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TCC VERSÃO FINAL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ
CURSO DE PSICOLOGIA
JESSICA LUIZA GOMES DO NASCIMENTO
BRINCADEIRAS INFANTIS DETERMINADAS PELO GÊNERO: AS INFLUÊNCIAS NORMALIZANTES DA FAMÍLIA.
FORTALEZA
2018
JESSICA LUIZA GOMES DO NASCIMENTO
BRINCADEIRAS INFANTIS DETERMINADAS PELO GÊNERO: AS INFLUÊNCIAS NORMALIZANTES DA FAMÍLIA.
Artigo científico apresentado à disciplina da Produção Avançada de Trabalho Acadêmico II como requisito para conclusão do curso de Psicologia do Centro Universitário Estácio do Ceará.
Orientador Prof. Ms. Rafael de Sousa Britto
FORTALEZA 
2017
BRINCADEIRAS INFANTIS DETERMINADAS PELO GÊNERO: AS INFLUÊNCIAS NORMALIZANTES DA FAMÍLIA.
RESUMO
A família tem um papel muito importante no processo de identificação de gênero e na escolha das brincadeiras, pois é o primeiro círculo social, no qual a criança aprende sobre o comportamento dos adultos, reproduzindo tais ações em busca de alguma recompensa ou para evitar uma punição. Pretende-se com esse artigo compreender quais são as influências da família na determinação das brincadeiras de acordo com o gênero da criança, através de uma revisão sistemática da literatura, na qual foram pesquisados os descritores: transgeracionalidade, estereótipos de gênero, família, papel de gênero, crianças, identidade de gênero, brincadeiras, relações de gênero e diferenças de gênero. Foram analisados nesse estudo 18 artigos e 2 livros para a compreensão do tema. Pode-se a partir dessa bibliografia ponderar que a família exerce uma grande influência na determinação das brincadeiras a partir do sexo da criança e que são os principais incentivadores da perpetuação dos estereótipos de gênero.
Palavras-chaves: Brincadeiras. Gênero. Influência familiar. Estereótipos de gênero.
ABSTRACT
The family has a very important role in the gender identification process and in the choices of games, because it is the first social circle where the child learns about the adult behavior, that are frequently reproduced to earn some rewards or to avoid punishments. It’s intended with this article to understand what kind of family influences determining games according children’s gender, through a systematic review of literature, in which were used the descriptors: transgenerationality, gender stereotypes, family, role of gender, children, gender identity, games, gender relations and gender differences. Were studied 18 articles and 2 books to understand the theme. From that bibliography consider that family has a great influence in the determination of games according the children’s sex and they are the principal instigators of gender stereotypes.
Key words: Playing. Gender. Household influences. Gender stereotypes. 
INTRODUÇÃO
O presente artigo se trata de um estudo sobre as influências que a família tem no processo de escolha das crianças em relação as diferentes formas de se brincar de acordo com o sexo com o qual nasceram. Partiu-se do pressuposto de que parte das escolhas infantis relacionadas a brinquedos e brincadeiras se devem por influência do que os parentes esperam e atribuem ao que é “de menino” e “de menina”, em relação às atividades, algo que foi absorvido e determinado socialmente.
Compreende-se que ao sexo da criança é atribuída uma expectativa por parte dos pais de acordo com as dimensões biológicas sobre o que é “masculino e feminino”. Ou seja, aprende-se desde muito cedo quais são os papeis que “devem” ser desempenhados de acordo com o sexo, não somente na infância, mas durante toda a vida do indivíduo.
Louro (1998) e Felipe (2003) tratam a preocupação dos pais quanto a orientação sexual de seus filhos como uma espécie de obsessão por uma sexualidade normalizante. Esse tipo de preocupação pode ser observada na vigilância exacerbada por parte da família, e também dos professores, durante os primeiros anos da criança, para que não haja nenhum tipo de transgressão à masculinidade, que é considerada hegemônica. Acabam favorecendo um tratamento patologizante, algo que foge dos padrões sociais impostos culturalmente, considerando, portanto, a criança que não se adequa a essa regra como alguém anormal.
	Durante a infância, um dos principais processos de desenvolvimento é o brincar. Em geral, crianças apresentam nas brincadeiras diversos comportamentos aprendidos culturalmente, estando entre eles os papeis de gênero. A influência cultural se faz presente durante o processo de aprendizado do que é socialmente compreendido como masculino e feminino, e isso se reflete na escolha dos pais sobre qual brinquedo comprar para seus filhos e o que devem ensiná-los para que se comportem de acordo com o que seu sexo biológico propõe diante das normas sociais.
A sociedade cria papeis para o que é “masculino” e o que é “feminino”, não somente no que diz respeito aos comportamentos que devem ser demonstrados por homens e mulheres, mas também nas brincadeiras escolhidas pelas crianças. Empresas criam séries de brinquedos e propagandas direcionadas para esse público, usando os estereótipos de gênero para que possam mostrar para qual sexo se direciona cada brinquedo, como se observa em carros de corrida, apresentando meninos agitados, e bonecas, observando-se normalmente apenas garotas que tem um comportamento calmo, cuidando do que simboliza um filho recém nascido.
Segundo Guacira Louro (1999, apud Felipe, 2000), as representações sociais, por permanecerem tão fortes durante tanto tempo, acabam deixando de ser vistas como apenas representações e passam a atuar como “verdades”. Grupos divididos por gênero, sexualidade e raça acabam representando, de uma forma geral, indivíduos completamente diferentes, mas que apresentam algumas características semelhantes, as quais os definem para grande parte da sociedade.
	Scott (1995) diz que gênero é uma organização social sobre homem e mulher, criada a partir de uma cultura, diante das diversas diferenças que se encontram entre os sexos, sendo elas físicas e pré determinadas por convenções culturais, as quais foram construídas ao longo dos anos por povos diferentes.
Porém, mesmo que haja uma grande diferença cultural entre continentes e países, ainda há algo em comum entre eles: homens e mulheres tem papeis diferentes, bem delimitados, e são ensinados desde a infância como devem agir e falar, mesmo que não se identifiquem com o gênero com o qual nasceram. Esses padrões de comportamento são semelhantes, com homens trabalhando para prover o sustento de casa e mulheres cuidando dos afazeres domésticos.
Segundo Papalia e Olds (1998) há uma diferença de socialização entre crianças do sexo masculino e feminino, assim como na escolha das brincadeiras e dos objetos com os quais elas interagem para diversão. As referidas autoras consideram que o processo de construção da identidade de gênero de um indivíduo é fundamental para seu desenvolvimento, pois acaba determinando muitos dos comportamentos que essa pessoa terá ao longo de sua vida, assim como irá determinar suas escolhas. Costa e Vanim (2005) acrescentam que esse processo é fundamental para a construção da personalidade do indivíduo.
	Maccoby (1988, apud Souza e Rodrigues, 2012) nos traz que entre 2 e 3 anos de idade, as crianças começam a separar seus grupos sociais de acordo com o sexo umas das outras, e esse critério de separação tende a ficar mais forte com o passar do tempo. Usualmente começa a haver uma preferência - por parte de ambos os sexos - por crianças que lhes pareçam semelhantes, em termos de sexo biológico, tendendo a evitar os diferentes nesse ponto.
Além disso os mesmos autores afirmam que essa separação tem uma possível explicação, que é a dependência que há entre os comportamentos apresentados pelas crianças e o que é culturalmente apresentado como papel que deve desempenhado, de acordo com o meio no qual as crianças estão inseridas. Elas observam padrões nas pessoas ao redor e os expressam como veem, reproduzindo-os com em suas relações com seus pares.Consequentemente buscam em outras crianças os mesmos comportamentos para que se sintam mais à vontade com outros que lhes pareçam mais semelhantes.
Dessa forma fica compreendido que o processo de categorização de gênero da criança em relação ao seu sexo biológico se inicia logo ao nascer, observando os seus semelhantes ao redor, onde elas buscam repetir comportamentos de indivíduos mais velhos ou, em alguns casos, de amigos também, como nos traz a Teoria Cognitiva Social de Bandura (1986).  Segundo Papalia & Olds (2006), normalmente os modelos seguidos pelas crianças são os de seus pais, que, como visto anteriormente, frequentemente utilizam critérios baseados no sexo biológico para atribuir comportamentos. As crianças, quando começam a compreender as diferenças físicas entre os sexos, começam dividir quase que naturalmente o que é masculino e feminino, a partir do que aprendem.
O não questionamento desse tipo de comportamento pode fazer com que ele se perpetue por toda a vida, sendo passado também para as gerações seguintes, assim como as anteriores o fizeram.
Sabendo disso, de acordo com a teoria de Bandura (1986) já citada, compreende-se que as brincadeiras tendem a sofrer influência do comportamento dos pais e de outras pessoas ao redor, a partir do momento em que a criança observa o que está se passando em volta e começa a absorver informações culturais e, principalmente, de familiares - devido o maior contato que se tem com a família durante a infância. Tais influências atuam nas definições de papeis. Mesmo assim, é possível que seja apresentado um comportamento diferente, mostrando que essa influência não é determinista, visto que o comportamento humano não é caracterizado, necessariamente, pela repetição, mas por diversos outros fatores.
Louro (1997) nos traz que os papeis desempenhados pelos gêneros são regras estabelecidas socialmente sobre comportamentos que as pessoas devem desempenhar de acordo com seu sexo, assim como a forma que devem se vestir, se relacionar e até mesmo falar. A partir desses papeis é que os indivíduos compreendem o que é socialmente adequado para um homem ou uma mulher dentro do que a cultura propõe. Eles devem, portanto, responder ao que se espera, para que não acabem sendo excluídos de grupos sociais. Isso muitas vezes fazem com que escondam qualquer tipo de gosto por algo que é tido como “do sexo oposto”, para serem socialmente aceitos
Os estereótipos de gênero também são fatores influenciadores nas brincadeiras, visto que desde que são crianças, os indivíduos recebem certo tipo de julgamento, caso optem por brincar do que socialmente se trata como o esperado para seu sexo biológico. Isso está diretamente ligado ao que se espera de homens e mulheres, atitudes e escolhas tidas como “normais” do que é masculino e feminino. D’Amorim (1997) diz que esse estereótipo de gênero é um um conjunto do que se acredita que seja socialmente adequado para cada gênero. Além disso, Ashmore e Del Boca (1986) apresentam a consideração dos estereótipos de gênero como parte da teoria implícita da personalidade construída pelo indivíduo e conservada na memória, como parte do seu sistema geral de valores. Tais valores são constructos sociais, servindo como modelo para todas as gerações. Nota-se que mesmo que os anos passem, as mudanças ocorrem de uma forma muito lenta, ainda havendo, por parte da maioria, uma preservação das regras desenvolvidas pela sociedade.
	Para Silva e colaboradores (2006), o que baseia a diferenciação dos gêneros se inicia com o sexo biológico, mas a construção de comportamentos é social, sendo construídos de forma simbólica. Comportamentos, como meninos brincando de cozinhar e meninas usando armas de brinquedo, em muitos casos, tendem a ser punidos por pessoas que estão próximas, ou a virarem motivo de piadas, além de não serem encorajados, diferente do que acontece quando a criança age como o “socialmente esperado”, comportamento aceito pela maioria. Esse tipo de ação pode prejudicar o desenvolvimento da criança, visto que para elas pode não haver diferenças significativas nesse momento entre os brinquedos masculinos e femininos. O que eles apresentam é o desejo de brincar, independente do objeto utilizado para tal.
A construção dessa diferenciação não vem somente por influência dos pais, mas também por outros agentes sociais, como a mídia, a indústria de brinquedos, professores e outros familiares.
	De acordo com Menezes e Brito (2012), padrões sexualmente dimórficos são comportamentos que se manifestam de uma maneira diferente do que esperado, tendo como base o sexo biológico dos indivíduos. Eles não tem relação com as habilidades reprodutivas dos seres humanos, mas sim com a forma que se comportam perante diversas situações que são estabelecidas como masculinas ou femininas.
Tendo em vista que o esperado é que crianças dividam algumas atividades de acordo com o seu sexo, quando meninos se interessam por brincar de “casinha” ou bonecas, e meninas querem brincar com carros, surge esse tipo de padrão, observado principalmente nas brincadeiras.
	A representação da família nos mais diversos contextos é, possivelmente, a maior influenciadora no que diz respeito a identificação de papeis. Por exemplo, o estudo de Botton e Strey (2011), que analisou uma série de livros infantis, constatou que as famílias citadas nas histórias mostravam a propagação de estereótipos de gênero, como a mãe sendo cuidadora, mais presente, e o pai como provedor e protetor, porém mais ausente.
Tendo em vista que crianças estão em constante contato com esse tipo de história, nelas acaba se desenvolvendo um conceito de como as coisas devem ser, sem que haja a possibilidade de que elas possam decidir no que acreditam ser o correto. Observa-se, então, que ao chegarem em uma idade na qual tem a capacidade de refletir sobre essa atribuição de papeis, elas já estão há muito tempo habituadas a representar comportamentos estereotipados, atribuídos de acordo com seu sexo biológico.
	O habitus primário, de acordo com Gomes (2000, apud Botton et al., 2015), nos traz que valores familiares fazem com que sejam atribuídos comportamentos à crianças que ainda nem chegaram a nascer. Famílias tendem a, por exemplo, já pintar o quarto de rosa ou azul, de acordo com o sexo do bebê que ainda está em período de gestação. É um aprendizado que se dá naturalmente e que permite que as crianças construam sua identidade, influenciando também em como o indivíduo percebe suas experiências relacionadas a gênero, raça, orientação sexual, entre outras.
Isso quer dizer, de acordo com esse autor, que hábitos - incluindo os relacionados a gênero e sexualidade - estão diretamente ligados também ao seio familiar. Ou seja, as crianças aprendem o que os adultos ensinam, direta ou indiretamente, a partir de reforçamentos de comportamentos desejados e punições para os que são indesejados, de acordo com o que acreditam ser o próprio e o impróprio para cada gênero. Dessa forma, a família, assim como a sociedade em geral, tende a esperar determinadas atitudes das crianças, independente da faixa etária.
Crianças também observam comportamentos apresentados por outras pessoas e, devido as recompensas recebidas, há um estímulo para que que tais ações sejam repetidas, a fim de que elas também recebam algo, como mostra a teoria da aprendizagem social de Bandura, através do que ele chama de Reforço Vicariante. Para alguns autores, grande parte do processo de identificação de gênero ocorre devido a observação de comportamentos e a imitação de alguns modelos, podendo ser de membros da família ou outros adultos próximos a criança. (BANDURA & HUDSON, 1961, apud COSTA & ANTONIAZZI, 1999)
	A partir dos estudos de Castañeda (2006, apud Botton et al., 2015) entende-se que crianças desenvolvem discursos sobre sua identidade de gênero a partir de relações no núcleo familiar, como já foi citado. Isso influencia na formação de sua autoimagem, pois durante a infância elas já passam a olhar para si pela ótica do que é socialmente esperadoe tendem a agir como é reforçado, para que sejam aceitas e não haja qualquer tipo de sofrimento, como pode ocorrer caso seus comportamentos sejam diferentes.
A partir disso as crianças começam a diferenciar o que é definido como masculino e feminino na sociedade. Devido a influência familiar, há um incentivo maior para que meninas realizem trabalhos domésticos, a partir de brinquedos como ferro de passar e fogões, e meninos são preparados para os papeis que “devem” desempenhar na vida adulta, como diversos empregos que podem ter, de acordo com os brinquedos - bombeiro, policial, médico, piloto de avião, entre outros. Pode-se dizer que, em muitos casos, esse tipo de aprendizado é socialmente imposto, pois muitos pais desejam que seus filhos sigam os padrões culturais e sociais para que futuramente não sofram qualquer tipo de preconceito, caso estejam fora do que é visto como “normal”.
Dados trazidos por uma pesquisa realizada por Feitosa (2013) apresenta como resultado uma diferença muito grande no que diz respeito aos trabalhos desempenhados por homens e mulheres. Por exemplo, ela constatou que a porcentagem de homens que trabalhavam em serviços de motorista ou que exigiam força física, era muito maior do que a de mulheres. Da mesma maneira, profissões de assistência ou cuidados eram totalmente direcionadas ao público feminino.
	A partir dessas informações, devemos nos fazer os seguintes questionamento: De que forma a família influencia na escolha das brincadeiras das crianças? Os pais são realmente responsáveis pelo incentivo da criação e propagação dos papeis de gênero? Até que ponto deve haver qualquer tipo de influência durante o processo de identificação de gênero?
	O estudo dessa temática é importante para a compreensão do processo de identificação de gênero em crianças e para entender quais fatores podem levar a determinadas escolhas de brincadeiras de acordo com o sexo biológico.
Pode-se trazer, à partir desse tema, considerações que influenciem na quebra das fronteiras referentes a patologização de comportamentos que diferem do habitual, como é trazido por Felipe (2000), a fim de que se desenvolva um trabalho dentro desse assunto, que atualmente é de relevância social, tendo em vista a problemática causada por diversos pontos relacionados a gênero e sexualidade, como o preconceito diante de pessoas que não se comportam como o socialmente esperado, mesmo que ainda durante uma fase de aprendizado constante, como é na infância.
Esse tipo de comportamento, considerado diferente do habitual, faz com que haja um preconceito relacionado ao que não é esperado, podendo trazer sofrimento para crianças que não tem real interesse pelo que lhes é atribuído.
METODOLOGIA
O presente artigo tem por objetivo mostrar como a escolha das brincadeiras infantis são influenciadas pelos familiares das crianças. O método utilizado para a construção deste trabalho foi a Revisão Sistemática da Literatura, na qual utiliza-se dados obtidos em textos anteriormente escritos por outros autores sobre um determinado tema, permitindo ao pesquisador agregar o maior número possível de resultados que sejam relevantes para sua pesquisa. (SAMPAIO & MANCINI, 2007)
Para Lakatos e Marconi (2003), citar conclusões de outros autores permite mostrar o quanto a pesquisa realizada contribui para o conhecimento, apresentando contradições e pontos onde ideias concordam, sendo as duas situações de grande importância. Portanto, é necessário que se faça uma avaliação de todos os textos colhidos de forma criteriosa e científica, para a investigação do tema. (RAMOS; FARIA; FARIA, 2014)
Para a realização da pesquisa foram utilizados os sites Scielo Brasil (Scientific Eletronic Library Online), Pepsic (portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia) e Lilacs.
Foram utilizadas as seguintes palavras chave: transgeracionalidade, estereótipos de gênero, família, papel de gênero, crianças, identidade de gênero, brincadeiras, relações de gênero e diferenças de gênero.
O período de busca dos trabalhos já produzidos foi de 1995 à 2016, buscando sempre temáticas relacionadas ao que foi proposto, que se trata da “Influência familiares na escolha das brincadeiras infantis por gênero”.
Inicialmente, no site Pepsic, foi utilizada a palavra chave “transgeracionalidade”, com a qual foram encontrados 22 artigos, todos em português, sendo utilizado para inclusão o critério de relação com a temática de gênero e infância, excluindo, por consequência, os artigos não relacionados ao tema. Foi escolhido 1 artigo e excluídos 21.
Seguidamente, no mesmo portal, utilizou-se a palavra chave “família”, onde foram encontrados 1383 resultados. Como critério de exclusão foi feita uma separação entre artigos não escritos em português e que tivessem como foco adolescentes e adultos, ou que não estivessem dentro do foco da pesquisa.
Ao usar a palavra chave “estereótipos de gênero” neste mesmo site foram encontrados 5 resultados, porém apenas um foi escolhido para compor o referencial teórico do trabalho, este mesmo que já havia sido encontrado ao utilizar as palavras chaves “família” e “transgeracionalidade” na mesma plataforma de pesquisa.
No site Scielo foram utilizadas as mesmas palavras chaves. Ao utilizar “transgeracionalidade”, obteve-se 10 resultados, porém nenhum destes continha qualquer relação com o tema escolhido. Muitos explicavam a transmissão psíquica relacionada a outras temáticas, como vínculos afetivos.
A busca com a palavra “família” isolada resultou em 9315 artigos, não sendo possível, devido a quantidade, identificar todos que estavam relacionados ao tema, assim como ao pesquisar “crianças”, pois houve o volume de 11781. Porém, mesmo assim, foi selecionado um artigo ao fazer essa busca.
A pesquisa com a palavra chave “papel de gênero” resultou em 4 artigos, dos quais apenas um foi selecionado, visto que estava relacionado à infância, enquanto o restante tinha como temáticas a velhice e transexualidade. O último estava escrito em inglês. Ao buscar por “diferenças de gênero”, foram encontrados 21 resultados, porém grande parte não condizia com a temática desse trabalho, sendo, portanto, excluídos estes, assim como os trabalhos em outras línguas, além do português, e os que não abordavam a temática infantil.
Com a pesquisa sobre “estereótipos de gênero” no site Scielo não foi encontrado nenhum artigo relacionado ao tema, entre os 3 que foram mostrados como resultados. Observou-se dessa maneira que algumas pesquisas não deram muitos resultados por conta das palavras chaves utilizadas. Muitas vezes surgiram tantos artigos que não seria possível analisar todos, devido o grande número de textos e o pouco tempo para a realização desse trabalho. Sendo assim, optou-se por combinar palavras em uma mesma pesquisa, diminuindo o raio de busca e deixando a mesma um pouco mais direta e seletiva dentro do assunto necessário.
No site Lilacs foi utilizada a combinação entre duas palavras chaves, “brincadeira” e “gênero”, devido a quantidade de resultados obtidos ao pesquisar individualmente as palavras (216 trabalhos para “brincadeira” e 18861 artigos para “gênero). Se tornou inviável realizar a leitura de cada um deles, portanto houve a necessidade de fazer uma pesquisa com mais de uma palavra chave. Utilizando a combinação citada foram encontrados 49 artigos. Inicialmente observou-se os títulos dos mesmos, para buscar algo relacionado ao que se buscava. Dentre os 49 foram escolhidos 6 após a leitura de seus resumos e a constatação de que havia relação entre o assunto escrito e o objetivo da pesquisa.
No total, após a leitura de todos os trabalhos que foram pré-selecionados, somando um total de 25 textos, foram escolhidos 19 artigos para compor a pesquisa necessária para o presente trabalho. Além destes também foram selecionados 2 livros relacionados à sexualidade, gênero e desenvolvimento humano, para um melhor embasamento teórico dentro da temática, e um capítulo de um curso de formação de professores do Ministério da Educação.
Os artigos escolhidospara compor o referencial teórico desta pesquisa foram separados por área de conhecimento para que pudesse ser feita uma análise de qual delas poderia ser a mais interessada em dar enfoque a pesquisas desse tipo. Além disso também foi analisada a metodologia do trabalho escrito, para obter-se uma noção mais profunda sobre como os pesquisadores estão trabalhando para conseguir as informações devidas dentro da temática de gênero, família e infância.
Os critérios de exclusão, em geral, foram textos em línguas diferentes do português, artigos que não tivessem a temática desejada para pesquisa, duplicidade de trabalhos e publicações que tivessem conteúdo religioso – as quais surgiram em menor número –, visto que é necessário para a conclusão deste estudo uma imparcialidade diante do tema.
Ao findar a pesquisa com as palavras chaves em seus determinados sites, notou-se a grande dificuldade para encontrar artigos que pudessem ser utilizados da forma delimitada para o tema, abordando o que fora proposto inicialmente.
Ficou evidente a quantidade de resultados que não estavam relacionados a Psicologia, mas sim a Pedagogia - incluindo também professores de Educação Física em escolas -, pois a maior relação que se faz com as brincadeiras é no âmbito escolar. Poucas pesquisas relacionaram as brincadeiras com a família e suas formas de influenciar o processo de escolha das crianças tanto nos brinquedos, quanto na decisão por atividades e, mais adiante, parceiros.
Mesmo os psicólogos que realizaram pesquisas nessa temática escreveram trabalhos dentro do ambiente escolar, com crianças, utilizando mais as brincadeiras. Não desenvolveram mais a pesquisa relacionada ao subjetivo, a família e as suas influências no desenvolvimento da identidade de gênero na infância. Mesmo assim houve uma busca mais a fundo, para que fossem utilizados em sua maioria os trabalhos escritos por psicólogos. Esses dados mostram que é necessário um enfoque maior dos pesquisadores na área de Psicologia dentro dessa temática, para que futuramente haja uma maior quantidade de trabalhos para pesquisas e para agregamento de conhecimento de pesquisadores.
Quadro 1 - Classificação dos artigos
	Ano
	Título
	Área
	Método
	1995
	Gênero: uma categoria útil para análise histórica
	História
	Revisão Bibliográfica
	1999
	A influência da socialização primária na construção da identidade de gênero: percepções dos pais
	Psicologia
	Entrevista
	2000
	Infância, gênero e sexualidade
	Psicologia
	Revisão bibliográfica
	2002
	A Segregação Sexual na Interação de Crianças de 8 e 9 Anos
	Psicologia
	Pesquisa observacional
	2003
	Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil
	Pedagogia
	Pesquisa observacional
	2003
	A transmissão da cultura da brincadeira: algumas possibilidades de investigação
	Psicologia
	Revisão bibliográfica
	2004
	Masculino e feminino na família contemporânea
	Psicologia
	Revisão bibliográfica
	2005
	Educação infantil, gênero e brincadeiras: das naturalidades às transgressões
	Pedagogia
	Pesquisa observacional
	2005
	O reencontro com a identidade de gênero: contribuições da visão sistêmica novo-paradigmática e do psicodrama infantil
	Psicologia
	Estudo de caso
	2006
	Reflexões acerca das novas formas de parentalidade e suas possíveis vicissitudes culturais e subjetivas
	Psicologia
	Revisão bibliográfica
	2006
	Diferenças de gênero no brincar de crianças pré-escolares e escolares na brinquedoteca
	Psicologia
	Pesquisa observacional
	2007
	O brincar e suas implicações para o desenvolvimento infantil a partir da Psicologia Evolucionista
	Psicologia
	Revisão bibliográfica
	2008
	Caracterização de brincadeiras de crianças em idade escolar
	Psicologia
	Pesquisa observacional
	2008
	Estereótipos sexuais e a educação sexista no discurso de mães
	Psicologia
	Entrevista
	2009
	O aprendizado de gênero: socialização na família e na escola
	Pedagogia
	Revisão bibliográfica
	2013
	Diferenças de Gênero na Preferência de Pares
e Brincadeiras de Crianças
	Psicologia
	Pesquisa observacional
	2015
	Os papéis parentais nas famílias: analisando aspectos transgeracionais e de gênero
	Psicologia
	Revisão bibliográfica
	2016
	Qual o gênero do brincar? Aprendendo a ser “menino” ... Aprendendo a ser “menina”
	Psicologia
	Pesquisa qualitativa
	Com base no período (1995 à 2016) dos artigos encontrados, observou-se que a temática de “gênero e sexualidade” não era tão abordada há alguns anos atrás e que apenas recentemente, em meados dos anos 2000 adiante, foram iniciadas mais pesquisas sobre o assunto, visto que antes se tratava de um tema que pouco se abordava, devido a normas sociais, relacionadas a heternormatividade.
Ou seja, possivelmente havia receio de se tocar no assunto e trazer à tona algo que pudesse ferir as normas sociais do período, o que continua acontecendo atualmente por inúmeras questões, como a conquista de direitos e a legalização do casamento homoafetivo.
	Entre os textos selecionados também foi analisada a metodologia dos trabalhos, sendo eles separados entre pesquisa descritiva, revisão bibliográfica e livros.
Como propõe a metodologia de revisão sistemática, as publicações selecionadas para escrever este artigo foram devidamente classificadas a partir do método utilizado para a realização destes estudos.
	Obteve-se por meio dessa organização, os seguintes dados: 8 revisões bibliográficas e 10 pesquisas observacionais e um estudo de caso. Apesar de haver um equilíbrio entre pesquisas observacionais e revisões bibliográficas, durante a busca notou-se que a quantidade de pesquisas era muito maior, talvez ainda por uma grande necessidade acadêmica de dados concretos para a realização de um análise mais detalhada em comparação com outros escritos, a fim de que se consiga uma quantidade relativamente maior de informações que possam colaborar para a formulação de teorias que possam ser utilizadas futuramente em novos livros.
Entre as pesquisas pode-se notar que sua grande maioria se passa dentro de ambientes escolares, nos quais, muitas vezes, não há como compreender qual a dinâmica familiar daquelas crianças e como suas famílias podem, ou não, influenciar na escolha das brincadeiras. Dentro das escolas há uma influência de professores e cuidadores. Existe algum tipo de interferência da decisão de com o que, ou quem, brincar, mas é dentro do convívio de casa que se aprende mais sobre isso.
	Foi notável também que nos livros escolhidos a quantidade de informações relacionadas diretamente ao tema escolhido não era tão grande, muitas vezes falando apenas sobre identificação de gênero e como esse processo ocorre durante a infância, ou, muitas vezes, relacionando apenas as brincadeiras com o sexo das crianças, não citando necessariamente os pais como influenciadores desse processo de seleção do brincar e como os mesmos podem colaborar para o processo de identificação de gênero.
	Os textos selecionados foram distribuídos em categorias, para uma melhor organização destes durante o trabalho, a fim de que se faça uma análise de conteúdo, como propõe Bardin (2011). Para a autora, a categorização é uma classificação dos documentos em conjuntos a partir de suas diferenças, para que seja feito em seguida um reagrupamento a partir de seus gêneros ou semelhanças semânticas. 
Alguns dos artigos se encontram em mais de uma categoria, pois tem relevância para a compreensão de um ou mais pontos dentro do que foi proposto.
A partir dessa categorização, foi possível fazer uma análise mais profunda dos conteúdos, para em seguida realizar uma crítica ao que foi proposto pelos autores, assim como uma reinterpretação, para compreensão dos textos de uma forma mais organizada dentro dos parâmetros propostos para esse trabalho.
	As categorias criadas foram três, cada uma com suas especificações:
Influência familiar: artigos cujo conteúdo deixa claras as influências que a família tem no processo de identificaçãode gênero e nas decisões das atividades das crianças com base em seu sexo biológico;
Formação de grupos sociais: textos cuja temática envolve a forma maneira que as crianças escolhem seus parceiros de brincadeiras ou para simplesmente estarem por perto, realizando qualquer atividade;
Escolha dos brinquedos: artigos que contém em seu conteúdo pontos de vista semelhantes em relação aos brinquedos escolhidos por cada gênero e como se dá esse processo de escolha.
Quadro 2 - Categorização dos artigos
	Influência familiar
	Formação de grupos sociais
	Escolha dos brinquedos
	A influência da socialização primária na construção da identidade de gênero: percepções dos pais
	A Segregação Sexual na Interação de Crianças de 8 e 9 Anos
	Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil
	Estereótipos sexuais e a educação sexista no discurso de mães
	Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil
	A transmissão da cultura da brincadeira: algumas possibilidades de investigação
	O aprendizado de gênero: socialização na família e na escola
	A transmissão da cultura da brincadeira: algumas possibilidades de investigação
	Educação infantil, gênero e brincadeiras: das naturalidades às transgressões
	Os papéis parentais nas famílias: analisando aspectos transgeracionais e de gênero
	Educação infantil, gênero e brincadeiras: das naturalidades às transgressões
	Caracterização de brincadeiras de crianças em idade escolar
	
	Diferenças de gênero no brincar de crianças pré-escolares e escolares na brinquedoteca
	Qual o gênero do brincar? Aprendendo a ser “menino” ... Aprendendo a ser “menina”
	
	O brincar e suas implicações para o desenvolvimento infantil a partir da Psicologia Evolucionista
	
	
	Diferenças de Gênero na Preferência de Pares e Brincadeiras de Crianças
	
	
	Qual o gênero do brincar? Aprendendo a ser “menino” ... Aprendendo a ser “menina”
	
	
DESENVOLVIMENTO
3.1. INFLUÊNCIA FAMILIAR
	O processo de identificação de gênero está presente na vida de todos os indivíduos, sendo este o responsável por diversos fatores da personalidade do ser humano, podendo ser tratado como um elemento chave no desenvolvimento, como nos trazem Papalia e Olds (1998).
	Crianças tendem a observar e imitar comportamentos apresentados por pessoas do mesmo sexo que estão em seu meio social, sendo o familiar o mais presente durante o desenvolvimento infantil. A aquisição desses comportamentos estereotipados é atribuída aos pais em sua maior parte. As influências familiares tendem a superar as que surgem em outros locais, como escola, por exemplo. (COSTA & ANTONIAZZI, 1999)
	Além disso, desde antes o nascimento as famílias tendem a criar expectativas sobre como irão educar seus filhos de acordo com o sexo, sendo as educações claramente distintas entre meninos e meninas, como também fatores menores, como cor do quarto, tipos de roupas e escolha dos brinquedos. (BRASIL, 2009)
	Botton et al (2015) trazem que, apesar das mudanças nas configurações familiares que foram surgindo ao longo do tempo – famílias monoparentais, homoafetivas, dentre outras –, pode-se constatar que os estereótipos de gênero não mudam.
	Estudos trazidos por esses mesmos autores mostram que as crianças aprendem sobre as desigualdades de gênero dentro do núcleo familiar e que as brincadeiras já são influenciadas desde cedo, sendo os cuidadores – normalmente familiares – responsáveis por ensinar as meninas que seu papel – dentro da cultura e da sociedade na qual estão inseridos –, a realizar trabalhos domésticos, dando para elas brinquedos como vassouras e fogões com panelas, preparando-as para o papel que devem desempenhar quando adultas. Em contrapartida os brinquedos oferecidos pela grande maioria dos pais aos filhos do sexo masculino não necessariamente os preparam para a vida adulta e os papeis que devem desempenhar socialmente, tendo a liberdade de estarem em diversas áreas. Os autores chamam isso de “machismo invisível”.
	Dessa mesma maneira as meninas são incentivadas a brincarem em locais que sejam mais restritos, onde podem praticar suas tarefas de uma maneira mais calma e sem muita agitação, para que não se sujem, como acontece normalmente com os meninos, que quase sempre tem a liberdade de brincar em locais com mais espaço e de não precisarem se incomodar com a possibilidade de voltarem sujos para casa. (REIS & MAIA, 2009)
	As autoras citadas acima realizaram uma pesquisa onde entrevistaram 25 mães de crianças de 4 à 6 anos de idade e puderam constatar uma ambiguidade entre os discursos apresentados, nos quais muitas delas falam que os filhos de ambos os sexos devem ser orientados e educados da mesma maneira, mas ao mesmo tempo trazem falas que mostram que influenciam comportamentos e brincadeiras diferentes com meninos e meninas.
	Algumas dessas mães deixaram claro que determinados assuntos, como sexo, por exemplo, são ensinados de forma diferentes para meninos e meninas, devido ao conteúdo e a forma que elas imaginam que seus filhos irão absorver o que lhes for falado. Para meninas tendem a falar tudo com mais cautela, já para os meninos falam de forma mais aberta.
	Oferecer apenas aos meninos brinquedos como skates e bolas, por exemplo, pode fazer com que eles absorvam a ideia de que o espaço público é apenas para eles, dar às meninas apenas brinquedos que lembrem utensílios domésticos é praticamente condená-las de maneira lúdica e simbólica ao espaço privado da vida em casa. (BRASIL, 2009)
	Costa e Antoniazzi (1999) realizaram uma pesquisa e puderam observar que os pais, mesmo sem se dar conta, acabavam por incentivar comportamentos sexistas nas crianças, inclusive no que diz respeito as brincadeiras, pois, como normalmente são eles que compram os brinquedos, tendem a adquiri-los de forma tipificada, havendo certa pressão para que as crianças escolham os que estejam de acordo com o que é esperado para seu sexo.
Apesar de alguns desses pais apontarem que não se incomodam com a escolha dos filhos em relação a brincadeiras, a grande maioria ainda age de forma contraditória a esse discurso, pois a preferência é que eles escolham o que é socialmente esperado. Alguns o fazem sem sequer perceber, outros tem consciência de que não gostam que a criança escolha brinquedos ou atividades vistas como “do sexo oposto”.
Dentro dessa pesquisa, houve um discurso de uma mãe que retratou permitir que seu filho de 2 anos brincasse com algumas bonecas apenas para não acharem que ela tem um pensamento que concorda com o machismo, mas ao mesmo tempo é totalmente contra que seu filho use roupas com flores ou bichinhos, pois acha que isso não é correto.
Outra mãe dizia acreditar que o necessário é que se tenha o acompanhamento pelo progenitor do mesmo sexo, pois o do sexo oposto não iria fazer muita falta para a criança, o que deixa claro que ainda há a ideia de que meninos precisam do pai para que saibam como agir socialmente como um homem, assim como as meninas precisariam da mãe.
FORMAÇÃO DE GRUPOS SOCIAIS
Souza e Rodrigues (2002) apresentam a ideia, a partir do estudo de outros autores, de que crianças tendem a escolher parceiros do mesmo sexo por tomarem como base sua cultura e o que aprendem da sociedade na qual estão inseridas, absorvendo os estereótipos de gênero mesmo que em alguns momentos, dependendo da idade que tenham, elas não apresentem esse comportamento e consigam interagir com tranquilidade mesmo que tenham companheiros do sexo oposto.
Crianças tendem a criar grupos sociais desde cedo, principalmente quando é para algum momento de brincadeira. A partir de seus conceitos do que é masculino e feminino elas tendem a buscar pares que se assemelhem a elas mesmas fisicamente – crianças que buscam parceiros para atividades do sexo oposto podem ser vistas apresentando padrões sexualmente dimórficos (MENEZES & BRITO, 2013) – e a se afastarem das que são diferentes. (HANSEN et al, 2007)
Mesmo assim muitas delas criam maneiras de interagirumas com as outras sem que haja necessariamente algum tipo de segregação. Muitas vezes em escolas meninos brincam de casinha com meninas e elas, por sua vez, entram no mundo de fantasias mais agitadas e até mesmo apresentam comportamentos vistos socialmente como masculinos.
Alguns autores acreditam que em brincadeiras na rua as crianças tendem a agregar aos seus grupos os que tenham mais habilidades, para que ganhem a competição, não sendo necessário que elas sejam do mesmo sexo, assim como os observadores, que não entram nos jogos, mas ainda estão presentes no local. (PONTES & MAGALHÃES, 2003)
Finco (2005) mostra que o ambiente escolar, através de uma observação, crianças não necessariamente buscam outras do mesmo sexo para realizar atividades, mas que procuram companheiros para dividir momentos de diversão, ignorando o fato de que são meninos ou meninas.
Para incentivar esse comportamento sem distinções, faz-se necessário, de acordo com a mesma autora, que as escolas invistam em ambientes onde haja brinquedos que favoreçam todos os ocupantes do espaço escolar, para que meninos possam, sem ficar com vergonha, participar de brincadeiras vistas como femininas e meninas possam entrar em brincadeiras vistas como masculinas, pois crianças não mostram, necessariamente, uma segregação.
A pesquisa de Leite, Feijó e Chiés (2016) apresenta crianças de 3 e 4 anos e mostra que não houve a interferência do gênero biológico na interação entre elas. As autoras atribuíram parte disso ao fato de que a professora que estava presente não interferiu na interação, deixando as crianças livres para escolherem com o que e com quem iriam brincar. Mesmo em momentos mais agitados, a maioria dos grupos formados pelas próprias crianças eram mistos, havendo ainda mais interação entre elas no momento de descanso.
Uma pesquisa mostrou crianças entre 5 e 6 anos interagindo numa brinquedoteca e constatou que na maior parte do tempo elas se agrupavam com outras do mesmo sexo, mas mesmo assim não deixavam de interagir umas com as outras, incluindo outras de sexo diferente nas brincadeiras e atividades que eram proporcionadas, atribuindo, portanto, a segregação ao contexto no qual as crianças estavam inseridas – todas de baixa renda em um espaço relativamente pequeno. (WANDERLIND et al, 2006)
Elas observaram que a interação entre as crianças na educação infantil é um fator que pode influenciar na vida social delas durante o restante de suas vidas. Portanto, a troca de papeis durante a infância, deixando que crianças interajam constantemente com outras do sexo oposto pode colaborar para que elas cresçam aprendendo regras e valores mais afins a diversidade.
 ESCOLHA DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
Cordazzo e Vieira (2006) apresentam teorias que mostram que a partir dos 18 meses de idade, algumas crianças começam a mostrar sinais de estereotipia de gênero na escolha dos brinquedos com os quais irão interagir, sendo isso observado em diversos locais do mundo, em culturas diferentes.
Esses mesmos autores realizaram uma pesquisa com crianças do 2º ao 5º ano, na qual as mesmas respondiam sobre brinquedos e atividades, escolhendo quais seriam direcionadas para meninos e quais seriam para meninas. Foi constatado nessa pesquisa que nessa idade há a presença dos estereótipos de gênero no momento de escolher brinquedos ou brincadeiras.
Apesar disso, notou-se que meninos consideraram maior o número de brinquedos direcionados apenas para eles mesmos, colocando na lista de brinquedos de meninas itens como maquiagem, casinha e bonecas, enquanto para elas, a maior parte dos brinquedos poderia ser compartilhada entre os dois sexos sem haver distinção.
Ou seja, os meninos apresentaram uma maior estereotipia de gênero no momento de escolher os brinquedos quando são mais novos, o que vai diminuindo com o passar do tempo.
Diversas formas de brincar são apresentadas por Pontes e Magalhães (2003), que tendem a acreditar que não é exatamente o sexo que influencia nas escolhas das brincadeiras, principalmente nas que acontecem na rua, mas sim a forma que as crianças veem umas às outras em relação a suas habilidades.
Acredita-se, portanto, que crianças não fazem distinção de gênero com relação aos seus parceiros de brincadeiras, mas sim buscam os que tenham mais chances de colaborar, por exemplo, para uma possível vitória nas competições. Porém, comportamentos como estes não são incentivados por todos os adultos que estão em volta, fazendo com que muitas vezes haja certa proibição quanto aos companheiros de brincadeira. 
	A criança expressa o que aprende de sua cultura através das brincadeiras. Não somente fatores culturais, mas também o que é vivido em casa e outras situações que são aprendidas por elas em seu ambiente familiar. Meninos e meninas apresentam comportamentos estereotipados devido influências sobre o que é mais apropriado para seu gênero biológico, pois normalmente fazem o que é orientado pelos adultos ao seu redor. (FINCO, 2005)
	A partir dessa ótica, pode-se entender que a escolha dos brinquedos vem por influência de adultos, mesmo que muitas crianças tenham a tendência de ultrapassar as barreiras colocadas pelos mais velhos no momento de decidir com o que e com quem irão brincar. Tais influências são passadas culturalmente. (FINCO, 2005)
	Para Leite, Feijó e Chiés (2016), os hábitos da escolha das brincadeiras vem sendo passados ao longo do tempo de acordo com a cultura, mas a estereotipia apresentada em momentos para brincar tem influência da atuação de adultos, pois, para elas, caso não haja qualquer tipo de interferência, a grande maioria não faz qualquer distinção.
	Os mesmos autores afirmam que as brincadeiras, em suas pesquisas, surgiram de forma natural entre as crianças, sem que fosse necessária a influência de algum professor ou outra pessoa mais velha. Elas faziam as escolhas de seus brinquedos e brincadeiras sem se preocupar com o gênero de seus companheiros ou de si mesmas, experimentando papeis que eram atribuídos socialmente ao sexo oposto.
CONSIDERAÇÕES 
A partir do estudo realizado, constatou-se que muitas crianças não tem a tendência a escolher seus brinquedos ou companheiros de brincadeiras utilizando como critério de seleção seu sexo biológico. Pelo contrário. Acredito que seja benéfico que elas experimentem todos os tipos de brincadeiras para que possam se desenvolver melhor, sem haver a preocupação com fatores externos, como a opinião de outras pessoas sobre suas formas de brincar.
Há uma grande influência por parte da família em relação a companhias e brinquedos com os quais as crianças vão interagir, principalmente por acreditarem que interesses em objetos que são relacionados ao sexo oposto terão alguma influência na orientação sexual que a criança terá, pois há um grande receio por parte da maioria dos pais que seus filhos não apresentem comportamentos que não condizem com a sociedade heteronormativa. “É como se trocar de brinquedo significasse trocar de sexo ou de orientação sexual, e esse medo está fortemente relacionado a uma cultura heterossexual e de disputa de poder no que tange às relações de gênero (...)” (TELLES, 2010)
Por conta disso, muitos acabam por acreditar ser completamente natural e socialmente correto o uso, por exemplo, de cores distintas para cada sexo, além de roupas, entre outras coisas, influenciando em toda a vida de uma criança, que também absorve esse tipo de comportamento e o reproduz durante sua vida adulta.
Pais e mães tendem a comprar brinquedos que são considerados adequados para o sexo de seus filhos, incentivando e aprovando muitas vezes a escolha por parte das crianças quando optam por algo socialmente esperado. Em contrapartida desaprovam qualquer demonstração de escolha por algo que não é tão aceito na sociedade.
Familiares, além dos pais e irmãos, são grandes influenciadores nesse processo, pois normalmente também reforçam os comportamentos estereotipados, chegando, muitas vezes, a deixar as crianças constrangidas ou fazer com que elas avancem etapas,ao incentivar que, por exemplo, meninos tenham uma “namoradinha” quando ainda são pequenos.
Há certa pressão por parte da mídia, que a todo momento mostra um modelo heterossexual em programas de televisão sendo colocado em um patamar mais alto, enquanto homossexuais tendem a ser ridicularizados ou tratados como algo anormal.
Esse tipo de acontecimento pode fazer com que as crianças absorvam que o fato de que ser gay ou lésbica é algo ruim, associando, consequentemente, que, caso um menino brinque de boneca, ele é “mulherzinha”, termo muito utilizado para se referir a isso.
Comportamentos como meninos querendo brincar de boneca ou qualquer coisa considerada feminina, em muitos casos podem até ser punidos em algumas culturas, inclusive em muitos locais no Brasil, resultando em castigos físicos e atitudes parentais que causam algum tipo de trauma infantil.
Em praticamente todos os textos lidos, a grande maioria dos pais não acha normal que uma criança brinque com algo que é considerado do sexo oposto ou até mesmo que use algo de uma cor que é tratada como oposta à de seu sexo, fazendo disso um grande tabu social. É necessário que esses pais compreendam que o brincar está relacionado ao lazer de uma criança, não necessariamente à sua futura orientação sexual.
Como exemplo temos o estudo de Costa e Antoniazzi (1999), o qual retrata a fala de pais em relação a preocupação quanto a identidade sexual de seus filhos. Foi relatado que o pai de uma das crianças do estudo fez um escândalo por conta da cor do quarto – cor de rosa – no qual seu filho, um menino de 2 anos, estava internado. Da mesma maneira outro pai de um garoto de 12 anos se mostrou aterrorizado por seu filho gostar de brincar de bonecas, por achar que o mesmo poderia se tornar homossexual.
É preciso que a sociedade entenda que, mesmo que um indivíduo tenha determinada orientação sexual ou identidade de gênero, isso não quer dizer que foi por conta da liberdade que foi dada durante a infância para interagir com quem quisesse ou brincar com os objetos que desejassem.
É preciso fazer com que esses pontos deixem de estar relacionados para que haja um maior avanço na compreensão de como se dá o processo de identificação de gênero na infância, pois as influências cultural e familiar são tão fortes que normalmente ficam mais evidentes em pesquisas que as isolam temporariamente do que ao longo da vida do indivíduo.
Permitir que crianças tenham a oportunidade de brincar com o que tenham vontade pode, muitas vezes, auxiliar em seu desenvolvimento, colaborando para que diversas habilidades possam surgir, fazendo desse indivíduo um adulto muito mais produtivo em inúmeras áreas.
Acredito que a liberdade de expressão infantil é de grande importância para a vida adulta, mesmo em momentos tão simples quanto os de brincadeiras. Muitos meninos poderiam se mostrar pais e maridos melhores caso tivessem algum contato com atividades recreativas que são destinadas para meninas, pois assim teriam essa experiência com o universo que é determinado para as mulheres na sociedade.
Além disso, é necessário compreender que fatores culturais, como o machismo e o feminismo, também poderiam ser trabalhados a partir de mudanças como essa, visto que homens e mulheres poderiam compreender a igualdade entre os gêneros sem que fosse necessária uma luta para que isso acontecesse, além de diminuir casos onde mulheres são menosprezadas ao desempenhar papeis “masculinos” e vice versa.
Botton et al (2015) ainda acrescentam que permitir que meninos tenham acesso a cor rosa e brinquedos vistos socialmente como femininos, e meninas com a liberdade de realizar atividades recreativas vistas como masculinas, é o primeiro passo para auxiliar nas mudanças em relação à desigualdade de gênero não só na infância, mas em toda a vida.
Uma pesquisa da BBC de Londres mostrou que crianças só precisam de 3 meses em contato com brinquedos direcionados para meninos (com tendência a desenvolver habilidades motoras e espaciais) para que seus cérebros possam desenvolver habilidades diferentes. Ou seja, meninos não são melhores em atividades que pedem noção de espaço ou meninas são mais habilidosas em situações sociais. Ambos são praticamente treinados para se desenvolverem cada um no espaço que lhes é destinado pela sociedade.
Durante a pesquisa foram mostradas duas crianças vestidas com roupas do sexo oposto e adultos deveriam brincar durante algum tempo com elas. O objetivo foi ver qual tipo de brinquedo seria oferecido para cada um. Ao findar da pesquisa, notou-se que para o menino vestido de menina foram oferecidas bonecas e coisas vistas socialmente como de menina. Para a garota vestida de garoto foram oferecidos carrinhos e outras coisas do universo tido como masculino. 
É necessário que mais pesquisas sejam desenvolvidas nessa área, pois foi constatado durante o processo de escrita desse artigo que não há tanto conteúdo escrito com uma visão psicológica, sendo a grande maioria na área da educação. Acredito ser preciso observar os comportamentos das crianças durante brincadeiras, ou não, também em outros ambientes, pois há muitos outros nos quais elas estão inseridas.
Finco (2005) também fala que há um grande problema na elaboração de pesquisas relacionadas a brincadeiras e gênero: normalmente são divulgadas e publicadas apenas as que apresentam resultados que confirmem que há algum tipo de segregação entre as crianças, quase sempre tratando essa separação como um processo comum à infância, que não sofre tanta influência de fatores externos.
A problemática de gênero é algo que traz uma grande polêmica em todo o mundo, pois, mesmo em culturas diferentes, ainda há uma criação de papeis para o que é considerado masculino e feminino, criando uma tendência par a diminuição da interação com itens que sejam direcionados ao sexo oposto.
Observa-se que a falta de compreensão sobre esses aspectos leva a população a ter ideias equivocadas sobre o assunto, havendo uma pressão social que recai normalmente mais sobre os que estão inseridos no meio LGBT+ e até mesmo sobre os que não se encontram nesse grupo, devido ao fato de que comportamentos diferentes do esperado são, em muitos casos, marginalizados. Há, inclusive, o uso de violência, física e verbal, como uma forma de punição para os que não seguem os padrões normalizantes.
	O Brasil, de acordo com um levantamento de dados da ONG Transgender Europe, é o país que mais mata transexuais no mundo. Esses dados são confirmados por outro levantamento, feito pelo GGB (Grupo Gay da Bahia), o mais antigo grupo de defesa das pessoas homossexuais e transexuais brasileiras. A pesquisa mostra que, de 2008 à 2016, os casos de assassinatos à população LGBT+ quase duplicaram, chegando a 343. Até maio de 2017, mais de 60 transexuais já haviam sido mortos. Tem-se, a partir dessas pesquisas, dados alarmantes quanto a segurança desse grupo.
	O não conhecimento sobre a temática e a intolerância de muitos diante do que lhes parece diferente faz com que surjam os preconceitos, tendo como base preceitos errôneos, trazidos de gerações passadas, os quais causam sofrimento psíquico – e físico, como visto nas pesquisas – aos que estão inclusos na categoria LGBT+.
	Como recente exemplo disso temos a liminar concedida no dia 15 de setembro de 2017, por um juiz da 14ª Vara do Distrito Federal, que concede a liberdade para que psicólogos ofereçam processos terapêuticos direcionados para uma reversão sexual, popularmente conhecida pelas pessoas como a “cura gay”. Essa prática foi proibida pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) desde 1999, em conjunto com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a qual passou a desconsiderar a homossexualidade como patologia.
A influência da mídia também acaba por atingir as crianças, que a todo momento tem contato com propagandas de brinquedos que são direcionados para meninos – normalmente cheias de cores fortes, energia e movimentos – e meninas – nas quais apresenta-se cores em tons de rosa, situações que envolvem cuidados de uma criança,entre outras.
As próximas gerações precisam compreender melhor que as brincadeiras não tem relação com gênero. É necessário disseminar a ideia de que as brincadeiras são construções sociais simbólicas que desempenham um papel muito importante no desenvolvimento social e psicológico infantil.
Separá-las em duas categorias faz com que meninos e meninas sejam privados de uma gama de oportunidades para um crescimento. Além disso, ignorar o fato de que essa separação traz efeitos sociais ruins, como o preconceito, o machismo ou a estereotipação, o que pode contribuir para o crescimento de uma sociedade com pensamentos misóginos e, em alguns casos, agressivos.
É necessário que os pais vejam os brinquedos como objetos criados para o lazer, não como símbolos de masculinidade ou feminilidade. Dessa forma as crianças terão a oportunidade de adquirir habilidades e conhecimentos dos quais muitas vezes são privadas na infância.
Não é preciso que sejam dados a todo momento brinquedos vistos como do sexo oposto para os filhos, mas sim que eles tenham a liberdade de se expressar e brincar com o que desejem.
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