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Políticas da Educação Básica 01

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Prévia do material em texto

POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Políticas da Educação Básica – Prof. Ms. Rubens Arantes Corrêa e Profa. Ms. Karina Elizabeth 
Serrazes
Meu nome é Rubens Arantes Corrêa. Sou graduado em História 
pela Universidade Estadual Paulista – UNESP/Franca e Mestre 
em Ciências Sociais (área de concentração: Sociologia Política) 
pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, local em 
que defendi dissertação sobre o pensamento e a militância 
política de Raul Pompéia (1863-1895). Doutorando em História 
pela UNESP/Franca. No Centro Universitário Claretiano, sou 
professor nas áreas de História, Sociologia e Antropologia, além 
de lecionar, também, algumas disciplinas na área de Educação. 
Sou autor do livro O Pensamento Político de Raul Pompéia, 
lançado em 2008 pela Editora Ex Libris.
Meu nome é Karina Elizabeth Serrazes. Sou graduada em 
História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/Franca), 
em Pedagogia pelo Centro Universitário Claretiano e Mestre 
em História na área de História e Cultura também pela 
Universidade Estadual Paulista (UNESP/Franca). Atuo como 
docente nos cursos de Licenciatura em Pedagogia, História 
e em outros cursos da área de formação de professores, nas 
modalidades presencial e a distância do Centro Universitário 
Claretiano. Como pesquisadora, realizo estudos na área de 
história regional, história e memória, história da educação, 
políticas de educação e metodologia de ensino. 
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Karina Elizabeth Serrazes
Rubens Arantes Corrêa
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
   
 370 S496p 
 Corrêa, Rubens Arantes 
 Políticas da educação básica / Rubens Arantes Corrêa, Karina Elizabeth 
 Serrazes, – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 
 186 p. 
 ISBN: 978-85-8377-093-0 
 1. Políticas Educacionais. 2. Estrutura do Ensino Brasileiro. 3. Legislação 
 Escolar. I. Serrazes, Karina Elizabeth. II. Políticas da educação básica. 
 
 CDD 370
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera
Raquel Baptista Meneses Frata
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Eduardo Henrique Marinheiro
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Juliana Biggi
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rafael Antonio Morotti
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 9
UnidAdE 1 – POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA: ASPECTOS HISTÓRICOS, 
SOCIAIS E POLÍTICOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 31
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 31
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 32
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 34
5 PANORAMA HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL ....................... 35
6 PLANOS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO E REFORMAS EDUCACIONAIS ............ 55
7 NEOLIBERALISMO, GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO NO BRASIL .................... 63
8 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 66
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 69
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 71
11 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 71
12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 72
UnidAdE 2 – LEGISLAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 73
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 74
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 74
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 75
5 A EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .................................... 81
6 O ESTATUTO dA CRiAnÇA E dO AdOLESCEnTE (ECA) ................................... 86
7 A LEi dE diRETRiZES E BASES dA EdUCAÇÃO nACiOnAL (nº 9.394/96) ..... 90
8 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 97
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 101
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 102
11 E - REFERÊnCiAS .............................................................................................. 104
12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 104
UnidAdE 3 – ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO 
ENSINO BRASILEIRO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 107
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 107
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 108
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 109
5 O SISTEMA ESCOLAR BRASILEIRO ................................................................... 110
6 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO SISTEMA ESCOLAR BRASILEIRO ........... 113
7 ESTRUTURA DIDÁTICA DO SISTEMA ESCOLAR BRASILEIRO ......................... 118
8 O CURRÍCULO ESCOLAR ................................................................................... 126
9 A AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO ESCOLAR ....................................................132
10 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 137
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 142
12 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 144
13 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 144
14 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ..................................................................... 145
UnidAdE 4 – O FINANCIAMENTO, OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 
E A GESTÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 147
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 148
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 148
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 148
5 O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR ............................................... 149
6 O PROFESSOR E OS DEMAIS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO ...................... 161
7 A GESTÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO ............................................................ 174
8 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 177
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 181
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 183
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 184
12 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 185
13 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 186
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Conteúdo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As Políticas Educacionais (aspectos sociopolíticos e históricos; reformas educa-
cionais e planos de educação; programas nacionais de educação). As Estruturas 
do Ensino Brasileiro (níveis e modalidades de educação e ensino; estrutura di-
dática; estrutura administrativa; currículo escolar). A Legislação Escolar (Lei Fe-
deral nº 9.394/96 – LDB; Constituição Federal de 1.988; Lei Federal nº 8.069/90 
– ECA). Financiamento da Educação Escolar. Gestão Escolar. Profissionais da 
Educação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo! 
Vamos dar início ao estudo de Políticas da Educação Básica, 
componente curricular obrigatório nos cursos de licenciatura ofere-
cidos pelo Centro Universitário Claretiano na modalidade EaD.
O objetivo central deste Caderno de Referência de Conteúdo 
é o de possibilitar uma discussão sobre as políticas públicas adota-
das no Brasil para as etapas constitutivas da educação básica, em 
especial, para os níveis do ensino fundamental e médio, analisan-
do-as em uma perspectiva histórico-sociológica. 
© Políticas da Educação Básica8
Nesse sentido, é importante nos atentarmos à relação entre po-
lítica educacional e realidade política, econômica e social, visto que 
quem determina as ações públicas no campo da educação é o Estado, 
por meio de órgãos próprios, como o Ministério da Educação e o Con-
selho Nacional de Educação, respaldado pelo poder legislativo.
Por isso, é fundamental que todos aqueles que estão direta-
mente envolvidos com a educação, como docentes e demais pro-
fissionais da área, conheçam tanto a legislação quanto a sua apli-
cação, pois a lei e a sua aplicação correspondem à materialização 
das políticas públicas para o setor educacional. Isso quer dizer que 
não basta apenas termos um corpo legislativo satisfatório, mas 
também observarmos sua efetiva aplicabilidade pelos sistemas de 
ensino.
Dessa forma, procurando facilitar uma melhor compreensão 
dos conteúdos tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo, 
dividimos este material de forma bem didática. É importante lem-
brar que um conhecimento mais abrangente sobre o tema envol-
ve, necessariamente, a leitura de referências bibliográficas citadas 
no corpo do material, além de ser indispensável, ainda, o acom-
panhamento dos assuntos tratados por meio de jornais, revistas, 
programas de televisão e pesquisas na internet.
Na primeira unidade, fazemos um balanço histórico sobre a 
educação básica no Brasil desde a sua independência em 1822 até 
o período contemporâneo, com a promulgação da Lei nº 9.394/96, 
que estabelece as diretrizes e as bases para a educação nacional. 
Vamos perceber, nessa trajetória, as inúmeras reformas e planos 
educacionais que foram adotados pelo Estado brasileiro, mas que 
tiveram pouco êxito prático, revelando uma certa dose de negli-
gência por parte das autoridades na aplicação efetiva das leis edu-
cacionais.
Posteriormente, na Unidade 2, tratamos, especificamente, da 
legislação escolar atual que norteia todos os sistemas escolares na 
atualidade: a Constituição Federal de 1988, especificamente o ca-
Claretiano - Centro Universitário
9© Caderno de Referência de Conteúdo
pítulo "da Educação, da Cultura e do desporto"; a Lei nº 8.069/90, 
que institui a doutrina de proteção para crianças e adolescentes, 
bem como a própria LDB de 1996, citada no parágrafo anterior.
Já na Unidade 3, o tema central é o da estruturação e do 
funcionamento do sistema escolar brasileiro em seus aspectos 
didáticos, administrativos, curriculares e avaliativos à luz da 
legislação em vigor. Finalmente, na Unidade 4, analisamos a 
temática do financiamento da educação e abordamos o universo 
profissional do docente e os demais ofícios previstos na lei para o 
campo do magistério e a questão da gestão dos sistemas de ensino.
Após esta introdução, apresentamos a seguir, no tópico 
Orientações para Estudo, algumas orientações de caráter 
motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão 
facilitar o seu estudo. 
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Profª. Dra. Mecira Rosa Ferreira 
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es-
tudado neste Caderno de Referência de Conteúdo . Aqui, você en-
trará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de 
forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas 
questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Aborda-
gem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a 
partir do qual você possa construir um referencial teórico com 
base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício 
de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e 
responsabilidade social. 
O estudo de Políticas da Educação Básica oportuniza a com-
preensão da estrutura, da organização e do funcionamento dos 
sistemas de ensino em todos os seus aspectos: sociais, políticos, 
© Políticas da Educação Básica10
históricos, pedagógicos e legais. Ela possibilitará uma discussão so-
bre as políticas adotadas no Brasil para as etapas da educação bá-
sica, em especial, para os níveis do Ensino Fundamental e Médio. 
Inicialmente, faremos uma retomada histórica das políticas 
de educação no Brasil, por meio de suas propostas de reformas 
e planos nacionais para o setor. Em seguida, abordaremos a le-
gislação fundamental que norteia, atualmente, o sistema escolar 
brasileiro representado pela Constituição Federal de 1988, o ECA 
e a LDB 9.394/96, em que trataremos de alguns aspectos práticos 
recomendados pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. Posteriormente, centraremos nossos estudos nos pro-
fissionais da educação, quando destacaremos os papéis que são 
previstospela legislação para o desempenho da função docente e 
das políticas públicas para o magistério, tais como a formação e a 
valorização profissional.
Quando falamos em políticas da educação, estamos nos re-
ferindo, especificamente, à relação do Estado com a sociedade. 
Quem estabelece as políticas públicas é o Estado. 
Assim, com esta definição, podemos dizer que, no caso do 
Brasil, o Estado se concretizou formalmente com a Constituição 
de 1824.
Foi nesse momento que o Brasil, em termos jurídicos e políti-
cos, efetivou sua independência após três séculos de colonialismo.
Contudo, nessa Constituição, no capítulo referente à educa-
ção, há somente uma declaração de "boas intenções" de garantia de 
instrução primária gratuita para todos os cidadãos brasileiros, sem, 
no entanto, dizer como promover, efetivamente, essa garantia.
Constituição de 1891 
No campo da educação, permaneceu o descentralismo, esta-
belecendo que o ensino superior e o ensino secundário ficariam a 
cargo da União e caberiam aos Estados os ensinos elementar e pro-
fissional, persistindo o antigo modelo dos tempos monárquicos.
Claretiano - Centro Universitário
11© Caderno de Referência de Conteúdo
Em 1932, os idealizadores da Escola Nova divulgaram o "Ma-
nifesto dos pioneiros da Educação Nova", tornando-se um marco 
não só no sentido de proposição de uma reforma educacional no 
Brasil, mas também de apresentar um diagnóstico da situação da 
educação vivida pelo país.
A CF/1934 incumbiu à União fixar o Plano Nacional de Educação, 
compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e es-
pecializados, e coordenar e fiscalizar sua execução em todo o terri-
tório do país (GUIRALDELLI JÚNIOR, 1991, p. 45).
Tal constituição também previa outras medidas consistentes 
em relação à organização escolar. 
A partir de 1937, a Era Vargas, após um golpe de Estado, es-
tabeleceu um regime ditatorial chamado Estado Novo.
Na prática, o que ocorreu entre 1937-1945, no que se refe-
re à educação escolar, foi a intervenção estatal por meio de leis 
ou decretos que, em conjunto, ficaram conhecidos como Reforma 
Capanema, alusão ao ministro da Educação do Estado Novo, Gus-
tavo Capanema. A ênfase dessa reforma recaiu sobre a escola de 
formação técnica e profissional. 
Constituição de 1946 
A grande novidade anunciada pela Constituição de 1946 foi 
prever a elaboração de uma legislação própria, abrindo possibili-
dades para a conquista de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção (LDB) que fora instituída em 20 de dezembro de 1961.
Em 1964, com o golpe militar que derrubou o presidente 
João Goulart, chegava ao fim o frágil sistema democrático cons-
truído no pós-guerra.
Ingressamos, então, em uma nova etapa política da história 
do Brasil, com evidentes consequências às políticas de educação 
básica.
O golpe de 1964 instaurou uma ditadura que durou até 1985. 
Essa ditadura utilizou todos os meios para desmobilizar a socie-
© Políticas da Educação Básica12
dade organizada, até mesmo os professores e os estudantes que 
se mobilizavam em favor de reivindicações relativas à educação 
em todos os níveis, os quais tiveram suas manifestações proibidas, 
além de suas entidades representativas colocadas na ilegalidade, 
como foi o caso da União Nacional dos Estudantes.
Em 1985, uma nova fase na história política do país abre-
-se, renovando-se as esperanças, inclusive no âmbito educacional, 
com o reconhecimento do Estado Democrático de Direito. Nesse 
sentido, a Constituição Federal/1988 estabeleceu princípios gerais 
da educação nacional, observe:
a) Proclama que a educação é direito de todos e dever do 
Estado e da família.
b) Estabelece os princípios da educação nacional, inspira-
dos no liberalismo, na democracia e no respeito aos di-
reitos humanos.
c) Atribui competências ao Estado não só na oferta, mas 
também no atendimento aos estudantes, a fim de man-
ter frequência obrigatória no ensino fundamental.
d) Determina percentuais mínimos à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios como forma de ga-
rantir financiamento à educação.
Promulgada anos depois, já neste clima de redemocratiza-
ção do país, a atual LDB 9.394/96 reestruturou todo o sistema edu-
cacional brasileiro. Vejamos:
a) Prevê, em termos de níveis de modalidades de ensino, 
que a educação brasileira esteja dividida em duas par-
tes: educação básica, constituída pela educação infantil, 
ensino fundamental e ensino médio, e ensino superior.
b) Cria competência aos níveis administrativos em relação 
à educação, fixando incumbências à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios.
c) Regula nova estrutura curricular instituindo uma base nacio-
nal comum e uma parte diversificada no currículo escolar.
Claretiano - Centro Universitário
13© Caderno de Referência de Conteúdo
d) Recomenda um novo paradigma para a verificação do 
rendimento escolar, incentivando a aplicação de avalia-
ções contínuas e contextualizantes.
e) Prevê regras flexíveis que visem à inclusão de pessoas 
com necessidades especiais à rede escolar comum.
Fica evidente a dificuldade de elaboração e implantação de 
políticas públicas, dadas as particularidades históricas de um país. 
Em janeiro de 2001, o Congresso nacional aprovou a Lei nº 
10.172, instituindo o PNE com duração de dez anos. São linhas ge-
rais que abordam o respectivo PNE:
a) Acompanhamento de perto pelo Poder Legislativo e pela 
sociedade civil organizada durante sua vigência.
b) Estados, Distrito Federal e Municípios devem propor 
seus próprios Planos de Educação em conformidade 
com o plano nacional.
c) Promoção do nível de escolaridade da população, redu-
zindo as diferenças entre as regiões no que diz respeito 
ao acesso e à permanência na escola pública.
d) Segue o princípio constitucional e da LDB quanto à ne-
cessidade de democratização da gestão da escola pública.
Em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, 
foi aprovado um fundo destinado, especificamente, ao financia-
mento do ensino fundamental, obrigatório e gratuito conforme a 
CF/1988 e a LDB de 1996. Tratava-se do FUNDEF (Fundo de Manu-
tenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização 
do Magistério), que estabelecia critérios de reserva, vinculação 
e distribuição de receitas para o ensino fundamental. O FUNDEF 
tinha, também, como objetivo fundamental investir em pessoal 
docente, por meio de incentivos salariais, promoção de cursos de 
formação continuada e planos de carreira.
Em 2007, no governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va, foi instituído o Fundo de Desenvolvimento da Educação Bási-
ca, cujos objetivos são, também, de obter financiamento para a 
educação básica e não só para o ensino fundamental, como era 
anteriormente, com o FUNDEF.
© Políticas da Educação Básica14
A Lei nº 11.494/07, que criou o FUndEB, estende os bene-
fícios para os demais níveis do ensino básico, incluindo as etapas 
correspondentes à educação de jovens e adultos, bem como as co-
munidades indígenas e quilombolas, além da educação especial, 
o suporte financeiro que considera adequado para todo o seu de-
senvolvimento, incluindo, ainda, as fontes financiadoras do fundo, 
a obrigação dos repasses da União que regulamenta e a distribui-
ção e a fiscalização dos recursos, entre outras medidas.
Continuando nosso estudo, abordaremos a CF/1988, a Lei 
Federal nº 8.069/90, que instituiu o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente e a Lei Federal nº 9.394/96, que estabeleceu a LdB.
Constituição Federal de 1988 
no Artigo 6º, Capítulo ii, Título ii da CF/88 fica garantido que 
a educação se constitui legalmente um direito social, ao lado de 
outros direitos fundamentais, vindo ao encontro dos ideais preco-
nizados por diversos documentos, dentre eles a Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem e do Cidadão,proclamada pelas 
Nações Unidas.
A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205, enfatiza 
o dever do Estado face à educação nos seguintes termos: a educa-
ção é um direito que deve ser garantido em regime de correspon-
sabilidade entre o Estado e a família, no que condiz à oferta de va-
gas e à permanência dos alunos nas escolas, tendo por finalidade o 
"pleno desenvolvimento da pessoa, o preparo para o exercício da 
cidadania e a qualificação para o trabalho", dentro dos princípios 
educacionais que contemplam a igualdade, a permanência na es-
cola, a liberdade como fundamento da prática educativa e cultural, 
o respeito à diversidade de concepções pedagógicas e o ensino 
público gratuito de qualidade.
Além desses direitos e deveres estabelecidos, a Lei Maior 
ainda dispõe sobre:
Claretiano - Centro Universitário
15© Caderno de Referência de Conteúdo
• A estrutura curricular constituída por conteúdos mínimos 
que visam à formação básica comum.
• Sistemas escolares organizados pelo Poder Público em 
"regime de colaboração", cabendo aos Estados e ao DF 
atuar, prioritariamente, nos níveis de ensino fundamen-
tal e médio; e aos Municípios, cabe exercer nos níveis da 
educação infantil e ensino fundamental.
• A porcentagem mínima que cada instância deverá aplicar 
em educação e o estabelecimento de um Plano Nacional 
de Educação, plurianual, articulado com as diversas instân-
cias do Poder Público, visando erradicar o analfabetismo.
Lei Federal nº 8.069/90
Para darmos continuidade nessa abordagem geral, veremos 
a Lei Federal 8.069/90, que instituiu o Estatuto da Criança e do 
Adolescente – ECA. 
Possivelmente, você esteja, de alguma forma, familiarizado 
com a situação da infância em nosso país, como reflexo da questão 
social que é a desigualdade. No campo educacional, o ECA está em 
consonância com a CF/88 e com a LDB. Observe:
• O núcleo principal da doutrina que fundamenta o ECA 
está centrado em duas frentes não excludentes: as medi-
das de proteção e as medidas socioeducativas.
• A doutrina distingue três categorias jurídicas de crianças 
e de adolescentes, ou seja, existe para o legislador: o me-
nor carente; o menor vítima e o menor infrator.
• Para cada uma dessas categorias, a lei estabelece regras 
específicas no sentido de garantir e de promover a prote-
ção dos menores.
O ECA estabelece medidas de proteção à criança e aos ado-
lescentes. Veja, a seguir, algumas dessas medidas:
a) A família tem o dever de criar e de educar seus filhos, de 
maneira que estes somente serão tirados do ambiente 
© Políticas da Educação Básica16
familiar quando suas necessidades fundamentais estive-
rem em situação de perigo.
b) A autoridade constituída dará o encaminhamento ade-
quado ao menor que, em razão de abandono, maus tra-
tos, violência ou outros fatores que atentam contra seus 
direitos, foi retirado do convívio familiar. 
c) A família, em conjunto com a comunidade, obrigatoria-
mente, matriculará e manterá menores em idade no en-
sino fundamental e, em caso de negligência por parte 
dos responsáveis, estes serão indiciados.
d) O Estado e a sociedade deverão criar condições efetivas 
para o devido cuidado da saúde do menor, incluindo 
orientação e tratamento médico, psicológico, psiquiátri-
co, nos casos de envolvimento dos menores com o con-
sumo de álcool e de drogas.
Ao contrário do que muitos supõem, por meio do senso co-
mum, o ECA estabelece deveres e prevê medidas socioeducativas 
para os menores infratores. A Lei estipula competência ao Juizado 
de Menores para a aplicação das medidas que se seguem, sob o 
fundamento de que é preciso recuperar esses menores e, portan-
to, em lugar de medidas meramente penais, devem ser adotadas 
medidas de caráter socioeducativo. São elas:
a) Advertência por escrito, por meio de um termo legal, 
que envolve o menor em questão e os seus responsá-
veis, impondo a eles deveres e obrigações. 
b) Reparação de danos, no qual o menor e os responsáveis 
são obrigados a ressarcir os prejuízos causados.
c) Prestação de serviços à comunidade, obrigando o menor 
a cumprir socialmente o erro cometido individualmente.
d) Internação em estabelecimento educacional é uma me-
dida adotada em casos extremos, privando o menor de 
sua liberdade.
É importante conhecer a educação escolar brasileira em seus 
aspectos formais e organizacionais, com base nos referenciais le-
gais em vigor, como também sua estrutura e seu funcionamento, 
em seus aspectos didáticos, administrativos e formais, além das in-
dicações da legislação em vigor sobre o currículo escolar e a avalia-
ção do rendimento escolar, que regem o sistema escolar brasileiro.
Claretiano - Centro Universitário
17© Caderno de Referência de Conteúdo
Para sua melhor compreensão do que será exposto poste-
riormente, julgamos pertinente algumas indagações:
O que é um sistema? Quais são as condições essenciais para 
que tenhamos um sistema?
As expressões "sistema de educação", "sistema de ensino" e 
"sistema escolar" têm sido, muitas vezes, empregadas indistinta-
mente. A primeira Lei de Diretrizes e Bases (4.024/61), por exem-
plo, usa "sistema de ensino" e "sistema de educação", referindo-se 
à mesma realidade. Já as Leis nº 5.692/71 e nº 9.394/96 utilizam 
sempre a expressão "sistema de ensino".
Dessa forma, é necessário distinguir essas três expressões e 
um dos critérios utilizados para essa distinção é o grau de abran-
gência de cada uma delas. Vejamos:
• Sistema de educação: é a expressão que tem o sentido 
mais amplo de abrangência, pois se confunde com a pró-
pria sociedade. Em última análise, é a sociedade que edu-
ca, por meio de todos os agentes sociais – pessoas, famí-
lias, grupos informais, escolas, igrejas, clubes, empresas, 
meios de comunicação etc.
• Sistema de ensino: é a expressão de abrangência inter-
mediária. Além das escolas, inclui as instituições e as pes-
soas que se dedicam sistematicamente ao ensino – cursos 
ministrados de vez em quando, conferências, catequistas, 
professores particulares etc.
• Sistema escolar: é a expressão que tem abrangência mais li-
mitada, pois compreende uma rede de escolas e sua estrutura 
de sustentação. As escolas e sua estrutura podem ser conside-
radas um sistema, na medida em que formam um conjunto 
de elementos interdependentes, como um todo organizado. 
É acerca desta dimensão que discutiremos a seguir.
Neste estudo, identificaremos três condições básicas para 
que tenhamos um sistema:
© Políticas da Educação Básica18
• possuir vários elementos em ação;
• relacionar tanto interna como externamente esses ele-
mentos;
• constituir uma relação de dependência em um corpo or-
ganizado.
A partir do momento em que a sociedade humana institucio-
nalizou a escola como a agência específica de educação, a institui-
ção escolar passou a se constituir em um sistema com funções pró-
prias, existindo para atender às necessidades sociais mais gerais, e 
constituído por elementos adequados ao seu funcionamento.
Você deve estar se perguntando: afinal, o que é um sistema 
escolar? Para responder a essa questão, recorremos a José Queri-
no Ribeiro, que nos traz a definição que julgamos pertinente para 
a reflexão aqui proposta. Veja o que este autor nos diz:
Por sistema escolar se entende um conjunto de escolas que, to-
mando o indivíduo desde quando, ainda na infância, pode ou pre-
cisa distanciar-se da família, leva-o até que, alcançando o fim da 
adolescência ou a plena maturidade, tenha adquirido as condições 
necessárias para definir-se e colocar-se socialmente, com respon-
sabilidade econômica, civil e política (RIBEIRO apud MENEZES, 
2004, p. 127). 
Completando esta reflexão, este sistema escolar tem uma 
estrutura administrativa que garante o seu funcionamento no que 
diz respeito às normas e às competências, ou seja, todoum apara-
to legal que normatiza o funcionamento de uma organização. No 
caso específico do sistema escolar brasileiro, é a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional, a LDB 9.394/96, em acordo com os 
princípios democráticos estabelecidos na Constituição Federal de 
1988, além de pareceres e de resoluções. 
Considerando esse corpo jurídico, temos uma disposição or-
ganizacional do sistema escolar brasileiro baseada em uma dispo-
sição hierárquica de competências que envolvem a União, os Esta-
dos, o Distrito Federal e os Municípios. Apesar de cada instância 
possuir suas próprias atribuições e funções, tanto a LDB quanto a 
Claretiano - Centro Universitário
19© Caderno de Referência de Conteúdo
Constituição Federal recomendam que seja seguido o princípio da 
interdependência entre os três níveis administrativos. 
Talvez, você esteja pensando: a formalidade de todas as atri-
buições e competências efetiva-se na prática do exercício cotidiano 
tanto dos órgãos responsáveis como das instituições envolvidas? 
Ou, em outras palavras, o que está previsto nas leis educacionais é 
colocado em prática?
A gestão democrática é apontada, tanto na Constituição Fe-
deral quanto na LDB 9.394/96, como importante diretriz para a 
implementação das políticas educacionais.
 Há uma intencionalidade jurídica incumbindo instâncias de 
deveres para com a educação escolar. Entretanto, as leis, por si só, 
não promovem as mudanças necessárias e urgentes. São as pes-
soas que fazem a diferença nas organizações, com sua formação 
política e comprometimento com a educação.
Além da estrutura administrativa que apresentamos, há, no 
sistema escolar brasileiro, uma estrutura didática que assegura a 
aprendizagem dos alunos. Para maior compreensão, podemos es-
tabelecer o que as diferencia. Vejamos:
• Estrutura administrativa: é responsável pelas condições 
materiais, físicas e jurídicas, de seu funcionamento, cons-
tituindo-se em "atividade-meio" da educação.
• Estrutura didática: está voltada para o objetivo primor-
dial da escola: o ensino aprendizagem constituindo-se em 
"atividade fim" da educação.
A LDB 9.394/96 sofreu alterações em seus artigos que regu-
lamentavam o ensino fundamental. Tratam-se das Leis Federais nº 
11.114/2005 e nº 11.274/2006, que estabelecem a obrigatorieda-
de do ensino fundamental aos seis anos de idade.
Essas alterações vêm garantir a inserção escolar a um grande 
contingente de alunos que estavam fora da escola.
© Políticas da Educação Básica20
É importante destacar na LDB a flexibilidade quanto ao calen-
dário escolar, à organização e à classificação dos alunos na etapa do 
ensino fundamental, considerando a extensão territorial do país.
 Em relação à sua organização, cabe a cada sistema escolar 
dividir o ensino fundamental em ciclos, séries, semestres ou ou-
tras formas de periodização. 
No que diz respeito à classificação dos alunos, a lei permite 
que cada sistema escolar estabeleça regras próprias para classifi-
cá-los, independentemente de estarem promovidos.
Além do exposto, é fundamental abordarmos a importância 
do currículo escolar para o desenvolvimento integral das pessoas. A 
atual LDB dispõe um conjunto de iniciativas no campo do currículo 
escolar articulado com outros aspectos da vida escolar, visando al-
cançar o padrão de qualidade de ensino proclamado pela legislação 
e desejado por todos. Assim, pensando na melhoria do ensino fo-
ram formulados e instituídos os Parâmetros Curriculares Nacionais 
e as Diretrizes Curriculares Nacionais, que poderão ser adaptados às 
peculiaridades locais dos sistemas escolares brasileiros.
No que diz respeito à avaliação do rendimento escolar es-
pecificamente, a atual LDB também a aborda, prevendo a flexibi-
lidade em relação aos métodos de avaliação, deixando que cada 
sistema escolar adote seus próprios critérios, dentro dos que a 
presente lei estabelece como ideais: 
• Avaliação contínua e cumulativa, valorizando, assim, o 
desempenho do educando ao longo de todo o ano letivo. 
• Aceleração e aproveitamento de estudos, possibilidade 
de avanço em cursos e séries, conforme a verificação de 
rendimento de alunos que, por algum motivo, se encon-
tram fora da idade escolar regular. 
• Obrigatoriedade de estudos de recuperação, contínua e 
paralela ao ano letivo.
Claretiano - Centro Universitário
21© Caderno de Referência de Conteúdo
Todos esses aspectos da educação descritos até então nos 
remetem, sem dúvida, aos profissionais da educação – o gestor, o 
coordenador, o supervisor e, em particular, o professor – enquan-
to responsáveis pelo fazer pedagógico das escolas.
Vale destacar que somente em 1930 surgiram as Faculdades 
de Filosofia, Ciências e Letras, que, com o tempo, passaram a se 
constituir em formadoras de professores por meio de seus cursos 
de licenciaturas.
Entretanto, somente com a LDB 4.024/61 a profissão docente 
ganhou maior formalidade legal, atentando o legislador para o pro-
cesso de formação dos professores e demais profissionais de ensino.
 A legislação educacional sempre esteve, de alguma forma, 
atrelada aos interesses econômicos, políticos e sociais do país. 
Com o advento da Ditadura Militar, uma nova Lei de Diretrizes e 
Bases é sancionada – a LDB 5.692/71.
Nesta LDB, a formação de professores e especialistas para 
o ensino de 1º e 2º graus será feita em níveis que se elevem pro-
gressivamente, ajustando-se às diferenças culturais de cada região 
do país, e com orientação que atenda aos objetivos específicos de 
cada grau, às características das disciplinas, à área de estudos e às 
fases de desenvolvimento dos educandos.
Com o fim do regime militar, o país vive um novo ciclo político, 
marcado pela democratização e pelo Estado de direito, impondo a 
necessidade de reformular a "lei maior" da educação. É nesse con-
texto político e social que a LDB 9.394/96 é promulgada, definindo 
os fundamentos nos quais se basearão a formação dos profissionais 
da educação, de modo a atender à nova realidade do País.
Diante dessa situação, em 1998, as iniciativas governamentais 
começaram a ser adotadas, embora ainda não tenham obtido o resul-
tado necessário, na reversão do quadro crítico da educação: O FUN-
DEF em 1998, e o FUNDEB em 2007, o Piso Salarial Mínimo em 2008, 
além de iniciativas isoladas de sistemas estaduais e municipais.
© Políticas da Educação Básica22
Com este estudo, poderemos constatar que, como reflexo da 
ausência de uma atuação mais efetiva do Estado no campo da edu-
cação, a formação de professores, além da valorização desses pro-
fissionais, sempre foram muito negligenciadas pelas autoridades.
 A formação de professores e a valorização da profissão do-
cente configuram como essenciais para a melhoria da qualidade 
da educação básica. Afinal, não bastam as leis, são as pessoas que 
fazem a diferença nas organizações. 
Bons estudos!
Glossário de Conceitos 
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom 
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados em Políticas da Educação Básica. 
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 
1) Currículo escolar: projeto que define as intenções, prin-
cípios e orientações educativas e proporciona informa-
ções concretas sobre o que ensinar, quando ensinar, 
como ensinar e como e quando avaliar. 
2) Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs): conjunto de 
definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos 
e procedimento da educação básica, expressas pela Câ-
mara de Educação Básica do Conselho Nacional de Edu-
cação, que orientam as escolas brasileiras dos sistemas 
de ensino na organização, articulação, desenvolvimento 
e avaliação de suas propostas pedagógicas. 
3) Educação Básica: nível de ensinoque compreende a edu-
cação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. 
4) Entulho autoritário: refere-se às leis que foram criadas 
durante a ditadura militar.
5) Globalização: conceito que designa a etapa do capitalis-
mo marcada pela intensificação da interdependência e 
das relações mundiais por meio da conjugação de fato-
res econômicos, sociais, políticos e culturais. 
Claretiano - Centro Universitário
23© Caderno de Referência de Conteúdo
6) Lei de Diretrizes e Bases da Educação: legislação que 
regulamenta o sistema educacional brasileiro (público e 
privado).
7) MEC-USAID: série de acordos entre o Ministério da Edu-
cação (MEC) e a United States Agency for International 
Development (USAID).
8) Modalidades de ensino: referem-se à educação de jo-
vens e adultos, educação profissional, educação a dis-
tância, educação especial e educação indígena. 
9) Municipalização do ensino: refere-se ao processo de 
descentralização das responsabilidades com o ensino, 
transferindo aos municípios a responsabilidade de or-
ganizar, manter e desenvolver seus sistemas de ensino, 
oferecendo obrigatoriamente a educação infantil e em 
alguns casos o ensino fundamental. 
10) Neoliberalismo: conjunto de ideias políticas e econômi-
cas que defendem o Estado mínimo, a desregulamenta-
ção da economia, a privatização das empresas estatais 
etc.
11) Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): referenciais 
elaborados pelas secretarias de educação fundamental 
e média do MEC que visam apoiar a revisão e/ou a ela-
boração das propostas curriculares dos estados ou das 
escolas integrantes dos sistemas de ensino. 
12) Políticas educacionais: conjunto de ações adotadas pe-
los governos para garantir o direito à educação ou para 
estruturar, organizar e manter os sistemas de ensino, 
formar profissionais etc.
13) Sistema de ensino: refere-se à organização e à articula-
ção das instituições, órgãos e atividades de ensino dos 
municípios, dos estados ou da União.
14) Sistema escolar: compreende a rede de escolas e suas 
estruturas de sustentação. 
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais 
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um 
© Políticas da Educação Básica24
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você 
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o 
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o 
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas 
próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre 
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. 
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos 
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
Claretiano - Centro Universitário
25© Caderno de Referência de Conteúdo
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). 
© Políticas da Educação Básica26
 
 
 
 
 
 
Legislação 
Planos
Reformas
ESTADO SOCIEDADE
Interesses
econômicos e 
políticos 
Organização e 
estrutura do ensino 
Valores
Concepção de 
educação
Forma de governo 
Participação 
política
EDUCAÇÃO
Função social da 
escola
Direito à 
educação 
Pressões
externas 
Educação
democrática e de 
qualidade
Formação geral e 
humanística
Qualificação 
profissional
Exercício pleno de 
cidadania
Desenvolvimento
econômico e 
legitimação do 
poder 
POLÍTICAS
EDUCACIONAIS
Distribuição de 
renda
Melhoria nas 
condições de vida
Transformações
técnico-científicas,
econômicas, políticas, 
sociais e culturais 
Concepções e práticas 
Ideologia/Partido
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo de Políticas 
da Educação Básica. 
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre 
os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu 
Claretiano - Centro Universitário
27© Caderno de Referência de Conteúdo
processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos Conceitos-cha-
ve é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar 
àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferra-
mentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades 
didático-pedagógicas realizadas presencialmente no polo. Lem-
bre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na 
construção de seu próprio conhecimento. 
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. 
 Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática pode ser uma forma de você avaliar o 
seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões per-
tinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a ava-
liação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira 
privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma for-
mação sólida para a sua prática profissional. 
As questões de múltipla escolha são as que têm como respos-
ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por 
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos 
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, 
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res-
posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, 
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. 
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus 
colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seusestudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
© Políticas da Educação Básica28
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, 
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É 
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e 
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem 
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se 
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a 
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, 
uma capacidade que nos impele à maturidade. 
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. 
Claretiano - Centro Universitário
29© Caderno de Referência de Conteúdo
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 
Claretiano - Centro Universitário
1
EA
D
Políticas de Educação 
Básica: Aspectos 
Históricos, Sociais 
E Políticos
1. OBJETIVOS
• Identificar e analisar as políticas de educação adotadas 
pelo Estado brasileiro na atualidade, considerando o con-
texto das transformações técnico-científicas, econômicas, 
políticas, sociais e culturais do mundo contemporâneo. 
• Compreender a trajetória histórica das reformas educa-
cionais e dos planos de educação no Brasil e analisar as 
relações entre Estado, Sociedade e Educação.
• Discutir o impacto da globalização e do neoliberalismo no 
direcionamento das políticas educacionais no Brasil. 
2. CONTEÚDOS
• Panorama histórico da educação básica no Brasil.
• Planos nacionais de educação e reformas educacionais. 
• Neoliberalismo, globalização e educação no Brasil.
© Políticas da Educação Básica32
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli-
citados no Glossário de conceitos e suas relações com 
o Esquema dos Conceitos-chave para o estudo de todas 
as unidades deste Caderno de Referência de Conteúdo. 
Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempe-
nho.
2) Leia os livros indicados nas referências bibliográficas 
para que você amplie seus conhecimentos sobre as polí-
ticas educacionais do Brasil. 
3) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser inte-
ressante conhecer um pouco da biografia de alguns es-
tudiosos, cujo pensamento é utilizado como referência 
para a aprendizagem dos conteúdos desta unidade:
Dermeval Saviani
Professor doutor em Filosofia da Educação pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo. Professor emérito da 
UNICAMP e coordenador geral do grupo de estudos e pes-
quisas "História, Sociedade e Educação no Brasil" (HISTE-
DBR) (imagem disponível em: <http://www.fae.unicamp.br/
dermeval/index2.html>. Acesso em: 21 abr. 2012).
Florestan Fernandes (1920-1995)
Foi um dos mais importantes sociólogos brasileiros e 
militante em favor da escola pública e gratuita (imagem 
disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/
fundamentos/florestan-fernandes-428160.shtml>. Aces-
so em: 21 abr. 2012).
Claretiano - Centro Universitário
33© U1 - Políticas de Educação Básica: Aspectos Históricos, Sociais e Políticos
Gustavo Capanema 
Gustavo Capanema foi Ministro da Educação de 1937 a 1945, 
foi responsável por uma série de projetos importantes de reorga-
nização do ensino no país, assim como pela organização do 
Ministério da Educação em moldes semelhantes ao que ainda é 
hoje. O apoio dado por Capanema a grupos intelectuais e, espe-
cialmente, a arquitetos e artistas plásticos de orientação moder-
na contribuiu para cercar sua gestão de uma imagem de moder-
nização na esfera educacional que ainda não havia sido exami-
nada mais detalhadamente (imagem disponível em: <http://
www2.camara.gov.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_
biografia?pk=119086>. Acesso em: 21 abr. 2012). 
José Carlos Libâneo
Professor doutor em Filosofia e História da Educação pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990), 
pós-doutorado pela Universidade de Valladolid, Espanha 
(2005), professor titular aposentado da Universidade Fe-
deral de Goiás. Atualmente, é professor titular da Univer-
sidade Católica de Goiás, atuando no Programa de Pós-
-Graduação em Educação (imagem disponível em: <http://
www.pedagogia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/con-
teudo.php?conteudo=50>. Acesso em: 21 abr. 2012).
Moacir Gadotti
Professor doutor em educação pela Universite de Gene-
ve. Atualmente, é professor titular da Universidade de São 
Paulo e diretor geral do Instituto Paulo Freire (imagem dis-
ponível em: <http://www.pedagogia.seed.pr.gov.br/modu-
les/conteudo/conteudo.php?conteudo=46>. Acesso em: 
21 abr. 2012).
Paulo Freire (1921-1997)
Foi um educador pernambucano e o criador do método de 
alfabetização que revolucionou a educação de adultos a 
partir dos anos de 1950. Sua obra constituiu-se em refe-
rência para a construção da chamada "Pedagogia Liber-
tadora" (imagem disponível em: <http://www.psicopedago-
giabrasil.com.br/biografia_paulo_freire.htm>. Acesso em: 
21 abr. 2012). 
© Políticas da Educação Básica34
Paulo Ghiraldelli Junior
Filósofo e escritor. Doutor em Filosofia pela USP e em 
Filosofia Da Educação pela PUC-SP. Obteve sua livre-
-docência pela UNESP e tornou-se professor titular, 
com defesa de tese em filosofia e educação por esta 
universidade. Fez pós-doutorado na UERJ, na Medicina 
Social, com tese sobre "Corpo - Filosofia e Educação". 
Atualmente, é diretor do Centro de Estudos em Filosofia 
Americana (CEFA) e professor da Universidade Federal 
Rural do Rio de Janeiro (imagem disponível em: <http://
ghiraldelli.pro.br/cv/>. Acesso em: 21 abr. 2012). 
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, estudaremos as políticas da educação básica ado-
tadas no Brasil, considerando seus aspectos históricos, sociais e políti-
cos. Como sabemos, quando falamos em políticas de educação (assim 
como de quaisquer outras políticas públicas), estamos nos referindo, 
especificamente,à relação do Estado com a Sociedade. Quem estabe-
lece as políticas públicas, entre elas, as de educação, é o Estado. 
Dessa forma, podemos dizer que, no caso do Brasil, o Estado 
se concretizou formalmente com a Constituição de 1824. Portanto, o 
período colonial (1500-1822) não estará nessa abordagem histórica. 
É importante que você saiba que o período colonial (1500-
1822) se estende desde o descobrimento do Brasil até a forma-
lização de sua Independência. Após este marco, deu-se início ao 
período monárquico, o qual veremos no tópico seguinte.
Na atualidade, o direito à educação deve ser assegurado 
pelo Estado por intermédio de seu sistema de ensino, instituído a 
partir de normas, leis e diretrizes educacionais. Esses dispositivos 
legais e administrativos do sistema de ensino estão sujeitos a inte-
resses políticos e econômicos, pois resultam do embate das forças 
sociais que se movimentam na sociedade. 
Ao longo da história da estrutura e da organização do siste-
ma de ensino no Brasil, as transformações do mundo do trabalho, 
a forma de governo adotada no país, os interesses econômicos e 
Claretiano - Centro Universitário
35© U1 - Políticas de Educação Básica: Aspectos Históricos, Sociais e Políticos
políticos dos grupos no poder e as reivindicações de diferentes 
movimentos sociais marcaram o processo de ampliação do atendi-
mento escolar e os princípios organizacionais, pedagógicos e curri-
culares que orientaram a educação nacional. 
Assim, para compreender as atuais políticas educacionais no 
Brasil, precisamos analisar a sua trajetória histórica e as relações 
entre Estado, Sociedade e Educação ao longo do tempo.
5. PANORAMA HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
NO BRASIL 
Considerando o ponto de vista formal da história, o Brasil 
tornou-se verdadeiramente uma nação quando o então Imperador 
Pedro I, em 1824, outorgou a Carta Magna, sendo esta a primeira 
Constituição da história do Brasil e a única do regime monárquico. 
Depois dela, teríamos, ainda, mais cinco cartas constitucionais, to-
das proclamadas durante a vigência do regime republicano.
Dessa forma, podemos perceber a importância de uma 
Constituição, pois ela estabelece os direitos e os deveres para to-
dos os indivíduos que constituem uma dada comunidade, além de 
estabelecer paradigmas que nortearão a intervenção do Estado no 
campo das políticas sociais ou das políticas públicas. É por meio 
da Constituição, portanto, que os indivíduos tomam conhecimen-
to sobre seus direitos nas áreas de saúde, educação, previdência, 
lazer, cultura, esportes, entre outros. Por isso, é comumente cha-
mada de "Lei Maior", pois todo o corpo legislativo restante se nor-
teará pelo respeito e cumprimento de seus dispositivos.
Outros dois aspectos importantes que devemos considerar 
quando tratamos do "corpo jurídico" de uma nação são: em pri-
meiro, contextualizar tal código de leis, ou seja, estabelecer rela-
ções com o momento político, econômico, cultural e social pre-
sente naquele momento de sua elaboração e sanção; em segundo 
lugar, não podemos nos esquecer de que não há neutralidade em 
© Políticas da Educação Básica36
matéria de legislação, ou seja, a lei é resultado dos embates trava-
dos entre interesses conflitantes no corpo social, representando, 
portanto, interesses de classes. 
Analisando esses aspectos, é possível elaborar um esboço 
histórico da educação básica no Brasil, tanto no período monárqui-
co quanto no republicano, tendo como pano de fundo a legislação 
específica para a área educacional, expressa, particularmente, pe-
las Constituições Federais vigentes ao longo desses períodos.
Como mencionado anteriormente, a partir de 1824, o Brasil, 
em termos políticos e jurídicos, efetivou sua independência após 
três séculos de colonialismo mercantilista empreendido pela me-
trópole portuguesa. A Carta Constitucional de 1824 representou a 
consagração das lutas separatistas iniciadas no século 18 por meio 
de movimentos como a Inconfidência Mineira de 1789 e a Conju-
ração Baiana de 1798, passando pela Revolução Pernambucana de 
1817 e o Grito do Ipiranga de 1822. O contexto político da Carta 
de 1824 foi marcado, portanto, pela necessidade de consolidação 
da independência política e pelas disputas entre facções da eli-
te, culminando com o fechamento da Assembleia Constituinte por 
parte do Imperador Pedro I, o qual, em seguida, nomeou uma co-
missão de juristas responsável por elaborar o texto constitucional, 
corroborado pelo Imperador em 25 de março de 1824. Assim, a 
Constituição de 1824 teve caráter de outorga, pois não foi fruto da 
soberania popular por meio de seus representantes.
A Constituição de 1824 previa poderes especiais ao Impera-
dor por meio de um quarto poder – o Poder Moderador –, o qual 
protegia a propriedade privada, não tocava na instituição da escra-
vidão, instituía um sistema eleitoral censitário e proclamava a re-
ligião católica como religião oficial, além de ser classificada como 
liberal por seus autores: 
A Constituição não fala em escravos. Ora, é estranho dizer que é 
liberal e excluir um terço da população. Contudo, é a consciência 
possível no princípio do oitocentos (IGLÉSIAS, 1987, p. 21) . 
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37© U1 - Políticas de Educação Básica: Aspectos Históricos, Sociais e Políticos
No capítulo da Constituição sobre Educação, há somente 
uma declaração de "boas intenções" de garantia de instrução pri-
mária gratuita para todos os cidadãos brasileiros sem, no entanto, 
dizer como promover, efetivamente, essa garantia. Digamos que, 
com a Constituição de 1824, se inicia, no Brasil, uma tradição mar-
cada pela enorme distância entre o texto legal e a realidade con-
cretamente vivida, tornando, assim, a lei uma "letra morta" em 
nossos costumes cotidianos. 
O fato é que, ao longo de todo o século 19, não houve, por 
parte do Poder Público, iniciativas no sentido de priorizar a edu-
cação escolar, em especial a educação básica, tornando-a um sis-
tema organizado e sistematizado. Na verdade, continuaram-se 
iniciativas inauguradas por D. João VI quando da permanência da 
Família Real no Brasil (1808-1821), que, por força da necessidade 
de aparelhar a máquina burocrática, se viu impelido a criar escolas 
de ensino superior em algumas localidades da então colônia. 
Assim, a partir da Independência em 1822 até a proclama-
ção da República em 1889, as iniciativas do Estado monárquico, 
em termos de Educação, continuaram levando em consideração 
a valorização dos cursos superiores em detrimento da educação 
básica. Tais iniciativas (sem se constituir em uma política educa-
cional propriamente dita) vêm ao encontro do modelo de socie-
dade hierarquizada, escravista e aristocrática, com altos índices de 
analfabetismo e sustentada por uma economia agrário-comercial-
-exportadora muito bem apontada por Maria Luisa Santos Ribeiro 
(2003). 
Em 1827, é aprovada pela Assembleia Legislativa instalada 
no Rio de Janeiro, a capital do Império, uma lei especificamente 
para a educação básica, determinando a criação de escolas de 
primeiras letras nas localidades de maior expressão populacional, 
denominação aplicada naquela época para a escola de nível ele-
mentar. Essa lei determinava, ainda, que, em termos de conteúdos 
curriculares, fossem ensinados, obrigatoriamente, a história do 
© Políticas da Educação Básica38
Brasil, a doutrina cristã e a leitura. A essa lei não houve resultados 
práticos e tal conclusão foi, inclusive, registrada por relatórios das 
próprias autoridades do Império. 
Primeira capital do Brasil ––––––––––––––––––––––––––––––
O Brasil teve como primeira capital a cidade de Salvador e, posteriormente, o Rio 
de Janeiro até o ano de 1960, quando foi inaugurada a cidade de Brasília, a qual 
assumiu como capital.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––No bojo dos acontecimentos que culminaram com a abdica-
ção de Pedro I em 1831, a elite agrária passava, então, a assumir o 
governo do Império diretamente, visto que o herdeiro não tinha ida-
de compatível com os dispositivos constitucionais vigentes. Trata-se, 
portanto, de uma fase intermediária na história política do Império, 
conhecida como Regência (1831-1840), marcada por intensas lutas 
populares e conflitos de interesses dentro da fração das elites que, 
por pouco, culminaram com a fragmentação do território brasileiro.
Com a finalidade de acomodar a Constituição de 1824 às cir-
cunstâncias políticas reais, foi aprovada pelo governo da Regência 
uma emenda chamada de Ato Adicional em 1834. Entre outras me-
didas tomadas por essa adição constitucional, decidiu-se pela des-
centralização de competências em relação à educação escolar, ou 
seja, caberia aos governos provinciais a atribuição do ensino secun-
dário e ensino elementar e ao Governo Central a atribuição de "pro-
mover e regulamentar o ensino superior" (ARANHA, 1996, p. 152). 
Tal medida terminou, definitivamente, com a incipiente or-
ganização do sistema escolar brasileiro. Atribuindo às províncias 
a função da promoção dos ensinos secundário e elementar, a Re-
gência deixou a critério dos grupos políticos regionais os desígnios 
de investir ou não em educação básica. Além disso, as carências 
estruturais das províncias não permitiam grandes iniciativas no 
campo educacional.
Os efeitos dessa medida descentralizadora podem ser observa-
dos durante a segunda metade do século 19 e início do século 20. 
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39© U1 - Políticas de Educação Básica: Aspectos Históricos, Sociais e Políticos
Apenas iniciativas esparsas e isoladas puderam ser percebidas ao lon-
go desse período, não integrando um sistema educacional orgânico e 
consistente. A ausência do Estado no campo educacional impediu ini-
ciativas particulares nessa área, que visavam ocupar um espaço vazio 
e atender aos interesses localizados de classe. Daí o caráter elitista e 
excludente da educação brasileira desde os seus primórdios. 
Um exemplo do que estamos afirmando é observado quando 
visualizamos o mapa de instituições escolares fundadas no Brasil du-
rante o século 19. Podemos constatar que o campo do ensino supe-
rior foi intencionalmente privilegiado pelo Poder Público, por meio 
da promoção e da criação de escolas superiores de Medicina, de 
Engenharias e, principalmente, de Direito, reforçando, assim, nossa 
tradição bacharelesca. Os cursos de Direito de São Paulo e de Recife 
são alçados à condição de Faculdade, ambas de 1854, tornando-se, 
especialmente a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 
São Paulo, centros privilegiados de formação da elite brasileira.
Nos demais níveis de educação, as principais referências são 
da iniciativa particular, com exceção do Colégio Pedro II, funda-
do no Rio de Janeiro, em 1837, que se tornou instituição modelo 
para as demais escolas de nível secundário, além de agregar com 
o tempo boa parte da elite intelectual brasileira daquele tempo e, 
obviamente, frequentado por alunos oriundos das classes mais ri-
cas do país. Além disso, tivemos a iniciativa de religiosos católicos, 
como a dos padres Lazaristas em Minas Gerais que fundaram o 
Colégio do Caraça, a experiência de religiosos protestantes em São 
Paulo com a fundação do Colégio Mackenzie (1870) e as primeiras 
incursões dos positivistas na área da educação com a criação, em 
Campinas, da Sociedade Culto à Ciência.
Como não havia a obrigatoriedade da conclusão de uma eta-
pa para prosseguir os estudos em outro nível, a função da escola 
secundária era meramente de preparação para o ensino superior, 
privilégio de poucos. O mesmo aplica-se à escola elementar, cha-
mada "escola de primeiras letras", cuja oferta era tão pequena 
© Políticas da Educação Básica40
quanto irregular, pois também não tinha a exigência de conclusão. 
Os mais ricos contratavam professores-preceptores que iniciavam, 
em casa, seus filhos aos conhecimentos básicos de leitura, escrita, 
operações simples de matemática, entre outros. 
No que diz respeito à formação de professores, persistia a 
mesma negligência. De um modo geral, tinham uma formação 
precária e dedicavam-se a outras atividades além do magistério, 
em virtude da baixa remuneração que recebiam pelo trabalho 
docente. Têm-se registros de alguns esforços com a formação de 
professores por meio da criação de escolas normais, inicialmente 
franqueadas somente para homens, no Rio de Janeiro (1835), na 
Bahia (1836), no Ceará (1845) e em São Paulo (1846). 
A partir da década de 1870, o regime monárquico entra em 
sua fase de decadência, causada, particularmente, pela re-estru-
turação econômica do país, sobretudo pela ascensão de uma nova 
elite – a elite paulista do café – e pela emergência do Exército 
como categoria política ativa. A modernização urbana, a transição 
do trabalho escravo para o trabalho assalariado e as pequenas ini-
ciativas industrializantes contribuíram para a queda de Pedro II, 
cujo reinado não soube se adaptar às transformações do tempo.
Duas tentativas reformistas no campo da educação ainda 
foram propostas nos derradeiros anos da Monarquia. A primeira, 
de 1879, conhecida como Reforma Leôncio de Carvalho, propunha 
um conjunto de normas para o ensino em todos os níveis e susten-
tava princípios liberais aplicados à educação, tais como liberdade 
de ensino e credo religioso, além de outras propostas progressis-
tas, mas pouco foi concretizado, vindo ao encontro de nossa tra-
dição: apesar das boas intenções, o resultado prático da lei não 
passa de "letra morta".
Por último, houve uma nova tentativa de reforma educacio-
nal entre os estertores do regime monárquico, agora proposta por 
Rodolfo Dantas em 1882. Tal reforma, que nem chegou a ser apre-
ciada pela Assembleia Legislativa, teve o mérito de ser esmiuçada 
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41© U1 - Políticas de Educação Básica: Aspectos Históricos, Sociais e Políticos
por Rui Barbosa, que, ao externar publicamente em relatório so-
bre a proposta de reforma da educação, afirmou: 
Deploro profundamente a perigosa anarquia reinante na educação 
que todos recebemos; e nenhum desejo em mim é maior do que o de 
ver modificarem-se radicalmente os princípios pedagógicos e os pro-
gramas em vigor. O que sustento é que o progresso e o melhoramento 
não se podem efetuar pela iniciativa da sociedade inteira; que hão de 
ser obra de alguns indivíduos, assaz esclarecidos para avaliar a necessi-
dade, assaz potentes para vencer a resistência passiva de uma imensa 
maioria, que ignora ainda em que direção se há de encaminhar. Orga-
nizar-se por si mesmo um ensino liberal é impossível: cumpre, pois, 
organizá-lo [...] (BARBOSA apud STEPHANOU; BASTOS, 2005, p. 98). 
Podemos observar que a Educação no Brasil do século 19, ou 
seja, durante o regime monárquico, teve caráter eminentemente 
elitista, constituindo-se em acesso para poucos, em uma socieda-
de escravista e com a maioria de analfabetos. As iniciativas na área 
da educação ficaram a cargo de particulares, religiosos ou leigos, 
priorizando o Poder Público a promoção do ensino superior. Pou-
cas escolas, negligência na formação de professores, ausência de 
um sistema escolar: eis o retrato da educação no oitocentos bra-
sileiro. 
Com a Proclamação da República em 15 de novembro de 
1889, assistimos a uma reorganização da elite política com vistas 
a aparelhar o Estado e colocá-lo na defesa de seus interesses pró-
prios. O café continua norteando os rumos da economia e, com 
ele, uma elite supostamente "progressista" – a elite do oeste pau-
lista –, embalada por um liberalismo muito mais oportunista do 
que propriamente fruto de convicções mais profundas, surgindo, 
assim, a política até, pelo menos, 1930.No entanto, nasce a Constituição de 1891 sob o signo do li-
beralismo, que enfatiza o caráter republicano, federalista e laico 
do Estado brasileiro e cria um sistema representativo, baseado no 
voto direto e aberto. O direito de votar, contudo, não é estendido 
aos analfabetos – a grande maioria dos brasileiros na época –, às 
mulheres, aos religiosos e aos militares de baixa patente.
© Políticas da Educação Básica42
No campo da educação, a Constituição de 1891 permanece 
com o descentralismo introduzido pelo Ato Adicional de 1834, es-
tabelecendo que o ensino superior e o ensino secundário ficariam 
a cargo da União e caberiam aos Estados os ensinos elementar e 
profissional. Na realidade, não houve grandes mudanças na edu-
cação escolar brasileira com o advento da República. Na prática, 
persiste o modelo decorrido dos tempos monárquicos.
Além disso, foram anunciadas muitas tentativas de caráter 
reformista que não malograssem nada de concreto e prático. Veja, 
a seguir, as reformas anunciadas: 
a) Reforma Benjamim Constant de 1890: notadamente volta-
da para as escolas sediadas no Rio de Janeiro e fortemente 
marcada pela influência positivista, além de permitir a cria-
ção do Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos.
b) Reforma Rivadávia Correia de 1911: permitia total au-
tonomia aos estabelecimentos de ensino e, inclusive, a 
frequência às aulas de caráter facultativo.
c) Reforma Carlos Maximiniano de 1915: voltada para o 
ensino secundário, criou a obrigatoriedade do diploma 
nessa etapa de ensino para que o aluno continuasse 
seus estudos no nível superior. 
d) Reforma Luiz Alves/Rocha Vaz de 1925: novamente, 
teve no ensino secundário seu foco preferencial e criou 
normas para a admissão nos cursos de nível superior.
A partir da década de 1920, em decorrência da Primeira 
Guerra Mundial (1914-1918), deparamo-nos com um novo cenário 
mundial e percebemos uma relativa mudança nas bases de sus-
tentação econômica do país, fazendo crescer uma tímida indus-
trialização em São Paulo, acelerada com a política de substituição 
de importações que atraía contingentes de imigrantes europeus 
para a cidade. No campo das ideias, ocorre uma movimentação 
inquietante entre intelectuais comprometidos com a educação e a 
implementação de ideias renovadoras.
Surge, então, a Associação Brasileira de Educação formada 
por intelectuais militantes, envolvidos profissionalmente com a 
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educação e ávidos por mudanças radicais nessa área. Esse movi-
mento ficou conhecido como Escola Nova, cujos membros pro-
pagavam suas ideias por meio de conferências em diversas lo-
calidades do país. Os fundamentos do Escola Nova estavam no 
pensamento liberal que concebia a educação como uma forma de 
democratização da sociedade. Por isso, defendiam, ardorosamen-
te, a escola pública, gratuita, laica e obrigatória como maneira de 
oferecer oportunidades iguais para todos. 
O principal ideólogo do Escola Nova foi Anísio Teixeira (1900-
1970), intelectual baiano cuja formação sofreu forte influência do 
pensador norte-americano John Dewey (1859-1952). Sua atuação 
como pensador e militante das questões educacionais marcou 
diversas iniciativas reformistas tanto no Brasil quanto em toda a 
América Latina. Entre as crenças sobre a capacidade da Educação 
em oferecer oportunidades a todos, dizia: 
Os ideais e aspirações, contidos no sistema social democrático, en-
volvem a igualdade rigorosa de oportunidades entre todos os indi-
víduos, o virtual desaparecimento das desigualdades econômicas e 
uma sociedade em que a felicidade dos homens seja amparada e fa-
cilitada pelas formas mais lúcidas e mais ordenadas. Essas aspirações 
e esses ideais serão, porém, uma farsa, se não os fizermos dominar 
profundamente o sistema público de educação. [...] A escola tem que 
dar ouvidos a todos e a todos servir. Será teste de sua flexibilidade, da 
inteligência de sua organização e da inteligência dos seus servidores. 
(TEIXEIRA apud GADOTTI, 2002, p. 244-245, grifo nosso). 
Ao lado de outros importantes intelectuais do tempo, tais como 
Fernando de Azevedo, Paschoal Leme e Lourenço Filho, a atuação de 
Anísio Teixeira inspira, na década de 1920, importantes reformas edu-
cacionais nos Estados da federação. Dentre elas, podemos citar:
a) Reforma Sampaio Dória, em São Paulo (1920).
b) Reforma Lourenço Filho, no Ceará (1923).
c) Reforma Anísio Teixeira, na Bahia (1925).
d) Reforma Francisco Campos/Mário Casassanta, em Mi-
nas Gerais (1927).
e) Reforma Fernando de Azevedo, no Distrito Federal 
(1928).
© Políticas da Educação Básica44
Contudo, os efeitos concretos do movimento Escola Nova fo-
ram observados a partir de 1930, após um movimento civil-militar 
que derrubou a oligarquia do café, acontecimento que ensejou uma 
reorganização da fração elitista de perfil mais urbano e industrial. 
Capitaneada por Getúlio Vargas, inicia-se, a partir de 1930, uma 
nova fase na história política do país, que se prolonga até 1945. Essa 
nova etapa política corresponde à re-estruturação do sistema capi-
talista mundial com reflexos internos, tornando a necessidade de 
formação e qualificação de mão de obra uma necessidade iminen-
te do setor produtivo. Por essa razão, pela primeira vez, o Estado 
brasileiro assume o papel não só de agente promotor da educação, 
como, também, de estruturador de um sistema escolar em âmbito 
nacional. É evidente que ainda não podemos falar em "universaliza-
ção da escola básica", pois o ranço elitista historicamente estabele-
cido impediu a implantação de projetos reformistas mais radicais. 
Contudo, não restam dúvidas de que a Era Vargas (1930-1945) re-
presentou um corte na história da educação escolar brasileira.
O primeiro sintoma de que o Estado passaria a ocupar es-
paço no setor educacional foi percebido em 1930, quando o en-
tão Governo Provisório de Getúlio Vargas promoveu a criação do 
Ministério da Educação, entregando-o aos cuidados de Francisco 
Campos, que, na década anterior, iniciou a reforma educacional no 
estado de Minas Gerais.
Em 1932, os idealizadores do Escola Nova divulgam o "Ma-
nifesto dos Pioneiros de Educação Nova", tornando-se um marco 
não só no sentido de proposição de uma reforma educacional no 
Brasil, mas também de apresentar um diagnóstico da situação da 
educação vivida pelo país. As proposições dos escolanovistas des-
pertaram tanto a simpatia, inclusive de membros do governo Var-
gas, quanto reações contrárias, sobretudo de setores conservado-
res ligados à Igreja Católica. Tal conflito envolvendo escolanovistas 
e conservadores ficou evidente nas discussões preliminares que 
antecederam a promulgação da Constituição de 1934 – a segunda 
da República e a terceira da história do Brasil. 
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A Constituição de 1934 foi promulgada em 15 de julho, in-
corporando avanços possíveis para a época, tais como o voto se-
creto e a extensão do direito de voto às mulheres. Além disso, ela 
manteve o princípio federativo, republicano e, no campo da edu-
cação, estabeleceu competências maiores à União e aos demais 
entes da federação:
A [Constituição] de 1934, [...], incumbiu a União de ‘fixar o Plano 
Nacional de Educação, compreensivo do ensino de todos os graus e 
ramos, comuns e especializados, e coordenar e fiscalizar a sua execu-
ção em todo o território do país’. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1991, p. 45). 
Observe que tal constituição previa, ainda, medidas mais 
consistentes em relação à organização escolar. Veja, a seguir, quais 
são elas:
a) instituiu a obrigatoriedade e gratuidade do ensino pri-
mário;
b) fixou percentuais mínimos do orçamento da União e dos 
Estados que

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