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2018.2 Faculdade Estácio de Sergipe – FASE Profa. Leise N. Moreira Nutrição Funcional Fenômeno fisiológico que acarreta uma série de transformações no organismo materno para garantir o crescimento e desenvolvimento do feto, além de proteger o corpo da gestante, garantindo que ao final da gravidez a mãe esteja em condições de saúde satisfatória e apta para o processo de lactação (Yazlle e Mendes, 2008). As transformações ocorrem nos aparelhos: Além das alterações endócrinas, hematológicas, metabólicas e mamárias. Reprodutor Urológico Cardiovascular Respiratório Digestivo Osteoarticular É durante toda a gravidez que a história física e mental do indivíduo começa a ser construída. Estudiosos propõe que o ambiente gestacional tem efeitos permanentes sobre a estrutura, fisiologia e metabolismo do indivíduo e que alterações neste ambiente podem gerar consequências para toda a vida. DETERMINANTES DO CRESCIMENTO FETAL: Idade, peso, estatura, condições de saúde e nutrição, paridade, ambiente nutricional e hormonal, além de fatores genéticos. DEFINIÇÃO: O termo programação ou imprinting metabólico descreve um fenômeno através do qual uma experiência nutricional precoce, durante um período crítico e específico do desenvolvimento (janela de oportunidade), acarretaria um efeito duradouro e persistente ao longo da vida do indivíduo, predispondo a determinadas doenças. Processo em que um insulto, ocorrido em um período crítico de desenvolvimento, resulta em alterações permanentes na estrutura e/ou função de um órgão ou função metabólica. Fenômeno através do qual um estímulo/stress, exercido durante um período crítico do desenvolvimento precoce de um organismo, altera, permanentemente, a sua anátomofisiologia e o seu metabolismo, sendo as consequências por vezes apenas observadas numa fase mais tardia da trajetória da vida (Rêgo, 2012). Programação metabólica = “ORIGEM FETAL DAS DOENÇAS DO ADULTO” Momentos em que o IMPRINT metabólico pode acontecer: GESTAÇÃO AMAMENTAÇÃO INTRODUÇÃO À ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR EPIGENÉTICA: Refere-se a uma regulação hereditária, porém reversível de várias funções genômicas, incluindo as transcrições gênicas que são mediadas por alterações na metilação do DNA e na estrutura da cromatina. É um processo celular normal e essencial. Alterações na metilação do DNA podem explicar as diferenças fenotípicas individuais. Má nutrição intrauterina PROGRAMAÇÃO METABÓLICA Processos epigenéticos Os efeitos da regulação epigenética podem persistir por 3 gerações, e essa herança ocorre porque as marcas epigenéticas podem ter sido ineficientemente apagadas em 2 períodos críticos do desenvolvimento: Gametogênese e Período de pré-implantação. A exposição do embrião a: Colina Betaína Ácido fólico Vitamina B12 Metionina Zinco ↑ Metilação do DNA ↓ Susceptibilidade genética no desenvolvimento de obesidade, diabetes e câncer. SUPLEMENTAÇÃO MATERNA COONEY, CA et .al. J. Nutr, 132 (Suppl 8). 2393S, 2002 Fatores que comprometem ou alteram o desenvolvimento fetal: Estresse; Exposição a substâncias tóxicas e xenobióticos; Descontrole hormonal durante a gestação; Alimentação inadequada; NUTRIÇÃO MATERNA DCNTs Períodos curtos de restrição ou excesso de nutrientes em qualquer fase do desenvolvimento fetal podem exercer efeitos determinantes sobre a saúde a longo prazo. O excesso de peso da mãe pode acarretar em: Malformações fetais mais frequentes em mulheres obesas; Interferência no metabolismo dos folatos (excesso de tecido adiposo) > incidência de defeitos do tubo neural entre as obesas Risco de óbito fetal significativamente maior entre as mulheres com peso acima da média. Macrossomia fetal, independente da associação com diabetes. Assim, em uma mãe obesa: O RN com baixo-peso ou com retardo de crescimento intra-uterino (RCIU) ou o RN GIG “PROGRAMADOS” para, na presença de um crescimento de recuperação rápido Obesidade precoce e doença cardiometabólica. OU SEJA, sugere-se que um peso inadequado do RN, consequente a um ambiente intra-uterino adverso Risco aumentado de DCNTs na idade adulta. Nutrição precoce, principalmente a NUTRIÇÃO FETAL O EXCESSO de peso do bebê na vida intrauterina relaciona-se: Ao excesso de peso na fase adulta; Maior predisposição a alergias, asma e doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer; Aparecimento de DM; Surgimento da Síndrome dos Ovários; Policísticos (infertilidade entre as mulheres). O baixo peso do bebê na vida intrauterina relaciona-se a um risco maior de: Doenças cardíacas; Resistência à insulina e DM 2; HAS; Problemas no fígado; Alterações do colesterol e triglicerídeos plasmáticos. Obesidade e fome exacerbada na idade adulta. Hipóteses que explicam a relação entre PIG e SM. Fonte: Lottenberg et al., 2007. Mecanismos não totalmente esclarecidos Estudos epidemiológicos documentam uma relação direta entre: • Ingestão energética, particularmen te a protéica. • Velocidade de crescimento nos primeiros meses da vida (crescimento de recuperação) • Ocorrência de obesidade e doença cardiovascular na idade adulta Importância do papel da nutrição precoce na saúde futura das populações. Aponta provável persistência da Programação não apenas para o período fetal, mas também durante os primeiros anos de vida Ambiente intra-uterino Intervenção e manipulação mais difíceis. Período pós-neonatal A inteira responsabilidade é dos cuidadores e dos profissionais de saúde. Evidências sustentam a importância da nutrição da gestante no período perinatal e nos primeiros anos de vida da criança na prevenção ou desenvolvimento de doenças ao longo da vida. ATÉ 6 MESES DE VIDA: Aleitamento materno exclusivo (redução da morbidade e mortalidade por infecções gastrintestinais e respiratórias, enterocolites, entre outros). O desenvolvimento de pesquisas que estão conseguindo identificar e explicar a relação entre o aleitamento materno e a programação metabólica para proteger contra obesidade infantil, dislipidemia, HAS, DM 2 e doenças de pele. O processo é necessário para que o lactente desenvolva “autorregulação” para fome/ saciedade Reflete nos hábitos alimentares precoces; PORTANTO, fórmulas infantis ricas em CHO e GORD (trans, saturadas e colesterol) oferecidas em mamadeiras contribuem para o imprint metabólico Predisposição ao sobrepeso (prejudica a autorregulação). Aleitamento materno exclusivo Substâncias presentes no LM exercem influência dominante no desenvolvimento da regulação neural do apetite no feto, especialmente nesse período pós natal, ajustando a programação metabólica para o NÃO desenvolvimento de doenças. Fatores de crescimento, enzimas, hormônios e citocinas presentes no LM são importantes para a maturação gastrintestinal do neonato e seu desenvolvimento metabólico. As crianças amamentadas, quando comparadas com as não-amamentadas, apresentaram melhores hábitos no que se refere à época de introdução dos alimentos complementares 6 a 24 meses: Período críticopara promoção de uma nutrição adequada; Associado a maior desnutrição e deficiências de certos micronutrientes. Alimentos de transição: São aqueles especialmente preparados para as crianças pequenas antes delas passarem a receber os alimentos consumidos pela família. Alimento complementar: É preciso evitar a alimentação complementar precoce Menos fatores de proteção; Maior risco de contaminação. Qualquer alimento nutritivo, sólido ou líquido, diferente do leite humano oferecido à criança amamentada A partir dos 6 meses. Recomendações para a introdução à alimentação complementar: Adiantamento da introdução de alguns alimentos (altamente alérgenos): ▪ Leite de vaca (20% das alergias alimentares) ▪ Ovo, amendoim, nozes e peixe (após 10. ano de vida) ▪ Mel (após 10. ano – risco de botulismo) Alimentação rica em energia, PTNs e micronutrientes (principalmente Fe, Zn, Ca, vit. A, vit. C e folato); Quantidade adequada de sal e cuidado com condimentos picantes; Quantidade de alimentos apropriada. O QUE OFERECER: Frutas e vegetais, alimentos ricos em fitoquímicos (antioxidante, anti- inflamatória, antitrombótica, antialérgica, destoxificante e antitumoral); Alimentos ricos em ômega 3, gorduras insaturadas, fitosteróis e fibras solúveis (melhora perfil lipídico e reduz risco cardiovascular); Probióticos (benefício sobre o perfil lipídico e pressão arterial de crianças e adolescentes). O QUE OFERECER: COMPOSTOS FONTES AÇÕES NO ORGANISMO Ác. graxos W-3 Peixes marinhos gordurosos, óleos vegetais (linhaça, canola) Prevenção de doenças cardiovasculares e controle de doenças auto-imunes e inflamatórias; ↓ do LDL-c; indispensável para o desenvolvimento do cérebro e retina de recém-nascidos. Ác. graxos W-6 Óleos vegetais; nozes e amêndoas Estimula o sistema imunológico e tem ação anti-inflamatória. Antocianinas Frutas em geral (vermelho- escuras e roxas) Prevenção de doenças cardiovasculares e câncer. Betacaroteno Abóbora, cenoura, mamão, manga, damasco, espinafre, couve Antioxidante; ↓ risco de câncer e doenças cardiovasculares. O QUE OFERECER: COMPOSTOS FONTES AÇÕES NO ORGANISMO Betaglucana Aveia, cevada, legumes e outros grãos Controle da glicemia e do colesterol sérico. Fibras solúveis e insolúveis Grãos integrais (aveia, centeio, cevada), frutas com casca e vegetais como soja, feijão, ervilha e hortaliças Melhor funcionamento intestinal; ↓ do risco de CA do cólon; controle do colesterol. As solúveis podem ajudar no controle da glicemia e na obesidade (↓ saciedade) Polifenóis Cacau, chá preto e chá verde Antioxidante Prebióticos (inulina, FOS) Raiz de chicória, batata yacon Ativam a microbiota intestinal; favorecendo o bom funcionamento do intestino O QUE OFERECER: COMPOSTOS FONTES AÇÕES NO ORGANISMO Probióticos (bifidobactérias e lactobacilos) Leites fermentados; iogurtes Favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e de CA de cólon; melhora a intolerância à lactose. Tanino Maçã, manjericão, manjerona, sálvia, uva, caqui, caju, soja Antioxidante, anti-séptico; vasoconstrictor Educação alimentar Idade apropriada para ensinar a importância da alimentação e criar hábitos alimentares saudáveis. A alimentação adequada necessária ao bebê já molda o organismo para a próxima etapa e assim por diante. Estratégias em educação alimentar: Baú da Alimentação ▪ Os alimentos funcionais são dispostos em uma um baú e os escolares vendados, devem sentir os mesmos e adivinhar o alimento escolhido. Feita a descoberta, o alimento é retirado da caixa e revelado para os demais, sendo discutida a importância do mesmo e a adequada frequência de consumo para a saúde. Após a apresentação, os alimentos do baú são sorteados e os escolares levam para casa. Estratégias em educação alimentar: Jogos de educação nutricional ▪ Aplicar jogos específicos para educação nutricional, como “Adivinhe o que é”, “Dominó”, “Uno”, “Dorminhoco” e “Bingo Alimentar”, sendo que todos são representados por imagens de alimentos. Discutido as preferências alimentares dentre os alimentos funcionais que estavam impressos nos jogos e, sua importância na saúde. Entregue um caça-palavras sobre alimentos funcionais para ser respondido com auxilio da auxiliar de turma. Estratégias em educação alimentar: Montagem do Prato Saudável e Não Saudável ▪ Devem ser desenvolvidos dois cartazes com o desenho de um prato vazio e levado para a aula recortes de várias figuras impressas de alimentos funcionais e alimentos industrializados. Para melhor interagir, formar um círculo com os escolares, e explicar sobre a importância da substituição dos alimentos industrializados pelos alimentos funcionais no prato. Após, os escolares com o auxílio do professor, colam as figuras dos alimentos no cartaz, apresentando assim um prato saudável e um prato prejudicial à saúde, sendo abordados os alimentos que mais consumiam e aqueles que achavam ser benéficos ou não à saúde. Os escolares podem pintar desenhos de alimentos funcionais, elaborados pelo professor e completam um jogo simples de adivinhação. Estratégias em educação alimentar: Montagem de sanduiches e sucos funcionais ▪ Elaborou dois cartazes com o desenho de um pão e dois cartazes com o desenho de um copo, levando para a aula recortes de várias figuras impressas de alimentos funcionais para os escolares colarem nos respectivos cartazes, conforme as receitas de alimentos funcionais elaboradas e levadas ao encontro. Após a montagem dos cartazes, os escolares ficam com as receitas e elaboram um desenho composto por um alimento/suco/fruta/sanduíche que mais gostem ou gostariam de comer. RÊGO, C. Da responsabilidade profissional à responsabilidade social ou o que o pediatra deve conhecer sobre obesidade e programação metabólica. Acta Pediátrica Portuguesa, v. 42, n. 6, p. XCVIII-XCIX, 2011. MATTAR, R. A.; TORLONI, M. R.; BETRÁN, A. P.; MERIALDI, M. Obesidade e gravidez. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 31, n. 3, p. 07-10, 2009. LOTTENBERG, S. A.; GLEZER, A.; TURATTI, L. A. Síndrome metabólica: identificando fatores de risco. Jornal de Pediatria, v. 83, n. 5 (Supl), p. S204 – S208, 2007. GIUGLIANI, E. R. J; VICTORA, C. G. Alimentação complementar. Jornal de Pediatria, v. 76 (supl 3), p. S253 – S262, 2000. PERINI, L.; ZANARDO, V. P. S. A importância dos alimentos funcionais para crianças. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI, v. 9, n.16, p. 29-35, 2013. WEFFORT, V. R. S.; LAMOUNIER, J. A. Nutrição em pediatria: da neonatologia à adolescência. Barueri, SP: Manole, 2009. PASCOAL, V. Nutrição funcional e ciclos de vida. Aula em PDF. 30 p,
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