos de carreira, e 
de advogados de not—rio saber jur’dico e de reputa‹o ilibada, com mais 
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sxtupla 
pelos —rg‹os de representa‹o das respectivas classes. 
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Par‡grafo œnico. Recebidas as indica›es, o tribunal formar‡ lista 
tr’plice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias 
subsequentes, escolher‡ um de seus integrantes para nomea‹o. 
O nome Òquinto constitucionalÓ deriva do c‡lculo matem‡tico para se obter 
o nœmero de vagas destinadas a membros do MinistŽrio Pœblico e da 
Advocacia. Por exemplo, um Tribunal de Justia com 30 membros ter‡ 6 
membros (um quinto dos lugares) oriundos do MinistŽrio Pœblico e da 
Advocacia (3 membros de cada origem). 
E como Ž o processo de escolha desses membros do MinistŽrio Pœblico e da 
Advocacia? 
Os membros do MinistŽrio Pœblico dever‹o ter mais de 10 (dez) anos de 
carreira. Os advogados dever‹o ter not—rio saber jur’dico e reputa‹o 
ilibada, alŽm de 10 (dez) anos de efetiva atividade profissional. 
Os —rg‹os de representa‹o de classe (do MinistŽrio Pœblico e da Advocacia) 
far‹o a indica‹o de pessoas que cumpram esses requisitos, mediante lista 
sxtupla, a ser enviada ao Tribunal de Justia. Recebidas as indica›es, o 
Tribunal de Justia formar‡ uma lista tr’plice, que ser‡ enviada ao Poder 
Executivo, que, nos20 (vinte) dias subsequentes, escolher‡ um de seus 
integrantes para a nomea‹o. 
Toda essa sistem‡tica Ž desencadeada quando aparece uma vaga no Tribunal. 
Suponha que, no TJ-SP, apareceu uma vaga destinada a um representante da 
Advocacia. A OAB ir‡ enviar uma lista sxtupla ao TJ-SP, que, a partir dessas 
indica›es, formar‡ lista tr’plice a ser enviada ao Poder Executivo. 
Ainda sobre o Òquinto constitucionalÓ, Ž relevante destacar o seguinte: 
a) A EC n¼ 45/2004 estabeleceu que a regra do Òquinto constitucionalÓ 
tambŽm se aplica ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) e aos 
Tribunais Regionais do Trabalho (TRT`s). 
b) O STF n‹o observa a regra do Òquinto constitucionalÓ. O Presidente 
da Repœblica tem total liberdade para indicar os Ministros do STF. 
c) O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais 
(TRE`s) tambŽm n‹o observam o Òquinto constitucionalÓ. Nesses 
tribunais, n‹o h‡ representantes do MinistŽrio Pœblico, mas apenas da 
Advocacia. 
d) Na composi‹o do STM, tambŽm n‹o se observa o Òquinto 
constitucionalÓ. 
e) H‡ polmica doutrin‡ria quanto ˆ aplica‹o da regra do Òquinto 
constitucionalÓ ao STJ. Na composi‹o desse Tribunal, 1/3 dos membros 
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ser‹o representantes da Advocacia e do MinistŽrio Pœblico. Em nosso 
entendimento, pelo fato de o nœmero de representantes dessas 
institui›es n‹o ser 1/5, n‹o se aplica a regra do Òquinto constitucionalÓ. 
Algumas quest›es envolvendo o Òquinto constitucionalÓ j‡ foram objeto de 
debate na doutrina e na jurisprudncia 
A primeira delas diz respeito ˆ situa‹o em que um quinto dos membros de 
um Tribunal n‹o resulta em um nœmero inteiro. Por exemplo, suponha 
que um determinado Tribunal tenha 17 membros. Um quinto dos membros do 
Tribunal ser‡ 3,4 (trs v’rgula quatro). Nesse caso, deveremos fazer o 
arredondamento para cima, a fim de se evitar uma sub-representa‹o da 
Advocacia e do MinistŽrio Pœblico. No exemplo, 4 (quatro) membros do 
Tribunal ser‹o nomeados a partir da regra do Òquinto constitucionalÓ. 
Outra quest‹o relevante Ž saber se o Tribunal poder‡ recusar o nome de 
alguns dos indicados na lista sxtupla a ele enviada. Sobre o assunto, j‡ 
decidiu o STF que a recusa do nome de uma ou de todas as pessoas 
indicadas na lista sxtupla Ž plenamente poss’vel. O que o Tribunal n‹o 
poder‡ fazer Ž substituir os nomes da lista sxtupla por outros. 13 
(TRF 1a Regi‹o Ð 2015) A regra constitucional que 
determina a composi‹o de um quinto dos lugares dos 
tribunais para membros do MP e para advogados aplica-se 
aos TRFs, aos tribunais dos estados e do DF e aos tribunais 
superiores, com exce‹o do STF e do STM. 
Coment‡rios: 
O œnico Tribunal Superior ao qual se aplica a regra do Òquinto 
constitucionalÓ Ž o TST. Assim, a regra do Òquinto 
constitucionalÓ se aplica: i) aos TRF`s; ii) aos TJ`s; iii) aos 
TRT`s e; iv) ao TST. Quest‹o errada. 
(TRT 8a Regi‹o Ð 2015) Todos os julgamentos dos —rg‹os 
do Poder Judici‡rio ser‹o pœblicos, e suas decis›es 
devidamente fundamentadas, sob pena de nulidade, podendo, 
no entanto, o juiz, a seu critŽrio, limitar a presena, em 
determinados atos, apenas ˆs partes e seus advogados, 
quando entender necess‡rio. 
Coment‡rios: 
De fato, todos os julgamentos do Poder Judici‡rio ser‹o 
pœblicos e suas decis›es devidamente fundamentadas, sob 
pena de nulidade. No entanto, Ž a lei (e n‹o o juiz!) que 
                                                        
13 MS 25.624-SP, Rel. Ministro Sepœlveda Pertence. 
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pode limitar a presena, em determinados atos, apenas ˆs 
partes e seus advogados. Quest‹o errada. 
(TRT 8a Regi‹o Ð 2015) ƒ reservado ˆ lei complementar, de 
iniciativa exclusiva do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre 
o Estatuto da Magistratura. 
Coment‡rios: 
ƒ isso mesmo! O art. 93, caput, CF/88, estabelece que lei 
complementar, de iniciativa do STF, ir‡ dispor sobre o 
Estatuto da Magistratura. Quest‹o correta. 
 
(TRT 8a Regi‹o Ð 2014) Nos termos do art. 93 da 
Constitui‹o Federal, dentre os princ’pios que devem nortear 
o Estatuto da Magistratura est‡ o da promo‹o de entr‰ncia 
para entr‰ncia, mediante critŽrios alternados de antiguidade e 
merecimento, sendo que, neste segundo caso, somente pode 
concorrer ˆ promo‹o o juiz que tiver cumprido, no m’nimo, 
dois anos de exerc’cio na respectiva entr‰ncia e integrar a 
primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se 
n‹o houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. 
Coment‡rios: 
Na carreira da magistratura, a promo‹o ser‡ de entr‰ncia 
para entr‰ncia, alternadamente, por antiguidade e 
merecimento. A promo‹o por merecimento pressup›e dois 
anos de exerc’cio na respectiva entr‰ncia e integrar o 
juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade 
desta, salvo se n‹o houver com tais requisitos quem aceite o 
lugar vago. Quest‹o correta. 
(TRT 8a Regi‹o Ð 2014) Na promo‹o por antiguidade, o 
tribunal somente poder‡ recusar o juiz mais antigo pelo voto 
fundamentado da maioria absoluta de seus membros, 
conforme procedimento pr—prio, e assegurada ampla defesa, 
repetindo-se a vota‹o atŽ fixar-se a indica‹o. 
Coment‡rios: 
Na apura‹o de antiguidade, o tribunal somente poder‡ 
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de 
dois teros de seus membros, conforme procedimento 
pr—prio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a vota‹o 
atŽ fixar-se a indica‹o. Quest‹o errada. 
(TJDFT Ð 2014) A distribui‹o de processos deve ser 
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imediata, em todos os graus de jurisdi‹o. 
Coment‡rios: 
ƒ exatamente o que prev o art.93, XV, CF/88. A distribui‹o 
de processos ser‡ imediata, em todos os graus de jurisdi‹o. 
Busca-se, com isso, aumentar a celeridade na presta‹o 
jurisdicional. Quest‹o correta. 
6. Conselho Nacional de Justia (CNJ) 
6.1- Aspectos Gerais: 
O Conselho Nacional de Justia (CNJ) foi criado pela EC n¼ 45/2004, com a 
finalidade de exercer o controle da atua‹o administrativa e financeira do 
Poder Judici‡rio e do cumprimento dos deveres funcionais dos ju’zes. 
Trata-se de institui‹o integrante do Poder Judici‡rio, cuja miss‹o Ž 
aperfeioar o trabalho do sistema judici‡rio brasileiro, contribuindo para que a 
presta‹o jurisdicional seja realizada com maior eficincia e transparncia. 
O CNJ Ž o —rg‹o de controle interno do Poder Judici‡rio, possuindo 
atribui›es de car‡ter exclusivamente administrativo. Nesse sentido, o CNJ 
n‹o exerce fun‹o jurisdicional. Sua atua‹o se dirige para o controle da 
atua‹o do Poder Judici‡rio e dos ju’zes. 
A cria‹o do CNJ pela EC n¼ 45/2004 suscitou uma sŽrie de polmicas, que 
foram questionadas na ADI n¼ 3.367/DF, ajuizada pela Associa‹o dos 
Magistrados do Brasil (AMB). Entendia a AMB que a cria‹o do CNJ violava o 
princ’pio da separa‹o de poderes e o pacto federativo. Os argumentos 
pela inconstitucionalidade do CNJ eram os seguintes: 
a) O CNJ possui integrantes que n‹o s‹o membros do Poder Judici‡rio. 
Aqui, ter’amos a suposta viola‹o ao princ’pioda separa‹o de poderes, 
uma vez que ter’amos membros do CNJ alheios ao Poder Judici‡rio, mas 
controlando a atua‹o dos magistrados. 
b) O CNJ tem competncia para controlar a atua‹o administrativa e 
financeira do Poder Judici‡rio dos Estados, o que seria uma afronta ao 
pacto federativo. 
O STF, na aprecia‹o da ADI n¼ 3.367/DF, decidiu que a cria‹o do CNJ foi 
plenamente leg’tima, ou seja, a EC n¼ 45/2004 foi considerada 
constitucional. Os argumentos utilizados pela Corte foram os seguintes: 
a) O CNJ Ž um —rg‹o administrativo, que n‹o exerce fun‹o 
jurisdicional. Sua tarefa Ž, afinal, a de exercer o controle interno do 
Poder Judici‡rio. Em sua maioria, os membros do CNJ s‹o integrantes do 
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Poder Judici‡rio. N‹o h‡, assim, qualquer viola‹o ˆ separa‹o de 
poderes. 
Nesse sentido, o STF considerou constitucional a previs‹o de realiza‹o 
de controle administrativo e Žtico-disciplinar do Poder Judici‡rio 
pelo CNJ. Isso porque o controle administrativo n‹o atinge o 
autogoverno do Judici‡rio, uma vez que, da totalidade das 
competncias privativas dos tribunais (art. 96, CF), nenhuma lhes foi 
usurpada. No que se refere ao controle Žtico-disciplinar, este foi 
considerado expressiva conquista do Estado democr‡tico de direito, 
devido ˆ conscincia de que os mecanismos de responsabiliza‹o dos 
ju’zes, por inobserv‰ncia das obriga›es funcionais, s‹o imprescind’veis 
ˆ boa presta‹o jurisdicional. Acrescentou-se, ainda, que a existncia, no 
CNJ, de membros alheios ao corpo da magistratura, alŽm de viabilizar a 
erradica‹o do corporativismo, estende uma ponte entre o Judici‡rio e a 
sociedade.14 
b) O Poder Judici‡rio Ž nacional, unit‡rio. Assim, Ž plenamente 
poss’vel que o CNJ controle a atua‹o da Justia Estadual, sem que isso 
viole o pacto federativo. 
Em raz‹o de o Poder Judici‡rio ter car‡ter unit‡rio e nacional, o STF 
considera inconstitucional a cria‹o, por Constitui‹o Estadual, de 
—rg‹o de controle administrativo do Judici‡rio do qual participem 
representantes de outros Poderes ou entidades (Sœmula 649). Isso 
porque o controle administrativo, financeiro e disciplinar de toda a 
Justia, inclusive a Estadual, cabe ao CNJ. 
6.2- Composi‹o: 
Segundo o art. 103-B, CF/88, o CNJ comp›e-se de 15 (quinze) membros 
com mandato de 2 (dois) anos, admitida uma recondu‹o. Os membros do 
CNJ s‹o os seguintes: 
a) o Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
b) um Ministro do Superior Tribunal de Justia, indicado pelo respectivo 
tribunal; 
c) um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo 
tribunal; 
d) um desembargador de Tribunal de Justia, indicado pelo Supremo 
Tribunal Federal; 
                                                        
14 STF, Pleno, ADI 3.367/DF, rel. Min. CŽsar Peluso, 13.04.2005, Informativo STF no 
383. 
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e) um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 
f) um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal 
de Justia; 
g) um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justia; 
h) um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal 
Superior do Trabalho; 
i) um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; 
j) um membro do MinistŽrio Pœblico da Uni‹o, indicado pelo Procurador-
Geral da Repœblica; 
l) um membro do MinistŽrio Pœblico estadual, escolhido pelo Procurador-
Geral da Repœblica dentre os nomes indicados pelo —rg‹o competente de 
cada institui‹o estadual; 
m) dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil; 
n) dois cidad‹os, de not‡vel saber jur’dico e reputa‹o ilibada, indicados 
um pela C‰mara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 
O Conselho Nacional de Justia (CNJ) Ž presidido pelo Presidente do STF e, 
nas suas ausncias e impedimentos, pelo Vice-Presidente do STF. Observe 
que o Vice-Presidente do STF n‹o Ž membro do CNJ. Todavia, ele ir‡ presidir 
o Conselho nas ausncias e impedimentos do Presidente do STF. 
O Presidente do STF ir‡ presidir o CNJ independentemente de qualquer 
indica‹o ou nomea‹o. O simples fato de ser Presidente do STF j‡ basta para 
que ele presida, tambŽm, o CNJ. Os demais membros do Conselho ser‹o 
nomeados pelo Presidente da Repœblica, depois de aprovada a escolha 
pela maioria absoluta do Senado Federal. N‹o efetuadas, no prazo legal, 
as indica›es previstas anteriormente, caber‡ a escolha ao Supremo Tribunal 
Federal. 
O Ministro do STJ (Superior Tribunal de Justia) exercer‡ a fun‹o de 
Ministro-Corregedor e ficar‡ exclu’do da distribui‹o de processos no 
Tribunal, competindo-lhe, alŽm das atribui›es que lhe forem conferidas pelo 
Estatuto da Magistratura, as seguintes: 
a) Receber as reclama›es e denœncias, de qualquer interessado, 
relativas aos magistrados e aos servios judici‡rios; 
b) Exercer fun›es executivas do Conselho, de inspe‹o e de correi‹o 
geral; 
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c) Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribui›es, e 
requisitar servidores de ju’zos ou tribunais, inclusive nos Estados, 
Distrito Federal e Territ—rios. 
Segundo o art. 103-B, ¤ 7¼, CF/88, Òa Uni‹o, inclusive no Distrito Federal e 
nos Territ—rios, criar‡ ouvidorias de justia, competentes para receber 
reclama›es e denœncias de qualquer interessado contra membros ou —rg‹os 
do Poder Judici‡rio, ou contra seus servios auxiliares, representando 
diretamente ao Conselho Nacional de JustiaÓ. 
Junto ao Conselho Nacional de Justia (CNJ), oficiar‹o o Procurador-Geral 
da Repœblica e o Presidente do Conselho Federal da OAB. 
Um detalhe interessante a analisarmos, quando tratamos de CNJ, Ž a 
competncia para julgar seus membros. Nos crimes de 
responsabilidade, por fora do art. 52, II, da CF/88, a competncia para 
julg‡-los Ž do Senado Federal. J‡ nos crimes comuns, n‹o h‡ previs‹o de 
foro especial: cada membro ser‡ julgado de acordo com sua origem 
(STF, STJ, TRT e outras) pelo tribunal correspondente. A t’tulo de exemplo, os 
Ministros dos Tribunais Superiores ser‹o julgados pelo STF. 
 
6.3- Competncias do CNJ: 
As competncias do CNJ est‹o previstas diretamente no texto constitucional 
(art. 103-B, ¤ 4¼) e est‹o relacionadas ao exerc’cio do controle da atua‹o 
administrativa e financeira do Poder Judici‡rio e do cumprimento dos 
deveres funcionais dos ju’zes. Destaque-se que as atribui›es 
constitucionais do CNJ n‹o s‹o exaustivas; Ž plenamente poss’vel que o 
Estatuto da Magistratura crie novas atribui›es para o Conselho. 
A partir de agora, trataremos, uma a uma, das competncias do CNJ: 
¤ 4¼ Compete ao Conselho o controle da atua‹o administrativa e financeira 
do Poder Judici‡rio e do cumprimento dos deveres funcionais dos ju’zes, 
cabendo-lhe, alŽm de outras atribui›es que lhe forem conferidas pelo 
Estatuto da Magistratura: 
I - zelar pela autonomia do Poder Judici‡rio e pelo cumprimento do Estatuto 
da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no ‰mbito de sua 
competncia,

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