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trabalho sobre recuperação judicial p2

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Discorra sobre o pedido de Recuperação Judicial de Microempresas (ME) e de Empresas de Pequeno Porte (EPP), especialmente no que diz respeito a) aos critérios legais para que empresas sejam caracterizadas como ME ou EPP, b) ao rito previsto na Lei de Falências para a recuperação, c) às objeções que podem ser apresentadas pelos credores e d) aos efeitos da sentença de homologação da recuperação judicial
aos critérios legais para que empresas sejam caracterizadas como ME ou EPP,
As Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP) representam a maioria dos empreendimentos brasileiros. As características similares dessas pequenas empresas costumam gerar algumas dúvidas em relação ao enquadramento.
As Microempresas (ME) são empreendimentos que apresentam um faturamento anual de até R$360 mil. As Empresas de Pequeno Porte, representadas pela sigla EPP, tem faturamento entre R$ 360 mil e R$ 3.6 milhões. Os empreendimentos que enquadram como ME ou EPP tem vários benefícios proporcionados pela Lei 123/2006. A Lei Geral para as microempresas e pequenas empresas Instituiu-se um regime tributário específico, o Simples Nacional, com redução da carga de impostos e simplificação dos processos de cálculo e recolhimento.¹
Muitos empreendedores têm dúvidas sobre o enquadramento das Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP). O principal requisito é o teto de faturamento delimitado pela lei. Mas outros aspectos também impactam no enquadramento, independente da empresa estar ou não inscrita no Simples Nacional. Para ser enquadrada como ME ou PP não pode haver participação de outra pessoa jurídica no capital, nem a empresa participar do capital de outra companhia. Também existem algumas restrições em relação às atividades. Essas empresas não podem exercer atividades de banco comercial, de investimento e desenvolvimento, de sociedade de crédito, entre outras relacionadas.
b) ao rito previsto na Lei de Falências para a recuperação
O devedor, ao requerer o pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, deverá estar exercendo regularmente as suas atividades há mais de 2 (dois) anos, atender aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
1) não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
2) não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
3) não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial que é a Falência; 
4) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na lei falimentar.
Pode-se dizer que há a recuperação judicial com plano ordinário de recuperação e a recuperação judicial com plano especial, do qual podem optar as empresas abrangidas pelo regime jurídico das microempresas e empresas de pequeno porte.
A microempresa ou empresa de pequeno porte que optar pelo plano especial, o que será feito de forma expressa na petição inicial, deverá se submeter aos regramentos específicos previstos entre os arts. 70 e 72 da lei 11.101/05. Claro é, no entanto, que naquilo em que for omisso, será aplicável o mesmo procedimento adotado ordinariamente nas demais recuperações judiciais 
c) às objeções que podem ser apresentadas pelos credores
A Assembléia Geral de credores, um dos órgãos mais importantes do instituto da recuperação judicial, tem por atribuição única deliberar nesse procedimento, conforme as determinações do art. 35 da LFRE, sobre: a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) a constituição do Comitê de credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 da lei; d) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; e, e) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
Neste sentido vamos citar apenas da deliberação prevista na letra a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor, que por si só e em toda a sua extensão seria causa para se escrever um livro. Contudo, vamos abordar neste espaço aquilo que entendemos ser corriqueiro e de mais utilidade quando da realização de uma AGC.
Como exemplo, perguntamos se é obrigatória a existência de Assembléia Geral de credores numa recuperação judicial? Ao contrário do que talvez a maioria pense, responderíamos de pronto que, em princípio, não! Isto porque, se nenhum credor oferecer tempestivamente qualquer objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor/recuperando, não haverá a necessidade de AGC, já que sua função única é deliberar. Ao contrário, havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial apresentado, diz a lei, o juiz convocará a Assembléia Geral de credores para deliberar sobre o mesmo.
O TJ/GO, com relatoria do eminente Desembargador Carlos Escher, 4a Câmara Cível, no Agravo de Instrumento número 446863-11.2009.8.09.0000, julgado em 12/8/10, Dje de 31/8/10, assim decidiu: "Agravo de Instrumento. Recuperação Judicial. Homologação do Plano de Recuperação sem realização de assembléia geral de credores. Objeções intempestivas. Desistência. I – A homologação do plano de recuperação judicial só será condicionada à prévia assembléia geral de credores se houverem impugnações tempestivas, segundo o artigo 55 da lei de falências. Não havendo provas de tais impugnações, correta a decisão que homologa o referido plano. 2. – Tratando-se de direito disponível é lícito a qualquer credor desistir da objeção interposta. Agravo improvido".³
d) aos efeitos da sentença de homologação da recuperação judicial
SENTENÇA DE ENCERRAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Cumpridas as obrigações vencidas no prazo no prazo de 2 (dois) anos, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial e determinará:
a) o pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial, somente podendo efetuar a quitação dessas obrigações mediante prestação de contas, no prazo de 30 (trinta) dias, e aprovação do relatório circunstanciado do administrador judicial;
b) a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas;
c) a apresentação de relatório circunstanciado do administrador judicial, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, versando sobre a execução do plano de recuperação pelo devedor;
d) a dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do administrador judicial;
e) a comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis.
Referencias Legislativas
Base: Lei 11.101/2005.
¹ Conforme art. 27 da LC 123/06:
Art. 27. As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e controles das operações realizadas, conforme regulamentação do Comitê Gestor.
³ Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta lei.
Referencias Bibliográficas
YAMADA, Camila Barboza. Recuperação judicial com base em plano especial para as microempresas e empresas de pequeno porte: alterações promovidas pela lei complementar 147/2014. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20, n. 4388, 7 jul.2015.

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