Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Faculdade de Direito UNA – Pouso Alegre (Aula dia 20/2/2019) Constitucionalismo A expressão constitucionalismo, ao que se nos afigura, incorpora sentidos essenciais. Primeiro, o de movimento, o de organização de pessoas em torno de um ideal, de um objetivo. Segundo, o de Constituição. As leis organizam o próprio poder, fixam seus órgãos e suas atribuições. Monarca e Estado – separar. Luís XIV – O Estado sou eu (1661-1715) Forma de governo: república ou monarquia. Sistema de governo: parlamentarismo ou presidencialismo. Sentido amplo: significa o fenômeno relacionado ao dado de todo Estado possuir uma constituição em qualquer época da humanidade, independentemente do regime político adotado ou do perfil jurídico que se lhe pretende adotar; Sentido restrito: significa técnica jurídica de tutela das liberdades, surgida nos fins do século XVIII, que possibilitou aos cidadãos exerceram, com base em constituições escritas, ou seus 2 direitos e garantias fundamentais, sem que o Estado lhes pudesse oprimir pelo uso da força e do arbítrio. O constitucionalismo é um movimento político, jurídico, e social, pautado pelo objetivo de criar um pensamento hegemônico segundo o qual todo o Estado deve estar organizado com base em um documento fundante, chamado Constituição, cujo propósito essencial seriado organizar o poder político, buscando garantir os direitos fundamentais e o caráter democrático de suas deliberações. A história é pródiga em ebulições, movimentos, vaivéns, etc. Assim, é difícil vislumbrar o momento exato de nascimento de um movimento. O que costuma acontecer é a identificação do período, ou da quadra histórica, em que o movimento, ou as ideias que o influenciaram, granjeou hegemonia. Nesse sentido, o constitucionalismo está associado ao surgimento duas primeiras constituições escritas, a americana (1787) e a francesa (1791), cuja inspiração ideológica foi bem escrita por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, ao afirmar: “Os princípios filosóficos se enunciavam nos seguintes termos: a comunidade política é originária de um contrato, o qual é fonte de autoridade; - há direitos naturais do homem anteriores à sociedade, e, pelo contrato social, esta se obrigada a protegê-los e garanti-los contra qualquer arbítrio.” 3 Antecedentes: pactos; forais ou castas de franquia e contratos de colonização; doutrinas contratualistas medievais, leis fundamentais do Reino. Magna Carta – acordo João Sem Terra (1215) Século XVII – Hobbes – Leviatã – Locke – Tratado do governo civil. Século XVIII – pensamento iluminista – 5 ideias-: indivíduo, razão, natureza, felicidade e progresso. Homem como indivíduo. O constitucionalismo é congênito à separação de poderes e às declarações de direitos humanos, formando com eles o conjunto de ingredientes necessários ao Estado de Direito. Conclui-se, portanto, que os principais objetivos incorporados pelo constitucionalismo são: Supremacia da lei (Constituição), havida esta como a expressão da vontade geral; Limitação do poder; Proteção e asseguração dos direitos fundamentais do ser humano, em especial os correlacionados à liberdade. Governo das leis e não o dos homens – rule of law, not of men. – Estado de direito. 4 O GOVERNANTE NÃO É O DONO DO PODER. Art. 1º, Par único. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Ruy Cirne Lima: “Em direito público, designa, também, a palavra administração a atividade do que não é senhor absoluto.” – “Administração, segundo o nosso modo de ver, é a atividade do que não é proprietário, - do que não tem a disposição da coisa ou do negócio administrado.” Celso Antônio Bandeira de Mello: “No Estado de Direito, não há sujeito fora do Direito.” Divisão de Poderes Aristóteles – Montesquieu – O Espírito das Leis “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Três Poderes: Poder Executivo (arts. 76/91 CF) Típicas- administrar, compreendendo não só a função 5 de governo, relacionada às atribuições políticas e de decisão, mas também as meramente administrativas, pelas quais são desempenhadas as atividades de intervenção, fomento e serviço público. O Poder Executivo que é estruturado e organizado hierarquicamente, para tal finalidade e obedecendo a comandos legais, em casos excepcionais diretamente a Constituição Federal, desenvolve atividades concretas e imediatas, para a realização dos interesses públicos. Compete à Administração Pública, dentre inúmeras atuações, prestar serviços de saúde, educação, limpeza pública, construção e manutenção de estradas e vias das mais diversas, construir e manter obras, cuidar das cidades, saneamento básico, transporte público, num contar sem fim. (Celso Antônio Bandeira de Mello: ““Função administrativa é a função que o Estado, ou quem lhe faça as vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquicos e que no sistema constitucional brasileiro se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante comportamentos infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a controle de legalidade pelo Poder Judiciário.” Atípicas – regulamentos – julgamentos em processos administrativos. Poder Legislativo (arts. 44/58 - CF) União - Bicameral – Senado – Câmara dos Deputados Estados membros – Assembleia Legislativa 6 Municípios – Câmara de Vereadores As funções típicas são legislar e fiscalizar. No desempenho da função legislativa, cabe a ele, obedecidas as regras constitucionais do processo legislativo, elaborar normas jurídicas gerais e abstratas. Em cumprimento à função fiscalizadora, cabe ao Congresso Nacional realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo (art. 70), “fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta” (CF, art. 49, X), bem como investigar fato determinado, por meio de CPI (art. 58, § 3º). Funções atípicas – administrar e julgar - Administrar – Poder que se organiza administrativamente (arts. 27, § 3º, 51, IV, 52, XIII, CF) e se instala em imóvel adquirido, construído ou locado no exercício função administrativa. Todas as instalações físicas do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais são efetuadas no exercício da função administrativa. Os titulares de mandato eletivo são eleitos pelo voto direito, secreto e igualitário (arts. 14, 23, 26, 29, 45, 46, CF), mas os demais agentes públicos do seu quadro de pessoal são admitidos pelo exercício da função administrativa. As atividades legislativas, para se efetivarem e funcionarem dependem de organização e estrutura, da função administrativa. Julgar – quando julgar determinadas autoridades - 7 caso de impeachment (processo de cassação de mandato). Poder Judiciário (arts. 92/126 CF/88) Típicas – função jurisdicional (ou de julgamento), pela qual lhe compete, coercitivamente, em caráter definitivo, dizer e aplicar o Direito às controvérsias que lhes são submetidas. Atípicas- função administrativa- Poder que se organiza administrativamente e exerce função administrativa (arts. 93, I, 96, I ‘a’ a ‘f’, II, ‘b’ e 99, CF), desde o princípio, pois, o ingresso na carreira dos magistrados de primeira instância se faz por meio de concurso público de provas e títulos. O prédio em que se instala o fórum ou tribunal, ou foi construído, adquirido ou locado e são mantidos no exercício da função administrativa. Os móveis, veículos e utensílios, como cadeiras, mesas, estantes, prateleiras, computadores, papéis, carimbos são todos eles constituídos e mantidos pelo Poder Judiciário, no exercício da função administrativa. Os servidores são investidos em cargos públicos, seja mediante concurso público, por contratos ou nomeações comissionadas, igualmente, no exercício da função administrativa. Recentemente foi criado o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, que tem como atribuições, dentre outras, o controle das atividades administrativas do Judiciário (art. 103-B, CF). Atípica legislativa o quando produz normas gerais, aplicáveis no seu âmbito, de observância obrigatória. Caso do Regimento Interno. 8 O constitucionalismo pode, assim, ser traduzido como uma estratégia de limitação do poder político, quer buscando assegurar o princípio democrático, quer retirando do âmbito de disponibilidade da maioria política e social a tangibilidade direitos inerentes à noção de dignidade humana, em especial, quanto atinentes à proteção de minorias.” Poder Constituinte originário O ato de criação da Constituição é produto da manifestação do chamado “Poder Constituinte Originário”. Como inaugura uma ordem jurídica, atribuem-se ao Poder Constituinte Originário algumas características que demarcariam seu perfil. Diz-se, por isso, que o Poder Constituinte Originário é: inicial- inaugura uma nova ordem jurídica, revogando a Constituição anterior e os dispositivos infraconstitucionais anteriormente produzidos e incompatíveis com ela; autônomo - só ao seu exercente cabe determinar quais os termos em que a nova Constituição será estruturada; ilimitado - não se reportando à ordem jurídica anterior, compõe novo arcabouço jurídico, sem limites para a criação de sua obra; incondicionado - não se submete a nenhum processo predeterminado para sua elaboração. 9 Tem natureza política e é um poder de fato, mas institui um diploma jurídico. Assim, o Poder Constituinte Originário é um poder político que impõe um poder jurídico: a Constituição. A Constituição firma-se pela vontade das forças determinantes da sociedade, que a precede. Diferentemente do que ocorre com as normas infraconstitucionais, porque Constituição não retira seu fundamento de validade de um diploma jurídico que lhe seja superior. Portanto, “o poder constituinte originário, é a força política consciente de si que resolve disciplinar os fundamentos do modo de convivência na comunidade política.” Tal conceito provém dos estudos do abade Sieyès, autor do opúsculo Que é o Terceiro Estado?, manifesto da Revolução Francesa. Nas vésperas da Revolução, o autor assinala que o denominado Terceiro Estado- que englobava quem não pertencesse à nobreza ou ao alto clero, incluindo a burguesia-, embora disse quem produzisse a riqueza no país, não desfrutava de privilégios, tampouco tinha voz ativa na condução polícia do Estado. O Terceiro Estado, reivindicava assim, a reorganização política da França. O autor defende que a Constituição é produto do poder constituinte originário, que gera e organiza os poderes do Estado, sendo superior a eles. Distancia-se, portanto, da legitimação dinástica do poder, pautada na vinculação de uma família ao Estado, pela noção de Estado como “unidade política do povo”. O poder 10 constituinte originário corresponde à autoridade máxima da Constituição, reconhecida pelo constitucionalismo, vinda de força política capaz de estabelecer e manter o vigor normativo do Texto. No livro, o autor defende que a Constituição é produto do poder constituinte originário, que gera e organiza os poderes do Estado, sendo superior a eles. Distancia-se, portanto, da legitimação dinástica do poder, pautada na vinculação de uma família ao Estado, pela noção de Estado como “unidade política do povo”. Para isso, cercou o conceito poder constituinte originário de predicados colhidos da teologia, enfatizando a desvinculação a normas anteriores e sua onipotência, capaz de curar do nada e dispor de tudo ao seu talante. O povo é soberano para ordenar seu próprio destino e o da sociedade, através da Constituição. Entende-se que o povo, titular do poder constituinte originário, trata-se de um “grupo de homens que se delimita e se reúne politicamente, consciente de si mesmo como magnitude política e entra na história atuando como tal.” Em suma, são três as características básicas no que se concerne ao poder constituinte originário. Ele é inicial, ilimitado (autônomo) e incondicionado. Inicial, pois sua origem encontra-se no ordenamento jurídico e é ponto de começo do Direito, não pertence à ordem jurídica, logo, não é regido por ela - é ilimitado. Já a característica da incondicionalidade deve-se a não vinculação do Direito anterior, incapaz de alcançar ou nem limitar sua atividade. 11 Por fim, é ilimitado em razão da liberdade com relação a imposições da ordem jurídica que existia anteriormente. Mas ressalta-se que, haverá limitações políticas inerentes ao exercício do poder constituinte. Poder Constituinte Derivado: Está inserido na própria Constituição, decorre de uma “regra jurídica de autenticidade constitucional”. São características do Poder Constituinte Derivado:1 limitação – a Constituição impõe limites a sua alteração, criando determinadas áreas imutáveis. São as cláusulas pétreas, que, em nosso sistema, encontram-se indicadas no art. 60, § 4º, da Constituição Federal; condicionalidade – a modificação da Constituição deve obedecer ao processo determinado para sua alteração (processo de emenda). Assim, para que se possa modificar a Constituição, algumas formalidades devem ser cumpridas, condicionando o procedimento. Em nosso caso, a regra consiste na dificuldade maior da iniciativa (art. 60, I, II e III), no quórum elevado em relação à lei ordinária (§ 2º do art. 60), em dois turnos de votação (§ 2º do art. 60) e na impossibilidade de reapresentação de projeto de emenda na mesma sessão legislativa (§ 5º do art. 1 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Ob. cit., p. 42. 12 60), quando a lei ordinária pode ser reapresentada, desde que por pedido da maioria absoluta de qualquer das Casas (art. 67). Breve histórico das Constituições Brasileiras: 1) Constituição de 1824: A Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada em 25 de março de 1824. Governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo. Marcada por forte centralismo administrativo e político, tendo como agente o Poder Moderador. A Constituição do Império tinha um Poder Moderador, ao lado da divisão clássica (o Judiciário, o Executivo e o Legislativo). O Estado brasileiro adotava a religião católica. Vigência: 65 anos. Do Poder Moderador. “Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organisação Politica, e é delegadoprivativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independencia, equilibrio, e harmonia dos mais Poderes Politicos. Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma. 13 Art. 100. Os seus Titulos são "Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil" e tem o Tratamento de Magestade Imperial. Art. 101. O Imperador exerce o Poder Moderador I. Nomeando os Senadores, na fórma do Art. 43. II. Convocando a Assembléa Geral extraordinariamente nos intervallos das Sessões, quando assim o pede o bem do Imperio. III. Sanccionando os Decretos, e Resoluções da Assembléa Geral, para que tenham força de Lei: Art. 62. IV. Approvando, e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciaes: Arts. 86, e 87. V. Prorogando, ou adiando a Assembléa Geral, e dissolvendo a Camara dos Deputados, nos casos, em que o exigir a salvação do Estado; convocando immediatamente outra, que a substitua. VI. Nomeando, e demittindo livremente os Ministros de Estado. VII. Suspendendo os Magistrados nos casos do Art. 154. 14 VIII. Perdoando, e moderando as penas impostas e os Réos condemnados por Sentença. IX. Concedendo Amnistia em caso urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado.”2 O rei não erra – “Le roi ne peut mal faire” (França) – “The King can do not wrong” (Inglaterra) 2) Constituição de 1891: O Decreto n. 1, de 15 de novembro de 1889, instituiu a República e a Federação. O Texto Constitucional promulgado em 24 de fevereiro de 1891 (a primeira Constituição da República do Brasil – a segunda do constitucionalismo pátrio), teve por Relator o Senador Rui Barbosa. Não há mais religião oficial. O Poder Moderador foi extinto, adotando-se a teoria clássica de Montesquieu da tripartição dos “Poderes”. Vigência: 39 anos. 3) Constituição de 1934: Promulgada em 16 de julho de 1934, o Texto Constitucional sofreu forte influência da Constituição de Weimar da Alemanha de 1919. Ampliou os poderes da União e discriminou, com mais rigor, as rendas tributárias entre União, Estados e Municípios. Definiu os direitos políticos e o sistema eleitoral, instituiu o voto secreto e obrigatório aos 18 anos e o voto feminino. Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Econômica e Social”, explicitava que deveria possibilitar “a todos 2 Redação original da Constituição de 1824. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm. Acesso em 20.02.2019. 15 existência digna” e sob a rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” proclamava a educação “direito de todos”. Mudou também o enfoque da democracia individualista para a democracia social. Vigência: 03 anos. 4) Carta política de 1937 (a Constituição “Polaca”): Mediante a imposição de um novo texto constitucional, destituído de qualquer legitimação democrática, apenas foi assegurada uma roupagem “constitucional” para a Ditadura do Estado Novo. Houve ditadura pura e simples. A Constituição de 1937 não teve, porém, aplicação regular. Foi inspirada na Constituição da Polônia (de 23.4.1935), fortaleceu sobremaneira o Poder Executivo. Os direitos e garantias individuais, deveriam ser exercidos nos limites do bem- público, das necessidades da defesa, do bem-estar, da paz e da ordem coletiva, bem como das exigências da Nação e do Estado. Em seu art. 139, estipulava que a greve era um recurso antissocial, nocivo ao trabalho e ao capital e incompatível com os superiores interesses da produção nacional. Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade político-partidária e anulou a independência dos Poderes e a autonomia federativa. Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamentar, a prisão e o exílio de opositores. Instituiu a eleição indireta para presidente da República, com mandato de seis anos; a pena de morte e a censura prévia nos meios de comunicação. Manteve os direitos trabalhistas. Vigência: 8 anos. 16 5) Constituição de 1946: A posse do novo presidente Gal. Eurico Gaspar Dutra foi sucedida pela imediata instalação de uma Assembleia Constituinte, em 02/02/1946, integrada por várias correntes de opinião. Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a pena de morte. Devolveu a independência dos três poderes, a autonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente da República, com mandato de cinco anos. Vigência: 21 anos. 6) Constituição de 1967: Entrou em vigor em 15.03.1967, antes mesmo da posse do Marechal Arthur da Costa e Silva, sendo fortemente influenciada pela Carta Política de 1937. Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de 1964. Foi por muitos denominada de “Super Polaca”. Ao longo de todo o texto constitucional, evitou-se falar de democracia, sendo esta substituída pela expressão “regime representativo”. Chegou a se falar no “aleijão constitucional de 1967”, considerando o somatório de vícios de formação e conteúdo. Oficializou e institucionalizou o regime militar de 1964, conservando o bipartidarismo. Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispositivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, dando permissão ao presidente para, dentre outros, fechar o Congresso, cassar mandatos e suspender direitos políticos. Permitiu aos governos militares, total liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica e tributária. Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o Legislativo e o Judiciário. Vigência: 21 anos. 17 Emenda n. 1 a Constituição de 1969: Simulacro de Constituição, editado pela Junta Militar que assumiu o poder em 1969. Há divergências na doutrina acerca desta Emenda Constitucional (nº1/69), onde alguns defendem a ideia de que se trata de uma Constituição propriamente dita, que teria sido a Constituição de 1969, enquanto outros não a reconhecem como uma nova Constituição. De qualquer modo, não é o caso de dar um valor demasiado à discussão sobre a aludida emenda. 7) Constituição de 1988: Atualmente em vigor, foi promulgada em 5 de outubro de 1988 no governo de José Sarney, seu texto pode ser considerado como o mais democrático e avançado em nossa história constitucional. Foi elaborada por uma Assembleia Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir a incorporação de emendas populares. Na expressão de Ulysses Guimarães, Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, que a produziu, é a Constituição Cidadã, porque teve ampla participação popular em sua elaboração e especialmente porque se volta decididamente para a plena realização da cidadania. Seus pontos principais são a República representativa, federativa e presidencialista. Os direitos individuais e as liberdades públicas são ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a edição de medidas provisórias com força de lei (vigorantes por um mês, passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas ou rejeitadas pelo Congresso). O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores de 18 16 anos. A educaçãofundamental é apresentada como obrigatória, universal e gratuita. Também são abordados temas como o dever da defesa do meio ambiente e de preservação de documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios arqueológicos.
Compartilhar