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Resumo e Questões - Contratos


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Contratos/Apostila - Contratos.pdf
Contratos/Casos Contratos (Julgados).pdf
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2013.0000219134
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 
0012533-95.2011.8.26.0554, da Comarca de Santo André, em que 
é apelante PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS, é 
apelado FAZENDA DO ESTADO DESÃO PAULO.
ACORDAM, em 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram 
provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do 
Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. 
Desembargadores RUBENS RIHL (Presidente), CRISTINA COTROFE 
E JOÃO CARLOS GARCIA.
São Paulo, 17 de abril de 2013. 
Rubens Rihl
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 2
Apelação Cível nº: 0012533-95.2011.8.26.0554
Apelante: PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS 
GERAIS
Apelada: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Comarca: SÃO PAULO
Voto nº: 11361
APELAÇÃO RESPONSABILIDADE CIVIL E 
INDENIZAÇÃO Furto de veículo pertencente a 
professora, de estacionamento destinado aos funcionários da 
unidade escolar, durante período em que aquela lecionava 
Não configuração, na espécie, de contrato de depósito, com 
tradição real ou simbólica, ou mesmo a assunção tácita, pela 
demandada, de obrigação de guarda e vigilância Ausência 
de liame causal entre o fato lesivo imputado à 
Administração e o dano Improcedência da ação 
corretamente pronunciada em primeiro grau Honorários 
advocatícios que não comportam mitigação Valor fixado 
em sentença mantido - Negado provimento ao recurso. 
Trata-se de ação ordinário ajuizada por PORTO SEGURO 
COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS em face da FAZENDA DO 
ESTADO DE SÃO PAULO, objetivando a condenação da requerida ao 
pagamento de indenização por danos materiais na quantia de R$ 
15.163,56, corresponde ao valor do veículo de propriedade de 
Gabrielli Guazzelli Gamba, segurada, subtraído do estacionamento 
situado no pátio da Escola Estadual “Prof. Paulo Sinna”, durante 
período em que ela lá lecionava. 
A R. sentença de fls. 92/94, cujo relatório ora se adota, julgou 
improcedente o pedido, condenando a autora ao pagamento das 
custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios 
da parte adversa, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o 
valor atualizado da causa. 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 3
Inconformada, apela a vencida buscando a inversão do resultado, 
sob as razões postas às fls. 105/119.
Recurso regularmente processado e respondido (fls. 127/153).
Os autos foram distribuídos à 26ª Câmara de Direito Privado que, 
pelo v. acórdão de fls. 164/166, da lavra do eminente Des. Antonio 
Nascimento, não conheceu do recurso por se tratar de matéria 
atinente à competência da Seção de Direito Púbico, vindo, então, 
em redistribuição.
É, em síntese, o relatório.
A despeito do posicionamento defendido pela recorrente, entendo 
que deve prevalecer a improcedência do pedido pronunciada em 
primeiro grau.
De fato, exame dos autos revela que a área reservada para que os 
professores guardassem seu veículo, enquanto estes ministram 
aulas, não pode ser caracterizada, propriamente, como um 
“estacionamento”, configurando, a bem da verdade, mero conforto, 
cortesia, oferecido pela unidade escolar aos seus docentes. 
Além do mais, a despeito da existência de muros, portão e, ao que 
parece, guarita, restou incontroverso nos autos o fato de que o 
local não comportava qualquer sistema de vigilância, apresentando 
equivalência a mero estacionamento em vias públicas, de modo 
que não há falar-se em obrigação universal do Estado de evitar em 
quaisquer circunstâncias furto de automóvel nesse caso. 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 4
As condições do local do furto do veículo foram assim descritas 
pela segurada (fls. 15):
“(...) Através de contato telefônico, a mesma 
confirmou o fato relatado, esclarecendo que 
deixou seu veículo no estacionamento aberto e 
de livre acesso da Escola Estadual Professor 
Paulo Sinna, localizada no endereço acima 
mencionado por volta das 19:00 h. 
27/10/2009, e que se deu conta de sua 
subtração eram aproximadamente 22:30 h. 
também de 27/10/2009.” (grifo nosso)
Ressalte-se que o conjunto probatório não indica a existência de 
portão automático nem de “pessoa encarregada de vigiar os 
veículos, recebendo, ao que tudo indica, um valor mensal pago 
pelos professores”, como sustenta a apelante. 
Diante deste contexto, forçoso concluir que a Administração não 
havia assumido posição de guarda da coisa, nem se obrigara a 
prestar vigilância no estacionamento, inexistindo, pois, nexo causal 
entre o furto e o serviço prestado pela Administração, afastando o 
dever de indenizar com esteio no art. 37, §6º, da Constituição 
Federal.
Em casos semelhantes, outro não foi o entendimento sufragado por 
esta Egrégia Corte de Justiça, conforme demonstram as ementas 
abaixo transcritas:
“Indenização Furto de motocicleta, estacionada 
no pátio de unidade escolar Obrigação estatal 
indenizatória Inexistência Ausência de liame 
causal entre o fato lesivo imputado à 
Administração e o dano Verba honorária 
advocatícia Redução Admissibilidade Parcial 
provimento.” (Apelação Cível nº 453.531.5/0-00, rel. 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 5
Des. Alves Bevilacqua, Segunda Câmara de Direito 
Público, j. 23.09.2008). 
“Responsabilidade civil Indenização Furto de 
veículo em pátio de escola estadual Portão 
aberto sem qualquer vigilância aos veículos 
estacionados Segurança que corre por conta e 
risco de quem estaciona Inexistência de 
obrigação de indenizar Sentença de 
improcedência mantida Apelação da autora 
improvida.” (Apelação Cível nº 151.213.5/8-00, rel. 
Des. Carlos de Carvalho, Primeira Câmara de Direito 
Público, j. 16.08.2005). 
Nesse sentido, também, a jurisprudência do Colendo Superior 
Tribunal de Justiça:
“ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. 
FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO DE 
ESCOLA PÚBLICA.
1. 'O Poder Público deve assumir a guarda e 
responsabilidade do veículo quando este ingressa 
em área de estacionamento pertencente a 
estabelecimento público, desde que haja serviço 
especializado com esse fim.' (REsp 438.870/DF, 
2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 01.07.2005).
2. Recurso especial a que se nega provimento.” 
(REsp 858772/SP, relator Ministro Carlos Fernando 
Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região), 
Segunda Turma, DJe 04.08.2008). 
“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. 
RESPONSABILIDADE CIVIL.
INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL. FURTO DE 
VEÍCULO. ESTACIONAMENTO DISPONIBILIZADO 
NAS DEPENDÊNCIAS DE UNIVERSIDADE 
FEDERAL. SÚMULA 07/STJ.
1. O Poder Público deve assumir a guarda e 
responsabilidade do veículo quando este ingressa 
em área de estacionamento pertencente a 
estabelecimento público, apenas, quando dotado 
de vigilância especializada para esse fim. 
Precedentes
do STJ: Ag 937819/SC, Relatora 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 6
Ministra DENISE ARRUDA, DJ de 20/06/2008; 
REsp 625604/RN, Relator Ministro HERMAN 
BENJAMIN, DJ de 02/06/2008 e REsp 
1032406/SC, Relator Ministro ARI PARGENDLER, 
DJ de 30/04/2008; REsp 438.870/DF, Relator 
Ministro CASTRO MEIRA, DJ 01/07/2005.
2. In casu, o exame acerca das circunstâncias que 
redundaram na ausência de responsabilização da 
Universidade pelos danos materiais, decorrentes 
de furto de automóvel no estacionamento da 
universidade demandada, carece da incursão em 
aspectos fáticos, notadamente no que pertine à 
existência de serviço especializado de vigilância 
no campus universitário, fato que, 
evidentemente, enseja a incidência da Súmula 
07/STJ.
3. A título de argumento obiter dictum merece 
destaque as situações fáticas insindicáveis nesta 
Corte: (a) "as fotos do estacionamento do campus 
apresentadas pela ré (fls. 59/64) demonstram a 
inexistência de qualquer tipo de controle de 
entrada e saída de veículos"; (b) "o depoimento 
do filho do autor (fls. 123), condutor do veículo 
na noite do furto, corrobora as fotos e a 
inexistência de qualquer forma de controle por 
parte da UFSC, no seguinte trecho: Tinha uma 
cancela na entrada do estacionamento, mas 
permanecia sempre aberta. Não havia nenhum 
tipo de controle de entrada de carros no 
estacionamento"; (c) "o depoimento da 
testemunha Leandro Luiz de Oliveira (fls.127/8), 
arrolada pela ré, servidor da UFSC, vigilante, 
esclareceu não estarem compreendidas dentre as 
atribuições o dever de guarda dos bens dos 
particulares" (fl. 204 verso).
4. Recurso Especial não conhecido.”
(REsp 1081532/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA 
TURMA, julgado em 10/03/2009, DJe 30/03/2009, grifo 
nosso)
Destarte, não configurado o dever estatal indenizatório, tem-se que 
a r. sentença apelada deu o desate correto à pendência, 
merecendo integral confirmação.
PODER JUDICIÁRIO
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 7
Quanto aos honorários advocatícios, inexiste motivo para sua 
redução, eis que arbitrados em percentual razoável do valor 
atualizado da causa, compatível com o serviço prestado, de modo 
que devem permanecer nos moldes fixados pela r. sentença.
 
Ressalto, em remate, que o presente acórdão enfocou as matérias 
necessárias à motivação do julgamento, tornando claras as razões 
pelas quais chegou ao improvimento do recurso. A leitura do 
acórdão permite ver cristalinamente o porquê do decisum, sendo, 
pois, o que basta para o respeito às normas de garantia do Estado 
de Direito, entre elas a do dever de motivação (CF, art. 93, IX). 
De qualquer modo, para viabilizar eventual acesso às vias 
extraordinária e especial, considero prequestionada toda matéria 
infraconstitucional e constitucional, observando o pacífico 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, 
tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação 
numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta 
tenha sido decidida (EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, 
DJ 08.05.2006 p. 240). 
Daí porque, em tais termos, nega-se provimento ao recurso. 
 RUBENS RIHL
Relator
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2014.0000672331
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 
0005013-03.2012.8.26.0602, da Comarca de Sorocaba, em que são apelantes 
FELIPE GOMES BRANDÃO RIBEIRO (JUSTIÇA GRATUITA) e MARCIA 
APARECIDA DO CARMO, é apelado ESC CONSTRUTORA E 
INCORPORADORA LTDA.
ACORDAM, em 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça 
de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U. 
SUSTENTOU ORALMENTE O DR. CLAUDIO DA SILVA ALVES", de 
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores 
CHRISTINE SANTINI (Presidente) e CLAUDIO GODOY.
São Paulo, 21 de outubro de 2014. 
Rui Cascaldi
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 2/4
VOTO Nº: 30057
APEL.Nº: 0005013-03.2012.8.26.0602
COMARCA: SOROCABA
APTE : FELIPE GOMES BRANDÃO RIBEIRO e MÁRCIA 
APARECIDA DO CARMO (JUST. GRAT.)
APDO : ESC CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA
JUIZ : PEDRO LUIZ ALVES DE CARVALHO
AÇÃO DE COBRANÇA Proposta de compra de 
imóvel de propriedade da autora pelos réus, pelo 
preço total de R$ 150.000,00, com sinal de R$ 
17.000,00 a ser pago no ato da proposta Sinal não 
pago Expiração do prazo da proposta - Pretensão da 
autora de condenação dos demandados ao pagamento 
da importância do sinal Descabimento Proposta 
que não se concretizou Tratativas que não 
superaram a fase de puntuação Eventual 
responsabilidade pré-contratual dos réus demandaria 
demonstração de prática de ilícito civil, que ensejasse 
efetivo dano à autora, algo que não se verificou 
Ação improcedente Inversão do ônus sucumbencial 
 Recurso provido
Trata-se de apelação de sentença, cujo 
relatório se adota, que julgou procedente ação de 
cobrança, para condenar os réus ao pagamento à autora 
do sinal previsto na proposta de compra de imóvel 
objeto da lide, no montante de R$ 17.000,00 
(dezessete mil reais), corrigido monetariamente desde 
a data da propositura da demanda, com incidência de 
juros legais de 1% ao mês desde a citação. Em razão 
da sucumbência, foram os réus condenados ao pagamento 
das custas e despesas processuais, bem como dos 
honorários advocatícios, estes fixados em 15% sobre o 
valor da condenação, observado, contudo, o fato de 
serem eles beneficiários da gratuidade judiciária.
Recorrem os réus, sustentando, 
preliminarmente, a inépcia da petição inicial e a 
ilegitimidade passiva ad causam do corréu Felipe. 
Quanto ao mérito, aduzem que o prejuízo que a ré 
afirma ter suportado, em razão da não concretização 
da venda do imóvel, em realidade não existiu. 
Argumentam que apenas consultaram a ré acerca de um 
possível financiamento, não havendo formalização de 
proposta. Asseveram que o documento juntado a fl. 17 
(“proposta de compra e venda de imóvel”) é 
“imprestável e leonino”. Sustentam não houve 
notificação da corré Márcia para dar andamento ao 
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 3/4
negócio, e que o corréu Felipe foi indevidamente 
notificado no décimo primeiro dia depois de firmada a 
“proposta”. Pugnam pela total improcedência da 
demanda. 
Recurso processado com resposta.
É o relatório.
Preliminarmente, não se reconhece a 
alegada inépcia da inicial, na qual os fatos são 
narrados de forma suficientemente clara, decorrendo 
logicamente sua conclusão, ou seja, de que a autora 
pretende a condenação dos réus ao pagamento de 
quantia referente ao sinal constante de proposta de 
venda de imóvel que acabou não se concretizando.
Também há de se afastar a alegada 
ilegitimidade passiva ad causam do corréu Felipe, já 
que este participou sim das tratativas objeto da 
presente lide.
Quanto ao mérito, verifica-se que em 
17.01.2012 foi firmada “proposta de compra de imóvel” 
(documento de fl. 17), mediante a qual os réus, ora 
apelantes, propuseram a aquisição do imóvel 
matriculado sob o nº. 84398 no 2º Cartório de 
Registro de Imóveis da comarca local, de propriedade 
da autora, ora apelada. O preço proposto foi de R$ 
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). 
A título de sinal e princípio
de 
pagamento, seriam pagos R$ 17.000,00 (dezessete mil 
reais) no ato da proposta. Estabeleceu-se que esta 
valeria pelo prazo de dez dias. Pontuou-se, ainda, 
que, aceita a proposta pela proprietária, havendo 
desistência ou arrependimento dos proponentes, 
haveria a perda do sinal em favor daquela.
Sucedeu que, de acordo com o relato 
contido na inicial, os apelantes não teriam dado 
continuidade as tratativas. Aliás, a despeito do 
contido na proposta escrita, não teriam sequer pago o 
sinal. Mesmo depois de lhes ser enviado telegrama, 
conclamando-os para que efetuassem o indigitado 
pagamento, teriam os apelantes se quedado inertes. 
Assim, alegando ter sofrido prejuízo 
em razão de tal desistência tácita, a apelada 
ingressou com a presente ação, pugnando pela 
condenação dos apelantes ao pagamento da importância 
de R$ 17.000,00, correspondente ao mencionado sinal.
Bem se sabe que, conforme o art. 427 
do Código Civil, a proposta vincula o proponente, 
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 4/4
desde que séria e consciente. Tanto assim é que a 
desistência por parte do proponente comprador enseja 
a perda do valor pago a título de arras, por força do 
disposto no art. 418 do mesmo diploma legal.
Todavia, no caso em questão, constata-
se que o sinal sequer foi pago, a despeito da 
previsão expressa na oferta escrita, que claramente 
estabelecia que assim procederiam os proponentes “no 
ato da presente proposta” (fl. 17).
Ora, se as arras não foram dadas, 
logicamente não poderiam elas ser retidas.
Mais que isso, conclui-se que as 
partes sequer chegaram a superar a fase de puntuação, 
de negociações preliminares, já que não concretizada 
condição sine qua non para o perfazimento da 
proposta, qual seja, o pagamento do sinal. Apesar da 
existência de documento escrito, tudo indica que a 
própria proposta não se ultimou.
Não se poderia impor, portanto, o 
pagamento do sinal pelos apelantes como uma espécie 
de punição por não terem eles levado adiante a 
negociação.
Nesta esteira, eventual imposição de 
pagamento de indenização apenas se justificaria na 
prática de ilícito civil por parte dos apelantes, que 
causasse efetivo dano à apelada, algo que neste caso 
não se verificou.
Diante do exposto, DÁ-SE PROVIMENTO ao 
recurso, para julgar improcedente a presente demanda. 
Inverte-se, por conseguinte, o ônus da sucumbência, 
condenada a autora ao pagamento das custas e despesas 
processuais, bem como dos honorários advocatícios, 
estes fixados em R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos 
do art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil.
 
RUI CASCALDI
Relator
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5)
RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COSESP 
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S)
 FERNANDA GOMES 
 LUIS GUSTAVO POLLINI 
AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO 
DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. RECUSA 
IMOTIVADA DE RENOVAÇÃO. DANOS MATERIAIS.
1. Face o entendimento pacificado pela Segunda Seção desta Corte, é 
abusiva a negativa de renovação do contrato de seguro de vida, 
mantido sem modificações ao longo dos anos, por ofensa aos 
princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da 
lealdade, orientadores da interpretação dos contratos que regulam as 
relações de consumo. Precedente específico da Segunda Seção desta 
Corte, Resp nº 1073595/MG, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI. 
2. Considerando que a relação contratual mantida entre a agravante 
e os agravados se estendeu por mais de vinte anos, bem como o fato 
de já serem idosos, perfeita sintonia entre o presente caso e o 'leading 
case' desta Terceira Turma segundo o qual "a rescisão imotivada do 
contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e 
abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função 
social do contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à 
parte prejudicada o direito à indenização por danos materiais e 
morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI).
3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima 
indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA Turma do Superior Tribunal de 
Justiça,por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto 
do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, 
Nancy Andrighi e Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator. 
Brasília (DF), 05 de março de 2013(Data do Julgamento)
Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 1 de 10
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino 
Relator
Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 2 de 10
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5)
 
AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COSESP 
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S) 
FERNANDA GOMES 
LUIS GUSTAVO POLLINI 
AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator): 
Trata-se de agravo regimental manejado por COMPANHIA DE SEGUROS 
DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP contra decisão que deu provimento ao 
recurso especial.
Colhe-se dos autos que ANTÔNIO CORRÊA e outros moveram, em face 
da companhia agravante, ação de restituição de prêmios de seguro de vida, em 
face da resilição unilateral e imotivada da avença, requerendo a devolução das 
quantias pagas a título de prêmios, o pagamento de valor equivalente a 
"indenização por morte de qualquer causa" e a indenização por danos morais e 
materiais. (fls. 464)
A sentença julgou a ação parcialmente procedente para, a título de perdas 
e danos, condenar a ré a "pagar aos autores a diferença entre o último valor do 
prêmio do contrato resilido e o prêmio de um seguro equivalente no mercado, 
..., a partir da ilegal resilição, estendendo-se durante o período de sobrevida 
dos autores ", ou seja, até que atinjam a idade de oitenta anos. (fls. 476)
Irresignada, a companhia seguradora manejou recurso de apelação, que 
foi provido, para julgar a improcedência da ação, nos moldes da seguinte suma:
S E G U RO DE VIDA EM GRUPO. Ação de indenização. Recusa da 
seguradora em renovar apólice de seguro. Legitimidade de tal conduta. 
Direito do segurador de escolha dos riscos que quer cobrir. 
Procedência. Apelação provida. A renovação compulsória do contrato 
de seguro de vida não tem base legal, porque implica retirar do 
contrato seu caráter aleatório e agravar os riscos, se não são mantidas 
Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 3 de 10
 
 
Superior Tribunal de Justiça
condições seguras de equilíbrio entre o fundo mútuo arrecadado com 
os prêmios e os riscos que serão cobertos. É inocorrente desrespeito ao 
direito do segurado à informação, se é notório o conhecimento sobre o 
alcance do contrato de seguro, e muito mais pela razão de ele se pautar 
pela lei, que se presume conhecida. (fls. 569)
Sobrevindo recurso especial, a ele foi dado provimento para restabelecer 
a sentença, nos moldes da seguinte ementa:
RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO 
CONTRATO. DANOS MORAIS. CONDUTA ABUSIVA. DEVER DE 
INDENIZAR. SÚMULA 83/STJ. RECURSO
ESPECIAL PROVIDO.
 
Assim, a COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COSESP maneja o presente agravo regimental alegando, preliminarmente, a 
prescrição da pretensão autoral, pois embora "não tenha alegado a prescrição 
durante o curso do processo, vale dizer que a prescrição é matéria de ordem 
pública e pode ser alegada em qualquer fase processual ". (fls. 845)
Nesse passo, salientou que o início da fluência do lapso prescricional se 
deu com a não renovação da apólice em 31.05.05, "ocorre que os autores só 
vieram a questionar a extinção da apólice, ..., em 31.10.06, ou seja, decorrido 
mais de um ano do momento em que o seguro não foi renovado ". (fls. 848)
Quanto ao mérito, afirmou que o caso em tela "não se trata de resilição 
contratual e sim de extinção da apólice pelo advento do termo, ... , não se 
encontrando a COSESP obrigada a renovar a apólice, sobretudo em face da 
natureza marcadamente bilateral e facultativa inerente ao contrato de seguro, 
onde as partes instauram a relação jurídica se assim entenderem ". (fls. 855)
Por fim, sustentou que "este STJ já possui entendimento pacífico que 
mero inadimplemento contratual não gera danos morais ". (fls. 863)
É o relatório.
 
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator): 
Eminentes Colegas, a irresignação não merece acolhida.
De início, ausente o prequestionamento da matéria relativa à prescrição, 
porquanto não apreciada pelo julgado recorrido, é inviável o seu conhecimento 
nesta sede, nos termos das súmulas 282 e 356/STF. 
É certo porém que, em determinados casos, tratando-se de matéria de 
ordem pública, é possível superar a ausência do prequestionamento, após a 
abertura da via do especial pelo conhecimento das demais alegações. Não é o 
caso dos autos, contudo.
Com efeito, na hipótese em tela o prequestionamento mostra-se 
indispensável para a finalidade de comprovação da presença de eventuais 
causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas do lapso prescricional, tudo 
devidamente submetido ao crivo do contraditório e da ampla defesa, o que 
somente seria possível com o exaustivo tratamento da matéria fática no 
momento correto, qual seja, ainda nas instâncias ordinárias. Essa constatação 
torna-se mais evidente da leitura do seguinte trecho da sentença:
"A questão prejudicial, prescrição fulcrada no artigo 206, § 1º, II, "b" 
do CC, não merece acolhida, vez que cabalmente afastada pela 
interrupção do lapso prescricional, ensejada pela notificação, nos 
moldes do artigo 202, I, do CC, conforme se constata dos documentos 
juntados a fls. 147/153." (grifei, fls. 467)
Rejeito, pois, a preliminar de prescrição.
Quanto ao mérito, verifico que a lide não trata da renovação compulsória 
de contrato de seguro, mas cinge-se em determinar se a rescisão imotivada do 
contrato, renovado sucessivamente por mais de vinte anos, no momento em que 
os segurados atingem idade elevada, é fator causador de perdas e danos. 
Para o juízo monocrático, cuja sentença foi restabelecida pelo acórdão 
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embargado, tal conduta é fato gerador da obrigação de indenizar. A propósito, 
confira-se seus fundamentos, dos quais me utilizo, desde já, como razão de 
decidir:
"De fato, a resilição imotivada do contrato, por simples desinteresse 
no prosseguimento do negócio jurídico, após mais de vinte e dois 
anos, desconsidera, de forma inequívoca, a visão do contrato como 
regulamento de interesses privados que produz efeitos na comunidade 
politicamente organizada, ou seja, na sociedade.
A resilição unilateral do contrato sem motivo, após vinte e dois anos 
ininterruptos de cooperação e confiança entre as partes, somente 
seria admitida nos quadros de uma concepção individualista do 
negócio jurídico, centrada única e exclusivamente nos interesses 
particulares dos contratantes, considerados de forma estanque e 
autárquica.
Ora é justamente este quadro mental que a função social busca 
superar, ao conduzir o intérprete do contrato á visão e apreciação 
dos necessários efeitos coletivos gerados pelo regulamento de 
interesses privados. 
(...)
A idéia central da função social é evitar que a vida do contrato seja 
atingida por ocorrências como a dos autos, em que uma seguradora, 
sem nenhum motivo, decide pro fim a uma relação negocial de mais 
de vinte anos, gerando sérios problemas econômicos aos autores, os 
quais serão obrigados a ir ao mercado contratar novo seguro, em 
idade avançada e sem nenhum benefício decorrente do seguro em 
grupo. (fls. 472/473)
(...)
De fato, a ré poderá deixar de agir com eficácia e rigor na 
administração dos contratos de seguro de vida em grupo, controlando 
as despesas e verificando de forma aprofundada o pagamento das 
indenizações, bem como tomando medidas enérgicas para evitar 
fraudes." (fls. 473)
Nesse ordem de idéias, a sentença condenou a ré a "pagar aos autores a 
diferença entre o último valor do prêmio do contrato resilido e o prêmio de um 
seguro equivalente no mercado, ..., a partir da ilegal resilição, estendendo-se 
durante o período de sobrevida dos autores ", ou seja, até que atinjam a idade 
de oitenta anos. (fls. 476)
Quer dizer com isso, que o custo adicional que os autores, todos na faixa 
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dos sessenta e poucos anos de idade, teriam na contratação de outro seguro, até 
que venham a completar oitenta anos, deverá ser custeado pela empresa ré 
como forma de reparação dos danos que emergem do rompimento contratual.
Deveras, o custo adicional que os segurados terão ao procurar o mercado 
para contratar novos seguros de vida, sendo obrigados a aceitar, certamente, 
condições mais onerosas do que aquelas existentes nos contratos resilidos, 
deverá ser custeado pela empresa agravante como conseqüência de haver 
frustrado a legítima expectativa de proteção para a idade avançada, criada no 
ânimo dos segurados, com as sucessivas renovações ao longo de vinte e dois 
anos.
Logo, não merece acolhida, no presente caso, a alegação de que "mero 
inadimplemento contratual não gera danos morais ", porquanto a companhia 
agravante foi condenada somente em perdas e danos.
Quanto ao mais, o acórdão agravado nada mais faz do que dar coro ao 
entendimento, recentemente pacificado pela Segunda Seção deste Superior 
Tribunal de Justiça, de que "a pretensão da seguradora de modificar 
abrutamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior, ofende 
os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade 
que deve orientar a interpretação dos contratos que regulam relações de 
consumo". (REsp 1073595/MG, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA 
SEÇÃO).
Da mesma forma, o aresto impugnado alinha-se ao entendimento 
preconizado por esta Terceira Turma no sentido de que "a rescisão imotivada 
do contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e 
abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função social do 
contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à parte prejudicada o 
direito à indenização por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. 
MIN. NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA).
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Também nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
SEGURO. RENOVAÇÃO DO CONTRATO. PRINCÍPIOS DA 
BOA-FÉ, DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E DA PROTEÇÃO 
AO CONSUMIDOR. FUNDAMENTO NÃO ATACADO. SÚMULA Nº 
283/STF.RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO. 
ABUSIVIDADE. SÚMULA Nº 83/STJ.
1. A ausência de impugnação dos fundamentos do acórdão recorrido 
quanto a aplicação dos princípios da boa-fé, função social do 
contrato e proteção ao consumidor, utilizados para determinar a 
renovação do contrato de seguro, enseja o não conhecimento do 
recurso, incidindo o enunciado da Súmula nº 283 do Supremo 
Tribunal Federal.
2. É abusiva a resilição unilateral do contrato de seguro, vigente por 
muitos anos, e ofende os princípios da boa-fé objetiva. Súmula nº 
83/STJ.
3. Os argumentos expendidos nas razões do regimental são 
insuficientes para autorizar a reforma da decisão agravada, de modo 
que esta merece ser mantida por seus próprios fundamentos.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no Ag 1362420/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS 
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJe 17/08/2012)
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
DANO MORAL. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. 
QUEBRA DA BOA-FÉ OBJETIVA. PRECEDENTES. QUANTUM 
INDENIZATÓRIO FIXADO COM RAZOABILIDADE.
1.- O Tribunal estadual concluiu que a ré agiu de má-fé, pois tinha 
conhecimento que o primeiro autor encontrava-se sob tratamento 
para o câncer que acomete sua saúde. Indevido e ilícito, portanto, o 
cancelamento unilateral do plano de saúde promovido pela ré.
2.- Conforme já decidido por esta Corte a pretensão da seguradora 
de modificar abruptamente as condições do seguro, não renovando o 
ajuste anterior, ofende os princípios da boa fé objetiva, da 
cooperação, da confiança e da lealdade que deve orientar a 
interpretação dos contratos que regulam relações de consumo" (REsp 
1.073.595/MG, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA 
SEÇÃO, DJe 29/04/2011). Dano moral configurado.
3.- A intervenção do STJ, Corte de Caráter nacional, destinada a 
firmar interpretação geral do Direito Federal para todo o país e não 
para a revisão de questões de interesse individual, no caso de 
questionamento do valor fixado para o dano moral, somente é 
admissível quando o valor fixado pelo Tribunal de origem, cumprindo 
o duplo grau de jurisdição, se mostre teratológico, por irrisório ou 
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abusivo.
4.- Inocorrência de teratologia no caso concreto, em que foi fixado, 
em 23.03.2010, o valor da indenização em R$ 20.400,00 (vinte mil e 
quatrocentos reais) a título de dano moral, consideradas as forças 
econômicas da autora da lesão.
5.- Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 175.663/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 29/06/2012)
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO 
DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. RECUSA 
IMOTIVADA DE RENOVAÇÃO. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA 
REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ.
1. Face o entendimento pacificado pela Segunda Seção desta Corte, é 
abusiva a negativa de renovação do contrato de seguro de vida, 
mantido sem modificações ao longo dos anos, por ofensa aos 
princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da 
lealdade, orientadores da interpretação dos contratos que regulam 
relações de consumo.
2. "A rescisão imotivada do contrato, em especial quando efetivada 
por meio de conduta desleal e abusiva - violadora dos princípios da 
boa-fé objetiva, da função social do contrato e da responsabilidade 
pós-contratual - confere à parte prejudicada o direito à indenização 
por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY 
ANDRIGHI).
3. A elisão das conclusões do aresto impugnado, comprovando a 
ocorrência dos danos morais, demandaria o revolvimento dos 
elementos de convicção dos autos, soberanamente delineados pelas 
instâncias ordinárias, providência vedada nesta sede especial a teor 
da súmula 07/STJ.
4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(AgRg nos EDcl no Ag 1400796/RS, de minha relatoria, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 21/08/2012)
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
 
AgRg no
Número Registro: 2011/0001691-5 REsp 1.230.665 / SP
Números Origem: 1123271 112327110 13622006
EM MESA JULGADO: 05/03/2013
Relator
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO VIEIRA BRACKS
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA 
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
RECORRIDO : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S)
LUIS GUSTAVO POLLINI
FERNANDA GOMES
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Seguro
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S)
LUIS GUSTAVO POLLINI
FERNANDA GOMES
AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto 
do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi e 
Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator.
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Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Registro: 2015.0000124420
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 
9231577-78.2008.8.26.0000, da Comarca de Bauru, em que é apelante 
GENNY GRAGLIA LOPEZ, é apelado DIVELPA DISTRIBUIDORA DE 
VEICULOS LENÇOIS PAULISTA LTDA.
ACORDAM, em 15ª Câmara Extraordinária de Direito 
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte 
decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com 
o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. 
Desembargadores SILVEIRA PAULILO (Presidente), ITAMAR GAINO E 
VIRGILIO DE OLIVEIRA JUNIOR.
São Paulo, 23 de fevereiro de 2015.
Silveira Paulilo
RELATOR
 Assinatura Eletrônica
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
2/3
VOTO Nº: 38210
APELAÇÃO Nº 9231577-78.2008.8.26.0000
COMARCA: BAURU
APELANTE: GENNY GRAGLIA LOPEZ 
APELADO: DIVELPA DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LENÇOIS 
PAULISTA LTDA
DUPLICATA MERCANTIL – Emissão em face de 
prestação de serviços com fornecimento de peças, relativa à 
franquia do seguro – Exceção de contrato não cumprido 
que desfavorece a autora – Retirada do veículo deixado 
para reparos sem que os serviços fossem completados, sem 
culpa da prestadora – Retorno não ocorrido – Inteligência 
do art. 476 do CC - Ação anulatória cambiária desacolhida 
no primeiro grau – Recurso improvido.
Cuida-se de apelação respondida e bem processada por 
meio da qual quer ver a apelante reformada a r. sentença de primeiro grau que 
desacolheu a ação anulatória cambiária (duplicata) que
move em face da apelada. 
Sustenta, em síntese, não ter havido a prestação completa dos serviços de reparos em 
seu veículo contratados, faltando peças, razão pela qual a franquia do seguro, objeto do 
título, não poderia ser cobrada. O apelo permaneceu por anos nesta Corte à espera de 
julgamento até que, no dia 12.12.14, foi redistribuído a este Relator.
É o relatório.
O documento de fls. 12 é de uma clareza meridiana: a 
autora retirou seu caminhão sem que estivesse inteiramente reparado, e isto porque não 
tinham vindo ainda as peças e ela necessitava do automotor. Não havia, pois, culpa da 
prestadora.
Prova alguma existe de que tenha retornado para o fim dos 
consertos. A ré, por seu turno, diz estarem as peças faltantes à disposição dela, o que 
merece ser acreditado porquanto não haveria razão para mentir neste aspecto.
Em assim sendo, a exceção de contrato não cumprido 
desfavorece a autora porquanto foi ela quem não cumpriu sua parte no trato, razão pela 
qual não pode se negar a pagar a franquia à apelada, sob pena de locupletar-se 
ilicitamente à custa dos serviços já executados. Poderá, se quiser, retirar, depois, as 
peças faltantes junto à ré, mas primeiro há de pagar o que deve. Afinal, nos termos do 
art. 476 do CC, “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida 
sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.” Como poderia a ré completar os 
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3/3
serviços se a autora não deixa?
Pelo exposto, pelo meu voto, é negado provimento ao 
recurso.
SILVEIRA PAULILO
Relator
Contratos/Quest�es Contratos.pdf
Aula Extra: Reposição: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
1º semestre - 2015 – Prof. Arthur Zeger 
Exercícios propostos para discussão em aula: 
1. Uma professora estacionou o seu veículo no pátio da Escola Estadual onde leciona e o mesmo 
foi furtado. Ao argumento de que operou-se contrato de depósito (modalidade contratual mediante 
a qual uma parte entrega à outra um objeto para ser guardado e restituído tão logo venha a ser 
solicitada a restituição), a professora invoca a responsabilidade civil do Estado, pleiteando 
indenização por danos morais. Dê o seu parecer sobre a questão colocada. 
2. A vendedora de certo imóvel recebeu os interessados compradores para visitarem a 
propriedade. Durante a visita, conversando as partes chegaram a combinar que poderia haver um 
sinal para garantia do interesse pelo imóvel, estipulando-o em R$17.000,00 a ser pago no ato da 
proposta. Todavia, frustrada pela não concretização da venda, a vendedora ajuizou ação de 
cobrança contra os interessados. Dê o seu parecer sobre a questão colocada. 
3. Ante a avançada idade dos contratantes, o plano de seguro de vida resolve, de forma unilateral, 
implementar um aumento da mensalidade justificando o agravamento do risco a que está sendo 
obrigado a cobrir. O contrato de seguro, firmado em 1977, precisa ter seus prêmios reajustados 
conforme a notificação enviada pela seguradora aos seus clientes. Enviou-se com a notificação 
novos boletos, esclarecendo que o não pagamento implicaria no cancelamento da apólice. Dê o 
seu parecer sobre a questão colocada. 
4. Certa pessoa levou seu automóvel para ser reparado na oficina, tendo de arcar, para tanto, com 
a franquia do seu seguro. Deixado o veículo por algum tempo e não sendo o mesmo reparado no 
tempo pretendido pela autora, por necessitar do seu veículo ela o retirou, não retornou para 
proceder ao reparo no prazo em que as peças chegariam e negou-se a pagar a franquia, vindo a 
ser cobrada pela respectiva seguradora. A autora então moveu ação de anulação cambiária 
(duplicata), requerendo o cancelamento do título ao argumento da exceção do contrato não 
cumprido. Dê o seu parecer sobre a questão colocada. 
 
 
Aula Extra: Reposição: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
1º semestre - 2015 – Prof. Arthur Zeger 
Gabarito: 
1. TJSP. Apelação Cível 0012533-95.2011.8.26.0554. APELAÇÃO 
RESPONSABILIDADE CIVIL E INDENIZAÇÃO. Furto de veículo pertencente a professora, 
de estacionamento destinado aos funcionários da unidade escolar, durante período em que aquela 
lecionava. Não configuração, na espécie, de contrato de depósito, com tradição real ou simbólica, 
ou mesmo a assunção tácita, pela demandada, de obrigação de guarda e vigilância. Ausência de 
liame causal entre o fato lesivo imputado à Administração e o dano. Improcedência da ação 
corretamente pronunciada em primeiro grau. Honorários advocatícios que não comportam 
mitigação. Valor fixado em sentença mantido - Negado provimento ao recurso. 
2. TJSP. Apelação Cível 0005013-03.2012.8.26.0602. AÇÃO DE COBRANÇA. Proposta 
de compra de imóvel de propriedade da autora pelos réus, pelo preço total de R$ 150.000,00, com 
sinal de R$ 17.000,00 a ser pago no ato da proposta. Sinal não pago. Expiração do prazo da 
proposta - Pretensão da autora de condenação dos demandados ao pagamento da importância do 
sinal. Descabimento. Proposta que não se concretizou. Tratativas que não superaram a fase de 
pontuação. Eventual responsabilidade pré-contratual dos réus demandaria demonstração de 
prática de ilícito civil, que ensejasse efetivo dano à autora, algo que não se verificou. Ação 
improcedente Inversão do ônus sucumbencial. Recurso provido. 
3. STJ. AgRg no REsp 1230665/SP. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. SEGURO DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. 
RECUSA IMOTIVADA DE RENOVAÇÃO. DANOS MATERIAIS. 1. Face o entendimento 
pacificado pela Segunda Seção desta Corte, é abusiva a negativa de renovação do contrato de 
seguro de vida, mantido sem modificações ao longo dos anos, por ofensa aos princípios da boa 
fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade, orientadores da interpretação dos 
contratos que regulam as relações de consumo. Precedente específico da Segunda Seção desta 
Corte, Resp nº 1073595/MG, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI. 2. Considerando que a relação 
contratual mantida entre a agravante e os agravados se estendeu por mais de vinte anos, bem como 
o fato de já serem idosos, perfeita sintonia entre o presente caso e o 'leading case' desta Terceira 
Turma segundo o qual "a rescisão imotivada do contrato, em especial quando efetivada por meio 
de conduta desleal e abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função social do 
contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à parte prejudicada o direito à 
indenização por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY 
ANDRIGHI). 3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1230665/SP, Rel. 
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/03/2013, 
DJe 03/04/2013). 
Aula Extra: Reposição: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
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4. TJSP. Apelação 9231577-78.2008.8.26.0000. DUPLICATA MERCANTIL – Emissão 
em face de prestação de serviços com fornecimento de peças, relativa à franquia do seguro – 
Exceção de contrato não cumprido que desfavorece a autora – Retirada do veículo deixado para 
reparos sem que os serviços fossem completados, sem culpa da prestadora – Retorno não 
ocorrido – Inteligência do art. 476 do CC - Ação anulatória cambiária desacolhida no primeiro 
grau – Recurso improvido. (...)Prova alguma existe de que tenha retornado para o fim dos 
consertos. A ré, por seu turno, diz estarem as peças faltantes à disposição dela, o que merece ser 
acreditado porquanto não haveria razão para mentir neste aspecto.
Contratos/Resumo Rodrigo Final - Teoria Geral dos Contratos aluno.doc
Teoria Geral dos Contratos
Contrato é um negócio jurídico bilateral que vincula os sujeitos de direito contratantes, correspondido pela vontade, sendo capaz de criar, modificar ou extinguir direitos. Esta definição é dada pela doutrina, uma vez que o Código Civil não define o conceito de contrato.
É importante destacar que o contrato sempre será um negócio jurídico bilateral, ou seja, envolvendo duas ou mais pessoas. O contrato pode ser classificado como unilateral com relação às obrigações assumidas pela parte, ou seja, no contrato unilateral apenas uma das partes assume obrigações, porém, ele é composto por, pelo menos, duas partes.
Transformações dos Contratos
Consensualismo: Contratação se dá pelo princípio da autonomia da vontade, exteriorizado pela manifestação de vontade do contratante, que se encontrará vinculado ao contrato apenas se verdadeiramente manifestou sua vontade de contratar. Pela manifestação de vontade, o contratante é livre para escolher:
O que contratar
Com quem contratar
Conteúdo do contrato
Não necessariamente as partes contratantes possuem o mesmo interesse, porém, o que geralmente se observa são interesses em consenso, se chegando a um acordo comum (ex.: compra e venda, uma parte tem o interesse de vender, a outra tem o interesse de comprar e ambas concordam em negociar)
Revolução Industrial: Com as transformações passadas pela sociedade com o advento da Revolução Industrial, as relações passaram a incorrer em um risco maior e, estas mudanças geraram reflexos jurídicos. Nesta época surge a figura do contrato de adesão:
Contrato de Adesão: O contrato de adesão trata-se de uma limitação à manifestação de vontade do contratante, limitando seu conteúdo a um modelo pré estabelecido. Assim, resta ao contratante manifestar sua vontade sobre o que contratar e com quem contratar, não podendo negociar o conteúdo do contrato.
As principais características do contrato de adesão são:
Padronizado: Possui um padrão fechado e inegociável
Formulário: Se apresenta em um formulário inalterável
Necessário: Contrato de adesão pode ser um acessório do contrato principal, sendo este acessório condição para fechamento do contrato principal
Autorizado: O contrato de adesão é sujeito à avaliação e autorização de agência regulatória especializada na área de contratação. Deve ser autorizado pela agência antes de ser utilizado.
Em vista destas transformações, criou-se a teoria da “Crise dos Contratos”, onde se defende que a parte contratante não possui mais ingerência nos contratos atuais, face de restrições impostas à autonomia da vontade. Algumas das limitações impostas à autonomia da vontade são:
Predisposições das cláusulas (ex.: contrato de adesão)
Monopólio / Oligopólio (ex.: Sabesp)
Bons Costumes (ex.: contrato firmado com Playboy para fotos nuas no meio da rua)
Entretanto, o endendimento mais aceito atualmente é que não há uma crise e sim uma mudança de paradigma. A autonomia da parte ainda existe, porém mais restrita, o que passou a se chamar de “autonomia privada” (autonomia da vontade com restrição).
Princípios
Obrigatoriedade / Vinculação
Os contratos vinculam as partes, tornando-as obrigadas a cumprir suas estipulações (“pacta sund servanda”). Isto ocorre para promover segurança jurídica às relações contratuais.
Exatamente por esta obrigatoriedade do contrato que é cabível ação judicial em face de descumprimento contratual. O juiz acata a ação e aplica a sanção pois o pacto contratual é obrigatório.
Este princípio pode ser flexibilizado em situações de contrato de adesão ou contratações manifestamente desproporcionais, onde é possível ingressar no judiciário requerendo a revisão contratual. A revisão judicial do contrato busca restaurar a equidade da relação contratual (interferência do Estado na relação privada).
Ainda vemos flexibilização deste princípio na situação de “exceção do contrato não cumprido”. Trata-se de uma construção doutrinária que determina que uma parte não pode exigir o cumprimento de obrigações contratuais assumidas pela outra parte caso ela mesma ainda não tenha cumprido com as suas. Neste caso vemos uma exceção da obrigatoriedade do contrato, condicionada ao cumprimento das obrigações pela parte.
Intangibilidade
Este princípio determina que o contrato não pode ser alterado unilateralmente (vedação à alteração unilateral). As alterações contratuais devem ser consentidas por todas as partes envolvidas.
Ainda, este princípio determina a preservação contratual, ou seja, os contratos nasceram para serem mantidos e produzirem efeitos, devendo ser preservados e cumpridos sempre que possível. O instituto da revisão judicial é uma boa alternativa para promover a manutenção das relações contratuais e viabilizar seu cumprimento.
Relatividade dos Efeitos (“res inter alios”)
A definição clássica deste pricípio determina que os efeitos dos contratos são produzidos apenas entre as partes. Porém, modernamente, prefere-se dizer que os contratos apenas produzem obrigações entre as partes, pois em contrato pode produzir efeitos em face de terceiros.
Exceções a este princípio são o contrato com pessoa a declarar, a promessa de fato de terceiro e a estipulação em favor de terceiro.
Igualdade entre Contratantes
Formal: Presunção legal de que particulares contratando livremente estão em situação de igualdade.
Real: Situação que se verifica na prática, onde geralmente uma das partes se encontra em situação de vantagem técnica (domínio do assunto pelo contratante) e/ou financeira (maior possibilidade de arcar com custos e eventuais demandas processuais).
O Estado deve agir para tentar aproximar a igualdade real da formal. Um dos mecanismos utilizados para este fim é a revisão judicial do contrato.
Boa-Fé Objetiva
A boa-fé objetiva constitui nas ações objetivas que se espera serem tomadas pelo contratante ou contratado no momento da contratação (ex.: contratante avisar de certo defeito da coisa ou contratado avisar sobre possível dificuldade no pagamento e etc.). Pode ser resumida como um “padrão de conduta”.
Difere da boa-fé subjetiva, onde não se pressupõe uma conduta objetiva, mas se configura em um abuso de confiança do contratado (ex.: aceitar o casamento com pessoa que já é casada, sem saber do casamento anterior). Pode ser resumida como um “estado de espírito”.
A boa-fé objetiva tem duas funções principais dentro de um contrato:
Suprir Lacunas: Lacunas legais são preenchidas e interpretadas de acordo com os princípios da boa-fé objetiva.
Criar Deveres Laterais: São deveres acessórios que, pelos princípios da boa-fé objetiva, são criados entre as partes (deveres de cooperação, colaboração, transparência, informação, lealdade e etc.)
Função Social
Art. 421 CC: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Contrato deve atender ao interesse coletivo!
Contrato não é uma bolha onde somente as partes são afetadas. O contrato afeta interesses de terceiros, que devem ser verificados e preservados quando da contratação.
A função do contrato é a transferência de riquezas entre partes, a princípio, uma função voltada ao invididualismo das partes. Entretanto, caso esta estipulação venha a afetar terceiros, deve ser preservado o interesse deste terceiro.
Assim, temos que o contrato produz efeitos:
Internos: Entre as partes
Externos: Perante a coletividade
O equilíbrio entre estes efeitos deve corresponder à justiça.
Classificação
Quanto à Matéria
Público: Contrato firmado com entidade pública ou compreendendo matéria de direito público ( Regidos pelos princípios da Adm. Pública
Privado: Contratos firmados com particulares compreendendo matéria de direito privado. 
ou
Contrato Trabalhista: Regula relações contratuais entre empregado empregador ( Regido pela CLT
Contrato Administrativo: Compreende contratação ou matéria relacionada à Adm. Pública ( Regido pelo Direito Administrativo
Contrato Cível: Contrato que compreende dois particulares em relação de igualdade ( Regido pelo Código Civil
Contrato de Consumo: Compreende relações de consumo, onde a parte contratante está em posição de sujeição à contratada ( Regido pelo CDC
Quanto à Tipicidade
Típicos (Nominados): Possuem previsão legal no Código Civil. Devem, consequentemente, obedecer suas normas específicas previstas no código.
Atípicos (Inominados): Não tem previsão legal específica no Código Civil. São frutos da autonomia da vontade dos contratantes. 
Devem obedecer os princípios da moral, bons costumes e relacionados e, ainda, verificar as proibições legais (ex.: art. 426 CC – herança de pessoa viva não pode ser objeto de contrato).
Quanto às Obrigações Assumidas
O contrato sempre envolverá, ao menos, duas partes contratantes. O que pode variar são as obrigações assumidas por cada uma delas.
Unilaterais: Apenas uma das partes assume obrigações (ex.: Doação, mútuo, comodato e etc.)
Bilaterais: Ambas as partes assumem obrigações no contrato.
*SINALAGMA ( Contrato sinalagmático é aquele cuja obrigação assumida está diretamente relacionada a uma prestação prevista no contrato, criando uma relação de dependência entre elas. Muitos classificam este contrato como um sinônimo do bilateral, mas não é a maneira mais precisa, pois nem sempre as obrigações assumidas no contrato bilateral possuem esta relação de dependência.
Bilaterais imperfeitos: Trata-se de um contrato unilateral em essência, porém a outra parte deve assumir uma pequena contra prestação, que é muito inferior à obrigação da outra parte (ex.: doação onerosa)
Quanto à Onerosidade
Onerosos: Contrato onde as duas partes se obrigam reciprocamente a uma prestação, de modo que ambas obtêm vantagens (quase sempre são contratos bilaterais)
Gratuitos: Contrato onde apenas uma das partes obtem vantagem (quase sempre são contratos unilaterais)
Devido a esta característica de onerar apenas uma parte, os contratos gratuitos devem ser interpretados restritivamente, devendo ser levado em conta apenas o que está escrito (sem ampliar ou interpretar por analogia).
Quanto à Forma:
Solene (Formal): Lei determina uma forma específica para constituição do contrato. Caso contrato não cumpra com a forma específica, não terá efeito jurídico (pode constituir, no máximo, uma intenção de contratar). Ex.: Contrato de compra e venda de imóvel – deve ser, necessariamente, por escritura pública.
Não Solene (Não Formal): Lei não determina forma específica para constituição do contrato. Nesses casos, a forma será livre.
Quanto à Execução: 
Instantânea: Contratos com execução instantânea são aqueles que se resolvem instantaneamente (ex.: compra e venda)
Diferida: Possuem sua execução prorrogada no tempo (ex.: contrato com marmoraria para fazer uma pia e realizar sua instalação em 20 dias)
Trato Sucessivo: Contratos que se renovam periodicamente (ex.: fornecimento de água, luz, tv a cabo e etc.)
Normalmente, a revisão judicial ocorre com maior frequência em contratos que se afastam da execução instantânea, pois estes últimos normalmente se negociam ao vivo, com resolução no ato).
Quanto ao Prazo:
Indeterminado: Não há data para encerramento. Consequentemente, pode ser rescindido a qualquer momento, por qualquer das partes, mediante simples notificação.
Determinado: Contrato tem data de vigência determinada. Caso seja rescindido antes da data, parte que descumpriu o prazo deverá pagar multa. Se vigência vencer e as partes continuam a agir de acordo com o contrato e não estipulam novo prazo de vigência, entende-se que o contrato se renovou por prazo indeterminado.
Quanto à Pessoalidade:
Personalíssimo (“intuito personae”): A pessoa que executa o contrato é relevante para seu cumprimento satisfatório. Pode ser considerado como um “contrato infungível”, pois a obrigação assumida no contrato é intransferível e não pode ser cumprida por outra pessoa.
Caso ocorra a morte do contratado, contrato se extingue.
Impessoal: A pessoa que executa o contrato não tem relevância para o cumprimento satisfatório da obrigação. Pode ser considerado como um “contrato fungível”.
Caso ocorra a morte do contratado, obrigação se transfere aos herdeiros.
Quanto ao Risco:
Comutativo: Prestações são pré estabelecidas ou, ao menos, conhecidas pelas partes no momento da contratação. Não há risco por parte do contratado.
Aleatório: Prestações não estão totalmente claras no momento da contratação. Há risco por parte do contratado (alea = risco).
Quanto à Eficácia:
Reais: Contrato depende da tradição para existir. Sem a tradição, contrato inexiste juridicamente, pois a existência se dá com a tradição (ex.: contrato de empréstimo nasce com o empréstimo da coisa, sendo a obrigação contratada a de devolver). 
Ainda vale verificar a doação pura, cujo contrato nasce com a entrega da coisa, porém, não há obrigação de retorno do contratado.
Consensuais: Basta o acordo de vontades para contrato existir, independentemente da tradição ter ocorrido ou não (Ex.: compra e venda, locação e etc.).
Quanto à Dependência: 
Principal: Aquele contrato que se encerra nele mesmo, sem depender de qualquer outro.
Acessório: Sua existência se justifica em um contrato principal. O contrato acessório segue a sorte do principal, ou seja, caso principal seja extinto, o acessório se extinguirá também (ex.: contrato de garantia)
Quanto ao Objetivo
Preliminar: Tem o objetivo de celebrar um contrato definitivo no futuro (ex.: compromisso de compra e venda).
Definitivo: é o contrato que é celebrado de forma plena e acabada, gerando deveres e obrigações para uma ou para ambas as partes.
Quanto à Predisposição das Cláusulas
Adesão: As cláusulas do contrato são pré dispostas, não havendo negociação entre as partes. A interpretação deste tipo de contrato deve ser, sempre, favorável ao aderente.
Paritário: Partes se encontram em igualdade e podem negociar livremente as cláusulas do contrato. Não haverá qualquer pré disposição.
Elementos do Contrato
Capacidade da Parte: Para figurar como parte em uma relação contratual, o sujeito deve possuir capacidade para tanto. A capacidade se divide em:
Capacidade Genérica: Pode ser absoluta (casos que parte deve ser representada) ou relativa (casos em que parte deve ser assistida). Hipóteses previstas no Código Civil.
Capacidade Específica (Legitimação): Restrições legais ou contratuais específicas que retiram a capacidade da parte.
Legitimação: Relaciona-se com a capacidade específica da parte, se tratando de uma restrição que afasta a capacidade da parte atuar, podendo ser:
Restrição Legal: Restrição à capacidade da parte se encontra na lei
Restrição Contratual: Restrição à capacidade da parte se encontra estipulada no próprio contrato.
Idoneidade do Objeto: O objeto contratado deve ser:
Lícito: Licitude do objeto pode ser:
Legalmente: Contrária à lei (ex.: venda de bebida alcóolica à menor de 18 anos)
Moralmente: Contrária aos bons costumes (ex.: leiloar a virgindade)
Possível: Objeto deve ser possível:
Juridicamente: Deve estar de acordo com a lei (lícito)
Fisicamente: Deve ser algo fisicamente possível de ser objeto de contrato (“res in commercio”). Exemplos de objetos impossíveis fisicamente são a venda de espaço
no céu, venda de estrela e etc.
Determinado ou Determinável: Objeto deve ser algo já determinado no momento da contratação ou, ao menos, possível de se determinar.
Consentimento: Trata-se da manifestação da vontade das partes contratantes. Deve ser:
Livre: Não pode conter qualquer dos vícios do negócio jurídico (vícios do consentimento e vícios sociais)
Sério: Consentimento deve ser firme e objetivando a constituição do contrato. Não será válido se for em tom jocoso ou de modo incerto.
No sentido da avença: Deve ser identificada a natureza da avença e consentimento deve ser dado nesse sentido (ex.: natureza do contrato é de doação e contratante dá consentimento apenas para empréstimo)
Adequação da Forma: Forma que o contrato é celebrado deve ser adequada, havendo duas possibilidades:
Genérico: Forma de celebração é livre (escrito, verbal, mímica e etc.)
Específico: Forma é determinada por lei e deve ser cumprida, sob pena de inexistência do contrato.
Causa: É o motivo do contrato, razão que levou as partes a contratarem. Não se trata do objeto, que é a coisa contratada, mas a motivação que levou as partes a celebrarem o contrato. Sem uma causa, contrato se torna inexistente e ineficaz.
*Outro Enfoque:
		Existência
		Validade
		Eficácia
		Declaração de Vontade
		Livre, séria e no sentido da avença
		Termo (evento futuro e certo)
		Pessoa física ou jurídica
		Pessoa Capaz
		
		Objeto Específico
		Lícito, Determinado e Possível
		Condição (evento futuro e incerto)
		Deve ser manifesto de alguma forma
		Forma prescrita em lei
		
Formação dos Contratos
A formação dos contratos compreende as seguintes fases:
Negociações preliminares (Puntuação): 
Fase pré-contratual, que antecede a celebração do contrato. Ocorre em, praticamente, todos os contratos.
Fase de estudo preliminar, onde as partes analisam o objeto do contrato, as condições expostas e vantagens na sua celebração. Não possui previsão no Código Civil.
Não ocorre qualquer manifestação de vontade nesta fase. Pode até existir vontade de contratar, porém, esta vontade ainda não é manifestada neste momento.
Via de regra, também não há responsabilidade das partes neste momento, a menos que uma das partes dê indícios de que vai celebrar o contrato e, com isso, gere despesas a outra parte, que não seriam arcadas caso não houvesse o indício da outra parte (ex.: comprador se interessa em automóvel posto a venda e comenta que, caso vendedor conserte um determinado defeito, compraria o veículo. Caso o vendedor realize o concerto, haverá responsabilidade do comprador se ele não vier a celebrar o contrato).
Pode ser aplicada na situação acima a teoria da perda da chance, onde a parte pode alegar que, por ter arcado com as despesas geradas pelo indício dado, esta perdeu a chance de utilizar este dinheiro em outras atividades ou investimentos que lhe proporcionariam maior retorno.
Pode ocorrer a discussão de cláusulas neste momento, por meio de argumentações sobre o contrato a ser fechado ou estipulações de condições que determinarão se negócio avançará ou não.
Nesta fase, inclusive, já pode ocorrer a elaboração de minuta (rascunho, modelo) do contrato que se pretende celebrar, a qual poderá ser alterada, discutida, reescrita ou, simplesmente, recusada pela outra parte, situação em que o contrato propriamente dito não se concretizará.
Da negociação preliminar, pode-se chegar imediatamente à celebração do contrato definitivo, situação que é chamada de progressão direta.
Por outro lado, podem ser transcorridas todas as quatro etapas aqui dispostas (ou passar apenas pela proposta, ou apenas pelo contrato preliminar), situação que é chamada de progressão indireta.
Proposta (Policitação)
Proposta é a declaração unilateral e formal do proponente (policitante), dirigida ao oblato (pessoa a quem é dirigida a proposta), informando as condições pelas quais o proponente aceita celebrar negócio jurídico segundo os termos por ele delineados.
A proposta não precisa ser, necessariamente, entre pessoas presentes. Pode ser enviada por correio, e-mail e etc. Assim, proposta pode ser feita entre presentes ou entre ausentes.
Na proposta entre presentes, a parte tem oportunidade de reagir imediatamente a seus termos. Na proposta entre ausentes, o proponente não recebe imediatamente a reação/resposta do oblato.
O efeito gerado pela proposta é de vincular o proponente. Assim, aquele que realizou a proposta fica vinculado a ela, gerando, portanto, responsabilidade pelo seu descumprimento.
Exceções à regra acima podem ser verificadas nos seguintes artigos:
Art. 427 CC: A proposta obriga o proponente, a menos que:
Proponente inclua nos termos da proposta cláusula explicita de não vinculação
A natureza da proposta puder liberar a vinculação.
As circunstâncias do caso puderem liberar a vinculação
Art. 428 CC: Deixa de ser obrigatória a proposta se:
Quando feita entre presentes, não for imediatamente aceita pelo oblato (considera-se presente pessoa por telefone ou por meio semelhante)
Quando feita sem prazo à pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para resposta chegar ao conhecimento do proponente
Quanto feita com prazo à pessoa ausente, não houver sido expedida a resposta dentro do prazo (não precisa ter chegado ao conhecimento do proponente dentro do prazo, mas sim ter enviado dentro dele)
Se chegar a conhecimento da outra parte uma retratação do proponete sobre os termos da proposta, antes ou simultaneamente deste tomar conhecimento da proposta original.
Proposta ao público é aquela que atinge diversos oblatos ao mesmo tempo, de modo genérico.
Oferta é o equivalente de proposta no âmbito do Direito do Consumidor (regidos pelo CDC). Proposta é o termo utilizado no âmbito do Direito Civil (Código Civil).
A diferença entre ambos está no fato que a proposta frustrada pelo proponente gera direito do oblato frustrado reclamar perdas e danos. A oferta frustrada em relação de consumo dá direito ao consumidor, o cumprimento forçado da oferta, a substituição por produto semelhante ou a restituição do valor pago (Art. 35 CDC).
A aceitação da proposta consiste na declaração do oblato de que concorda com seus termos. O efeito da aceitação da proposta é a formação do contrato.
Aceitação também pode se dar de forma parcial, ou pode ainda o oblato apresentar restrições, supressões, modificações ou acréscimos à proposta inicial. Nesta situação, e também no caso da aceitação ser integral, mas fora do prazo, não ocorre a formação imediata do contrato. Esta constituirá uma contra-proposta.
	
Deste modo, contra-proposta será a aceitação de proposta fora do prazo, ou a aceitação no prazo, porém de forma não integral, pois contem restrições, supressões, modificações ou acréscimos à proposta inicial. O efeito da contra proposta é a inversão de pólos, ou seja, o proponente deverá aceitar ou não a nova proposta, realizada agora pelo oblato (e assim sucessivamente, até que seja celebrado o contrato ou encerrada a negociação).
Aceitação pode ser tácita ou expressa.
A aceitação expressa pode ser realizada verbalmente ou por escrito (por contrato). A aceitação tácita é aquela que pode ser depreendida do comportamento do oblato, mesmo que não tenha expressamente aceitado.
Art. 430 CC: Conhecimento tardio da aceitação. Trata da hipótese do oblato ter emitido sua aceitação dentro do prazo, porém, por algum motivo, esta chega ao conhecimento do proponente tardiamente.
Neste caso, o proponente deve avisar o oblato sobre o recebimento tardio da aceitação, sob pena de responder por perdas e danos ( BOA FÉ OBJETIVA
Art. 432 CC: Se o tipo do
negócio que, pela sua dinâmica, não seja costume a aceitação expressa (ou o proponente a tiver dispensado), se recusa não chegar previamente, ou em tempo esperado, considera-se concretizado o contrato (aceitação tácita).
Contrato Preliminar
O contrato preliminar tem por objetivo a formação de um contrato definitivo no futuro.
Art. 462 CC: O contrato preliminar deve conter todos os requisitos pertinentes ao contrato principal a ser celebrado, exceto com relação à forma. Assim, não é necessário seguir as exigências legais relacionadas à forma, para a celebração de contrato preliminar.
Suas modalidades são:
Unilateral: Apenas uma das partes assume obrigações e, portanto, apenas essa parte tem o direito de executar o contrato, exigindo seu cumprimento forçado (ex.: Contrato de Opção – contratante preliminar contrata a opção de exercer determinado direito apenas se quiser).
Bilateral: Contrato preliminar onde ambas as partes assumem obrigações. Neste caso, qualquer das partes pode executar o contrato, exigindo seu cumprimento forçado.
Art. 463, par. único, CC: Contrato preliminar deve ser levado a registro ( onde?? 
Depende:
Se contrato principal ter por objeto direitos reais, registro deve ser feito no Cartório de Registro Geral de Imóveis
Se contrato principal tivar ações por objeto, registro será feito no Livro Registro de Ações Nominativas da sociedade emissora
Nos demais casos, registro será feito no Cartório de Registro de Títulos e Documentos.
Contrato Definitivo
Com a aceitação integral da proposta, o contrato será formado.
Para se determinar o momento da formação do contrato, existem duas correntes doutrinárias: i) Teoria da agnição: se forma no momento em que se expressa ou declara o aceite; ou ii) Teoria da cognição: se forma momento em que o proponente toma conhecimento da aceitação.
Para contratos entre presentes, considera-se a teoria da cognição. Porém, para contratos entre ausentes é adotada a teoria da agnição peloo Código Civil, a menos que (Art. 434 CC):
Se antes do aceite, ou ao mesmo tempo dela, proponente receber uma retratação da aceitação.
Proponente houver se comprometido a esperar a resposta (contrato, neste caso, se forma quando proponente receber o aceite – teoria da cognição)
Se aceitação não chegar no prazo esperado
Nestas três situações acima, o contrato não se formará com a expedição da aceitação (teoria da agnição).
Art. 435 CC: O contrato será considerado celebrado no lugar em que foi proposto (local em que foi feita a proposta aceita!).
Interpretação e Integração dos Contratos
Interpretar é buscar dar a correta aplicação à norma ou cláusula, visando determinar seu significado e alcance.
Uma boa maneira de determinar a intenção de uma lei é verificar sua exposição de motivos, onde o legislador demonstra seu objetivo em produzir a lei em questão. Nos contratos, podemos considerar como “exposição de motivos” as negociações que levaram à sua assinatura, os documentos juntados, as cláusulas “considerando” contidas no contrato e etc.
A utilidade da interpretação dos contratos é dar sentido ao mesmo, buscando sempre seu cumprimento. O direito não se interessa pelo rompimento de contratos devido a má interpretação, motivo pelo qual sempre se busca a manutenção do contrato, quando possível.
Por esse motivo, as técnicas de interpretação são aplicáveis aos contratos, a fim de esclarecer cláusulas contraditórias, obscuras (de difícil entendimento), visando determinar seu alcance e sentido.
Vale notar que as lacunas e omissões podem surgir posteriormente à celebração do contrato, devido a uma situação imprevista ou um fato superveniente ao contrato.
Assim, podemos aplicar as regras de hermenêutica aos contratos (hermenêutica contratual), que deve ser realizada pelas partes ou pelo juiz, buscando sua integração.
No Código Civil existem algumas regras de interpretação em artigos esparsos, não havendo um capítulo específico para este tema. Porém, há uma crítica doutrinária sobre as regras de interpretação constarem do código, defendendo-se que isso limita a discricionariedade do juiz na interpretação.
Desta forma, a intepretação se assemelha ao sistema common law, sendo estruturado mais pelos casos concretos do que pela lei em si. Neste sentido, a doutrina já destacou algumas regras de interpretação consolidadas pelo costume, dentre elas:
Se uma cláusula comportar dois sentidos, deve-se interpretar de acordo com aquele sentido que atender ao interesse do contrato
Na dúvida, contrato é interpretado contra quem o escreveu.
Em caso de dúvida, contratos devem ser interpretados, sempre que possível, em favor do devedor
Em casos de contratos que abrangem uma universalidade de coisas, este alcança até as coisas que as partes não tinham conhecimento (ex.: gado que é vendido com uma vaca grávida. Bezerro está incluído na venda, mesmo que seu dono não saiba da gravidez)
A manifestação de vontade pode ser:
Interna: A real intenção das partes (animus dos contratantes)
Externa: Aquilo que foi externado no documento que constitui o contrato ou pela letra da lei.
Art. 112 CC: Determina que a interpretação das declarações de vontade em geral deverá atender mais à intenção nelas consubstanciada (vontade interna) do que ao sentido literal da linguagem (vontade externa).
Contratos Aleatórios
São modalidades contratuais onde as prestações não estão totalmente claras no momento da contratação, ou estas não são equivalentes (com o consentimento do contratado). Assim, há risco por parte do contratado (alea = risco)
Suas modalidades são:
Risco quanto à coisas futuras: Se subdivide em
Art. 458 CC: Risco quanto à existência (“emptio spei”): Há risco do objeto do contrato vir a existir ou não. O alienante terá direito a todo o preço desde que não tenha concorrido com dolo ou culpa para a inexistência do objeto (neste caso, o artigo menciona expressamente dolo e culpa)
Diz respeito a coisas futuras que correm o risco de não virem a existir
Art 459 CC: Risco quanto à quantidade (“emptio rei speratae”): O objeto do contrato pode vir a existir em qualquer quantidade, correndo o risco de produzir quantidade inferior à esperada. Neste caso o alienante terá direito a todo o preço desde que não tenha concorrido com dolo ou culpa para o resultado inferior obtido (ainda que o artigo só mencione culpa, ocorre nesta situação a interpretação extensiva da lei, visto que dolo é mais grave que culpa e não é mencionado)
Diz respeito a coisas ou fatos futuros que correm o risco de existir em qualquer quantidade.
Em ambas as situações, o preço da avença será devido mesmo que não ocorra o resultado satisfatório, a menos que contratante tenha concorrido com dolo ou culpa para este resultado insatisfatório
Art. 460 CC: Risco quanto à coisas existentes: Objeto do contrato é coisa existente, porém, exposta a risco e, portanto, pode vir a perecer. O contrato poderá ser anulado se contratante sabia do perecimento da coisa antes da contratação, celebrando contrato inválido dolosamente (Art. 461 CC).
Diz respeito a coisas existentes, porém expostas a risco de perecimento.
Vícios Redibitórios (Arts. 441 ao 446 CC)
O vício redibitório trata-se de uma espécie de garantia legal, pois é uma garantia ao contratante que decorre do próprio texto da lei. Assim, ela independe de termo escrito e consiste numa garantia total, obrigatória, incondicional, irrestringível, irrenunciável e inegociável.
As garantias se subdvidem em duas espécies: as que dizem respeito a defeitos jurídicos (defeito decorrente de quaisquer determinação legal/judicial) e as que dizem respeito a defeitos materiais (defeito na própria coisa objeto do contrato), nesta

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