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11. Aula 11 Resumo 5º Semestre - Prova Judiciária

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Resumo – Direito Processual Civil – 5º Semestre
Processo de Conhecimento
Prof. Paulo Dimas
7ª Parte – maio/2015 – Prova Judiciária – Teoria Geral
		
Prova Judiciária
Prova, no direito processual, corresponde a todo elemento que contribui para a formação da convicção do juiz a respeito da existência de determinado fato controvertido, tido como relevante para a solução do litígio.
Fala-se, nesse aspecto, em prova judiciária, a ser produzida normalmente na fase instrutória do processo de conhecimento.
Classificação das provas:
As provas são classificadas segundo diferentes critérios.
A classificação mais aceita tem por base três critérios:
- o do objeto da prova;
- o do sujeito da prova;
- o da forma da prova.
1) Objeto da prova é o fato por provar-se.
Relativamente ao objeto, as provas são diretas ou indiretas.
Se a prova se refere ao próprio fato probando ou consiste no próprio fato, é considerada direta.
Numa ação de indenização voltada à reparação dos danos causados em acidente de trânsito, a testemunha ocular, que narra o fato que assistiu, é uma prova direta.
Numa ação para cobrança de dívida, o contrato de mútuo é uma prova direta.
Já a prova indireta é aquela que se não se refere ao próprio fato probando, mas sim a outro, através do qual, por meio de raciocínio dedutivo, se chega àquele.
Na ação de indenização decorrente de acidente de trânsito, a testemunha que descreveu a posição em que se encontravam os veículos sinistrados após o acidente é uma prova indireta.
Aos fatos, objeto da prova indireta, dos quais o juiz deduz o fato probandi, dá-se o nome de indícios (fala-se em prova indiciária ou por presunção).
2) Sujeito da prova: pessoa ou coisa de quem ou de onde emana a prova. A pessoa ou coisa que atesta a existência do fato probando.
Conforme o seu sujeito a prova é pessoal ou real.
Prova pessoal: toda afirmação pessoal consciente destinada a fazer fé de determinados fatos.
- testemunha narra o que viu;
- instrumento de confissão de dívida;
- escritura de testamento.
Prova real: consiste na atestação inconsciente, feita por uma coisa, da ocorrência do fato a ser provado:
- danos ocasionados em imóvel; 
- lesões pessoais;
- cerca nos limites entre dois imóveis.
A prova real normalmente é obtida do exame de uma pessoa ou de uma coisa (prova pericial).
3) Forma da prova: modalidade ou maneira pela qual se apresenta em juízo.
- prova oral;
- prova documental;
- prova material.
a) prova oral compreende a inquirição de testemunhas, depoimento da parte, confissão e juramento.
b) prova documental: toda afirmação escrita ou gravada. Ex.: escrituras públicas ou particulares, cartas, plantas, projetos, desenhos, fotos, gravações magnéticas etc.
c) prova material: consiste em qualquer outra materialidade que sirva de prova do fato probando. Fala-se em atestação do fato emanada da coisa ou da pessoa, como o corpo de delito, exames periciais e inspeção judicial.
A doutrina classifica ainda prova no que toca à sua preparação.
Nesse aspecto pode ser casual ou pré-constituída.
Prova casual é a prova produzida no curso do procedimento em juízo para demonstrar a realidade de determinados fatos controvertidos. Ex.: perícia, depoimentos de testemunhas, depoimento pessoal das partes etc.
Prova pré-constituída: representa prova preparada preventivamente para demonstrar a existência de um ato ou negócio jurídico. Ex.: elaboração de contrato de mútuo para provar a existência da dívida em juízo ou fora dele; emissão de um título de crédito.
Objeto da prova
A prova se destina a convencer o juiz quanto à existência ou inexistência dos fatos sobre os quais versa a lide.
Os fatos da causa são objeto da prova.
Via de regra provam-se fatos; por exceção, prova-se o direito quando estadual, municipal, costumeiro, singular ou estrangeiro (v. arts. 337 do CPC/73 e 373 do CPC/2015).
Nem todos os fatos carecem de prova (arts. 334 do CPC/73 e 374 do CPC/2015).
Dependem de prova os fatos controvertidos, relevantes e determinados.
Fatos controvertidos ou controversos – se não há controvérsia quanto aos fatos alegados pelos litigantes, a questão se traduz à mera aplicação do direito.
Reclamam prova apenas os fatos contestados ou não admitidos como verdadeiros pela parte contrária a quem os alega.
Em dadas circunstâncias, embora não contestados, deve ser feita a prova dos fatos:
- quando reclamada pelo juiz para o fim de formar com mais segurança o seu convencimento;
- quando a lide versar sobre direitos indisponíveis (v. ação de anulação de casamento, de investigação de paternidade, de destituição do poder familiar etc.) – v. arts. 320, II, do CPC/73 e 345, II, do CPC/2015;
- quando a lei exige que a prova do ato ou negócio jurídico se revista de forma especial (prova da propriedade imobiliária, de direito real de garantia, do casamento, da separação, etc.) – v. arts. 366 do CPC/73 e 406 do CPC/2015.
Independem ainda de prova os fatos tidos como verdadeiros por uma presunção legal (de existência ou de veracidade):
- provado o domínio, presume-se ser este exclusivo e ilimitado;
- se o filho nasceu nos 300 dias subseqüentes à dissolução da sociedade conjugal, a parte não precisa provar que foi concebido na constância do casamento (art. 1.597, II, do Código Civil);
- devedor que tem em seu poder título de crédito não precisa provar o respectivo pagamento (v. art. 324 do Código Civil).
O direito, em princípio, não depende prova.
Uma das características da lei é sua obrigatoriedade. Ninguém pode escusar-se de respeitar a lei sob a alegação de desconhecê-la.
O juiz, obviamente, não pode eximir-se de cumprir sua função sob o pretexto de desconhecer a lei.
Daí a desnecessidade de produzir prova do teor e vigência da norma legal; o juiz conhece o direito; mas tal princípio não é absoluto.
Os arts. 337 do CPC/73 e 373 do CPC/2015 apresentam duas regras: uma sobre o objeto da prova e outra sobre o ônus da prova.
Por exceção, pode ser objeto de prova o teor e a vigência do direito estadual, municipal, costumeiro, singular (portarias, alvarás, concessões) ou estrangeiro. Quando o juiz desconhecer o direito assim invocado, pode determinar a produção de prova acerca do seu teor e vigência.
O juiz, porém, está obrigado a conhecer o direito vigente no local em que exerce a sua jurisdição.
Ônus da prova: a prova do direito deve ser fornecida por quem o alegar.
Prova do teor e de vigência:
a) mediante certidão passada pela repartição competente;
b) exibição de jornal oficial que publicou a norma;
c) indicação de repertório de leis que a contiver (qualquer documento público ou particular idôneo que reproduza o texto da lei).
Direito estrangeiro: a prova nem sempre é fácil. 
Diante da impossibilidade de apresentação de cópia autêntica da lei ou de coleção oficial de leis, pode ser admitida referência à obra jurídica de reconhecido mérito que mencione a lei invocada, bem como a apresentação de pareceres de juristas.
Fatos notórios também independem de prova.
Certos fatos fazem parte da cultura de uma determinada esfera social.
São considerados notórios os fatos cujo conhecimento faz parte da cultura normal própria de determinado círculo social no tempo em que ocorre a decisão.
São notórios os acontecimentos ou situações de conhecimento geral inconteste – datas históricas, fatos históricos, situações geográficas, atos de gestão política etc.
Para que um fato seja notório não é preciso que seja efetivamente conhecido, bastando que o possa ser pela ciência pública ou comum. Ex.: o juiz para se inteirar acerca da época da colheita de safra de café pode consultar calendário agrícola ou agricultores da região.
Destinatário da Prova
O destinatário direto da prova é o juiz da causa, que deve se convencer da verdade dos fatos para compor o litígio.
Para garantia das próprias partes, o julgadorsó pode tomar em consideração o que for alegado e provado no curso do procedimento.
O direito processual se contenta, então, com a chamada verdade processual ou formal, ou seja, a verdade que transparece dos elementos do processo, que pode não corresponder à verdade real.
Em princípio, incumbe às partes a atividade probatória, observadas as regras do ônus da prova.
Mas o juiz pode determinar de ofício a produção das provas necessárias à instrução do processo, tendo, então, iniciativa probatória (v. arts. 130 do CPC/73 e 370 do CPC/2015).
	Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
	Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.
	
	Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
Não lhe é dado, porém, suprir simplesmente a deficiência probatória de uma das partes, porque isto representaria afronta à regra pela qual compete ao juiz assegurar aos litigantes igualdade de tratamento (v. arts. 125, I, do CPC/73 e 139, I, do CPC/2015).
Ex.: o juiz não pode determinar de ofício a inquirição das testemunhas cujo rol uma das partes apresentou fora de prazo.
Via de regra o julgador pode interferir mais diretamente na produção das provas quando presentes razões de ordem pública e igualitária, ou seja:
1) diante de causa que tenha por objeto direito indisponível (ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas, como as de investigação de paternidade, interdição, destituição do poder familiar etc.); 
2) quando, ante as provas já produzidas, estiver em dúvida que impossibilite a formação do seu convencimento; 
3) quando se deparar com significativa desproporção econômica ou sociocultural entre as partes, isto é, uma das partes se encontra em clara posição de inferioridade em relação à outra.
Sistemas de Valoração da Prova
Há três sistemas conhecidos para orientar a valoração das provas pelo juiz:
- o critério legal;
- o da livre convicção;
- o da persuasão racional.
O critério legal está totalmente superado no direito processual; por este sistema, cada tipo de prova tem um valor pré-estabelecido, a ser observado pelo juiz; há pouca margem para ele formar sua íntima convicção, estando adstrito a uma hierarquia legal das provas, pela qual a solução da lide surge automaticamente.
Já o sistema da livre convicção é o oposto ao critério legal. Prevalece a íntima convicção do juiz, que pode decidir a causa com base em impressões pessoais e a ciência privada que tem dos fatos.
Por esse sistema o juiz não fica adstrito ao que foi alegado e provado nos autos, o que sujeita às partes a possíveis arbitrariedades.
O nosso Código de Processo Civil adota o sistema da persuasão racional ou do livre convencimento motivado.
CPC/73 CPC/2015
	Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento.
	Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
O juiz pode analisar livremente as provas produzidas e atribuir a cada uma delas o valor que possa merecer. Não há hierarquia legal, mas o juiz deve se ater apenas aos elementos de convicção constantes dos autos. E mais: deve motivar suas decisões.
A exigência de motivação tem por finalidade permitir o controle da atividade jurisdicional.
Máximas de Experiência (arts. 335 do CPC/73 e 375 do CPC/2015)
	Art. 335. Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.
	Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial.
 
O juiz, para deliberar sobre as provas, para avaliá-las, para interpretar e aplicar o direito, usa de diversas noções extrajudiciais, fruto de sua cultura, de seus conhecimentos sociais, científicos e práticos.
São as noções que se denominam de “máximas de experiência ou regras de experiência”.
É o juízo formado na observação do que costumeiramente acontece.
Esses fatos cotidianos fazem parte da communis opinio e podem variar conforme o tempo, o lugar e o progresso da ciência.
Ônus da prova
CPC/73 CPC/2015
	Art. 333. O ônus da prova incumbe:
	Art. 373. O ônus da prova incumbe:
	I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
	I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
	II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
	II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
	
	§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa, relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
	
	§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
	
	
	Art. 333.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:
	
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
	I - recair sobre direito indisponível da parte;
	I - recair sobre direito indisponível da parte;
	II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
	II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
	
	
	
	§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.
As partes não têm a obrigação de provar os fatos alegados, têm apenas o ônus de fazê-lo, ou seja, o litigante, se não se desincumbir do ônus da prova, sofrerá as consequências decorrentes da sua inércia, assumindo o risco de perder a demanda.
Em princípio, a solução da lide será dada com base nas regras sobre a distribuição do ônus da prova.
O Código de Processo Civil distribui entre as partes o ônus da prova – ao autor incumbe o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito; – ao réu incumbe o ônus de provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Portanto, se o réu apenas nega a veracidade do fato em que se funda a pretensão do autor, sobre este recai todo o ônus probatório.
Porém, se o réu apresenta a chamada defesa indireta contra o mérito, ou seja, admite como verdadeiros os fatos alegados na petição inicial, mas invoca, em contrapartida, fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, assume o ônus da prova.
Ex.: réu admite que contraiu a dívida, mas alega que já a quitou; incumbe-lhe produzir a prova do pagamento.
Inversão do ônus da prova 
As regras da distribuição do ônus da prova, contidas nos incisos I e II dos artigos 333 do CPC/73 e 373 do CPC/2015, não são absolutas.
Em dadas circunstâncias, o ônus da prova pode ser invertido.
Essa inversão pode ter três origens distintas:
- legal;
- convencional;
- judicial.
A inversão é feita em favor de uma das partes e em prejuízo da outra.
Quando feita em favor do autor, ele não mais terá o ônusde provar o fato constitutivo do seu direito. Basta a alegação, devendo então o réu provar que o fato invocado não é verdadeiro. Quando feita em favor do réu, este estará dispensado do ônus de provar os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor eventualmente alegados na contestação.
Inversão convencional
As partes podem transigir sobre a distribuição do ônus da prova, salvo quando:
- recair sobre direito indisponível;
- a convenção tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito (v. parágrafo único do art. 333 do CPC/73 e § 3º do art. 373 do CPC/2015).
O direito indisponível não é sujeito à transação ou à confissão, razão pela qual também não se admite a inversão do ônus da prova por convenção entre as partes.
Inversão legal
É normalmente aquela que decorre de uma presunção.
A presunção consiste em uma forma de raciocínio pela qual, por meio do conhecimento de um fato, infere-se a existência de outro.
Há presunções relativas e absolutas estabelecidas pelo legislador (presunções legais).
Apenas no caso de presunção relativa, por admitir prova em contrário, é que se pode falar em inversão do ônus probatório.
Quando o fato é presumido, não precisa ser comprovado por quem o alega. Cabe ao adversário fazer prova da inveracidade do fato alegado.
A inversão legal não depende da avaliação do juiz, pois decorre da lei.
A presunção legal é muito usada no âmbito da responsabilidade civil. Ex.: presume-se a culpa do dono do animal pelos danos por ele causados; numa ação de indenização, o autor invoca a culpa assim presumida, incumbindo-se o réu de demonstrar a sua inocorrência.
Presume-se ainda a culpa das prestadoras de serviço público pelos danos ao particular, a do fornecedor pelos danos ao consumidor e a daquele que exerce atividade de risco pelos danos causados a terceiros (Código Civil, art. 927, parágrafo único).
O artigo 38 do Código de Defesa do Consumidor também estabelece uma hipótese de inversão do ônus da prova que não está na esfera de discricionariedade do juiz, ou seja, é obrigatória; refere-se a dois aspectos da publicidade: a veracidade e a correção; de acordo com o dispositivo, o ônus da prova nesses dois aspectos da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
Inversão judicial do ônus da prova
Tem lugar normalmente nas demandas relativas à relações de consumo, protegidas pela Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
O artigo 6º, VIII, do CDC autoriza o juiz a inverter o ônus da prova em favor do consumidor, desde que presentes os seus pressupostos.
A inversão pode ocorrer em duas situações distintas:
- quando o consumidor for hipossuficiente;
- quando for verossímil a sua alegação.
As hipóteses são consideradas alternativas pela doutrina majoritária.
A hipossuficiência a ser considerada não é a econômica propriamente, mas a técnica; irrelevante, na caracterização da hipossuficiência, o fato do consumidor ser ou não beneficiário da assistência judiciária gratuita.
Assim, o juiz determinará a inversão do ônus da prova sempre que verificar a superioridade técnica do fornecedor para produzir as provas pertinentes, ou seja, a produção da prova seria mais difícil ao consumidor porque depende de conhecimentos técnicos ou de informações que normalmente estão em poder do fornecedor.
Ex.: o consumidor pede na inicial a substituição de máquina por apresentar defeito de fabricação; o fornecedor ostenta superioridade técnica para demonstrar a causa do defeito e eventualmente afastar sua responsabilidade civil, tendo lugar então a inversão do ônus da prova.
O novo Código de Processo Civil traz agora regra específica sobre a chamada “distribuição dinâmica do ônus da prova”, que pode então ser aplicada em hipóteses que não digam respeito a relações de consumo protegidas pelo Código de Defesa do Consumidor (v. §§ 1º e 2º do art. 373 do CPC/2015).
	§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa, relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
	§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
As regras sobre o ônus da prova são consideradas regras de julgamento. As conseqüências do seu descumprimento serão carreadas à parte quando da prolação da sentença. Todavia, entende-se que o juiz deve se pronunciar sobre a inversão antecipadamente, ou seja, na fase de saneamento, para não surpreender as partes e dificultar a sua iniciativa probatória. O novo CPC, ao tratar da decisão saneadora, explicita que deverá o juiz nela “definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373” (v. art. 357, inciso III).
Momentos da Prova
O procedimento probatório passa por três momentos:
- proposição da prova;
- admissão da prova;
- produção da prova.
1º) Proposição ou propositura da prova: as partes determinam na petição inicial ou na contestação os fatos a serem provados; e para demonstrar a existência desses fatos, devem especificar os meios de prova a serem utilizados. 
De acordo com o CPC/73, no rito ordinário basta menção à espécie de prova; já no rito sumário, há necessidade da particularização das provas a produzir desde logo.
No novo procedimento comum, disciplinado no CPC/2015, basta menção genérica, na inicial e na contestação, aos meios de prova a serem utilizados.
Em todos os casos, a prova documental deve ser proposta e oferecida com a petição inicial e a contestação; a exigência diz respeito aos documentos substanciais e fundamentais:
CPC/73 CPC/2015
	Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
	Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
	Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações.
	Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações.
	
	Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se previamente as partes.
A propositura se confunde, nesse caso, com a produção.
Verifica-se, daí, que já há atividade probatória das partes na fase inicial do procedimento, ou seja, na fase postulatória (produção da prova documental).
2º) Admissão da prova: proposta a produção de provas, o juiz deve resolver sobre a sua admissibilidade; é ato exclusivo do juiz; este, portanto, na decisão saneadora, decide sobre os meios de prova a serem utilizados pelas partes:
- v. rito ordinário (art. 331 do CPC/73) – decisão saneadora em audiência ou fora dela;
- v. rito sumário (art. 278 do CPC/73).
v. novo procedimento comum (v. art. 357 do CPC/2015).
3º) Produção da prova: diz respeito à reprodução no processo dos fatos afirmados pelas partes.
Há um momento processual que é próprio à produção da prova oral – a audiência de instrução e julgamento (v. arts. 450 a 457 do CPC/73 e 358 a 367 do CPC/2015).
A prova pericial normalmente se realiza antes da audiência de instrução e julgamento, mas nesta pode ser complementada, com os esclarecimentos orais do perito judicial e dos assistentes técnicos.
Princípio da oralidade em relação à prova
As provas, em princípio, são produzidas perante o juiz da causa.
No procedimento probatório se acentua o sistema da oralidade, esposado pelo Código de Processo Civil, com a aplicaçãodos princípios da imediatidade e da concentração da causa.
Na produção das provas, o juiz se põe em contato imediato, direto, com as partes e testemunhas, tomando-lhes os depoimentos.
E a atividade probatória se desenvolve normalmente na fase instrutória do processo de conhecimento; a prova oral concentra-se na audiência de instrução e julgamento.
Entretanto, são exceções ao sistema da oralidade previsto no CPC:
a) os casos de produção de prova de fora da terra;
b) provas antecipadas ou ad perpetuam rei memoriam;
c) prova emprestada.
Prova de fora da terra:
Tem lugar quando o sujeito da prova, pessoa ou coisa, não se acha no lugar onde corre o processo.
Nesse caso, a produção da prova se dá perante o juízo onde se encontra o sujeito da prova.
Fala-se então em prova fora da terra ou prova de fora, que é a que deve ser produzida em local diverso daquele onde o juiz da causa exerce sua jurisdição.
Expede-se, nessas hipóteses, carta precatória, rogatória ou de ordem.
Em princípio, a prova por rogatória ou precatória deve ser requerida na petição inicial ou na contestação.
O momento da proposição dessa prova influi sobre os efeitos da precatória ou rogatória (v. arts. 338 do CPC/73 e 377 do CPC/2015).
Requerida a expedição após o despacho saneador, a precatória ou rogatória não terão efeito suspensivo, ou seja, a sua expedição não suspende o julgamento da causa.
	Art. 338. A carta precatória e a carta rogatória suspenderão o processo, no caso previsto na alínea b do inciso IV do art. 265 desta Lei, quando, tendo sido requeridas antes da decisão de saneamento, a prova nelas solicitada apresentar-se imprescindível. 
	Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea b, quando, tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível.
	Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória, não devolvidas dentro do prazo ou concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser juntas aos autos até o julgamento final.
	Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devolvidas no prazo ou concedidas sem efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento.
Regras a serem observadas na expedição das cartas – arts. 202 a 212 do CPC/73 e 260 a 268 do CPC/2015.
Prova antecipada
Em determinadas circunstâncias, há conveniência e necessidade de produzir-se a prova de certo fato para invocá-lo eventualmente em processo de conhecimento futuro ou colhê-la, pendente o processo, mas antes de chegar o momento próprio para a sua produção.
Prova antecipada significa prova produzida antes do momento processual oportuno no processo de conhecimento.
Ex.: inquirição de testemunha de idade avançada; constatação de vestígios de fatos de natureza transitória.
No CPC/73, as provas antecipadas acham-se incluídas na lei processual entre as medidas cautelares (v. arts. 846 a 851 do CPC/73); instaura-se processo cautelar específico para a coleta da prova oral ou pericial antecipadamente.
Estamos diante de providências destinadas a acautelar o interesse daquele que dependa dessas provas para a afirmação do seu direito no momento próprio, ante o risco de perecimento.
No novo CPC (v. arts. 381 a 383), a disciplina da produção antecipada da prova se encontra inserida no capítulo que trata das provas, dando-se ênfase ao que a doutrina chama de “direito autônomo à prova”; essa produção antecipada, pelo novo CPC, não se fundamenta apenas na urgência (risco de perecimento de seu objeto ou fonte), prestando-se também a viabilizar tentativa de autocomposição do litígio, antes do ajuizamento de ação de conhecimento, ou ainda auxiliar as partes numa melhor análise dos fatos da causa, de modo a justificar ou evitar a propositura da ação; na nova concepção, a medida tem o escopo de reduzir a litigiosidade, estimulando a transação ou desestimulando o ajuizamento de demanda fadada ao insucesso; cuida-se então de uma ação probatória autônoma, voltada a produção de prova oral, pericial ou mesmo de inspeção judicial; os §§ 1º e 5º do artigo 381 do CPC/2015 preconizam a mesma finalidade e o mesmo procedimento da produção antecipada de provas para o arrolamento de bens (quando se destina apenas à sua documentação e não à sua apreensão) e para a justificação; assim, o arrolamento de bens e a justificação deixaram de ostentar a condição de medidas cautelares, presente no Código de Processo Civil em vigor.
CPC/73 CPC/2015
	Da Produção Antecipada de Provas
	Da Produção Antecipada da Prova
	Art. 846. A produção antecipada da prova pode consistir em interrogatório da parte, inquirição de testemunhas e exame pericial.
	Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
	Art. 847. Far-se-á o interrogatório da parte ou a inquirição das testemunhas antes da propositura da ação, ou na pendência desta, mas antes da audiência de instrução:
	
	I - se tiver de ausentar-se;
	
	II - se, por motivo de idade ou de moléstia grave, houver justo receio de que ao tempo da prova já não exista, ou esteja impossibilitada de depor.
	I – haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;
	
	II – a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito;
	
	III – o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
	
	§ 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta seção quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão.
	
	§ 2º A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu.
	
	§ 3º A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta.
	
	§ 4º O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, entidade autárquica ou empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal.
	
	§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica, para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
	Art. 848. O requerente justificará sumariamente a necessidade da antecipação e mencionará com precisão os fatos sobre que há de recair a prova.
	Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair.
	Parágrafo único. Tratando-se de inquirição de testemunhas, serão intimados os interessados a comparecer à audiência em que prestará o depoimento.
	
	
	§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso.
	
	§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas.
	
	§ 3º Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora.
	
	§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra a decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário.
	Art. 849. Havendo fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, é admissível o exame pericial.
	
	Art. 850. A prova pericial realizar-se-á conforme o disposto nos arts. 420 a 439.
	
	Art. 851. Tomado o depoimento ou feito exame pericial, os autos permanecerão em cartório, sendo lícito aos interessados solicitar as certidões quequiserem.
	Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante um mês para extração de cópias e certidões pelos interessados.
	
	Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao promovente da medida.
Conforme a sua razão de ser e a sua finalidade, as provas antecipadas podem ser classificadas em:
1) Propriamente preventivas: visam produzir a prova do fato antecipadamente, sem objetivos diretos e imediatos, de modo a assegurar a eficácia de um direito no futuro.
O interessado vislumbra uma lide que poderá não ocorrer; conserva a prova de um fato sem objetivar diretamente algum litígio. Ex.: inquilino, para prevenir-se contra futura ação do locador, promove vistoria para determinar as condições em que se acha o prédio alugado.
2) Preparatórias: o objetivo é preparar elementos de prova para fundamentar ação determinada e já em vista, já definida, objetivando um direito já violado.
Ex.: fixar danos ocasionados em imóvel para instruir ação de indenização contra o seu causador.
3) Incidentes: são produzidas quando já pendente o processo de conhecimento, mas antes do momento próprio para sua produção (fase instrutória).
(v. doutrina do Prof. Moacyr Amaral Santos)
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A AÇÃO AUTÔNOMA DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA, DE ACORDO COM O NOVO CPC: 
a) não objetiva a declaração do direito material aplicável, mas apenas assegurar o direito à produção da prova com fundamento na urgência ou na indicação de que o requerente quer melhor esclarecer os fatos relacionados a uma determinada situação jurídica, nos moldes do que dispõe o artigo 381; 
b) não há necessidade de indicar na petição inicial uma ação de conhecimento em que a prova antecipada poderá ser utilizada, mas apenas os fatos sobre os quais a prova há de recair; o requerente deve também esclarecer a utilidade da prova;
c) deve ser assegurado o contraditório, com a citação de todos quantos possam ter interesse na situação jurídica vinculada a prova a ser produzida antecipadamente;
d) em princípio, mais de um meio de prova poderá ser requerido no mesmo procedimento; porém, as provas devem estar relacionadas ao mesmo fato e a produção conjunta não pode acarretar excessiva demora;
e) não se admite defesa voltada a estabelecer controvérsia sobre os fatos a serem provados ou a debater o direito material aplicável; o requerido pode apresentar, no entanto, defesas processuais e invocar a ausência dos pressupostos necessários à produção antecipada da prova;
f) o requerido é citado para acompanhar a produção da prova, podendo interferir diretamente na sua coleta; no caso de prova pericial, deve ser facultada a apresentação de quesitos e a indicação de assistente técnico; em se tratando de prova testemunhal, pode ele contraditar as pessoas arroladas para depor (arguir a incapacidade, o impedimento ou a suspeição da testemunha), bem como apresentar perguntas na audiência para esclarecer o depoimento;
g) como já realçado, o juiz não deve se pronunciar sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato probando, nem sobre as suas consequências jurídicas; colhida a prova, profere ele uma sentença homologatória, sem qualquer juízo de valor quanto aos fatos perquiridos; essa sentença se presta apenas a atestar a regularidade do procedimento;
h) no sistema do CPC/73, os autos ficam arquivados em cartório para consulta dos interessados; no novo CPC, os autos permanecem em cartório apenas durante um mês (para extração de cópias e certidões pelos interessados), sendo que, escoado esse prazo, são entregues ao promovente.
Prova emprestada
É aquela produzida em determinado processo, buscando-se o seu aproveitamento em outro feito.
O novo CPC, no artigo 372, admite expressamente a utilização de prova emprestada (“Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”); o CPC/73 não contém previsão a respeito, sendo que a doutrina e a jurisprudência admitem esse aproveitamento, desde que observadas certas condições.
A questão da eficácia da utilização de prova produzida em outro processo diz respeito às provas casuais ou simples e não às pré-constituídas ou documentais em geral. Estas, originais ou emprestadas, valem igualmente em qualquer juízo em que forem apresentadas.
As provas casuais são aquelas produzidas no curso do processo, sem que tenham sido intencionalmente preparadas para a demonstração de um fato (testemunhos, perícias, depoimentos das partes e inspeção judicial).
Parte da doutrina, tendo em vista o sistema da oralidade do CPC, sustenta que a prova emprestada é ineficaz; porém, tendo em vista a possibilidade de produção de provas antecipadamente ou mediante precatória, a doutrina majoritária admite a eficácia da prova emprestada; com a regra do novo CPC, essa controvérsia deixa de existir.
A prova emprestada deve ser acolhida e apreciada com cautelas; o juiz irá verificar a necessidade do seu aproveitamento, a partir, normalmente, da impossibilidade ou da inconveniência de sua reprodução no segundo processo; de toda sorte, a prova emprestada será apreciada em conjunto com outros elementos de convicção e diante das peculiaridades do caso concreto.
O artigo 372 do CPC/2015 impõe a observância do contraditório; é necessário, portanto, que a parte, contra quem a prova emprestada será produzida, tenha participado do processo anterior, influindo então na sua coleta; à evidência, é indispensável que essa prova a ser aproveitada diga respeito aos mesmos fatos.
Na vigência do CPC/73, o Prof. Moacyr Amaral Santos já preconizava regras a serem observadas para que tenha eficácia a prova emprestada:
- prova produzida em processo anterior:
a) entre as mesmas partes – guarda, em princípio, sua eficácia natural, desde que: 1) tenham sido observadas as formalidades legais (contraditório, etc.); 2) o fato probando seja idêntico;
b) prova produzida em processo em que uma das partes do segundo processo litigou com terceiro – só vale se foi trasladada por quem não foi parte no processo anterior; se a prova é trasladada por quem integrou o processo anterior, não tem eficácia em relação à parte contrária, que não participou de sua produção; assim, não há necessidade de que as partes sejam as mesmas nos dois processos; é preciso apenas que a parte, contra quem a prova emprestada será utilizada, tenha participado do primeiro processo, participando da sua produção;
c) prova produzida em processo entre terceiros – normalmente não tem eficácia.
Meios de Prova
São os instrumentos através dos quais se torna possível a comprovação dos fatos relevantes à solução da lide.
O nosso direito processual admite a utilização dos meios legais de prova ou outros meios moralmente legítimos.
CPC/73 CPC/2015
	Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.
	Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
Meios legais são os meios de prova típicos, ou seja, aqueles previstos em lei.
Meios moralmente legítimos são aqueles que escapam à previsão do legislador, mas podem ser admitidos por não afrontarem a moral e os bons costumes (ex.: prova cinematográfica e outras gravações magnéticas).
A Constituição Federal proíbe a utilização no processo de provas obtidas por meio ilícito (art. 5º, LVI). Ex.: confissão obtida mediante tortura, grave ameaça; interceptação telefônica etc.
A escuta clandestina, chamada de “grampo”, é ilícita, salvo a possibilidade de determinação judicial para gravação de conversas telefônicas, voltada à instrução criminal (art. 5º, XII, da CF).
Entende-seque essas gravações, autorizadas especificamente para fins de persecução penal, não podem ser utilizadas como prova emprestada no processo civil, diante do nosso sistema constitucional. A questão não é pacífica.
No entanto, quando a gravação é feita por um dos interlocutores é considerada lícita, mesmo que sua utilização se faça sem o consentimento do outro (v. STJ – RT 743/208). A situação assemelha-se à carta exibida em juízo pelo próprio destinatário. Não há violação de correspondência, nem ofensa ao direito à intimidade.
Os meios de prova especificados no Código de Processo Civil são os seguintes:
- ata notarial (art. 384 do CPC/2015);
- depoimento pessoal (arts. 342/347 do CPC/73 e 385/388 do CPC/2015);
- confissão (arts. 348/354 do CPC/73 e 389/395 do CPC/2015);
- exibição de documento ou coisa (arts. 355/363 do CPC/73 e 396/404 do CPC/2015);
- prova documental (arts. 364/399 do CPC/73 e 405/441 do CPC/2015);
- prova testemunhal (arts. 400/419 do CPC/73 e 442/463 do CPC/2015);
- prova pericial (arts. 420/439 do CPC/73 e 464/480 do CPC/2015);
- inspeção judicial (arts. 440/443 do CPC/73 e 481/484 do CPC/2015).

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