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. 157 ÁREAS VERDES URBANAS Como vimos nas unidades e tópicos anteriores a humanidade está cada vez mais urbana e com isso o vínculo com áreas naturais, com um entendimento e vivên- cia maior com a natureza tende a se enfraquecer. A existência de áreas verdes urbanas acaba por tentar mitigar esse efeito de desconexão da humanidade com a natureza, trazendo para as áreas urbanas mais verde, mais vida. O QUE SÃO ÁREAS VERDES URBANAS? As chamadas Áreas Verdes Urbanas ou Arborização Urbana divide-se em três setores individualizados que estabelecem interfaces entre si: 1) Áreas verdes públicas, destinadas ao lazer ou que oportunizam ocasiões de encontro e convívio direto com a natureza como praças e parques; 2) Áreas verdes privadas, compostas pelos remanescentes vegetais significativos incorporados à malha urbana (matas ciliares, remanescentes florestais, reservas legais, Áreas de Preservação Permanente entre outros); e PLANEJAMENTO URBANO: ETAPAS E DIMENSÕES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E158 3) Arborização de ruas e vias públicas (LORUSSO, 1992 apud MUNEROLI; MASCARÓ, 2010). Normalmente, o gerenciamento das Áreas Verdes Urbanas em um municí- pio fica dividido em dois setores: o de áreas verdes e o da arborização de ruas (GREY; DENEKE, 1978). No primeiro deles, encontra-se as atividades de plane- jamento e administração dos jardins, praças, parques e demais modalidades de áreas verdes públicas, tanto a nível de distribuição espacial global dentro do pro- jeto urbanístico, quanto ao nível de projeto paisagístico, execução e manejo de unidades individuais. No segundo estão as atividades de planejamento, implan- tação e manejo da arborização de ruas e avenidas que constitui a rede de união as áreas verdes (MILANO, 1988). Um bom planejamento das áreas urbanas deve priorizar a conservação, manutenção e segurança destes espaços devido suas variadas importâncias para sociedade. IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS De forma geral a existência de áreas naturais (ecossistemas) seja em áreas urbanas ou rurais é importante por suas funções ecológicas que como vimos colaboram para a continuidade da humanidade no planeta. Grote e Gbikpi (2002) separaram as funções dos ecossistemas em quatro categorias: 1. Funções de Regulação – relacionadas à capacidade dos ecossistemas de regu- larem processos ecológicos essenciais de suporte à vida. Todos esses processos são mediados pelos fatores abióticos e bióticos de um ecossis tema. Essas funções são responsáveis por manter a saúde dos ecossistemas, e têm impactos diretos e indiretos sobre as populações humanas. Exemplos: regulação de gás, de oferta de água, climática, nutrientes do solo e forma ção do solo e controle biológico. 2. Funções de hábitat – são essenciais para a conservação biológica e genética e para a preservação de processos evolucionários. Podem ser nominadas como função e refúgio, ou seja, espaços naturais onde a vida vegetal e animal possa Áreas Verdes Urbanas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 159 se abrigar; e função de berçário, espaços natu rais ideais para a reprodução de determinadas espécies, muitas vezes endêmicas de uma região, ou migratórias que possuem certas exigên cias para sua reprodução. 3. Funções de produção – ligadas à capacidade dos ecossistemas de for necerem alimentos e uma série de produtos para o consumo humano, a partir da produ- ção de uma variedade de hidrocarbonatos, obtidos por meio de processos como a fotossíntese, sequestro de nutrientes e por meio de ecossistemas seminaturais, como as terras cultivadas. Exemplos: pro dução de frutos, madeira, produtos far- macêuticos, cera, tinta, borracha, ornamentação, entre outros. 4. Funções de informação – relacionadas à capacidade dos ecossistemas natu- rais de contribuírem para a manutenção da saúde humana, fornecendo reflexão, inspiração artística, enriquecimento espiritual, desenvolvimento cognitivo, recre- ação e experiência estética. Nessa categoria, incluem-se conhecimento estético, recreação e (eco)turismo, inspiração cultural e artística, informação histórica e cultural, além de informações culturais e científicas. As áreas verdes urbanas possuem todas essas funções gerais de áreas natu- rais para a humanidade, porém, exercem alguns benefícios específicos urbanos diretamente vinculados a qualidade de vida dos cidadãos: ■ Sombreamento (Temperatura) Árvores diminuem a incidência da luz em mais de 90%, diminuindo a tempe- ratura e a incidência de luz direta sobre quem caminha ou se exercita debaixo delas. Áreas com mais árvores, em São Paulo, por exemplo, podem ter a tempe- ratura até 10°C abaixo de áreas não arborizadas no mesmo horário. Em um país tropical como o Brasil com a maioria das cidades possuindo altas temperaturas esse poder de melhoria microclimática das áreas verdes urbanas é de extrema importância para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. PLANEJAMENTO URBANO: ETAPAS E DIMENSÕES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E160 ■ Diminuição da Poluição sonora Observa-se que o efeito das árvores e outras plantas como protetoras do som é mais importante psicológica do que fisicamente nas cidades, pois para existir um bloqueio de som efetivo a área verde em questão deve ser densa e extensa, apenas a superfície foliar de poucas árvores não são capazes de bloquear o som. É pre- ciso considerar que o efeito protetor varia de acordo com a frequência dos sons, com a posição das árvores em relação à fonte emissora, com a estrutura e com- posição dos plantios e com a estação do ano. Porém, psicologicamente falando existem variados estudos comprovando que cidadãos que vivem em áreas com maior índice de áreas verdes relatam melhor conforto acústico (TAKAHASHI apud MARTINS, 1995). ■ Redução da Poluição atmosférica Segundo Lapoix (1979), cortinas vegetais experimentais implantadas em áreas urbanas foram capazes de diminuir em 10% o teor de poeira do ar. Os efeitos da vegetação sobre poeiras e partículas devem ser considerados sob dois aspec- tos: o efeito aerodinâmico, dependente de modificações na velocidade do vento provocadas pela vegetação e o efeito de captação das diversas espécies vegetais. A remoção de gases tóxicos da atmosfera pelas plantas pode, segundo vários autores, ocorrer quando estes, acumulados nas partículas de poeira, são retidos temporariamente junto com o material particulado (MAYER; ULRICH, 1974). Sabe-se também que as árvores são capazes de aprisionar Carbono (C) em suas estruturas (galhos, tronco, raízes e folhas), por meio de processos fisioló- gicos, esse fato é chamado de “sequestro de carbono”. Estudos apontam que as árvores urbanas podem diminuir o nível de carbono atmosférico em até quatro vezes mais do que as árvores individuais não urbanas, porque a diferença está rela- cionada com a variação no tamanho do diâmetro das copas (NOWAK; CRANE, 2002). Mc Pherson (1994 apud MUNEROLI, 2010) num estudo realizado com 118 árvores na cidade de Chicago constatou uma média de crescimento anual do diâmetro de 1,1 centímetros, em comparação com 0,4 centímetros em árvo- res plantadas em áreas florestais em Indiana e Illinois/Chicago, USA. Áreas Verdes Urbanas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 161 Em um mundo engajado cada vez mais na redução do aquecimento global essa função de “sequestro de carbono” realizado