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od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 71 Ou seja, diversos setores da sociedade diminuíram a resistência e aos pou- cos Vargas foi remodelando o novo Estado e, do governo provisório tornou-se um governo constitucional. Nesse período ocorreram muitas agitações e cri- ses sucessivas nos meios civis e militares, e mudanças em muitos setores, como por exemplo, o governo editou o código eleitoral, o sufrágio eleitoral do voto, os homens acima de 18 anos votavam e as mulheres acima de 21 anos. Mas contrário ao que alguns autores afirmam: o estado novo esteve longe de ser um desdobramento natural da revo- lução de 30. Foi um dos resultados possíveis das lutas e enfrentamen- tos diversos travados durante a incerta e tumultuante década de 1930 (PANDOLFI, 2006, p. 35). Presidencialismo de Coalizão “Coalizão” refere-se a acordos entre partidos (normalmente com vistas a ocupar cargos no governo) e alianças entre forças políticas (dificilmente em torno de idéias ou programas) para alcançar determinados objetivos. Em sistemas multipartidários, nos quais há mais do que dois partidos relevan- tes disputando eleições e ocupando cadeiras no Congresso, dificilmente o partido do presidente possuirá ampla maioria no Parlamento para aprovar seus projetos e implementar suas políticas. Na maioria das vezes a coalizão é feita para sustentar um governo, dando-lhe suporte político no Legislativo (em primeiro lugar) e influenciando na formulação das políticas (secunda- riamente). Assim, alguns partidos, ou muitos, dependendo da conjuntura política, se juntam para formar um consórcio de apoio ao chefe de governo. Fonte: Almeida e Lopez (2017, on-line)1. ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO ESTADO BRASILEIRO COMO CAMPO DE NEGOCIAÇÃO E DISPUTA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E72 INSTITUIÇÕES PÚBLICAS BRASILEIRAS A estrutura institucional brasileira para a constituição de um Estado democrá- tico ocorreu ao longo das décadas, formada pelo federalismo, pela Constituição e estruturas de poderes. O federalismo foi introduzido no Brasil com a proclamação da Re- pública (1889). A maneira mais simples de definir Estado Federal é caracterizá-lo como uma forma de organização e de distribuição do poder estatal em que a existência de um governo central não impede que sejam divididas responsabilidades e competências entre ele e os Estados-membros. Na Primeira República (1889-1930), marcada por amplo domínio das oligarquias (grupos pequenos, detentores da for- ça econômica, do poder político e do prestígio social), o federalismo conheceu sua máxima expressão no País. Foi o período em que os gru- pos dominantes nos Estados tiveram grande autonomia em relação ao poder central. A crise mundial dos anos 1930 assinalou a falência do liberalismo econômico e político e também teve reflexos no Brasil. Em nosso País, o principal acontecimento político foi a chamada “Revolu- ção de 1930” e a conseqüente implantação da Era Vargas (1930-1945). O período foi marcado pela expansão de regimes autoritários, altamen- te centralizados, onde a autonomia dos Estados praticamente deixa de existir. Era a União que comandava, a rigor, todas as ações. No início da ditadura de Vargas, também conhecida como o “Estado Novo” (1937- 1945), uma cerimônia pública marcou a queima das bandeiras esta- duais, a simbolizar a Unidade Nacional em torno do Governo Central (BARBOSA, [2018], on-line)2. Após as primeiras décadas da república foram marcadas por instabilidades, con- quistas e golpe de Estado. Porém após o regime ditatorial o Brasil começa a viver um período democrático. Instituições Públicas Brasileiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 73 Com a queda do regime ditatorial, o Brasil viveu a experiência demo- crática (1946-1964) que, a despeito das inúmeras e graves crises, refle- tia as transformações pelas quais passava o País. Era um Brasil que se modernizava, industrializando-se e urbanizando-se. Nesse período, ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional recuperava sua importân- cia, os Estados também voltavam a contar com a autonomia perdida du- rante o regime ditatorial, mas sem recuperar todo o campo de atuação de que dispunham na Primeira República (BARBOSA, [2018], on-line). A experiência democrática no Brasil durou cerca de 20 anos e novamente o vive- mos um período não democrático: a ditadura militar. Com o regime militar (1964-1985), aprofunda-se o processo de amplia- ção dos poderes da União (representada pelo Governo Federal), sobre- tudo no que se refere às finanças. Isso significa dizer que se amplia o controle do Governo Central sobre a máquina de arrecadação, caben- do-lhe controlar a maior parte do dinheiro obtido pela cobrança de impostos. Na prática, era o Federalismo que se enfraquecia, colocando os Estados na posição de acentuada dependência do Governo Fede- ral. Sob o ponto de vista político, os Atos Institucionais baixados pelo Regime Militar, especialmente o AI 5 (1968), na prática eliminavam a Federação, pois depositavam inúmeros poderes nas mãos do Governo Central. Essa realidade, da mesma forma que a verificada durante o Es- tado Novo de Vargas, parece comprovar a tese de que há estreita relação entre Estado democrático de direito e Federação. Assim, quanto mais democrático for o país federativo, maior será a autonomia de Estados e Municípios (BARBOSA, [2018], on-line)2. Um marco para a sociedade, para o Estado e as instituições públicas brasileiras, é o fim da ditadura militar e a volta da democracia, e também o retorno do federa- lismo. O estabelecimento da democracia será marcada pela Constituição de 1988. A Constituição de 1988, chamada de “cidadã” pelo deputado Ulysses Guimarães, amplia as competências dos Estados-membros e estabele- ce um papel de destaque para os Municípios, além de conceder auto- nomia ao Distrito Federal semelhante àquela adotada para as demais Unidades da Federação. A Constituição brasileira determina quais as competências de cada uma das partes que compõem a Federação. Em síntese, ela diz que compete à União (Governo Federal), entre outras atividades, atuar na área da política externa e das relações internacio- nais; propor e executar a política de segurança e de defesa nacional; conduzir a economia e as finanças do País, inclusive emitir moeda; or- ganizar, regular e prestar serviços na área de comunicação; explorar os serviços e instalações nucleares (BARBOSA, [2018], on-line)2. ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO ESTADO BRASILEIRO COMO CAMPO DE NEGOCIAÇÃO E DISPUTA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E74 A Constituição de 1988 além de um marco no estabelecimento de direitos, defi- niu as áreas de atuação do Governo Federal, Estadual e Municipal: Em suma, as competências estaduais são as que ficaram de fora da área de atuação do Governo Federal e que não tenham sido expressamente proi- bidas pela Constituição. Em relação ao Município, a Constituição inova, identificando-o como um dos entes integrantes da Federação. Entre outras atribuições, os Municípios podem legislar sobre assunto de interesse local, além de complementar, quando possível, a legislação federal e estadual. A Constituição define, ainda, que a fiscalização do Município será exer- cida pelo Poder Legislativo municipal, isto é, pelos Vereadores, além do controle interno do Poder Executivo municipal. Já o Distrito Federal não se divide em municípios. A Constituição de 1988 concedeu-lhe