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MANUFATURA ENXUTA Aula 4 Prof.a Paula Andrea da Rosa Garbuio 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, entenderemos alguns conceitos e parte das ferramentas que compõem a filosofia Just in Time. CONTEXTUALIZANDO Nos fluxos contínuos de produção, sempre temos de ter em mente a filosofia Just in Time para a condução dos nossos processos nas empresas. Os ganhos são muito significativos. Você já utiliza a filosofia Just in Time na cadeia dos processos da sua empresa? Você visualiza oportunidades de ganhos na sua empresa? Onde? TEMA 1 – CRIAÇÃO DE FLUXO CONTÍNUO O fluxo contínuo é um dos princípios fundamentais de qualquer processo Lean. Fazer fluir significa reduzir etapas, esforços, tempos e custos desnecessários. Permite reduzir esperas e estoques, eliminar filas e trabalhar de acordo com o ritmo da demanda. Ao contrário do modelo Fordista, o Sistema Toyota de Produção utiliza o sistema de fluxo contínuo, ou seja, não produz grandes lotes e nem inunda a fábrica com estoques de material em processo. O STP prevê o sistema one piece flow (fluxo de uma peça por vez), que diminui a quantidade de material para uma peça em cada estação de trabalho. Dessa forma, o operador transita entre as estações transportando o componente, montando-o por completo. A adoção do sistema one piece flow aumenta consideravelmente a produtividade, sem investimentos adicionais, e reduz a possibilidade de erros na montagem, pois o operador passa a ter uma visão global do processo. Conforme já visto, o Takt Time é o tempo disponível para a produção dividido pela demanda de mercado. Sendo assim, um ritmo de produção mais rápido gera estoque, enquanto um ritmo de produção mais lento gera necessidade de aceleração do processo e, consequentemente, perdas, como refugos, retrabalhos, horas extras... Enfim, um desequilíbrio na produção. O objetivo do Takt Time é alinhar a produção à demanda, com precisão, fornecendo um ritmo ao sistema de produção. 3 Fluxo de Produção Tradicional versus Fluxo Unitário Contínuo Fonte:http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAT-QAD/sistema-toyota-producao Produção Puxada Do inglês, pull system, a produção puxada controla as operações fabris sem a utilização de estoque em processo. Neste modelo, diferentemente da produção empurrada, o fluxo de materiais ganha relevante importância. Aqui, a demanda gerada pelo cliente é o start da produção. Dessa forma, cada processo produtivo “puxa” as peças fabricadas no processo anterior, eliminando, assim, a programação das etapas do processo produtivo através do MRP. Nesse tipo de produção, o consumo do cliente é que determina a quantidade produzida, gerando o que chamamos de sistema com nível mínimo de inventário. A produção puxada surgiu em um cenário onde a qualidade começou a determinar a compra de um produto e a demanda deixou de ser infinita. Assim, tornou-se necessário um modelo produtivo mais avançado e menos estático. Por fim, faz-se importante ressaltar que é possível utilizar esses dois tipos de sistemas produtivos em um único sistema, com produção puxada e empurrada em pontos distintos do processo. Essa integração se dá com a utilização do Sistema Kanban em harmonia com o MRP, entre outros. 4 Fonte: Nota do Autor Layout fabril O layout industrial é a representação espacial dos fatores que concorrem para a produção, envolvendo homens, materiais, equipamentos e suas interações. O layout ou arranjo físico consiste na organização racional de todos os recursos e tecnologias necessários para a consecução em nível operacional dos objetivos da empresa industrial, materializando-se na forma como esses recursos serão dispostos no espaço tridimensional. Como "organização racional" entende-se a busca da harmonização e integração de equipamentos, mão de obra (direta e indireta), materiais, áreas de movimentação e de estocagem e demais recursos e tecnologias. Modelo de layout em célula ou “U” Uma célula é definida como um arranjo de pessoas, máquinas, materiais e métodos. Nela, as etapas do processo estão próximas e ocorrem em ordem sequencial, através da qual as partes são processadas em fluxo contínuo. Os componentes processados são agrupados em famílias (similaridade de formas e/ou dimensões e/ou processos). O layout físico de uma célula em “U” é o mais conhecido, mas muitas formas variadas são possíveis. 5 Fonte: Nota do Autor Ganhos Principais ganhos mensuráveis: ganhos financeiros, com a redução de estoques e desperdício; aumento da produtividade com qualidade; ganho de espaço físico na área de trabalho, caso seja necessária a montagem de mais uma linha; primeiro passo de rendimento, com o ganho de disponibilidade de mão de obra. Com a implementação de melhoria de segurança e ergonomia, diminui-se os custos com médicos; Principais ganhos imensuráveis: o crescimento profissional da empresa e o desenvolvimento dos colaboradores, principalmente pelo fato da criação do time com profissionais de diversos setores, agregando valor e conhecimento tanto para o profissional quanto para a empresa. TEMA 2 – JUST IN TIME (JIT) O Just in Time é um dos pilares da casa da Toyota. Seu conceito é: nada deve ser produzido, comprado ou transportado antes da hora certa, ou seja, o fluxo deve ser contínuo e puxado pelo cliente no ritmo correto. 6 Casa da Toyota Fonte: Nota do Autor Visualização gráfica da redução de estoques com a aplicação do JIT Fontes gráficas: http://www.citisystems.com.br/just-in-time-conceito-significado/ Pelo gráfico, observamos que, quando reduzimos a quantidade do lote, o inventário reduz-se drasticamente. A princípio, qualquer pessoa percebe que é uma grande vantagem trabalhar com o JIT. No entanto, não é tão simples assim. Vejamos as vantagens, as desvantagens e os pré-requisitos para que o JIT possa funcionar de forma adequada na empresa. A vantagem da utilização do JIT A vantagem de utilizar este conceito está na agilidade e na redução de custos que ocorrem em toda a cadeia produtiva. Algumas plantas já são 7 estruturadas com células onde são alocados os fornecedores, para que eles possam fornecer em pequenas quantidades e em fluxo contínuo. Toda a lógica do sistema contribui para otimizar o espaço utilizado na planta. Podemos relacionar ainda as seguintes vantagens: Rápida conversão dos materiais; Redução do trabalho em processo; Redução de espaço e manuseio; Rápida resposta aos problemas; Redução de agendamentos e rastreamentos; Maior responsabilidade; Melhor qualidade; Menos desperdícios e retrabalhos; Melhor resposta ao mercado; Melhoria de atitude. A desvantagem na utilização do JIT Este conceito não pode ser aplicado em produtos com demanda pouco previsível e com grandes oscilações; O JIT funciona com maior eficiência quando nossa cadeia possui um pequeno números de fornecedores, sendo necessário que os mesmos tenham estabilidade no fornecimento de seus materiais. Condições necessárias para a Implantação do JIT Para a implantação do Just in Time, é necessário que a empresa tome algumas atitudes. Veja abaixo algumas delas: Comprometimento da alta administração; Verificar onde é possível a implementação do Kanban; Realizar o treinamento de funcionários; Investir capital para melhoria de processos; Melhorar a capacidade demedir o desempenho em diversos setores; Facilitar a comunicação entre as áreas; Dominar os processos pertinentes; 8 Garantir eficiência no controle de qualidade. Essas ações são necessárias pela seguinte razão: os estoques altos em uma linha de produção escondem determinados problemas como: má concepção de produto, setup longo, layout deficiente, baixa qualidade, máquinas avariadas e fornecedores não confiáveis. Quando a empresa decide implantar o JIT, esses problemas, que antes não eram visíveis, irão aflorar. Por esse motivo, o JIT só pode acontecer após: O tempo de setup ser reduzido ou eliminado; A taxa de defeitos referentes a qualidade ser minimizada; Existir prevenção das avarias dos equipamentos; Os prazos de entrega serem mínimos; Existir otimização da dimensão dos lotes; A movimentação e os transportes serem minimizados. TEMA 3 – O SUPERMERCADO O Sistema de Produção Toyota (SPT) é, em sua maior parte, creditado a Taiichi Ohno, vice-presidente da Toyota. Ele viajou para os Estados Unidos em 1956 para visitar as fábricas de automóveis. Sua descoberta mais importante, durante a sua viagem, foram os supermercados americanos. O Japão, naquela época, não tinha ainda muitos supermercados self-service, e Ohno ficou bem impressionado. Ele ficou maravilhado com a maneira como os clientes escolhiam exatamente o que queriam e na quantidade que queriam. Ohno admirou-se com a maneira simples utilizada pelos supermercados para suprir as mercadorias: eficiente e no tempo certo. Ele notou que: As mercadorias estavam distribuídas em prateleiras; As informações necessárias estavam indicadas em pequenos cartões; A mercadoria era retirada pelo próprio consumidor; A reposição era realizada de acordo com a demanda. O supermercado deu a ele a ideia de colocar um sistema em prática, no qual cada linha de produção se transforma em um supermercado para a próxima linha. Cada linha programava sua produção para que a linha seguinte pudesse 9 escolher, tal qual prateleiras de um supermercado. Cada linha tornou-se cliente da linha precedente e cada linha tornou-se um supermercado para a linha seguinte. A linha seguinte poderia escolher somente os itens de que ela precisava. A linha precedente produzia, em contrapartida, apenas os itens de reposição que as linhas seguintes tinham selecionado. Esse formato, então, era um sistema de Puxar a Produção, conduzido pelas necessidades das linhas seguintes. O supermercado é o local predeterminado de armazenagem onde os contenedores com os lotes padrão são colocados à disposição dos clientes. Os supermercados podem ser posicionados dentro do chão de fábrica, o mais perto possível dos fornecedores e clientes, evitando os almoxarifados centrais, com a vantagem de acelerar os tempos de movimentação na entrega e no consumo dos lotes, que por si só levam à nova redução dos estoques, num ciclo de melhoramentos contínuos pregado pela Manufatura Enxuta. Princípios Básicos do Supermercado Planeje e monte um supermercado em função da demanda prevista: defina a demanda a ser atendida e monte um sistema de cálculo para acompanhamento periódico; O cliente só pode retirar do supermercado as quantidades necessárias, no momento em que forem necessárias; O fornecedor só está autorizado a repor em múltiplos de lotes padrão as quantidades retiradas do supermercado. Evite a superprodução. Dimensionamento do Sistema Para o planejamento e a montagem dos supermercados, é preciso definir duas variáveis: o tamanho dos lotes e o número de lotes que irá compor o supermercado desse item. Em situações nas quais não é possível produzir lote a lote, deve-se definir também uma terceira variável, que é o número de lotes de disparo da produção. Inicialmente, há a necessidade de estabelecer o tamanho do lote para cada item, pois com base nele se dimensionará o número total de lotes circulando no sistema. Em teoria, deve-se usar lote econômico e procurar trabalhar com lotes menores possíveis. Na prática, existem alguns fatores do chão de fábrica 10 relacionados à logística de armazenagem e fornecimento que irão balizar a definição do tamanho do lote no sistema: O tamanho do contenedor; O tamanho do lote de produção do equipamento fornecedor; As limitações de peso para movimentações manuais; A dinâmica de consumo pelo cliente etc. Legenda: SM = Supermercado Os contentores, a seguir indicados, são dispositivos padrão para a colocação de peças e componentes. Fontes da fotos: http://slideplayer.com.br/slide/337303/ 11 Após a montagem dos Supermercados, o sistema Kanban passa a controlar a reposição para estes componentes existentes nos Supermercados e consumidos na linha de produção. Fonte: http://marcioqualy.blogspot.com.br/2012/08/kanban-just-in-time-jit.html TEMA 4 – KANBAN Taiichi Ohno desenvolveu inúmeras ferramentas para operar sua forma de produzir na estrutura sistemática puxada do STP e no conceito de entrega Just in Time dos Produtos. Uma das mais conhecidas entre essas ferramentas é o sistema Kanban, que leva informação tanto dentro como entre os processos, com cartões de instrução, mandando produzir, adquirir ou movimentar peças. Conforme visto no tema anterior, o sistema Kanban passa a controlar a reposição para os componentes existentes nos supermercados e consumidos na linha de produção. O Kanban é uma metodologia de movimentação de materiais e produção, deflagrada por um sinal visual. Poderá utilizar cartões e quadros para controle, ou apenas um sinal visual, como o espaço vazio (onde estava o material) ou a caixa vazia de material em um local específico. O Kanban funciona melhor quando a produção é nivelada através do Heijunka Box (ver tema específico nesta Rota), pois, nesse caso, evitam-se as alterações abruptas de consumo de material. 12 A utilização do Kanban possibilita a sintonia entre a gestão do estoque e a produção. Ele pode ser subdividido em dois tipos: o de produção e o de movimentação. Kanban de Produção O Kanban de produção geralmente é utilizado no início da linha. Ele tem o objetivo de indicar a quantidade certa de peças e de componentes necessários para determinada linha. É uma forma de solicitar peças para a linha de produção, facilitando e agilizando todo o processo. Atualmente, esse sistema pode ser visto trabalhando em conjunto com sistemas ERP, que controlam a necessidade de peças e itens nas diferentes fases da linha de produção. É comum também a utilização do Kanban eletrônico, que possui a vantagem de eliminar perdas de cartões ou mesmo a falta de atualização dos quadros. Kanban de Movimentação Também chamado de Kanban de transporte ou Kanban de retirada, representa um outro momento da cadeia produtiva. O Kanban de movimentação indica a circulação de peças entre as áreas ou mesmo entre a empresa e seu fornecedor. Funcionamento do Sistema Kanban – com 1 cartão e com 2 cartões • Um cartão: de modo geral, é usado quando o supermercado fica próximo do processo cliente, ou a quantidade de peças por caixa é muito grande, se comparada ao consumo (somente Kanban de Produção); • Dois cartões: usado quando o supermercado fica distante do processo cliente, como em outro prédio, por exemplo (Kanban de Produção e de Retirada). 13 Slides de modelos – com 1 cartão e com 2 cartões Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/5654468/Fonte: http://www.gestaoindustrial.com/index.php/industrial/manufatura/lean-manufacturing 14 Como funciona o Kanban Imagine uma linha de produção de latas, na qual o operador deve alimentar a máquina com chapas cortadas para que ela produza latas. A quantidade de chapas que alimenta a linha pode ser representada por cartões, conforme a seguir: Fonte:http://citisystems.com.br/wp-content/uploads/2012/06/quadro-kanban.png No nosso exemplo, devemos produzir 10 latas. Para tanto, precisamos alimentar a máquina com 10 chapas cortadas a cada hora. Caso estas chapas não sejam repostas no devido momento, a produção será afetada. Na primeira etapa, o operador recebe do estoque 10 chapas cortadas para produzir 10 latas, e preenche todos os 10 cartões no quadro Kanban, seguindo a ordem, do verde para o vermelho. Assim que começa a produção, o operador alimenta uma chapa na máquina e retira o primeiro cartão verde do quadro (Etapa 2). Ele continua a produzir, alimentando a máquina e retirando o cartão correspondente do quadro. Observando a Etapa 3, podemos ver que ele já utilizou 4 chapas para alimentar a máquina, e estas chapas ainda não foram repostas. Na Etapa 4, o nível de resposta já foi atingido, o que significa que o sistema está em alerta, ou seja, ele está operando exatamente no tempo de resposta. Esse tempo é o tempo necessário para que o repositor do estoque separe as chapas, levando-as até o operador. Os cartões vermelhos representam uma faixa de segurança necessária para que a máquina não pare de produzir. Voltando ao nosso exemplo, se observarmos a Etapa 5, perceberemos que, se existem apenas duas chapas 15 com o operador, não sendo repostas as demais imediatamente, a produção irá paralisar por completo (Etapa 6). Kanban e Just in Time O Just In Time é o conceito que apresenta a necessidade do material certo, na quantidade certa, no tempo certo e no local certo. Por esse motivo, o Kanban é uma ferramenta adequada que pode ser facilmente aplicada a favor do Just In Time. No exemplo acima, caso o quadro Kanban do operador possa ser visualizado pelo almoxarifado, o estoquista poderá repor as chapas na quantidade exata necessária para produzir as latas. Sendo assim, observamos a produção sendo “puxada” pelas necessidades do cliente. Desvantagens do Kanban É uma ferramenta que funciona bem em um sistema de produção em série, visto que qualquer pedido não previsto, demanda instável ou pedido emergencial impacta todo o processo. A falta de disciplina dos operários pode também afetar todo o sistema. Exemplos da Aplicação do Kanban Fonte: http://www.quadrokanban.com.br/ 16 Fonte: Nota do Autor E-Kanban: Kanban Eletrônico; Kanban On-line Como podemos perceber, quando as necessidades dos clientes são vistas pelas pessoas certas no processo, tudo flui de maneira correta e harmoniosa. Para que essas necessidades sejam vistas, o quadro Kanban é uma excelente ferramenta visual; sua atualização é extremamente importante e deve ser feita a todo instante para que as outras pessoas possam analisar as informações e agir para manter a harmonia do processo. Nesse sentido, os softwares podem representar um ganho enorme na aplicação do Kanban, fornecendo algumas vantagens: Facilidade de atualização, que pode ser feita manualmente no computador ou automaticamente, com a utilização de sensores de contagem de peças etc.; As informações podem ser facilmente distribuídas via rede. Assim, por exemplo, quando o operador atualiza o quadro, o estoquista pode visualizar na tela do computador do almoxarifado e agir prontamente; Possibilidade de replicar as informações do quadro Kanban em todas as etapas de processo envolvidas, que de uma maneira ou de outra possuem interesse ou impactam o processo produtivo. Algumas dicas para implantar o Kanban Analise a necessidade do produto para cada item específico ou tarefa. A análise deve ser feita a fim de determinar o número de peças necessárias para cada produto vendido ou utilizado em cada tarefa. Deve ser revista a oferta e a demanda de cada produto, além do tempo necessário para que o fornecedor faça o reabastecimento; 17 Confeccione etiquetas de produtos para cada peça de mercadoria. As etiquetas devem ter o nome do produto, a quantidade de cada item em um recipiente cheio e quaisquer outros detalhes pertinentes; Preencha dois recipientes separados com o número total de peças necessárias para cada produto. Com isso, podemos obter a mercadoria necessária em determinado momento e a quantidade de reposição do estoque; Anexe as tags dos produtos aos recipientes. As tags vão ficar com os recipientes em todos os momentos; Crie áreas de distribuição para os recipientes. Para instalações industriais, podem ser utilizadas áreas de trabalho, salas de estoque ou de fornecimento; Atribua locais específicos para cada recipiente de produtos nas áreas de distribuição. Coloque um no local onde é utilizado e outro na área de abastecimento; Forneça instruções a todos os estoquistas e funcionários envolvidos. O sistema Kanban só funciona se todas as pessoas seguem o processo; Revise os resultados do processo Kanban e altere quantidades, se necessário, de forma a assegurar que as peças sempre serão repostas. Se ambos os recipientes estiverem sempre vazios, aumente o número necessário em cada recipiente para permitir mais tempo de reposição a partir da ordem do pedido; Sempre tente manter a menor quantidade de cada peça sem correr o risco de ficar sem estoque. TEMA 5 – O HEIJUNKA BOX Flexibilizar e nivelar a Produção O Heijunka é o nivelamento da produção, em volumes e mix, com o objetivo de criar estabilidade, base para análise de fluxo, padronização, utilização do kanban e melhor controle da qualidade. Ele é utilizado para prevenir o excesso de lotes e flutuações no volume dos produtos. A tartaruga é mais lenta, mas consistente. Causa menos desperdício e é muito mais desejável do que a lebre veloz que corre à frente e depois para, ocasionalmente, a cochilar. O sistema Toyota de Produção pode ser realizado somente quando todos os trabalhadores se tornam tartarugas. (OHNO, Taiichi, 1988) 18 Vamos analisar os dois quadros seguintes para entender melhor Fonte:http://gestaoindustrial.com/index.php/industrial/manufatura/lean-manufacturing Veja que ambos os quadros têm uma produção diária balanceada em volume, ou seja, são produzidas quantidades iguais em todos os dias; porém, apenas o segundo quadro está balanceado em mix, ou seja, produz-se com muito mais regularidade todos os tipos de produto. Para entender melhor, vamos olhar especificamente o produto B. No primeiro quadro, são produzidas quantidades apenas na terça e na sexta-feira, enquanto que, no segundo, produz-se uma menor quantidade diária, mas ela ocorre em todos os dias da semana. Esse é o princípio do nivelamento heijunka. Como já dissemos, ele proporciona maior estabilidade da produção, facilitando o uso de kanban, bem como maiores controles de fluxo e qualidade. O objetivo é amortecer as variações de demanda, de modo a permitir um ambiente de manufatura o mais regular possível, com produção dos vários modelos, em quantidades que atendam aos pedidos. Segue outro quadro como exemplo, comparando a Produção Tradicional com a Produção Nivelada. 19 Fonte: http://www.citisystems.com.br/heijunka/ A Figura (a) representa um exemplo de produção desnivelada tradicional paraa Empresa X, que fabrica tratores. A linha faz tratores de pequeno, médio e grande porte. Os tratores médios são os grandes vendedores; eles são feitos no início da semana, de segunda até quarta-feira. Neste dia, há uma transição, iniciando-se a produção de tratores de pequeno porte, que se estende até sexta- feira. Depois de mais uma troca, os maiores tratores, que são em menor demanda, são feitos na sexta-feira. Este método típico desnivelado cria quatro problemas: Os clientes geralmente não são previsíveis na compra de produtos. Se o cliente decide comprar os tratores grandes no início da semana, a planta terá problemas; Existe o risco de as mercadorias não serem vendidas, devendo ser mantidas em inventário, aumentando o custo de estocagem; A utilização dos recursos é desequilibrada (poderá haver horas extras e utilização maior de alguns equipamentos); Há uma demanda irregular em processos anteriores. A Figura (b) já representa um exemplo de modelo misto de produção nivelada. Neste exemplo, ao reduzir o tempo de troca na confecção de produtos e empregando outros métodos enxutos, a planta é capaz de construir os tratores em qualquer ordem que desejar. Tem-se, então, os seguintes benefícios: 20 Flexibilidade para fazer o que o cliente quer e quando ele quer; Redução do risco de produtos não vendidos; Uso equilibrado de trabalho e máquinas; Nivelamento entre demanda sobre os processos e fornecedores. Requisitos para a Produção Nivelada Para que um bom nivelamento de produção seja alcançado, é importante obedecer os seguintes requisitos: Preferencialmente, devem ser nivelados os itens mais frequentes e de maior volume; O ritmo de produção (takt time) e o tamanho dos intervalos de produção (pich) devem ser estabelecidos e mantidos atualizados; A frequência de produção dos itens (PTP do sistema) e o tamanho do estoque final de itens devem ser estabelecidos; Os tempos de setup devem ser mantidos baixos; Deve-se trabalhar com operações padronizadas; Deve-se utilizar dados de controle da produção para sustentabilidade da produção nivelada. Principais benefícios da aplicação do Conceito Heijunka Diminuição dos estoques de produtos acabados; Menor ocupação de armazéns; Redução de custos; Equilíbrio na utilização de recursos; Demanda regular em processos anteriores; Eliminação de desperdícios; Favorecimento da padronização dos processos; Menos stress dos funcionários. Atualmente, muitas empresas têm como objetivo colocar em prática o Lean Manufacturing e produzir exatamente o que o cliente pede e quando ele pede. Todavia, o que acontece é que muitas empresas aceitam pedidos que oscilam de mês a mês. Dessa forma, é realizada a programação desigual da 21 produção, o que acarreta em uma série de problemas, desde o pagamento de horas extras a funcionários até o estresse de pessoas e equipamentos em determinado período. Essa situação pode criar grandes quantidades de estoque, ocultar problemas e piorar a qualidade do produto, criando uma dificuldade para a empresa manter um fluxo de trabalho como o Lean requer. O heijunka ameniza o efeito chicote, o qual diz que uma pequena variação na demanda do cliente pode desencadear grandes variações nos fornecedores. Fonte:http://gestaoindustrial.com/index.php/industrial/manufatura/lean-manufacturing Exemplo Prático: A aplicação do Heijunka consiste em fazer o nivelamento da produção de acordo com o pedido total do cliente, convertendo a instabilidade da demanda dos clientes em um processo de manufatura nivelado e previsível. Tomemos como exemplo uma situação em que se deseja construir os produtos A e B na sequência dos pedidos do cliente. Ex.: A, A, B, A, B, B, B, A. Se colocada esta sequência na linha de produção, você possuirá um sistema irregular; se seu pedido na segunda-feira for duas vezes maior do que na terça, terá de pagar horas extras. A solução é criar uma agenda nivelada de produção. Neste exemplo, o programa deverá fazer cinco peças de A e cinco de B. Então, uma programação nivelada poderá ser: ABABABABAB. Percebe-se facilmente que é trivial o entendimento de que o nivelamento por volume e produção traz benefícios em toda a cadeia de valor. O problema permanece em como controlar a produção, de modo que o heijunka verdadeiro (nivelamento) seja constantemente atingido. O sistema Toyota de produção veio com uma resposta simples, na forma de caixa heijunka. 22 Uma típica caixa heijunka possui linhas horizontais para cada membro de uma família de produtos: neste caso, três (A, B e C). Possui, ainda, colunas verticais para intervalos de tempo idênticos de produção, que, neste caso, têm 20 minutos. Um controle Kanban é colocado nas ranhuras criadas, em proporção com o número de itens a produzir de um tipo de produto, durante um dado intervalo de tempo. Veja a Figura a seguir: Fig.2 - Fonte: http://www.citisystems.com.br/heijunka/ O quadro é dividido em duas partes (superior e inferior). Enquanto a parte superior (Ordem de Produção) é responsável por gerir a programação da produção, a parte inferior (Situação de Estoque) faz o controle de estoques utilizando o Kanban. Para cada produto, são definidas faixas verdes, amarelas e vermelhas, indicando visualmente o nível de estoque de cada um. Quando, por exemplo, o cliente demandar o produto A, deve-se colocar um cartão na zona verde, da esquerda para direita, representando que este produto foi consumido. Esta ação deverá ser repetida até que passe pela faixa amarela e a faixa vermelha esteja próxima de ser atingida. A faixa vermelha, por sua vez, é estabelecida com base no cálculo de tempo de setup da linha, o tempo de espera para o produto ficar pronto e um tempo de segurança. Ou seja, quando ela for atingida, ainda haverá tempo de produzir o produto sem que o estoque seja finalizado e o cliente possa ser atendido. Uma pessoa responsável (programador) deve estar atenta à 23 situação de estoque (região inferior do quadro) para retirar o cartão da situação de estoque e colocá-lo na régua de ordem de produção no momento adequado. A regra é colocar primeiro na régua de ordem de produção os cartões de produtos que estejam na iminência de atingir a região vermelha. Estes deverão ser produzidos primeiro. No exemplo acima, para obter o quadro, definimos algumas informações importantes: O produto A leva 20 minutos para ser produzido e seu nível máximo de estoque é de 20 unidades; O produto B leva 10 minutos para ser produzido e seu nível máximo de estoque é de 40 unidades; O produto C leva 40 minutos para ser produzido e seu nível máximo de estoque é de 10 unidades. Note também que a parte superior, denominada "ordem de produção", foi estabelecida considerando intervalos de 20 em 20 minutos, partindo das 6h até 14h, período completo de um turno. Com relação ao ritmo de produção, veja que ele passa a ser ditado pelo cliente e pela demanda de produtos, não sendo mais imposto pelo líder de produção. Trabalhando dessa forma, os estoques se mantêm em padrões não muito altos e nem muito baixos. Você definirá qual será o estoque máximo de cada produto. Por esse motivo o Heijunka e o JIT (Just in Time) trabalham em conjunto. Caso deseje saber o ritmo da produção, você poderá calcular da seguinte forma: (tempo disponível de trabalho por turno) dividido pela (quantidade de produto demandado pelo cliente). Esse ritmo também é conhecido por Takt Time. NA PRÁTICAA tabela a seguir apresenta as demandas para cinco diferentes modelos de automóveis. A última coluna apresenta os takt times para cada modelo, assumindo que a fábrica tivesse condições de dedicar uma linha de montagem para cada um deles. No entanto, sabe-se que, na prática, os diferentes modelos devem ser montados em uma única linha de montagem. Neste caso, se todas 24 as 480 unidades forem montadas nesta linha, o takt time deve ser de 1 minuto (480 minutos, 480 unidades). a) Como satisfazer diferentes demandas se o ritmo da linha é único e constante? Qual a sequência de letras que atende À sequência de montagem? Resolução do caso A resposta é proporcionada pelo heijunka, que define uma determinada sequência de montagem (neste caso hipotético, AABACDAE) que, se repetida ciclicamente, é capaz de atender a demanda de cada um dos diferentes modelos como se estivessem sendo montados em linhas exclusivas, conforme representado na figura. 25 SÍNTESE A presente aula teve o objetivo de apresentar ao aluno parte de alguns conceitos fundamentais e ferramentas utilizadas no Just in Time, em especial o conhecimento do Supermercado, o Kanban e o Heijunka Box. REFERÊNCIAS CAMAROTTO, J. A.; MENEGON N. L. Projeto de Unidades Produtivas: apostila. 2006. 126p. Departamento de Engenharia de Produção, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2006. CORRÊA, Henrique & GIANESI, Irineu. Just in Time, MRP e OPT. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1993. GHINATO, P. Produção & Competitividade: aplicações e inovações, Ed. Adiel T. de Almeida & Fernando M. C. Souza. Recife: Edit. da UFPE, 2000. HUTCHINS, David. Just in Time. São Paulo: Atlas, 1993. JACOBS, F. Robert. Administração de Operações e da Cadeia de Suprimentos, 2009. NOGUEIRA, Amarildo de Souza. Logística Empresarial: uma visão local com pensamento globalizado. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012. OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de Produção. Porto Alegre: Editora Bookman. 1997.
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