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MÓDULO II – Poder Judiciário: Queridos cursistas, iniciaremos neste segundo módulo uma abordagem específica em relação ao Poder Judiciário. Por isso, é muito importante que os conceitos trazidos no Módulo I estejam bem sedimentados, pois muito do exposto na introdução ao curso será resgatado neste Módulo II. Na introdução, o aluno foi apresentado à administração pública, como a face vista do Estado Democrático. Lá foi observado que o Estado se divide em Poderes, ou funções, as quais dispõem de suas atividades típicas e atípicas. Desses Poderes do Estado, ou funções, conforme já demonstrado na introdução, abordaremos o Judiciário. Percorreremos o seguinte caminho: 1 – Histórico em relação a existência do Judiciário; 2 – O Poder Judiciário brasileiro: órgão, membros, investidura, atribuição e competência. Prontos para iniciar os estudos em relação ao Poder Judiciário? Vamos lá! 1 – HISTÓRICO: Conforme já visto no módulo anterior, o Estado, e aqui pensemos em Estado do ponto de vista amplo (o País, a Nação), como é visto hoje, não reflete o que se observava antigamente. Nos tempos em que quem comandava eram os Reis, não havia separação entre as funções do Estado. Não era possível observar o Legislativo, Executivo e Judiciário como funções/Poderes do Estado. O Estado existia personificado na figura do seu Rei, seu Imperador. Era ele quem administrava, criava as leis e julgava as causas. Assim era o Estado Déspota. Centralizado em uma única figura: o deus Rei. Com a evolução e o passar dos tempos, um pensador francês do período iluminista, chamado Montesquieu, baseado nos ensinamentos do filósofo grego Aristóteles, difundiu a visão da repartição do Estado em Poderes, todos eles harmônicos e independentes. A partir de então, o Estado deixou de ser personificado na figura do Rei/Imperador, passando a ser um organismo vivo, composto por órgãos que funcionam em favor do bem estar social e do Estado de Direito. O Judiciário como órgão independente do Estado, nasceu com a concepção do filósofo Aristóteles, mas adquiriu seu contorno e seu formato a partir do século XVIII, com o iluminista Montesquieu, já que este é considerado o idealizador da tripartição de poderes. Imagens dos país do Poder Judiciário como Poder Autônomo e Independente. Aristóteles: Montesquieu: Com este breve histórico, observamos de forma clara que o Estado caminhou por muitos anos para chegar ao seu atual estágio de conformação estrutural, onde se observa de forma clara: o Poder Executivo, representado, em nível federal pelo Presidente da República; em nível estadual pelos Governadores e municipal pelo prefeitos; O Legislativo, representado em nível federal pelos Senadores e Deputados Federais, em nível estadual pelos Deputados Estaduais e em nível municipal pelos vereadores; O Judiciário, representado pelos Magistrados e Servidores. Dessa análise histórica, chegamos à visão do Judiciário autônomo e independente, como função/Poder do Estado. A partir de agora, estamos aptos a analisar de forma pormenorizada o Judiciário do Brasil, em todas as suas divisões, atribuições e competências. Podemos seguir em frente? 2 – PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO: Antes de analisarmos o Judiciário brasileiro, como se propõe, é pertinente fincarmos alguns pontos em relação à Justiça e suas funções auxiliares. Quem nunca ouviu falar que o Promotor de Justiça condenou o réu? Outra questão importante: Você já ouviu a expressão que o Juiz deu o parecer? Além dos questionamentos acima, você já observou nos telejornais a informação que a polícia é da Justiça? O Poder Judiciário, conforme já visto no Módulo I, tem a função típica de julgar. Para isso, ele é composto pelos seus magistrados (Juízes), os quais trabalham sendo auxiliados pelos funcionários da Justiça. Todavia, o Poder Judiciário, aqui pensando na própria Justiça, não existe isoladamente. Para ele funcionar, são necessários, ainda, órgãos auxiliares, os quais não fazem parte diretamente do Poder Judiciário, mas trabalham para que a Justiça seja realizada socialmente. Assim, existe como órgão auxiliar da Justiça, o Ministério Público, representado em nível estadual pelos Promotores de Justiça e em nível federal pelos Procuradores da República, Procuradores do Trabalho e Procuradores Militares. Os membros do Ministério Público não decidem processos judiciais, eles têm a função de opinar, através de pareceres, sempre visando à legalidade, nos processos, bem como ajuizar as ações penais e outras específicas de sua competência, como ações civis públicas e ações de improbidade administrativa. O Ministério Público não faz parte do Poder Judiciário. Ele é um órgão auxiliar da Justiça. Da mesma forma são as polícias. Elas pertencem ao Poder Executivo, não ao Judiciário. Neste mesmo sentido estão os representantes da advocacia. São profissionais autônomos (muitas vezes), que exercem suas funções junto à Justiça auxiliando. O advogado é essencial para uma pessoa acionar o Poder Judiciário. Sem ele não é possível buscar seus direitos junto a um Juiz, exceto nas causas de Juizados Especiais (abaixo de 20 salários mínimos) ou na Justiça do Trabalho. Ressalte-se, ainda, que para aqueles de baixa renda, que precisem buscar seus direitos na Justiça e não têm como pagar um advogado, é possível buscar auxílio junto a um Defensor Público. Este profissional, também dos quadros do Poder Executivo, é o advogado pago pelo Estado para defender os direitos dos cidadãos sem possibilidade de pagar um advogado particular. Em nível estadual, eles são os Defensores Públicos Estaduais. Já em nível federal, eles são denominados Defensores Públicos Federais. Portanto, de forma bem objetiva: Promotor de Justiça: Oferece denúncia ao Judiciário em caso de cometimento de crime e apresenta parecer em processos judiciais. Policiais: Pertencem ao Poder Executivo e cuidam da segurança pública e das investigações criminais, sendo órgão que auxilia a Justiça. Advogados e Defensores Públicos: São os profissionais jurídicos, através do qual a população pode vir junto ao Judiciário buscar seus direitos. Também são auxiliares da Justiça, não fazendo parte do Poder Judiciário. 2.1 – PODER JUDICIÁRIO (Tribunais, membros, atribuição e competências): O Judiciário é composto por seus Juízes e servidores dos quadros da Justiça, conforme mencionado linhas atrás, não se confundindo como membros do Poder, os auxiliares da Justiça. O Poder Judiciário apresenta-se constitucionalmente dividido em instâncias, competências e atribuições, havendo diferença de nomenclatura de seus membros, levando-se em considerações as divisões citadas. Assim, o Poder Judiciário pode ser dividido nos seguintes ramos da Justiça: a) Poder Judiciário na área Federal, o qual se subdivide em Justiça Comum Federal e Especializada, esta última contendo ainda algumas subdivisões (Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho e Justiça Militar Federal) e, b) Poder Judiciário nos Estados, o qual comporta também a divisão em Justiça Comum Estadual e Justiça Especializada, este última sendo a Justiça Militar Estadual. Organograma Justiça na área Federal Poder Judiciário na área Federal Justiça Comum Justiça Especializada Justiça Federal Justiça Eleitoral Justiça Militar Federal Justiça do Trabalho Organograma Justiça nos EstadosCada um desses ramos da Justiça, comporta divisões em instâncias, sendo elas a primeira e a segunda instâncias. Chamamos este nível de Justiças ordinárias, onde os julgadores dispõem de competências para analisar todos os fatos trazidos pelas partes e advogados ao processo. A primeira instância é composta por Juízes, ao passo que a segunda instância Poder Judiciário nos Estados Justiça Comum Justiça Especializada Justiça Estadual Justiça Militar Estadual é composta por Desembargadores. Os Juízes de primeira instância são investidos na função após aprovação em concurso público de provas e títulos, devendo ser observada a ordem de classificação no concurso para nomeação no cargo. Para se chegar ao cargo de Desembargador, o magistrado da segunda instância, há três formas. Em cada Tribunal 4/5 de suas vagas são destinadas aos Juízes de primeira instância, os quais serão promovidos por antiguidade ou merecimento. Já 1/5 das vagas de Desembargadores dos Tribunais, é destinado aos membros do Ministério Público e Advogados, de forma alternada, sendo eles escolhidos em lista com nomeação feita pelo Governador (nos Tribunais Estaduais) e pelo Presidente da República (nos Tribunais Federais). A - Justiça na área Federal (comum e especializada): Na primeira instância, a Justiça Federal Comum é compostas por Juízes Federais, ao passo que a Especializada é composta por Juízes do Trabalho (Justiça do Trabalho), Juízes Eleitorais (Justiça Eleitoral) e Juiz Auditor da Justiça Militar da União (Justiça Militar Federal). Já na segunda instância, seguindo nomenclatura da própria Constituição da República, a Justiça Federal comum é composta de Juízes Federais de Tribunais. Todavia, após decisão do Conselho Nacional do Justiça, convencionou-se chamá-los de Desembargadores Federais. Na segunda instância da Justiça do Trabalho, os membros são chamados de Desembargadores do Trabalho (ressaltando que a nomenclatura constitucional é Juízes do Trabalho de Tribunal). Por falar em segunda instância, é importante que tenhamos em mente sempre os Tribunais. Ou seja, para trazer a uma análise bem didática, na primeira instância, estão os Juízes nos Fóruns, já na segunda instância, estão os Desembargadores em cada Tribunal. A Justiça Federal (Comum) do Brasil, atualmente, é dividia em 5 regiões: Primeira Região (TRF1) – engloba os seguintes Estados: BA, DF, MA, PI, RR, AM, RO, AC, AP, PA, MG, GO, MT e TO. O Tribunal tem sede em Brasília; Segunda Região (TRF2) – engloba os seguintes Estados: RJ e ES. O Tribunal tem sede no Rio de Janeiro; Terceira Região (TRF3) – engloba os seguintes Estados: SP e MS. O Tribunal tem sede em São Paulo; Quarta Região (TRF4) – engloba os seguintes Estados: SC, PR e RS. O Tribunal tem sede em Porto Alegre e; Quinta Região (TRF5) – engloba os seguintes Estados: SE, AL, PE, PB, RN e CE. O Tribunal tem sede em Recife. Os magistrados Federais tem competência (julgam) os processos onde há interesse da União e de suas autarquias, fundações e empresas públicas federais. Já a Justiça do Trabalho, em regra, há um Tribunal em cada Estado da Federação, comportando, apenas as seguintes exceções: No Estado de São Paulo há dois Tribunais do Trabalho. Um na capital (TRT2) e outro na cidade de Campinas (TRT15). Nos Estados do Norte do país, há um TRT para cada dois Estados, assim como no DF e TO. PA e AP – (TRT8); AM e RR (TRT11); AC e RO (TRT14) e; DF e TO (TRT10). Os magistrados do Trabalho julgam os processos que envolvam problemas relacionados às relações de emprego. B – Justiça nos Estados: Na primeira instância no Poder Judiciário Estadual estão os Juízes de Direito. São eles também quem estão na Justiça Militar dos Estados (lembram da especializada estadual?). Na segunda instância encontramos os Desembargadores, os quais compõem os Tribunais de Justiça de cada Estado da Federação e Distrito Federal. Os magistrados Estaduais (Juízes de Direito e Desembargadores) têm atribuição para julgar qualquer tipo de processo, não sendo ele (os processo) competência das outras Justiças. Todavia, ao Juiz de Direito é atribuída competência delegada Federal. Os colegas podem perguntar: como assim, um Juiz de Direito, Estadual, julgando processo de competência da Justiça Federal? E isso pode? Pode sim, queridos colegas. Hoje em dia há apenas duas possibilidades: 1 - Processos entre o segurado e o INSS (é uma autarquia federal) e; 2 - as execuções fiscais (trocando em miúdos, as cobranças de tributos da União). Nesses dois casos, o Juiz de Direito pode vir a julgar processos de competência da Justiça Federal, não havendo Juiz Federal no local Perceberam que não tratei da Justiça Eleitoral? Pensaram que eu tinha esquecido! Isso não ocorreu não. Deixei para falar dela ao final das justiças ordinárias, pois, em que pese seja ela um braço especializado da Justiça Federal, os magistrados que compõem o seu quadro são os Juízes Estaduais, ou seja, os Juízes de Direito. C – Justiça Eleitoral: É composta na primeira instância pelos Juízes Eleitorais, todavia, quem exerce a função de Juiz Eleitoral é o Juiz de Direito. Já nos Tribunais Regionais Eleitorais, sua composição é feita da seguinte forma: 2 Desembargadores da Justiça Estadual; 2 Juízes de Direito; 1 Juiz Federal e 2 Advogados. Em cada Estado da Federação e no DF há um TRE. 2.2 – DOS TRIBUNAIS SUPERIORES: Nas instâncias especiais e extraordinárias encontramos os Tribunais Superiores, os quais seguem a lógica de divisão das Justiças, levando-se em conta as suas competências. São eles compostos por Ministros, os quais são indicados e nomeados pelo presidente da República, após aprovação da indicação em sabatina no Senado Federal. Como organograma, eles se apresentam da seguinte forma: Organograma dos Tribunais Superiores A – Supremo Tribunal Federal (STF) O Supremo Tribunal Federal é a mais alta Corte da Justiça brasileira. Ele é o responsável por resguardar nossa Constituição, dando sempre a última palavra, e definitiva, em relação a processos que contenham discussão de temas relacionados nos artigos, princípios e preceitos da nossa Carta Cidadã. Ligado administrativamente ao Supremo, temos o Conselho Nacional de Justiça (que será estudado no Módulo III). No STF podem chegar processos oriundos de todos os ramos da Justiça brasileira. Todavia, para isso ocorrer, no recurso deve haver discussão de contrariedade à Constituição da República, e ser reconhecida a causa como de repercussão geral. Mas, o que quer dizer repercussão geral? Esse termo é utilizado, sendo bem objetivo, para os processos que reflitam interesse geral de toda a nação. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST) TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE) SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR (STM) Foto da sede do STF: Foto do plenário do STF: B – Superior Tribunal de Justiça (STJ) O STJ é o guardião da nossa legislação federal/nacional. Ele poderá ser acionado, através de recursos oriundos tanto da Justiça Comum Federal, quanto da Justiça Comum Estadual, se houver, nas decisões, contrariedade à legislação federal/nacional. Ou seja, o STJ recebe recursos oriundos tanto da Justiça Estadual quanto da Justiça Federal. Este Tribunal também tem possibilidade de julgar processos de forma direta, sem necessidade de terem eles passado pelas instâncias ordinárias, ou seja, originariamente. Por exemplo, se um Governador cometeum crime, ele será julgado pelo STJ. Foto da sede do STJ: Foto do plenário do STJ: C – Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Também com sede em Brasília, dispõe de competência para julgar os recursos julgados pelas instâncias ordinárias da Justiça Eleitoral. Além disso, é ele quem detém competência originária para julgar os pedidos de registro de candidatura dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República, além dos crimes eleitorais em relação a esses candidatos. Assim, este será um Tribunal muito importante para o exercício da cidadania neste ano de 2014, pois teremos uma eleição nacional batendo às portas, ou seja, em outubro. Foto da sede do TSE: Foto do plenário de julgamento do TSE: D – Tribunal Superior do Trabalho (TST) O Tribunal Superior do Trabalho, localizado em Brasília, bem ao lado do Tribunal Superior Eleitoral, tem competência recursal em relação aos processos oriundos das instâncias ordinárias da Justiça do Trabalho. Dispõe também de competência originária em certos tipos de processos. Foto da sede do TST: Foto do plenário do TST: E – Superior Tribunal Militar (STM) Tem sede em Brasília. Em regra, tem competência recursal em relação os processos julgados em primeira e segunda instâncias da Justiça Militar. Foto da sede do Tribunal em Brasília: Foto do plenário de julgamento do Tribunal: Pois bem amados amigos, tivemos uma visão bem ampla em relação ao Poder Judiciário brasileiro. Espero que não tenham ficado dúvidas em relação ao que foi lido, mas espero que haja dúvidas e interesse de vocês em conhecer mais a fundo o Poder Judiciário, o último estágio do cidadão para ver seus direitos resguardados. Vamos conhecer o Conselho Nacional de Justiça?
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