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grandes e únicos cálculos na bexiga (GRAUNER, 2015). Em um estudo realizado, foram identificadas raças felinas predisponentes a cistólitos, sendo pelo curto doméstico em primeiro lugar, pelo longo doméstico em segundo, seguidos por Himalaia, Persa e Siamês. (Houston et al. 2003). Na espécie canina pequenas raças como Lhasa Apso, Shi Tzu e Yorkshire possuem mais predisposição ao aparecimento de urólitos, devido a menor frequência da liberação urinária (Stevenson & Rutgers, 2006). Felinos manifestam maior possibilidade de formação de urólitos de oxalato de cálcio entre os sete e nove anos de idade. Gatos mais jovens tem maior predisposição a desenvolver cálculos por estruvita (Grauer, 2015). Fosfato de amônio magnesiano hexahidratado pode estar presente na espécie canina independente da sua idade, inclusive os que têm menos de um ano, e está relacionada com ITU (MORFERDINI & OLIVEIRA, 2009; GRAUER, 2010). Já os de oxalato de cálcio frequentemente ocorrem em cães idosos entre 8 e 12 anos de idade, não sendo comum inflamação do trato urinário (GRAUER, 2010). 7 Animais com anomalias vasculares portais, hiperparatireoidismo primário, hipercalcemia ou hiperadrenocorticismo são predispostos à formação de urólitos (Maxie & Newman 2007). Os urólitos podem lesar o uroepitélio resultando em inflamação do trato urinário e podem também predispor os animais ao desenvolvimento de infecção bacteriana do trato urinário (ITU) (GRAUER, 2010). A infecção do trato urinário por bactérias produtoras de uréase promove uma rápida formação de urólitos de estruvita. A uréase bacteriana atua hidrolisando a ureia, ocorrendo alcalinização da urina com grandes quantidades de íon amônia e fosfato (Kaufmann et al., 2011). Existem condições que contribuem para a cristalização de sais na urina como a diminuição da ingestão de água e consequentemente retenção urinária de sais e cristais, pH urinário favorável à cristalização e núcleo central. A supersaturação da urina acontece em animais que tem predisposição de produzir urina muito concentrada, e de uma dieta com alto aporte de minerais e proteínas, contudo a diminuição da reabsorção tubular de cálcio, cistina e ácido úrico, por exemplo, e o aumento da produção secundariamente a uma infecção bacteriana de íons amônio e fosfato também contribui para a supersaturação (GRAUER, 2010; STURION et al., 2011). 2. DIFERENÇA ENTRE ESPÉCIES A urolitíase é uma afecção de grande ocorrência em clínicas médicas de pequenos animais, está em terceiro lugar como doença de maior ocorrência do trato urinário de cães. Afetando aproximadamente cerca de 1,5% a 3,0% de todos os cães que são atendidos em clínicas veterinárias e mais de 25% dos gatos que possuem doenças relacionadas ao trato urinário inferior. É uma das afecções que mais causam obstrução do trato urinário inferior, e é responsável por grande parte da procura ao atendimento clínico emergencial nas clínicas veterinárias em cães que apresentam afecções urinárias (STURION et al., 2011; ARIZA, 2012). Em cães a obstrução uretral acontece com mais frequência em machos, e dificilmente em fêmeas, sendo que a maior frequência observada é em cães com idade entre seis e onze anos. (Osborne et al., 1999b). O local mais comumente de urólitos obstrutivos em cães machos é na base do osso 8 peniano, já em gatos machos é localizado ao longo de toda a uretra. (GRAUNER, 2015). Em felinos, os urólitos provocados por infecção são encontrados com menos frequência, quando comparados com os estéreis, já que os gatos demonstram uma resistência congênita à infecção de trato urinário bacteriano (Kaufmann et al., 2011). As doenças que se manifestam no trato urinário inferior dos felinos é característica da espécie, pois esta espécie apresenta entidade mórbida específica, a cistite idiopática que caracteriza mais de 50% dos casos de estrangúria, polaciúria, hematúria, e urinação em lugares inadequados. Na cistite intersticial idiopática estes sinais tem o costume de ser restritos (3 a 7 dias) e rotineiros (Barges e Kirk, 2012). Além do mais, gatos podem desenvolver plugs uretrais, que é formado por pelo menos 45 a 50% de matriz proteica e quantidades variáveis de cristais (podendo não ter cristais, ser apenas matriz proteica; Osborne, et al., 2003). Em felinos a existência de urolitíase entre os sexos parece ser similar, porem as suas manifestações clínicas são diferentes, uma vez que, a obstrução uretral é vista com frequência no macho e a cistite e a uretrite na fêmea. Os gatos que vivem dentro de casa demonstram maior predisposição para a doença do que os que vivem soltos. Cerca de 30 a 70% dos gatos que foram acometidos pelo menos uma vez por uma inflamação do trato urinário inferior apresentarão reaparecimento da doença. (Grauer, 2015). 3. FORMAÇÃO DO URÓLITO Para a formação dos urólitos é necessário à conclusão de duas fases diversas, nucleação e crescimento. Para a nucleação é indispensável à presença de três componentes, pH da urina, magnitude da excreção renal do cristaloide e inibidores ou estimuladores da cristalização urinária. (Osborne, 2000). Existe a nucleação homogênea que consiste na presença de um único tipo de cristal que serve de apoio para formação de outros similares, e a nucleação heterogênea que é caracterizada pela agregação de cristais com objetos alternativos e materiais presentes no trato urinário (consequencia de procedimentos antecedentes) (Carciofi et al., 2007). Na fase de crescimento, o grau e a durabilidade da supersaturação urinária, e a persistência do mineral nos canais urinários determinam a formação do urólitos (Osborne et al, 2000). 9 O minnesota urolith center utiliza a seguinte termiologia ao relatar os resultados da análise do urólito (Osborne et al., 1999c): - o nidus, ou núcleo, de um urólito é uma área de iniciação evidente de crescimento do urólito; - pedra se refere ao corpo principal do urólito; - capsula designa uma camada material precipitado que envolve completamente o corpo da pedra; - cristais de superfície são uma cobertura incompleta da superfície mais externa do urólito; Figura 1: Formação de urólitos Fonte: http://www.pubvet.com.br/uploads/a8b4bcfdb632a9178773d67f2739f2ce.pdf 3.1 TEORIAS DE FORMAÇÃO DE URÓLITOS Existem três teorias que determinam formação de urólitos, a teoria da precipitação e cristalização, onde a supersaturação urinária é o fator primordial, nele o grau da urina quando elevado leva a formação espontânea do mineral, e seu crescimento dependerá da sua estadia no ambiente supersaturado. A teoria da matriz nuclear consiste na presença de uma matriz orgânica na urina que proporciona primariamente a constituição do núcleo. A teoria da inibição da cristalização explica quanto menos inibidores de cristalização mais fácil à cristalização espontânea, que condiciona a composição nuclear subsequentemente (GASTIM, 2010; GRAUER, 2010). 10 4. TIPOS DE URÓLITOS 4.1 URÓLITOS DE ESTRUVITA Fosfato, amônio e magnésio em urina alcalina são elementos que auxiliam na formação de urólitos de estruvita (ANGELCARAZA et al., 2010). Na espécie felina as fêmeas possui maior tendência à produção de urólitos de estruvita que os machos, nessa espécie a existência desse tipo de urólito ocasionalmente se associa a infecções (APPEL et al., 2010). Já na espécie canina a ITU pode estar presente através de microorganismos que produzem uréase, e transformam ureia em amônia, juntamente com a urina alcalina, facilitam a formação de urólitos (ULRICH et al., 2008). Pela grande incidência