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Atividade Avaliativa-Políticas E Gestão Na Educação

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1 
 
Disciplina: Políticas e Gestão na Educação 
Autores: M.e Jokasta Pires Vieira Ferraz 
Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva 
Revisão Ortográfica: Jaqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Jokasta Pires Vieira Ferraz 
 
 
 
 
 
 
 
 
Políticas e Gestão na Educação 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
FERRAZ, Jokasta Pires Vieira. 
Políticas e Gestão na Educação / Jokasta Pires Vieira Ferraz. – Curitiba, 
2016. 
47 p. 
Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva. 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. 
Material didático da disciplina de Políticas e Gestão na Educação – 
Faculdade São Braz (FSB), 2016. 
 ISBN: 978-85-5475-042-8 
 
 
 
 
4 
 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, bem como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Faculdade São Braz. 
 
 
 
 
 
5 
 
 
Apresentação da disciplina 
Estudar políticas e gestão na educação é ir além da sala de aula e 
extrapolar os muros da escola para entender as questões macros, que embora 
pareçam distantes da escola, estão intimamente ligadas com diversas condições 
presentes na vida escolar dos alunos e dos profissional da educação. 
A fundamentação de três conceitos principais inicia a disciplina, 
elucidando os conceitos de: Estado, Política e Gestão. A compreensão sobre a 
administração e a gestão escolar faz com que as práticas sejam repensadas, por 
vezes a gestão da escola é feita de forma intuitiva ou buscando somente atender 
a demandas burocráticas, as que se executada sem a devida articulação, se 
distanciará o trabalho pedagógico. Além, das questões intraescolares, estudar 
as políticas à nível nacional fornece o panorama de como as políticas públicas 
para educação interferem no cotidiano da escola. 
O professor, quando estuda sobre políticas e gestão na educação pode 
vislumbrar fatores que são externos ao planejamento das aulas (elaboração de 
avaliações e correções atividades), e o gestor escolar quando busca estudar e 
fundamentar sua prática faz refletir sobre como a gestão da escola deve estar a 
serviço do trabalho pedagógico para garantia do direito a educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
Aula 1 – Estado, política e gestão 
 
Apresentação Aula 1 
 
Nesta aula serão discutidos alguns aspectos gerais e fundamentais para 
aprofundarmos na temática. 
Serão trabalhados os conceitos que estão ligados principalmente ao 
campo da sociologia (Estado e política) e com o conceito de gestão que pode 
transitar tanto pelo campo da educação como pelo empresarial, diferenciar esses 
conceitos é fundamental para as próximas aulas. 
 
1. Estado e governo 
É usual, no senso comum, usar os termos Estado e Governo como 
sinônimos, mas faz-se necessário diferenciar os dois termos. O Governo é 
transitório e gere o Estado, que por sua vez, esta ligada a um Território. 
 
Na tipologia das formas de governo, leva-se mais em conta a estrutura 
de poder e as relações entre os vários órgãos dos quais a constituição 
solicita o exercício do poder; na tipologia dos tipos de Estado, mais as 
relações de classe, a relação entre o sistema de poder e a sociedade 
subjacente, as ideologias e os fins, as características históricas e 
sociológicas. (BOBBIO, 1987. p.104). 
 
 
Portanto, Estado e Governo não se constituem em sinônimos. 
 
Ví deo 
Assista o vídeo O que é Estado e Governo, de Luiza Blocker, o 
qual explica de maneira direta as diferenças entre o Estado e o 
Governo. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=iy5VB-GgI9A 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=iy5VB-GgI9A
 
 
7 
 
 
 
1.1 Conceituando Governo 
 
Pode-se listar vários tipos de governo, mas iremos tratar apenas dos 
regimes de Monarquia e República e das formas de governar autoritária e 
democrática. 
 A Monarquia, está ligada a ideia de hereditariedade, e a República pode 
ter duas variáveis da figura central governamental, podendo ser um sujeito ou 
eleito mediante voto ou um grupo. Outra forma de governo é o Autoritarismo, 
onde a participação popular é negada, e ao contrário desta tem-se o governo 
Democrático, que preza a participação da população nas decisões, onde temos 
governantes eleitos e a iniciativa popular deve ser ouvida e leva em consideração 
nas decisões para condução da gestão do Estado. 
A Democracia pode adotar formar de condução, a Democracia pode ser 
direta, por exemplo, com decisões coletivas, onde todos os indivíduos tem 
participação ou indireta, quando por meio de colegiados, constituídos por 
representantes de diversos segmentos, onde ações e decisões são tomadas. 
O Estado Brasileiro, já passou por diferentes configurações quanto aos tipos 
de governo, como podemos observar na imagem abaixo, que relaciona as 
constituições que o Estado Brasileiro já teve e suas respectivas formas e 
sistemas de governo. 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A FORMA E SISTEMA DE GOVERNO 
CONSTITUIÇÃO FORMA E SISTEMA DE GOVERNO 
1824 Monarquia hereditária constitucional e representativa 
1891 República presidencialista 
1934 República presidencialista 
1937 República presidencialista 
1946 
República presidencialista (1961/1962) – 
Parlamentarismo 
1967 Ditadura Militar 
 
 
8 
 
1988 República presidencialista 
 
Fonte: Elaborada pelo DI (2016). 
O Governo enquanto algo transitório e depende das conjecturas políticas 
presentes na sociedade, porém este governo não pode agir em discordância com 
a constituição vigente, e deve preservar os fundamentos do Estado Brasileiro, 
enquanto um estado democrático de direito. 
Segundo o artigo primeiro da Constituição Federal de 1988, a República 
Federativa do Brasil: formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios 
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. 
(BRASIL, 1988). 
 
 
 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
 
 
 
[...] 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livreiniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
[...] 
 
 
Disponível na integra em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 
 
 
 
1.2 Conceituando Estado 
 
 
9 
 
 Assim como o Governo é caracterizado por relações políticas, o Estado 
também o é, com a estrutura mais sólida e de difícil alteração (quando 
estabilizada), justamente por ser uma construção social de período amplo de 
consolidação. 
 
Curiosidade 
O Estado é uma forma de organização política que surgiu na Europa 
na época moderna (entre o século XIV e o século XVIII). Certas 
sociedades da antiguidade conheceram formas de organização 
política muito aperfeiçoadas, mas os Estados europeus e 
americanos caracterizavam-se, ao fim de um ou dois séculos, por 
traços comuns e específicos que permitem dar um conteúdo preciso 
à noção de Estado. Este não deve ser confundido com governo, isto 
é, com órgão central de decisão de uma coletividade. (CAPUL, 
Jean-Yves; GARNIER, Oliver. 1998. p. 163). 
 
 Maquiavel faz uma leitura importantíssima sobre as disputas políticas no 
âmbito do estado. 
A obra “O Príncipe” é, nesse sentido, uma reflexão sobre o poder político 
que permeia o Estado. Todo Estado é, fundamentalmente, constituído 
por uma correlação de forças, fundada na dicotomia que se estabelece 
entre o desejo de domínio e opressão, por parte dos grandes ou 
poderosos, e do desejo de liberdade, por parte do povo, que, em síntese, 
compõe as relações sociais. A virtù, diz Maquiavel, consiste na 
compreensão desta realidade e determina a ação política do príncipe. 
(WINTER, 2006. p. 118). 
 
Vocabula rio 
 
Virtù: Habilidade de agir da maneira certa no momento certo. 
Para Maquiável a vìtu é o único modo de se chegar a glória 
da história, agindo corretamente diante de uma situação. 
 
 
Winter (2006), relata no trecho acima citado, as disputas presentes no 
Estado, onde o que estava em jogo na visão do autor era a tomada de poder, 
para governar o estado. 
 
 
10 
 
Bobbio (1987) também apresenta uma ideia próxima, a esta que Winter 
(2006), apresenta citando Maquiavel: 
 
O Estado, ou qualquer outra sociedade organizada onde existe uma 
esfera pública, não importa se total ou parcial, é caracterizado por 
relações de subordinação entre governantes e governados, ou melhor, 
entre detentores do poder de comando e destinatários do dever de 
obediência, que são relações entre desiguais. (BOBBIO, 1987. p.15). 
O discurso crítico de Maquiavel e Bobbio (1987), possuem elementos, os 
quais aparecem em alguns outros discursos, a ideia de subordinação dos 
governados aos seus governantes, mas Bobbio (1987) vai além e comenta 
também das relações patriarcais que o Estado pode estabelecer: 
 
[...] o direito público europeu que acompanha a formação do Estado 
constitucional moderno considerou privatistas as concepções 
patriarcalistas, paternalistas ou despóticas do poder soberano, que 
assimilam o Estado a uma família ampliada ou atribuem ao soberano os 
mesmos poderes que pertencem ao patriarca, ao pai ou ao patrão, 
senhores por vários títulos e com diversa força da sociedade familiar. 
(BOBBIO, 1987. p.16). 
 
 
 
Segundo Capul & Garnier (1998), o Estado caracteriza-se por 
três principais elementos: 
 
 Posse e monopólio do poder de coação sobre um 
determinado território e a sua população; 
 Administração de regras estáveis (leis, regulamentos, 
princípios jurídicos) que não mudam segundo a 
vontade das autoridades políticas; 
 Constituição de uma classe dirigente específica. 
 
 
 
Apesar dessas três características o Estado assim como o Governo, podem 
ter diferentes configurações, por exemplo, o Estado Unitário e o Estado 
Federal. 
 
Vocabula rio 
Estado Unitário: É aquele que, no seu território possui 
apenas uma única organização política, administrativa e 
jurídica, dispondo do conjunto das competências do Estado. 
 
 
11 
 
Estado Federal: Um estado que se reúne sob a sua bandeira 
vários Estados membros federados. Isso significa que o 
Estado federal reparte as sua competências com outros 
Estados membros. É diferente de confederação onde os 
Estados associados permanecem soberanos. 
(CAPUL E GARNIER, 1998.) 
 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o livro O Príncipe, de Maquiavél, de 
autoria de Nicolau Maquiavel é um clássico 
da literatura, o qual sintetiza o pensamento 
político de Maquiavél, aprofundando a 
discussão sobre Estado e Poder. 
 
 
1.2.1 O Estado Brasileiro e a Constituição Federal de 1988 
 Não é raro ler ou escutar que se vive em um Estado democrático de direito 
e que o Brasil se constituí em uma República Federativa. 
 Primeiramente é necessário entender no que consiste o Estado 
Democrático de Direito: 
 
A expressão Estado Democrático de Direito vai além do somatório das 
duas abordagens verificadas (Estado Liberal e do Estado Social) 
durante os séculos XVIII e XIX. Trata-se de um modelo que, 
obviamente, respeita os direitos proclamados pelos dois momentos 
históricos abordados, mas, mais do que isto, permite uma interpretação 
do Direito que ainda precisa de muito amadurecimento em uma 
sociedade como a brasileira, que continua buscando a democracia 
social. Isso porque a democracia política, ou seja, a participação do 
cidadão na vida pública é apenas um dos aspectos do conceito de 
democracia hodiernamente. Grifos da autora. (XIMENES, 2012. p. 2). 
 
 Ximenes (2012) aponta que, o Estado Democrático de Direito, pressupõe 
o respeito aos direitos proclamados e mais que isso, que estes ainda estão em 
aperfeiçoamento. 
 
 
12 
 
 Quanto à estrutura do país em uma república federativas, pode-se 
destacar que: 
[...] as características do federalismo que mais interessam são a 
autonomia dos entes, a divisão de responsabilidade e o regime de 
colaboração, bem como a relação destes no financiamento da 
educação. A divisão de responsabilidades e o regime de colaboração 
são descritos na Constituição Federal de 1988 (CF), em seu artigo 211, 
e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei Federal 
9394/96, nos artigos 8º, 9º, 10 e 11, os quais delimitam as 
responsabilidades de cada ente federado. (FERRAZ, 2013. p.20). 
 
 Então pode-se afirmar que no Brasil, tem-se como entes federados todos 
os Municípios, Estados e Distrito Federal, e nessa organização todos eles 
possuem autonomia, cuja União não pode feri-la, entretanto a Constituição 
Federal deve ser respeitada por todos. 
 Segundo Ferraz (2013), em referência a Cruz (2009) apresenta as 
principais características do federalismo: 
 
Cruz (2009) apresenta várias abordagens, definindo as seguintes 
características do federalismo: a) ter um conjunto de governos que têm 
autonomia para realizar ações independentes dos outros (RIKER, 1975 
apud CRUZ, 2009, p. 48); b) possuir uma constituição que expresse a 
organização de um sistema federal; c) garantia da divisão federal 
básica de poder: Câmara Federal para representar as regiões e 
Constituição que apresente dificuldades para realizar emendas 
(LIGPHART, 2003 apud CRUZ, 2009, p. 49); d) possuir uma divisão 
territorial, onde as unidades têm soberania para elaboração de leis e 
um poder legislativo nacional eleito pela população do Estado 
(STEPAN, 1999 apud CRUZ, 2009, p. 40). (FERRAZ, 2013. p. 19). 
 
 
 Para Martins (2007): 
[...] sendo a Educação um dever do Estado e a forma de Estado 
adotada no Brasil a federativa, há que se buscar na Constituição qual 
ou quais as esferas do poder público responsáveis, para se saber qual 
a autoridade competente. A competência é tanto de estados e Distrito 
Federal (art. 211, § 3º, CF) como de municípios (art. 211, § 2º, CF). 
Esta responsabilidade dá-se na mesma medida. É o que se denomina 
competência concorrente. Por este motivo a Carta Magna prevêque 
estados e municípios definam formas de colaboração, de modo a 
assegurar a universalização do ensino obrigatório (art. 211, § 4º, CF). 
(MARTINS, 2004. p. 7). 
 
 
 A política é um conceito amplo e polêmico, estando presente na vida de 
todos, de uma forma ou de outra, fazendo parte das relações cotidianas em suas 
diferentes formas. Vale a importância da superação do senso comum, e dentre 
 
 
13 
 
todos os conceitos trabalhados na disciplina, a “política” é a qual possui o maior 
número de senso comum presente no discurso da população. 
 
Para Refletir 
Reflita: 
Nós enquanto profissionais da educação, sujeitos de direito 
e cidadãos, o que sabemos sobre política? 
 
 
 
Capul e Garnier (1998), o conceito da palavra “política”, possui diversos 
conceitos, destacando dentre eles: 
 partidos políticos; 
 eleições; 
 Estado; 
 governo. 
 
Porém, faz-se necessário o entendimento da etimologia da palavra, para 
que se possa compreender a sua origem e estabelecer as relações com a forma 
que a mesma conceitua-se na atualidade. 
 
 
A política é primeiramente a tradução de um termo grego que 
significa “o regime da cidade, isto é, o modo de organização da 
autoridade considerando como característico do modo de 
organização da coletividade do seu todo”, segundo o politólogo 
Raymond Aron. Assim a política corresponde ao conjunto de 
regras que uma coletividade impõe a si própria a fim de viver em 
segurança. (CAPUL; GARNIER, 1998. p. 307). 
 
 
A política, então, é uma prática de organização da sociedade, sem a qual, 
viveríamos em desordem, a política organiza as relações, a estrutura e a forma 
de vida de uma sociedade. Bobbio (1987), exemplifica a importância da política 
 
 
14 
 
e a exista dela em sociedades que chegaram a ter a estrutura de Estado e 
governo. 
 
Na verdade, depende de uma convenção inicial a respeito do 
significado de termos como "política" e "Estado" a escolha entre estas 
duas afirmações: existem sociedades primitivas sem Estado na medida 
em que não têm uma organização política e existem sociedades 
primitivas que embora não sendo Estados têm uma organização 
política. Mais uma vez o que importa é a análise das semelhanças e 
das diferenças entre as diversas formas de organização social, como 
se passa de uma a outra, e quando é que se chega a uma formação 
que apresenta características tão diferenciais com respeito à 
precedente que nos induz a atribuir-lhe um nome diverso ou uma 
especificação diversa do mesmo nome. Para dar um exemplo: quando 
um estudioso distingue três tipos de sociedade sem Estado, e as 
chama de "sociedades com governo mínimo", "com governo difuso" e 
"com governo em expansão", não exclui que estas sociedades possam 
ser consideradas sociedades políticas, como o uso do termo 
government deixa entender (Lucy Mair). (BOBBIO. 1987. p. 75). 
 
 Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o livro Estado, governo e sociedade, de 
autoria de Norberto Bobbio, a obra 
apresenta considerações valiosíssimas 
sobre os conceitos de Estado, governo e 
política. O autor trabalha com a ideia de 
diversos autores clássicos e amplia suas 
teorias, na perspectiva de discutir a teoria 
geral da política. 
 
 
1.3 Gestão 
 
Se os conceitos: Estado, governo e política são fundamentos para toda 
disciplina de Políticas e gestão na educação, o conceito de gestão é essencial 
não só para esta disciplina como para todo curso de especialização em gestão 
escolar. 
 
 
15 
 
Vocabula rio 
Gestão: deriva do latim gestĭo, no qual o conceito de gestão 
consiste à ação e ao efeito de gerir (realizar diligências que 
conduzem à realização de um negócio ou de um desejo 
qualquer) ou de administrar (consiste em governar, dirigir, 
ordenar ou organizar). Neste contexto a “gestão” envolve um 
conjunto de ações, as quais são balizadas de maneira 
resolutiva um assunto ou a concretização de um projeto. 
 
 Ao buscar pelo conceito de gestão, a maioria das referências são 
direcionadas para o contexto empresarial, entretanto nem todas as escolas se 
constituem em empresas e mesmos pertencem a iniciativa privada (possuem um 
trabalho com a natureza diferenciada das demais empresas), porque a escola, 
enquanto instituição educativa trabalha com o conhecimento e com a formação 
dos sujeitos. O conceito de gestão está muito ligado à administração, entretanto, 
no que tange a Educação, a mesma deve servir a gestão escolar visando a 
garantia do direto à educação. Os processos geridos pela escola e os tramites 
que envolvem a sua organização, servem exclusivamente para garantia do 
direito à educação, mesmo no caso das escolas particulares, pois a existência 
delas é só permitida por concessão do Estado. 
 No caso da educação nas escolas públicas cabe ainda lembrar que a 
escola, meio para garantia à educação é um bem público, conforme o Código 
Civil Brasileiro. 
 
 LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. 
 
 
 
 
[...] 
CAPÍTULO III 
Dos Bens Públicos 
[...] 
Art. 99. São bens públicos: 
 I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
 II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de 
suas autarquias; 
 
 
16 
 
 III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito 
privado. 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são 
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências 
da lei. 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for 
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
Disponível na integra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm 
 
 
 
O “Bem Público” segundo o código civil: do art.99 ao art.103, subdivide-
se em: 
 Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalidade 
específica (Exemplo: Bibliotecas, teatros, escolas, fóruns, quartel, 
museu, repartições públicas em geral); 
 Bens de uso comum; 
 Bens dominicais. 
 
 Portanto gerir a educação pública é também administrar um espaço que 
consiste em um bem público. 
 A dicotomia entre Gestão Escolar e a gestão de outros espaços é uma 
constante, a ideia de qualidade total, um exemplo disso foram as diretrizes 
oriundas do meio empresarial e fabril, a qual esteve presente nas práticas de 
gestão escolar. 
A avaliação da qualidade e o incentivo a qualidade total nas empresas 
torna-se um meio para melhor situá-las numa hierarquia de mercado 
cada vez mais competitivo. De acordo com Gentilli (1997) “na 
terminologia do moderno mercado mundial ‘qualidade’ quer dizer 
‘excelência’ e ‘excelência’, ‘privilégio’, nunca ‘direito’” (p. 174). Este 
conceito de qualidade, transportado para outras esferas sociais, por 
exemplo, a educacional, gera uma grande problemática, pois este é o 
espaço onde a qualidade deveria ser um direito e não um privilégio. 
(DRABACH,2013. p. 58). 
 
 
Neste contexto é necessário a compreensão de que os elementos 
fundantes da Política e Gestão da Educação, dizem respeito as ações 
governamentais de um Estado. 
 
 
17 
 
 
Resumo da Aula 1 
O objetivo geral desta aula foi elucidar os três conceitos fundamentais 
(Estado, política e gestão), os quais permeiam-se em subdivisões e teorias 
diversas. Evidenciou-se que o Estado constitui-se na forma de organização 
política. Ao tratar do conceito de Estado, evidenciou-seo conceito de governo e 
a importância do entendimento do conceito de política, o qual é permeado pelo 
ato político e essencial para o entendimento da Política Escolar. 
Atividade de Aprendizagem 
A palavra “política” possui diversos contextos. Discorra sobre a 
divergência entre os seus conceitos, analisando como os 
diferentes sujeitos podem compreender esta terminologia 
estabelecendo um conjunto de relações necessárias para 
mediação das relações e decisões na sociedade. 
 
 
 
Aula 2 – Administração educacional e gestão escolar 
 
Apresentação da Aula 2 
 
Nesta aula o foco será a administração educacional e a gestão escolar, 
em que objetiva-se o entendimento do conceito, da natureza e do objeto da 
Gestão Escolar, levantando as hipóteses de como legislação vigente normatiza 
a gestão escolar, promovendo uma análise e reflexão sobre as práticas de 
gestão escolar. 
 
2. Administração educacional e Gestão Escolar 
2.1 Conceito, natureza e objeto da Gestão Escolar 
Diferente dos conceitos abordados na aula anterior aqui será trabalhado 
exclusivamente com a gestão na perspectiva da educação. 
 
 
18 
 
É recorrente a dúvida se gestão e administração escolar são a mesma 
coisa, vários teóricos da área optam por usar entre um termo e outro e cada qual 
tem suas justificativas e escolhas metodológicas, fazendo-se identificar as 
singularidades desses dois termos. 
Ví deo 
Assista p vídeo Gestão Escolar Democrática, no qual Vitor 
Henrique Paro, fala sobre os equívocos na administração escolar 
e sobre gestão escolar democrática, evidenciando assim as suas 
particularidades. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs 
 
Com as reflexões proporcionadas pelo vídeo, conforme, citado por Paro 
(2013), administração e gestão escolar pressupõem mediação e, portanto não 
são conceitos antagônicos, o autor afirma em sua opinião que a administração e 
gestão são conceitos que se relacionam em formato unívoco (que só tem um 
significado). Paro (2013) reforça a sua opção crítica, como autor e pesquisador 
da área, em usar os dois termos como sinônimos. 
A contradição entre os termos administração e gestão tem raiz, nas 
reformas da década de 90 com a prática do modelo gerencialista na 
administração pública, que chega também na educação. 
 
Em 1995, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), 
partindo da premissa de que o Estado era o responsável pela 
crise na economia foi criado o Ministério da Administração e 
Reforma do Estado (MARE), comandado pelo ministro Bresser-
Pereira, o qual "apoiava-se fortemente no estudo e tentativa de 
aprendizado em relação à experiência internacional recente, 
marcada pela construção da nova gestão pública" (ABRUCIO, 
2007, p.71). A Reforma do Estado e, particularmente, a reforma 
da Administração Pública tinham como objetivo construir uma 
nova prática no campo da administração. Essa nova prática, de 
acordo com Bresser-Pereira (2006), se baseava na abordagem 
gerencial, que tinha o propósito de substituir a perspectiva 
burocrática que caracterizava o modelo anterior. A abordagem 
gerencial "parte do reconhecimento de que os Estados 
democráticos contemporâneos não são simples instrumentos 
para garantir a propriedade e os contratos [...] mas formulam e 
implementam políticas públicas estratégicas" (BRESSER- 
 
 
19 
 
PEREIRA, 2006, p.7). Dessa forma, justifica-se a adoção de um 
modelo administrativo moderno para o Estado que são as práticas 
gerenciais, inspiradas na administração das empresas privadas. 
(DRABACH, 2013. p. 18). 
 
Saiba Mais 
Gerencialismo: a perspectiva gerencial é um modelo de 
administração desenvolvido na esfera privada a partir da 
organização do trabalho na empresa Toyota, no Japão, o 
chamado Toyotismo. O Toyotismo foi criado pelo japonês 
Taiichi Ohno, engenheiro industrial da Toyota e se 
desenvolveu a partir dos anos 1950. Este modelo de 
organização da produção aparentemente previa a 
descentralização das decisões através da participação dos 
trabalhadores no processo produtivos, visando aumentar a 
produtividade. Diferencia-se, portanto do modelo 
Taylorista/Fordista que previa a centralização das decisões 
e a divisão pormenorizada, que neste caso não era das 
decisões, mas sim do trabalho. (DRABACH, 2013. p.18). 
 
 
Para a referida reforma da década de 90, a Constituição Federal de 1988 
apresenta artigos importantes para normatização da gestão escolar, o artigo 206, 
lista os princípios sob os quais a Educação Pública fundamenta-se, contemplado 
a Gestão Democrática do Ensino Público. 
 
 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
 
 
CAPÍTULO III 
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO 
Seção I 
DA EDUCAÇÃO 
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
 I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
 II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; 
 III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições 
públicas e privadas de ensino; 
 IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
 V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos 
de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das 
redes públicas; 
 VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
 
 
20 
 
 VII - garantia de padrão de qualidade. 
 VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, 
nos termos de lei federal. 
 
Disponível na integra no acesso: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 
 
Parece contraditório coexistirem conceitos diferentes de gestão da 
educação pública, e sequencialmente após a promulgação da Constituição 
Federal ocorreu uma reforma na perspectiva gerencialista à ser operada, as 
quais são as tensões políticas existentes. 
O debate entre a perspectiva conservadora de administração, baseada 
nos princípios da administração geral e a perspectiva crítica e 
progressista se ampliaram e fortaleceram o discurso em torno da 
construção da gestão democrática. A partir daí, de acordo com Rosar 
(1999) se elege: a temática da democratização da educação e a sua 
gestão democrática, como eixo fundamental das ações políticas das 
diversas entidades que constituíram o Fórum Nacional em Defesa da 
Escola Pública, durante e após o Congresso Constituinte (ROSAR, 
1999, p. 167). Esse movimento pela democratização da educação 
resultou na inserção do princípio constitucional de gestão democrática 
da escola pública. De acordo com Camargo (1997) nenhuma 
Constituição anterior a de 1988, fez menção a esse princípio e sua 
inclusão estava associada ao fato de existirem, no início dos anos 1980, 
“grandes movimentos nacionais na perspectiva da redemocratização do 
país” (CAMARGO, 1997. p. 100) 
 
Para Refletir 
 
Reflita de que forma pode-se conceituar a natureza e objeto 
da gestão escolar? 
 
 
Para esta elucidação é necessário buscar a teoria de alguns autores, com 
o a perspectiva da abordagem da gestão escolar (democrática), conforme é 
contemplada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Constituição 
Federal de 1988. 
A gestão democrática é aqui compreendida, então, como um processo 
político no qual as pessoas que atuam na/sobre a escola identificam 
problemas, discutem, deliberam e planejam, encaminham, 
acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao 
desenvolvimento da própria escola na busca da solução daqueles 
problemas. Esse processo, sustentado no diálogo, na alteridade e no 
reconhecimento às especificidades técnicas das diversas funções 
presentes na escola, tem como base a participação efetiva de todos os 
segmentos da comunidade escolar, o respeito às normas 
 
 
21 
 
coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões 
e a garantia de amplo acessoàs informações aos sujeitos da escola. 
(SOUZA, 2009, p. 125). 
 
 Para Souza (2009), a gestão democrática é um processo Político. 
Souza (2009), apresenta mais alguns apontamentos sobre a gestão 
escolar democrática: 
[...] a gestão democrática é um fenômeno político, de governo, que está 
articulado diretamente com ações que se sustentam em métodos 
democráticos. Mas, mais do que isso, para o autor, não se trata apenas 
de ações democráticas ou de processos participativos de tomada de 
decisões, trata-se, antes de tudo, de ações voltadas à educação 
política, na medida em que são ações que criam e recriam alternativas 
mais democráticas no cotidiano escolar no que se refere, em especial, 
às relações de poder ali presentes. (SOUZA, 2009. p. 126). 
 
Para Drabach e Ferraz (2012), apresentam as relações mais amplas as 
quais envolvem a gestão democrática escolar: 
[...] a gestão democrática da educação se situa no contexto social mais 
amplo, ou seja, na luta pela transformação da sociedade capitalista e 
de classes. (PARO, 1999. apud DRABACH; FERRAZ, 2012. p.2). 
 
 
 
 
[...] Machado (2001), fazendo referência ao pensamento de Anísio 
Teixeira (1957) destaca que a escola enquanto instituição social possui 
como função primordial o ensino. Assim, todas as práticas nela 
desenvolvidas devem ter no horizonte este propósito fundamental. 
Portanto, a gestão escolar como uma função desenvolvida na escola 
deve estar subordinada ao ensino, devendo atuar em seu favor. A 
gestão é entendida aqui como um meio para que o processo de ensino-
aprendizagem aconteça na escola e para que o direito a educação seja 
garantido. A formação dos sujeitos vai além dos conteúdos e do 
currículo formal, a formação está em todas as relações que se 
estabelecem na escola. Anísio Teixeira (1957) em seu livro “Educação 
não é Privilégio” relaciona a ação democrática dos sujeitos com o 
conhecimento, ou seja, o acesso ao conhecimento e a educação dá ao 
sujeito condições necessárias para protagonizar ações democráticas. 
Além disso, a democracia também se constrói na prática, é no cotidiano 
das escolas e na reflexão crítica sobre a prática que os sujeitos são 
capazes de discernir e implementar processos que contribuam para a 
construção da democracia. A gestão de uma instituição pública, sendo 
conduzida por interesses e concepções individuais ilustra a ausência 
de conhecimento e consciência da função social da escola pública. 
(DRABACH; FERRAZ, p. 11, 2012.) 
 
 
 
Amplie Seus Estudos 
 
 
22 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Para ampliar seus conhecimentos leia as obras 
Administração escolar/Introdução crítica; e Gestão 
democrática da escola pública, de autoria de Vitor Henrique 
Paro. As obras trazem a elucidação de forma clara sobre as 
singularidades entre a gestão e a administração dentro do 
contexto escolar. 
Leia o artigo A gestão democrática da escola pública e suas 
implicações para as práticas escolares e o financiamento da 
educação no Brasil, das autoras Jokasta Ferraz e Nadia 
Pedrotti Drabach, as quais discorrerem sobre o conceito de 
gestão democrática e suas implicações para o financiamento 
da educação e a prática escolar. O artigo reforça o 
entendimento da construção coletiva com parte integrante da 
Gestão Democrática. O fragmento abaixo traz considerações 
pertinentes a esta disciplina aplicada. Disponível na integra 
no acesso: 
isapg.com.br/2012/ciepg/down.php?id=2812&q=1 
 
 
 
2.2 Gestão democrática e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Conforme citado anteriormente, a Gestão Democrática da Educação é 
uma determinação constitucional, a qual deverá ser cumprida, direcionando para 
uma gestão escolar, a qual deverá ser democrática. 
É sabido que não se faz democracia por decreto, entretanto é importante 
que esse pressuposto esteja expresso em lei, pois é uma forma de pautar que 
existam ações em prol da organização democrática da escola. 
Os princípios da gestão democrática segundo a LDB 9394/96, estão 
expressos em seu artigo nº.14, onde se prevê que os Estados e Municípios 
definirão suas normas de gestão democrática, com base em apenas dois 
princípios: 
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; 
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos 
escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996. S/p.). 
 
 
Estes dois princípios ainda necessitam ser muito exercitados no ambiente 
escolar, para que de fato tornarem-se parte do cotidiano escolar, tendo como 
princípio da gestão democrática, a qual é prerrogativa para gestão do ensino 
 
 
23 
 
superior, conforme o artigo 56 da LDB, reforçando que a gestão escolar 
democrática é uma determinação constitucional, portanto, deve atender a 
prerrogativa legal. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o livro Legislação educacional brasileira, 
de autoria de Carlos Roberto Jamil Cury, esta 
obra é um ótimo referencial para o melhor 
embasamento teórico e entendimento da 
legislação educacional. 
 
A legislação além de tratar da gestão democrática, também aborda as 
obrigações do Estado para com a educação, conforme a emenda constitucional 
n° 14 de 1996, o art. 208 da Constituição Federal determina que o dever do 
Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de do acesso ao 
ensino obrigatório, sendo ele um direito público subjetivo e gratuito. 
Fazendo uma relação com a primeira aula pode-se evidenciar que o 
Estado brasileiro, independe do governo, atendendo aos pressupostos da CF/88 
deve priorizar e garantir a educação. Entretanto, como o Brasil é organizado de 
forma federativa, os seus entes federados tem responsabilidade para com a 
educação, que não fica somente a cargo da União, pelo contrário, na divisão de 
responsabilidades, onera mais os estados e municípios, como podemos 
observar no art. 211 da CF/88. 
Considerando a participação da União na gestão da educação no Brasil, 
com a Constituição Federal de 1988, a qual define seu papel como Função 
Redistributiva e Supletiva. 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Fonte: http://www.cartilhatransparencia.rs.gov.br/static/img/frame-photos-1988.png 
 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
 
CAPÍTULO III 
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO 
Seção I 
DA EDUCAÇÃO 
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime 
de colaboração seus sistemas de ensino. 
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as 
instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função 
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e 
padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios; 
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação 
infantil. 
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e 
médio. 
[...] 
 
Disponível na integra em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 
 
Ví deo 
Assista o vídeo Gestão Democrática, sobre a organização do 
tempo na escola e as práticas nela desenvolvidas, a animação 
traz reflexões e questionamentos sobre como construir uma 
gestão democrática e quais serão as contribuições dentro do 
cenário apresentado. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=AgfiBJyAMKs 
 
A gestão educacional no Brasil, tanto no ensino fundamental, médio ou 
superior, devem atender ao pressuposto da gestão democrática, não sendo vista 
como uma opção, mas como dever. A participação dos profissionais da 
educação e da comunidade escolar na gestão da escola é parte integrante 
fazem-se de extrema importância no cumprimento da lei, não sendo apenas uma 
alternativa aos gestores escolares e sistemas de ensino. Conhecer como a 
legislação trata do assunto é fundamental, para aperfeiçoar a prática, e conhecero direito de todos, os quais podem e devem, participar das decisões no âmbito 
escolar. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=AgfiBJyAMKs
 
 
25 
 
 
Resumo da Aula 2 
O foco desta aula foi evidenciar a singularidade da administração 
educacional e da gestão escolar, objetivando o entendimento dos seus 
conceitos, analisando a legislação vigente a qual contempla normativas 
pertinentes a aplicabilidade da gestão escolar de maneira democrática. 
Atividade de Aprendizagem 
Mediante ao conteúdo desta aula, discorra sobre a 
contemplação da Gestão Democrática na Constituição, e qual o 
seu papel e importância na aplicabilidade na gestão 
educacional. 
 
 
 
Aula 3 - As políticas educacionais para a educação básica e ensino superior 
e seu impacto na gestão educacional e escolar 
Apresentação da Aula 3 
Nesta aula serão discutidas as Políticas Educacionais para a educação 
básica e ensino superior e o seu impacto na gestão escolar. 
O objetivo desta aula é a compreensão do conjunto de Políticas 
Educacionais, as quais influenciam diretamente na gestão educacional, no que 
tange a gestão dos sistemas de ensino, e na gestão escolar. 
 
3. As políticas educacionais para a educação básica e ensino superior e 
seu impacto na gestão educacional e escolar 
As políticas educacionais são de diversas ordens, na educação básica, 
por exemplo, a organização do ensino fundamental de nove anos, a 
obrigatoriedade da educação dos 4 aos 17 anos, a regulamentação do piso 
salarial das professoras e professores, políticas para ampliação do tempo na 
escola, entre outras. E no ensino superior as principais políticas dos últimos anos 
são as políticas de bolsas para acesso ao ensino superior, Programa 
 
 
26 
 
Universidade Para Todos ( PROUNI), o Fies, política de financiamento e as 
diferentes organizações da política de cotas. 
 
3.1 O ensino fundamental de nove anos 
Recente mudança na organização do ensino fundamental causou 
mudanças diretamente na organização das turmas nas escolas, esse elemento 
foi o mais perceptível, é comum escutar-se questionamentos como: “mais agora 
a 4ª série é 5º ano? Como pode a pré-escola ser o 1º ano, eles são tão 
pequenos!”, esses questionamentos expressam o desconhecimento dos 
indivíduos sobre organização e natureza do Ensino Fundamental de 9 (nove) 
anos. Nesta mudança do ensino fundamental para 9 anos, a pré-escola passa a 
integrar o ensino fundamental. O Ministério da Educação em um dos documentos 
orientadores sobre o ensino de nove anos, apresenta o panorama da matrícula 
escolar das crianças de seis anos de idade. 
Conforme recentes pesquisas, 81,7% das crianças de seis anos estão 
na escola, sendo que 38,9% frequentam a Educação Infantil, 13,6% as 
classes de alfabetização e 29,6% já estão no Ensino Fundamental 
(IBGE, Censo Demográfico 2000). Esse dado reforça o propósito de 
ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, uma vez que 
permite aumentar o número de crianças incluídas no sistema 
educacional. (MEC, 2016, p.17). 
 
Como pode-se observar os dados levantados demonstram que o acesso 
das crianças de 6 anos não estava no período pesquisado, universalizado e, 
além disso, elas estavam distribuídas em distintas classes. Para o dado 
demográfico coletado pelo censo do ano 2000, a ampliação de mais um ano no 
ensino fundamental era meta do último Plano Nacional de Educação. 
 
Conforme o PNE, a determinação legal (Lei nº 10.172/2001, meta 2 do 
Ensino Fundamental) de implantar progressivamente o Ensino 
Fundamental de nove anos, pela inclusão das crianças de seis anos de 
idade, tem duas intenções: “oferecer maiores oportunidades de 
aprendizagem no período da escolarização obrigatória e assegurar que, 
ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam 
nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”. (MEC, 2006, 
p.14). 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www2.camara.leg.br/documentos-e-
pesquisa/publicacoes/edicoes/imagens-capas-labels-200px/copy_of_pne_200px.jpg 
 
Portanto, a política de mudança do Ensino Fundamental para 9 anos, veio 
a ser instituída para atender a uma medida legal estipulada no Plano Nacional 
de Educação, cuja lei que o institui pode ser lida abaixo, e acessando o link é 
possível conferir anexa a lei todas as metas e estratégias do referido plano. 
 
 
LEI No 10.172, DE 9 DE JANEIRO DE 2001 
 
 
 
 
 
[...] 
Art. 1o Fica aprovado o Plano Nacional de Educação, constante do documento anexo, 
com duração de dez anos. 
Art. 2o A partir da vigência desta Lei, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
deverão, com base no Plano Nacional de Educação, elaborar planos decenais 
correspondentes. 
Art. 3o A União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a 
sociedade civil, procederá a avaliações periódicas da implementação do Plano Nacional de 
Educação. 
 
 
28 
 
 § 1o O Poder Legislativo, por intermédio das Comissões de Educação, Cultura e 
Desporto da Câmara dos Deputados e da Comissão de Educação do Senado Federal, 
acompanhará a execução do Plano Nacional de Educação. 
 § 2o A primeira avaliação realizar-se-á no quarto ano de vigência desta Lei, cabendo 
ao Congresso Nacional aprovar as medidas legais decorrentes, com vistas à correção de 
deficiências e distorções. 
Art. 4o A União instituirá o Sistema Nacional de Avaliação e estabelecerá os mecanismos 
necessários ao acompanhamento das metas constantes do Plano Nacional de Educação. 
Art. 5o Os planos plurianuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
serão elaborados de modo a dar suporte às metas constantes do Plano Nacional de Educação 
e dos respectivos planos decenais. 
Art. 6o Os Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
empenhar-se-ão na divulgação deste Plano e da progressiva realização de seus objetivos e 
metas, para que a sociedade o conheça amplamente e acompanhe sua implementação. 
 Art. 6o-A. É instituído o ‘Dia do Plano Nacional de Educação’, a ser comemorado, 
anualmente, em 12 de dezembro. 
[...] 
Disponível no acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm 
 
 Vale reforçar que o Plano Nacional de Educação vigente em 2016 é o PNE 
2014-2024, instituído pela Lei nº 13.005/2014. 
Saiba Mais 
Para saber mais sobre o PNE vigente e os seus novos 
desafios, conhecê-lo e acompanhar os planos estaduais e 
municipais, acesse o site de olho nos planos. 
Link: http://www.deolhonosplanos.org.br 
 
 
 
 
 
29 
 
Amplie Seus Estudos 
 SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Leia o livro Plano Nacional de Educação: 
construção e perspectivas, organizado por 
Ana Valeska Amaral Gomes e Tatiana 
Feitosa de Britto, o mesmo analisa a 
construção e as expectativas de 
cumprimento das metas estabelecidas no 
documento nacional. 
Disponível no acesso: 
http://www2.camara.leg.br/documentos-e-
pesquisa/publicacoes/estnottec/livros-
eletronicos/plano-nacional-de-educacao-pne 
 
É certo que o ensino fundamental de 9 anos instituiu-se, e entre inúmeras 
ideias controversas o que permeia a ideia de alguns profissionais da educação 
e da comunidade é a preocupação de que, como crianças tão pequenas irão 
adaptar-se ao (novo) primeiro ano de escolaridade. 
Para o MEC a reorganização e adequação do espaço para atender essas 
crianças, é de extrema importância, a qual visa a melhor forma e para recebê-
las no ambiente escolar, o qual: 
[...] necessita reorganizar a sua estrutura, as formas de gestão, os 
ambientes, os espaços, os tempos, os materiais, os conteúdos, as 
metodologias, os objetivos, o planejamento e a avaliação, de sorte que 
as crianças se sintam inseridas e acolhidas num ambiente prazeroso e 
propício à aprendizagem. É necessário assegurar que a transição da 
Educação Infantil para o Ensino Fundamental ocorra da forma mais 
natural possível, não provocando nas crianças rupturase impactos 
negativos no seu processo de escolarização. (MEC, 2006, p. 22). 
 
 Como pode-se observar a orientação do MEC não aponta para ideia de 
escolarização (no sentido negativo da palavra) dessas crianças, comentando de 
forma clara a importância dessa passagem acontecer da melhor forma possível 
(de forma com que o estudante não sofra nenhum desgaste e seja prejudicado 
pela implementação dessa política). 
 Em entrevistas efetuadas com diversos professores, Arelaro (2011), 
observa na prática como estava se dando o processo de ampliação do ensino 
fundamental de 8 para 9 anos, conclui: 
 
 
30 
 
As entrevistas e questionários indicam que o currículo do primeiro ano 
do ensino fundamental reflete somente uma adaptação simplista do 
antigo currículo da primeira série, com pequenas adequações 
metodológicas para garantir momentos de brincadeiras, porém com 
limitações devido à ausência, nessas escolas, de espaços físicos que 
contemplem parques e brinquedotecas. (ARELARO, 2011, p.47). 
 
Arelaro (2011), ainda comenta: 
As falas das professoras sobre a necessidade de realização de um 
trabalho que dê conta da alfabetização da criança ainda no primeiro ano 
parecem refletir o anseio dos pais e da sociedade em torno de uma 
alfabetização cada vez mais precoce, que desconsideram as diferenças 
culturais, sociais e de ritmo de aprendizagem das crianças. Menos do 
que oferecer oportunidade de desenvolvimento saudável e prazeroso às 
crianças brasileiras, essa organização escolar pode sugerir uma 
tentativa subliminar de acelerar ou reduzir os tempos da infância. 
(ARELARO, 2011, p.48). 
 
 O que a autora apresenta é a dificuldade na implementação de uma 
política, onde a regulamentação e orientação do Ministério da Educação não se 
efetiva, de fato, conforme o relatado pelos professores, com quem a autora 
conversou. O primeiro problema é a falta de uma adequação curricular 
adequada, mas cabe ponderar que os Municípios tem autonomia para o 
regramento dos encaminhamentos curriculares, portanto, a falta de adequação 
curricular, não representa, necessariamente, uma falha da docente, mas sim um 
possível problema de orientação e formação com foco no atendimento desse 
estudante. 
 Outro problema que aparece na entrevista é a inadequação do espaço 
físico e dos materiais disponibilizados para o atendimento a essas crianças tão 
pequenas. As escolas de Ensino Fundamental, de fato não foram planejadas 
para atender crianças, cuja a idade, anteriormente correspondia a Educação 
Infantil. 
 Apesar das dificuldades encontradas para efetivação dessa política, cabe 
mencionar que a ampliação de um ano ao Ensino Fundamental, a qual foi 
pensada com vistas a garantir maior acesso à escola (para as crianças estavam 
dispersas, fora da escola, na Educação Infantil e algumas já no Ensino 
Fundamental). 
 
 
 
 
31 
 
3.2 A educação obrigatória dos quatro aos dezessete anos 
“No Brasil, esta obrigatoriedade do ensino tem aumentado, passando da 
obrigatoriedade do Ensino Primário, em 1934, elevando o número de anos e 
determinando faixas etárias” (CURY; FERREIRA, p. 125, 2010), a legislação 
atual brasileira determina que a educação obrigatória e gratuita é dos 4 aos 17 
anos de idade, conforme a lei nº 12.796 aprovada em 2013, a qual altera o artigo 
4º da LBD nº 9394/96. Esta ampliação do direito à educação é um processo 
histórico e já apresentou diversas mudanças ao longo da história e da 
constituição das leis brasileiras. 
Mudanças legais determinaram a elevação do ensino fundamental para 
quase toda a educação básica, implicando em iniciativas públicas e 
ações pedagógicas, com apoio legal para a sua efetiva implementação. 
Decorre desta sistemática a necessidade de se analisar a 
responsabilidade pela oferta do ensino obrigatório e, por outro lado, a 
responsabilidade do aluno e pais quanto à infrequência. (CURY; 
FERREIRA, 2010, p. 125). 
 
Portanto, não bastam leis para efetivar o direito à educação, é necessário 
uma série de Políticas Públicas para que a ampliação desses direitos de fato se 
concretizem, de forma que os sujeitos possam ter acesso a elas, usufruindo do 
que lhes é por direito. 
No entanto, este processo histórico é recente, pois somente a partir da 
Constituição de 1988 é que se passou a dar um tratamento diferenciado 
à educação, como um direito e um dever, não obstante a normatividade 
internacional. Nessa evolução, a educação obrigatória que se limitava 
ao ensino fundamental acabou sendo ampliada para abranger não mais 
uma etapa do ensino, mas uma determinada faixa etária – dos 04 a 17 
anos de idade. (CURY; FERREIRA, 2010, p. 141). 
 
Ferraro (2008) aborda a ideia de dívida educacional quando se trata de 
sujeitos que tiveram direitos negados ao longo da história, e que por esse motivo 
possuem uma dívida educacional acumulada. Segundo uma provocação do 
autor, o povo não cobra (referência ao título do artigo Direito à Educação no 
Brasil e dívida educacional: e se o povo cobrasse?). 
Para Ferraro (2008): 
Falar em dívida educacional pública significa duas coisas: primeiro, que 
a Educação se transformou num serviço público; segundo, que o Estado 
deixou de assegurar a determinadas pessoas ou grupos de pessoas o 
serviço público chamado Educação. É a conjunção dessas duas 
condições — a Educação entendida como serviço público e a não 
 
 
32 
 
universalização ainda desse serviço — que coloca o Estado na condição 
de devedor e o cidadão na de credor de escolarização. Por 
escolarização, se deve entender não só o acesso, mas também a 
continuidade bem-sucedida na escola. (FERRARO, 2008, p. 275). 
 
Diversos fatores podem influenciar na continuidade bem sucedida da vida 
escolar, a qual, Ferraro (2008) comenta, a respeito de que atualmente com 
diversas pesquisas referentes à reprovação, é fato que, ser retido em alguma 
série não agrega melhor desempenho ao estudante, além disso, condições 
sociais e violação dos direitos das crianças e adolescentes também impactam 
negativamente na frequência escolar, por exemplo, a exploração do trabalho 
infantil. Atitudes negativas que pertencem ao direito à educação da criança, 
também podem partir dos pais, mães e/ou responsáveis. 
Cury e Ferreira (2010), afirmam que: 
Caso os pais resistam à determinação judicial de matricular o filho na 
escola, podem ainda ser responsabilizados administrativamente, pois 
estabelece o artigo 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente: Art. 
249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao 
poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim 
determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa 
de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de 
reincidência. A educação é um dever imposto aos pais e decorre do 
poder familiar, pois assim determina o artigo 22 do ECA: “Aos pais 
incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, 
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer 
cumprir as determinações judiciais”. 
Logo, se os pais ou responsáveis não cumprem com o dever de 
educação e não atendem às determinações judiciais, poderão sofrer a 
penalidade prevista na infração administrativa referida. (CURY; 
FERREIRA, p. 138, 2010). 
 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o Estatuto da criança e do 
adolescente, comentado, de autoria de 
Luciano Alves Rossato, Paulo Eduardo 
Lépore e Rogério Sanches Cunha, obra a qual 
traz maiores detalhamentos do ECA. 
 
3.3 Regulamentação do piso salarial dos professores 
A última e não menos importante Política Pública Educacional, a ser 
trabalhada nesta aula é a regulamentação do piso salarial dos professores. 
 
 
33 
 
Luta antiga dos profissionais da educação, o piso salarial, é uma conquista 
nova que além de mudança salarial, trouxe consigo, no teor do texto da lei que 
regulamenta o piso salarial, a carga horaria de trabalho destinadaao 
planejamento. 
 
 
LEI Nº 11.738, DE 16 DE JULHO DE 2008 
 
 
 
 
 
[...] 
 Art. 2° O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da 
educação básica será de R$ 950,00 (novecentos e cinquenta reais) mensais, para a formação 
em nível médio, na modalidade Normal, prevista no art. 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
 § 1° O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras do 
magistério público da educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas 
semanais. 
[...] 
 § 4° Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois 
terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos. 
[...] 
 Art. 5o O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será 
atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009. 
[...] 
 
Disponível no acesso: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11738.htm 
 
 
 
Abicalil (2008) evidencia uma informação técnica que faz diferença no 
momento de compreensão da remuneração dos professores, a diferenciação de 
salário, vencimento e remuneração profissional. 
O Piso Salarial Profissional Nacional PSPN não é o salário, o 
vencimento, ou a remuneração do profissional de educação numa 
determinada carreira, seja federal, estadual, municipal ou de empresa 
privada. É o valor mínimo abaixo do qual não pode ser fixada a 
remuneração de início de carreira de um determinado profissional, em 
regime de trabalho de tempo integral. Para todos os trabalhadores 
brasileiros, existe o salário-mínimo que, se corresponder a um regime 
de 44 horas, deve ser suficiente para a vida digna do cidadão e de sua 
família, de acordo com o Art. 7º, inciso IV da Constituição Federal. 
(ABICALIL, 2008, p. 71). 
 
 
 
 
34 
 
 Os autores, Camargo; Gouveia; Gil; Minhoto (2009), detalham mais ainda 
os conceitos chaves para discussão da remuneração: 
 
Assim, só o montante pago pelo empregador a título de retribuição é 
considerado “salário” – nos termos da Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT). Já o termo “vencimento” é definido legalmente (lei n. 
8.112, de 11/12/1990, art. 40) como “retribuição pecuniária pelo 
exercício de cargo público, com valor fixado em lei”. Os vencimentos dos 
cargos efetivos são irredutíveis e, para cargos de mesma atribuição ou 
de atribuição semelhante na mesma esfera administrativa, é garantida 
isonomia. O conceito de “remuneração”, por sua vez, pode ser definido 
como o montante de dinheiro e/ou bens pagos pelo serviço prestado, 
incluindo valores pagos por terceiros. A remuneração é a soma dos 
benefícios financeiros, dentre eles o salário, acordada por um contrato 
assinado entre empregado e empregador. O salário é, assim, uma parte 
da remuneração. (CAMARGO; GOUVEIA, GIL; MINHOTO, 2009, p. 
342). 
 
 O piso salarial é válido em todo território brasileiro e apresenta-se como 
uma forma (ferramenta) para corrigir as disparidades salariais existentes, tanto 
na esfera pública como nas instituições privadas de ensino. 
No caso do magistério público, a remuneração é composta pelos 
vencimentos do cargo, acrescida de vantagens pecuniárias 
permanentes estabelecidas em lei, em outras palavras, o salário (que 
chamaremos adiante de “salário base”) mais as vantagens temporais, 
as gratificações, o auxílio transporte, etc. Portanto, são estes os 
significados dos termos “salário base” e “remuneração” presentes no 
trabalho. (CAMARGO; GOUVEIA, GIL; MINHOTO, p. 342, 2009) 
 
 
Conforme a legislação citada, a qual visa regulamentar o piso salarial, é 
esperada uma correção anual dos valores inicialmente apontados na lei. 
 
Saiba Mais 
 
PISO NACIONAL DOS PROFESSORES SOBE PARA R$ 2.135 
 
Por: Portal Brasil 
Publicado: 14/01/2016 
 
Reajuste de 11,36% vale em todo o País já neste mês; piso 
salarial é pago para profissionais de Nível Médio com jornada 
de 40 horas semanais. 
 
Disponível na integra no acesso: 
http://www.brasil.gov.br/educacao/2016/01/piso-nacional-
dos-professores-sobe-para-r-2.135 
 
 
 
35 
 
Conforme citado acima, tem-se uma atualização, no ano de 2016, na qual 
o piso nacional dos professores sobe para R$ 2.135, o que representa um 
reajuste de 11,36%, esse aumento vale para todo território brasileiro, e o piso 
salarial é calculado para profissionais de Nível Médio para uma jornada de 
trabalho de 40 horas semanais. Entretanto, além de estipular valores a “lei do 
piso”, avança em outros aspectos, além dos salariais, a qual destina que 1/3 da 
carga horaria de trabalho deverá ser destinada somente ao planejamento, 
conquista que reflete positivamente nas condições de trabalho dos professores. 
 
3.4 Políticas Educacionais para o ensino superior 
Quanto às Políticas Educacionais para o acesso ao Ensino Superior, cabe 
destacar o papel do Enem, o qual recebeu ao longo dos anos, e passou de uma 
avaliação nacional do Ensino Médio para pré-requisito para entrada no Ensino 
Superior, seja por meio de bolsas ou como nota complementar (ou integral) dos 
vestibulares, ganhando um status de teste de equivalência, no qual o candidato 
que apresentar rendimento (nota) suficiente no exame poderá requerer a 
equivalência (certificação) de Nível Médio. 
 
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) propõe mensurar 
modalidades estruturais da inteligência, denominadas competências 
(Brasil, 1998, 2000, 2001). São cinco as modalidades da inteligência 
focadas pelo Enem que, sucintamente, correspondem à capacidade das 
pessoas em: 1) operar mentalmente diversas linguagens abstratas e 
fazer uso delas; 2) utilizar e manipular conceitos e procedimentos 
específicos para compreender os fenômenos; 3) resolver problemas; 4) 
discutir e analisar estruturas argumentativas; 5) transformar a teoria em 
propostas e aplicações prático-concretas (Condeixa et al., 2005; 
Machado, 2005a,b; Macedo et al., 2005; Martino et al., 2005; Menezes 
et al., 2005; Murrie, 2005). (GOMES; BORGES, 2009, p. 75). 
 
 
Diretamente ligado ao Enem, há o Prouni (programa de bolsas, integrais 
ou parciais para o acesso ao Ensino Superior), mas muito criticado por direcionar 
recursos públicos para instituições privadas de Ensino Superior. 
 
O Prouni é comumente visto como mais uma Política Pública, 
particularmente por abrigar o preceito das cotas, mas destaca-se o fato 
de manter um sistema de ensino nos moldes privatizantes traçados 
durante os anos 1990. Nesse sentido, traz uma noção falsa de 
democratização, pois legitima a distinção dos estudantes por camada 
social de acordo com o acesso aos diferentes tipos de instituições 
(prioridade para a inserção precária dos pobres no espaço privado), ou 
 
 
36 
 
seja, contribui para a manutenção da estratificação social existente. O 
comentário do presidente da Abmes fala por si mesmo: “A proposta não 
saiu como pretendíamos, mas é razoável e favorece as instituições 
privadas” (MENA, 2004). (CATANI; HEY; GILIOLI, p. 136, 2006). 
 
 
Diferentemente do Prouni, o qual oferta bolsas, o Fies é um programa de 
financiamento do ensino superior, o qual não prioriza o acesso, pois para o aluno 
pleitear um financiamento ele precisa estar matriculado em superior. 
Não é possível falar de políticas para o ensino superior, sem falar a 
políticas de cotas, tema extenso e que exige muito estudo e debate. 
 
No Brasil, a tendência recente é de consolidação – legal e prática – das 
políticas que levam em conta cor ou raça. Em abril de 2012, o Supremo 
Tribunal Federal votou, unanimemente, a favor da constitucionalidade 
de ações afirmativas raciais como meio legítimo de correção de 
desigualdades sociais. Outro passo importante rumo à consolidação das 
cotas raciais materializou-se no decreto assinadopela presidente 
brasileira, em outubro de 2012, determinando que todas as 
universidades federais passem a reservar vagas segundo distintos 
critérios, os quais incluem atributos raciais. (JUNIOR; WALTENBERG, 
2015, p. 232). 
 
 
Neste do documento, publicado pelo IPEA, Junior e Waltenberg (2015) 
fazem uma análise sobre a ampliação do acesso dos autodeclarados pretos. 
Os resultados mostraram-se ambivalentes. A política color-blind definida 
revelou-se capaz de aumentar a proporção dos autodeclarados pretos 
na universidade. Porém, não foi possível, pelo menos diante da 
porcentagem definida, elevar de forma suficiente a proporção deste 
grupo em cursos de alto prestígio. Como era de se esperar, as políticas 
raciais são as que mais aproximariam a presença dos autodeclarados 
pretos na universidade da sua composição na população fluminense. 
Porém este benefício não é homogêneo entre as carreiras. Em todas as 
simulações, os autodeclarados pretos concentram-se em cursos de 
baixo prestígio social. (JUNIOR; WALTENBERG, 2015. p. 253). 
 
 O material do IPEA é recente e mostra um dado preocupante, pois mesmo 
com as cotas o número de estudantes afrodescendentes, em cursos, 
considerados de alto prestigio social, não sofre alteração. 
 
Resumo da Aula 3 
Nesta aula foram trabalhadas as Políticas Públicas Educacionais em duas 
diferentes etapas de ensino, no Ensino Fundamental (objetivando a discussão 
 
 
37 
 
das políticas de garantia e ampliação do direito à educação e de valorização 
profissional) e no Ensino Superior (as políticas de acesso). Conforme dados 
apresentado do MEC (2006), pode-se observar que o panorama do acesso ao 
ensino fundamental no ano de 2006, evidenciou que a maioria das crianças de 
6 anos estava fora da escola. O universo das Políticas Públicas Educacionais é 
amplo e por esse motivo selecionaram-se algumas políticas vigentes de maior 
relevância. 
 
Atividade de Aprendizagem 
No que tangem as Políticas Educacionais de âmbito nacional, 
existem também as Políticas Municipais e Estaduais, as quais 
merecem estudo e importante atenção. A proposta desta 
atividade é elencar quais são as Políticas Educacionais locais e 
pensar na relação delas com o trabalho pedagógico escolar. 
 
 
Aula 4 - As reformas educacionais e seus desdobramentos na forma de 
gerir a educação 
Apresentação da Aula 4 
Nesta aula o foco será aprofundar mais os assuntos que envolvem 
as reformas educacionais e seus desdobramentos na forma de gerir a educação. 
Discutindo especificamente sobre as reformas das décadas de 1920 e 1990 e 
suas implicações na educação, estabelecendo relações entre as reformas 
educacionais brasileiras e também contextualizá-las, cada qual em seu período 
histórico e contexto social. 
 
4. As reformas educacionais e seus desdobramentos na forma de gerir a 
educação 
As reformas educacionais consistem em mudanças significativas na 
educação do país e os principais objetivos são a implementação de mudanças, 
demarcação de Políticas de Estado. 
 
 
38 
 
As principais características, de todas as reformas educacionais são a sua 
relação com posição política predominante, seja por parte do governo, de 
pesquisadores ou da sociedade civil organizada. 
 
4.1 Reformas educacionais da década de 1920 
 Contextualizando a década de 1920, ela teve como marco, no campo da 
educação, o movimento escola novista, que consistia em uma forma inovadora 
de pensar a educação a relação da criança com o conhecimento. Década a qual 
a estrutura da educação no Brasil, não era como conhece-se hoje, ainda não 
havia se estabelecido uma unidade e organização como a que possui-se na 
atualidade. 
 A Fundação Getúlio Vargas organizou de maneira muito didática um 
material sobre as reformas da década de 1920, destacando-se os educadores, 
os quais foram fundamentais para o movimento da Escola Nova. 
Um dos movimentos mais importantes da época ficou conhecido com 
o nome de Escola Nova. Grandes temas e grandes figuras ficaram 
associados a esse movimento. A defesa de uma escola pública, 
universal e gratuita se tornou sua grande bandeira. A educação deveria 
ser proporcionada a todos, e todos deveriam receber o mesmo tipo de 
educação. Pretendia-se com o movimento criar uma igualdade de 
oportunidades. A partir daí, floresceriam as diferenças naturais 
segundo os talentos e as características de cada um. O ensino deveria 
ser leigo, ou seja, sem a influência e a orientação religiosa que tinham 
marcado os processos educacionais até então. A função da educação 
era formar um cidadão livre e consciente que pudesse incorporar-se ao 
grande Estado Nacional em que o Brasil estava se transformando. 
Entre os educadores que lideraram o movimento da Escola Nova estão 
Anísio Teixeira, da Bahia, Fernando de Azevedo (mais tarde diretor da 
Escola Normal) e Manuel Lourenço Filho, de São Paulo. (CAMPOS, 
2011. S/p.). 
 
Trabalhando com a ideia de Anísio Teixeira sobre a gestão escolar, pode-
se dizer que ela está subordinada ao Ensino. 
 
Ví deo 
Assista o vídeo, o qual traz algumas imagens da década de 
20. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=-CHWW342xYo 
 
 
 
39 
 
 
 
A década de 20 foi a década conhecida por suas diversas reformas 
ligadas ao movimento escolanovista. Dentre as diversas reivindicações dos 
pensadores desta década, estava a escola laica. E essa transformação só veio 
a acontecer mais em 1961, com novas normas vigentes. Seguem alguns 
destaques das reformas de 1920-30. 
 
Várias reformas foram realizadas no Brasil na década de 1920: 
 
1920 - Sampaio Dória realiza em São Paulo a primeira dessas reformas 
regionais do ensino. 
1922-1923 - Manuel Lourenço Filho é chamado ao Ceará para realizar 
a segunda dessas reformas. 
1924 - Anísio Teixeira traz para a Bahia a experiência que acumulou em 
cursos de educação nos Estados Unidos, onde foi aluno de John Dewey, 
o grande idealizador do movimento da Escola Nova norte-americano, 
que inspirou o do Brasil. 
1925-1928 - José Augusto Bezerra de Menezes, no Rio Grande do 
Norte, dá continuidade ao movimento de reformas. Nos anos de 1927-
1928 é a vez do Paraná, com Lisímaco Costa. Nesses mesmos anos, 
Francisco Campos marca o estado de Minas Gerais com seu projeto de 
reforma. A mais importante de todas, no entanto, foi feita no Distrito 
Federal, então capital da República, liderada por Fernando de Azevedo 
nos anos de 1927-1930. 
 - a introdução, no país, do ideário da Escola Nova que preconizava 
uma fundamental alteração nos processos de ensinar-aprender, com 
ênfase na observação e experimentação. Daí a grande importância 
atribuída aos chamados “estudos do meio” e às excursões escolares 
para que os alunos observassem os diferentes “cenários da natureza”; 
 - o nacionalismo que imperava na época, com a defesa de valores 
cívicos, a “valorização do que é brasileiro”, o culto aos heróis nacionais, 
a criação de grupos de escotismo, a defesa do contato direto com a 
Natureza 1920. 
- Sampaio Dória realiza em São Paulo a primeira dessas reformas 
regionais do ensino. (CAMPOS, 2011. S/p.). 
 
 
 Após 1930, damos destaque para as diretrizes do Estado novo, que 
estabeleceram a reforma do ensino com a lei orgânica do ensino secundário, nós 
temos aqui uma reforma, organizada por meio de um texto legal que busca 
reestruturar uma etapa de ensino. Também posteriormente a década de 1930, 
entre 1937 e 1945, durante o Estado Novo, temos reformas de ordem curricular, 
com a inclusão, por exemplo, com a inclusão da disciplina de educação moral e 
cívica. 
 
Por influência da Segunda Guerra Mundial, a lei instituiu também a 
educação militar para os alunos do sexo masculino. Reafirmou o caráter 
facultativo da educação religiosa e obrigatório da educação moral e 
 
 
40 
 
cívica, e recomendou ainda que a educação das mulheres fosse feita 
em estabelecimento distinto daquele onde se educavam os homens. 
Foram publicados ainda, decretos-leisque regulamentavam: 
- O ensino industrial (Lei Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-Lei 
4.073, de 30 de janeiro de 1942); 
- O ensino comercial (Lei Orgânica do Ensino Comercial – Decreto-Lei 
4.244, de 9 de abril de 1942); 
- A criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI 
(Decreto-Lei 4.048, de 22 de janeiro de 1942). 
- A Lei Orgânica do Ensino Secundário permaneceu em vigor até a 
aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1961. 
(FONTENELE, 2005, S/p.). 
 
 
As mudanças, das disciplinas escolares, na educação durante o Estado 
Novo tiveram características de ordem política. 
Ví deo 
Assista o vídeo, o qual traz algumas observações sobre a 
educação no Estado Novo. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=7tJWvPz4Kqs 
 
 
4.2 Reformas educacionais da década de 1990 
 Reforma educacional é a reformulação legal e/ou estrutural da 
organização da educação do país ou de uma região/Estado. 
Diferentemente dos anos 80, em que a mobilização política e social 
brasileira aspiravam e se posicionavam de forma a atingir um modelo 
democrático de Estado e consequentemente na gestão escolar brasileira, os 
anos 90, se mostram mais tímidos nesse sentido, e as políticas neoliberais 
emergem, mas então antes de discutirmos quais políticas e reformas são essas 
da década de 1990, cabe conceituar brevemente o que é o neoliberalismo: 
 
Neoliberalismo é a resposta à crise do capitalismo decorrente da 
expansão da intervenção do Estado, antagônica à forma mercadoria, 
ainda que necessária para sustentá-la. Após alguns anos de diagnóstico 
e de tateações (Crozier et al, 1975), toma forma no final da década de 
1970 como 'Reaganismo' e 'Thatcherismo', e consiste essencialmente 
em uma tentativa de recompor a primazia, e recuperar o âmbito, da 
produção de mercadorias. Renegando as formas social-democratas que 
acompanham o estágio intensivo, nega a crise estrutural e histórica do 
capitalismo e se volta às origens desse, do tempo do liberalismo - daí o 
nome de neo-liberalismo. 
 
 
41 
 
As políticas neoliberais perseguidas ao final dos anos 70 e no começo 
dos 80 por parte dos governos nacionais dos países centrais constituem 
precisamente uma tentativa (crescentemente desesperada) de 
'remercadorização’ de suas economias. 
O Estado capitalista tem que tentar isso, uma vez que assegurar as 
condições da produção de mercadorias é sua própria razão de ser, 
mesmo se, assim fazendo, Ihe escapa inteiramente o fato de que a 
negação da negação da forma-mercadoria não pode restabelecer essa 
última: privatização não é o mesmo que mercadorização. (DEÁK, 1985, 
p.227). 
 
 
Uma das características que melhor ilustra o modelo neoliberal é a 
diminuição da atuação do Estado. 
Peroni (2006), também trabalha em suas pesquisas com o conceito de 
neoliberalismo e exemplifica muito bem a ideia principal dessa organização 
política e econômica. 
 
O papel do Estado para com as políticas sociais é alterado, pois com 
este diagnóstico duas são as prescrições: racionalizar recursos e 
esvaziar o poder das instituições, já que instituições democráticas são 
permeáveis às pressões e demandas da população, além de serem 
consideradas como improdutivas, pela lógica de mercado. Assim, a 
responsabilidade pela execução das políticas sociais deve ser 
repassada para a sociedade: para os neoliberais através da privatização 
(mercado), e para a Terceira Via pelo público não-estatal (sem fins 
lucrativos) (PERONI, 2006, p. 14). 
 
Uma política estrutura em uma perspectiva neoliberal, foca na eficiência, 
na redução de custos e na menor participação do Estado, e a ideia primordial é 
essa, “para a teoria neoliberal, não é o capitalismo que está em crise, mas o 
Estado. A estratégia, portanto, é reformar o Estado ou diminuir sua atuação para 
superar a crise”. (PERONI, 2006, p. 05). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Ví deo 
Assista a sequência de vídeos nos quais Gérard Duménil 
responde questionamentos relacionados ao neoliberalismo. 
Link 1: 
https://www.youtube.com/watch?v=ZJvIZN1Bvag&index=1&l
ist=PLvxfYJw35usANW1CmGJGtp1a825ksBOrh 
 
Link 2: 
https://www.youtube.com/watch?v=ZJvIZN1Bvag&index=1&l
ist=PLvxfYJw35usANW1CmGJGtp1a825ksBOrh 
 
Link 2: 
https://www.youtube.com/watch?v=nYwsqza75zY&list=PLvx
fYJw35usANW1CmGJGtp1a825ksBOrh&index=3 
 
 Um exemplo, de política neoliberal, na América latina é o Chile, que 
adotando o sistema de vouchers, privatizou praticamente toda educação pública, 
mas hoje tenta reverter essa situação, entretanto a lógica de que “o privado é 
bom e o público é ruim” está presente e articulada com propostas meritocráticas, 
as quais dificultam a implementação das mudanças. 
 No caso do Brasil, as reformas educacionais da década de 1990, advém 
especialmente da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, que entre 
vários elementos, permite que recursos públicos sejam destinados à instituições 
privadas. Outro elemento importante a ser discutido é a organização da 
educação proposta pela LBD 9394/1996 e na Constituição Federal de 1988, as 
quais não tangiam as reformas da década de 20, não havendo estruturação à 
organização do ensino em todo pais, as quais são alcançáveis atualmente, 
entretanto na divisão de responsabilidades entre os entes federados, alguns 
autores comentam que essa organização onera o município e desresponsabiliza 
a União. 
 
O não-comprometimento efetivo com a melhoria da educação 
fundamental se manifesta pela descentralização autoritária dos 
encargos de manutenção da educação infantil e fundamental pelos 
municípios sem garantir, em sua maioria, condições mínimas de manter 
um atendimento qualitativo. (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003. p. 115). 
 
 
 
 
 
43 
 
Resumo da Aula 4 
O objetivo desta aula foi elucidar alguns fatores de organização política da 
educação, os quais decorrem da década de 90, dentre eles as reformas 
educacionais desta década, as quais foram marcadas pelo modelo 
Neoliberalista. 
Aprovação da LDB 9394/96 foi um marco na reorganização da educação 
brasileira, na década de 90 , e traz reflexos os quais permearam-se durante a 
passagem dos anos sequencias ao ano 2000, até os dias atuais, pois torna-
se perceptível a continuidade de algumas políticas e conceitos, permeando 
as duas décadas. 
Atividade de Aprendizagem 
Para sistematizar o que foi estudado, faça um quadro 
comparativo entre a educação disponibilizada na década de 20 
e a educação na década de 90. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
Resumo da disciplina 
Nesta disciplina forma estudadas as políticas e gestão na educação, 
enfatizando que faz-se necessário lançar o olhar além dos muros da escola para 
entender as questões macros, que embora pareçam distantes da escola, estão 
intimamente ligadas com diversas condições presentes na vida escolar dos 
alunos e dos profissional da educação. Deixando bem claro como o 
entendimento das diferenças ente o Governo e o Estado, pois o Governo é 
transitório e gere o Estado, que por sua vez, está ligado a um território. 
Fundamentaram-se de forma elucidativa os três principais conceitos 
(Estado, Política e Gestão), validando as suas interligações e que a 
compreensão sobre a administração e a gestão escolar são práticas que 
necessitam ser revistas, com o intuito de atender as demandas burocráticas. 
O professor, quando estuda sobre políticas e gestão na educação pode 
vislumbrar fatores que são externos ao planejamento das aulas (elaboração de 
avaliações e correções atividades), e o gestor escolar quando busca estudar e 
fundamentar sua prática faz refletir sobre como a gestão da escola deve estar a 
serviço do trabalho pedagógico para garantia do direito a educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Referências 
ABICALIL, Carlos Augusto. Piso Salarial Constitucional, legítimo, 
fundamental. 2008. Disponível no acesso: 
http://www.esforce.org.br/index.php/semestral/article/view/125/228

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