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12. Aula 12 Resumo 5º Semestre - Meios de prova

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Resumo – Direito Processual Civil – 5º Semestre
Processo de Conhecimento
Prof. Paulo Dimas
8ª Parte – maio/2015 – Meios de prova: Ata Notarial, Depoimento pessoal e Confissão, Exibição de documento ou coisa com finalidade probatória.
		
Ata Notarial (art. 384 do NCPC)
“Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.”
Representa novidade quanto aos meios de prova no CPC/2015.
Essa ata é lavrada exclusivamente por notário (Tabelião de Notas), na forma do artigo 7º, III, da Lei Federal nº 8.935/94; sua finalidade é atestar ou documentar a existência de algum fato, de modo a fixá-lo de modo permanente e idôneo, incidindo então a presunção de autenticidade e veracidade inerente aos documentos públicos; cabe ao oficial público descrever os fatos ocorridos em sua presença ou em ambiente virtual; essa prática, de lavratura da ata notarial, já está sedimentada no dia a dia do foro, prestando-se a certificação de situações veiculadas na rede mundial de computadores, que podem ser facilmente deletadas, modificadas ou transferidas de endereço eletrônico; assim, para resguardar direitos e futuras providências pelos interessados, esse serviço prestado pelos notários é solicitado com grande frequência; anota a doutrina que os pedidos mais comuns da lavratura estão relacionados ao uso indevido de imagem, divulgação de textos ofensivos à honra das pessoas e informações comerciais; cabe ao notário então atestar o conteúdo de uma determinada página da internet, discriminando o dia e o horário do acesso; o parágrafo único do artigo 384 define a possibilidade de constar da ata registros de sons e de imagens.
Confissão e depoimento pessoal
Depoimento pessoal consiste no testemunho da parte em juízo.
Consiste em meio de prova, pelo qual a parte é inquirida, a pedido do adversário, a respeito dos fatos relevantes para a solução da lide.
É um instituto voltado a provocar a confissão e a elucidação dos fatos debatidos no processo.
O sujeito do depoimento pessoal é aquele que figura como parte no processo e tem capacidade jurídica.
O objeto do depoimento pessoal são os fatos da causa.
A iniciativa da diligência pode ser da parte contrária ou do próprio juiz.
Faz-se então distinção entre depoimento pessoal e interrogatório.
O depoimento pessoal é sempre requerido pelo adversário, é colhido normalmente na audiência de instrução e julgamento e tem por finalidade provocar a confissão.
Já o interrogatório é determinado de ofício pelo juiz, pode ser realizado em qualquer fase do procedimento e se destina a fornecer subsídios para o julgamento do feito; não se aplica então a pena de confesso caso a parte não compareça à audiência para interrogatório ou, comparecendo, se recuse a depor.
Não se admite requerimento para depoimento pessoal da própria parte ou de litisconsorte. O pedido deve ser feito para inquirição de quem ocupa o polo oposto da relação processual.
O Ministério Público, atuando como fiscal da lei, pode requerê-lo.
Se a parte for pessoa jurídica, o depoimento será prestado pelos seus representantes legais.
A parte (autor ou réu), uma vez intimada, deve comparecer em juízo e prestar o depoimento, o que representa um ônus processual; se a parte não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, estará sujeita a uma consequência negativa, qual seja, a aplicação da pena de confesso; o juiz admite então como verdadeiros os fatos alegados contra ela.
A pena de confesso também pode ser aplicada pelo juiz quando a parte, sem motivo justificado, calar-se ou deixar de responder adequadamente o que lhe for perguntado, empregando evasivas.
A parte, no entanto, pode se escusar de depor nas hipóteses previstas nos artigos 347 do CPC/73 e 388 do CPC/2015; o novo CPC trouxe relevante ampliação dos casos em que a escusa pode ser admitida (ler os artigos adiante transcritos).
Procedimento
O depoimento pessoal normalmente é requerido na petição inicial ou na contestação e via de regra é prestado na audiência de instrução e julgamento.
A parte deve ser intimada pessoalmente, com a advertência da pena de confesso.
Admite-se, por exceção, a produção antecipada dessa prova (v. arts. 846/848 do CPC/73 e 381/383 do CPC/2015).
Admite-se ainda a inquirição da parte por precatória ou rogatória, se residir fora da comarca onde tramita o feito; o NCPC preconiza a possibilidade do depoimento ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (v. § 3º do art. 385).
Observa-se a mesma forma prevista para a inquirição de testemunhas, ressalvadas as disposições incompatíveis; o advogado do depoente não poderá fazer reperguntas; o litigante que ainda não prestou depoimento não pode assistir a inquirição do litisconsorte ou do adversário.
Na audiência de instrução e julgamento o depoimento das partes é tomado antes da oitiva das testemunhas. Primeiro ouve-se o autor, depois o réu.
O novo CPC permite que o advogado da parte adversa formule as suas perguntas diretamente ao depoente; o juiz poderá formular suas perguntas à parte depoente antes ou depois da intervenção do advogado; cabe ao juiz indeferir perguntas impertinentes, repetitivas ou que tenham por escopo induzir a resposta; no sistema do CPC vigente, o advogado formula suas indagações por intermédio do juiz.
CPC/73 CPC/2015
	Do Depoimento Pessoal
	Do Depoimento Pessoal
	Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.
	
	Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o depoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento.
	Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
	§ 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor.
	
	§ 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juiz Ihe aplicará a pena de confissão.
	§ 1.° Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
	Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de testemunhas.
	
	Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte.
	§ 2.° É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte.
	
	§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
	Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que Ihe for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
	Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
	Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos adrede preparados; o juiz Ihe permitirá, todavia, a consultaa notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.
	Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente preparados; o juiz lhe permitirá, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.
	Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:
	Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
	I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados;
	I – criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
	II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
	II – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
	
	III – acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível;
	
	IV – que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III.
	Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e de anulação de casamento.
	Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado e de família.
Confissão
Consiste no reconhecimento, pela parte, de serem verdadeiros os fatos ou alguns dos fatos alegados pelo adversário.
Confissão diz respeito então a fatos desfavoráveis ao confitente e favoráveis à parte contrária.
A confissão não se confunde com reconhecimento da procedência do pedido pelo réu, que é causa de extinção do processo, com julgamento do mérito; também não se confunde com renúncia ao direito sobre que se funda a ação; mediante confissão a parte (autor ou réu) apenas admite a veracidade de fato alegado pelo adversário, sem reconhecer a justiça ou injustiça da pretensão deste; o fato confessado pode ou não levar à vitória do adversário; portanto, na confissão a parte não abre mão do seu direito.
A confissão é considerada meio de prova de excepcional eficácia, pois a partir dela o fato se torna incontroverso, dispensando outras provas a respeito; os seus efeitos são análogos aos da revelia.
A confissão só é válida:
1) sobre fatos relativos a direitos disponíveis, ou seja, deve haver disponibilidade do direito relacionado com o fato confessado (ex.: não se admite confissão nas ações relativas ao estado da pessoa ou à filiação – destituição do poder familiar, anulação de casamento, investigação de paternidade, e mesmo nas ações movidas contra a Fazenda Pública);
2) quando inexigível forma especial para a validade do ato judicial confessado (ex.: confissão não supre escritura pública quando esta for da substância do negócio jurídico);
3) se emanar de pessoa capaz de obrigar-se; é inadmissível a confissão de incapaz, mesmo por seu representante legal.
(v. arts. 350 e 351 do CPC/73 e 391/392 do CPC/2015).
A confissão deve conter um elemento subjetivo, intencional, que é a vontade de reconhecer a verdade do fato alegado pelo adversário.
Espécies de confissão
Pode ser judicial ou extrajudicial (v. arts. 348 do CPC/73 e 389 do CPC/2015).
Confissão Judicial: feita em juízo nos próprios autos, a qualquer tempo; pode ser escrita (na contestação, réplica ou em outra petição oferecida) ou verbal (durante o depoimento pessoal).
Fala-se ainda que a confissão judicial pode ser espontânea ou provocada (v. arts. 349 do CPC/73 e 390 do CPC/2015); a provocada resulta normalmente do depoimento pessoal da parte, quando ela responde as perguntas do juiz ou do advogado do adversário; a espontânea resulta da iniciativa do próprio confitente e é manifestada em petição dirigida ao juízo.
Confissão extrajudicial: é feita fora do processo, por escrito ou oralmente, perante a parte contrária ou terceiros, ou ainda por testamento (v. arts. 353 do CPC/73 e 394 do CPC/2015); deve ser provada nos autos por documentos ou testemunhas.
A confissão judicial e a extrajudicial podem ser feitas pela parte ou por representante com poder especial (v. arts. 349, parágrafo único, do CPC/73 e 390, § 1º, do CPC/2015).
A confissão também pode ser expressa ou tácita (ficta); a expressa é feita de forma categórica, por escrito ou oralmente; a ficta ou tácita decorre da falta de impugnação na contestação dos fatos alegados na petição inicial ou da omissão da parte em falar quando provocada (geralmente resulta da recusa da parte em prestar depoimento).
A eficácia da confissão judicial e extrajudicial está prevista nos artigos 350 e 353 do CPC/73 e 391 e 394 do CPC/2015 (ler os artigos adiante transcritos); a confissão judicial faz prova contra o confitente, não podendo prejudicar os litisconsortes; “nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens”.
Uma vez considerada eficaz, a confissão é irretratável.
O confitente poderá pleitear a anulação da confissão em ação própria, diante da presença de vício de consentimento; o CPC/73 faz referência ao cabimento de ação anulatória, se o processo em que se deu a confissão ainda estiver em andamento, ou de ação rescisória se transitou em julgado a sentença de mérito proferida com fundamento na confissão viciada; o novo CPC menciona apenas a possibilidade de ação anulatória, pois não mais se insere dentre os fundamentos para ajuizar uma ação rescisória eventual vício da confissão manifestada.
Os artigos 354 do CPC/73 e 395 do CPC/2015 preconizam a indivisibilidade da confissão; isso quer dizer que se o ato da confissão abordar vários pontos, deve ser considerado como um todo, ou seja, tanto naquilo que for favorável ou desfavorável à parte a quem aproveita a confissão; esta, porém, poderá cindir-se quando o confitente a ela aduzir fato novo, capaz de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
CPC/73 CPC/2015
	Da Confissão
	Da Confissão
	Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.
	Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário.
	Art. 349. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada. Da confissão espontânea, tanto que requerida pela parte, se lavrará o respectivo termo nos autos; a confissão provocada constará do depoimento pessoal prestado pela parte.
	Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada.
	Parágrafo único. A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte, ou por mandatário com poderes especiais.
	§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte ou por representante com poder especial.
	
	§ 2º A confissão provocada constará do termo de depoimento pessoal.
	Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.
	Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.
	Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.
	Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o da separação absoluta de bens.
	Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.
	Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.
	
	§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
	
	§ 2º A confissão feita por um representante somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado.
	Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada:
	Art. 393. A confissão é irrevogável, maspode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação.
	I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;
	
	II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único fundamento.
	
	Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos casos de que trata este artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.
	Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput é exclusiva do confitente e pode ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura.
	Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tem a mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, será livremente apreciada pelo juiz.
	
	Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.
	Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.
	Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente lhe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
	Art. 395. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
Exibição de documento ou coisa com finalidade probatória
Pretensão à exibição de documento ou coisa manifestada por um litigante contra o outro ou contra terceiro tem o caráter de ação; tem ela por objeto a apresentação em juízo de coisa corpórea ou documento com a finalidade de fazer prova de fatos relevantes da causa; a ideia é assegurar o direito à produção da prova. 
A pretensão exibitória pode ser preparatória ou incidental. 
Preparatória: visa amealhar a prova constante de documento ou coisa, com o qual terá de instruir a ação de conhecimento a ser proposta no futuro.
Incidental: visa à prova de um fato numa lide pendente; pressupõe processo de conhecimento em curso. 
Partes:
requerente da exibição: é aquele que tem interesse específico em fazer prova de um fato que se discute ou será discutido em processo de conhecimento; 
requerido: é aquele que está obrigado ou no dever de exibir documento ou coisa; pode ser a parte contrária ou terceiro estranho à lide e que está na obrigação de exibir. 
O direito à exibição e à obrigação de exibir se resolvem de acordo com o disposto nos artigos 358 do CPC/73 e 399 do CPC/2015, transcritos adiante.
O direito à exibição existe quando: 
- o requerido tiver obrigação de exibir (detentor do testamento cerrado, de livros empresariais numa ação de dissolução da sociedade, do título de domínio do bem nomeado à penhora, etc.);
- o requerido aludiu ao documento ou à coisa no processo com o intuito de constituir prova (nesse caso nasce para o adversário o direito de conhecer o documento ou a coisa e de reclamar sua exibição em juízo; por força do princípio da comunhão da prova o objeto se tornou processualmente comum às partes); 
- o documento, por seu conteúdo, for comum às partes (ex.: instrumento de contrato em que existe apenas uma via em poder de um dos contratantes). 
Nesses casos não se admite a recusa em exibir; o juiz aplicará ao requerido as consequências da recusa ilegítima. 
A recusa manifestada pela parte contrária ou por terceiro é considerada legítima quando delineada qualquer das hipóteses previstas nos arts. 363 do CPC/73 e 404 do CPC/2015 (ex.: documento ou coisa concernente a negócios da própria família, possibilidade da violação de dever de honra, etc.); predominam os valores da família e da intimidade justa. 
A exibição de documento ou coisa com finalidade probatória pode ser requerida, além da parte interessada, por terceiros intervenientes e pelo representante do Ministério Público quando atua como fiscal da ordem jurídica.
OBS.: o CPC de 1973 cuida da exibição de documento ou coisa como meio de prova e como “procedimento cautelar específico” (arts. 844 e 845); este fica reservado à hipótese em que o pedido da exibição é formulado antes da instauração do processo de conhecimento; o novo CPC disciplina a exibição apenas como meio de prova, em caráter incidental ao processo de conhecimento em curso, não ficando afastada, porém, a possibilidade de se requerer a exibição também em caráter antecedente, como se fosse uma ação probatória autônoma, nos moldes do artigo 351 (CPC/2015).
O pedido de exibição deve conter os requisitos previstos nos arts. 356 do CPC/73 e 397 do CPC/2015 (individuação da coisa ou documento, finalidade da prova e indicação das circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder do requerido).
PROCEDIMENTO
Pedido de exibição em face da parte contrária, no curso de processo de conhecimento. 
A exibição pode ser requerida na petição inicial ou na contestação, ou logo após o adversário mencionar a existência do documento; quando se trata de pedido incidental, não há autuação em separado, ou seja, processa-se nos próprios autos da ação originária.
O requerido é intimado para responder em cinco dias:
- feita a exibição, encerra-se o incidente;
- se o requerido não responde o pedido, não efetua a exibição quando determinado ou se sua recusa for considerada ilegítima, o juiz profere decisão interlocutória, admitindo como verdadeiros os fatos que seriam provados por meio do documento ou da coisa (EXTRAEM-SE ARGUMENTOS PROBATÓRIOS CONTRA O REQUERIDO, COM EFICÁCIA DE CONFISSÃO FICTA – v. arts. 359 do CPC/73 e 400 do CPC/2015);
- quando o requerido nega a existência do documento ou da coisa em seu poder, cabe ao requerente o ônus de provar a inveracidade da afirmação (arts. 357 do CPC/73 e 398, parágrafo único, do CPC/2015);
- alegada a inexistência da obrigação de exibir, o juiz examina a pertinência dos argumentos apresentados; não os acolhendo, admitirá como verdadeiros os fatos que seriam provados por meio do documento ou da coisa; 
- considerando justo o motivo invocado, o juiz dispensa o requerido da exibição. 
OBS.: o novo CPC traz inovação, dando conta que, sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido (v. parágrafo único do art. 400); essas medidas normalmente serão cabíveis quando o pedido exibitório é feito em caráter antecedente em face daquele que eventualmente responderá aos termos da ação de conhecimento; a presunção de veracidade dos fatos somente poderá incidir na hipótese de exibição requerida pela parte em face do adversário ou determinada de ofício pelo juiz quando já há ação de conhecimento em curso; na hipótese de pedido antecedente, não há como o juiz dessa ação probatória autônoma extrair argumentos probatórios contra o requerido, de modo a vincular a solução a ser dada pelo juiz do futuro processo de conhecimento.
Procedimento da exibitória contra 3º
Terceiro – pessoa estranha à lide pendente; é estabelecida uma relação processual paralela em face desse terceiro, não se tratando, nesse caso, de mero incidente processual.
A petição deve conter os requisitos dos arts. 356 do CPC/73 e 397 do CPC/2015. 
O terceiro é citado para exibir ou responder; o CPC/73 estipula o prazo de 10 dias e o novo CPC fixa-o em 15 dias (v. arts. 360 do CPC/73 e 401 do CPC/2015). 
Quando o terceiro exibe o documento ou coisa, encerra-se o procedimento; a revelia enseja o julgamento antecipado, com a condenação do terceiro a depositar à disposição do juízo o documento ou coisa; quando o terceiro nega a obrigação de exibir ou a possedo objeto, é designada audiência especial; nela é tomado o depoimento do requerido, bem como o das partes e, se necessário, o de testemunhas; na sequência, o juiz profere decisão (v. arts. 361 do CPC/73 e 402 do CPC/2015).
Defesas possíveis ao terceiro: fatos previstos nos arts. 363 do CPC/73 e 404 do CPC/2015, pelos quais se escusa de exibir em juízo o documento ou a coisa, e a inexistência do objeto em seu poder.
Considerada injusta a recusa a exibir, o juiz ordena o depósito em cinco dias, às expensas do requerente; descumprida a ordem, o juiz faz expedir mandado de apreensão, a ser cumprido com o auxílio de força policial se for o caso; tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência (v. arts. 362 do CPC/73 e 403 do CPC/2015). 
OBS.: o novo CPC também preconiza a possibilidade da imposição ao terceiro do pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias, necessárias para assegurar a efetivação da decisão.
A obrigação do terceiro decorre da previsão de que qualquer pessoa está obrigada a colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade. 
CPC/73 CPC/2015
	Art. 339. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade.
	Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade.
Disposições do CPC relacionadas à exibição de documento ou coisa:
CPC/73 CPC/2015
	Da Exibição de Documento ou Coisa
	Da Exibição de Documento ou Coisa
	Art. 355. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se ache em seu poder.
	Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre em seu poder.
	
	
	
	
	
	
	Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:
	Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:
	I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;
	I – a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;
	II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;
	II – a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;
	III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.
	III – as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.
	Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subseqüentes à sua intimação. Se afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
	Art. 398. O requerido dará a sua resposta nos cinco dias subsequentes a sua intimação. 
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
	Art. 358. O juiz não admitirá a recusa:
	Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:
	I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;
	I – o requerido tiver obrigação legal de exibir;
	II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;
	II – o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;
	III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
	III – o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
	Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar:
	Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar se:
	I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 357;
	I – o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 398;
	II - se a recusa for havida por ilegítima.
	II – a recusa for havida por ilegítima.
	
	Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.
	
	
	Art. 360. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz mandará citá-lo para responder no prazo de 10 (dez) dias.
	Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de quinze dias.
	Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, de testemunhas; em seguida proferirá a sentença.
	Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
	Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse das despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência.
	Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de cinco dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.
	
	
	Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa: 
	Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa, se:
	I - se concernente a negócios da própria vida da família;
	I – concernente a negócios da própria vida da família;
	II - se a sua apresentação puder violar dever de honra; 
	II – sua apresentação puder violar dever de honra;
	III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação penal;
	III – sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação penal;
	IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo; 
	IV – sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo;
	V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição. 
	V – subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição;
	
	VI – houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.
	Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os ns. I a V disserem respeito só a uma parte do conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser apresentada em juízo. 
	Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI do caput disserem respeito a apenas uma parcela do documento, a parte ou terceiro exibirá a outra em cartório, para dela ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado.

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