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DIREITO DE FAMÍLIA - Caderno para a 1ª Prova - Camilo Colani

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DIREITO DE FAMÍLIA
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira (TT7B) – 03/04 e 29/05
DIREITO DE FAMÍLIA – Direito de família é o ramo do direito civil cujas normas e princípios regulam as relações jurídicas advindas do casamento, da união estável/concubinato e do parentesco. 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA – Historicamente, todas as constituições na sociedade ocidental definem a família como a base da sociedade. Portanto, na CF/88, em seu Artigo 226, é definido que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
RECONHECIMENTO DE OUTRAS FORMAS DE FAMÍLIA (Artigo 226, §3º e §4º) - Na Constituição, há também o reconhecimento de outras formas de constituição familiar ao lado do casamento, como as uniões estáveis e as famílias monoparentais, conforme o Artigo 226, §3º e §4º da CF/88.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
 § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.  (Regulamento)
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
 § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.   (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.    Regulamento
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
DISSOLUBILIDADE DO VÍNCULO CONJUGAL (Artigo 226, §6º, CF/88) - Além disso, a constituição trata da dissolubilidade do vínculo conjugal e do matrimônio (Artigo 226, §6º, CF/88), tratando de forma expressa sobre o divórcio, que é regulamentado tanto na CF/88 quanto em legislações infraconstitucionais (Codex de 2002).
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.   (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
ASSISTÊNCIA DO ESTADO ÀS FAMÍLIAS (Artigo 226, §8º) - A CF/88 prevê a assistência do Estado a todas as espécies de família, conforme Artigo 226, §8º.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Igualdade entre os filhos, independentemente do fato do mesmo ser fruto de um casamento ou não, vide Artigo 226, §6º da CF/88. 
CASAMENTO – Casamento é a união entre duas pessoas (mesmo gênero ou gêneros diferentes) com finalidade de constituir família, reconhecida pelo Estado, que lhes confere direitos e prerrogativas inerentes à condição de casadas. 
OBS: O reconhecimento que o Estado dá à união estável confere direitos e prerrogativas diferentes do casamento. Um exemplo é que enquanto no casamento, os indivíduos são cônjuges, na união estável os indivíduos são companheiros.
VÍNCULO COM O ESTADO (Artigo 1.512, Código Civil) - O Artigo 1.512 do Código Civil regulamenta a questão do casamento civil, que só será válido caso possua uma certidão registro civil emitida pelo Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais, onde o Estado atesta e aprova que os indivíduos são, de fato, casados. O casamento é civil, ou seja, possui vínculo com o Estado. Logo, um casamento que não é civil é um casamento não reconhecido pelo Estado, não possuindo um registro oficial reconhecendo o vínculo entre as Pessoas Naturais.
-Registro como Ato Declaratório: O registro é um ato declaratório, ou seja, é um ato jurídico que declara hoje o que já aconteceu, retroagindo seus efeitos. Portanto, o registro do casamento reconhece e declara algo que já ocorreu, quando o juiz aprovou o casamento entre as duas partes. 
REGRAS GERAIS – O Código Civil dispõe sobre as regras gerais do casamento.
-Igualdade entre os Cônjuges: O Artigo 1.511 define que o casamento estabelece comunhão plena de vida (não tem nada a ver com comunhão de bens, se tratando de um aspecto sociológico e subjetivo) com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
-Não Interferência no Casamento por Terceiros: O Artigo 1.513 define que é proibido/defeso a qualquer pessoa, seja ela PF ou PJ de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Esta regra se trata de uma clara obrigação de não-fazer, onde os credores são os casados e os devedores são todos os indivíduos que compõem a sociedade. 
-Realização do Casamento: O Artigo 1.514 estabelece que o casamento será realizado no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
CAPACIDADE PARA O CASAMENTO – É válido lembrar que capacidade se difere de maioridade, assim como incapacidade difere de menoridade. Apesar disso, o Código Civil não faz corretamente a distinção de capacidade e maioridade nos assuntos relacionados à família.
Eis as hipóteses das Pessoas Naturais que possuem capacidade para se casar:
I – Quem tem a maioridade civil, ou seja, 18 anos;
II – Quem tem idade núbil, ou seja, 16 anos (na verdade, 16 a 18 anos);
 O Artigo 1.517 define que os indivíduos entre 16-18 anos podem se casar, contanto que haja autorização de ambos os pais ou de seus representantes legais, caso ainda não tenha sido atingida a maioridade civil. Além disso, caso haja divergência entre os pais sobre o casamento, qualquer interessado poderá recorrer ao juiz para que decida conforme o melhor interesse do menor. No Artigo 1.518 do Codex, é previsto que, até a celebração do casamento, os pais/tutores podem revogar a autorização, sendo este fato conhecido como suprimento judicial. 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518.  Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.                      (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)              (Vigência)
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
III – Quem ainda não alcançou a idade núbil;
 O único caso em que um indivíduo que ainda não atingiu a idade núbil (menor de 16 anos) poderá se casar se dará no caso de gravidez da futura cônjuge. A hipótese de permissão do casamento de indivíduos que não alcançaram a idade núbil com o intuito de evitar imposição ou cumprimento de pena criminal foi revogado pelo Código Penal. Atualmente, a Lei 13.811/19 determina que não será permitido em nenhuma hipótese o casamento de quem não atingiu a idade núbil, alterando a redação do Artigo 1.520, CC/02 sob pena de anulabilidade do casamento.
(Artigo Revogado) Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Art. 1.520.  Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código.                     (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019)
OBS: No caso de casamento entre indivíduos que não alcançaram a idade núbil, deve-se seguir a seguinte sistematização para sua aprovação: (i) deve haver gravidez; (ii) livre manifestação
das partes; (iii) devem ser ouvidos os responsáveis e parentes/descendentes; (iv) deve haver a intervenção do MP; e (v) deve ser proferida decisão judicial autorizando o casamento. 
TJ-MG - Apelação Cível AC 10051110004887001 MG (TJ-MG) 
Data de publicação: 14/06/2013 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DE FAMÍLIA - CASAMENTO DE MULHER MENOR DE 16 ANOS - SUPRIMENTO JUDICIAL- DEFERIMENTO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. - Embora o Suprimento Judicial tenha ocorrido fora da hipótese excepcional do art. 1520 do CC (gravidez), verifico a ocorrência do fato consumado, tendo em vista a Certidão de Casamento datada de junho de 2011, mormente considerando que atualmente a noiva já conta com mais de 17 anos de idade e que, diante do consentimento expresso de seus pais já poderia se casar.
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS – Os impedimentos matrimoniais estão previstos no Artigo 1.521 do Código Civil, conforme podemos verificar abaixo, sendo este um rol taxativo.
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
-Efeitos dos Impedimentos Patrimoniais: Os impedimentos matrimoniais (i) impossibilitam a celebração do casamento; (ii) sua oposição poderá ocorrer até o momento da celebração, por qualquer pessoa (Artigo 1522, CC/02); caso (iii) o oficial do registro ou qualquer juiz tenha conhecimento do impedimento, deverá reconhecê-lo de ofício (Artigo 1.522, P.U, CC/02); e (iv) caso o casamento seja celebrado, será ele nulo de pleno direito, havendo nulidade absoluta.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
OBS: Segundo afirma Silvio Rodrigues, “Oposição de impedimento é o ato da pessoa legitimada, praticado antes da celebração do casamento, indicando ao oficial perante quem se processa a habilitação, ou ao juiz que celebra a solenidade, a existência de um dos fatos indicados na lei como obstativo do matrimônio”. Realizado o casamento e somente após o mesmo é que descobriu-se o impedimento, será necessária uma ação declaratória de nulidade para que haja o impedimento do casamento.
 -Ascendentes com os Descendentes, seja o Parentesco Natural ou Civil: No Brasil, é terminantemente proibido o casamento entre pais e filhos e/ou ascendentes e descendentes, sendo esta uma situação onde a autonomia privada do indivíduo não é suficiente para quebrar os valores morais. 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
-Casamento com Afins em Linha Reta: Os afins em linha reta são os sogros, sogras, genros, noras, padrastos e madrastas, não sendo permitido o casamento com estes indivíduos, mesmo após o divórcio, pois o vínculo com os afins em linha reta é ad aeternum. No caso de irmão do cônjuge é permitido, pois o parentesco não era em linha reta.
II - os afins em linha reta;
OBS: Casamento Avuncular consiste no casamento entre tio e sobrinha (e derivados). Apesar de ser impedido no Brasil, em 1948, na Era Vargas, Getúlio outorgou um decreto-lei permitindo o casamento avuncular, com o intuito de casar alguém de sua família que se encaixava nessa categoria. A condição para que ocorra o casamento avuncular é a necessidade de laudos médicos garantindo que não haverá nenhum problema de saúde para os filhos desse casal. A doutrina questiona se o Codex de 2002 recebeu ou não a nova lei, porém o entendimento majoritário é que o decreto é válido, por interpretação judicial.
-Adotante com quem foi Cônjuge do Adotado e Adotado com quem o foi do Adotante: O casamento entre o adotante com quem foi cônjuge do adotado assim como o casamento do adotado com quem foi cônjuge do adotante é impedido no direito brasileiro. Um exemplo na vida real dessa situação, impedida no direito brasileiro, é a de Woody Allen. 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
-Casamento entre Irmãos: No direito brasileiro, é proibido tanto o casamento entre irmãos unilaterais quanto o de bilaterais. (i) Irmãos Bilaterais são os irmãos tanto de pai quanto de mãe. Já (ii) Irmãos Unilaterais são aqueles irmãos só por parte de pai ou por parte de mãe. 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
-Adotado com o filho do Adotante: Trata-se do impedimento do casamento entre irmãos adotivos. Caso um jovem seja adotado pelos tios aos 16 anos e, quando fizer 22, resolva se casar com sua prima – agora irmã – só será possível o casamento na hipótese de desfazimento da adoção. 
V - o adotado com o filho do adotante;
-Casamento com Pessoa Casada: É passível de impedimento o casamento com uma pessoa que já é casada, sendo aceito no Brasil apenas o regime monogâmico, que se aplica inclusive na união estável. No Brasil, há a liberdade sexual, onde o indivíduo pode se relacionar com várias pessoas simultaneamente, mas só pode estar casado com uma. 
VI - as pessoas casadas;
-Casamento entre Cônjuge Sobrevivente com o Assassino contra seu Consorte: Consiste na ideia de que será considerado impedido o casamento firmado entre o cônjuge do sobrevivente e o homicida ou acusado de homicídio contra o seu consorte, mesmo que o indivíduo já tenha cumprido a pena.
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Data de publicação: 27/08/2010 
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÕES ESTÁVEIS SIMULTÂNEAS. IMPOSSIBILIDADE. REQUISITOS LEGAIS. EQUIPARAÇÃO A CASAMENTO. PRIMAZIA DA MONOGAMIA. RELAÇÕES AFETIVAS DIVERSAS. QUALIFICAÇÃO MÁXIMA DE CONCUBINATO. RECURSO DESPROVIDO. 1. O Pretório Excelso já se manifestou pela constitucionalidade da convocação de magistrado de instância inferior para, atuando como substituto, compor colegiado de instância superior, inexistindo, na hipótese, qualquer ofensa ao princípio do juiz natural. 
2. A via do agravo regimental, na instância especial, não se presta para prequestionamento de dispositivos constitucionais. 3. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional nos embargos de declaração, se o Tribunal de origem enfrenta a matéria posta em debate na medida necessária para o deslinde da controvérsia, ainda que sucintamente. A motivação contrária ao interesse da parte não se traduz em maltrato aos arts. 165 , 458 e 535 do CPC . 4. Este Tribunal Superior consagrou o entendimento de ser inadmissível o reconhecimento de uniões estáveis paralelas. Assim, se uma relação afetiva de convivência for caracterizada como união estável, as outras concomitantes, quando muito, poderão ser enquadradas como concubinato (ou sociedade de fato). 5. Agravo regimental a que se nega provimento. 
CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO - No que tange as causas suspensivas do casamento, por outro lado, salienta-se que estão previstas nos Artigos. 1.523 e 1.524 do Codex. tais causas suspensivas são situações de menor gravidade, relacionadas a questões patrimoniais e de ordem privada.
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins.
-Efeitos das Causas Suspensivas: As causas suspensivas do casamento (i) não impossibilitam a celebração do casamento; (ii) não geram a nulidade absoluta ou relativa do casamento, mas apenas impõem sanções patrimoniais aos cônjuges, sendo que a principal sanção é o regime da separação legal ou obrigatória de bens (art. 1.641, I, Codex); (iii) poderão ser arguidas somente pelos parentes em linha reta de um dos cônjuges, consanguíneos ou afins, bem como pelos colaterais em segundo grau, consanguíneos ou afins; e (iv) não podem ser reconhecidas de ofício.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
OBS: Desaparecendo o motivo de imposição de causa suspensiva, justifica-se a ação de alteração de regime de bens, a ser proposta por ambos os cônjuges.
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO AgRg no Ag 1130816 MG 2008/0260514-0 (STJ) 
FORMALIDADES MATRIMONIAIS – Considera-se formalidades do casamento como a sequência de procedimentos exigidos por lei (habilitação, celebração e registro) - Código Civil (Artigos 1.525 a 1.542) e Lei de Registros Públicos (L6015/73, Artigos 67 a 70) -, para que seja observada, com segurança, a capacidade (verificar a capacidade dos nubentes) e a vontade dos nubentes (intenção dos nubentes de se casarem) para casar, bem como a existência de impedimentos matrimoniais (verificar impedimentos materiais) ou causas suspensivas. A forma do casamento é a forma prevista na lei, inexistindo margens para deliberações entre as partes sobre efeitos específicos para o casamento.
HABILITAÇÃO – Entende-se por habilitação o pedido de expedição de certidão de habilitação para se casar, formulado pelo casal interessado ao oficial do registro do distrito de residencia de um dos nubentes, decidamente instruído com os documentos indicados no Artigo 1.525 do Codex de 2002. Ao final da habilitação, o Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais (onde são registrados os nascimentos, casamentos e óbitos) é o responsável por analisar e, eventualmente, declarar que as partes estão habilitados para se casar. 
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
OBS: O registro de casamento, nascimento ou óbito é bastante específico quanto à data de reconhecimento dos fatos supracitados. 
-Certidão de Nascimento ou Documento Equivalente: O primeiro documento que deve ser apresentado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais é a certidão de nascimento, sendo aceita apenas o (i)Traslado Atual, que é a versão atualizada da certidão do nascimento original que o indivíduo geralmente ossui em casa. O traslado atual contém todas as informações e eventuais alterações sobre a capacidade do indivíduo que possam ter ocorrido no momento de nascença. 
OBS: O RG não pode ser considerado como documento equivalente, pois não contém 
-Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra: Consiste no caso de casamento de menores relativamente incapazes, onde é necessária a autorização dos pais ou indivíduos que estão responsáveis legalmente pelos relativamente incapazes.
-Declaração de Duas Testemunhas Maiores: Outro documento exigido é a testemunha de duas testemunhas maiores, ou seja, que já tenham alcançado a maioridade civil (18 anos). Não podem ser testemunhas os emancipados entre 16-18 anos pois, apesar de já terem alcançado a plena capacidade civil, os emancipados ainda não são dotados de maioridade civil, que só será alcançada aos 18 anos.
-Declaração do Estado Civil: No momento de apresentação, deve ser apresentada a declaração de Estado Civil das partes, que são: (i) Solteiro (pode casar), que é o único Estado Civil em que não há uma prova documental/certidão de cartório; (ii) Casado (não pode casar), que pode ser provado por meio de uma certidão de casamento; (iii) Viúvo (pode casar); (iv) Separado Judicialmente (não pode casar); (v) Divorciado (pode casar) e (vi)Desquitado (não pode casar).
OBS: O desquite é um Estado Civil que se encerrou em 1977, sendo um termo do direito que era usado para designar as separações matrimoniais antes da instituição do divórcio. Equivale à atual separação, na qual ocorre a separação dos cônjuges e de seus bens, mas não ocorre a dissolução do vínculo matrimonial.
-Domicílio e Residência Atual dos Contraentes e dos Pais: Outra documentação é justamente a exigência de comprovante de residência dos nubentes e dos pais dos mesmos. É comum a prática de registrar o mesmo endereço para os contraentes e dos pais das partes, visando pagar apenas por um edital que há de ser divulgado.
-Certidão de Óbito, Sentença Declaratória de Nulidade ou Anulação, ou Registro de Sentença de Divórcio: 
-Audiência do Ministério Público (Artigo 1.526, CC): Conforme o Artigo 1.526, a habilitação será feita perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. Audiência, nesse sentido, consiste na verificação documental por parte do Promotor de Justiça, ou seja, a expressão audiência não tem o significado processual, inexistindo contato presencial entre o MP e os contraentes.
 Art. 1.526.  A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.  (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009)  Vigência
Parágrafo único.  Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009)  Vigência
OBS: Será submetida ao juiz apenas as habilitações impugnadas pelo MP, Oficial ou terceiro.
-Edital do Casamento (Artigo 1.527, CC): Caso a documentação esteja em ordem, o oficial do Cartório extrairá o edital, que será afixado nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes e também será publicado, obrigatoriamente, na imprensa local, se houver, de acordo com o Artigo 1.527. Em necessidade de urgência, a autoridade competente poderá dispensar a publicação.
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
-Dever de Esclarecimento do Oficial (Artigo 1.528, CC): Segundo o Artigo 1.528 do Código Civil, o oficial do Cartório possui o dever de esclarecer
aos nubentes os fatos e hipóteses que podem ocasionar a invalidade (anulabilidade ou nulidade) do casamento, bem como esclarecer temas sobre os diversos regimes de bens. 
-Oposição ao Casamento e Prova Contrária dos Nubentes (Artigos 1529 e 1530, CC): Quem quiser apresentar algum impedimento ou causa suspensiva antes do casamento deve realizar o ato por escrito e com a sua assinatura, assumindo a sua responsabilidade, conforme Artigo 1.529, Codex. Além disso, o Artigo 1.530 do Codex determina que o oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes a nota da oposição (notificar, dar ciência, intimar) de que alguém apresentou oposiçãoao casamento, indicando fundamentos, provas e o nome de quem a ofereceu. Por fim, o P.U do Artigo 1.530 prevê que os nubentes podem requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. 
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
-Extração do Certificado de Habilitação: Com base no Artigo 1.531 do Codex, caso as formalidades do Artigo 1.526 e 1.527 sejam cumpridas e haja a verificação de que inexiste fato obstativo à habilitação, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. Conforme o Artigo 1.532, a eficácia da habilitação será de 90 dias, a contar da data em que foi extraído o certificado de habilitação. 
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO – O casamento é negócio jurídico solene, sendo seu componente histórico mais característico a celebração. Com efeito, não há casamento sem cerimônia formal, ainda que variável quanto ao ritual seguido. É válido destacar a importância dada pelo legislador civil à formalidade da celebração, que é regida por 10 artigos no Código Civil de 2002. 
OBS: Juiz de Paz é o juiz que se prepara apenas para casamento. Na Bahia, não existe concurso específico para Juiz de Paz, logo, há a necessidade de que Juízes de Direito realizem os atos de um Juiz de Paz. 
 O Artigo 1.533 determina que o casamento há de ser celebrado no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, por meio de petição dos contraentes que estejam habilitados com a certidão de habilitação. A solenidade é realizada na sede do cartório, com toda a publicidade, a portas abertas, devendo estar presentes duas testemunhas, - parentes ou não -, com a intenção das partes e consentimento da autoridade celebrante, podendo ocorrer em outro edifício público (propriedades da União, Estado ou Município) ou particular (Igrejas, por exemplo).
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
OBS: Na celebração, não é exigido que as testemunhas presentes sejam maiores civilmente, podendo as testemunhas serem menores, desde que sejam capazes, ou seja, emancipadas. 
OBS: Caso o casamento ocorra em edifício particular, deverá o estabelecimento ficar de portas abertas durante o ato, assim como o número de testemunhas da celebração subirá para 4, caso algum dos contraentes não possa ou não saiba escrever, vide Artigo 1.534, §§1º e 2º. 
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
 Em alguns casamentos, não há necessidade de que os noivos estejam presentes fisicamente, podendo estar presentes por meio de procurador especial. Entretanto, quando presentes os contraentes, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato há de ouvir dos nubentes a afirmação de que os nubentes pretendem casar por livre e espontânea vontade, e declarará a seguinte frase: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
OBS: O casamento é negócio jurídico solene, mas tão solene que até as palavras a serem pronunciadas estão expressas na lei Admite-se todavia, que o presidente do ato use palavras e expressões similares, desde que não altere o sentido e a extensão do pronunciamento solene.
-Suspensão da Celebração: Segundo o Artigo 1.538 do Codex de 2002, caso o nubente: (i) recuse solenemente a afirmação da sua vontade, podendo ser uma manifestação tácita (o silêncio não implica em consentimento/anuência nesse caso) ou expressa; (ii) declare que a vontade não é a livre e espontânea; ou (iii) manifeste que está arrependido, haverá a suspensão imediata do casamento, onde o nubente que deu causa à suspensão, só poderá se retratar no dia seguinte.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I - recusar a solene afirmação da sua vontade;
II - declarar que esta não é livre e espontânea;
III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
OBS: Nem todos os danos são indenizáveis, apenas os causados por ações ilícitas. Logo, o “não” no momento da celebração do casamento não é passível de indenização. Entretanto, também comete ato ilícito o titular de direito que pratica abuso de direito (caso de nubente que diz não e humilha o outro nubente durante o anão).
TJ-RS - Apelação Cível AC 70052224094 RS (TJ-RS) Data de publicação: 01/03/2013 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO. EDITAL DE PROCLAMAS NÃO PUBLICADO NA IMPRENSA EM TEMPO HÁBIL. AFASTAMENTO DO TITULAR DO CARTÓRIO. DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGURADO. Diante de seu afastamento do Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Bagé-RS, o apelante não teve como dar seguimento aos trâmites da habilitação do casamento dos demandantes, ou seja, não teve como encaminhar o edital de proclamas para a publicação na imprensa (art. 1.527 do CC). A legislação vigente não estabelece prazo específico para que o edital de proclamas seja publicado. Conforme alegado pelos próprios autores, estes se dirigiram ao cartório cinco dias antes do casamento (25.05.2009) e foram informados pela serventia que estaria tudo certo para o casamento. Não há como atribuir responsabilidade ao réu/apelante pelos fatos narrados na inicial. APELAÇÃO PROVIDA. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. (Apelação Cível Nº 70052224094, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel
Pires Ohlweiler, Julgado em 27/02/2013
TIPOS ESPECIAIS DE CASAMENTO – Os casamentos especiais são casamentos diferenciados no que diz respeito ao rito, à presença pessoal dos nubentes ou ainda à condição especial de um ou de ambos os nubentes. 
-Casamento por Procuração: A celebração do casamento é uma das etapas das formalidades matrimoniais e exige, oridnariamente, a presença dos dois nubentes. Todavia, a lei prevê exceção, constituindo o casamento por procuração, que consiste na permissão para que o matrimônio se realize através de procurador (por meio de contrato de mandato), regularmente constituído, conforme Artigo 1.542, Codex de 2002. O casamento por procuração é celebrado por meio de procuração, por instrumento público (são escrituras públicas de procuração, feitas em Tabelionato de Notas), onde a procuração por instrumento público, por ter tido os requisitos de validade verificados pelo Tabelionato de Notas, é dotada de fé-pública. 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. 
OBS: Em direito civil, o mandato(do latim mandatum -"encargo, cargo, comissão") é o contrato por meio do qual uma pessoa, denominada mandatário, recebe poderes de outra, designada mandante, para, em nome e por conta desta última, praticar atos jurídicos ou administrar interesses, onde o instrumento contratual do mandato é a procuração.
 Caso o (i) mandante revogue o mandato, a revogação não precisa chegar ao conhecimento do mandatário. Entretanto, se o casamento foi celebrado sem que o mandatário ou o contraente tivessem ciência da revogação, o mandante responderá por perdas e danos, conforme Artigo 1.542, §1º do Codex de 2002.
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.
 Nos casos de (ii) casamento nuncupativo (casamento onde um dos nubentes está em iminente risco de morte), o Artigo 1542, §2º do Codex prevê que apenas o nubente que não estiver em risco iminente de vida poderá ser representado por mandatário/procurador. 
§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
OBS: O mandato/procuração não surtirá efeitos por mais de 90 dias, conforme previsto no Artigo 1542, §3º do Codex.
§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
 A (iii) Revogação do Mandato/Procuração só ocorrerá por meio de instrumento público, segundo Artigo 1542, §4º.
§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.
OBS: Conforme doutrina,o procurador, que toma conhecimento de relevante circunstância (infidelidade no casamento, doença física ou psíquica, por exemplo) ignorada pelo representado, pode recusar a celebração do matrimônio, sempre que seja de esperar que o mandante, se tivesse conhecimento do fato, muito provavelmente não casaria.
OBS: Ambos os nubentes podem se fazer representar por mandatários na celebração do casamento, contanto que sejam procuradores distintos. 
-Casamento Nuncupativo: Casamento Nuncupativo é aquele em que um ou ambos os nubentes encontram-se em iminente risco de vida. O casamento nuncupativo é também chamado casamento in extremis ou articulo mortis, se baseando na necessidade social de outorgar a condição de casados a pessoas cuja vida esteja em risco. 
 No casamento nuncupativo, caso não haja a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, haverá a possibilidade do casamento ser celebrado na presença de 6 testemunhas que não tenham parentesco em linha reta ou na colateral (até 2º grau no caso da linha colateral), de acordo com o Artigo 1.540 do Código Civil de 2002.
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
 Quando o casamento nuncupativo é realizado, as testemunhas devem, após a realização do casamento, comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, no prazo de 10 dias, pedindo à mesma a declaração de que: (i) as testemunhas foram convocadas por parte do enfermo; (ii) o enfermo parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; (iii) as testemunhas, na presença do enfermo, declararam os contraentes marido e mulher, por livre e espontânea vontade de ambos. 
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
§ 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados (eventuais herdeiros, como sobrinhos e a Prefeitura Municipal, por exemplo) que o requererem, dentro em quinze dias.
§ 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração.
§ 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer/melhorar e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
OBS: Já foram julgados procedentes casos de casamento nuncupativos avunculares, ou seja, casamentos nuncupativos celebrados entre um tio e sua sobrinha (problemas do ativismo judicial). 
-Casamento perante Autoridade Diplomática: Consiste na ideia de que estando um casal brasileiro fora do país e que tenha o interesse de se casar, poderá requerer à autoridade diplomática (cônsul) no estrangeiro que celebre o matrimônio. De igual forma, o cidadão brasileiro que quiser se casar com estrangeiro poderá recorrer a esta forma especial de matrimônio. 
OBS: O casamento perante autoridade diplomática pode ser realizado perante as autoridades consulares brasileiras ou perante as autoridades estrangeiras. 
 É importante frisar que os casamentos entre brasileiros realizados no estrangeiro perante autoridade consular ou autoridade estrangeira deverão ser registrados em 180 dias, a contar da volta (ânimo definitivo ou temporário) de um ou de ambos cônjuges ao Brasil no cartório do respectivo domicílio ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir, conforme Artigo 1.544 do Código Civil de 2002. 
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
 Conforme o Artigo 18 da LINDB, são competentes as autoridades consulares para lhes celebrar o casamento e os mais atos do Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito aos filhos de brasileiro ou brasileira nascidos no país sede do Consulado.
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.                        (Redação dada pela Lei nº
3.238, de 1957)
§ 1º  As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.                        (Incluído pela Lei nº 12.874, de 2013)         Vigência
§ 2o  É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.                         (Incluído pela Lei nº 12.874, de 2013)        Vigência
 O Artigo 32 da LRP, por fim, estabelece que os assentos de nascimento, óbito e casamento de brasileiros residindo em país estrangeiro serão considerados autênticos caso sejam realizados nos termos da lei e do lugar, tendo as certidões legalizadas pelos cônsules.
Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento de brasileiros em país estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules ou quando por estes tomados, nos termos do regulamento consular.
-Casamento Religioso com Efeitos Civis: O casamento religioso com efeitos civis é uma tradição religiosa do povo brasileiro, marcantemente católico, e ainda, do fato de a religião católico ter sido religião oficial até o advento da República, mais precisamente até a Constituição Federal de 1891, é que se herdou o hábito de realização de dois atos que estabelecem o matrimônio; um civil, casamento em si, reconhecido pelo Estado, e outro, religioso, muitas vezes de importância tão grande quanto o primeiro.
OBS: Os nascimentos, casamentos e óbitos, até a promulgação da Constituição de 1891, eram registrados nas Igrejas mais próximas dos domicílios dos indivíduos, onde todos os documentos e certidões relacionados aos 3 atos supracitados. Os padres recebiam do Império uma remuneração, como se funcionários públicos fossem, chamado de padroado, e os padres, ao apontarem um bispo, dependiam da aprovação do Imperador.
 Após a CF de 1891, os casamentos passaram a ser registrado nos cartórios. Entretanto, como não havia cartórios suficientes para a população, ainda se manteve muito forte o costume de casamentos em Igrejas. Logo, para sanar essa ausência de registros civis, o Código Civil de 1916 criou a figura do casamento religioso com efeitos civis, que consiste em um único ato em que há o casamento religioso com o casamento civil. 
OBS: O casamento religioso com efeitos civis consiste em apenas um ato, não se confundindo com o casamento em cartório e, logo após, casamento em igreja. 
 São duas hipóteses de casamento religioso com efeitos civis, conforme a habilitação civil seja prévia ou posterior. A (i) 1ª Hipótese consiste na seguinte sequência: (a) Habilitação Civil no Cartório, onde há a declaração de que o casamento será celebrado em cerimônia religiosa; (b) Celebração Religiosa, onde o casal se casa na Igreja e a instituição religiosa envia documentos comprobatórios de que houve a celebração; e (c) Registro, que será feito em Cartório com base nos documentos enviados pela Igreja. 
 Por outro lado, existe a (ii) 2ª Hipótese, que consiste na seguinte sequência: (a) Celebração Religiosa, com documento assinado com firma reconhecida da instituição religiosa; (b) Habilitação Civil em Cartório; e (c) Registro Oficial em Cartório.
 Conforme o Artigo 1515 do Codex, o casamento religioso será equiparado ao casamento civil caso o mesmo atenda às exigências da lei (capacidade e não impedimento) para a validade do casamento civil, desde que registrado no registro próprio. 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
 O registro do casamento religioso se submete aos mesmos requisitos exigidos para o registro do casamento civil, de acordo com o Artigo 1516 do Código Civil de 2002. Além disso, desde que tenha sido homologada previamente a habilitação do casamento e após a celebração do casamento religioso, o registro civil do casamento religiosos será promovido dentro de 90 dias após a realização da celebração, segundo §2º do Artigo 1516 do Codex.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
 O casamento religioso, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do Artigo 1532, CC, terá efeitos civis se for registrado a qualquer tempo no registro civil, a requerimento das partes. 
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
OBS: O Artigo 1.516, §3º do Código Civil consiste na ideia de que podem haver múltiplos casamentos religiosos celebrados por um dos cônjuges, porém só será válido o primeiro que tiver sido registrado civilmente. 
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
OBS: Existe uma versão diferenciada de casamento, conhecido como Casamento Especial, extremamente similar ao casamento nuncupativo, que consiste na ideia de que no caso de moléstia grave de um dos nubentes (sem iminente risco de vida), o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever, conforme Artigo 1.539 do Código Civil de 2002.
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
 Em caso de falta ou impedimento da autoridade competente para presiddir o casamento, a sua ausência será suprida por qualquer um dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro oficial ad hoc (para o fato), nomeado pelo presidente do ato. O Artigo 1.539, §2º estabelece que o termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro de 5 dias, diante de 2 testemunhas. 
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
(STJ - REsp: 1330023 RN 2012/0032878-2, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 05/11/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/11/2013)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CASAMENTO NUNCUPATIVO. VALIDADE. COMPROVAÇÃO DE VÍCIO QUANTO A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE INEQUÍVOCA DO MORIBUNDO EM CONVOLAR NÚPCIAS. COMPROVAÇÃO. 1. Ação de decretação de nulidade de casamento nuncupativo ajuizada em novembro de 2008. Agravo no recurso especial distribuído em 22/03/2012. Decisão determinando a reautuação do agravo em recurso especial, publicada em 12/06/2012.
2. Recurso especial que discute a validade de casamento nuncupativo realizado entre tio e sobrinha com o falecimento daquele, horas após o enlace. 3. A inquestionável manifestação da vontade do nubente enfermo, no momento do casamento, fato corroborado pelas 6 testemunhas exigidas por lei, ainda que não realizada de viva voz, supre a exigência legal quanto ao ponto. 4. A discussão relativa à a nulidade preconizada pelo art. 1.548 do CC-02, que se reporta aos impedimentos, na espécie, consignados no art. 1.521, IV, do CC-02 (casamento entre colaterais, até o terceiro grau, inclusive) fenece por falta de escopo, tendo em vista que o quase imediato óbito de um dos nubentes não permitiu o concúbito pós-casamento, não havendo que se falar, por conseguinte, em riscos eugênicos, realidade que, na espécie, afasta a impositividade da norma, porquanto lhe retira seu lastro teleológico. 5. Não existem objetivos pré-constituídos para o casamento, que descumpridos, imporiam sua nulidade, mormente naqueles realizados com evidente possibilidade de óbito de um dos nubentes - casamento nuncupativo -, pois esses se afastam tanto do usual que, salvaguardada as situações constantes dos arts. 166 e 167 do CC-02, que tratam das nulidades do negócio jurídico, devem, independentemente do fim perseguido pelos nubentes, serem ratificados judicialmente. 6. E no amplo espectro que se forma com essa assertiva, nada impede que o casamento nuncupativo realizado tenha como motivação central, ou única, a consolidação de meros efeitos sucessórios em favor de um dos nubentes - pois essa circunstância não macula o ato com um dos vícios citados nos arts. 166 e 167 do CC-02: incapacidade; ilicitude do motivo e do objeto; malferimento da forma, fraude ou simulação. Recurso ao qual se nega provimento.
PROVA DO CASAMENTO - Prova é um resgate de um fato passado, sendo necessário o resgate por se tratar de um fato controverso, que detém duas versões, e há de ser julgado por um indivíduo imparcial e que não estava presente no momento de acontecimento do fato. O casamento, sendo um negócio jurídico solene, possui prova diferenciada de outros negócios jurídicos ordinários. O Casamento é um negócio jurídico, sendo um contrato formal e solene, produzindo efeitos para terceiros e, evidentemente, há um interesse jurídico em prová-lo em face da relevância, frente aos próprios cônjuges e em relação aos terceiros. Isso justifica a importância jurídica da prova do casamento, pois o casamento é responsável pela mudança e emancipação do Estado Civil. 
 As provas de casamento são: a (i) certidão de casamento devidamente registrada, e se não tiver a respectiva certidão serão admitidos outros meios de provas idôneas, o casamento no estrangeiro provar-se-á pela (ii) certidão consular (deverá ser homologada no Brasil) e o (iii) estado de posse de casado.
PROVA DIRETA – A prova direta consiste nos métodos ordinários para provar a ocorrência do negócio jurídico do casamento. Logo, conforme o Artigo 1543 do Código Civil, o casamento celebrado no Brasil é provado pela certidão do registro de casamento. Além disso, outra forma de prova direta está disposta no Artigo 1.544 do Código Civil de 2002, determinando que, o casamento de brasileiro celebrado no estrangeiro será provado pelo documento válido de acordo com a lei do país onde foi celebrado e legalizado pelo cônsul brasileiro do lugar. Portanto, se o casamento for contraído perante agente consular, provar-se-á o casamento por certidão consular do assento no registro do consulado.
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
-Utilização das Provas Diretas: As provas diretas do casamento são justificadas pela falta ou perda do registro civil, o que ocorre em duas fases: na (i) 1ª Fase , prova-se o fato que ocasionou a perda ou a falta do registro; na (ii) 2ª Fase, se satisfatória a primeira fase, admitidas serão outros documentos, tais como registros em passaportes, certidão de proclamas, passaporte, testemunhas do ato, documentos, certidão de nascimento de filhos, entre outros.
PROVAS INDIRETAS (POSSE DO ESTADO DE CASADOS) – Posse do estado de casados é a situação de duas pessoas que vivem como casadas (more uxório) e assim são consideradas por todos. É, em suma, a situação de duas pessoas que vivem publicamente como marido e mulher e assim são reconhecidas pela sociedade. É prova de aparência da existência do casamento, pela publicidade do tratamento conferido reciprocamente entre o homem e a mulher, que presume a existência do matrimônio civil.
 Conforme o Artigo 1.545 do Codex de 2002, a Posse do Estado de Casados pode ser utilizado como prova na hipótese de provar casamento de pessoas falecidas, em benefício da prole, ante a impossibilidade de se obter prova direta ou para eliminar dúvidas entre provas favoráveis e contrárias à celebração do casamento, para sanar eventuais defeitos de forma do casamento em vida dos cônjuges quando o casamento for impugnado, atendendo aos requisitos da fama, nome e tratamento.
Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado.
-Nome (“Nomen”): Consiste na forma de que um dos cônjuges se fez conhecer ao utilizar o nome do outro cônjuge perante a sociedade, e a sociedade reconheceu neste cônjuge o vinculo matrimonial que um tem pelo outro, tendo o fato de que um poderia representar o outro em interesses da sociedade quando lhes era permitido tal aplicação de responsabilidade social.
-Tratamento (“Tractatus”): Consiste na forma de tratamento que um dava para o outro perante todos os que o circundavam, o de conhecimento de toda a sociedade, podendo pela sociedade um ser chamado no lugar do outro para a retribuição de algum feito.
-Fama: O próprio requisito já se define, sendo o reconhecimento geral pela sociedade de que o casal convive junto de forma que a comunicação deles não transcorra como um casal moralmente constituído perante toda a comunidade, fato ocorre pela demonstração da vivencia conjugal perante todos de seu entorno.
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
PLANO DA EXISTÊNCIA DO CASAMENTO - No plano da existência, o que vai se verificar é que o casamento, para existir, precisa obedecer alguns pressupostos sendo que, sem qualquer um dos pressupostos existenciais, o casamento será inexistente. Portanto, podemos concluir que casamento inexistente é aquele cujo ato não contém um dos três pressupostos de existência do casamento. 
TEORIA DA EXISTÊNCIA JURÍDICA – A teoria da existência jurídica surgiu na França, no Século XIX, diante da tentativa da doutrina francesa de justificar que o casamento entre pessoas de mesmo sexo era nulo. Entretanto, com base no Princípio “Pas de Nullité Sans Texte”, consistente na ideia de que não há nulidade sem previsão no texto legal, descobriu-se que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não era nulo. 
 A doutrina francesa, entretanto, resolveu criar a Teoria da Existência
Jurídica, seguindo a ideia de que já que não se pode anular o que não existe, o ato não previsto em lei se trata de uma hipótese de existência, e não de nulidade, tornando inexistente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
 Orlando Gomes diz que a teoria da inexistência do casamento foi uma construção doutrinária, destinada a explicar situações nas quais não se justificava tecnicamente a aplicação da teoria das nulidades. Ainda, afirma que tais casamentos diferem dos nulos, porque nulos são os que reúnem os elementos necessários à sua constituição, mas defeituosos. Os atos inexistentes são os que não chegam a se formar, por faltar-lhes uma condição necessária à existência jurídica. 
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DO CASAMENTO – Os três pressupostos de existência são fontes da doutrina francesa, que foram incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro, não estando previstos legalmente em nenhum dispositivo. 
-Celebração Perante a Autoridade Legalmente Investida de Poderes/Competente: O casamento deve ser celebrado perante a pessoa por quem a lei de organização judiciária atribua esse direito. Se o casamento não for celebrado por essa pessoa, o casamento será inexistente.
-Consentimento Manifestado na Forma da Lei pelos Nubentes: Será inexistente o casamento quando faltar a vontade de um dos nubentes para a celebração desse contrato. Isso pode ocorrer quando faltar a declaração de vontade, quando ocorrer a coação absoluta, ou, ainda, quando a vontade não for exteriorizada. Essa consentimento pode ser expresso através de procuração.
OBS: Maria Helena Diniz demonstra algumas hipóteses em que há a inexistência do casamento, tendo como exemplo: (i) se um dos nubentes se conserva indiferente à indagação do juiz; (ii) se a celebração se efetiva apesar de ter havido declaração negativa de um dos noivos; (iii) se um dos nubentes se encontra em estado de demência que o priva de toda razão, desde que não esteja interditado, caso em que se tem casamento nulo, por incapacidade absoluta; (iv) se a embriaguez de um dos consortes lhe tira totalmente a consciência, não mais sabendo o que diz; (v) se um dos noivos estiver sob hipnose, dado que não é consciente a resposta afirmativa ao juiz, pois diz o que o hipnotizador manda dizer.
-Diferença De Sexo Dos Nubentes: Historicamente, a diferença de sexo dos nubentes era um pressuposto de existência do casamento, até o julgamento do STF, na ADIN 4277/DF, em que entendeu –se que a união de pessoas do mesmo sexo pode caracterizar uma família, admitindo-se a união homoafetiva. O STJ, no REsp. 1.183.378/RS, admitiu o casamento homoafetivo. Portanto, podemos dizer que a diversidade de sexos não mais é pressuposto do casamento. Atualmente, a união homoafetiva pode se concretizar como união estável ou pelo casamento.
 A Resolução 175 do CNJ determina em seu Artigo 1º que é vedada a recusa das autoridades em relação ao pedido de casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis.
Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
PLANO DA VALIDADE DO CASAMENTO – A existência de um casamento pressupõe que foram seguidos os pressupostos de existência, tais como: consentimento, celebração por autoridade e a “fórmula sacramental”. É somente depois disso que se pode considerar o casamento existente. A validade, por sua vez, “concerne ao ajuste do ato às prescrições estabelecidas em lei”. Assim, o casamento pode ter existido, mas, se não respeitadas determinadas disposições legais, ele não será legalmente válido. Portanto, podemos concluir que, o plano da validade do casamento, diferentemente dos pressupostos de existência, está parametrizado dentro da legislação brasileira, sendo a norma legal a responsável por indicar as hipóteses de nulidade e anulabilidade do casamento, que nada mais são do que espécies do gênero invalidade, que consiste na violação da Lei. 
	CASAMENTO NULO
	CASAMENTO ANULÁVEL
	Fundamenta-se em razões de ORDEM PÚBLICA.
	Fundamenta-se em razões de ORDEM PRIVADA.
	Pode ser DECLARADA DE OFÍCIO pelo Juiz, a requerimento do MP, pelo oficial do cartório, ou por qualquer interessado.
	Somente poderá ser invocada por aquele a quem aproveite, NÃO PODENDO SER RECONHECIDA DE OFÍCIO.
	O casamento nulo NÃO É SUSCETÍVEL DE CONFIRMAÇÃO/RATIFICAÇÃO/CONVALIDAÇÃO.
	É SUSCETÍVEL DE CONFIRMAÇÃO.
	Não convalesce pelo passar do tempo.
	Submete-se a prazos decadenciais.
	NÃO PRODUZ EFEITOS.
	PRODUZ EFEITOS, enquanto não for anulado.
	Reconhecido através de AÇÃO MERAMENTE DECLARATÓRIA. Imprescritível.
	Reconhecido através de AÇÃO DESCONSTITUTIVA (negativa), sujeita a prazo decadencial.
	Admite CONVERSÃO SUBSTANCIAL, vide Art. 170, CC/02, podendo ser convertido em outra categoria, que é a categoria de união estável.
	ADMITE SANAÇÃO pelas próprias partes.
NULIDADE DE CASAMENTO / CASAMENTO NULO - A ausência de alguns requisitos pode tornar o casamento apenas anulável (de forma que ele, apesar de irregular, ainda poderá ser convalidado – ou seja, será dada posterior validade a ele e, assim, poderá ser mantido). A falta de outros, porém, torna o casamento nulo (sem validade). Isso quer dizer que, em tese, será como se aqueles que se casaram tivessem que retornar ao estado civil anterior. 
 A nulidade de casamento, pela gravidade de suas consequências, não admite interpretação extensiva, ou seja, ela só acontecerá na hipótese prevista em lei, qual seja: quando um ou ambos os cônjuges incorrerem em impedimento matrimonial, conforme disposto no Artigo 1.548 do Codex, sendo que todas as hipóteses de impedimento matrimonial encontram-se devidamente listadas no Artigo 1.521 do Código Civil de 2002. Portanto, como os impedimentos são “insanáveis e graves, a lei consagra como consequência da sua infringência a nulidade absoluta do casamento”.
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - (Revogado);                       (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
II - por infringência de impedimento.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
-Efeitos da Declaração de Nulidade Matrimonial: A declaração de nulidade do casamento torna-o sem validade desde o dia em que fora celebrado, tendo, portanto, o efeito ex tunc, e não produz os efeitos civis do matrimônio perante os contraentes, salvo nos casos de boa-fé dos nubentes. A nulidade do matrimônio gera os seguintes efeitos jurídicos: (i) manutenção do impedimento de afinidade; (ii) proibição de casamento de mulher nos 10 (dez) meses subsequentes à dissolução do casamento; e a (iii) atribuição de alimentos provisionais à mulher enquanto aguarda a decisão judicial.
ANULABILIDADE DO CASAMENTO / CASAMENTO ANULÁVEL - O casamento anulável é aquele em as partes ao convolar núpcias, contamina o ato com vícios sanáveis (defeito de idade, ausência de autorização do responsável legal, vício de vontade, erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge, conforme dispõe o Artigo 1550 e seguintes do Código Civil de 2002). Estes vícios, por não serem de ordem pública, podem ser convalidados tanto pela vontade das partes e quanto pelo
decurso de prazo, sendo que para cada hipótese de anulabilidade há um prazo decadencial correspondente. Enquanto não for anulado, o casamento será válido e produzirá todos os seus efeitos jurídicos.
 Para atacar a validade do casamento anulável é necessária a propositura da ação anulatória, por aqueles que exclusivamente tenha interesse no ato. A sentença que decreta anulação do casamento retroage à data do ato, produzindo efeitos “ex nunc”, ou seja , mesmo sendo anulado produz efeitos até a data de declaração de anulação, e é passível de ratificação. Conforme disposto no Artigo 1550 do Código Civil de 2002, estão listadas as hipóteses de anulabilidade do casamento.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
§ 2o  A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.                         (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)         (Vigência)
-Anulabilidade por Erro Essencial: Conforme os Artigos 1.556 e 1.557 do Código Civil de 2002, o casamento poderá ser anulável se houver, por parte de um dos nubentes, erro essencial quanto à outra pessoa no momento de consentimento do casamento. O Artigo 1.557 estabelece as hipóteses em que o casamento será anulável, que são: (i) Erros a Respeito da Identidade, honra e Boa-Fama do Indivíduo, sendo que o descobrimento posterior de tal erro torne insuportável a vida em comum do casal; (ii) Ignorância de Crime Anterior ao Casamento, que acabe por tornar insuportável a vida conjugal; e a (iii) Ignorância de Defeito Físico Irremediável (manutenção de relações sexuais) ou Moléstia Grave e Transmissível, anterior ao casamento.
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;                    (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)       (Vigência)
1 - APELAÇÃO. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL. NÃO CONFIGURADO. DESCABIMENTO. 1- Erro é a falsa representação da realidade que implica em manifestação de vontade viciada por parte do agente que, se melhor conhecesse a realidade fática ou não ignorasse a situação enfrentada, não teria praticado o ato jurídico como praticara. 2- Todavia, não se trata de erro essencial sobre a pessoa, apto a anular o casamento, porque a autora não trouxe aos autos prova contundente de que o demandado, realmente, seja homossexual, e muitomenos de que tenha se tornado insuportável a vida em comum, pois o demandado voltou a residir com a autora. RECURSO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70056581952, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 23/10/2013)
2 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. OMISSÃO NA INFORMAÇÃO DE REALIZAÇÃO DE VASECTOMIA ANTERIOR AO CASAMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL, MAS INSUPORTABILIDADE DA VIDA EM COMUM QUE LEVA AO DIVÓRCIO. INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS DEVEM SER POSTULADOS AÇÃO IDNENIZATÓRIA NO JUÍZO CÍVEL. SENTENÇA MANTIDA A omissão da realização de vasectomia pelo cônjuge, descoberta após o casamento, leva à insuportabilidade da vida em comum e decreto do Divórcio. Não postulado reconhecimento do erro essencial para anulação do casamento, mas o reconhecimento da omissão, da mentira, do mau caráter e má intenção do cônjuge por falta de informação da cirurgia realizada. Pedido de indenização por danos materiais e morais devem ser postulados em ação indenizatória no juízo cível. APELO DESPROVIDO. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70047977418, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Munira Hanna, Julgado em 20/03/2013)
3 - CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - CASAMENTO. ANULAÇÃO. ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA. REEXAME NECESSÁRIO. Restando comprovado que logo após a cerimônia do casamento, a nubente fugiu, frustrando a sua consumação, resta configurado o erro essencial quanto à pessoa, autorizando a anulação do ato. Casamento anulado. Sentença confirmada. Reexame necessário improvido. DECISÃO: UNANIMIMENTE, NEGOU-SE PROVIMENTO AO REEXAME NECESSÁRIO, TUDO NOS TERMOS DO VOTO DA TURMA. (TJ-PE - DGOJ: 45427 PE 94007142, Relator: Adalberto de Oliveira Melo, Data de Julgamento: 09/12/2009, 2ª Câmara Cível, Data de Publicação: 16)
-Anulação Do Casamento Por Coação: É a 2ª forma da anulação do casamento por vício da vontade/consentimento, determinando que é passível de anulação o casamento que venha a se realizar quando um dos cônjuges está sob coação física ou moral. Logo, a coação é aquela ameaça, física ou moral, a um dos cônjuges para que o mesmo se case. 
 Nos negócios jurídicos em geral, a coação é tratada no Artigo 151 do Codex, onde a coação é aquela que incuta à parte fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens, resultando no vício da declaração de vontade no negócio jurídico, sob pena de comunicação da recusa ao juiz corregedor.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
 Por outro lado, na hipótese de coação no casamento, incide o Artigo 1.558 do Codex, determinando que coação consiste no consentimento de um ou de ambos os cônjuges mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, saúde e honra do(s) cônjuge(s) ou de seus familiares, resultando na anulação do casamento. A ameaça aos bens do cônjuge não configura coação no casamento. 
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
OBS: Para o direito civil, uma extorsão mediante sequestro consiste em uma doação sob coação. 
- Anulação de Casamento. Suposta gravidez como causa determinante do matrimônio. Pedido de anulação por erro essencial sobre a honra e boa fama da nubente e que tornou insuportável a vida em comum. Alegação concomitante de coação para o casamento. Rejeição. Ação improcedente. Recurso provido e prejudicado o exame do pedido sucessivo de separação judicial. (TJ-SP , Relator: A Santini Teodoro, Data de Julgamento: 09/09/2008, 2ª Câmara de Direito Privado)
-Anulação do Casamento por Omissão de Forma Habilitante: É passível de anulação de casamento nos casos de (i) Casamento Realizado pelo Mandatário com Mandato Revogado pois, caso o casamento seja realizado pelo mandatário sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação e não sobrevindo relação sexual entre os cônjuges, o casamento poderá ser anulado.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges.
OBS: Coabitação possui dois sentidos. O 1º sentido significa morar junto. O outro sentido de coabitar consiste em ter relações sexuais. 
Portanto, podemos concluir que a anulabilidade está condicionada à inexistência de coabitação entre os cônjuges, pois deve ser guardada coerência entre a vontade expressa de não se casar (representada pela revogação do mandato) e a não convivência marital entre os cônjuges. 
 Outra hipótese é o caso de (ii) Anulação Do Casamento Por Incompetência Da Autoridade Celebrante, conforme Artigo 1550, VI, Código Civil de 2002. Logo, se o juiz é relativamente incompetente, o ato será anulável, enquanto que caso o juiz seja absolutamente incompetente, o ato será inexistente. 
LEGITIMIDADE PARA PROPOSITURA DA AÇÃO DE ANULAÇÃO MATRIMONIAL – Quanto à legitimação, via de regra, esta restringe-se aos nubentes, até porque, caso não ajuízem a ação convalidado estará o seu matrimônio. 
-Exceções à Regra Geral: Existem duas exceções, que são as hipóteses dos menores de 16 anos e dos menores que ainda não atingiram a idade núbil, conforme Artigos 1552 e 1553 do Codex, A anulação do casamento entre cônjuges de 16 anos será anulável pelo cônjuge menor, por seus representantes legais ou por seus ascendentes. 
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor;
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.
 Além disso, o menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de atingir a idade núbil, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial. 
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial.
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários.
PRAZO PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE ANULAÇÃO PATRIMONIAL - O Artigo 1560 determina os prazos para ajuizamento de ação de anulação do casamento, estabelecendo que o prazo será, a partir da data de celebração do casamento, de: (i) 180 dias, nos casos do Artigo 1550, IV; (ii) 2 anos, se a autoridade celebrante for incompetente; (iii) 3 anos, nos casos dos incisos I-IV do Artigo 1.557, se não houver coabitação (relações sexuais com consentimento entre as partes) e; (iv) 4 anos, se houve o casamento por meio de coação.
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coação.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;                    (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)       (Vigência)
EFEITOS DE SENTENÇA DA ANULAÇÃO DO CASAMENTO – A anulação do casamento, como todo processo de anulação, produz efeitos “ex nunc” (a partir de então / a partir da anulação). É certo que, ao final do casamento, como efeito da sentença, os cônjuges retornam a sua condição de solteiros, porém esse retorno se dá a partir do trânsito em julgado, devendo ser considerados todos os atos praticados durante o casamento anulável na condição de casados. Portanto, não caracteriza efeitos “ex tunc” (retroativos) o simples fato do estado civil. 
OBS: Há divergência doutrina a respeito do assunto, onde Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald entendem que o efeito da anulação do casamento é “ex tunc” (retroage até a data de celebração do ato), em razão do retorno à condição do solteiro. 
 É válido observar que, em caso de casamentos nulos, os efeitos da nulidade serão “ex tunc” (retroativos) pois, nunca houve de fato, nenhuma relação dos mesmos como casados, já que se tratava de um negócio jurídico nulo. 
CASAMENTO PUTATIVO – Orlando Gomes define que casamento putativo é o casamento nulo contraído de boa-fé por ambos os cônjuges ou por um deles. A putatividade é algo inerente à condição de boa-fé, pois alguma parte praticou uma ato imaginando que o mesmo era correto e válido, agindo de boa-fé, sendo o casamento putativo regulado pelo Artigo 1.561, §1º e §2º do Código de Civil. 
-Casamento Putativo com Boa-Fé de Ambos os Cônjuges: Caso o casamento tenha sido contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o ato do casamento, tanto relação aos cônjuges quanto aos filhos, produzirá todos os efeitos até o dia da sentença anulatória, seja o casamento nulo ou anulável.
-Casamento Putativo com Boa-Fé de Um dos Cônjuges: Por outro lado, caso o casamento putativo tenha sido contraído de boa-fé por apenas um dos cônjuges, os efeitos do casamento serão produzidos apenas à parte que agiu de boa-fé e a seus filhos. 
OBS: Por fim, na hipótese de ambas as partes terem agido de má-fé ao celebrar o casamento, os efeitos civis do casamento só serão aproveitados pelos filhos oriundos desse casamento, não se tratando de um caso de casamento putativo. 
STJ, Recurso Especial nº 69.108/Paraná, relator Min. Nilson Naves que: 
“1. Ao cônjuge de boa-fé aproveitam os efeitos civis do casamento, embora anulável ou mesmo nulo (Cód. Civil, art. 221, parágrafo único). 2. A mulher que reclama alimentos a eles tem direito, mas até a data da sentença (Cód. Civil, art. 221, parte final). Anulado ou declarado nulo o casamento, desaparece a condição de cônjuge. 3. Direito a alimentos até ao dia da sentença anulatória....”.
EFEITOS DO CASAMENTO – Os efeitos do casamento são os efeitos jurídicos que atinem os cônjuges e, eventualmente, terceiros, nos âmbitos social, pessoal e patrimonial. 
EFEITOS SOCIAIS - Efeitos sociais do casamento consistem em efeitos que atingem outras pessoas (naturais ou jurídicas), além dos cônjuges, não havendo um rol taxativo dos efeitos sociais no ordenamento jurídicos, sendo eles de caráter meramente exemplificativos, pois estão dispersos por diversas searas do ordenamento jurídico brasileiro. 
-Parentesco por Afinidade: É o parentesco que vincula o cônjuge aos parentes consanguíneos do outro, como os sogros e cunhados, por exemplo.
-Efeitos Contratuais (Outorga Uxória): Os negócios jurídicos firmados por uma pessoa casada deverão ser aprovados e consentidos por seu cônjuge (exceto em regime de separação de bens), sob pena de nulidade. Num contrato de compra e venda, por exemplo, se o vendedor é casado, necessariamente o cônjuge do vendedor tem que assinar o contrato de compra e venda, sob pena de nulidade do negócio jurídico, devido à outorga uxória. 
-Efeitos Eleitorais: Se um dos cônjuges exerce um cargo do Poder Executivo (Prefeito, Governador ou Presidente) o outro cônjuge não poderá sucedê-lo diretamente, afetando o direito eleitoral

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