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Fichamamento - PETERS, B.G; PIERRE, J. (org). Administração Pública: coletânea (2010)

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Texto: PETERS, B.G; PIERRE, J. (org). Administração Pública: coletânea. São Paulo: Ed. UNESP, Brasília: ENAP, 2010.
27. OS INSTRUMENTOS DA GESTÃO INTERGOVERNAMENTAL
“[...] há duas décadas [...] a gestão intergovernamental concentrava-se em quase completamente em relações verticais entra níveis de governo e, ocasionalmente, em relação horizontais entre níveis de governo. [...] alianças entre especialistas de programas ou profissionais que transcendem o nível do governo no qual trabalham.” (p.597)
“[...] Os principais escritos [...] destacaram atividades de gestão que combinavam de modo eficaz política e administração, concentrando-se nos gestores o processo de políticas. [...] grande parte da literatura acentuava uma abordagem “de baixo para cima”, de maior compartilhamento de poder dessas relações.” (p.7)
“[...] muitos dos comportamentos descritos nos sistemas federais eram encontrados [...] em sistemas políticos unitários. [...] Mas a gestão intergovernamental pode ocorre tanto em sistemas unitários como federais.” (p. 597-598)
“[...] Há três conjuntos de mudanças acontecidas na última década que são cruciais para compreender esse contexto:” (p.598)
“1. Um aumento das atividades que atravessaram fronteiras
O cenário do setor público no início do século XXI parece ser bastante diferente daquele encontrado várias décadas antes. Vários aspectos desse cenário alterado contribuíram para o contexto da gestão intergovernamental: fronteiras de políticas mutáveis; percepções inconstantes sobre o papel do governo; interdependência entre níveis de governo; interdependência entre público e privado; e foco no desempenho.” (p.598-599)
“2. Necessidade de novas habilidades de gestão
[...] as mudanças que foram escritas acima apresentaram novas demandas aos gestores intergovernamentais. [...] o paradigma tradicional de comando e controle que acentua a autoridade dos indivíduos no topo da hierarquia não fornecia uma estrutura adequada para lidar com os principais assuntos encontrados nos debates intergovernamentais [...]. Isso envolve a questão contínua sobre o nível de descentralização a ser desenvolvido nos países ao redor do mundo.” (p. 600)
“Durante a última década, desenvolveu-se uma abordagem em torno das relações intergovernamentais que enfatiza a importância da barganha, de acordos e de formação de redes como processos essenciais de tomada de decisão [...] uma abordagem interdependente. [...]” (p. 600)
“3. Nova Gestão Pública: a expressão internacional dessas mudanças
“Muitas das mudanças que afetaram a gestão intergovernamental [...] coincidiram no tempo com o desenvolvimento [...] da Nova Gestão Pública. [...] têm implicações [...] porque parecem alterar o equilíbrio entre governos centrais e jurisdições locais ou estaduais/provinciais. [...]” (p. 601-602)
“A preocupação com o desempenho é um aspecto do movimento [...]. Outro [...] a importância de emponderar os que realmente fornecem serviços. [...] Desse modo, os gestores [...] se esforçam por encontrar modos de estruturar essas relações. [...]” (p. 602)
“[...] é cada vez mais necessário concentrar a atenção nos instrumentos ou ferramentas das relações intergovernamentais. [...]” (p.602)
“Dada complexidade dos vínculos, é essencial que um conjunto de instrumentos seja usado para moldar relações de trabalho mais efetivas entre atores intergovernamentais. Quatro categorias de instrumentos são de particular interesse:” (p.603)
“1. Estrutural
[...] têm a ver com papéis e relações formais; padrões de autoridade e liderança; regras, políticas e regulamentos; e mecanismos para diferenciação e integração de papéis, tarefas e relações formais. Em alguns casos, a estrutura real do serviço público pode fornecer o ambiente para a gestão intergovernamental: [...] reorganização; comissões; coordenação; desregulamentação; delegação de poderes e descentralização; e regulação e supervisão.” (p. 603)
“2. Instrumentos programáticos
[...] envolve a aplicação de recursos e o redesenho de programas e de tipos de subsídio. [...] Várias formas de subsídio, como os projetos concorrentes, de fórmula, de equiparação e em bloco, ainda são usadas como ferramentas atualmente: o deslocamento em direção a subsídios de propósito mais amplo; parcerias; e colaborações.” (p. 607-608)
“3. Instrumentos de pesquisa e construção de capacidade
[...] envolve [...] o “empoderamento” [...] a ideia de que pode ser preciso tomar medidas para construir maior capacidade de gestão em todos os níveis que se deseja que o empoderamento tenha uma chance de sucesso. [...] Ferramentas específicas nessa categoria incluem pesquisa, coleta, armazenamento e disseminação de informações e treinamento e outras formas de construção de capacidade: pesquisa; a provisão de informações; e construção de capacidade.” (p. 609)
“4. Instrumentos comportamentais das relações intergovernamentais
[...] examinar a situação por meio de lentes mais amplas sugere que accountability deve estar associada o desempenho, e a autonomia deve significar que os concessores estão empoderados e que receberam as ferramentas de que precisam para alcançar aquele desempenho. Essa visão [...] exige atenção a processos de comunicação individuais e de grupo e a processos de gestão de conflito.” (p. 610)
“[...] seis abordagens diferentes que foram adotadas recentemente dentro de órgãos nacionais para lidar com questões de desempenho e de gestão intergovernamental. [...] Algumas abordagens de desempenho foram criadas como resultado da legislação e outras por meio da ação administrativa. Todas estão lidando com a tensão entre accountability do órgão nacional e delegação de poderes e descrição fornecidos aos órgãos estaduais e locais. Entre elas estão: parcerias de desempenho, incentivos, medidas negociadas, construção de metas de desempenho na legislação, estabelecimento de padrões e renúncias.” (p. 612)
“Essa discussão indica que os instrumentos de gestão intergovernamental estão totalmente em concordância com outras mudanças no mundo da administração pública. [...] Gestores e estrategistas de gestão devem ser sensíveis a diferença entre políticas e programas, entre os jogadores envolvidos, a complexidade do mundo dos órgãos nacionais e não nacionais envolvidos e o nível de acordo quanto a metas ou nível de conflito. [...] várias abordagens [...] compreendem que todos os governos não são particularmente eficazes. O processo de definição de instrumentos deveria ser criado no contexto de programas específicos, sensíveis às qualidades únicas que cercam essas iniciativas.” (p. 616)
28. GOVERNANÇA DE MLTIPLOS NÍVEIS: O QUE É E COMO PODE SER ESTUDADA
“Atualmente [...] a política é marcada por crescentes incertezas em relação a limites e fronteiras entre níveis e entidades do governo. Essa incerteza está ligada tanto a “novos problemas públicos” associados À regulamentação de economias cada vez mais interdependentes quanto a “soluções” institucionais que foram definidas, pelo menos em parte, para lidar com eles. [...] a expressão “governança de múltiplos níveis” a fim de salientas a importância da atividade política que agora atravessa as fronteiras jurisdicionais tradicionais. [...] ênfase no “compartilhamento de poder” entre níveis de governo com “nenhum centro de autoridade acumulada”. [...] As relações são caracterizadas pela interdependência mútua dos recursos de todos e não pela competição por recursos escassos.” (p. 6019)
“[...] A governança foi definida como redes intergovernamentais auto organizadas com as seguintes características:
1) Interdependência entre organizações [...];
2) Interações continuadas entre membros da rede [...];
3) Interação do tipo jogos; e 
4) um grau significativo de autonomia em relação ao Estado [...].” (p. 620)
“[...] governo local era simplesmente o que as autoridades fizessem. No entanto, duas notáveis exceções a essa tendência levaram o termo “governo” mais a sério [...]” (p.621)
“A primeira [...] e a ais importante em nível internacional[...] buscava destacar inter-relações entre políticos locais e representantes de interesses especiais dentro da sociedade [...] “poder da comunidade” [...] “quem governava” [...] emergiu gradualmente um consenso de que o governo não poderia mais ser estudado isoladamente. Em vez disso, a autoridade e os atos dos representantes locais deveriam ser analisados utilizando conceitos como rede de políticas. [...] foi necessário apenas um pequeno passo para [...] governança local (relações de poder entre atores políticos, privados e de status associativo) em vez de governo local (atividade de autoridades locais). [...] e, 1992, essa mudança foi formalizada na Grã-Bretanha [...].” (p. 621-622)
“O segundo [...] na França [...] amparada pelos efeitos das leis de descentralização de 1982, toda geração de cientistas políticos franceses tem utilizado, desde então, conceitos de governo e governante para lançar luz sobre a dinâmica da política local sobre as razões pela quais difere tão amplamente dentro da comunidade política francesa [...] para todos os efeitos, se assemelha ao que outros cientistas sociais qualificam como governança.” (p.622)
“[...] a questão dos recursos e das restrições externas sobre governança local tornou-se o foco de um número crescente de análises comparativas e de estudos sobre países individuais. [...]” (p. 623)
“Em suma, esse foco antigo nas relações centro-periferia ou intergovernamentais lidou por algum tempo implicitamente com a questão da interação entre os níveis do governo. [...] A partir de meados da década de 1980, o aprofundamento da União Europeia passou a ser a questão em torno da qual muitas das lições aprendidas deram origem ao termo “governança de múltiplos níveis”.” (p.623)
“[...] pode-se dizer que, no início da década de 1990, o principal debate entre os estudiosos da EU concentrou-se nessas duas questões: o que causou o ressurgimento da Comunidade Europeia em meados da década de 1980 e como se deveria caracteriza a União Europeia como um todo?” (p.624)
“[...] muitas das publicações sobre a UE eram uma resposta a hipóteses e conclusões intergovernamentalistas. Basicamente, seus opositores levantaram três objeções [...], um relato no qual a governança de múltiplos níveis faz sua primeira aparição. A primeira objeção à teoria intergovernamentalista horizontal – a negligência em relação ao papel da Comissão Europeia [...].” (p.625)
“A segunda [...] se refere À conceituação das relações entre as economias e os governos na Europa Ocidental. [...] Os interesses dos líderes empresariais [...] influenciam a definição do “interesse nacional” elaborada pelos políticos [...]. Em suma, [...] consideram que a tomada de decisão na EU tem, na realidade múltiplas camadas e que [...] agora há governança na União Europeia.” (p.625-626)
“A terceira [...] é a negligência quase total do papel dos governos subnacionais, ou seja, dos atores regionais e locais. [...]” (p.626)
“[...] a abordagem de Marks sobre governança de múltiplos níveis não hesita em concluir que fundos estruturais foram, frequentemente, uma influência decisiva na geração de mudanças significativas nas relações intergovernamentais. [...]” (p.626)
“A segunda hipótese implícita na abordagem de Marks [...] alega que ocorreu convergência das relações intergovernamentais verticais, tendência rotulada de “europeização” [...]. “ (p.627)
“Pode a governança de múltiplos níveis tornar-se ais que um temo para descrever o número de níveis do governo envolvidos na política europeia e sintetizar essas descobertas de modo mais amplo e muitas vezes genérico? [...] Um ponto de partida [...] é distinguir as condições de mudança [...].” (p.628)
 
“Um segundo meio de delimitar a questão da mudança é reconsiderar a relação entre as políticas e a política [...]. Em vez de limitar [...] à formulação e à implementação das políticas e, em seguida, indiretamente avaliar o envolvimento dos políticos nesse processo, é mais adequado adotar uma abordagem “de baixo para cima”, a qual a competição política e o controle do poder têm um impacto de longo prazo maior que a elaboração de políticas individualizantes. [...] A mudança nesse nível e ao longo do tempo é mais bem estudada usando dos conceitos fundamentais da sociologia política: institucionalização e legitimação.” (p.628)
“[...] se utilizado astutamente, o conceito de governança de múltiplos níveis pode estruturar investigações mais analíticas e estimulantes sobre as causas e os efeitos [...]. A primeira vantagem [..] é reconhecer que essa ordem de mudança não ocorre sem conflito e exercício de poder. A segunda é levar os investigadores a pensar mais claramente sobre os benefícios de atores ou grupos sociais com essas mudanças. [...] De modo geral, o surgimento da governança de múltiplos níveis dá origem a dois conjuntos de desafios aos administradores públicos. O [...] respectivo papel de políticos e funcionários públicos na “direção” de políticas públicas dentro de regimes de múltiplos níveis. [...] O segundo [...] à gestão das interfaces entre os níveis de governo e a multiplicidade de organizações envolvidas nessas mediações. [...]”. (p. 632-633)

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