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MEIRELLES Origens e evolução do município 2006

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FICHAMENTO
	
	Aula/Tema/Texto: Texto 1- MEIRELLES, H. Origens e evolução do município, 2006. (Cap. 1, p. 33-65).
	Resumo: (deve contar as ideias apresentadas no texto. Trata-se de sintetizar a obra, objetivamente. Deve conter no mínimo 150 palavras. Importante: não é a cópia ipsis litteris do texto fichado).
O primeiro capítulo do livro de Hely Lopes Meireles traz como a ideia de manter uma dominação pacífica das cidades, que foram conquistadas, deram origem aos municípios. Prosseguindo com sua evolução através dos anos, até chegar a uma atualidade onde os municípios acabam assumindo todas as responsabilidades, no que tange manter a ordem do todo, principalmente, quando se leva em consideração a urbanização e os reflexos causados por ela. 
Após fazer a linha histórica brasileira, que leva em consideração os momentos vividos no Brasil e suas respectivas constituições, emendas, decretos, leis e outros, o autor traz o cenário de outros países (Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Portugal, Espanha e Argentina) na intenção de comparar as principais diferenças e como elas afetam a administração municipal. Por fim, ele conclui então, que o regime municipal brasileiro é o mais aperfeiçoado e que a deficiência, que possa haver, vêm na verdade da falta de experiência e/ou de habilidade dos administradores locais.
	Citações principais: (deve-se apresentar citações principais contidas na obra que de alguma forma refletem o core a temática principal discutida no texto. No mínimo 5 citações.
“O Município, como unidade político-administrativa, surgiu com a República Romana, interessada em manter a dominação pacífica das cidades conquistadas pela força de seus exércitos. Os vencidos ficavam sujeitos, desde a derrota, às imposições do Senado, mas, em troca de sua sujeição e fiel obediência às leis romanas, a República lhes concedia certas prerrogativas, que variavam de simples direitos privados [...] até o privilégio político de eleger seus governantes e dirigir a própria cidade[...]. As comunidades que auferiam essas vantagens eram consideradas Municípios [...] e se repartiam em duas categorias [...], conforme a maior ou menor autonomia de que desfrutavam dentro do Direito vigente [...].” (p.33)
“Como o Município Romano, a Comuna Portuguesa passou a desempenhar funções políticas e a editar suas próprias leis, de par com as atribuições administrativas e judicantes que lhe eram reconhecidas pelos senhores feudais.” (p.34)
“O Município no mundo moderno diversificou-se em estrutura e atribuições, ora organizando-se por normas próprias, ora sendo organizado pelo Estado segundo as conveniências da Nação, que lhe regula a autonomia e lhe defere maiores ou menores incumbências administrativas no
âmbito local. [...]” (p.34-35)
“[...]as atribuições edilícias da Antiguidade, meramente administrativas da urbe, transformaram-se em funções político-administrativas do Município da atualidade, [...]. A administração municipal contemporânea não se restringe apenas à ordenação da cidade, mas se estende a todo o território do Município - cidade/campo - em tudo que concerne ao bem-estar da comunidade.” (p.35)
“No período colonial a expansão municipalista foi restringida pela ideia centralizadora das Capitanias, afogando as aspirações autonômicas dos povoados que se fundavam e se desenvolviam mais pelo amparo da Igreja que pelo apoio dos donatários. [...]” (p.37)
“Essa situação perdurou até a Independência, quando a Constituição Imperial de 1824 deu novas diretrizes às Municipalidades Brasileiras.” (p.37)
“[...]foram instituídas Câmaras Municipais em todas as cidades e vilas existentes [...]. A estas Câmaras competia "o governo econômico e municipal das mesmas cidades e vilas" e "especialmente o exercício de suas funções municipais, formação das suas posturas policiais, aplicação das suas rendas e todas as suas particulares e úteis atribuições", a serem regulamentadas por lei ordinária (art. 169).[...]” (p.37)
“O centralismo provincial não confiava nas administrações locais, e poucos foram os atos de autonomia praticados pelas Municipalidades [...].” (p.37)
“Proclamada a República, o Decreto I, de 15.11.1889, declarou os Estados-membros soberanos, ao invés de afirmá-los autônomos, e daí veio a imprecisão da técnica de muitas Constituições Estaduais (Bahia, Piauí, São Paulo), que repetiram tal erro no seu texto. Serenados os ânimos, verificaram os republicanos que os Estados, no regime federativo, são autônomos, como também os Municípios, com a só diferença de que o Estado-membro participa da soberania da União, porque a integra como elemento vital de sua organização, ao passo que o Município desfruta de uma autonomia local, outorgada pela Constituição.” (p.39)
“Durante os 40 anos em que vigorou a Constituição de 1891 não houve autonomia municipal no Brasil. O hábito do centralismo, a opressão do coronelismo e a incultura do povo transformaram os Municípios em feudos de políticos truculentos [...]” (p.39)
“Com a Revolução de 1930 e a deposição dos homens da Primeira República as ideias sociais-democráticas fizeram escola na opinião pública brasileira e vieram a se refletir na Constituição de 16.7.1934, que teve para o Municipa1ismo o sentido de um renascimento. [...]” (p.40)
“Depois de dar os lineamentos da autonomia, concretizando-a em providências, passou a Constituição de 1934 a discriminar as rendas pertencentes ao Município [...].” (p.40)
“O golpe ditatorial de 10.11.1937 impôs um novo regime político ao Brasil. Misto de corporativismo e socialismo, temperado com algumas franquias democráticas, o Estado Novo como o denominou seu criador caracterizou-se pela concentração de poderes no Executivo, [...]. Feriu fundo a autonomia municipal [...]” (p.41)
“Deposto o governo ditatorial [...]. Impressionados com a hipertrofia do Executivo no regime anterior, os novos legisladores promoveram equitativa distribuição dos poderes e descentralizaram a administração, repartindo-a entre a União, os Estados-membros e os Municípios, de modo a não comprometer a Federação, nem ferir a autonomia estadual e municipal. Idêntico critério foi adotado quanto à repartição das rendas públicas, que já vieram discriminadas (arts. 29-30), para que o legislador ordinário não modificasse seu destino, em detrimento da Comuna. No âmbito político propriamente dito, integrou o Município no sistema eleitoral do país e dispôs seus órgãos (Legislativo e Executivo) em simetria com os Poderes da Nação.” (p. 42).
“A Constituição de 4.1.1967 e sua Emenda 1, de 17.10.1969, caracterizaram-se pelo sentido centralizador de suas normas e pelo reforço de poderes do Executivo. [...]” (p. 43). 
“A modificação do sistema tributário introduzida pela Constituição de 1969 teve o mérito de distribuir melhor a renda pública entre as três entidades estatais […], com as limitações constitucionais estabelecidas, corrigiu sérias distorções da tributação municipal, impedindo a proliferação de impostos e taxas tendo como base de cálculo o mesmo fato gerador [...].” (p. 44).
“De início a Constituição da República de 1988, corrigindo falha das anteriores, integrou o Município na Federação como entidade de terceiro grau [...]” (p.44)
“[...] ampliação da autonomia municipal no tríplice aspecto político, administrativo e financeiro[...]” (p.44)
“[...] competência privativa do Município [...]. E dentro de sua competência privativa está a de "legislar sobre assuntos de interesse locar” [...], o que melhor definiu as atribuições privativas da Municipalidade.” (p.45)
“[...]o Município de hoje "constitui uma ordem política e administrativa inerente ao sistema federal brasileiro, inclusive porque a Constituição estabeleceu, entre outros pertinentes à matéria, o princípio da intervenção federal nos Estados para a defesa da autonomia municipal. [...]” (p.47)
“A Constituição Norte-Americana , mínimo de regras indispensáveis à coexistência, com particular destaque às liberdades individuais não contém umareferência sequer aos Municípios. [...].” (p.48) 
“Praticamente todos os serviços públicos que afetam a vida diária de um cidadão [...] são de competência municipal e de execução geralmente impecável […]” (p. 49).
“Talvez a explicação resida na flexibilidade da estrutura fiscal daquele país, que permite à administração local arrecadar proporcionalmente muito mais do que o Estado-membro ou a União. [...]” (p.49)
“A Inglaterra uniformizou seu sistema municipal em 1882 [...]. Em linhas gerais, a administração municipal britânica é exercida pelo Conselho local (Burges Council), cujos membros são diretamente eleitos pelo povo do Burgo. Por sua vez, o Conselho elege uma Comissão permanente de administração, em número variável de componentes (aldermen), sob a direção de um presidente (mayor). O mayor é o representante do Burgo, exercendo funções executivas e judiciárias equivalentes às da justiça de paz.” (p. 50). 
“Embora haja uniformidade no sistema administrativo dos Burgos Britânicos, não há igualdade na autonomia de que desfrutam, e isso porque o Parlamento e que delimita a extensão das franquias de cada Burgo, ao Ihes conceder a emancipação e a prerrogativa do self-government.” (p. 50).
“[...] Alemanha [...]autonomia administrativa pressupõe também autonomia financeira: aos Municípios deverá caber uma fonte de arrecadação fiscal baseada em sua capacidade econômica, bem como o direito de fixar os percentuais de taxação dessas fontes".” (p. 51).
“Na França, Estado unitário, as atribuições administrativas (não as políticas) estão descentralizadas em três níveis territoriais: Estado, Departamentos e Comunas. […] os Departamentos e as Comunas são pessoas jurídicas, com orçamento, patrimônio e atribuições próprios; as demais são meras Circunscrições que atendem a objetivos econômicos e técnicos (Arrondissements) ou eleitorais (Cantões).” (p. 55).
“O Município Italiano (Comune) é autônomo no âmbito dos princípios fixados pelas leis da República, dispondo do poder de editar normas locais e de arrecadar tributos necessários a suas despesas. É, entretanto criado e organizado pelo Estado em moldes uniformes para toda a República (Constituição, art. 133), salvo para o das Capitais das Províncias. Desempenha, além das funções administrativas de seu interesse exclusivo atribuídas pelas leis da República, mais as delegadas pela Região (Constituição, art. 118).” (p. 60).
“O Município Português é o Concelho, que se forma de Freguesias e se agrupa em Distritos, a exceção dos Concelhos de Lisboa e Porto, que se subdividem em Bairros, e estes em Freguesias […].” (p.62) 
“Tanto o Conselho como a Freguesia e o Distrito são pessoas jurídicas de direito público.” (p. 62).
“[...] o Estado Espanhol é integrado pelas entidades naturais que constituem os Municípios, agrupados territorialmente em Províncias. [...]” (p.63)
“O Município Espanhol é pessoa jurídica de direito público, [...] tem amplas atribuições de administração local [...]” (p.63)
“A Lei Básica Espanhola permite a concessão de regime especial para certos Municípios […] visando a melhor adequar a administração às suas necessidades peculiares (art. 94), como admite também a associação de Municípios para a realização de obras e serviços de interesse comum […]” (p. 64).
“A Constituição da República Argentina estabelece em seu art. 59 a autonomia das Províncias e a obrigatoriedade de sua organização municipal, mas não fixa os lineamentos do regime local a ser adotado - razão pela qual cada Província organiza a seu modo os seus Municípios.” (p. 64)
“Dessa diversidade de sistemas, que é decorrência da ampla autonomia das Províncias, segue-se a restrita autonomia dos Municípios, que só exercem administração própria quando a Província Ihes outorga essa liberalidade, não garantida pela Constituição da República.” (p.64)
“Ao fim dessa súmula do regime municipal adotado em diversos países [...], podemos concluir que o mais aperfeiçoado é o nosso, juridicamente concebido e tecnicamente organizado, [...]. Se há deficiências no seu funcionamento, são menos devidas às falhas da instituição que aos erros frequentemente cometidos pela inexperiência ou inépcia dos administradores locais. [...]” (p.65)
	Posicionamento: trata-se da relação que o leitor deve fazer entre o que foi lido e a sua realidade/suas ideias/sua forma de ver o mundo. Sugere-se estabelecer pontes com outras leituras, notícias, vivencias profissionais, filmes, series, musicas etc.)
Marco (2005) também faz essa descrição da evolução constitucional do município brasileiro no decorrer do tempo, trazendo visões de outros autores, além do Meirelles. O que se pode destacar, através dessas leituras, é que a autonomia da municipalidade tem recebido, na história constitucional brasileira, um tratamento instável que acompanha o poder central. Ou seja, conforme ele muda, também mudará seus "atores", as estruturas e as autonomias locais. Portanto, para que o poder local consiga se libertar dessa inconstância constitucional, é necessário o fortalecimento de instituições municipalistas que sejam locais de fato, focando, não de benefícios temporários do poder central, mas sim, em conquistas reais ao exercício efetivo da autonomia.
	Referências bibliográficas: (no mínimo a referência da obra fichada. Outras obras citadas no texto, devem aparecer aqui também).
MARCO, Cristhian Magnus De. Evolução constitucional do município brasileiro. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 10, n. 693, 29 maio 2005. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/6798>. Acesso em: 15 ago. 2018.
MEIRELLES, H. Origens e evolução do município, 2006. (Cap. 1, p. 33-65).