Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Probatório – A Fase de Instrução do Processo Profa. Ms. Bianca M. P. Richter Mestre e Doutoranda – USP; Professora de Direito Processual Civil e de Prática Civil; Advogada; Pesquisadora Visitante – Coimbra – Portugal. bianca.richter@gmail.com Instagram: @prof.biancarichter Referências iniciais básicas: ARENHART, Sérgio Cruz; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: vol. 2. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: volume 2. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. DIDIER JR., Fredie. Os três modelos de direito processual: inquisitivo, dispositivo e cooperativo. In: AMADEO, Rodolfo da Costa Manso Real; CRUZ E TUCCI, José Rogério; RODRIGUES, Walter Piva. (Coord.). Processo Civil: Homenagem a José Ignacio Botelho de Mesquita. São Paulo: Quartier Latin, 2013. MITIDIERO, Daniel. A colaboração como modelo e como princípio no processo civil. Doutrinas Essenciais: Novo Processo Civil. vol. 1. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018. MACHADO, Marcelo Pacheco. Princípio da cooperação e processo civil do arco-íris. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e- analise/colunas/novo-cpc/novo-cpc-principio-da-cooperacao-e-processo-civil-do-arco-%C2%ADiris-27042015>. Acesso em 04 de maio de 2018. RICHTER, Bianca Mendes Pereira. A prova através dos Juízos de Deus na Idade Média. Revista da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, v. 21, 2015. THEODORO JR., Humberto. Boa-fé e processo - princípios éticos na repressão à litigância de má-fé - papel do juiz. In: Revista Jurídica, ano 56, n. 368, jun./2008. 1. Direito probatório – a fase de instrução do processo; 1.1 Noções gerais: fases: Fase postulatória Fase de saneamento Fase instrutória 1.2 Aspectos históricos: 1.2.1 Ordálias; 1.2.2 Modelos de processo: inquisitivo, acusatório e cooperativo. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND http://www.ilsovranista.it/la-menzogna-inficia-la-verita-medicina/ https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ 1.3 Verdade real vs. verdade formal; Subsunção: fato → direito → norma do caso concreto. Juiz como “boca da lei”. Busca da verdade real. Novo papel do Poder Judiciário. Concepções sobre a verdade. 1. Verdade material, absoluta ou real. -Fundamenta a tese da relativização da coisa julgada; -Argumento contra a vedação às provas ilícitas; -Crítica: exemplo – preclusão e coisa julgada. Sugestão: Miguel Reale, “Verdade e Conjectura”. Concepções acerca da verdade: Concepções acerca da verdade: 2. Verdade pelo consenso Discurso, argumentação Construção da verdade a partir do diálogo e do consenso “O verdadeiro e o falso não têm origem nas coisas, nem na razão individual, mas no procedimento.”, ARENHART, e outros, p. 256. Piero Calandrei Existem quatro verdades no processo: Autor Réu Juiz Verdade Concepções acerca da verdade: 2. Verdade pelo consenso Discurso, argumentação Construção da verdade a partir do diálogo e do consenso “O verdadeiro e o falso não têm origem nas coisas, nem na razão individual, mas no procedimento.”, ARENHART, e outros, p. 256. 1.4 Conceito de prova Abandonando a possibilidade de reconstrução de verdade e de certeza... Prova é “todo meio retórico, regulado pela lei, e dirigido a, dentro dos parâmetros fixados pelo direito e de critérios racionais, convencer o Estado-juiz da validade das proposições, objeto de impugnação, feitas no processo”, p. 259, ARENHART e outros. Exemplo disto: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: [...] II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; Destinatário da prova É só o juiz? Enunciado 50, FPPC - Os destinatários da prova são aqueles que dela poderão fazer uso, sejam juízes, partes ou demais interessados, não sendo a única função influir eficazmente na convicção do juiz. Poderes instrutórios do juiz Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. Poderes instrutórios do juiz (2): Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; 1.5 Objeto da prova Afirmações de fatos pertinentes para o processo desde que: A) haja controvérsia; B) relevância; e, C) haja determinação do tema no espaço tempo e espaço. Direito depende de prova? Direito não depende de prova, exceção: Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Fato notório: o que é? “Uma coisa é a afirmação do fato, outra é a afirmação da sua notoriedade: a notoriedade também é um fato [...] que pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado. No entanto, para conhecer de ofício a notoriedade, o juiz deve aplicar o art. 10 do CPC e intimar as partes para que se manifestem sobre o assunto.” – DIDIER JÚNIOR, Fredie. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA Pode existir divergência no Poder Judiciário sobre um fato ser notório ou não? https://fernandofranzini.wordpress.com/2016/07/05/microservices-sistemas-grandes-e-complexos/ https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ IRDR – Espírito Santo – Julgamento: INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS Nº 040/2016 – PROCESSO FÍSICO - REF. RI. Nº 0017173-74.2015.8.08.0014 – 3ª TURMA RECURSAL - REGIÃO NORTE SUSCITANTE: MAGISTRADOS COMPONENTES DA TURMA RECURSAL – REGIÃO NORTE Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, autuado sob o nº 040/2016, deflagrado pelos MAGISTRADOS COMPONENTES DA TURMA RECURSAL REGIÃO NORTE, alegando, em síntese, divergências nas decisões das inúmeras ações protocolizadas junto aos Juizados Especiais Cíveis, em especial àqueles vinculados às comarcas de Colatina e Linhares, que visam a reparação civil decorrente de ato ilícito praticado pela empresa SAMARCO MINERAÇÃO S/A, [...] IRDR – Minas Gerais: IRDR decidirá se órgão é competente para apreciá-los I. Pedido feito pela Samarco; II. Suspensão das ações perante os Juizados pelo TJ-MG: 20 de março de 2017 – julgamento depois de 1 ano e 2 meses. III. Questão processual: necessidade ou não de realização de perícia para definição da boa qualidade da água fornecida extraída do Rio Doce; IV. Quebra da isonomia: alguns juízes inadmitiram casos, com base na necessidade de perícia X fato notório: condenação da Samarco nos Juizados em até 35 mil reais. 1.6 Direito da parte à prova Acesso à Justiça: art. 5º, XXXV, CF; Contraditório e ampla defesa: art. 5º, LV, CF. Art. 371, CPC. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Indeferida uma prova, cabe recurso? Qual? http://bit.ly/perguntasprovas Pode-se falar em cerceamento de defesa? Atenção: Venire Contra Factum Proprium durante o processo, não ocorreu um ato processual indispensável a parte,gerando assim a sucumbência ou ainda questões prejudiciais! Preliminar de cerceamento de defesa em grau recursal: qual é a consequência do seu acolhimento? Preliminar recursal acolhida Produção da prova Defesa cerceada Sugestão: Provas produzidas em 1º grau são suficientes para provimento do recurso Se não provido o recurso → Houve falta de lastro probatório Alega-se cerceamento de defesa subsidiariamente “Se o recurso alega como matéria preliminar a nulidade da decisão recorrida por cerceamento de defesa “sutil” (ato processual dispositivo – ex: não ouvir uma testemunha em um processo de Alimentos, em que as provas documentais já se apresentam razóaveis), há elevadíssima probabilidade de o tribunal usar a argumentação-padrão de que “o juiz é senhor da prova”. Além disso, essa é uma preliminar que não pode ser analisada antes/fora do mérito. Assim, mostra-se mais adequado de início defender que a prova já colhida é suficiente para julgar a causa a favor do recorrente e que, caso se entenda que não é possível de plano reformar a sentença, aí sim, subsidiariamente, se alega o cerceamento de defesa.” – SICA. Requerer a conversão do julgamento em diligência para colher a prova faltante Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão. § 1o Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes. Imagine o seguinte caso... • O juiz ouve as partes acerca do julgamento antecipado do mérito por desnecessidade de outras provas, com o que as partes concordam. • Ao proferir a sentença, fundamenta-a no não atendimento do ônus probatório. Isso é possível? Sobre o tema: Enunciado 297, FPPC. 1.7 Dever de prova do terceiro Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade. Seria dever de prova ou dever de colaboração? Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa: I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento; II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder. Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub- rogatórias. A parte tem dever de prova? Não seria apenas ÔNUS da prova? Ônus: imperativo do próprio interesse – James Goldschmidt. Arenhart, Marinoni e Mitidiero – Curso: dever → descumprimento: litigância de má-fé (p. 263) → exceções: “privilégios”. Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: II - alterar a verdade dos fatos; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; Pergunta para reflexão: A parte tem um dever ou um ônus de produção de prova de acordo com o Novo Código de Processo Civil? Na sua resposta, considere os deveres previstos no art. 77, NCPC, a litigância de má-fé do art. 80, NCPC, e o quanto previsto nos artigos 379 e 380, NCPC. 1.8 Ônus da prova Distribuição estática do ônus da prova: art. 373, NCPC; Momento de fixação do ônus e de sua distribuição: regra de procedimento vs. Regra de julgamento; Dupla função: partes e juiz; Distribuição dinâmica do ônus da prova 1990 – CDC: art. 6º, VIII STJ, Info 404 de 2009 – Direito Ambiental – Princípio da Precaução NCPC - 2015 Seria necessária a previsão legal do art. 373, §1º, NCPC, para a inversão? • Marinoni (p. 273-274): não, sob pena de antes de 2015: • (i) só admitirmos a inversão em relações de consumo; • (ii) ainda que necessária a inversão em outras áreas, não poderia o juiz inverter o ônus da prova por falta de previsão legal. Art. 6º, VIII, CDC: direito básico do consumidor: facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras de experiência. Objetivo: facilitar a defesa dos interesses do consumidor no campo da instrução probatória. • REQUISITOS: • inversão ope judicis: o juiz da causa avalia a presença alternativa de um dos requisitos: • verossimilhança das alegações ou • hipossuficiência do consumidor. Há hipóteses de inversão do ônus da prova “ope legis”: Art. 12, § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. Direito Ambiental PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO: INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO DIREITO AMBIENTAL: O interessado tem o ônus de provar que as intervenções pretendidas não trarão consequências indesejadas ao meio considerado (STJ, Resp 972.902/RS). Art. 3º, Convenção sobre a Mudança do Clima (incorporada): “as partes devem adotar medidas de precaução para prever, evitar ou minimizar as causas de mudança do clima e mitigar seus efeitos negativos. Quando surgirem ameaças de danos sérios ou irreversíveis, a falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar essas medidas.” Distribuição dinâmica do ônus da prova no NCPC Art. 373. § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. Busca do equilíbrio em relação à facilidade de produção da prova PROVA DIABÓLICA: § 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA http://www.optimainfinito.com/2014/01/sostenibilidad-y-equilibrio-en-consultoria-artesana.html https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ Pode negócio jurídico processual versar sobre a prova? Art. 373, § 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o processo. Questão para reflexão: Uma vez redistribuído o ônus da prova pelas partes, através de negócio jurídico processual, pode o juiz fazer a redistribuição do quanto pactuado? Sobre o tema → CJF: Enunciado 128: Exceto quando reconhecida sua nulidade, a convenção das partes sobre o ônus da prova afasta a redistribuição por parte do juiz. Feita a inversão do ônus da prova, inverte-se também o custeio da prova? Não. STJ → Nesse sentido: ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. INVERSÃO. ÔNUS. PROVA. Ao cuidar de REsp remetido pela Terceira Turma, a Seção, ao prosseguir o julgamento, reafirmou que a simples inversão do ônus da prova, no sistema preconizado pelo CDC, não acarreta à respectiva parte o custeio das despesas, embora essa fique sujeita aos efeitos de não a produzir. Assim, não há qualquer incompatibilidade entre a benesse da assistência judiciária gratuita e aquela inversão, pois, pelo princípio da ponderação, há que se beneficiar o consumidor por não prevalecer a orientação jurisprudencial sobre o custeio da prova pericial nos termos da Lei n. 1.060/1950. REsp 639.534-MT, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 9/11/2005. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp639534NJP – acordo de saneamento e matéria probatória Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; § 2o As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz. Escolha consensual do perito Regra Geral: perito escolhido pelo juiz. 471, CPC: as partes podem, de comum acordo, escolher o perito. Requisitos: partes capazes + causa que admite solução por autocomposição. Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que: I - sejam plenamente capazes; II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. § 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados. § 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. § 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz. Calendário processual – toca a temática probatória? Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso. [...] § 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. Calendário processual (2) Em que momento pode ser feito o calendário? Em qualquer momento. Mais provável: fase de saneamento do processo. Art. 357 (saneamento), § 8o Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deve observar o disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização. Enun. 299, FPPC: “O juiz pode designar audiência também (ou só) com objetivo de ajustar com as partes a fixação de calendário para fase de instrução e decisão.” Vedação à prova ilícita CF, Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Argumento a favor da inexistência da verdade real. Garantismo processual. Prova ILÍCITA x Prova ILEGÍTIMA. Questão para reflexão: As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita devem ser desentranhadas do processo civil? Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Processo Penal. 3. As instâncias ordinárias determinaram a exclusão do exame de alcoolemia. Pedido de exclusão de peças processuais que fazem referência à realização do exame. A denúncia, a pronúncia, o acórdão e as demais peças judiciais não são provas do crime, pelo que, em princípio, estão fora da regra de exclusão das provas obtidas por meios ilícitos – art. 5º, LVI, da CF. A legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, tampouco determina a exclusão de peças processuais que a elas façam referência – art. 157 do CPP. Não se pode impedir que os jurados tenham conhecimento da própria realização da prova ilícita e dos debates processuais que levaram a sua exclusão. As limitações ao debate em plenário são pontuais e especificadas nos arts. 478 e 479 do CPP, com redação dada pela Lei 11.689/08. A exclusão de prova ilícita não é contemplada nas normas de restrição ao debate. Normas de discutível constitucionalidade e que vêm sendo interpretadas restritivamente pelo STF. Precedentes. 4. Extinta a ação de habeas corpus, quanto ao pedido de suspensão do julgamento pelo Tribunal do Júri, por litispendência, e, de resto, negado provimento ao recurso. (RHC 137368, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 29/11/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-169 DIVULG 01-08-2017 PUBLIC 02-08-2017) O juiz, que teve contato com o conteúdo da prova ilícita, pode julgar o caso? Art. 157, §4º, CPP reformado: “O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão.” → VETADO. Cassio Scarpinella Bueno: não, pois o juiz perdeu a sua imparcialidade, p. 217. Valoração da prova – Sistemas: 1. Sistema da tarifação legal; 2. Sistema do livre convencimento; 2.1. Sistema do livre convencimento motivado; 3. Sistema da persuasão racional – NCPC. Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Prova emprestada Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. A) qualquer processo: trabalhista, criminal, administrativo; B) determinação de empréstimo mesmo de ofício; C) contraditório no processo de origem; D) mesmas partes (?). Valoração da prova emprestada: Mesma natureza da prova no processo de origem (enunciado 52, FPPC). Eficácia e aproveitabilidade da prova Possibilidade de produção da prova no processo de destino Cuidado: doutrina vs. STJ A prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa razoável para isso. Quando se diz que deve assegurar o contraditório, significa que a parte deve ter o direito de se insurgir contra a prova trazida e de impugná-la. STJ. Corte Especial. EREsp 617.428-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2014 (Info 543). Ação Probatória Autônoma 1. Antecipação de prova sem urgência 2. Direito autônomo à prova 3. Competência 4. Interesse de agir 5. Legitimidade 6. Natureza jurídica 7. Poderes de instrução do juiz 8. Defesa do demandado: amplitude 9. Sentença 10. Despesas e honorários 11. Sanções e responsabilidade civil Referências básicas: ARRUDA ALVIM, Teresa; DANTAS, Bruno; DIDIER JR., Fredie; TALAMINI, Eduardo (Coord.). Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. TALAMINI, Eduardo. Produção Antecipada de Prova no Código de Processo Civil de 2015. Revista de Processo. Vol. 260. Ano 2016, p. 75-101. YARSHELL, Flávio Luiz. Antecipação da prova sem o requisito da urgência e direito autônomo à prova. São Paulo: Malheiros, 2009. 1. Antecipação de prova sem urgência NCPC – inovação: dispensa da urgência para a antecipação da prova. Função: os interessados podem melhor avaliar suas chances e riscos em disputa judicial. De qualquer forma, a urgência ainda está mantida. Doutrina: “[...] evidencia-se assim que a prova, ainda que não perdendo seu caráter de instrumentalidade, não se destina apenas à demonstração de fatos dentro de um específico processo. Tem um papel que vai muito além disso, ao fornecer previamente balizas para as partes, [...]” – Talamini, p.2 NCPC – cabimento: Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: URGÊNCIA: I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. 2. Direito autônomo à prova ... Com a desvinculação da urgência. FUNDAMENTO: direito de ação – art. 5º, XXXV, CF. Escopo social da jurisdição. Maiores chances de: 1. o jurisdicionado propor uma demanda bem instruída, 2. não a propor ou 3. transigir. CJF Enunciado 129: É admitida a exibição de documentos como objeto de produção antecipada de prova, nos termos do art. 381 do CPC. 3. Competência Autonomia e desvinculação da ação que venha a ser proposta: NCPC, 381, § 3o A produção antecipada da prova não previne acompetência do juízo para a ação que venha a ser proposta. Prevalece a distribuição LIVRE! Fundamentos para a distribuição livre: i. Caráter não constritivo da medida; ii. Ausência de juízo sobre o mérito da pretensão principal; iii. Eventualidade de uma ação principal. 3.1 Competência de Foro 1. Aquele em que a prova deva ser produzida ou; 2. Aquele do domicílio do réu. NCPC, 381, § 2o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu. Qual é mais conveniente? 3.2 Justiça Competente NCPC, 381, § 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal. Inspiração: CF, 109, §3º. Art. 109, CF § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. 4. Interesse de agir Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair. A prova será desnecessária: I. Quando a própria parte puder obtê-la extrajudicialmente; II. Art. 374, NCPC; III. Art. 376, NCPC. Memo • Art. 374. Não dependem de prova os fatos: • I - notórios; • II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; • III - admitidos no processo como incontroversos; • IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. • Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. “É certo que a necessidade da prova – não apenas da antecipação – depende da exposição de um substrato fático mínimo e coerente com a medida que se quer produzir. [...] Eventual deficiência na narrativa dos fatos que se quer investigar interfere com a antecipação porque, na verdade, prejudica a admissibilidade da prova. A atividade probatória representa – [...] – forma de invasão na esfera individual, a impor restrições a direitos como o sigilo, a intimidade, a privacidade, a inviolabilidade domiciliar e até mesmo a propriedade.” – Yarshell – Breves comentários ao NCPC, p. 1031. E se já houver processo em curso, pode-se aplicar o 381? Não, se já houver processo em curso e houver necessidade da antecipação de uma prova, aplica-se o 139, VI, NCPC: Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; 5. Citação de terceiros NCPC, 382, § 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso. Função? Terceiro juridicamente interessado • NCPC, 382, § 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora. 6. Natureza jurídica DÚPLICE OBJETO DO PROCESSO: pretensão à produção de determinada providência de instrução. ELEMENTOS: 1. Exposição dos fatos que constituem o objeto da prova; 2. Meios de prova adequados a esse escopo. AUTOR DEFINE ESSES ELEMENTOS INICIALMENTE APENAS. É exercício do direito de ação. “A duplicidade, então, consiste no seguinte: as peculiaridades da atividade probatória, se não são aptas a automaticamente fazer do autor um réu, tornam irrelevante a distinção entre eles: a prova requerida pelo demandante valerá e produzirá efeitos tanto para ele quanto para o demandado. A prova requerida por iniciativa do autor poderá, quanto ao respectivo conteúdo, vir a favorecer o réu sem que, para qualquer uma dessas situações, tenha sido necessário que o demandado alargasse o objeto do processo, deduzindo outro pedido.” – Yarshell, Breves Comentários, p .1038. Assim... • Princípio da comunhão da prova: ela a interessa não apenas por quem a requereu, mas também ao adversário. • Art. 382, § 4o Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário. Natureza jurídica: Procedimento sumário: a ponto de excluir contestação e recursos; Cognição sumária horizontal (o juiz não se pronuncia sobre o mérito da pretensão ou defesa para a qual a prova poderá futuramente servir); Cognição sumária vertical (o juiz averigua superficialmente o pressuposto para antecipar a prova). Caso Prático: O “Condomínio Edifício Caio” sofre com rachaduras, infiltrações e outros defeitos em suas instalações do prédio e ajuíza produção antecipada de prova pericial. Figura como ré a “Construtora Tício”, responsável pela edificação, a qual acompanha a realização da prova. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9dio_Coutinho https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ Após proferimento de decisão dando por encerrada a produção antecipada da prova, o condomínio ajuíza ação contra a “Construtora Tício” e “Incorporadora Mévio”, que comercializou as unidades do empreendimento, e pede antecipação de tutela louvando-se do laudo pericial como “prova inequívoca da verossimilhança da alegação”, e alegando a urgência manifesta em realizar os reparos. Condomínio Construtora e Incorporadora Pergunta-se: O juiz defere a providência, e a “Incorporadora Mévio” se dá por citada e alega a nulidade da prova pericial e a revogação da antecipação de tutela. Como deve proceder o juiz? Art. 382. § 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso. Doutrina: “Deve ser incluído no polo passivo, como réu, todo aquele contra o qual se possa pretender futuramente, de algum modo, utilizar a prova. Por mais incerto e eventual que seja o uso futuro da prova em outro processo, cabe observar esse parâmetro. A prova produzida sem a presença do adversário é despida de valor, não sendo admissível no processo subsequente.”, Talamini, p.7. 7. Poderes de instrução do juiz “[...] tanto que requerida em juízo a antecipação da prova, há margem para que o juiz eventualmente alargue o rol de medidas de instrução, desde que mantidos os limites fáticos estabelecidos pelas partes [...].” – Yarshell, Breves Comentários, p. 1041. Sugestão de leitura: BARBOSA MOREIRA, José Carlos. http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista24/revista24_55.pdf 8. Defesa do demandado: amplitude 382, § 4o Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário. Justificação: 382, § 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas. Interpretação conforme a CF, art. 5º, LIV e LV: não há defesa para valoração de fato e mérito, apenas. Matérias como incompetência, ilegitimidade, falta de interesse podem ser alegadas. A suposta proibição de defesa deve ser compreendida apenas como: I. Ausência de uma via específica para formulação de contestação; II. Não cabimento de discussão sobre o mérito da pretensão para a qual a prova pode servir no futuro. TEMAS DE “DEFESA”: a. Arguição de incompetência: Incompetência absoluta: o juiz pode conhecer de ofício, cabendo provocação deexame do tema pela parte interessada. Incompetência relativa: 5 dias. Art. 218. § 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. b. Arguição de impedimento ou suspeição: Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. IMPEDIMENTO: matéria de ordem pública. c. Arguição de ilegitimidade para a causa: Matéria de ordem pública. O réu tem o direito de usar os mecanismos do arts. 338 e 339, NCPC. Casuística: Contestação. “Se no pedido de medida cautelar de vistoria ad perpetuam rei memoriam o contestante alega, preliminarmente, ilegitimidade de parte passiva, deve o magistrado, desde logo, proferir decisão a respeito.” (RT 519/169) Participação no procedimento de produção de prova: Na prova pericial, tem o réu o direito de formular quesitos, indicar assistentes técnicos, impugnar quesitos do autor, etc? Na prova testemunhal, tem o direito de apontar a incapacidade, impedimento ou suspeição de testemunha, formular perguntas, etc? 8.1 Recurso 382, § 4o Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário. Premissa legal: o deferimento da prova não pode acarretar prejuízo ao demandado, como violação de sigilo, intimidade e privacidade→ Falso. Interpretação deve ser feita à luz da CF. Só não há interesse recursal para tratar de aspectos relativos à valoração da prova ou ao mérito da decisão. Cabe AI? Doutrina (Yarshell): “...no curso do processo é possível, em tese, que haja atos de caráter decisório – sobre competência, composição da relação processual, de deferimento ou indeferimento de quesitos, de nomeação de perito incapaz ou suspeitos, ... a gerar prejuízo imediato e não apenas potencial...” “Eles ensejarão recurso de agravo na forma de instrumento, pela simples razão de que, como a sentença nada resolverá sobre o mérito, isso tende a tornar realmente desnecessário eventual recurso de apelação; donde não haver como concentrar a impugnação para o final. Nem seria sustentável – porque irracional – que o autor tivesse a faculdade e ônus de apelar exclusivamente para suscitar as irregularidades cometidas ao longo do processo.” 1042 Essa posição é compatível com o NCPC 1.015? Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. 9. Sentença A. Declara a regularidade da prova produzida; B. Constitui a prova para eventual uso subsequente. 9. Sentença • Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um) mês para extração de cópias e certidões pelos interessados. • Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao promovente da medida. Art. 382. § 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas. O juiz limita-se a “homologar” a prova produzida. A validade e a eficácia da prova não dependem de homologação e duram por tempo indefinido. 10. Despesas e honorários • Não há regra específica. Aplica-se a regra geral (Yarshell): • Art. 82. § 2o A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. • PREMISSAS IMPORTANTES: i. A demanda probatória goza de autonomia; ii. Tem caráter dúplice; iii. Não consiste em “mero” procedimento de jurisdição voluntária. Casuística – em sentido oposto: • Honorários de advogado. São indevidos os honorários advocatícios na produção antecipada de prova, vez que, se tratando de providência destinada à colheita de prova cuja verificação posterior possa tornar-se impossível ou difícil, inexiste litígio ensejador da sucumbência. • STJ, Resp 39441. • Enunciado 118, CJF: É cabível a fixação de honorários advocatícios na ação de produção antecipada de provas na hipótese de resistência da parte requerida na produção da prova. 10. Despesas e honorários – SOLUÇÃO? i. Repartir as despesas; ii. Atribuir a cada parte o ônus de suportar a verba honorária de seu advogado. Pré-constituição da prova Pode o requerente querer constituir uma prova para utilizar em processo futuro que só admite prova documental, p.ex.? Caso: Mandado de Segurança, monitória, obtenção de tutela de evidência. Sobre o tema: Ação Monitória Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I - o pagamento de quantia em dinheiro; II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. § 1o A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos do art. 381. Empréstimo da prova produzida antecipadamente Quando utilizada em processo subsequente, a prova entra como emprestada: 372. Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. No 2º processo, a prova tem forma documental, mas preserva seu valor originário de pericial, testemunhal, etc. Para que se admita seu empréstimo, a prova precisa ter sido produzida em regime de contraditório. Casuística: Prova pretendida por condôminos contra construtora de edifício. É cabível a produção antecipada de prova pericial para a constatação de defeitos de construção de edifício de habitação coletiva, logo após a conclusão das obras, de sorte a não confundi-los com os decorrentes de uso, pelos condôminos, das respectivas unidades habitacionais. (STJ, 3ª T, Resp 11670-SP) Efeitos da propositura da demanda • Interrupção da prescrição (STF-STJ) • Constituição em mora (em certos casos) Pontos de atenção (1) – Art. 381, CPC Produção antecipada da prova Inversão do ônus da prova... ...quando da propositura da demanda (Bonizzi) Esse mecanismo probatório tem sido utilizado? Poderiam mecanismos de incentivos econômicos estimular o uso do art. 381, CPC? Prova indiciária •Inquérito Civil: procedimento investigatório: não é possível identificar nulidades aptas a maculá-lo •Obs: não há nulidade, mas a prova indiciária recebe maior ou menor consideração de acordo com as circunstâncias em que foi tomada Decisões interlocutórias e prova: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: VI - exibição ou posse de documento ou coisa; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o; Meios de prova Típicos: aqueles previstos pelo legislador. O rol é taxativo? Não, há meios de prova atípicos: 1. Parecer de jurista e professor de direito; 2. Estatística ou prova científica (William Santos Ferreira); 3. Depoimento por iniciativa da própria parte; 4. Carta psicografada,etc. Ata notarial – art. 384, NCPC • CPC/73 – meio atípico de prova + Lei n. 8.935/94; • NCPC – prova típica. • Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião. • Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial. • Ex: área física ou internet. • Não há juízo de valor pelo tabelião. Vantagens da ata notarial: 1. Fundamentar o pedido liminar para concessão de tutelas de urgência e de evidência (art. 311, II e III, CPC). 2. Prova de relações virtuais, aplicativos, etc. 3. Mensagens de voz de whatsapp. 4. Ligação feita no cartório e transcrição da conversa – seria ilícita? 5. Vistoria de lugares: contratos de locação. 6. Imagens captadas por um drone? Possível? 7. Reunião de condomínio. Depoimento pessoal • Oitiva das próprias partes pelo juízo; • Pode gerar a confissão → intimação deve ser pessoal; • Prova oral→ AIJ, como regra geral; • Pedido do depoimento pessoal é feito pela outra parte; • PERGUNTA: pode um litisconsorte pedir o depoimento pessoal do outro? Sim, nos termos do Enunciado 584, FPPC. Diferenciações importantes INTERROGATÓRIO DEPOIMENTO PESSOAL POR INICIATIVA DA PARTE DEPOIMENTO PESSOAL Oitiva da parte Oitiva da parte Oitiva da parte Determinada pelo juiz, de ofício ou mediante provocação Espontânea Pedido deve ser feito pela outra parte Pode ocorrer em qualquer momento do processo Qualquer momento Regra geral, ocorre na AIJ Não gera a pena de confesso Não gera pena de confesso Pode gerar a confissão Art. 139, VIII, e artigo 385, CPC Prova atípica Arts. 385 a 388, CPC Confissão • Admissão pela parte da verdade de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário; • Meio de prova típica: arts. 389 a 395, CPC; • Há relação entre a confissão de uma parte e a prestação de tutela jurisdicional em favor da outra? A confissão é a “rainha das provas”? • Ex: art. 1.602, CC → é insuficiente a confissão da mãe para excluir a paternidade. Efeitos da confissão e litisconsórcio: • Autonomia para a prática de condutas entre os litisconsortes: condutas alternativas e determinantes; • Litisconsórcio simples x unitário. Condutas alternativas vs. Condutas determinantes CONDUTAS DETERMINANTES CONDUTAS ALTERNATIVAS Leva a uma situação desfavorável. A parte busca uma melhora da sua situação processual. Alternativa: o resultado pode não ocorrer, mas é o que se busca. Confissão, revelia, reconhecimento de procedência do pedido, renúncia ao direito sobre o qual se funda a demanda, etc. Recorrer, contestar, fazer prova, etc. Regra – A conduta determinante de um litisconsorte não pode prejudicar o outro, qualquer que seja o regime do litisconsórcio Unitário: a conduta será TOTALMENTE ineficaz; Simples: somente prejudica aquela que a praticou. Exibição de documento ou coisa – arts. 396, ss, CPC: • Documentos ou coisas em poder de terceiro ou da parte contrária: multa cominatória ou medidas atípicas podem ser determinadas. • O que fazer nos casos em que a exibição de documento ou coisa precisa anteceder o início do processo? 1. Procedimento da tutela provisória de urgência antecipada antecedente ou cautelar antecedente; 2. Produção antecipada de prova; 3. Procedimento de exibição de prova ou coisa – arts. 397 e ss, CPC – Cassio S. Bueno. Prova documental • Força probante dos documentos; • Momento de produção; • Arguição de falsidade: • Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos. • Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal, nos termos do inciso II do art. 19. • Abolição da ação declaratória incidental de falsidade de documento! Prova para comprovar a (não) falsidade: ela pode ser dispensada? • Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o exame pericial. • Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o documento concordar em retirá-lo. • VERDADEIRO NJP UNILATERAL. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA – DAS AÇÕES DE FAMÍLIA Previsão legal: Arts. 693, SS, NCPC Sem correspondência no CPC de 1973. Por que criar um rito especial? Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-ND http://www.ufrgs.br/vies/vies/vem-pro-time-dos-viloes-voce-tambem/ https://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/ Quero te ouvir! http://bit.ly/ acoesdealimentos http://bit.ly/acoesdealimentos http://bit.ly/acoesdealimentos Cabimento: Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação. Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de adolescente observarão o procedimento previsto em legislação específica, aplicando-se, no que couber, as disposições deste Capítulo. → Lei de Alimentos – Lei 5.478/69 → ECA – Lei 8.069/90 Alienação parental: • Art. 699. Quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado a abuso ou a alienação parental, o juiz, ao tomar o depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado por especialista. • Lei 12.318 de 2010 – dispõe sobre a alienação parental. Recomendação de leitura: • O Novo CPC e o Direito de Família: Primeiras Impressões • Por Pablo Stolze • http://salomaoviana.jusbrasil.com.br/artigos/195620876/o-novo-cpc-e-o- direito-de-familia-primeiras-impressoes • Acesso em: 28 de agosto de 2018. http://salomaoviana.jusbrasil.com.br/artigos/195620876/o-novo-cpc-e-o-direito-de-familia-primeiras-impressoes Prova e intervenções de terceiros Nova intervenção de terceiros : amicus curiae Amicus curiae Prova pericial Amicus Curiae (art. 138 NCPC) • Não é uma figura nova. • Direito romano. • Já havia previsão legal: ADI, ADPF, p.ex. • Novidade: o instituto espraia-se para todo o processo civil. • NCPC – 138: intervenção de terceiros! • É preciso demonstrar interesse jurídico? Não. • Deve demonstrar representatividade sobre a matéria. • “Interesse institucional” – Cássio. S. Bueno. Objetivos do AC: ➢As decisões judiciais, ainda que individuais, têm reflexo para toda a sociedade. ➢Aumento de força dos julgados dos Tribunais. ➢Ampliar a legitimidade democrática da decisão judicial ministrando elementos importantes para julgamento. ➢Ouvir e trazer para o processos outros aspectos da demanda. Cabimento em qualquer processo, desde que haja: i) relevância da matéria e ii) a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia Texto da lei: Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. • (espontânea ou provocada): • pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada c/representatividade adequada Legitimidade Diferenças • a) MP como fiscal (sem interesse no resultado do julgamento + órgão opinativo + poderes mais amplos que o amicus) • b) Assistente (com interesse no resultado do julgamento + poderes mais amplos que o amicus) Poderes (art. 138, §§ 2º e 3º, NCPC) 1. o juiz define + não pode recorrer (salvo IRDR) 2. não se altera competência. 3. Pode opor embargos de declaração. • Ex: processo na estadual → União intervém: não há deslocamento para a federal. Art. 138 NCPC. O juiz ou o relator, considerando a relevânciada matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. Art. 138, • § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o. • § 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae. • § 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. Cabe agravo de instrumento pelo AC? • Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: • IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; • Cf. STF, ADPF 187/DF – Amicus curiae pode recorrer da decisão que haja denegado seu pedido de admissão no processo. O AC tem direito a remuneração? • Não é parte. • Não é contemplado no dispositivo da sentença. • Não responde por custas, ônus, honorários. Cabe a intervenção de AC nos procedimentos especiais em que há vedação de intervenção de 3os? • Sim. “O veto deve ser interpretado como aplicável apenas às formas de intervenção em que o 3º torna-se parte ou assume subsidiariamente os poderes de parte.” – p. 440 – CPC comentado – Eduardo Talamini. • Cabe, assim, AC em processo dos Juizados e em MS! Amicus X Perito • Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. • § 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. • § 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. • § 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. Produção de prova técnica simplificada • O perito e a perícia são, portanto, inevitáveis naquelas causas em que o conhecimento técnico e científico, necessários ao julgamento, ultrapassam aqueles que podemos exigir de uma pessoa com nível médio de instrução. • O juiz nomeia o perito, este afirma se aceita a incumbência, estipula seus honorários, as partes se manifestam sobre o valor, podendo impugná-lo, depois têm prazo para recolher a quantia, para formular quesitos e apresentar assistente técnico, depois podem impugnar os quesitos da parte contrária, sendo o juiz chamado a decidir a impugnação... • Isso tudo, evidentemente, sem levar em consideração a possibilidade de a parte pedir a destituição do perito e a produção de nova prova pericial… • Ufa! Complexo, caro e demorado! O perito-testemunha no Novo CPC: uma boa ideia - http://jota.info/artigos/o-perito-testemunha-no-novo-cpc-uma-boa-ideia-01022016#.WKEAAgkeFDs.email • Temos aqui, ao menos nesse ponto, uma racional simplificação da técnica processual, associada a recursos tecnológicos. • Uma novidade a ser comemorada e que, talvez não seja suficiente para acalmar as águas do maremoto da (in) Justiça, vem como um pequeno alento. http://jota.info/artigos/o-perito-testemunha-no-novo-cpc-uma-boa-ideia-01022016#.WKEAAgkeFDs.email Compartilhamento de prova I. Regime processual experimental – Portugal II. Regime de agregação e desagregação III. Compartilhamento de prova. IV. Brasil: tese doutrinária. V. Questão de tempo?
Compartilhar