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PERGUNTAS AV2 PROCESSO CIVIL I

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PERGUNTAS AV2 – DIREITO PROCESSO CIVIL I
Quais são os atos processuais?
R: Atos processuais são os atos do processo, que têm por efeito a constituição, conservação, desenvolvimento, modificação ou cessação da relação processual. Diferenciam-se dos demais atos jurídicos pelo fato de pertencerem ao processo e produzirem efeito jurídico direto e imediato sobre a relação processual, seja na sua constituição, desenvolvimento ou extinção (Humberto Theodoro Junior. Curso de Direito Processual Civil. 41ª edição. Vol. I. p. 199). Os atos processuais são espécies de atos jurídicos.
2.1 Classificação dos atos processuais
Falou-se que os atos processuais podem ser exercidos pelos diversos sujeitos do processo, e que pelo procedimento bem desenvolvido o resultado dos atos torna a relação processual mais eficaz.
Na classificação de (GRINOVER; CINTRA; DINAMARCO - 2013, p. 370), os atos processuais podem ser classificados da seguinte forma:
a) atos dos órgãos judiciários (juiz e auxiliares) e atos das partes; 
b) atos simples e complexos.
Por outro lado, na classificação de Silva e Gomes (2006, p. 213-216), os atos processuais podem ser classificados da seguinte forma:
a) atos processuais das partes;
b) atos processuais do Juiz.
Na primeira classificação GRINOVER; CINTRA; DINAMARCO (2013, p. 372), os atos dos órgãos judiciários (juízes e auxiliares), compreendem as atividades do juiz no processo, que se dividem em duas categorias: a) atos de provimento - b) atos reais ou materiais.
Nos atos de provimentos, o juiz se pronuncia dentro do processo, exprime suas falas verbalmente ou por escrito, decide alguma pretensão ou determina providências. 
Os pronunciamentos do juiz são finais ou interlocutórios. Os finais decidem a causa, como por exemplo, a sentença, na qual a parte insatisfeita com a decisão poderá recorrer ao segundo grau a fim de modificá-la no todo ou em parte, tendo uma exceção o art. 463 do Código de Processo Civil. Os interlocutórios, não decidem a causa, são atividades de meio, pronunciadas ao longo de um processo tanto para esclarecer, ou informar determinada situação.
Já, os atos materiais não determinam, apenas instruem e documentam (inspeções de pessoas ou coisas, alegações, rubrica de folhas, assinatura, etc).
Seguindo a mesma classificação, os auxiliares da justiça, coordenam as tarefas de movimentação, documentação e execução.
a) movimentação: atos realizados através do escrivão e seus funcionários, por exemplo: conclusão dos autos ao juiz, a vista às partes, a remessa ao contador, emissão de certidões etc.;
b) documentação: a lavratura dos termos referentes à movimentação, conclusão, vista, termos de audiências, etc;
c) execução: encargos do oficial de Justiça, normalmente atos realizados fora dos auditórios e cartórios (penhora prisão, busca e apreensão, etc).
Nos atos processuais das partes ocorrem à movimentação do processo pelas partes, com a postulação, a disposição e instrução, portanto se classificam em:
a) Atos postulatórios: a parte pede um provimento jurisdicional (denúncia, petição inicial, contestação, recurso);
b) Atos dispositivos: a parte desiste de um direito, de determinada posição jurídica por diversos motivos, podendo desistir do processo, do recurso, etc.
c) Atos instrutórios: As partes colecionam e instruem as provas, que levam ao livre convencimento do juiz.
d) Atos reais: manifestação física das partes no processo, como ex: pagando custas, comparecendo fisicamente às audiências, exibindo documentos, submetendo-se a exames, prestando depoimento.
Nesse sentido focaliza a doutrina (GRINOVER; CINTRA; DINAMARCO - 2013, p. 357):
Os atos materiais não têm como os precedentes, qualquer caráter de resolução ou determinação. São das seguintes espécies: a) instrutórios (realizar inspeções em pessoas ou coisas, ouvir alegações dos procuradores das partes etc); b) de documentação (rubricar folhas dos autos, referentes a ato em que haja intervindo e assinar a folha final).
Na classificação da mesma autora, os atos processuais se subdividem em simples e complexos:
a) Atos Simples: se realizam em um só procedimento e são suficientes para produzir efeitos jurídicos, como ex: a demanda inicial, contestação, sentença e etc;
b) Atos complexos: praticados por diversos sujeitos processuais unidos por uma finalidade comum, como ex: as audiências, sessões.
Quais são os atos processuais praticados pelo juiz?
Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. 
Sentenças são os atos pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa. 
Em decidindo o mérito da causa, a sentença será denominada de sentença definitiva; mas se extinguir o processo sem julgar o mérito da causa será denominada de sentença terminativa.
Decisões interlocutórias são os atos pelos quais o juiz, no curso do processo, resolve questões incidentes. 
Despachos são todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabeleça outra forma. 
Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz, quando necessário.
Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos Tribunais.
As sentenças e os acórdãos conterão um relatório, os fundamentos e um dispositivo, em consonância com o art. 458, CPC; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso.
Qual é a diferença entre ato simples e ato complexo?
Em um Ato Simples a manifestação de vontade de um órgão independendo de ser unipessoal ou colegiado, já está formado com a manifestação de vontade, sem depender de outro ato que o torne eficaz.
No Ato Complexo para sua formação é necessário a manifestação de um ou mais órgãos para dar a existência do ato. Nesse casso o ato só se aperfeiçoa e torna se apto a gerar efeitos quando houver a manifestação de vontade distinta dos órgãos que produzirem o ato.
Já no caso dos Atos Compostos, temos que para a sua formação e produção de efeitos precisamos da manifestação de um só órgão mas que para produzir efeitos é necessário outro ato que o aprove, sendo este considerado ato instrumental. Percebemos que para a formação do ato composto é necessário um ato principal e outro ato acessório para sua formação. Tais atos acessórios podem ser, aprovação, autorização, ratificação, visto ou homologação, podendo ser posterior ou prévio ao ato principal.
O que é e quais são os tipos de preclusão?
A preclusão é definida como a perda de uma situação jurídica ativa processual: seja a perda de poder processual das partes, seja a perda de um poder do julgador (juiz)[2].
De acordo com a clássica definição de Giuseppe Chiovenda, a preclusão consiste na perda, ou na extinção ou na consumação de uma faculdade processual, em razão de: i) de a parte não ter observado a ordem assinalada pela lei para a prática de uma faculdade; ii) de a parte ter realizado atividade incompatível com o exercício da de uma faculdade; iii) de ter a parte já exercido validamente a faculdade[3].
Marinoni, fazendo um paralelo com figuras do direito material, como a prescrição e a decadência,afirma que a preclusão consiste na perda de “direitos processuais”, que pode decorrer de várias causas[4]. 
Ocorre que a decadência, que é a perda do direito potestativo em razão do seu não exercício dentro do prazo legal ou convencional, distancia-se da preclusão por se referir, em regra, à perda de direitos pré-processuais. 
Conforme a conhecida definição de Chiovenda, existem três tipos de preclusão: temporal, lógica e consumativa.
A preclusão temporal é a perda do poder processual em decorrência da perda do prazo para o seu exercício. Escoado o prazo para a prática de determinado ato, extingue-se o direito de praticá-lo (art. 183 do CPC)[6].
Para a maior parte da doutrina, a preclusão ocorre quando as partes perdem prazos próprios, considerados preclusivos. Isso se dá, por exemplo,quando a parte deixar de apresentar contestação ou recurso no prazo legal.
Já os prazos dos magistrados são considerados impróprios (não preclusivos) por boa parte da doutrina.
O prazo é uma quantidade de tempo que é fixada para a realização de determinado ato, que se conta a partir de um determinado evento (ato superior ou anterior).
Os prazos próprios são aqueles direcionados às partes, ao Ministério Público quando este atua como parte, e a terceiros. Quando não praticados em tempo, acarretam na preclusão, ou seja, o perecimento do exercício do direito. 
Já os prazos impróprios são aqueles exercidos pelo juiz, Ministério Público quando atua como fiscal da lei, e auxiliares da justiça. Nesse caso, se o prazo não for observado, não haverá preclusão, mas sim, sanções disciplinares. 
No tocante ao tema ora discutido, Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery[7] afirmam que prazos próprios são aqueles fixados para o cumprimento do ato processual, cuja inobservância acarreta desvantagem para aquele que o descumpriu, consequência essa que normalmente é a preclusão. Já os prazos impróprios são aqueles fixados na lei apenas como parâmetro para a prática do ato, sendo que seu desatendimento não acarreta situação detrimentosa para aquele que o descumpriu, mas apenas sanções disciplinares. No último caso, segundo os autores, o ato praticado além do prazo impróprio é válido e eficaz.
O que diferencia o prazo impróprio do prazo próprio é a preclusão temporal. 
Como já explicitado, os prazos assinalados para o magistrado são impróprios e não-preclusivos. No tocante ao tema, Daniel Amorim Assumpção Neves[8] ensina que:
No que se refere ao juiz, os prazos são impróprios, pois, uma vez descumpridos, nenhum efeito processual se verificará, quando muito disciplinar. Não havendo consequência disciplinar dessa omissão, não há que se falar em preclusão temporal para o juiz, pois mesmo após transcorrido o prazo para a realização do ato, será totalmente lícita a sua realização.
Já os prazos fixados para as partes, quando peremptórios, são próprios, e o seu descumprimento gera uma consequência, qual seja, a preclusão (perda de uma situação jurídica ativa processual), na medida em que o processo é uma marcha para frente, que não admite retorno para etapas já ultrapassadas. 
A teoria dos prazos tem íntima relação com a das preclusões, já que, na maioria dos casos, objetiva impulsionar o feito (marcha para frente), sem retrocessos e/ou paralisações. Assim, a perda do prazo traz consequências jurídicas que não podem ser modificadas nem mesmo quando houver consenso.
Os prazos peremptórios são aqueles que não admitem alteração. Se o prazo é peremptório, não há como afastar as consequências jurídicas advindas de sua perda ou da intempestividade. Assim, seu desatendimento acarreta consequências para o processo.
A preclusão lógica é perda do poder processual em razão da prática de ato incompatível com seu exercício. Nas lições de Ovídio Baptista, trata-se da “impossibilidade em que se encontra a parte de praticar determinado ato ou postular certa providência judicial em razão da incompatibilidade existente entre aquilo que agora a parte pretende e sua própria conduta processual anterior”[9].
Ocorre preclusão lógica, por exemplo, quando a parte aceita, de forma expressa ou tácita, a decisão, e, em seguida, tenta impugná-la por meio de recurso.
 No tocante ao assunto, Fredie Didier ressalta que a preclusão lógica está intimamente ligada à vedação ao venire contra factum proprium (regra que proíbe o comportamento contraditório), inerente a cláusula geral de proteção da boa-fé. Segundo ele, considera-se ilícito o comportamento contraditório, por ofender o princípio da boa-fé processual.
De fato, a ideia da preclusão lógica está ligada ao brocardo do nemo potest venire contra factum proprium (ninguém pode comportar-se contrariamente aos seus próprios atos).
A preclusão consumativa é a perda do poder processual, em razão de já ter sido exercido. Se o ato pretendido já foi praticado, não é permitido alterá-lo ou repetí-lo. 
Tem relação com o brocardo ne bi in idem, utilizado no art. 158 do CPC, que atribui efeitos imediatos à prática de atos processuais.
Ocorre, por exemplo, quando a parte apresenta contestação ou recurso antes do término prazo para interposição e posteiormento deseja acrescentar alguma informação. Após o protocolo, as peças não poderão sofrer alteração, não sendo possívelcomplementá-las.
Além das três espécies apontadas, a doutrina lista ainda mais dois tipos de preclusão: a preclusão pro judicato e a preclusão punitiva.
A preclusão pro judicato é aquela que se opera em relação ao julgador. Entretanto, ela não difere das demais modalidades já comentadas.
Há quem negue a existência desse tipo de preclusão, considerando sua inutilidade, já que o juiz tem o dever de atução (função pública), não sendo razoável impor limitações às suas decisões.  Sem contar que os prazos dirigidos ao órgão jurisdicional são impróprios.
Ademais, como é admitido o juízo de retratação, em caso de interposição de recurso, não há que se falar em preclusão lógica.
Portanto, apenas é admitida a aplicação da preclusão consumativa em relação ao juiz. Em se tratando de sentença publicada, só será possível alterá-la em situações específicas, arroladas no art. 463 do CPC. Vale destacar, também, que o exame de questões de ordem pública não precluem.
Fredie Didier faz menção, ainda, à preclusão punitiva, que decorreria da prática de ato ilícito (preclusão-sanção ou preclusão punitiva). Segundo ele, caberia ao legislador determinar a eficácia jurídica que pretende ver produzida a partir de um fato jurídico, já que nada impede que a lei atribua uma mesma eficácia a um ato lícito e a um ato ilícito, como ocorre no dever de indenizar, que tanto pode decorrer de ato lícito como ilícito. Esses atos não teriam a mesma natureza, sendo distintos, muito embora tenham a mesma eficácia[10]. Sobre o assunto Fredie Didier afirma que:
Há ilícitos que geram a perda de um poder ou direito (na verdade, perda de qualquer “categoria eficacial” ou situação jurídica ativa). São chamados de ilícitos caducificantes. “Os atos ilícitos que não têm a eficácia de dever indenizativo e importa em perda de direitos, pretensões, açõs ou exceções são ditos caducificantes, spécie de fato precludente. Quer dizer: a sua eficácia conssiste em qu direitos, pretensões, ações, ou exceções caiam”.
(...)
Em todas essas hipóteses, há a perda de um poder jurídico processual decorrenteda prática de um ato ilícito; há, pois, preclusão decorrente de um ilícito  e não do descumprimento de um ônus. É preciso, enfim, completar a classificação de Chiovenda, que leva em consideração apenas a preclusão decorrente da prática de atos ilícitos[11].
A título ilustrativo, o referido autor aponta os seguintes exemplos em que ocorre a preclsão em decorrência da prática de ato ilícito: art. 995 do CPC, art. 343, § 2º do CPC, art. 198 do CPC, e art. 881 do CPC.
No entanto, a doutrina majoritária não compartilha deste entendimento[12].
Quanto à natureza jurídica, a preclusão, em regra, gera um efeito jurídico. Mas também pode dar suporte fático de um fato jurídico, como ocorre no caso da irrecorribilidade da decisão final e da invalidação de ato processual (por exemplo, a invalidação de recurso intempestivo).
Fredie Didier afirma, ainda, que a preclusão decorrente de ato ilícito teria natureza de sanção[13]. No entanto, como já dito, a doutrina majoritária entende que não, com fundamento nas lições de Chiovenda.
A preclusão seria um ônus processual, ou seja, um encargo jurídico. Nestes termos, a parte deve praticar o ato, pois se não o fizer, sofrerá as consequências advindas de seu comportamento.
Quanto aos efeitos, a preclusão é responsável pela impulsão do processo (força motriz), ou seja, determina a sequência do procedimento. 
Quando o processo chega ao fim, ocorre a preclusão máxima, qual seja, a irrecorribilidade de decisão final. A preclusão também pode levar a invalidadesprocessuais, como visto.Sobre esses efeitos, Fredie Didier, em síntese, destaca que:
Constata-se, assim, que a preclusão tem um cunho eminentemente preventivo/inibitório. Visa inibir a prática de ilícito processual invalidante: a) ao obstar que alguém adote conduta contraditória com aquela outra anteriormente adotada – o que denotaria sua deslealdade;b) ao inpedir que reproduza ato já praticado; c) ao evitar a prática de atos intempestivos, inadimissíveis por lei. Mas, praticado o ilícito invalidante prejudicial as partes ou ao interesse público, inevitável é a imputação da sanção de invalidade[14].
Como se dá a comunicação dos atos processuais?
Existe um outro meio de comunicação processual que ocorre entre juízos, por meio do qual um órgão jurisdicional solicita de outro o cumprimento de determinado ato processual. A comunicação entre juízos ocorre por meio das cartas e estas podem ser de três modalidades: carta rogatória, carta precatória e carta de ordem.
Quais os tipos de citação?
O art. 213 do CPC define a citação como sendo “o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender”. Assim, através da citação convoca-se o demandado para o processo, aperfeiçoando a relação jurídica que até então era integrada pelo autor e pelo Estado. Nesse sentido, ensinam Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery (2010) que:
Citação é a comunicação que se faz ao sujeito passivo da relação processual (réu ou interessado), de que em face dele foi ajuizada demanda ou procedimento de jurisdição voluntária, a fim de que possa, querendo, vir se defender ou se manifestar.
Diverge a doutrina a respeito da natureza da citação, se representaria pressuposto de existência do processo ou, se a um só tempo, seria um requisito de validade dos atos que lhe são posteriores e condição de eficácia do processo para o réu.
Para os adeptos da primeira concepção (pressuposto de existência), a citação angulariza a relação jurídica que até então era formada pelo autor e pelo juiz, razão pela qual, ante a sua ausência, não há que se falar em processo.
Defendendo a segunda concepção, Alexandre Freitas Câmara (2010) preceitua que:
Citação é ato integrante da cadeia de atos que compõe o procedimento, sendo essencial para que os atos subseqüentes se realizem, uma vez que, como já afirmado, num procedimento todos os atos são causa do posterior e conseqüência do anterior. Assim, não havendo citação válida, nenhum outro ato processual poderá ser validamente realizado, já que todos os atos posteriores são conseqüência deste ato de integração do demandado na relação processual.
Parece correto o segundo posicionamento uma vez que é fácil constatar a existência de processo sem citação, a exemplo do que ocorre quando o magistrado indefere a petição inicial. Nesse sentido, lembra Fredie Didier Júnior (2010) que:
Se já há processo antes da citação – que, a propósito, dá-se em seu bojo –, não se pode considerar como pressuposto de existência fato que está, na linha do tempo, em momento posterior à existência daquilo que se pretende condicionar. 
De acordo com o quanto disposto no art. 215 do CPC a citação far-se-á pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado. Nessa última hipótese é necessário que o advogado tenha poderes especiais expressos para receber citação em nome do demandado, sendo certo que a cláusula ad judicia não confere tais poderes ao causídico. 
Cumpre salientar, entretanto, que o comparecimento espontâneo do réu supre a falta de citação (art. 214, §1º, CPC). Neste caso, o demandado pode comparecer em juízo apenas para argüir a nulidade da citação e sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão (art. 214, §2º, CPC).
Determina o art. 221 do CPC que a citação far-se-á pelo correio, poroficial de justiça, por edital ou por meio eletrônico. Regra geral, a citação deve ser realizada pelo correio, exceto nas hipóteses abarcadas pelo art. 222 do CPC, quais sejam: a) nas ações de estado; b) quando for ré pessoa incapaz; c) quando for ré pessoa de direito público; d) nos processos de execução; e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; f) quando o autor a requerer de outra forma.
Nas hipóteses acima mencionadas, bem como nos casos em que a citação pelo correio for frustrada, far-se-á a citação por meio de oficial de justiça (art. 224, CPC). Assim, a citação por oficial de justiça representa uma regra subsidiária.
A citação realizada pelo correio é real, assim como a citação realizada por oficial de justiça. Na primeira, conforme preceitua o art. 223, parágrafo único, CPC, o réu só será considerado validamente citado se foi ele quem assinou o aviso de recebimento. Na segunda, compete ao meirinho encontrar o réu e entregar-lhe a contra-fé, bem como obter a nota de ciente, ou certificar que o réu não a apôs no mandado.
A citação real se opõe à citação ficta, já que na primeira o réu é verdadeiramente citado, enquanto que na segunda não há efetiva comprovação de queo réu tomou conhecimento da demanda que pende contra si. São espécies de citação ficta: a citação por hora certa e a citação por edital. 
Ocorre a citação por hora certa quando o oficial de justiça não consegue citar o réu, suspeitando que o mesmo esteja se escondendo para impedir a citação. São requisitos dessa modalidade de citação a procura do réu por três vezes em seu endereço sem encontrá-lo, bem como a suspeita de que ele esteja se escondendo para impedir a citação. (art. 227, CPC).
A outra modalidade de citação ficta prevista no CPC é a citação por edital. O art. 231 do CPC estabelece as hipóteses em que é possível esta modalidade de citação: quando desconhecido ou incerto o réu; quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar; nos casos expressos em lei.
Quais os efeitos da citação?
Por fim, cumpre destacar que a citação válida produz significativos efeitos. Na esteira do art. 219 do Código de Ritos, “a citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição”[1].
Discorra sobre o sistema de nulidades no processo civil brasileiro.
Primeiramente cabe-nos referir à etimologia do termo nulidade, que segundo De Plácido e Silva em seu Vocabulário Jurídico o define como sendo “a ineficácia de um ato jurídico, em virtude de haver sido executado com transgressão à regra legal, de que possa resultar a ausência de condição ou de requisito de fundo ou de forma, indispensável à sua validade”. 
É necessário ressaltarmos que a validade do ato processual está intimamente ligado à sua forma e o CPC trata da forma dos atos processuais no Livro I, Título V, Capítulo I, Seção I, conquanto, em várias passagens, também se refira ao aspecto exterior dos atos do processo, como, por exemplo, quando disciplina a teoria geral das nulidades, nos arts. 243 a 250; quando estabelece as formas pelas quais se efetiva a citação (arts. 213 a 233); quando prescreve sobre os requisitos da petição inicial (arts. 282, 283 e 284); quando estabelece quais os requisitos essenciais da sentença (art. 458, I, II e III) etc. 
Da não observância da forma podem surgir nulidades que atingirão toda a relação processual ou apenas um determinado ato do procedimento. Há nulidade do processo, quando se desatende aos pressupostos de constituição válida a desenvolvimento regular da relação processual, ou quando existe impedimento processual reconhecido, ou então pressuposto negativo concernente ao litígio. Como exemplo confirmativo, há no CPC nulidade de todo o processo por exemplo quando:
Se registrar falta não suprida pelo Juiz, da autorização marital ou de outorga uxória, se necessária (art. 11, parágrafo único); 
Em certos casos previstos no Código, omitir-se o autor na prática de atos ordenados pelo juiz, para sanar nulidade do processo, ou de atos processuais(art. 13, I, 37, 265 e 284). Há, também, nulidade do processo, segundo os arts. 84 e 246, quando o Ministério Público não foi intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. 
Via de regra as nulidades acima apontadas são consideradas absolutas, há também as nulidades relativas que são aquelas que ocorrem quando o ato, embora viciado em sua formação, mostra-se capaz de produzir seus efeitos processuais, se a parte prejudicada não requerer sua invalidação pois o defeito na nulidade relativa é muito mais leve do que se nota na absoluta. Exemplo de nulidades relativas:
Cerceamento do direito ao contraditório e ampla defesa;
Quando o juiz manda o autor emendar a petição inicial e este não o faz.
O sistema de nulidades adotado pelo nosso código é o que conhecemos por princípio da instrumentalidade das formas e dos atos processuais (art. 244), segundo o qual o ato só se considera nulo e sem efeito, se, além de inobservância da forma legal, não tiver alcançado sua finalidade. Ex.: Quando é realizada uma citação sem observância das formalidades legais e o citado toma ciência da mesma e logo após apresenta resposta, o ato é plenamente eficaz.
Sobre a argüição das nulidades, acentue-se, em princípio, porém, que o Juiz, mercê de seu poder instrumental de direção do processo, deve velar, a cada instante da relação processual, para que ela caminhe escoimada de quaisquer vícios, irregularidades ou nulidades que a possam comprometer, segundo as regras do devido processo legal. Nesse seu trabalho purificador, diligenciará, sempre, para que os atos processuais obedeçam ao modelo legal, nos casos especificados pelo legislador, determinando que eles sejam convalescidos, quando contiverem nulidades ou irregularidades que impeçam a produção dos efeitos processuais objetivados, e só proclamando a nulidade quando não houver possibilidade de recuperar o ato ou quando ele não tiver atingido o seu fim, ou seja, no caso de nulidades absolutas cominadas pelo Código, dispõe o art. 245, parágrafo único, que sua decretação não depende de provocação da parte e não se sujeita à preclusão porque é de interesse público; e em relação às relativas, por provocação das partes devido ao interesse privado. O momento da argüição de nulidade relativa deve ser na primeira oportunidade oferecida à parte para falar nos autos, após o ato defeituoso, sob pena de preclusão (art. 245), isto é, de perda da faculdade processual de promover a anulação; caso seja nulidade absoluta, esta pode ser feita em qualquer fase do processo e também de ofício pelo juiz, pois toda nulidade processual, seja absoluta ou relativa, depende de decretação judicial. Ao decretá-las, o juiz deve declarar que atos são atingidos e ordenar as providências tendentes a repetir ou retificar os atos sanáveis e quanto aos efeitos da decretação o artigo 248 reza que: “anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os atos subseqüentes, que dele dependam”, pois o processo é uma seqüência de atos concatenados visando à composição da lide.
A meu ver, o estabelecimento de formas a serem observadas são necessárias, pois o processo é por si só formal, possui solenidades e formalidades que são essenciais, pois o que se deve evitar são as formalidades exageradas, complexas, inúteis, e o que se deve buscar é a simplificação das formas, assim também faz-se preciso, portanto, que a lei regule convenientemente um sistema de nulidades, pelo qual estas sejam declaradas segundo princípios que, reconhecendo a necessidade das formas, as aplique com unidade, sem extremos de rigor, mas sem liberdade absoluta, impondo a sanção de nulidade com prudência aconselhada pelo princípio da economia dos juízos. 
 
Comente acerca do tratamento da tutela provisória no CPC
No artigo que inaugurou esta coluna, dedicamos um breve comentário ao Livro V, da Parte Geral do novo CPC, que cuida da Tutela Provisória (de urgência e de evidência), para indicar que, nele, pulularam inovações — em especial a estabilização da decisão do art. 304 —, não sendo ainda possível saber se as soluções preconizadas foram as melhores.
Convém, neste novo artigo, tentar verticalizar um pouco mais o exame do tema, ainda que com o risco de, mais tarde, rever o que estamos a escrever neste momento. Pecado maior do que o erro é a omissão deliberada. Vamos começar, então, com o que nos parece menos problemático e, após, avançaremos para a chamada vexata quaestio da estabilização da decisão e das possibilidades de objetá-la. Não será preocupação do presente exame a questão relativa à tutela de evidência (ou, como pretende o legislador processual, tutela “da” evidência), que ficará para outra oportunidade.
No novo CPC, pretendeu-se dar um tratamento único às tutelas de urgência, antecipatória e cautelar, como se ambas fossem provisórias. Afinal, este é o título do Livro V: Da Tutela Provisória, embora somente a tutela antecipada possua caráter autenticamente provisório. A tutela cautelar, no estrito sentido do termo, é temporária e não provisória, porquanto não será substituída por uma decisão definitiva sobre o mesmo mérito. É que o mérito da cautelar é específico (cabe no binômio periculum damnum irreparabile e fumus boni juris) e não se confunde com o mérito da ação a que se apelida de principal. 
Provisória é a tutela antecipada que dá, agora, o bem da vida vindicado. E é provisória porque está em oposição à tutela definitiva, que é a fixada em sentença proferida após a realização de atividade cognitiva exauriente. É bem de ver que, sob os auspícios da reforma de fins de 1994, o legislador processual tratou de estender a chamada antecipação de tutela ao procedimento comum, sendo lugar comum na doutrina a afirmação no sentido de que, presentes os pressupostos autorizadores do art. 273, o juiz anteciparia os efeitos práticos da decisão que poderia vir a ser deferida. Em outras palavras, propiciaria a entrega o bem da vida no mundo físico, nada obstante, no mundo da criação da norma jurídica individual (sentença), a matéria ainda permanecesse em estado de pendência, à espera da realização da cognição exauriente.
Da simples regência da matéria no novo Código, e apesar do discurso ensaiado pelo legislador, percebe-se, primo ictu oculi, que essas duas tutelas continuam a ser diversas, ainda que se tenha tentado uniformizar os pressupostos para seu deferimento. O discurso é negado pela própria evidência normativa. Deveras, basta ter em conta que o legislador sentiu-se obrigado a abrir no Título II, do Livro V, três capítulos: o primeiro para disposições gerais; o segundo para cuidar da tutela antecipada requerida em caráter antecedente; e o terceiro para cuidar da tutela cautelar requerida em caráter antecedente, de cuja leitura percebe-se, claramente, a diferença do tratamento dispensado a um e outro tipo de tutela. 
Ao que parece, o legislador pretendeu afastar-se do discrímen histórico — conforme antiga lição de Ovídio Araujo Baptista da Silva, no seu Do Processo Cautelar, 3ª. edição, Rio de Janeiro: Forense, 2001, pp. 13/14 — que havia, desde o direito medieval, entre os conceitos de periculum damnum irreparabile e periculum in mora, este último relativo a certas causas que, dada a sua simplicidade, relevância, ou urgência da matéria a ser examinada, a prudência e a lógica recomendavam que fossem tratadas por um procedimento sumário. O primeiro, perigo de dano irreparável, relativo a qualquer causa em que se impusesse uma resposta jurisdicional expedita, em decorrência da irrupção de um elemento de risco de dano iminente. Afirma Ovídio, ainda com arrimo na doutrina italiana, que o primeiro conceito responde ao risco da tardividade, enquanto que o segundo responde ao risco da infrutuosidade. 
Em favor da separação conceitual, cabe lembrar, também, do clameur de haro (invocação a ROLLON, primeiro duque da Normandia), no direito francês, que tem vinculação com o periculum damnum irreparabile, mas não com o periculum in mora, como parece defluir da lição de GARSONNET (Traité Theorique et Pratique de Procédure, deuxième édition,tome huitième, Paris: Librairie de la Société du Recueil Géneral des lois et des arrêts, 1904, p. 284). Essas duas referências históricas, do direito francês e do direito italiano medieval, dão luzes bastante fortes da distinção que existe ou deve existir entre a tutela cautelar e a tutela da tardividade.
Como parece esmaecida a distinção entre os dois institutos, temos de lidar com o Código de 2015, com as cautelas devidas, e não esquecidos de que razões históricas iluminam a existência desses dois tipos de tutela.
Na regência do Código de 1973, a tutela cautelar pode ser instaurada antes ou no curso do processo principal, enquanto que a chamada antecipação de tutela pressupõe que já tenha sido aviado o processo principal, na medida em que esta, antecipação, é ato judicial do processo, externado por meio de uma decisão interlocutória que entrega ao autor, desde logo, os efeitos práticos obteníveis em uma eventual sentença de procedência, desde que o juiz entenda presentes os requisitos previstos no art. 273 (prova inequívoca, rectius, prova convincente, e verossimilhança da alegação, rectius, alto grau de probabilidade de a demanda ser resolvida em favor do autor).
No Código de 2015, dada a pretendida uniformização de regência, é possível, antes do aviamento da ação principal, tanto a formulação de requerimento de tutela antecipada, quanto o requerimento de tutela cautelar. Em outros termos, as duas modalidades de tutela podem ser requeridas em caráter antecedente. 
Como a tutela cautelar antecedente ou preparatória já tem uma larga identificação nos fastos do Direito, os questionamentos sobre a sua adoção, também pelo novo código, não serão certamente de monta, nem parece que haverá alguma resistência de parte dos cultores do direito. O mesmo não se diga, entretanto, em relação à tutela antecipada requerida em caráter antecedente. De fato, o aspecto novidadeiro do procedimento engendrado trará muitas dúvidas e hesitações quanto ao alcance e à dimensão do novel instituto. Convém explicitar a regência do procedimento e os questionamentos que se oferecem à meditação.
Diz o artigo 303 do CPC de 2015 que, quando a urgência for contemporânea ao momento em que a ação pode ser proposta, o autor pode formular petição inicial em que conste somente o requerimento da tutela antecipada (desde que seja indicado qual pedido de tutela final será formulado em momento posterior), com a indicação da lide, do direito que se busca realizar, do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo (em certo sentido, trata-se de uma cópia parcial do art. 801 do CPC de 1973, que cuida da petição inicial do processo cautelar, aqui adaptado para o pedido de antecipação de tutela) e do valor da causa, que deverá considerar o pedido de tutela final. Há a possibilidade de emenda da inicial, no prazo de cinco dias, se o magistrado entender que não há nos autos, ainda, elementos suficientes para a concessão da tutela antecipada.
O legislador cuidou, aqui, de emenda da petição inicial. Hipótese diversa é a de aditamento. Com efeito, na petição de requerimento de tutela antecipada de que trata o art. 303, o autor deverá indicar, claramente, que pretende valer-se da regência do caput do artigo e que aditará a inicial, se concedida a antecipação, no prazo de quinze dias ou em outro maior que venha a ser concedido pelo magistrado. No aditamento, poderá complementar a argumentação, juntar novos documentos e confirmar o pedido de tutela final.
Se entender presentes os requisitos exigidos (probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo), o magistrado concederá a tutela antecipada, caso em que (i) o autor deverá aditar a inicial, como mencionado acima e, se não o fizer, o processo será extinto sem resolução de mérito; (ii) o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou mediação de que trata o art. 334 do novo CPC. Se não chegarem a bom termo na audiência ou se esta não se realizar por desinteresse de ambas as partes, ou porque a natureza do direito em discussão não permite autocomposição, abrir-se-á o prazo para contestação.
Questão delicada é a que sugere a regência do art. 304, seguinte. De fato, esse fragmento da lei processual trata da “estabilização” da decisão que concede a antecipação de tutela, na hipótese de não-interposição do recurso de agravo de instrumento, caso em que, diz o § 1º, o processo será extinto. Daí decorre que haverá uma tutela não exatamente provisória, mas que também não é definitiva. O tratamento dispensado à matéria pelo legislador é algo exótico: pela letra da lei, se o réu não opuser recurso de agravo de instrumento, ainda que haja ofertado contestação, a decisão será estável. Então, qual o sentido de continuar com o processo de cognição exauriente? Nenhum. 
Anote-se, a esse respeito, que o legislador, com certo receio da novidade que instituiu, não afirmou ser uma hipótese de extinção do processo com resolução de mérito, ou sem resolução de mérito. Preferiu ficar em perigoso silêncio. Ocorre que essa abulia legiferante, em vez de evitar ou apaziguar problemas teórico-práticos, teve o condão de suscitar uma miríade de intrincadas questões de difícil solução, tais como as debuxadas acima.
Uma primeira análise sugere, de logo, que ofende a lógica e o bom-senso, a regra que impõe seja o processo extinto, apenas pela falta de recurso, porque isso leva à inaceitável conclusão de que, num mesmo processo, a cognição precária deve prevalecer em relação à cognição verticalizada, exauriente, própria dos juízos ordinários. Ora, é da natureza dessas decisões proferidas em juízos meramente de probabilidade, a sua reversibilidade. Não por outro motivo, o art. 294 do novo CPC dispõe que a tutela provisória pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo e sua execução segue as normas do cumprimento provisório da sentença (art. 297, parágrafo único).
Além disso, o texto da lei e a sua hesitação põem em evidência vários outros graves percalços que deverão ser sentidos quando da aplicação do procedimento em exame. O primeiro deles concerne ao fato de que não há, na doutrina do processo civil brasileiro, um conceito pronto do que seja tutela antecipada estável ou estabilizada. Parece ser algo mais constante do que a simples antecipação de tutela, precária, provisória, mas menos seguro do que a coisa julgada material. Tanto é assim que o próprio § 2º do art. 304 prevê a possibilidade de que qualquer das partes venha demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada. 
Demandar no mesmo ou em outro processo, como parece sugerir MARINONI (Marinoni, Luiz Guilherme, et. al. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 317), numa espécie de simples prosseguimento da ação antecedente, ou em ação completamente autônoma, mas perante o mesmo juiz, como deflui da literalidade dos §§ 2º e 4º do art. 304? E se a parte não demandar no prazo decadencial de dois anos, qual a consequência? O que fazer em relação a essa decisão estável? Reconhecer o seu trânsito em julgado e admitir, a partir daí, a fluência do prazo para propositura de eventual ação rescisória, ou, de outro lado, permitir que aquele contra o qual foi produzida a tutela provisória possa discutir, em qualquer outro processo que não o de que trata o próprio art. 304, mas no mesmo grau de jurisdição?
Quanto a esses questionamentos, soa rigorosamente absurdo entender que um procedimento sumário (e é natural a criação de procedimentos sumários, de estrutura vária, no ordenamento jurídico) seja concebido de sorte a permitir a sua extinção, mesmo ante a oferta de contestação, pelo simples fato de não haver sido tirado recurso de uma decisão de natureza precária. Aduza-se, em favor de nosso entendimento, o fato de que a necessidade de contestar somente ocorrerá se frustrada a autocomposição e após o aditamento ofertado pelo autor (até porque, não ofertado o aditamento, o processo será extinto sem resolução de mérito,com cessação da eficácia da tutela antecipada que foi concedida), situação em que, pela lógica, terá ocorrido a ordinarização do procedimento, a sugerir a necessidade de realização de cognição exauriente. 
Decorre do exposto acima que, sem embargo do texto expresso do art. 304, c/c § 1º do mesmo artigo, que dispõe sobre a extinção do processo se não houver interposição do recurso de agravo, a única possibilidade de interpretação que se conforma com o princípio do devido processo legal hospedado em nosso texto constitucional, e do respeito ao contraditório efetivo, princípio erigido em base dessa reforma processual, é aquela que privilegia o entendimento de que toda e qualquer forma de resposta do réu, em especial a contestação, é suficiente para (i) impedir a estabilização da tutela antecipada concedida e a extinção prematura do processo; e (ii) provocar o exercício da cognição exauriente por parte do órgão jurisdicional competente. 
No concernente ao segundo questionamento, i.e, se houver efetiva extinção do processo porque ausentes recurso e respostas possíveis, sem que tenha ocorrido, também, no prazo decadencial de dois anos, a propositura da ação (§ 2º do art. 304, c/c § 5º do mesmo artigo) para rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada, o que acontecerá?
O legislador parece encaminhar o tema, de forma adrede, para inadmissão de formação da coisa julgada material (§ 6º do art. 304: a decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilização dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º deste artigo), mas com a criação de uma estabilidade da decisão que concedeu a antecipação que, após a fluência do prazo de dois anos, não encontraria meios de impugnação.
A perplexidade é grande. Deveras há uma espécie de fetiche que se impõe à doutrina brasileira, no sentido de que somente têm aptidão para produzir coisa julgada as decisões proferidas em processo de cognição exauriente, razão por que negava, peremptoriamente, que sentença proferida em processo cautelar (em que a cognição é sumária) fizesse coisa julgada material. Cabe registrar que esse entendimento encontrou bem sucedida oposição, sendo mesmo de crer serem em maioria os doutrinadores que acolhem a coisa julgada material nessa hipótese. Resenha feita, há mais de dez anos, por GELSON AMARO DE SOUZA, indicava o crescente número de doutrinadores que aderiam explícita ou implicitamente a esse entendimento (SOUZA, Gelson Amaro de. Teoria geral do processo. Rio de Janeiro: América Jurídica, 2002) e outros que, mesmo sem admitir explicitamente a formação da coisa julgada material, pregavam o cabimento da ação rescisória de sentença proferida em processo cautelar.
Admitindo, como admitimos, que a coisa julgada material se opera sobre o teor declaratório da decisão, parece-nos viável a formação de coisa julgada nos processos sumários, todos eles calcados, sejam quais forem os efeitos preponderantes da decisão proferida, em parte substancialmente declaratória. Em outras palavras, não é crível admitir como correto o raciocínio no sentido de que juízos de cognição sumária dispensam o teor declaratório da decisão. Antes de dar algo, antecipar algo, ou antecipar os efeitos práticos de algo, o magistrado, obviamente, declara as razões de fato e de direito que o autorizam a tanto, declara o que constitui o suporte que lhe permite a regulação da situação controvertida que lhe foi submetida a exame. É no mínimo uma petição de princípio afirmar que processos sumários não admitem sentença com força de coisa julgada.
É certo, entretanto, que o tema da coisa julgada em processos sumários (especificamente, dos processos sumários determinados) lamentavelmente não se comporta nos espaços angustos de um artigo com dimensões limitadas pela necessidade editorial, mas isso não obsta a anotação rápida no sentido de que não há nenhuma categoria lógica que a impeça essa ocorrência, como não impede, por exemplo, a formação de coisa julgada na ação de mandado de segurança (típico procedimento sumário), ou nos embargos de terceiro senhor e possuidor. Em outro momento, ao discutir a coisa julgada no novo CPC, exploraremos esse ponto de forma mais verticalizada.
Em arremate, que não queira o legislador apelidar de coisa julgada a estabilidade dessa decisão, tudo bem, mas isso não será óbice ao cabimento de ação rescisória, quando por outro motivo não seja, em face do que dispõe o § 2º do art. 966, do novo Código, que admite a rescisória, mesmo que não se trate de sentença transitada em julgado.
Ou isso, ou haverá de ser admitido o cabimento de outra ação de procedimento ordinário que não aquela mencionada no § 2º do art. 304, porque inocorrentes os efeitos próprios da coisa julgada (positivos e negativos) e, também, em homenagem ao princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, cujo menoscabo não está ao alcance do legislador processual.
Conceitue petição inicial.
A petição inicial, também chamada de peça de ingresso, peça atrial, peça vestibular, peça preambular ou exordial, dentre outras denominações, é considerada como o ato jurídico processual mais importante praticado pela parte autora dentro do processo, isto porque, em regra, define os limites da litiscontestatio em relação ao titular do direito perseguido, além de ser o ato por intermédio do qual provoca-se a jurisdição a ser exercida pelo Estado-Juiz.
Como se não bastasse, a petição inicial, em uma análise mais ampla, representa o próprio exercício do direito de ação, pois é ato introdutório do processo, ao qual todos os demais irão se seguir e manter estreita co-relação com o objetivo de alcançar o fim maior do processo, qual seja, a tutela jurisdicional através da sentença de mérito. No dizer de Humberto Theodoro Júnior, "O veículo de manifestação formal da demanda é a petição inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para compor o litígio" (THEODORO JÚNIOR, 2000:313).
Pouco importando a nomenclatura a ser adotada, porquanto sinônimos usuais, denota-se existir características e particularidades inerentes à petição inicial do processo comum e do processo trabalhista [1], ocasionando assim diferenciações/particularidades cujo estudo é imprescindível aos operadores do direito de cada uma dessas áreas.
Ao passo que o conceito comum acerca dos requisitos da exordial seriam aqueles dispostos no art. 282 do Código de Processo Civil, tem-se no ordenamento jurídico-trabalhista que é o § 1º do art. 840 da Consolidação das Leis do Trabalho o regedor da matéria.
Sendo assim, vislumbra-se que o objetivo do presente trabalho é o de abordar de forma precisa e direta as peculiaridades atinentes à petição inicial no processo civil e no processo trabalhista, estabelecendo traços distintivos e particulares correlatos.
Quais são os elementos da petição inicial?
Elementos e Requisitos da Petição Inicial
A lei já define os elementos e requisitos imprescindíveis para elaboração e processamento da petição inicial através do Código de Processo Civil:
Art. 282. A petição inicial indicará:
I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV – o pedido, com as suas especificações;
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII – o requerimento para a citação do réu.
Com relação a gratuidade de justiça, diga quando pode ser concedida e quais são os requisitos para a concessão.
Não é conveniente, entretanto, que uma matéria de tamanha relevância fique apartada do corpo do Código de Processo Civil, especialmente para fins de melhor sistematização da matéria. Desta forma, a Lei 13.105/2015, que instituiu o novo Código de Processo Civil, passou a tutelar a questão da gratuidadede justiça nos seus artigos 98 a 102. Cabe destacar, porém, que a Lei 1.060/1950 não foi totalmente revogada. Conforme estabelece o art. 1.072, III do novo CPC, ficam revogados “os arts. 2º, 3º, 4º, §§ 1º a 3º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950”.
2. DISPOSIÇÕES LEGAIS
A solicitação do benefício da gratuidade da justiça pode ser formulada na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso (art. 99). Se o pedido se der depois de já ocorrida a primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso (art. 99, § 1). O pedido somente poderá ser indeferido pelo magistrado se constarem dos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos (art. 99, § 2). A alegação de hipossuficiência feita por pessoa natural presume-se verdadeira (art. 99, § 3º).
O fato de o requerente ser assistido por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça (art. 99, § 4). Verificando-se tal hipótese, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. Se a concessão do recurso for solicitada a nível recursal, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento (art. 99, § 7).
A parte contrária pode oferecer impugnação ao deferimento do pedido de gratuidade de justiça por ocasião da contestação, da réplica, das contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso (art. 100). Caso a impugnação venha a acarretar a revogação do benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, se ficar demonstrada sua má-fé, até dez vezes tal valor a título de multa (art. 100, p. U.).
É oponível agravo de instrumento contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação (art. 101; nos tribunais: TJERJ, Apelação no Recurso 0020385-41.2013.8.19.0023: “Apelação cível. Impugnação à gratuidade de justiça. Sentença que rejeitou a impugnação. Inconformismo. Presunção de hipossuficiência instituída pelo art. 4º da lei 1060/50 que só pode ser afastada por prova inequívoca de impossibilidade de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios sem que isso importe em prejuízo próprio ou da respectiva família. Recorrente que não apresenta provas ou ao menos indícios de suas alegações. Correta sentença que julga improcedente o pedido, mantendo o benefício postulado. Negado seguimento ao recurso, na forma do art. 557, caput do CPC”. Desembargadora Claudia Telles de Meneses, 2ª Câmara Cível). O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso (art. 101, § 1). Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de cinco dias, sob pena de não conhecimento do recurso (art. 101, § 2).
Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções previstas em lei (art. 102). Não efetuado o recolhimento, o processo será extinto sem resolução de mérito, tratando-se do autor, e, nos demais casos, não poderá ser deferida a realização de nenhum ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetuado o depósito (art. 102, p. U.). 
3. O BENEFICIÁRIO
O novo código dispõe em seu art. 98 sobre aqueles que podem ser beneficiários da justiça gratuita: “A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.
Qualquer um que seja parte – demandante ou demandada – pode usufruir do benefício da justiça gratuita, da mesma forma que o terceiro que, através de intervenção, converte-se em parte. Embora a lei se refira à “pessoa”, parece intuitivo que também os entes despersonalizados, como a massa falida e o condomínio edilício, que possuem apenas personalidade no plano processual, podem gozar da gratuidade da justiça. A exclusão destes entes, atingiria, em última análise, o direito fundamental à justiça gratuita das próprias pessoas vinculadas a eles (Nos tribunais: TJERJ, Agravo de Instrumento no Processo 0029767-93.2014.8.19.0000: “ADMISSÍVEL A CONCESSÃO DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA À PESSOA JURÍDICA, EM CASOS EXCEPCIONAIS, DIANTE DA COMPROVADA IMPOSSIBILIDADE DO PAGAMENTO DAS DESPESAS PROCESSUAIS. VERBETE Nº 121 DA SÚMULA DESTA CORTE, APLICADO POR ANALOGIA AO ENTE DESPERSONALIZADO. CONDOMÍNIO DESTINADO À POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA, SITUADO NA PERIFERIA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, EM ÁREA DE ALTA PERICULOSIDADE E MUITO DESVALORIZADA. GRANDE ÍNDICE DE INADIMPLÊNCIA ENTRE OS CONDÔMINOS QUE ENSEJOU A PROPOSITURA DE 89 AÇÕES DE COBRANÇA ENTRE OS ANOS DE 2011 E 2014. MISERABILIDADE JURÍDICA CONFIGURADA. RECEDENTES. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO NA FORMA DO ARTIGO 557, § 1º- A, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL”. Desembargador Mauro Martins, 20ª Câmara Cível).
Conforme o art. 98, tanto a pessoa natural como a pessoa jurídica têm direito à justiça gratuita, sejam estas brasileiras ou estrangeiras. Mas só a pessoa natural tem sua alegação sustentada por uma presunção de veracidade. Assim, à pessoa natural basta a mera alegação de insuficiência de recursos, sendo desnecessária a produção de provas da hipossuficiência financeira. A alegação presume-se verdadeira, admitindo-se, contudo, que cesse por prova em contrário produzida pela parte adversa ou em razão de investigação feita de ofício pelo juiz.
A pessoa jurídica, por seu turno, deve comprovar a insuficiência de recursos de que é vítima para fazer jus à gratuidade da justiça. Tanto as pessoas jurídicas com fins lucrativos como as pessoas jurídicas sem fins lucrativos devem demonstrar a insuficiência de recursos para usufruir o benefício da justiça gratuita. As pessoas jurídicas, portanto, não gozam da mesma presunção relativa de veracidade da alegação que as pessoas naturais; deve o interessado, pois, alegar e provar a insuficiência de recursos (Nos tribunais: STJ, Súmula 481: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”).
Cumpre observar, ainda, com fundamento no art. 99, § 6º (correspondente, em parte, ao art. 10 da Lei n. 1.060/50), que o direito ao benefício da gratuidade judiciária é personalíssimo, uma vez que personalíssima é a insuficiência de recursos que autoriza sua concessão. Logo, o benefício se extingue com a morte do beneficiário, com efeitos ex nunc. Assim sendo, a gratuidade de justiça concedida a uma parte não se estende a litisconsortes e sucessores – o que não impede, obviamente, que estes reivindiquem a isenção com base em suas respectivas condições próprias de hipossuficiência.
4. NECESSIDADE DO BENEFÍCIO E SUA COMPROVAÇÃO
O novo CPC inaugura uma nova disciplina a respeito da necessidade da comprovação da alegação de necessidade do benefício. O art. 99 estabelece que o pedido pode ser formulado na primeira manifestação da parte no processo (comoa petição inicial, a contestação, a petição para ingresso de terceiro etc.). Se a parte, entretanto, vier a cair em situação de hipossuficiência financeira no curso do processo, poderá requerer a concessão do benefício através de simples petição, sem suspensão do processo, como se vê da segunda parte do mencionado dispositivo, eliminando, assim, a excessiva burocracia do art. 6º da Lei nº 1.060/50, que exige a provocação judicial em autos em apartado pelo interessado.
O art. 99, § 2 estabelece a presunção de insuficiência quando alegada em favor de pessoa natural. A primeira parte do § 1, porém, permite ao julgador determinar à parte interessada a comprovação dos requisitos para a concessão da gratuidade, sendo que somente poderá indeferir o pedido após esta oportunidade. A regra reflete a jurisprudência do STJ, que já possibilitava ao magistrado verificar, no caso concreto, a condição de hipossuficiência econômica da parte (Nos tribunais: STJ, AgRg. No AREsp. 136.756/MS: “AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO. RECURSO ESPECIAL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. INDEFERIMENTO. VALORAÇÃO DA PROVA. PRETENSÃO. REEXAME. SÚMULA N. 7-STJ. JUNTADA. DOCUMENTOS. IMPOSSIBILIDADE. NAO PROVIMENTO. 1. A presunção de pobreza, para fins de concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, ostenta caráter relativo, podendo o magistrado investigar a situação do requerente caso entenda que os elementos coligidos aos autos demonstram a capacidade de custeio das despesas processuais. Reapreciação de matéria no âmbito do recurso especial encontra óbice na Súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça”. Ministra Maria Isabel Galloti, 4ª Turma). Mesmo que não existisse a previsão expressa por parte do legislador, entretanto, ainda assim o juiz poderia exigir a comprovação da necessidade do benefício, tendo em vista o dever de cooperação de todos sujeitos do processo (art. 6º do NCPC). A própria Constituição Federal determina, no artigo 5º, LXXIV, que a assistência jurídica integral e gratuita será concedida para aqueles que comprovarem insuficiência de recursos.
É possível elencar algumas das circunstâncias referentes ao processo ou à parte que são suficientes para trazer dúvida ao julgador sobre a insuficiência patrimonial do interessado: a expressão econômica do bem jurídico debatido em Juízo, a sua natureza e destinação, os valores da obrigação e das respectivas prestações que o requerente ou o requerido se obrigou, o comportamento do postulante do pedido em redes sociais, a notoriedade do patrimônio do requerente do pleito (circunstância muito comum em cidades de médio e pequeno porte). É adequado, embora não seja obrigatório, que o Juiz indique quais são os documentos, em rol exemplificativo, que devem ser apresentados pela parte interessada para a comprovação da hipossuficiência, em decorrência do já mencionado princípio da cooperação.
Cabe ao magistrado, neste momento processual, simplesmente provocar a parte para convencê-lo que os requisitos para o deferimento do pedido estão presentes, sendo que somente na sua decisão, em caso de indeferimento, deverá declinar de forma fundamentada quais são as circunstâncias que demonstram a inexistência dos requisitos autorizadores. O pronunciamento de emenda do pedido de gratuidade, sob essa ótica, tem natureza jurídica de despacho (art. 201 § 3º do NCPC), diante da inexistência de conteúdo decisório.
5. CONCLUSÃO
Da análise do regramento estabelecido pelo novo Código de Processo Civil para a concessão do benefício da gratuidade de justiça podemos extrair algumas críticas. Elencamos a seguir algumas das novas disposições que podem acarretar futuras controvérsias jurisprudenciais:
a) A justiça gratuita parcial e o parcelamento das despesas (art. 98, §§ 5 e 6): a justiça gratuita parcial consiste no reconhecimento da gratuidade para alguns dos atos do processo, ou apenas na redução de parte das despesas. O parcelamento de despesas processuais, por sua vez, consiste no pagamento por meio de prestações. Ocorre que a legislação não traz critérios sobre o modo de aplicação de tais inovações. Assim, à luz de uma mesma situação concreta, é possível que um juiz conceda o benefício em sua modalidade clássica, afirmando que a parte nada deve pagar; enquanto outro pode entender que trata-se de caso de justiça gratuita parcial e outro ainda decida apenas pelo parcelamento. Tais divergências gerarão mais debates e recursos, uma vez que a decisão referente à gratuidade é agravável de instrumento (art. 1.015, V). Desta forma, a falta de clareza por parte do legislador na prática vai sabotar o seu intento de reduzir a morosidade e a quantidade de recursos.
b) O prazo para impugnar a justiça gratuita (art. 100): quando da impugnação por simples petição, o prazo apontado é de quinze dias. Qual é o termo inicial desse prazo? Parece que a interpretação mais adequada do art. 100 é no sentido de o prazo para impugnar ter iniciar-se com o conhecimento da situação de não hipossuficiência econômica do beneficiário. Obviamente, trata-se de hipótese na qual não há como delimitar claramente o termo inicial. Contudo, se assim não for, a possibilidade de impugnar a gratuidade estará consideravelmente limitada. Mas, diante do silêncio da lei, é possível se cogitar de um número razoável de rejeições de impugnações, gerando mais debates laterais ao mérito da causa.
c) O preparo do recurso que discute a gratuidade (art. 101, §§ 1 e 2): O art. 101, § 1 inovou ao regular a necessidade de se recolher custas de preparo para o recurso que impugna o indeferimento ou revogação da gratuidade. Estipulou o legislador não haver necessidade de recolhimento de preparo. Desta forma, enquanto se discute se há ou não o direito à gratuidade, não há necessidade de recolhimento do preparo. Ocorre que, pela forma como foi legislado, haverá um juízo prévio por parte do relator (do agravo ou da apelação, conforme o caso) e, se este, de forma monocrática, entender que o recorrente não faz jus à gratuidade, determinará que se recolha o preparo, sob pena de deserção (§ 2). Essa solução de análise da gratuidade preliminarmente ao recurso seguramente trará dificuldades no cotidiano forense, com a possibilidade de inicialmente o relator mandar recolher custas (em decisão monocrática), sendo o recolhimento das custas era justamente o objeto do recurso a ser julgado de forma colegiada. Melhor teria sido, simplesmente, afirmar a desnecessidade de recolhimento de custas, até o julgamento do recurso. Mas as dificuldades não terminam aí. Rejeitado o recurso quanto à gratuidade, em tese cabível novo recurso. Se a rejeição tiver sido monocrática, cabível agravo interno (art. 1.021). E se a rejeição tiver sido por acórdão, em tese cabível recurso especial (art. 1.029). Para o segundo recurso aplica-se a mesma dúvida quanto ao cabimento do recolhimento de custas.
d) Da possibilidade de cartórios extrajudiciais impugnarem a gratuidade deferida pelo Judiciário (art. 98, § 8): a compreensão desta controvérsia demanda uma referência à previsão do art. 98, IX: há gratuidade em relação aos emolumentos cartorários extrajudiciais, desde que “necessário à efetivação de decisão judicial”. Ou seja, foi estabelecido o direito ao não pagamento das despesas cartoriais, que inexistia na Lei 1.060/50. Destaca o art. 98, § 8 que se, no momento da realização dos atos cartoriais, o tabelião tiver “dúvida fundada” quanto à parte ser ainda hipossuficiente do ponto de vista financeiro, pode requerer ao juiz que usualmente decide “questões notariais ou registrais” que revogue a gratuidade ou permita o parcelamento dos valores devidos, após citação da parte para que se manifeste quanto ao requerimento de revogação da justiça gratuita. Ou seja, o tabelião passa a ser autor de uma “ação de revogação de justiça gratuita”, que será proposta perante o Judiciário (competência do juízo corregedor dos cartórios extrajudiciais), dando início a novo procedimento, após citação do “réu” que, ao final, poderá ter de arcar com as custas do cartório. Assim, além de todas as questões que ojuiz deve decidir, terá ainda de apreciar se uma parte, de um processo já findo, ainda tem ou não dificuldades financeiras para fins de pagamento de taxas de cartório.
O art. 321 do CPC estabelece a emenda a inicial. Diga quais são os princípios envolvidos, prazo e a exigência para o juiz trazida com o NCPC.
2 REQUISITOS INTRÍNSECOS DA PETIÇÃO INICIAL
Antes da análise dos requisitos propriamente ditos é conveniente fazer algumas observações de ordem prática. O novo código de processo civil, no artigo 192 é mais enfático quanto à necessidade do uso da língua portuguesa na realização de atos processuais. No dia a dia forense tem sido usual o uso de expressões latinas, mas entende-se que elas são dispensáveis, até pela previsão do artigo 13 da Constituição Federal de 1988, que prevê que o idioma oficial do Brasil é a língua portuguesa.
O ideal é que na petição inicial seja utilizado um vocabulário simples e objetivo. Deve-se levar em consideração o fato de que linguagem objetiva não quer dizer que a peça deva ser telegráfica Pelo contrário, o fato do juiz ser um terceiro que desconhece os fatos exige uma boa narração dos acontecimentos, de maneira lógica e cronológica. [2]. Desta forma, o juiz terá a exata dimensão do ocorrido e perceberá a delimitação dos pedidos que serão feitos. Isto quer dizer, consequentemente, que para respeitar o princípio da congruência ou da adstrição ao pedido, a decisão do juiz terá que ficar vinculada ao que foi pedido. O juiz não fica vinculado aos fundamentos jurídicos apresentados, mas fica aos fatos narrados.
Primando por respeitar as regras da norma culta da língua portuguesa, muitos advogados buscam eliminar repetições, acabando em optarem pela diversificação de termos na petição inicial. Ora usam autor/réu, ora requerente/requerido e, até mesmo, suplicante/suplicado. No entanto, o texto da petição inicial admite a repetição e, pode-se dizer, que esse uso elimina dúvidas. Portanto, se o advogado iniciar a peça utilizando os termos autor/réu, esse uso deve ser seguido até o final.
A partir do que foi dito conclui-se que não se deve também usar o nome das partes, pois eles já foram referidos na qualificação. A exceção a esta regra da prática forense pode acontecer quando houver a formação de litisconsórcio e for necessário identificar quem realmente praticou o ato.[3]
Com relação à escolha da pessoa gramatical, o ideal é escrever na terceira pessoa do singular, pois quem está escrevendo é o advogado e ele escreve em nome do cliente.
Outra questão importante e que merece ser salientada é que se deve ter cuidado com a linguagem de computador. Muitas pessoas estão acostumadas a escrever em sites de relacionamento e cortam as palavras ou usam abreviaturas para tudo. O ideal e que na petição inicial não sejam usadas abreviaturas, como: q.(que), vc( você), exceto aquelas que são usuais, nas peças jurídicas, como: Exmo., V.Exa., Sr..
Além disso, o advogado deve ficar atento para não usar expressões ofensivas à parte contrária e ao magistrado, pois há previsão do legislador para que o juiz determine a supressão dos autos do processo, deste tipo de texto, conforme artigo 78 do CPC/15.
O advogado ao elaborar a petição inicial não pode desconsiderar a realidade forense. O Judiciário está sobrecarregado de trabalho, com milhões de processos, fazendo com que cada sujeito que atue nele venha a colaborar para minimizar a questão da morosidade da justiça. Sendo assim, as petições não devem ter muitas laudas e o advogado deve restringir-se a observar a determinação do Tribunal de Justiça no sentido de que a petição tenha, no máximo, dez laudas.
A petição inicial deve ser uma peça bem apresentada e bem formatada. O artigo 211 do CPC/15 proíbe que existam espaços em branco não inutilizados, entrelinhas, emendas ou rasuras não ressalvadas. Não há uma previsão específica, mas é usual o formato similar a um requerimento; portanto, o ideal é que o texto tenha um espaçamento[4] razoável para uma boa visualização. O texto deve ter as margens laterais definidas, com a margem esquerda um pouco maior, pois caso haja a formação de autos físicos, as folhas serão furadas e assim não se perderá nada do texto escrito.
Para uma melhor apresentação da petição inicial, entende-se adequado que entre o endereçamento e a qualificação das partes deve ser deixado um espaço. Este espaço era destinado ao juiz para que ele pudesse prolatar a sua primeira decisão; entretanto, atualmente, raramente este espaço é usado com esta finalidade. [5]
Cabe aqui observar que a técnica, às vezes, é abandonada em prol da necessidade prática. Mesmo sendo contra a utilização deste espaço para que a inicial fique bem apresentada, não se pode negar que seguidamente o advogado polui aquele espaço por necessidade de que algo urgente seja lido e alguma providência seja determinada. Por exemplo: um pedido de concessão de uma liminar, um requerimento de assistência judiciária gratuita, um pedido de urgência etc.
Como na moda ou em outros seguimentos, a petição inicial também tem algumas tendências. A atual é a exagerada subdivisão da peça em tópicos. De forma moderada a divisão é bem vinda e até pode auxiliar na compreensão do que se pretende; porém, quando é excessiva pode dificultar a leitura e compreensão do texto em razão da fragmentação. Então, entende-se que a divisão tradicional em fatos e fundamentos jurídicos do pedido, embora não seja necessária, é didática e pode indicar claramente cada requisito, mas pode ser interessante, também, destacar o texto relacionado a uma tutela provisória que será postulada, como por exemplo, uma tutela antecipada.
O artigo 319 do CPC/15 é o que indica os requisitos internos da peça e que devem ser observados em petições de todos os procedimentos; porém, o rol ali descrito não é exaustivo. No artigo 106 do CPC/15, o legislador estabeleceu a obrigação de o advogado que atuar em causa própria indicar, na inicial, o endereço onde receberá intimações.[6] Caso o advogado não cumpra esta exigência, o juiz determinará a emenda da peça, em 5 dias e, se ela não for feita, ele indeferirá a inicial, conforme artigo 330, inciso IV do CPC/15.
Outros requisitos da petição inicial também foram deslocados do artigo 319 pelo legislador, como por exemplo, o uso do vernáculo do caput artigo 192 e o artigo 328 ambos do CPC/15. Neste último caso, se a ação tiver por objeto revisão de obrigação decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação de bens, o autor terá que identificar sobre o que especificamente controverte e apresentar quantificando o valor incontroverso, portanto, a inicial deve conter o cálculo.
Segundo o artigo 319 do CPC/15, os requisitos da inicial são: I- o juízo a que é dirigido; II- os nomes, prenomes, estado civil, existência de união estável, profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e residência do autor e do réu; III- o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV- o pedido e as suas especificações; V- o valor da causa; VI- as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII- a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Observa-se pela atual redação do CPC que não há mais a exigência de requerimento de citação do réu. A supressão deste requisito merece aplausos, pois era redundante. Se o autor ingressa com a ação contra o réu e para que esse sofra algum efeito na ação proposta é indispensável que seja citado, a exigência do código anterior era desnecessária. [7]
Passa-se à análise individualizada de cada um deles.
Quais as hipóteses de indeferido da petição inicial?
O magistrado, ao receber a petição inicial, analisará o cumprimento dos requisitos de admissibilidade dessa (CPC, art. 106, 319 e 320). É a fase de saneamento de eventuais imperfeições, desde que reparáveis. As deficiências podem se apresentar no contexto intrínseco, em face das disposições contidas noart. 319 do CPC; ou extrínseco, por descumprimento dos ditames expressos no art. 106 e 320 do Código de Processo Civil. Com isso, referida decisão não é daquelas delegadas aos serventuários da Justiça (CPC, art. 203, § 4º), porque, nesses casos, há um processo de cognição feito somente pelo magistrado.
Essa sentença, ademais, não resolve o mérito da questão (CPC, art. 485, inc. I). O inverso, ou seja, a decisão que defere a inicial é decisão interlocutória (CPC, art. 203), uma vez que não julga o mérito.
Encontrando vício que comprometa o desenvolvimento regular do processo, é dever do juiz conceder prazo para que o autor corrija o defeito ou, por outro lado, explicar a inexistência desse (CPC, art. 321). Além desse propósito, referido comando obedece ao princípio constitucional do contraditório. Nesse compasso, não é permitido que o juiz de pronto indefira a petição inicial, salvo quando o defeito for insanável (v. G., ilegitimidade da parte, decadência, etc.). Não emendada (corrigida) ou completada, cabe ao magistrado indeferir a peça vestibular.
Diante do indeferimento, o que o autor pode fazer?
Proferida a decisão de indeferimento da inicial, o autor poderá optar por interpor apelação – hipótese em que terá incidência o art. 331, do NCPC – ou deixar transcorrer o prazo recursal, ocasião em que o réu apenas será intimado sobre o trânsito em julgado (art. 331, § 3º).
Caso o autor opte pela interposição da apelação, ao juiz será facultado exercer o juízo de retratação sobre o indeferimento da petição inicial no prazo de 05 dias (art. 331, caput). Nessa hipótese, caso o juiz retrate sua decisão, haverá o regular prosseguimento do processo, com a consequente análise de eventuais pedidos de tutelas provisórias ou determinação da citação do réu.
    Por outro lado, se o juiz não exercer o juízo de retratação, deverá determinar a citação do réu para que responda a apelação (art. 331, §1º) e, posteriormente, remeter os autos ao tribunal independentemente de juízo de admissibilidade (art. 1.010, §3º). Reformada a sentença pelo tribunal, prescreve o art. 331, § 2º, que os autos serão remetidos ao juízo de primeiro grau e o prazo para contestação iniciar-se-á: i) da intimação do retorno dos autos; ou ii) havendo a designação da audiência prevista no art. 334, da data da sua realização (art. 335, inciso I).
Quais as hipóteses de suspensão do processo?
CASOS DE SUSPENSÃO DO PROCESSO
 O art. 265 – CPC, prevê causas de ordem física, lógica e jurídica para a suspensão do processo: 
 I - morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, do seu representante legal ou de seu procurador.
 II - a convenção das partes.
 III - a oposição de exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz.
 IV - quando a sentença de mérito:
 a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente.
 b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo.
 c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente.
 V - motivo de força maior.
 VI - demais casos regulados pelo código.
 A suspensão sempre depende de uma decisão judicial que a ordene, pois o comando do processo, todavia, para todos os efeitos, considera-se suspenso o processo desde o momento em que ocorreu o fato que a motivou e não apenas a partir de seu reconhecimento nos autos.
 O término da suspensão é automático, naqueles casos em que haja um momento preciso, fixado na própria lei, como na hipótese de exceção de incompetência, ou no ato judicial que a decretou, como no caso em que se defere a paralisação do feito por prazo determinado. 
 Sendo, porém, impreciso o termo da suspensão, tal como se passa em situação de motivo de força maior, a retomada da marcha e dos prazos processuais dependerá de uma nova deliberação judicial e da consequente intimação das partes.
Como se dá a extinção do processo?
O art.316 CPC informa: “A extinção do processo dar-se-á por sentença”. O objetivo da execução é o cumprimento forçado da obrigação que ao devedor compete.
Se o devedor, atendendo ao preceito executório, efetua o pagamento, entregando coisa, prestando ou emitindo fato, ou consignando a importância cobrada, deverá o juiz julgar satisfeita a obrigação e extinta a execução.
O pagamento feito diretamente ao credor só terá força de extinguir a execução, se com ele concordar o exequente. Não concordando, a execução prossegue e o pagamento só poderá ser reconhecido através de embargos ou pelas vias ordinárias.
O devedor, para atender o preceito executório, não pode pretender alterar o pedido do credor. Executado em cem reais, diz o devedor que deve apenas cinquenta reais e quer pagar. A pretensão não pode ser aceita, devendo o devedor, se quiser discutir poderá discutir a matéria em grau de embargos, salvo acordo com o credor.
Embora o pedido seja líquido e certo, poderá ser suscitada dúvida sobre o valor dos acessórios da dívida (juros, correção monetária, comissão de permanência, etc.). Geralmente, o juiz, por comodidade, socorre-se do auxílio do contador e, aceitando os cálculos, com ou sem retificação, mandada o devedor depositar. Depositando, o juiz julga a extinta a obrigação e a execução, cabendo contra a sentença o recurso de apelação.
O que é sentença terminativa?
Na sentença terminativa o juiz nem chega a verificar quem tem razão, pois foi constatado um vício formal, ou irregularidade no processo, não havendo julgamento do mérito, razão porque o juiz extingue sem resolução do mérito.
O que vai estabelecer se a sentença é de mérito ou terminativa é a existência ou não de manifestação pelo Estado-Juiz da tutela pretendida.
A sentença será terminativa se, por exemplo, a mãe pedir alimentos em seu nome, quando na verdade a prestação alimentícia for para o filho menor de idade, pois nessa situação haverá nítida ilegitimidade de parte, pois quem deveria pedir seria o filho (representado pela mãe).
Perceba-se que a verificação desse vício obriga a extinção do processo, através de uma sentença terminativa, e impossibilita ao Estado dizer se há ou não o direito à prestação de alimentos.
Na situação acima há uma mácula no processo, um vício processual que não permite ao magistrado a análise do direito aos alimentos, motivo pelo qual o juiz julga o processo extinto sem resolução do mérito. Esse ato do juiz, de extinguir o processo sem resolução do mérito por um vício processual é chamado de sentença terminativa.
O que é sentença definitiva?
Faça um breve resumo sobre os temas: competência, litisconsórcio e intervenção de terceiros.

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