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Meio Ambiente, 
Sociedade e 
Cidadania
E-book 3
Yara Maria Gasbelotto
Neste E-book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
MOVIMENTOS SOCIAIS E A 
QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL ������4
Inserção da agenda ambiental no Brasil ����������������5
PRINCIPAIS DESAFIOS DAS 
GRANDES CIDADES ����������������������������������13
Resíduos Sólidos �������������������������������������������������� 16
Saneamento básico ���������������������������������������������� 23
Qualidade do ar e mobilidade urbana ������������������ 27
Áreas verdes e biodiversidade ����������������������������� 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������37
SÍNTESE �������������������������������������������������������38
2
E-book 
3
Os Desafios do 
Ambiente Urbano
E-book 
3
INTRODUÇÃO
Saudações!
Daremos continuidade aos nossos estudos sobre 
Meio Ambiente, Sociedade e Cidadania� Neste mó-
dulo, vamos conhecer como a temática ambiental 
inseriu-se na agenda do governo brasileiro e da nos-
sa sociedade, resgatando como linha condutora as 
conferências temáticas da Organização das Nações 
Unidas (ONU)� Na sequência, entenderemos como as 
necessidades de manutenção do ambiente urbano 
exercem pressão sobre nossos recursos naturais 
e quais são os principais desafios socioambien-
tais que os grandes centros urbanos enfrentam na 
contemporaneidade�
3
MOVIMENTOS 
SOCIAIS E A QUESTÃO 
AMBIENTAL NO BRASIL
Vamos retomar um pouco do que já estudamos nos 
módulos anteriores?
No Módulo 1, observamos que a partir das décadas 
de 1950 e 1960 a temática ambiental começa a ga-
nhar relevância em diversos países devido a dois 
aspectos principais: acidentes associando poluição 
ambiental com danos à saúde humana e estudos 
publicados que vinculavam atividades humanas a 
danos ambientais e ao possível comprometimento 
da sobrevivência de nossa própria espécie no plane-
ta� Também que esses aspectos e seus desdobra-
mentos resultaram na realização da Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 
Estocolmo em 1972, primeira conferência da ONU 
sobre o assunto�
No Módulo 2, estudamos sobre a formação de nossa 
sociedade e a construção de nossa cidadania; há 
uma relação de barganha entre o interesse público 
e o privado, bem como uma sociedade civil pouco 
atuante, que de maneira geral busca soluções indivi-
duais para problemas públicos por meio do famoso 
“jeitinho brasileiro”� Ainda, que na década de 1970 o 
país vivia o “milagre econômico”, período de intenso 
crescimento� Importante ressaltar que nessa década, 
4
politicamente, vivíamos sob um governo autoritário 
que censurava os meios de comunicação de massa 
e que os movimentos sociais mais relevantes centra-
vam atuação no combate à ditadura� Apenas como 
curiosidade, em 1970 o Brasil foi tricampeão na Copa 
do Mundo de futebol, acontecimento bastante utiliza-
do pelo governo para gerar um ambiente de otimismo 
e euforia junto à população�
Diante desse cenário, como você imagina a partici-
pação de nossos representantes na Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano? E 
como você imagina a repercussão dessa Conferência 
aqui no país?
Reflita um pouco antes de iniciarmos nossos estudos 
no próximo item�
Inserção da agenda ambiental 
no Brasil
A realização da primeira conferência da ONU é um 
marco histórico para a consolidação de uma agen-
da internacional voltada a questões ambientais� Ela 
influenciou diretamente todos os países-membro 
da Organização, incluindo o Brasil, que é membro-
-fundador da Organização das Nações Unidas, tendo 
ingressado na ONU em 1945�
Ao abordar a necessidade de influenciar e conduzir 
os povos do mundo para a preservação e a melhoria 
do ambiente humano, a declaração final do encontro 
5
estabeleceu as bases para a nova agenda ambiental 
do Sistema das Nações Unidas�
O crescimento econômico vivido pelo Brasil e outros 
diversos países em desenvolvimento naquela época 
baseava-se na extração e uso intensivo de recursos 
naturais, especialmente petróleo e minérios� Apesar 
de a comunidade internacional demonstrar cada vez 
mais interesse nas questões ambientais, esse tema 
não tinha espaço nas agendas institucionais destes 
países�
O posicionamento do Brasil foi claro: restringir o uso 
dos recursos naturais significaria restringir o cres-
cimento e o desenvolvimento do país, o que era ina-
ceitável� A proteção ao patrimônio natural era vista 
como obstáculo ao crescimento do país�
E qual foi a repercussão desta posição junto à so-
ciedade? Praticamente nenhuma� Primeiro, porque 
a sociedade brasileira não tinha interesse no assun-
to como tem atualmente� Como consequência, os 
meios de comunicação não divulgaram a Conferência 
de maneira ostensiva� Segundo, porque a prioridade 
dos movimentos sociais existentes à época era o en-
frentamento ao governo e o combate à desigualdade 
social, não proteger florestas ou animais silvestres.
Lembre-se, o meio ambiente do ponto de vista das 
ciências sociais é uma representação social e, por-
tanto, adquire significados diferentes em épocas e 
sociedades diferentes�
6
Se, por um lado, a Conferência da ONU não repercu-
tiu em nossa sociedade, por outro, ela influenciou 
algumas mudanças institucionais, afinal, o Brasil 
comprometeu-se com as decisões estabelecidas 
na Conferência�
 Em 1973, o governo federal criou a Secretaria 
Especial de Meio Ambiente (Sema), vinculada à 
Presidência da República� Entre suas principais atri-
buições, estavam o controle da poluição, o uso racio-
nal dos recursos naturais e a educação ambiental� 
No mesmo ano, diversos órgãos estaduais de meio 
ambiente foram criados, como a Fundação Estadual 
de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), no Rio de 
Janeiro, e a Companhia Ambiental do Estado de São 
Paulo (Cetesb), em São Paulo�
Com a promulgação da Lei 6�938, de 31 de agosto 
de 1981, estabelece-se que a Política Nacional de 
Meio Ambiente tenha o objetivo de preservar, me-
lhorar e recuperar a qualidade ambiental propícia 
à vida, visando a assegurar, no país, condições ao 
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses 
da segurança nacional e à proteção da dignidade 
da vida humana�
Conforme abordado no módulo anterior, a 
Constituição Federal de 1988 trouxe um capítulo in-
teiro dedicado ao tema, inserindo o meio ambiente 
equilibrado no conjunto de direitos a que todo cida-
dão brasileiro faz jus�
7
SAIBA MAIS
Conheça a Política Nacional de Meio Ambiente 
na íntegra�
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/l6938.htm� Acesso em: 14 mai� 2019�
No Módulo 2, abordamos que os movimentos sociais 
voltados às questões de meio ambiente ganharam 
mais força a partir das décadas de 1980 e 1990, com 
os chamados “novos movimentos sociais”� Sobre 
esse período histórico, temos que
Durante a década de 1970, o movimento am-
bientalista gerou um baixo impacto sobe a 
opinião pública brasileira. Contudo, a partir de 
1981, quando o país deixou de ser o campeão 
mundial do crescimento econômico, o impac-
to sobre a sociedade e sobre a produção de 
ideias foi grande, marcando o crescimento da 
consciência ambiental e do ambientalismo no 
Brasil. [...] O ambientalismo brasileiro deixou 
de ser restrito a pequenos grupos da socieda-
de civil e dos órgãos estatais, para tornar-se 
multissetorializado, passando a impregnar 
outros movimentos sociais, organizações 
não governamentais (ONGs), universidades, 
a mídia, as agências governamentais não 
especificamente ambientais e as empresas 
(PELICIONI, 2014, p. 433).
8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
SAIBA MAIS
Algumas das mais atuantes organizações da so-
ciedade civil voltadas ao meio ambiente foram 
fundadas ou iniciaram suas atividades no país 
entre os anos 1970 e 1990� Conheça a trajetória 
de algumas delas!
SOS Mata Atlântica� Disponível em: https://www.
sosma.org.br/quem-somos/historia/� 
WWF Brasil� Disponível em: https://www.wwf.org.
br/wwf_brasil/historia_wwf_brasil/�Greenpeace� Disponível em: https://www.gre-
enpeace.org/brasil/quem-somos/nossa-historia/� 
Acessos em: 14 mai� 2019�
Ainda na década de 1980, a ONU estabelece uma 
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento cujo relatório final, intitulado Nosso 
Futuro Comum, traz o conceito de desenvolvimento 
sustentável para o vocabulário internacional:
O desenvolvimento sustentável é o desenvolvi-
mento que atende as necessidades atuais sem 
comprometer a habilidade das futuras gera-
ções de atender suas próprias necessidades.
No Brasil, as mudanças observadas tanto na socie-
dade civil quanto no governo culminaram na candi-
9
https://www.sosma.org.br/quem-somos/historia/
https://www.sosma.org.br/quem-somos/historia/
https://www.wwf.org.br/wwf_brasil/historia_wwf_brasil/
https://www.wwf.org.br/wwf_brasil/historia_wwf_brasil/
https://www.greenpeace.org/brasil/quem-somos/nossa-historia/
https://www.greenpeace.org/brasil/quem-somos/nossa-historia/
datura do país para sediar a segunda conferência da 
ONU sobre meio ambiente�
O Brasil, que demonstrava em 1972 o seu não 
envolvimento com as questões ambientais, 
passou a adotar um posicionamento mais fa-
vorável, a ponto de ser candidato para sediar 
uma das maiores conferências internacionais 
na área, desempenhando um papel de desta-
que que merece ser amplamente discutido, no 
debate criado e fomentado internacionalmen-
te em torno do desenvolvimento sustentável.
Ao sediar a Rio-92, o Brasil buscava demons-
trar que seria possível preservar a ‘soberania 
sobre os recursos nacionais, principalmente 
os amazônicos’ além de aproximar as posi-
ções dos países desenvolvidos e atuar de ma-
neira decisiva nas negociações sobre menção 
ao desenvolvimento social e econômico em 
bases sustentáveis (ALMEIDA; RODRIGUES; 
SANTANA, 2014, p. 187).
Realizada entre 3 e 14 de junho de 1992, a 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento (CNUMAD) reuniu mais de 170 
chefes de estado na cidade do Rio de Janeiro, e é 
10
o grande marco histórico para a consolidação da 
agenda ambiental em nosso país�
Também chamada de Eco-92, Cúpula da Terra ou 
Rio-92, o encontro reconheceu a relação de interde-
pendência entre meio ambiente e desenvolvimento e 
necessidade de um modelo de desenvolvimento hu-
mano com base sustentável� O principal documento 
gerado, a Agenda 21, ultrapassou as questões am-
bientais ao abordar os padrões de desenvolvimento 
que impactam o meio ambiente�
Em 2002, a ONU promoveu a Cúpula Mundial 
sobre Desenvolvimento Sustentável na ci-
dade de Johanesburgo (África do Sul) e, em 
2012, a Conferência das Nações Unidas sobre 
Desenvolvimento Sustentável, novamente na cidade 
do Rio de Janeiro�
Conhecida como Rio+20, o objetivo da Conferência 
foi a renovação do compromisso político com o de-
senvolvimento sustentável, por meio da avaliação do 
progresso e das lacunas na implementação das de-
cisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o as-
sunto e do tratamento de temas novos e emergentes�
Seu documento final, intitulado O futuro que quere-
mos, reforça os compromissos estabelecidos nas 
conferências anteriores, enfatizando os aspectos 
sociais do desenvolvimento sustentável e a necessi-
dade do esforço conjunto para o enfrentamento dos 
desafios socioambientais contemporâneos.
11
SAIBA MAIS
Você pode acessar todos os documentos relati-
vos às conferências da ONU sobre meio ambiente 
no site das Nações Unidas� Disponível em: https://
nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/� Acesso 
em: 14 mai. 2019. Especificamente sobre a últi-
ma Conferência das Nações Unidas, a Rio+20, há 
um site específico que vale a pena você conferir. 
Disponível em: http://www.rio20.gov.br/� Acesso 
em: 14 mai� 2019�
12
https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/
https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/
http://www.rio20.gov.br/
PRINCIPAIS DESAFIOS 
DAS GRANDES CIDADES
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2017), as expectativas apontam 
que até 2050 a população urbana do mundo prati-
camente dobrará, tornando a urbanização uma das 
tendências mais transformadoras do século 21� Mas 
o que isso significa, concretamente, em termos de 
meio ambiente?
Significa maior pressão sobre os recursos naturais 
para fornecer água, alimento, moradia e toda a infra-
estrutura urbana necessária para atender a essa po-
pulação. Afinal, as cidades são organizações sociais 
totalmente dependentes das áreas não urbanizadas� 
Todos os recursos necessários para a manutenção 
de uma cidade são importados: alimentos, água do 
abastecimento público, rochas e minérios utilizados 
na construção civil, energia elétrica etc�
Antes mesmo de avançarmos, é importante refle-
tirmos um pouco sobre o que entendemos por “ci-
dade”� Qual a diferença, por exemplo, entre cidade 
e município?
Podemos definir município como uma divisão ad-
ministrativa que delimita um território com perso-
nalidade jurídica própria (a prefeitura)� O município 
é geralmente composto por duas zonas distintas: a 
zona rural e a zona urbana, cujos limites são deter-
minado pela Prefeitura, em legislação própria�
13
De acordo com o IBGE (2017), a distinção entre rural 
e urbano tem sido feita por meio do tamanho popu-
lacional ou patamar demográfico, sendo o urbano 
definido pela concentração populacional, enquanto 
o rural por sua dispersão�
As prefeituras usualmente delimitam o perímetro ur-
bano para fins tributários ou de planejamento urbano. 
O que está dentro do perímetro urbano é chamado 
de cidade ou vila, sendo chamado de rural o território 
externo a esse perímetro� Portanto, ‘cidade’ é a área 
urbanizada do município, e sua delimitação é feita por 
lei municipal, geralmente levando em consideração 
a densidade populacional� Partindo dessa metodolo-
gia, obviamente a cidade é a área mais densamente 
povoada de qualquer município, tenha o município 
poucas centenas de habitantes ou dezenas de mi-
lhões de habitantes�
É sempre importante ressaltar que as cidades não 
são todas iguais e, logo, o estilo de vida de seus 
habitantes e a dimensão dos impactos ambientais 
também variam consideravelmente� Daí a importân-
cia de mencionarmos “grandes cidades” ou “grandes 
centros urbanos” quando tratamos das questões am-
bientais, pois são essas que requerem maior atenção�
Dados do IBGE (2018) indicam que 57% da população 
brasileira vive em municípios de grande porte, isto é, 
acima de 100�000 habitantes (Figura 1)�
14
Figura 1: Distribuição da população e dos municípios, segundo grupos 
de tamanho de municípios. Fonte: IBGE, 2018. 
Observe que o IBGE denomina “grande porte” os 
municípios que se enquadram em duas classes de 
tamanho da população: de 110�001 até 500�000 ha-
bitantes e acima de 500�000 habitantes�
Se analisarmos somente os municípios com mais 
de 500�000 habitantes, veremos que eles abarcam 
mais de 30% da população do país, mas represen-
tam menos de 1% dos mais de 5�500 municípios que 
compõem nosso país� E se formos levantar os mu-
nicípios com mais de 1 milhão de habitantes, essa 
quantidade cai para praticamente a metade�
É importante termos esses números em mente, pois 
ao tratarmos das questões ambientais urbanas, es-
tamos tratando de questões que envolvem milhões 
de brasileiros, mas menos de duas dezenas de cida-
des� A maioria da população brasileira vive em áreas 
urbanas, mas com dinâmicas sociais, econômicas e 
15
ambientais muito diversas entre si, por essa razão, 
não podemos generalizar as análises para todos os 
municípios e habitantes do Brasil�
Resíduos Sólidos
O que é lixo? Tudo aquilo que não tem serventia, que 
está velho, que deve ser jogado fora? Você sabia que 
a palavra lixo deriva do termo latino lix, que significa 
cinzas? Pois é, antigamente a única coisa que não 
tinha mais serventia eram as cinzas� Como estudado 
no Módulo 2, atualmente qualquer objeto que não 
seja mais desejável, mesmo em pleno funcionamen-
to, pode virar lixo de uma hora para outra, bastando 
apenas uma campanhapublicitária bem-feita para 
nos induzir às compras�
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 
12�305/2010) não contempla a palavra lixo, e sim 
dois outros termos:
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou 
bem descartado resultante de atividades humanas 
em sociedade, a cuja destinação final se procede, se 
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos 
estados sólido ou semissólido, bem como gases con-
tidos em recipientes e líquidos cujas particularidades 
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de 
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso 
soluções técnica ou economicamente inviáveis em 
face da melhor tecnologia disponível�
16
Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas 
todas as possibilidades de tratamento e recuperação 
por processos tecnológicos disponíveis e econo-
micamente viáveis, não apresentem outra possibi-
lidade que não a disposição final ambientalmente 
adequada. 
Observe que aquilo que rotineiramente chamamos 
de “lixo”, a legislação trata como rejeito� E há uma 
diferença importante nesse conceito: entendemos 
como lixo aquilo que não nos serve mais; por rejeito, 
devemos entender tudo aquilo que pode ser jogado 
fora somente depois de esgotadas todas as possi-
bilidades de tratamento e recuperação�
Certamente se você der uma espiada no cesto de lixo 
de sua casa ou do seu trabalho, encontrará objetos 
que poderiam ser reutilizados ou reciclados, não é 
mesmo? Isso sem mencionar o lixo da cozinha, que 
basicamente tem cascas, folhas e restos de alimen-
tos que poderiam virar adubo por meio de processos 
simples de compostagem� Em outras palavras, muito 
do que jogamos fora todos os dias não é realmente 
lixo� Nem rejeito�
Para você entender a dimensão do desafio que é o 
manejo dos resíduos nas cidades, vamos primei-
ro entender quais os tipos de resíduo existentes� A 
Política Nacional de Resíduos Sólidos classifica os 
resíduos quanto à origem da seguinte maneira:
17
a) domiciliares: os originários de atividades domés-
ticas em residências urbanas; 
b) de limpeza urbana: os originários da varrição, 
limpeza de logradouros e vias públicas e outros ser-
viços de limpeza urbana; 
c) sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” 
e “b”; 
d) de estabelecimentos comerciais e prestadores de 
serviços: os gerados nessas atividades, excetuados 
os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; 
e) dos serviços públicos de saneamento básico: os 
gerados nessas atividades, excetuados os referidos 
na alínea “c”; 
f) industriais: os gerados nos processos produtivos 
e instalações industriais; 
g) de serviços de saúde: os gerados nos serviços 
de saúde, conforme definido em regulamento ou em 
normas estabelecidas pelos órgãos competentes; 
h) da construção civil: os gerados nas construções, 
reformas, reparos e demolições de obras de cons-
trução civil, incluídos os resultantes da preparação 
e escavação de terrenos para obras civis; 
i) agrossilvopastoris: os gerados nas atividades 
agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacio-
nados a insumos utilizados nessas atividades; 
18
j) de serviços de transportes: os originários de por-
tos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários 
e ferroviários e passagens de fronteira; 
k) de mineração: os gerados na atividade de pesqui-
sa, extração ou beneficiamento de minérios. 
As prefeituras são responsáveis pelo manejo do 
Resíduo Sólido Urbano (RSU), ou seja, a soma dos 
resíduos domiciliares e dos resíduos de limpeza ur-
bana. É o nosso lixo comum, gerado ao longo de 
nossas atividades cotidianas� Por isso, ao analisar a 
questão do manejo de resíduos nas cidades, vamos 
nos concentrar neste segmento�
A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza 
Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) estima que o 
Brasil gerou em 2017 mais de 78 milhões de tonela-
das de resíduos sólidos urbanos� São quase 215�000 
toneladas diárias produzidas no país! Deste total, 
91,2% foi coletado, o que significa que 6,9 milhões 
de toneladas não foram recolhidos�
Do total coletado, apenas 59,1% foi corretamente 
encaminhado para aterros sanitários� Ou seja, mais 
de 29 milhões de toneladas de RSU foram parar em 
lixões ou aterros controlados (estruturas que não 
possuem o conjunto completo de sistemas e medi-
das protetivas ao meio ambiente)� Na Figura 2, no-
tamos a disposição final desses resíduos.
19
Figura 2: Disposição final dos RSU coletados no Brasil (ton/ano). 
Fonte: Abrelpe (2017, p. 19).
REFLITA
A Abrelpe calcula que, em média, os municípios 
gastam R$ 10,37 por habitante a cada mês para 
prestar os serviços de limpeza urbana e de coleta 
de lixo domiciliar� Quantos habitantes tem o mu-
nicípio em que você mora? Calcule o investimen-
to mensal da prefeitura para atender o município 
e reflita se esse valor não poderia ser economiza-
do caso os habitantes reduzissem a produção de 
lixo com atitudes simples como reduzir o consu-
mismo/desperdício, reutilizar e reciclar�
20
Uma iniciativa muito divulgada como sendo solução 
para todos os problemas é a coleta seletiva, definida 
pela Política Nacional de Resíduos Sólidos como a 
“coleta de resíduos sólidos previamente segregados 
conforme sua constituição ou composição”�
Para a coleta seletiva ser eficiente, é preciso antes 
que a fonte geradora do resíduo separe-o corretamen-
te� Em seguida, que leve aos postos de entrega ou 
coloque na rua nos dias corretos� Podemos perceber 
que se a população não separa seu resíduo, no míni-
mo em dois tipos (lixo comum/orgânico e materiais 
recicláveis), a coleta seletiva realizada pela prefeitura 
ou pela cooperativa não surtirá efeito�
Após a coleta, é preciso haver uma cooperativa ou 
uma empresa que faça a triagem adequada dos re-
cicláveis para poder comercializar. Afinal, as indús-
trias recicladoras trabalham com matérias-primas 
específicas, e a comercialização é feita pelo tipo de 
material reciclável: plástico, papel e papelão, vidro, 
metal�
Note que a coleta seletiva é apenas uma parte da 
cadeia de manejo dos resíduos� Infelizmente, é uma 
parte na qual nem todas as prefeituras investem ain-
da. A Abrelpe estima que, em 2017, parcela significa-
tiva dos municípios das regiões Centro-oeste, Norte 
e Nordeste não tinham nenhum programa de coleta 
seletiva, (Figura 3)�
21
Figura 3: Distribuição dos municípios com iniciativas de coleta seletiva 
no Brasil. Fonte: Abrelpe (2017, p. 18).
SAIBA MAIS
A Prefeitura de São Paulo lançou, em 2019, o Re-
cicla Sampa, novo portal do programa de coleta 
seletiva no município� Acesse e pesquise os dias 
da coleta seletiva em seu endereço, caso você 
seja morador de São Paulo�
Disponível em: https://www.reciclasampa.com.
br/� Acesso em: 14 mai� 2019�
22
https://www.reciclasampa.com.br/
https://www.reciclasampa.com.br/
Saneamento básico
A Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 
11.445/2007) define-o como o “conjunto de servi-
ços, infraestruturas e instalações operacionais de 
abastecimento de água potável, esgotamento sani-
tário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, 
drenagem e manejo das águas pluviais”�
Tratamos da limpeza urbana e manejo de resíduos 
sólidos em item separado, para analisarmos aqui 
os aspectos vinculados aos recursos hídricos� Você 
consegue perceber que água potável, esgoto e águas 
pluviais integram um único “ciclo de vida”, que é o 
ciclo hidrológico (Figura 4)?
Figura 4: O ciclo hidrológico. Fonte: Bassoi; Menegon Jr. (2014. p. 90).
23
Ao observar a Figura 4, que certamente você já co-
nhece dos tempos do ensino fundamental, constata-
mos que a água é ao mesmo tempo um recurso infi-
nito pela sua quantidade e finito pela sua qualidade. 
A quantidade de água no planeta é a mesma desde 
o surgimento da vida, há bilhões de anos� O que tem 
se modificado significativamente é a sua qualidade, 
sobretudo a partir da segunda metade do século 20� 
Nesse sentido, encontramos algumas considerações 
importantes sobre o ciclo hidrológico:
Tal ordem cíclica de eventos realmenteocorre, 
porém não de maneira tão simplista. O ciclo 
pode experimentar um curto-circuito em vários 
estágios. Por exemplo, a precipitação pode 
ocorrer diretamente sobre o mar, lagos ou 
cursos d’água. Além disso, não há nenhuma 
uniformidade no tempo em que um ciclo ocor-
re. Durante as secas pode parecer que esse 
ciclo cessou de vez, durante os períodos de 
cheias pode parecer que tal ciclo será contí-
nuo. Também a intensidade e a frequência do 
ciclo dependem da geografia e do clima, uma 
vez que ele opera como resultado da radiação 
solar, a qual varia conforme a latitude e a es-
tação do ano. Finalmente, as várias partes do 
ciclo podem ser de tal ordem complicadas que 
o homem só tem condições de exercer algum 
controle em sua última parte, quando a chuva 
já caiu sobre a terra e está empreendendo seu 
caminho de volta ao mar (BASSOI; MENEGON 
JR., 2014, pp. 89-90).
24
 
Nas cidades, dependemos diretamente das águas 
que caem sobre os reservatórios de abastecimento, 
que geralmente se localizam distantes dos núcleos 
urbanos� Essa água receberá tratamento para se tor-
nar potável, será conduzida até nossas casas, usada 
nas nossas atividades cotidianas e depois descar-
tada via sistemas de coleta e tratamento� Após o 
tratamento, a água é despejada no rio mais próximo, 
votando ao ciclo natural� Perceba que a água potá-
vel e o esgoto são dois lados da mesma moeda, e 
constituem um pequeno “desvio” feito pelo homem 
dentro do ciclo hidrológico�
Já as águas que caem diretamente sobre as cida-
des, são somente conduzidas para os rios mais pró-
ximos, por meio do sistema de drenagem (bueiros 
ou bocas-de-lobo que drenam essas águas para as 
galerias pluviais e destas para os rios), não sendo 
normalmente utilizadas para abastecimento�
Importante reforçar que as cidades brasileiras utili-
zam somente 10% de toda água doce coletada para 
uso das sociedades humanas� A agricultura consome 
cerca de 70% e a indústria aproximadamente 20% 
(BASSOI; MENEGON Jr, 2014)�
A poluição da água é definida pela alteração de suas 
características físicas, químicas ou biológicas, e os 
parâmetros de níveis de poluição dependem do uso 
preestabelecido para aquela água captada� Conheça 
os diversos usos da água em Classificação da água 
e seus diversos usos� 
25
Podcast 1 
SAIBA MAIS
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Cona-
ma) classificou as águas do território brasileiro 
de acordo com os usos principais, servindo de 
base para estabelecer os respectivos padrões 
de qualidade� Conheça a Resolução Conama nº 
20/1986�
Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/
conama/res/res86/res2086.html� Acesso em: 14 
mai� 2019�
Na área do saneamento básico, podemos apontar 
dois desafios principais. O primeiro é reduzir as per-
das nos sistemas de abastecimento� Devido às recen-
tes crises de abastecimento (ou seja, não choveu so-
bre as represas de armazenamento), as campanhas 
nos meios de comunicação intensificaram o pedido 
à população de economia e uso racional�
O fato não divulgado é que os sistemas de distribui-
ção perdem, em média, mais de 38% da água tratada 
(INSTITUTO TRATA BRASIL, 2019). Isso significa que, 
a cada 100 litros de água captada, armazenada e tra-
tada, 38 litros se perdem antes de chegar às casas� É 
preciso com urgência investir em infraestrutura para 
reduzir essas perdas�
26
https://famonline.instructure.com/files/70386/download?download_frd=1
http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res2086.html
http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res2086.html
O segundo desafio é universalizar a coleta e o tra-
tamento do esgoto� O Instituto Trata Brasil (2019) 
indica que 83,5% da nossa população é atendida com 
abastecimento de água tratada, mas apenas 52,36% 
da população é atendida com coleta de esgoto� Da 
parcela do esgoto que é coletada, apenas 45,1% é 
tratado antes de voltar aos rios, o restante é somente 
afastado das residências�
SAIBA MAIS
Qual é o impacto da ausência de saneamento bá-
sico no meio ambiente? 
O Instituto Trata Brasil analisa os diversos impac-
tos em um vídeo bastante explicativo, que se en-
contra disponível em: https://youtu.be/r-D4Hrkr-
tH0� Acesso em: 14 mai� 2019�
Qualidade do ar e mobilidade 
urbana
A poluição do ar é um desafio que acompanha as 
sociedades humanas há muito tempo� Abordou-se 
anteriormente que o inverno de 1952 em Londres foi 
preocupante pelo acúmulo da poluição gerada pela 
queima de carvão com a neblina que naturalmente 
ocorre na região� A queima de carvão, ainda hoje, é a 
principal fonte de poluição do ar em diversos países, 
como a China�
27
https://youtu.be/r-D4HrkrtH0
https://youtu.be/r-D4HrkrtH0
Os poluentes atmosféricos são classificados em 
material particulado (poeira, fumo, fumaça e névoa) 
e gases e vapores (dióxido de enxofre, monóxido de 
carbono, ozônio, vapores orgânicos)�
João Vicente de Assunção (2014) esclarece que 
“a poluição do ar acontece quando a alteração da 
composição qualitativa ou quantitativa da atmosfera 
resulta em danos reais ou potenciais”� 
A fim de se constatar uma alteração, deve-se ante-
riormente estabelecer padrões do que seria um “ar 
limpo”, bem como níveis de referência que repre-
sentam o máximo de poluentes aceitáveis que não 
resulte em efeitos indesejáveis para a saúde� Assim, 
a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabele-
ceu um padrão internacional e o Conselho Nacional 
de Meio Ambiente estabeleceu um padrão nacional 
(Resolução Conama nº 03/1990). Este fixa os níveis 
de referência para os poluentes mais comumente 
encontrados (Tabela 1)�
Indicador Padrão OMS (mg/m3) 
Resolução 
Conama 
03/1990 
(mg/m3)
Tempo de 
exposição
Partículas 
inaláveis
50 150 24h
20 50 Anual
Ozônio (O3) 12,5 160 1h
Monóxido de 
carbono (CO)
30.000 40.000 1h
10.000 10.000 8h
28
Dióxido de nitro-
gênio (NO2)
200 190 1h
40 100 Anual
Dióxido de enxo-
fre (SO2)
125 100 24h
50 40 Anual
Tabela 1: Comparação entre os padrões da OMS e os padrões na-
cionais de qualidade do ar. Fonte: Adaptada de Assunção (2014, pp. 
150-151).
SAIBA MAIS
Você percebeu que os padrões da OMS e da Re-
solução Conama diferenciam-se em praticamen-
te todos os poluentes? Você saberia elencar algu-
mas razões para isso? 
Assista ao vídeo do médico Paulo Saldiva sobre 
os impactos da poluição do ar em nossa saú-
de, e preste atenção ao que ele diz sobre essas 
divergências�
Disponível em: https://youtu.be/4-AgnMWQh7M� 
Acesso em: 14 mai� 2019�
No caso das cidades brasileiras, a principal fonte de 
poluentes é a frota de veículos automotores� De acor-
do com Assunção (2014), na Região Metropolitana 
de São Paulo, os veículos respondem por 97% de 
todas as emissões de monóxido de carbono, e são 
importantes contribuintes na emissão de dióxido de 
enxofre e material particulado inalável�
29
https://youtu.be/4-AgnMWQh7M
Deve-se ressaltar que diversas legislações ambien-
tais têm induzido uma melhora significativa no con-
trole das emissões veiculares, o que nos permite 
observar que, individualmente, os veículos novos 
estão emitindo menos poluentes, como podemos 
verificar na Figura 5�
Figura 5: Evolução das emissões de monóxido de carbono pelo 
escapamento de veículos leves novos a gasolina e a etanol. Fonte: 
Assunção (2014, p. 160).
No entanto, se lembrarmos que a cidade de São 
Paulo possui uma frota de mais de 6 milhões de ve-
ículos, a emissão acumulada acaba por ser bastante 
significativa.
Soluções para o desafio de se manter uma boa qua-
lidade do ar em grandes cidades passam pelas ino-
vações tecnológicas, como já mencionado, mas pas-
sam também pela diversificação nas modalidades 
acessíveis à população� Os ônibus são tão poluentes 
quanto os veículos particulares, porém, um ônibus 
substitui diversos veículos nas ruas� A ampliação da 
30
malha metroviária é essencial, mas os investimentos 
estão sempre muito aquém das necessidades�
O que se tem observado mais recentemente são 
os investimentos para a implantação de ciclovias, 
ciclofaixas e serviços de aplicativos parauso com-
partilhado de bicicletas e patinetes, que compõem 
um nicho de mobilidade urbana bastante importante� 
Não se trata de substituir os veículos por bicicletas, 
mas sim em oferecer uma opção mais saudável e 
menos poluente àquelas pessoas que se deslocam 
por pequenas e médias distâncias dentro das cidades 
ou dentro de uma região metropolitana�
Perceba que nas grandes cidades, sobretudo nas 
regiões metropolitanas, a questão da qualidade do 
ar e a questão da mobilidade urbana estão intrinsica-
mente vinculadas, pois muitas pessoas se deslocam 
a grandes distâncias, inviabilizando o uso de bici-
cletas, patinetes e outros modais não motorizados�
Estudos calculam que cerca de 1,9 milhão de pes-
soas se deslocam diariamente dentro da Região 
Metropolitana de São Paulo para trabalhar ou estu-
dar� Esse movimento diário de ir-e-vir denomina-se 
“movimento pendular” e você pode ter uma noção do 
contingente de pessoas que se movimentam entre os 
municípios da Grande São Paulo pela Figura 6� Saiba 
mais sobre esse tema em O movimento pendular na 
Grande São Paulo.
Podcast 2 
31
https://famonline.instructure.com/files/70387/download?download_frd=1
Figura 6: Fluxos pendulares intrametropolitanos: Região Metropolitana 
de São Paulo, 2010. Fonte: Emplasa (2016, p. 33).
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre Mobilidade Urbana e seu 
contexto histórico, acessando https://youtu.
be/6j9HXdNxO2o�
Áreas verdes e biodiversidade
O primeiro impacto ambiental de qualquer assentamen-
to humano refere-se às áreas verdes, se considerarmos 
que as sociedades humanas não se estabeleceram 
dentro de florestas, mas em áreas descampadas. A 
princípio, as sociedades ocupavam áreas naturalmente 
abertas, como capoeiras dentro das florestas, áreas 
32
https://youtu.be/6j9HXdNxO2o
https://youtu.be/6j9HXdNxO2o
de savanas, campos etc� Contudo, o desenvolvimento 
tecnológico possibilitou ocupar qualquer ambiente, e 
a construção de uma cidade em pleno cerrado, como 
é o caso de nossa capital federal, é um bom exemplo 
do impacto na vegetação das sociedades humanas�
No âmbito desta disciplina, vamos entender por áre-
as verdes as praças, parques e a arborização urbana 
encontrada nas vias públicas das cidades� As praças 
e parques sempre tiveram um lugar de destaque no 
planejamento urbano, uma vez que suas qualidades 
estéticas e paisagísticas são reconhecidas há muitos 
séculos� Desta forma, centros urbanos e bairros plane-
jados contam sempre com uma área verde, geralmente 
equivalente a um quarteirão�
O crescimento acelerado e sem planejamento das perife-
rias urbanas não possibilitaram a reserva de áreas desta 
categoria, de modo que bairros afastados do centro, 
densamente ocupados, não têm praças nem parques, 
à exceção de grandes áreas previamente demarcadas 
antes da chegada da infraestrutura urbana�
As áreas verdes urbanas são de responsabilidade dos 
municípios, enquanto as áreas verdes rurais são de res-
ponsabilidade do Estado, o qual pode atuar de maneira 
suplementar nas áreas urbanas� São inúmeros os bene-
fícios que essas áreas verdes propiciam ao ambiente 
urbano, dentre os quais podemos citar:
Conforto ambiental� A vegetação contribui para redu-
zir a variação térmica do ambiente, especialmente as 
vias públicas, onde há alta absorção da radiação solar 
pelo pavimento asfáltico. Essa alta absorção influencia 
33
o efeito conhecido como “ilha de calor”� A vegetação, 
portanto, contribui com o microclima local, mantendo 
a qualidade ambiental dos espaços públicos� Contribui 
também para o aumento da umidade atmosférica, con-
trole da poluição atmosférica, acústica e visual, interfe-
rência na direção do vento e captação do gás carbônico, 
com posterior conversão em oxigênio (BARUERI, 2018)�
Valorização imobiliária� À medida que as áreas verdes 
urbanas se tornam mais raras e menores, pressionadas 
pelo crescimento das cidades, são cada vez mais valo-
rizadas� Imóveis próximos ou com vistas para parques 
e praças são para poucos privilegiados e custam mais 
caro (BONONI, 2014)� 
Saúde mental� Graças ao bem-estar transmitido pelo 
verde, que alia aspectos de um microclima mais agradá-
vel com a presença de avifauna e a beleza da paisagem 
(BONONI, 2014)�
Qualidade do ar� A vegetação urbana, com folhas, galhos 
e troncos, possuem capacidade de remover materiais 
sólidos ou líquido particulados do ar, reduzindo as chan-
ces do material depositado ser novamente carregado 
pelos ventos (BARUERI, 2018)� 
Biodiversidade urbana� A vegetação fornece abrigo e 
alimento especialmente para os pássaros, favorecen-
do a manutenção de populações de diversas espécies 
dentro das cidades�
Os benefícios reconhecidos podem ser atribuídos tanto 
às áreas verdes arborizadas (praças e parques) quanto 
à arborização urbana, que é composta pelas árvores 
34
plantadas nas calçadas e nas ilhas das vias públicas� 
Porém, à medida que praças e parques têm sido valo-
rizados pela população e pelo setor imobiliário, a ar-
borização urbana tem se tornado um “problema” nas 
grandes cidades�
Historicamente, os conflitos entre a cidade e a arbori-
zação iniciaram-se com a expansão de infraestrutura 
urbana� O Plano de Manejo da Arborização Urbana de 
Barueri aponta que
[...] com a expansão da luz elétrica, das redes 
de telecomunicações, dos serviços de abasteci-
mento de água e coleta de esgoto, além de um 
complexo sistema de dutos, galerias e rodovias, 
que tomaram conta do ar, solo e subsolo, hou-
ve perdas dos espaços aéreos e a arborização 
passou a interferir nos planos de inovação das 
cidades, ficando o plantio de árvores restrito aos 
jardins e praças (BARUERI, 2018, p. 06).
Em relação aos desafios enfrentados para a adequada 
manutenção da arborização urbana, 
O vandalismo é a principal causa da morte das 
árvores plantadas nas calçadas e praças. De 
cada cem árvores plantadas apenas trinta so-
brevivem na cidade de São Paulo, e essa taxa 
cai para aproximadamente 10% quando próxi-
35
mos a campos de futebol como o Morumbi ou 
o Pacaembu (BONONI, 2014, p. 295).
Na cidade de São Paulo, as palmeiras dificilmente re-
sistem ao ataque de lagartas que comem suas folhas 
sistematicamente� Os cupins também atacam árvores 
velhas ou que sofreram qualquer tipo de lesão, com 
perigo de queda sobre veículos ou pedestres� Parte 
desses problemas pode ser atribuído à uniformidade 
ou falta de variedade da vegetação, à falta de cuidados 
fitossanitários, à eliminação de inimigos naturais ou 
mesmo à idade das árvores que não são substituídas 
à medida que envelhecem�
A desvalorização da arborização urbana por parte da 
população prejudica seu planejamento e, sem um pla-
nejamento de qualidade, as árvores tornam-se mais um 
problema do que um benefício� É importante entender 
a arborização urbana como um equipamento estraté-
gico de qualidade ambiental, caso contrário continuará 
sendo desvalorizada pelas administrações públicas 
das cidades�
SAIBA MAIS
A prefeitura de Campinas, município paulista com 
mais de 1 milhão de habitantes, possui um vídeo 
bastante interessante sobre arborização urbana, 
vale a pensa assistir! Disponível em: https://youtu.
be/JfCGuFQnVsE� Acesso em: 14 mai� 2019�
36
https://youtu.be/JfCGuFQnVsE
https://youtu.be/JfCGuFQnVsE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste módulo, estudamos o percurso da temática 
ambiental dentro da agenda governamental, por meio 
das quatro conferências temáticas promovidas pela 
Organização das Nações Unidas: Estocolmo em 
1972, Rio de Janeiro em 1992, Johanesburgo em 
2002 e Rio de Janeiro em 2012� Abordamos como 
a sociedade civil também incorporou a questão am-
biental em suas pautas de reivindicações� Em se-
guida, entramos no ambiente urbano, incialmente 
entendendo os conceitos de município, zona urbana 
e zona rural� A partir daí, analisamos os principais 
desafios enfrentados atualmente pelas cidades, orga-
nizados em quatro grandes temas: resíduos sólidos, 
saneamento básico, qualidade do ar e mobilidade 
urbana, e áreas verdes e biodiversidade� No próximo 
módulo,encerraremos nossa jornada de aprendi-
zagem e as cidades continuarão sendo o foco de 
nossos estudos�
Até lá! 
37
SínteSe
• Áreas verdes e biodiversidade
• Saneamento básico
• Qualidade do ar e mobilidade 
urbana
OS DESAFIOS DO 
AMBIENTE URBANO
Movimentos sociais e a 
questão ambiental no Brasil
• Resíduos sólido
Principais desafios das 
grandes cidades
• As cidades pela perspectiva ecológica
Referências
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viária 2014-2020. Barueri: [s. n.], 2018�
BASSOI, L�; MENEGON JR�, N� Controle Ambiental 
da Água� In: PHILIPPI JR., A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. 
C. (Eds.). Curso de Gestão Ambiental. 2� ed� Barueri: 
http://abrelpe.org.br/panorama/
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/view/19519
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/view/19519
Manole, 2014� (Coleção Ambiental vol� 13) pp� 
87-142�
BONONI, V� L� R� Controle Ambiental de Áreas Verdes� 
In: PHILIPPI JR., A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. (Eds.). 
Curso de Gestão Ambiental. 2� ed� Barueri: Manole, 
2014� (Coleção Ambiental vol� 13)� pp� 257-306�
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Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a 
Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras 
providências� Brasília, DF: Presidência da República, 
[2010]� Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm� Acesso em: 
14 mai� 2019�
CONAMA� CONSELHO NACIONAL DE MEIO 
AMBIENTE� Resolução Nº 03, de 28 de junho de 1990� 
Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/
legiabre.cfm?codlegi=100� Acesso em: 14 mai� 2019�
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100
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https://www.pdui.sp.gov.br/rmsp/wp-content/uploads/2016/03/Vis%C3%A3o-da-Metropole.pdf
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https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/22374-ibge-divulga-as-estimativas-de-populacao-dos-municipios-para-2018
http://www.tratabrasil.org.br/
http://www.tratabrasil.org.br/
	art3xvi
	INTRODUÇÃO
	MOVIMENTOS SOCIAIS E A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL
	Inserção da agenda ambiental no Brasil
	PRINCIPAIS DESAFIOS DAS GRANDES CIDADES
	Resíduos Sólidos
	Saneamento básico
	Qualidade do ar e mobilidade urbana
	Áreas verdes e biodiversidade
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Síntese
	bt_foward 15: 
	Página 1: 
	bt_foward 17: 
	Página 39: 
	Página 40: 
	Página 41:

Outros materiais