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Livro Eletrônico Aula 09 Direito Constitucional p/ IBAMA 2017 (Analista Ambiental) - Com videoaulas Equipe Ricardo e Nádia 01, Nádia Carolina, Ricardo Vale, Equipe Ricardo e Nádia 02 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale !ULA 09 PODER JUDICIÁRIO Sumário Poder Judiciário ............................................................................................................................ 3 1. Introdução .............................................................................................................................. 3 2. Estrutura do Poder Judiciário ............................................................................................. 5 3. As Garantias do Poder Judiciário ...................................................................................... 8 4. Vedações aos Magistrados ................................................................................................ 17 5. O Estatuto da Magistratura ............................................................................................... 19 6. Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ............................................................................... 29 7. Supremo Tribunal Federal (STF) ..................................................................................... 36 8. Superior Tribunal de Justiça (STJ) .................................................................................. 50 9. Justiça Federal ..................................................................................................................... 60 10. Justiça do Trabalho .......................................................................................................... 63 11. Justiça Eleitoral ................................................................................................................. 67 12. Justiça Militar ................................................................................................................... 70 13. Tribunais e Juízes dos Estados ...................................................................................... 71 Questões Comentadas ................................................................................................................... 72 Lista de Questões ......................................................................................................................... 109 Gabarito ......................................................................................................................................... 125 Para tirar dvidas e ter acesso a dicas e contedos gratuitos, acesse nossas redes sociais: Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Facebook da Profa. Ndia Carolina: https://www.facebook.com/nadia.c.santos.16?fref=ts 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Canal do YouTube do Ricardo Vale: https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Poder Judicirio 1. Introduo 1.1- Aspectos Gerais: O Poder Judicirio o responsvel pelo exerccio de uma das funes polticas do Estado: a funo judicial ou jurisdicional. o Poder Judicirio competente para exercer a jurisdio, solucionando conflitos e Òdizendo o DireitoÓ diante de casos concretos. A aplicao do Direito no , todavia, o que distingue o Poder Judicirio dos demais Poderes. Em certa medida, essa uma tarefa tambm realizada pelo Poder Executivo e pelo Poder Legislativo. Para Konrad Hesse, o que singulariza o Poder Judicirio a capacidade de prolatar deciso autnoma, de forma autorizada e, por isso, vinculante, em casos de direitos contestados ou lesados.1 No Brasil, adota-se o sistema ingls de jurisdio. Nesse modelo, apenas o Poder Judicirio faz coisa julgada material, isto , decide casos concretos com definitividade. Vigora o princpio da inafastabilidade de jurisdio, segundo o qual Òa lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direitoÓ (art. 5¼, XXXV). diferente do contencioso administrativo (sistema francs), no qual certas matrias so decididas com definitividade por rgos da Administrao Pblica, no sendo cabvel recurso ao Judicirio. Por mais que se possa querer, o Direito positivo incapaz de abarcar toda e qualquer conduta humana. Normas genricas e abstratas no conseguem, sozinhas, regular a infinidade de casos concretos que ocorrem no dia-a-dia. ÒDizer o DireitoÓ aplicvel a uma lide, no , portanto, tarefa simples. Ao contrrio, misso complexa, que impe ao Poder Judicirio a necessidade de interpretar o Direito. Exercer a jurisdio funo tpica do Poder Judicirio. Segundo Dirley da Cunha Jnior, a jurisdio uma atividade que tem as seguintes caractersticas2: a) secundria: Os conflitos devem ser, primariamente, resolvidos pela partes em litgio. O Poder Judicirio, ao exercer a jurisdio, estar realizando uma atividade que deveria, primariamente, ter sido solucionada pelas partes. 1 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6» edio, 2011. pp. 963-964. 2 CUNHA JòNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6» edio. Ed. Juspodium. Salvador: 2012, pp. 1107-1108. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) instrumental: A jurisdio o meio (instrumento) do qual se vale o Direito para impor-se a todos. c) desinteressada: Ao exercer a atividade de jurisdio, o Poder Judicirio no cede aos interesses de nenhuma das partes litigantes. Ao contrrio, o Poder Judicirio age segundo o Direito. d) provocada: O Poder Judicirio no age de ofcio. O exerccio da jurisdio depende de provocao, em razo do princpio da inrcia. Em definio mais completa, Fredie Didier Jr. afirma que Òa jurisdio a funo atribuda a um terceiro imparcial de realizar o Direito de modo imperativo e criativo (reconstrutivo), reconhecendo / efetivando / protegendo situaes jurdicas concretamente deduzidas, em deciso insuscetvel de controle externo e com aptido para tornar-se indiscutvelÓ. 3 Alm da sua funo tpica de jurisdio, o Poder Judicirio tambm exerce as funes atpicas de legislar e de administrar. A atividade de legislar se manifesta quando os Tribunais editam os seus Regimentos Internos, que so consideradas normas primrias. J o exerccio da atividade administrativa ocorre, por exemplo, quando um Tribunal realiza uma licitao, celebra um contrato administrativo ou, ainda, faz um concurso pblico para ingresso de novos servidores. 1.2- O Poder Judicirio no Estado Social e no Estado Constitucional: Com o advento do Estado Social e do Estado Constitucional,o Poder Judicirio ganhou maior relevncia na manuteno da ordem social. At ento, as funes do Judicirio eram meramente secundrias, relegadas a segundo plano, se comparadas com as do Poder Executivo e do Poder Legislativo. No Estado Social, o papel estatal no se limita, to somente, a garantir as liberdades pblicas (liberdades negativas). Na verdade, vai muito alm disso. O Estado passa a ser intervencionista (prestacionista), ofertando bens e servios aos indivduos. Nesse modelo, o Estado adquire a responsabilidade de garantir que todos tero acesso aos direitos sociais como, por exemplo, educao e sade. Se o Estado deixa de atuar, permanecendo inerte na oferta dos direitos sociais, o indivduo poder acionar o Poder Judicirio. O Estado-juiz chamado a atuar, concretizando, ento, os direitos sociais previstos na Constituio. No Estado Social, portanto, a atuao do Poder Judicirio direciona-se para garantir o Òmnimo existencialÓ, ou seja, garantir as condies mnimas para uma existncia humana digna. 3 DIDIER Jr. Fredie. Curso de Direito Processual Civil, Vol. 1, 17a edio. Ed. Juspodium. Salvador: 2015, pp. 153. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale No Estado Constitucional, por sua vez, atribui-se papel central Constituio, vista como fundamento de validade de todo o ordenamento jurdico. Surge, aqui, a noo de controle de constitucionalidade, baseada na lgica de que todas as normas devem ser compatveis com o texto da Constituio, sob pena de serem consideradas invlidas. Os atos do Poder Executivo e do Poder Legislativo, a partir desse momento, podem ser submetidos ao controle do Poder Judicirio. Passa-se a falar na existncia de uma ÒJustia ConstitucionalÓ, responsvel pela curatela da Constituio, dizer, responsvel por garantir-lhe a supremacia. um novo papel atribudo ao Poder Judicirio. Nesse modelo de Estado Constitucional, o Poder Judicirio no se limita mais a solucionar conflitos intersubjetivos (entre pessoas). A misso do Judicirio passa a ser mais ampla, direcionada para a garantia dos direitos fundamentais, dos valores constitucionais e, em ltima instncia, do prprio Estado democrtico de direito. O Poder Judicirio torna-se, assim, verdadeiro garantidor da integridade do ordenamento jurdico. 2. Estrutura do Poder Judicirio O art. 92, CF/88, relaciona os rgos integrantes do Poder Judicirio. Art. 92. So rgos do Poder Judicirio: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justia; II - o Superior Tribunal de Justia; II-A Ð o Tribunal Superior do Trabalho III - os Tribunais Regionais Federais e Juzes Federais; IV - os Tribunais e Juzes do Trabalho; V - os Tribunais e Juzes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juzes Militares; VII - os Tribunais e Juzes dos Estados e do Distrito Federal e Territrios. O STF o rgo de cpula da organizao judiciria brasileira, exercendo, simultaneamente, as funes de Corte Constitucional e de rgo mximo do Poder Judicirio. interessante notarmos que trata-se de funes distintas. Como Corte Constitucional, o STF atua para solucionar conflitos jurdico- constitucionais, protegendo a incolumidade da Constituio. Como exemplo, o STF o responsvel por processar e julgar, originariamente, as Aes Diretas de Inconstitucionalidade. Como rgo mximo do Poder Judicirio, o STF julga casos concretos em ltima instncia. Exemplificando, o STF o responsvel por processar e julgar, nos crimes comuns, os Deputados e Senadores. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Na estrutura hierrquica do Poder Judicirio, logo abaixo do STF, esto os Tribunais Superiores: Superior Tribunal de Justia (STJ), Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar (STM). Enquanto o STF o guardio da Constituio Federal, o STJ pode ser considerado o guardio do direito objetivo federal. Os outros Tribunais Superiores (TST, TSE e STM), por sua vez, so as instncias recursais superiores, respectivamente, da Justia do Trabalho, Justia Eleitoral e da Justia Militar. Em 12 de junho de 2016, foi promulgada a Emenda Constitucional n¼ 92/2016, que inseriu o TST no rol de rgos do Poder Judicirio. At ento, o TST no aparecia no rol do art. 92. O esquema a seguir mostra como a estrutura do Poder Judicirio, cuja Corte Mxima o STF: Para que as funes do Poder Judicirio possam ser desempenhadas com maior eficincia, a sua jurisdio divide-se em Justia Comum e Justia Especial. Desdobrando ainda mais, temos o seguinte: a) Justia Comum: abrange a Justia Estadual (composta pelos Tribunais de Justia Ð TJ`s e Juzes de Direito) e a Justia Federal (composta pelos Tribunais Regionais Federais Ð TRF`s e Juzes Federais). CNJ STF STJ TJs JUIZES ESTADUAIS TRFs JUIZES FEDERAIS TST TRTs JUIZES DO TRABALHO TSE TREs JUIZES ELEITORAIS JUNTAS ELEITORAIS STM CONSELHOS DE JUSTIÇA 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) Justia Especial: abrange a Justia do Trabalho, a Justia Eleitoral e a Justia Militar. O STF e os Tribunais Superiores (STJ, TSE, TST e STM) tem sede em Braslia e jurisdio em todo o territrio nacional. Isso quer dizer que suas decises alcanam pessoas e bens em qualquer ponto do territrio brasileiro. So, em razo disso, chamados de rgos de convergncia. Cabe destacar que o STF e o STJ so denominados rgos de superposio. Isso porque, embora eles no pertenam a nenhuma Justia (Comum ou Especial), suas decises se sobrepem s proferidas pelos rgos inferiores das Justias comum e especial. Destacamos, a seguir, alguns detalhes que voc precisa ter em mente: 1) Quando falamos em Tribunais Superiores, estamos nos referindo ao STJ, TST, TSE e STM. O STF no um Tribunal Superior, mas sim o Tribunal Supremo. 2) Dentre os Tribunais Superiores, o nico que no integra nenhuma Justia (Comum ou Especial) o STJ. 3) O juiz singular considerado um rgo do Poder Judicirio. Falta, ainda, falarmos sobre o Conselho Nacional de Justia (CNJ). Criado pela Emenda Constitucional n¼ 45/2004, o CNJ o rgo de controle interno do Poder Judicirio. responsvel pelo controle da atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio e do cumprimento dos deveres funcionais dos juzes O CNJ, assim como o STF e os Tribunais Superiores, tem sede na capital federal (Braslia). Porm, o CNJ no exerce jurisdio. Apesar disso, segundo entendimento doutrinrio e jurisprudencial, ele integra a estrutura do Poder Judicirio, na condio de rgo de controle interno desse Poder. Por ltimo, vale destacar que, embora cada uma das ÒJustiasÓ tenha seu espao prprio de atuao, a estrutura do Poder Judicirio considerada unitria, nacional.4 Referendando esse entendimento, transcrevemos abaixo trecho de deciso do STF: ÒO pacto federativo no se desenhanem expressa, em relao ao Poder Judicirio, de forma normativa idntica que atua sobre os 4 TAVARES, Andr Ramos. Manual do Poder Judicirio Brasileiro, 2012, pp.135 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale demais Poderes da Repblica. Porque a Jurisdio, enquanto manifestao da unidade do poder soberano do Estado, tampouco pode deixar de ser una e indivisvel, doutrina assente que o Poder Judicirio tem carter nacional, no existindo seno por metforas e metonmias, ÔJudicirios estaduaisÕ ao lado de um ÔJudicirio federalÕ. A diviso da estrutura judiciria brasileira, sob tradicional, mas equvoca denominao, em Justias, s o resultado da repartio racional do trabalho da mesma natureza entre distintos rgos jurisdicionaisÓ. 5 2.1- Justia de Paz / Juizados Especiais: A Constituio Federal prev que a Unio e os Estados criem a justia de paz e os juizados especiais. Vejamos o que prev o art. 98, CF/88: Art. 98. A Unio, no Distrito Federal e nos Territrios, e os Estados criaro: I - juizados especiais, providos por juzes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliao, o julgamento e a execuo de causas cveis de menor complexidade e infraes penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumarissimo, permitidos, nas hipteses previstas em lei, a transao e o julgamento de recursos por turmas de juzes de primeiro grau; II - justia de paz, remunerada, composta de cidados eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competncia para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofcio ou em face de impugnao apresentada, o processo de habilitao e exercer atribuies conciliatrias, sem carter jurisdicional, alm de outras previstas na legislao. ¤ 1¼ Lei federal dispor sobre a criao de juizados especiais no mbito da Justia Federal. ¤ 2¼ As custas e emolumentos sero destinados exclusivamente ao custeio dos servios afetos s atividades especficas da Justia. 3. As Garantias do Poder Judicirio A atividade jurisdicional de extrema relevncia para a ordem jurdica, uma vez que cabe ao Poder Judicirio exercer o ltimo controle da atividade 5 ADI 3367/DF. Rel. Min. Cezar Peluso. Julgamento em 13.04.2005. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 127 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale estatal, seja ela proveniente do Poder Legislativo ou da Administrao Pblica.6 Tambm inegvel o importante papel do Judicirio na proteo da dignidade da pessoa humana, notadamente no exerccio da sua funo contramajoritria. Note-se que, por meio dessa funo, o Poder Judicirio protege as minorias contra abusos cometidos pelo Ògoverno da maioriaÓ (leis emanadas do Poder Legislativo). Em virtude de to destacadas tarefas, o Poder Judicirio precisa atuar com independncia e imparcialidade. Disso decorrem as garantias que lhe so ofertadas pela Constituio Federal. Por meio delas, o Poder Judicirio e os prprios juzes podero atuar livres de presses externas de outros Poderes. Segundo o Prof. Jos Afonso da Silva, as garantias do Judicirio so de 2 (dois) tipos: institucionais (que protegem o Judicirio como instituio) e funcionais ou de rgos (que protegem os magistrados, individualmente considerados). 3.1- Garantias Institucionais (ou Garantias do Poder Judicirio): A Constituio Federal de 1988 prev vrios garantias institucionais do Poder Judicirio. Dentre elas, citamos as seguintes: a) Previso constitucional de que constitui crime de responsabilidade do Presidente da Repblica os atos que atentam contra o livre exerccio do Poder Judicirio (art. 85, II, CF). b) Vedao de que medida provisria ou lei delegada discipline as garantias dos magistrados (art. 62, ¤ 1¼, I, ÒcÓ e art. 68, ¤ 1¼, I, CF). c) Autonomia organizacional e administrativa (art. 96, CF). d) Autonomia financeira (art. 99, CF). Iremos concentrar nossa ateno no estudo da autonomia organizacional e administrativa e da autonomia financeira. Essas so, sem dvida alguma, as garantias institucionais mais importantes do Poder Judicirio. A autonomia organizacional e administrativa se revela no poder de autogoverno que a Constituio conferiu aos tribunais do Poder Judicirio (art. 96, I, CF/88). 6 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6» edio, 2011. pp. 964-965. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 10 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus rgos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observncia das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competncia e o funcionamento dos respectivos rgos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e servios auxiliares e os dos juzos que lhes forem vinculados, velando pelo exerccio da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituio, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdio; d) propor a criao de novas varas judicirias; e) prover, por concurso pblico de provas, ou de provas e ttulos, obedecido o disposto no art. 169, pargrafo nico, os cargos necessrios administrao da Justia, exceto os de confiana assim definidos em lei; f) conceder licena, frias e outros afastamentos a seus membros e aos juzes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; O art. 96 fala genericamente em ÒtribunaisÓ, o que nos indica que esse dispositivo se aplica a qualquer Tribunal do Poder Judicirio, sejam eles tribunais de segunda instncia (TJ`s, TRF`s, TRT`s e TRE`s), Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE e STM) e at mesmo o STF. Assim, todos os Tribunais detm ampla competncia em matria administrativa. Como exemplo, os Tribunais tm competncia para prover os cargos de magistrados e os cargos necessrios administrao da Justia. Da mesma forma, os Tribunais tm competncia privativa para conceder licena, frias e outros afastamentos a seus membros e aos juzes e servidores que lhe forem imediatamente vinculados. Para que fique mais claro, vamos a um exemplo. Imagine que Joo tenha o sonho de se tornar Juiz de Direito. Ele faz o concurso para Juiz Substituto do Estado de So Paulo e aprovado. Uma vez aprovado, ele ser nomeado pelo TJ/SP, tribunal ao qual estar administrativamente vinculado. Quando Joo for tirar frias, o TJ/SP que ir conced-las. Ainda sobre a autonomia organizacional e administrativa, a CF/88 prev que o STF, os Tribunais Superiores e os Tribunais de Justia podem propor ao Legislativo, observados os limites estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal: - A alterao do nmero de membros dos tribunais inferiores; - A criao e a extino de cargos e a remunerao dos seus servios auxiliares e dos juzos que lhes forem vinculados; - A fixao do subsdiode seus membros e dos juzes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; - A criao ou extino dos tribunais inferiores; 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 11 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale - A alterao da organizao e da diviso judicirias. Ao dizer que compete ao STF, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justia Òpropor ao Poder LegislativoÓ, a Constituio Federal est atribuindo aos mencionados Tribunais a iniciativa de projetos de lei sobre essas matrias. Por exemplo, o STF detm a iniciativa para apresentar ao Congresso Nacional projeto de lei alterando a remunerao de seus Ministros. A autonomia financeira do Poder Judicirio est expressa no art. 99, CF/88 e consiste na possibilidade de que os tribunais elaborem suas propostas oramentrias dentro dos limites estabelecidos pela Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO): Art. 99. Ao Poder Judicirio assegurada autonomia administrativa e financeira. ¤ 1¼ - Os tribunais elaboraro suas propostas oramentrias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes oramentrias. ¤ 2¼ - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I - no mbito da Unio, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovao dos respectivos tribunais; II - no mbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territrios, aos Presidentes dos Tribunais de Justia, com a aprovao dos respectivos tribunais. ¤ 3¼ Se os rgos referidos no ¤ 2¼ no encaminharem as respectivas propostas oramentrias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes oramentrias, o Poder Executivo considerar, para fins de consolidao da proposta oramentria anual, os valores aprovados na lei oramentria vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do ¤ 1¼ deste artigo. ¤ 4¼ Se as propostas oramentrias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do ¤ 1¼, o Poder Executivo proceder aos ajustes necessrios para fins de consolidao da proposta oramentria anual. ¤ 5¼ Durante a execuo oramentria do exerccio, no poder haver a realizao de despesas ou a assuno de obrigaes que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes oramentrias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de crditos suplementares ou especiais. No mbito da Unio, o encaminhamento da proposta oramentria ao Poder Executivo ser feito pelos Presidentes do STF e dos Tribunais Superiores. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 12 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Em mbito estadual, a proposta oramentria ser encaminhada ao Executivo pelos Presidentes dos Tribunais de Justia. Mas por que essas propostas oramentrias so encaminhadas ao Poder Executivo? Porque o Poder Executivo que detm a iniciativa das leis oramentrias. o Poder Executivo o responsvel por apresentar o projeto de Lei Oramentria Anual ao Congresso Nacional. O rgo responsvel por consolidar as propostas oramentrias o Ministrio do Planejamento. Se a proposta oramentria no for encaminhada pelo Poder Judicirio dentro do prazo estabelecido na LDO, o Poder Executivo considerar os valores do ano anterior (valores previstos na LOA que est em vigor). E se a proposta oramentria do Poder Judicirio for encaminhada em desacordo com os limites estabelecidos na LDO? Nesse caso, caber ao Poder Executivo Òfazer cortesÓ na proposta do Judicirio. Em outras palavras, o Poder Executivo proceder aos ajustes necessrios para fins de consolidao da proposta oramentria anual. Note que, no art. 99, ¤ 5¼, a CF/88 fixa uma exceo para a realizao de despesas ou a assuno de obrigaes que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes oramentrias (LDO). Podero exceder os limites estabelecidos pela LDO as despesas previamente autorizadas pela abertura de crditos suplementares ou especiais. (TCE / CE Ð 2015 ) Cabe aos Tribunais elaborar suas propostas oramentrias, dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Oramentrias, competindo-lhes tambm eleger seus rgos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observncia das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competncia e o funcionamento dos respectivos rgos jurisdicionais e administrativos. Comentrios: Essa uma excelente questo para testarmos nosso conhecimento. Ela traz, essencialmente, duas informaes importantes: - Os tribunais elaboram suas propostas oramentrias dentro dos limites estipulados na LDO (art. 99, ¤ 1¼, CF/88). - Os tribunais tem competncia para eleger seus rgos 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 13 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale diretivos e elaborar seus regimentos internos (art. 96, I, ÒaÓ). Questo correta. (TCE / CE Ð 2015) As propostas oramentrias encaminhadas pelos Tribunais em desacordo com os limites estipulados na Lei de Diretrizes Oramentrias no podero ser objeto de ajustes pelo Poder Executivo, que dever restitu-las aos Tribunais competentes para que promovam sua adequao no prazo legal, competindo, ainda, aos Tribunais propor ao Poder Legislativo a fixao do subsdio de seus membros e dos juzes. Comentrios: Caso as propostas oramentrias encaminhadas pelos Tribunais estiverem em desacordo com os limites estipulados na LDO, o Poder Executivo proceder aos ajustes necessrios para fins de consolidao da proposta oramentria anual. Questo errada. (TRT / MG Ð 2015) Caso os Tribunais competentes no encaminhem as respectivas propostas oramentrias dentro do prazo legal, o Poder Executivo considerar, para fins de consolidao da proposta oramentria anual, os valores aprovados na lei oramentria vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na Lei de Diretrizes Oramentrias. Comentrios: Se os Tribunais no encaminharem as propostas oramentrias dentro do prazo legal, o Poder Executivo ir considerar os valores previstos na lei oramentria vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na LDO. Questo correta. 3.2- Garantias Funcionais (ou Garantias dos Magistrados): As garantias funcionais tem como objetivo central garantir a independncia e imparcialidade dos juzes no exerccio de suas funes, o que um elemento central para a ampliao do direito ao acesso Justia. A existncia de magistrados independentes e imparciais , afinal, condio imprescindvel para que o Poder Judicirio possa fazer com que direitos e deveres sejam respeitados. E quais so as garantias funcionais dos magistrados? 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 14 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale As garantias funcionais esto elencadas no art. 95, CF/88 e consistem em verdadeiras prerrogativas atribudasaos magistrados. Art. 95. Os juzes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, s ser adquirida aps dois anos de exerccio, dependendo a perda do cargo, nesse perodo, de deliberao do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentena judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pblico, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de subsdio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, ¤ 4¼, 150, II, 153, III, e 153, ¤ 2¼, I. 3.2.1- Vitaliciedade: A vitaliciedade uma garantia de que o magistrado no ser destitudo do cargo, salvo em caso de exonerao por sentena judicial transitada em julgado. Uma vez adquirida a vitaliciedade, um mero processo administrativo no ser suficiente para que o juiz seja afastado do seu cargo. Assim, o magistrado pode atuar com independncia, tendo a garantia de que seu cargo est protegido mesmo aps tomar decises contrrias a grupos que detm o poder poltico-econmico em uma sociedade. Note que, mesmo aps adquirida a vitaliciedade, o magistrado poder perder o seu cargo. No entanto, para isso, ser necessria deciso judicial definitiva. Uma deciso administrativa ou uma deciso judicial de primeira instncia no podem determinar a perda do cargo do juiz. Essa regra, entretanto, comporta uma exceo, que a perda de cargo por determinao do Senado Federal, no caso de crime de responsabilidade cometido pelos Ministros do STF ou pelos membros do Conselho Nacional de Justia (CNJ). Veja que, nesse caso, a deciso que determina a perda do cargo no uma deciso judicial. E como adquirida a vitaliciedade? No primeiro grau, a vitaliciedade adquirida aps 2 (dois) anos de exerccio. Durante esse perodo, o juiz estar em estgio probatrio, podendo perder o cargo por deliberao do Tribunal ao qual esteja vinculado. Por exemplo, Marcos foi aprovado no concurso de Juiz-Substituto de So Paulo. Tomando posse, tem incio o seu estgio probatrio de 2 anos. Durante esse 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 15 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale perodo, o Tribunal de Justia de So Paulo poder, administrativamente, decidir pela perda do cargo do jovem juiz Marcos.7 Nem todos os juzes, todavia, ingressam na Magistratura pelo primeiro grau. H aqueles que no so juzes de carreira e que tornam-se magistrados porque foram nomeados membros de um Tribunal. o caso, por exemplo, dos Ministros do STF, que so nomeados pelo Presidente da Repblica aps aprovao pelo Senado. Tambm o caso dos membros de Tribunal que so nomeados pela regra do Òquinto constitucionalÓ, que determina que um quinto dos lugares dos TRF`s e dos TJ`s ser composto de membros do Ministrio Pblico e da Advocacia. Para esses magistrados, a vitaliciedade adquirida na posse, ou seja, no h que se falar em estgio probatrio. Desde o momento da posse, somente podero perder o cargo por sentena judicial transitada em julgado. 3.2.2- Inamovibilidade: A inamovibilidade impede que o juiz seja removido de um cargo para outro, salvo motivo de interesse pblico. Assim, interesses polticos no podero motivar a remoo de um magistrado. Um juiz mais severo no poder, por exemplo, ser removido de um cargo para outro a fim de que no seja mais responsvel pelo julgamento de um processo que tramita em sua vara. Nesse sentido, uma garantia que est em ntima conexo com o princpio do Òjuiz naturalÓ. A inamovibilidade no um direito absoluto. A Constituio Federal de 1988 menciona que o juiz poder ser removido por motivo de interesse pblico. o que prev o art. 93, VIII, CF/88, segundo o qual Òo ato de remoo, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse pblico, fundar- se- em deciso por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justia, assegurada ampla defesaÓ. Embora a Constituio seja silente a respeito, o magistrado poder ser removido a pedido ou em razo de promoo. Observe-se, porm, que, em nome da inamovibilidade, o magistrado poder negar a promoo, quando assim considerar adequado. Ao contrrio da vitaliciedade, no h prazo para aquisio da inamovibilidade. Desde a posse do magistrado, seja no primeiro grau ou em um Tribunal, ele j poder usufruir dessa garantia. 3.2.3- Irredutibilidade de Subsdios: 7 Segundo a Lei Orgnica da Magistratura, a deciso de perda do cargo do magistrado em estgio probatrio ser tomada pelo qurum de 2/3 dos membros do Tribunal ao qual estiver vinculado. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 16 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Os servidores pblicos, em geral, gozam da garantia de que seus vencimentos e subsdios so irredutveis (art. 37, XV). No diferente para os magistrados, que gozam da garantia de irredutibilidade de subsdios. Por meio dessa garantia, busca-se proteger a remunerao dos juzes contra qualquer tipo de retaliao do Poder Executivo ou do Poder Legislativo. (TJDFT Ð 2015) A garantia de inamovibilidade, prevista na CF, alcana juzes e desembargadores titulares, mas no se estende a juzes substitutos. Comentrios: No h prazo para aquisio da inamovibilidade. Desde a posse do magistrado, seja no primeiro grau ou em um Tribunal, ele j poder usufruir dessa garantia. Assim, os juzes substitutos tambm fazem jus inamovibilidade. Questo errada. (SEAP / DF Ð 2015) No primeiro grau, a vitaliciedade s ser adquirida aps, no mnimo, trs anos de exerccio. Comentrios: No primeiro grau, a vitaliciedade adquirida aps 2 (dois) anos de exerccio. Questo errada. (SEFAZ / BA Ð 2014) Os juzes gozam da garantia da vitaliciedade, que, no primeiro grau, s ser adquirida aps trs anos de exerccio, dependendo a perda do cargo, nesse perodo, de deliberao do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentena judicial transitada em julgado. Comentrios: No primeiro grau, a vitaliciedade adquirida aps 2 anos de exerccio. Durante esse perodo de 2 anos, o magistrado poder perder o cargo mediante deliberao do Tribunal ao qual estiver vinculado. Adquirida a vitaliciedade, o juiz somente poder perder o cargo mediante sentena judicial transitada em julgado. Questo errada. (DPE / PR Ð 2014) A inamovibilidade uma garantia de independncia do Poder Judicirio, garantindo ao magistrado a impossibilidade de remoo sem seu consentimento. Contudo, tal garantia relativa, uma vez que o prprio texto constitucional possibilita que haja a remoo por interesse pblico, mediante voto de dois teros do respectivo Tribunal 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 17 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale ou do Conselho Nacional de Justia, assegurada a ampla defesa. Comentrios: A inamovibilidade no garantia absoluta, uma vez que possvel a remoo por interesse pblico. Para isso, ser necessria deciso por maioria absoluta do Tribunal ou do Conselho Nacional de Justia, sendo assegurada ampla defesa. Questoerrada. 4. Vedaes aos Magistrados As vedaes aos magistrados tm fundamento em imperativos de ordem tica, impedindo a ocorrncia de situaes que pem em dvida a confiana no exerccio da funo jurisdicional pelo magistrado. Ao tratar das vedaes aos magistrados, o STF entendeu que Òas vedaes formais impostas constitucionalmente aos magistrados objetivam, de um lado, proteger o prprio Poder Judicirio, de modo que seus integrantes sejam dotados de condies de total independncia e, de outra parte, garantir que os juzes dediquem-se, integralmente, s funes inerentes ao cargo, proibindo que a disperso com outras atividades deixe em menor valia e cuidado o desempenho da atividade jurisdicional, que funo essencial do Estado e direito fundamental do jurisdicionado.Ó8 O art. 95, pargrafo nico, da CF/88, estabelece as diversas vedaes aos magistrados: Art. 95 (...) Pargrafo nico. Aos juzes vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou funo, salvo uma de magistrio; II - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participao em processo; III - dedicar-se atividade poltico-partidria. IV - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei; V - exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao. 8 MS 25.938, Rel. Min. Crmen Lcia, Julgamento em 24.04.2008, Plenrio. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 18 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale a) O juiz no pode exercer nenhum outro cargo ou funo, ou seja, aos magistrados vedada a acumulao de cargos pblicos. A nica exceo, em que a acumulao ser lcita, o exerccio da funo de magistrio. Na ADI n¼ 3.126/DF, o STF foi chamado a apreciar a constitucionalidade da Resoluo n¼ 336/2003, do Conselho da Justia Federal. A norma em questo dispunha sobre o acmulo do exerccio da magistratura com o exerccio do magistrio, prevendo que, no mbito da Justia Federal, os juzes somente poderiam exercer uma nica funo de magistrio. Nos exatos termos da CF/88, aos juzes vedado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou funo, salvo uma de magistrio. A questo a seguinte: o artigo ÒumaÓ estaria ou no se referindo a uma Ònica funo de magistrioÓ? Segundo o STF, a interpretao mais adequada a de que o texto constitucional quis Òimpedir o exerccio de outra atividade que no a de magistrioÓ. Dessa forma, no h que se observar a restrio a uma ÒnicaÓ funo de magistrio. O magistrado poder exercer Òmais de umaÓ funo de professor, o que, todavia, no poder prejudicar os afazeres da atividade judicante. b) Os juzes no podem receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participao em processo. Com isso, impede-se que os magistrados tornem- se interessados nos valores envolvidos nas causas e, dessa forma, decidam com base em motivaes de ordem financeira. c) H vedao absoluta a que os juzes se dediquem atividade poltico- partidria. Caso decida se dedicar a essa atividade, dever o juiz se afastar definitivamente da magistratura, mediante aposentadoria ou exonerao, sob pena de perda do cargo (LC no 35/79, art. 26, II, ÒcÓ). Segundo o TSE, o magistrado no pode sequer se filiar a partido poltico.9 d) vedado aos juzes receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei. e) Aos juzes vedado exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 (trs) anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao. Essa vedao chamada de ÒquarentenaÓ. Suponha que o Desembargador Paulo Srgio tenha se aposentado. Ele era membro do Tribunal de Justia do Rio de Janeiro. A pergunta : ele poder exercer a advocacia assim que se aposentar? 9 Resoluo n¼ 19.978 , de 1997. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 19 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Sim, poder exercer a advocacia. Porm, para exercer a advocacia no Tribunal de Justia do Rio de Janeiro (TJ-RJ), ele precisar aguardar 3 (trs) anos. J o exerccio da advocacia perante outro juzo ou Tribunal, plenamente admissvel desde o momento em que ele deixar o cargo. Como de se notar, a ÒquarentenaÓ visa evitar situaes de suspeio quanto ao bom funcionamento do Judicirio, garantindo a este, mais uma vez, independncia e imparcialidade.10 (SEAP / DF Ð 2015) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), os magistrados no podem exercer o magistrio em mais de uma instituio, sendo-lhes vedado lecionar em uma instituio privada e em uma pblica simultaneamente. Comentrios: O entendimento do STF o de que os magistrados podero exercer Òmais de umaÓ funo de magistrio. A CF/88 no estabeleceu restrio a Òuma nicaÓ funo de magistrio. Questo errada. (TJ / SP Ð 2014) vedado aos juzes exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos dois anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao. Comentrios: O prazo de ÒquarentenaÓ de 3 (trs) anos. Antes de 3 anos do afastamento, o magistrado no poder exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou. Questo errada. 5. O Estatuto da Magistratura O Poder Judicirio deve ser organizado com base no Estatuto da Magistratura, o qual deve ser estabelecido por meio de lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal (STF). At o momento, essa lei complementar no foi editada, motivo pelo qual o Estatuto da Magistratura definido por uma lei complementar editada antes da CF/88: a Lei Complementar n¼ 35/1979 (Lei Orgnica da Magistratura). 10 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6» edio, 2011. pp. 970-971. 02888395363 - danielle varelo teixeira b www.estrategiaconcursos.com.br 20 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O Estatuto da Magistratura dever observar princpios gerais definidos pelo art. 93, CF/88. A seguir, comentaremos sobre cada uma desses princpios, verdadeiras regras de organizao do Poder Judicirio. 5.1- Ingresso na Carreira: O ingresso na carreira da magistratura ocorrer mediante concurso pblico de provas e ttulos, com a participao da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em todas as fases. O cargo inicial o de juiz-substituto e exige-se do bacharel em direito, no mnimo, 3 (trs) anos de atividade jurdica. Art. 93 (É) I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial ser o de juiz substituto, mediante concurso pblico de provas e ttulos, com a participao da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mnimo, trs anos de atividade jurdica e obedecendo-se, nas nomeaes, ordem de classificao; Algumasobservaes so necessrias sobre esse comando constitucional: a) O concurso pblico para ingresso na carreira da magistratura dever ser obrigatoriamente de provas e ttulos. No se admite que o concurso para juiz substituto seja apenas de provas. b) O concurso pblico como requisito para o ingresso na carreira da magistratura revela que o legislador constituinte optou pelo critrio da meritocracia. Por incrvel que parea, h crticas a essa forma de provimento. H argumentao doutrinria no sentido de que, Òem uma sociedade imersa em um paradigma padro-democrtico, qualquer forma de provimento que no seja pelo voto popular direto torna-se, inexoravelmente, objeto de desconfiana, quando o respectivo cargo importe em tomar decises que afetaro as relaes sociaisÓ.11 Dessa forma, h autores que argumentam que, em razo do provimento dos cargos da magistratura no ser pelo voto popular, faltaria legitimidade democrtica ao Poder Judicirio. c) A Constituio Federal de 1988 requer 3 (anos) de atividade jurdica para o ingresso na carreira da magistratura. O termo inicial para a contagem desse prazo a concluso do curso de Direito (colao de grau), ou seja, nenhuma atividade anterior considerada para fins do clculo do tempo de atividade jurdica. A comprovao de 3 (trs) anos de atividade jurdica dever ocorrer na data da inscrio definitiva no concurso. 11 TAVARES, Andr Ramos. Manual do Poder Judicirio Brasileiro, 2012, pp. 28-29. 02888395363 - danielle varelo teixeira 4 www.estrategiaconcursos.com.br 21 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Ressalte-se que a definio do que se considera atividade jurdica, para fins de ingresso na carreira da magistratura, est prevista na Resoluo CNJ n¼ 75/2009. d) A OAB deve participar em todas as fases do concurso. 5.2- Promoo: Os rgos do Poder Judicirio exercem seu poder (jurisdio) em um determinado espao territorial. O juiz de direito, que o rgo de 1¼ grau de jurisdio, exerce seu poder em uma comarca, que pode abranger um ou mais municpios. As comarcas so classificadas, administrativamente, em entrncias, conforme sua importncia. As comarcas de 1a entrncia sero aquelas menos importantes, em que h um movimento forense menor. Em seguida, teremos as comarcas de 2a entrncia e as comarcas de entrncia especial. Quando algum ingressa na carreira da magistratura, ele ir exercer suas funes de juiz em uma comarca ÒmenorzinhaÓ, de 1a entrncia. Depois de um tempo, ele promovido e passa a exercer suas funes em uma comarca mais importante, de 2a entrncia. E assim sucessivamente... A Constituio Federal de 1988 prev justamente isso. Segundo o art. 93, II, a promoo na carreira da magistratura ser de entrncia para entrncia, alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes regras: a) Promoo obrigatria do juiz que figurar por 3 (trs) vezes consecutivas ou 5 (cinco) alternadas em lista de merecimento; b) Promoo por merecimento com requisitos de 2 (dois) anos de exerccio na respectiva entrncia e integrar, o juiz, o primeiro quinto da lista de antiguidade desta, salvo se no houver, com tais requisitos, quem aceite o lugar vago. c) Aferio do merecimento conforme o desempenho e pelos critrios objetivos de produtividade e presteza no exerccio da jurisdio e pela frequncia e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeioamento; d) Na apurao de antigidade, o tribunal somente poder recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois teros de seus membros, conforme procedimento prprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votao at fixar-se a indicao; 02888395363 - danielle varelo teixeira 1 www.estrategiaconcursos.com.br 22 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale e) No ser promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder alm do prazo legal, no podendo devolv-los ao cartrio sem o devido despacho ou deciso; E como se d o acesso aos Tribunais? Em outras palavras, como um juiz de carreira poder se tornar membro de um Tribunal? Segundo o art. 93, III, o acesso aos tribunais de segundo grau far-se- por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na ltima ou nica entrncia. A CF/88 prev, ainda, a existncia de cursos oficiais de preparao, aperfeioamento e promoo de magistrados, sendo etapa obrigatria do processo de vitaliciamento a participao em cursos oficiais ou reconhecidos por escola de formao e aperfeioamento de magistrados. 5.3- Estrutura Remuneratria: A remunerao dos magistrados recebida na forma de subsdio, uma vez que o art. 39, ¤ 4¼, estabelece que Òo membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretrios Estaduais e Municipais sero remunerados exclusivamente por subsdio fixado em parcela nica, vedado o acrscimo de qualquer gratificao, adicional, abono, prmio, verba de representao ou outra espcie remuneratria, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. O subsdio dos Ministros do STF o teto remuneratrio de toda a Administrao Pblica, nos diversos nveis federativos (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios). Assim, nenhum servidor pblico poder receber uma remunerao superior ao subsdio mensal dos Ministros do STF. O art. 93, V, CF/88, prev outras duas regras importantes a respeito do subsdio de membros do Poder Judicirio: a) O subsdio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponder a 95% do subsdio mensal fixado para os Ministros do STF. b) Os subsdios dos demais magistrados sero fixados em lei e escalonados, em nvel federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciria nacional, no podendo a diferena entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do subsdio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores. Veja que o art. 93, V, estabelece dois tetos: um para os Ministros dos Tribunais Superiores (95% do subsdio dos Ministros do STF) e outro para os demais magistrados 02888395363 - danielle varelo teixeira 9 www.estrategiaconcursos.com.br 23 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale (95% do subsdio dos Ministros dos Tribunais Superiores). No mbito da ADI n¼ 3.854/DF, o STF foi chamado a apreciar importante questo em torno do subteto remuneratrio do Poder Judicirio Estadual. Naquela oportunidade, foi questionado o art. 37, XI, CF/88, o qual estabelece que, no mbito do Poder Judicirio Estadual, o limite remuneratrio ser o subsdio dos Desembargadores do Tribunal de Justia, limitado a 90,25% do subsdio mensal dos Ministros do STF. O STF, com base na ideia de que o Poder Judicirio tem carter nacional e unitrio, entendeu que seria inconstitucional estabelecer limites remuneratrios diferenciados para os membros da Magistratura federal e da Magistratura estadual. Assim, apoiado no princpio da isonomia, o STF entendeu que o limite de 90,25% do subsdio mensal dos Ministros do STF no se aplica aos membros da magistratura estadual. 5.4- Remoo, Disponibilidade e Aposentadoria compulsria:No regime jurdico aplicado aos magistrados, a remoo, a disponibilidade e a aposentadoria compulsria so sanes a eles aplicadas. Segundo o art. 93, VIII, o ato de remoo, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse pblico, fundar-se em deciso por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justia, assegurada ampla defesa. A CF/88 tambm trata da remoo a pedido e da permuta de magistrados de comarca de igual entrncia. Segundo o texto constitucional, aplica-se remoo a pedido e permuta, no que couber, as regras relativas promoo de magistrados. 5.5- Aposentadoria: Segundo o art. 93, V, CF/88, Òa aposentadoria dos magistrados e a penso de seus dependentes observaro o disposto no art. 40Ó. Assim, as regras relativas aposentadoria e penso aplicveis aos magistrados so aquelas que esto consubstanciadas no regime prprio de previdncia social dos servidores pblicos. 5.6- Residncia na Comarca: Segundo o art. 93, VII, CF/88, o juiz titular residir na respectiva comarca, salvo autorizao do tribunal. Assim, a residncia fora do local onde exerce suas atividades da magistratura situao excepcional, admitida somente depois de autorizado pelo tribunal. 02888395363 - danielle varelo teixeira 3 www.estrategiaconcursos.com.br 24 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 5.7- Julgamentos do Poder Judicirio: Os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio devero ser, todos eles, pblicos. Todas as decises sero fundamentadas, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao (art. 93, IX). As decises administrativas dos tribunais sero motivadas e em sesso pblica. Aquelas decises administrativas de natureza disciplinar sero tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 5.8- Ininterruptabilidade de Jurisdio: A EC n¼ 45/2004 (Reforma do Judicirio) instituiu o princpio da ininterruptabilidade de jurisdio, que tem como fundamento a necessidade de promover maior celeridade processual. XII - a atividade jurisdicional ser ininterrupta, sendo vedado frias coletivas nos juzos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que no houver expediente forense normal, juzes em planto permanente. Com base nesse dispositivo, so vedadas as frias coletivas nos Òjuzos e tribunais de segundo grauÓ. O direito s frias continua existindo; o que no se admite so as frias coletivas. A atividade jurisdicional deve, afinal, ser ininterrupta. Mesmo nos dias em que no houver expediente forense normal, devem ser mantidos juzes em planto permanente. Segundo o STF, compatvel com a CF/88 a deciso do CNJ que considera indevida a existncia de frias coletivas para servidores de Tribunal de Justia. As leis e atos normativos que previam frias coletivas em Tribunais de 2¼ grau foram revogados pela EC n¼ 45/2004.12 Na busca pela maior celeridade processual e eficincia do Poder Judicirio, a Constituio Federal tambm determina que: a) O nmero de juzes na unidade jurisdicional dever ser proporcional efetiva demanda judicial e respectiva populao. b) Os servidores do Poder Judicirio recebero delegao para a prtica de atos de administrao e atos de mero expediente sem carter decisrio. 12 STF. 2» Turma. MS 26739/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgamento em 01.03.2016. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 25 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale c) A distribuio de processos ser imediata, em todos os graus de jurisdio. 5.9- îrgo Especial: Os Tribunais do Poder Judicirio, no exerccio do poder de autogoverno, se organizam atravs da edio dos seus regimentos internos. Ao se organizarem, os Tribunais criam os chamados Òrgos fracionriosÓ (Sees, Turmas, Cmaras). Por exemplo, o STJ se organiza em 3 (trs) Sees, cada uma delas dividida em duas Turmas. Os Tribunais, alm de atuarem por meio dos seus rgos fracionrios, tambm desempenharo suas funes por meio do Plenrio, que composto por todos os seus membros. No entanto, em Tribunais muito grandes (com grande nmero de membros), no fcil reunir todos eles em Plenrio. comum, ento, que seja criado um rgo especial, destinado a exercer atribuies administrativas e jurisdicionais que lhe forem delegadas da competncia do Tribunal Pleno. Vejamos o que diz o art. 93, XI, CF/88: XI - nos tribunais com nmero superior a vinte e cinco julgadores, poder ser constitudo rgo especial, com o mnimo de onze e o mximo de vinte e cinco membros, para o exerccio das atribuies administrativas e jurisdicionais delegadas da competncia do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleio pelo tribunal pleno. O rgo especial poder ser constitudo apenas nos tribunais com nmero superior a 25 (vinte e cinco) julgadores. Na composio do rgo especial, metade das vagas dever ser provida por antiguidade; a outra metade, por eleio pelo Plenrio. 5.10- O Òquinto constitucionalÓ: Nos Tribunais Regionais Federais (TRF`s) e nos Tribunais de Justia (TJ`s), uma parte das vagas ser destinada a membros oriundos do Ministrio Pblico e da Advocacia. exatamente isso o que prev a regra do Òquinto constitucionalÓ. Vejamos o que dispe o art. 94, CF/88: Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territrios ser composto de membros do Ministrio Pblico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notrio saber jurdico e de reputao ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sxtupla pelos rgos de representao das respectivas classes. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 26 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Pargrafo nico. Recebidas as indicaes, o tribunal formar lista trplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolher um de seus integrantes para nomeao. O nome Òquinto constitucionalÓ deriva do clculo matemtico para se obter o nmero de vagas destinadas a membros do Ministrio Pblico e da Advocacia. Por exemplo, um Tribunal de Justia com 30 membros ter 6 membros (um quinto dos lugares) oriundos do Ministrio Pblico e da Advocacia (3 membros de cada origem). E como o processo de escolha desses membros do Ministrio Pblico e da Advocacia? Os membros do Ministrio Pblico devero ter mais de 10 (dez) anos de carreira. Os advogados devero ter notrio saber jurdico e reputao ilibada, alm de 10 (dez) anos de efetiva atividade profissional. Os rgos de representao de classe (do Ministrio Pblico e da Advocacia) faro a indicao de pessoas que cumpram esses requisitos, mediante lista sxtupla, a ser enviada ao Tribunal de Justia. Recebidas as indicaes, o Tribunal de Justia formar uma lista trplice, que ser enviada ao Poder Executivo, que, nos20 (vinte) dias subsequentes, escolher um de seus integrantes para a nomeao. Toda essa sistemtica desencadeada quando aparece uma vaga no Tribunal. Suponha que, no TJ-SP, apareceu uma vaga destinada a um representante da Advocacia. A OAB ir enviar uma lista sxtupla ao TJ-SP, que, a partir dessas indicaes, formar lista trplice a ser enviada ao Poder Executivo. Ainda sobre o Òquinto constitucionalÓ, relevante destacar o seguinte: a) A EC n¼ 45/2004 estabeleceu que a regra do Òquinto constitucionalÓ tambm se aplica ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) e aos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT`s). b) O STF no observa a regra do Òquinto constitucionalÓ. O Presidente da Repblica tem total liberdade para indicar os Ministros do STF. c) O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE`s) tambm no observam o Òquinto constitucionalÓ. Nesses tribunais, no h representantes do Ministrio Pblico, mas apenas da Advocacia. d) Na composio do STM, tambm no se observa o Òquinto constitucionalÓ. e) H polmica doutrinria quanto aplicao da regra do Òquinto constitucionalÓ ao STJ. Na composio desse Tribunal, 1/3 dos membros 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 27 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale sero representantes da Advocacia e do Ministrio Pblico. Em nosso entendimento, pelo fato de o nmero de representantes dessas instituies no ser 1/5, no se aplica a regra do Òquinto constitucionalÓ. Algumas questes envolvendo o Òquinto constitucionalÓ j foram objeto de debate na doutrina e na jurisprudncia A primeira delas diz respeito situao em que um quinto dos membros de um Tribunal no resulta em um nmero inteiro. Por exemplo, suponha que um determinado Tribunal tenha 17 membros. Um quinto dos membros do Tribunal ser 3,4 (trs vrgula quatro). Nesse caso, deveremos fazer o arredondamento para cima, a fim de se evitar uma sub-representao da Advocacia e do Ministrio Pblico. No exemplo, 4 (quatro) membros do Tribunal sero nomeados a partir da regra do Òquinto constitucionalÓ. Outra questo relevante saber se o Tribunal poder recusar o nome de alguns dos indicados na lista sxtupla a ele enviada. Sobre o assunto, j decidiu o STF que a recusa do nome de uma ou de todas as pessoas indicadas na lista sxtupla plenamente possvel. O que o Tribunal no poder fazer substituir os nomes da lista sxtupla por outros. 13 (TRF 1a Regio Ð 2015) A regra constitucional que determina a composio de um quinto dos lugares dos tribunais para membros do MP e para advogados aplica-se aos TRFs, aos tribunais dos estados e do DF e aos tribunais superiores, com exceo do STF e do STM. Comentrios: O nico Tribunal Superior ao qual se aplica a regra do Òquinto constitucionalÓ o TST. Assim, a regra do Òquinto constitucionalÓ se aplica: i) aos TRF`s; ii) aos TJ`s; iii) aos TRT`s e; iv) ao TST. Questo errada. (TRT 8a Regio Ð 2015) Todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e suas decises devidamente fundamentadas, sob pena de nulidade, podendo, no entanto, o juiz, a seu critrio, limitar a presena, em determinados atos, apenas s partes e seus advogados, quando entender necessrio. Comentrios: De fato, todos os julgamentos do Poder Judicirio sero pblicos e suas decises devidamente fundamentadas, sob pena de nulidade. No entanto, a lei (e no o juiz!) que 13 MS 25.624-SP, Rel. Ministro Seplveda Pertence. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 28 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale pode limitar a presena, em determinados atos, apenas s partes e seus advogados. Questo errada. (TRT 8a Regio Ð 2015) reservado lei complementar, de iniciativa exclusiva do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura. Comentrios: isso mesmo! O art. 93, caput, CF/88, estabelece que lei complementar, de iniciativa do STF, ir dispor sobre o Estatuto da Magistratura. Questo correta. (TRT 8a Regio Ð 2014) Nos termos do art. 93 da Constituio Federal, dentre os princpios que devem nortear o Estatuto da Magistratura est o da promoo de entrncia para entrncia, mediante critrios alternados de antiguidade e merecimento, sendo que, neste segundo caso, somente pode concorrer promoo o juiz que tiver cumprido, no mnimo, dois anos de exerccio na respectiva entrncia e integrar a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se no houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. Comentrios: Na carreira da magistratura, a promoo ser de entrncia para entrncia, alternadamente, por antiguidade e merecimento. A promoo por merecimento pressupe dois anos de exerccio na respectiva entrncia e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se no houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. Questo correta. (TRT 8a Regio Ð 2014) Na promoo por antiguidade, o tribunal somente poder recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado da maioria absoluta de seus membros, conforme procedimento prprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votao at fixar-se a indicao. Comentrios: Na apurao de antiguidade, o tribunal somente poder recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois teros de seus membros, conforme procedimento prprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votao at fixar-se a indicao. Questo errada. (TJDFT Ð 2014) A distribuio de processos deve ser 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 29 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale imediata, em todos os graus de jurisdio. Comentrios: exatamente o que prev o art.93, XV, CF/88. A distribuio de processos ser imediata, em todos os graus de jurisdio. Busca-se, com isso, aumentar a celeridade na prestao jurisdicional. Questo correta. 6. Conselho Nacional de Justia (CNJ) 6.1- Aspectos Gerais: O Conselho Nacional de Justia (CNJ) foi criado pela EC n¼ 45/2004, com a finalidade de exercer o controle da atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio e do cumprimento dos deveres funcionais dos juzes. Trata-se de instituio integrante do Poder Judicirio, cuja misso aperfeioar o trabalho do sistema judicirio brasileiro, contribuindo para que a prestao jurisdicional seja realizada com maior eficincia e transparncia. O CNJ o rgo de controle interno do Poder Judicirio, possuindo atribuies de carter exclusivamente administrativo. Nesse sentido, o CNJ no exerce funo jurisdicional. Sua atuao se dirige para o controle da atuao do Poder Judicirio e dos juzes. A criao do CNJ pela EC n¼ 45/2004 suscitou uma srie de polmicas, que foram questionadas na ADI n¼ 3.367/DF, ajuizada pela Associao dos Magistrados do Brasil (AMB). Entendia a AMB que a criao do CNJ violava o princpio da separao de poderes e o pacto federativo. Os argumentos pela inconstitucionalidade do CNJ eram os seguintes: a) O CNJ possui integrantes que no so membros do Poder Judicirio. Aqui, teramos a suposta violao ao princpioda separao de poderes, uma vez que teramos membros do CNJ alheios ao Poder Judicirio, mas controlando a atuao dos magistrados. b) O CNJ tem competncia para controlar a atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio dos Estados, o que seria uma afronta ao pacto federativo. O STF, na apreciao da ADI n¼ 3.367/DF, decidiu que a criao do CNJ foi plenamente legtima, ou seja, a EC n¼ 45/2004 foi considerada constitucional. Os argumentos utilizados pela Corte foram os seguintes: a) O CNJ um rgo administrativo, que no exerce funo jurisdicional. Sua tarefa , afinal, a de exercer o controle interno do Poder Judicirio. Em sua maioria, os membros do CNJ so integrantes do 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 30 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Poder Judicirio. No h, assim, qualquer violao separao de poderes. Nesse sentido, o STF considerou constitucional a previso de realizao de controle administrativo e tico-disciplinar do Poder Judicirio pelo CNJ. Isso porque o controle administrativo no atinge o autogoverno do Judicirio, uma vez que, da totalidade das competncias privativas dos tribunais (art. 96, CF), nenhuma lhes foi usurpada. No que se refere ao controle tico-disciplinar, este foi considerado expressiva conquista do Estado democrtico de direito, devido conscincia de que os mecanismos de responsabilizao dos juzes, por inobservncia das obrigaes funcionais, so imprescindveis boa prestao jurisdicional. Acrescentou-se, ainda, que a existncia, no CNJ, de membros alheios ao corpo da magistratura, alm de viabilizar a erradicao do corporativismo, estende uma ponte entre o Judicirio e a sociedade.14 b) O Poder Judicirio nacional, unitrio. Assim, plenamente possvel que o CNJ controle a atuao da Justia Estadual, sem que isso viole o pacto federativo. Em razo de o Poder Judicirio ter carter unitrio e nacional, o STF considera inconstitucional a criao, por Constituio Estadual, de rgo de controle administrativo do Judicirio do qual participem representantes de outros Poderes ou entidades (Smula 649). Isso porque o controle administrativo, financeiro e disciplinar de toda a Justia, inclusive a Estadual, cabe ao CNJ. 6.2- Composio: Segundo o art. 103-B, CF/88, o CNJ compe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida uma reconduo. Os membros do CNJ so os seguintes: a) o Presidente do Supremo Tribunal Federal; b) um Ministro do Superior Tribunal de Justia, indicado pelo respectivo tribunal; c) um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; d) um desembargador de Tribunal de Justia, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 14 STF, Pleno, ADI 3.367/DF, rel. Min. Csar Peluso, 13.04.2005, Informativo STF no 383. 02888395363 - danielle varelo teixeira ==b4193== www.estrategiaconcursos.com.br 31 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale e) um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; f) um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justia; g) um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justia; h) um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; i) um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; j) um membro do Ministrio Pblico da Unio, indicado pelo Procurador- Geral da Repblica; l) um membro do Ministrio Pblico estadual, escolhido pelo Procurador- Geral da Repblica dentre os nomes indicados pelo rgo competente de cada instituio estadual; m) dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; n) dois cidados, de notvel saber jurdico e reputao ilibada, indicados um pela Cmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. O Conselho Nacional de Justia (CNJ) presidido pelo Presidente do STF e, nas suas ausncias e impedimentos, pelo Vice-Presidente do STF. Observe que o Vice-Presidente do STF no membro do CNJ. Todavia, ele ir presidir o Conselho nas ausncias e impedimentos do Presidente do STF. O Presidente do STF ir presidir o CNJ independentemente de qualquer indicao ou nomeao. O simples fato de ser Presidente do STF j basta para que ele presida, tambm, o CNJ. Os demais membros do Conselho sero nomeados pelo Presidente da Repblica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. No efetuadas, no prazo legal, as indicaes previstas anteriormente, caber a escolha ao Supremo Tribunal Federal. O Ministro do STJ (Superior Tribunal de Justia) exercer a funo de Ministro-Corregedor e ficar excludo da distribuio de processos no Tribunal, competindo-lhe, alm das atribuies que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: a) Receber as reclamaes e denncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos servios judicirios; b) Exercer funes executivas do Conselho, de inspeo e de correio geral; 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 32 de DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 09 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale c) Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuies, e requisitar servidores de juzos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territrios. Segundo o art. 103-B, ¤ 7¼, CF/88, Òa Unio, inclusive no Distrito Federal e nos Territrios, criar ouvidorias de justia, competentes para receber reclamaes e denncias de qualquer interessado contra membros ou rgos do Poder Judicirio, ou contra seus servios auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de JustiaÓ. Junto ao Conselho Nacional de Justia (CNJ), oficiaro o Procurador-Geral da Repblica e o Presidente do Conselho Federal da OAB. Um detalhe interessante a analisarmos, quando tratamos de CNJ, a competncia para julgar seus membros. Nos crimes de responsabilidade, por fora do art. 52, II, da CF/88, a competncia para julg-los do Senado Federal. J nos crimes comuns, no h previso de foro especial: cada membro ser julgado de acordo com sua origem (STF, STJ, TRT e outras) pelo tribunal correspondente. A ttulo de exemplo, os Ministros dos Tribunais Superiores sero julgados pelo STF. 6.3- Competncias do CNJ: As competncias do CNJ esto previstas diretamente no texto constitucional (art. 103-B, ¤ 4¼) e esto relacionadas ao exerccio do controle da atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio e do cumprimento dos deveres funcionais dos juzes. Destaque-se que as atribuies constitucionais do CNJ no so exaustivas; plenamente possvel que o Estatuto da Magistratura crie novas atribuies para o Conselho. A partir de agora, trataremos, uma a uma, das competncias do CNJ: ¤ 4¼ Compete ao Conselho o controle da atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio e do cumprimento dos deveres funcionais dos juzes, cabendo-lhe, alm de outras atribuies que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judicirio e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no mbito de sua competncia,
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