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CADERNO - DIREITO DE FAMÍLIA - 2a UNIDADE - CAMILO COLANI

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CADERNO – DIREITO DE FAMÍLIA – 2ª UNIDADE – CAMILO COLANI 
 
AULA 06 – INEXISTÊNCIA E ANULAÇÃO DO CASAMENTO 
 
1. Inexistência do casamento: 
Para a lei civil brasileira, o negócio jurídico será nulo ou anulável, não se admitindo a 
categoria da inexistência. 
Doutrinariamente, de outro lado, se reconhece e se justifica a noção de inexistência. 
No estudo do direito matrimonial surgiu a noção de inexistência. Mais precisamente na obra 
de um jurista alemão que tinha em vista o Direito francês – Zacharie von Lingenthal – em 
que aparece a distinção entre elementos necessários à existência do casamento. 
Naquele momento histórico, Alemanha e Itália estavam passando pelo processo de 
unificação territorial (até então eram formados por um conjunto de reinos, não existindo 
uniformemente estruturados). O código civil francês, produzido na era napoleônica, foi 
promulgado em 1804 e teve como pano de fundo a Revolução Francesa, uma revolução 
essencialmente burguesa (classe social dos empresários/comerciantes). Tal classe 
empresária visava a alterar o direito francês em prol de segurança jurídica. 
Princípio pas de nullité sans texte legal em matière de marriage: não há nulidade sem 
previsão legal em matéria de casamento (não somente neste, mas também neste). Logo, o 
que não é proibido, é permitido (como, por exemplo, o casamento homossexual). Desse 
modo, Zacharie von Linghenthal passa a pensar no plano da existência do casamento, apesar 
do fato de que os códigos tendem a não apresentar expressamente as causas de 
inexistência. 
As causas de inexistência são mais graves em comparação às causas de nulidade. 
O Código Civil brasileiro de 2002 não contemplou expressamente as causas de inexistência. 
 
Eram considerados, no mundo (de um modo geral), três requisitos ou pressupostos de 
existência do matrimônio; 
a) Diversidade de sexos; 
b) Celebração perante autoridade; 
c) Declaração de vontade; 
Ex: Um casamento celebrado pelo professor Camilo entre os alunos Jeniffer e Valdir é 
inexistente pelo critério “b”, já que não foi celebrado perante uma autoridade competente 
(professor de Direito de Família). O casamento inexistente não produz efeitos jurídicos. 
Ex: Se A, com documento de identidade de homem, se casar com B, mulher e, posteriormente 
for descoberto que A também é mulher, tem-se um casamento inexistente. 
 
A partir da Resolução 175 do CNJ, no direito brasileiro, tem-se outra realidade: 
Art. 1º - É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração do 
casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas do mesmo 
sexo. 
Art. 2º - A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz 
corregedor para as providências cabíveis. 
Art. 3º - Esta resolução entra em vigor na data da sua publicação. 
 
O Brasil não mexeu na lei para possibilitar o casamento gay. Tal permissão foi concedida 
através de uma resolução do CNJ, órgão que gera debates acerca de qual Poder se encaixa. 
O CNJ foi criado por Emenda Constitucional para fiscalizar o Judiciário e puni-lo pela prática 
de atos ilícitos. O CNJ trata-se, portanto, de um órgão fiscalizador e punitivo. 
A luz do nosso ordenamento jurídico, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo 
senão em virtude de lei (garantia fundamental expressa no art. 5º, II, CF/88). Emerge uma 
indagação: se não há lei no que concerne ao casamento gay no Brasil, a permissão através de 
uma resolução do CNJ, segundo Camilo Colani, é inconstitucional pois o CNJ não tem 
legitimidade para isso. Apesar de se posicionar favoravelmente ao casamento gay, Camilo 
aponta para a necessidade de se regulamentar o casamento gay através de lei. 
Em virtude dos fatos mencionados (a impossibilidade de resolução revogar lei), alguns 
artigos no Código Civil ainda permanecem mencionando o casamento entre homem e 
mulher (como o art. 1535, CC). 
No Brasil, há, atualmente, um ativismo judicial, ou seja, o Judiciário tem assumido funções 
em demasia que não são suas. 
 
Maria Helena Diniz mostra algumas hipóteses de inexistência por ausência de 
consentimento: 
 Se um dos nubentes conservar-se indiferente à indagação do juiz (recusa tácita); 
 Se a celebração se efetiva apesar de ter havido declaração negativa de um dos 
noivos; 
 Se um dos nubentes se encontra em estado de demência que o priva de toda razão, 
desde que não esteja interditado, caso em que se tem casamento nulo por 
incapacidade absoluta; 
 Se a embriaguez de um dos consortes lhe tira totalmente a consciência, não sabendo 
mais o que diz; 
 Se um dos noivos estiver sob hipnose, dado que não é consciência a resposta 
afirmativa ao juiz, pois diz o que o hipnotizador manda dizer; 
A última hipótese é rara de se constatar, mas a autora fez questão em incluir no seu rol. 
Em síntese, o nubente não manifesta conscientemente a sua vontade, ou seja, não sabe o 
que está dizendo. 
 
2. Nulidade matrimonial: 
No regime do Código Civil de 1916, os casos de nulidade de anulabilidade matrimonial 
decorriam da desobediência aos dispositivos de impedimento matrimonial. O novo Código 
Civil inovou quanto ao sistema de nulidades, estabelecendo em seu artigo 1.548 o seguinte: 
Art. 1548 – CC: É nulo o casamento contraído 
I – pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida (Revogado 
pela Lei nº 13.146, de 2015) 
O Estatuto da Pessoa com Deficiência alterou o Código Civil, incluindo os portadores de 
deficiência como absolutamente capazes, salvo aqueles que transitoriamente ou 
permanentemente não puderem exprimir sua vontade (relativamente incapazes, 
necessitando de curador). Assim, somente são considerados absolutamente incapazes os 
menores de 16 (dezesseis) anos. 
 
II – por infringência de impedimento. 
Aqui há a menção ao art. 1521, I a VII, CC (casamento da pessoa já casada, casamento entre 
irmãos, casamento entre pai e filha, casamento entre aquele que matou o ex-cônjuge e a 
viúva...). 
A nulidade não opera efeitos por si só, havendo a necessidade de ser declarada por meio 
judicial. 
A ação (declaratória de nulidade) poderá ser intentada, nos termos do artigo 1549 do Código 
Civil por “qualquer interessado ou pelo Ministério Público”. 
 
Art. 1.563 – CC: A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua 
celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, 
nem a resultante de sentença transitada em julgado. 
Observa-se, portanto, que os efeitos da nulidade do casamento são ex tunc, ou seja, 
retroativos. 
 
3. Exemplo de decisão judicial: 
 
A e B viviam em união estável. O pai de A tinha uma boa aposentadoria. Caso esse morresse, 
a aposentadoria extinguia. Alguém teve a brilhante ideia de casar B (nora) com o pai de A 
(sogro). B passou a receber a aposentadoria do pai de A. Posteriormente, alguém fez a 
oposição em prol da nulidade do casamento. O caso foi divulgado pelo Fantástico (Globo). 
 
4. Anulabilidade do casamento: 
Importância histórica: 
Até 1977, no Brasil, não havia divórcio (havia desquite – a pessoa desquitada não podia se 
casar de novo). A anulação do casamento era uma alternativa para se casar novamente, uma 
vez que o casal, que tivesse seu casamento anulado, retornava à condição de solteiro. Ex: O 
escritor Jorge Amado pôde se casar novamente apenas muito tempo após fixar união estável 
com Zelia Gattai, pois até então havia desquite e não divórcio. 
Os casos de anulação do casamento civil, muitas vezes, coincidiam com as hipóteses de 
anulação do casamento católico. Assim, eram, muitas vezes, paralelos os pedidos (civil e 
religioso). 
Até hoje na Igreja Católica não se aceita o divórcio, mas apenas a anulação. Cada vez menos 
aparecem na nossa sociedade fatores de anulação morais – como, por exemplo, a 
descoberta de que a cônjuge era prostituta. 
 
Análise do artigo1550: 
Art. 1.550 – CC: É anulável o casamento: (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
Pode-se convalidar o casamento de um indivíduo que, na época, não tinha dezesseis anos, 
mas passou posteriormente a ter. 
 
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; 
 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; 
Aquele sem a capacidade de consentir e que manifestou sua vontade 
 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do 
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
 
VI - por incompetência da autoridade celebrante. 
Quando a incompetência é absoluta (juiz de futebol), tem-se casamento inexistente; quando 
a incompetência é relativa (uma autoridade de Lauro de Freitas celebrando casamento em 
Salvador), tem-se um casamento anulável. 
 
§ 1º. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. 
 
§ 2º. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair 
matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou 
curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
No parágrafo 2º, há a percepção de um avanço introduzido pelo EPD, mas que é alvo de 
debates (uma pessoa com Alzheimer é considerada plenamente capaz – será que essa 
medida é mesmo protetiva para o indivíduo?). 
 
 
5. Anulação por defeito de idade: 
 
 A primeira dela diz respeito à capacidade específica para contrair matrimônio: os 
menores de 16 anos não podem se casar; 
 A segunda hipótese é a de menores que se casaram sem a autorização dos 
representantes legais; 
 
As imposições do Código Civil correspondem a medidas de cunho protetivo, tanto a 
existência da chamada idade núbil, quanto a necessidade de autorização dos representantes 
legais para a contração do matrimônio. 
 
 
6. Outras regras incidentes: 
Art. 1.551 – CC: Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. 
Trata-se de um artigo bem polêmico. No caso da criança piauiense que engravidou 
decorrente de estupro, caso ela se case com o suspeito, esse casamento será válido. 
 
Art. 1.555 – CC: O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu 
representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, 
por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus 
herdeiros necessários. 
Redação extremamente confusa, sendo de suma importância algumas ponderações: 
 Menor em idade núbil (+16 e -18 anos); 
 Trata-se de um erro o menor em idade núbil se casar sem autorização. Todavia, esses 
casamentos acabam acontecendo; 
 “Por iniciativa do incapaz”, mas não há mais incapaz, uma vez que o casamento 
emancipa; 
 O incapaz vai querer contradizer aquilo que ele disse anteriormente? Será que é ele 
que vai propor a anulação matrimonial?; 
 180 dias após o casamento (quando cessa a incapacidade); 
 Filho do incapaz? Mas se ela engravidou durante o casamento, o casamento não 
pode ser anulado (art. 1551 – CC); 
 E se ela tivesse filho antes do casamento? Essa criança deve ter 1 ou 2 anos. Como a 
prescrição não corre contra os incapazes, tem que se esperar esse filho completar 18 
anos; 
 Não há precedentes do exposto no art. 1555, do Código Civil (fins somente 
didáticos); 
 
AULA 07 – ANULABILIDADE MATRIMONIAL (CONTINUAÇÃO) 
 
1. Erro: 
A principal distinção entre a anulação matrimonial de um divórcio é que, no divórcio, a 
pessoa não volta à condição de solteiro, mas fica na condição de divorciado(a). 
A anulação de um casamento é rara de se constatar. Segundo Camilo Colani, ele só 
presenciou dois casos de anulação de casamento. 
A única vantagem de se anular o casamento é o retorno à condição de solteiro, razão pela 
qual o instituto do erro tem perdido o sentido no Direito. 
 
Vício da vontade = vício do consentimento 
Erro = Se eu soubesse disso, não teria... 
O erro substancial (essencial) é o erro invalidante, ou seja, caso o indivíduo soubesse da 
realidade como ela é, manifestaria a sua vontade de forma distinta da que foi manifestada. 
 
Art. 1.557 – CC: Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu 
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
Identidade é um conceito muito vago: pode envolver identidade de gênero, ter vários nomes 
fraudulentos. 
Honra e boa fama são conceitos extremamente vagos e amplos. 
 Ex: Luca tira fotos sensuais de mulheres na academia. 
 Ex: Um homem descobriu a sua esposa de quatro, vestindo um baby doll verde e com 
um negão atrás dela. 
Tais conceitos amplos são descobertos posteriormente pelo cônjuge. Se uma pessoa casou 
sabendo dessas condições, não pode pleitear a anulação do casamento. 
 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a 
vida conjugal; 
 Ex: A, na constância do casamento, descobriu que o seu cônjuge, B, era pedófilo. 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize 
deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr 
em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 
13.146, de 2015) (Vigência) 
 Ex: A, na constância do casamento, descobriu que a sua mulher era infértil e, 
pretendendo ter filhos, resolve anular o matrimônio. 
IV - (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
2. Exemplos de decisão judicial: 
 
Uma mulher alegou que o seu marido era gay só que não mostrou provas suficientes e 
inclusive voltou a morar com ele. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
 
O cônjuge omitiu a realização de vasectomia à sua cônjuge. A mulher pleiteou a anulação do 
casamento. O TJ-RS não compreendeu como um erro essencial (o que Camilo Colani 
discorda veementemente). 
 
Na decisão acima, a noiva fugiu logo depois do casamento, o que caracterizou erro essencial. 
Observa-se a falta de parâmetro para a interpretação do “erro essencial”. 
 
3. Coação: 
A coação trata-se de um vício de consentimento mais forte em comparação ao erro. 
Art. 1.558 – CC: É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de 
um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal 
considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. 
Ex: A ameaça B, dizendo o seguinte “ou você casa comigo, ou eu mato a sua família toda”. 
 
4. Anulação por omissão de forma habilitante (art. 1550, V, CC): 
Trata-se do casamento realizado pelo mandatário, havendo sido revogado o mandato – art. 
1550, V, CC. 
A anulabilidade está condicionada à inexistência de coabitação entre os cônjuges, pois deve 
ser guardada coerência entre a vontade expressa de não se casar (representada pela 
revogação do mandato) e a não convivência. 
 
5. A incompetência da autoridade celebrante (art. 1550, VI, CC): 
A incompetência que culmina na anulabilidade do casamento é a incompetência relativa. 
Ex: Um juiz de Lauro de Freitas que celebra casamento em Salvador. 
No que tange à incompetência absoluta (juiz do trabalho, juiz de futebol), ter-se-áum 
casamento inexistente. 
 
6. Os efeitos da sentença de anulação do casamento: 
A sentença de anulação do casamento produz efeitos “ex nunc” – embora doutrinadores 
como Carlos Roberto Gonçalves considerem efeitos “ex tunc”, já que há o retorno à 
condição de solteiro (o que não é bem assim). 
 
7. Casamento putativo: 
Do latim putare, significa imaginar, pensar, fantasiar. 
A imaginação da pessoa tem influência em um fato jurídico. 
Orlando Gomes assim o define: “Putativo é o casamento nulo contraído de boa-fé por 
ambos os cônjuges ou por um deles”. 
O casamento putativo está expresso no art. 1561, §§ 1º e 2º, CC. 
Art. 1.561 – CC: Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os 
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia 
da sentença anulatória. 
§ 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a 
ele e aos filhos aproveitarão. 
§ 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis 
só aos filhos aproveitarão. 
Ex: A se casa com B em Manaus, pensando que B era solteiro (A agiu por boa-fé, o que deve 
ser preservado), só que B já era casado em Salvador. 
Ex: A e B se casam sem saber que eram irmãos (ambos agiram de boa-fé). 
Ex: A e B se casam sabendo que eram irmãos (ambos agiram de má-fé). 
Ex: A se casa com B, sem saber que era B era seu irmão (A agiu de boa-fé). 
A boa-fé (objetiva) será protegida até o dia da sentença anulatória. Deste dia em diante, os 
efeitos do casamento são cessados. 
Sentença anulatória = pode decretar nulidade ou anulabilidade. 
Separado de fato não pode casar, mas pode contrair união estável. 
Hoje, tendo em vista uma sociedade cada vez mais globalizada e interconectada, é raro de se 
constatar a putatividade (rapidamente é possível rastrear a vida pessoal de outrem). É 
complicado se constatar, na prática, essa “inocência absoluta” associada à putatividade. 
Mesmo constatada a putatividade, é importante preservas direitos de terceiros envolvidos 
como os herdeiros. 
 
8. Efeitos sociais do casamento: 
Os efeitos do casamento podem ser: 
a) Efeitos sociais; 
b) Efeitos pessoais; 
c) Efeitos patrimoniais; 
Um dos principais argumentos utilizados para criticar a teoria contratualista do casamento é 
a existência de efeitos sociais para além de efeitos entre as partes (visão corroborada por 
Maria Helena Diniz). 
De modo geral, são efeitos que atingem outras pessoas (naturais ou jurídicas), além dos 
cônjuges, assim, exemplificativamente, tem-se: 
 Parentesco por afinidade: Vincula o cônjuge aos parentes consanguíneos do outro, 
ex: sogros, cunhados, etc; 
 Efeitos contratuais: Contratos de compra e venda de imóveis; 
 Efeitos eleitorais: A título exemplificativo e a luz do ordenamento jurídico pátrio, a 
esposa de Rui Costa, governador da Bahia, não pode concorrer à sucessão do marido; 
 Efeitos processuais: Há situações processuais que a esposa precisa ser 
 Efeitos tributários: Obrigatoriedades relativas à DIRPF (Declaração de Imposto de 
Renda de Pessoa Física). Ao colocar “casado”, é necessário o indivíduo colocar dados 
do cônjuge para que o sistema conecte os dados; 
 Efeitos previdenciários: Se A morrer, a viúva pode solicitar a pensão por morte; 
 Outros efeitos: Em algumas faculdades no passado, trabalhar mais de 6h por dia e 
estar casado eram critérios para ser liberado da educação física. Embora de difícil 
compreensão, talvez a tese fosse a de que o exercício físico praticava-se em casa; 
Os efeitos sociais não podem ser afastados pela vontade das partes. Por exemplo: A e B não 
gostam das suas respectivas sogras C e D, resolvendo celebrar um contrato que não 
reconhecem C e D enquanto sogras. Tal contrato é inválido e, por conseguinte, ineficaz. 
 
9. Efeitos pessoais do casamento: 
A questão do nome: 
Art. 1.565 – CC: Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de 
consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. 
§ 1 o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
§ 2 o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar 
recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de 
coerção por parte de instituições privadas ou públicas. 
(grifos nossos) 
A questão do nome gera uma série de demandas na atualidade como, a título 
exemplificativo, a necessidade de se alterar documentos públicos diversos (passaporte, CNH, 
título de eleitor, cartão do SUS, OAB, carteira de trabalho, etc). 
Para Camilo Colani, trocar o nome é algo anacrônico, mesmo que seja só para acrescentar. 
Manter o nome do ex-cônjuge é permitido. A depender do contexto pode compensar, ou 
não. 
A lei poderia desestimular e não complicar a alteração do nome dos cônjuges – sejam 
homens ou mulheres. 
 
10. Deveres dos cônjuges: 
São estudados a fim de responsabilidade civil – indenização. 
Art. 1.566 – CC: São deveres de ambos os cônjuges: 
I – fidelidade recíproca; 
II – vida em comum, no domicílio conjugal; 
III – mútua assistência; 
IV – sustento, guarda e educação dos filhos; 
V – respeito e consideração mútuos; 
 
ILÍCITO – NEXO DE CAUSALIDADE – DANO 
O dano não pode ser presumido, precisando ser provado. Ex: Um cônjuge se encontra 
constantemente com uma amante em um motel, o que todo mundo sabia menos o cônjuge 
traído (dano mais fortemente demonstrado). A questão da fidelidade é bem complexa do 
ponto de vista teórico. 
 
 Infidelidade x adultério (distinção doutrinária): Adultério é um conceito penal, sendo 
crime até o ano de 2005 (pessoa casada que tinha relações sexuais diferentes da do 
cônjuge). O caso de beijar repetidamente outra pessoa distinta do cônjuge 
caracteriza infidelidade e não adultério (beijo não é relação sexual). Todo adultério é 
infidelidade, mas nem toda infidelidade implica em adultério. 
Hoje em dia não se fala mais em debitum conjugale (débito conjugal) em virtude deste ser 
uma violência à liberdade e, por conseguinte, à dignidade sexual, sobretudo das mulheres. 
 
A mútua assistência se subdivide em: 
 Material: Contribuição com as despesas econômicas (em prol da subsistência da 
família); 
 Imaterial: Amor, afeto, cuidado, conversa (“espiritual”, para Maria Helena Diniz); 
 
O inciso IV reafirma uma obrigação que os cônjuges teriam mesmo que se divorciassem. 
O inciso V explicita a relação entre Direito e Moral, envolvendo conceitos vagos como 
“respeito” e “consideração”. Nesse sentido, ir à uma casa de prostituição e “dar um perdido” 
(sumir sem dar notícias) são bastante condenados. 
 
OBS: Os deveres sempre foram considerados normas cogentes, estando além, portanto, da 
disponibilidade privada. Ocorre que, modernamente, deve ser admitida para alguns dos 
deveres a incidência do conceito de autonomia privada. De fato, os incisos I e II, apontam 
deveres de realidade privada extremamente íntima, não podendo ser admitida a 
interferência estatal em características tão personalíssimas. 
 
 
11. Exemplo de decisão judicial sobre deveres do cônjuges: 
 
Uma mulher se casou com um homem e teve filhos com o amante. O cônjuge pagou 
alimentos constantemente ao filho pensando que era dele. Ao saber que não era o pai, 
buscou recuperar a quantia gasta, todavia, não foi admitido. Apesar disso, o indivíduo teve 
direito á indenização pelos danos sofridos, principalmente sociais devido à infidelidade (art. 
1566, I, CC). 
 
AULA 08 – EFEITOS PATRIMONIAIS DO CASAMENTO (REGIME DE BENS) 
 
1. Conceito (Orlando Gomes): 
Regime de bens é o estatuto patrimonial dos cônjuges (ou companheiros). 
 há casamento ou união estável que não tenha regime de bens. 
 
2. Tipos de regimes: 
 
 Comunhão parcial (regime base); 
 Comunhão Universal; 
 Participação Final nos Aquestos; 
 Separação; Regime do dote (não existe mais); 
 
3. Regras gerais: 
 
a) Liberdade de escolha: 
Art. 1639 – CC: É lício aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos 
seus bens, o que lhes aprouver. 
Art. 1641 – CC: É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: 
I – das pessoas que a contraírem com a inobservância das causas suspensivas da celebração 
do casamento; 
II – da pessoa maior de 70 (setenta anos); (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010); 
III – de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial; 
Infere-se, portanto, que a liberdade de escolha não é absoluta, existindo a imposição de 
limites. 
 
b) Início da vigência: 
Art. 1639 – CC: É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quando aos 
seus bens, o que lhes aprouver. 
§ 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. 
Camilo Colani critica a redação do Código Civil, sobretudo no que tange ao emprego do 
termo “data”. Para o civilista, o correto seria “momento” para evitar o risco de que o regime 
de bens (acessório) comece antes do casamento (principal). É importante, portanto, incluir o 
horário (momento em que se celebra o casamento – art. 1514, CC). 
 
Ex 1: A (26) e B (48) são namorados. A passa em um concurso público e vai morar no interior, 
ganhando R$ 25.000,00 por mês. A compra um apartamento em Salvador. B, quando vai 
visitá-la, fica na casa dela. A, quando vem a Salvador, fica na casa dele. Passado um tempo, 
A compra outro apartamento. Quando ela compra outro apartamento, B vai morar no 
apartamento dela. A e B brigam. B diz: “vivemos em união estável desde que foi comprado o 
primeiro apartamento”, já A diz que isso ocorreu no segundo apartamento. Se fossem 
casados, haveria regime de comunhão parcial desde o momento do casamento, todavia, eles 
não eram casados. 
Ex 2: A casado com B. A tem uma amante. A sai de casa (separação de fato) e vai morar com 
C. A não faz o divórcio com B e, portanto, não faz a partilha de bens com B. A e C estão em 
união estável há 10 anos. A comprou fazenda, apartamento, gado, carro. A pode entrar em 
união estável com C (exceção da separação de fato), todavia, não pode contrair matrimônio 
em virtude de um dos impedimentos expressos no art. 1521 do Código Civil (as pessoas 
casadas não podem casar). Entre A e C o regime vigente é o da separação de bens. 
 
Abaixo tem-se um exemplo de decisão judicial. 
 
Alguém pediu metade do imóvel em partilha e o STJ disse não. 
Affectio maritalis = afeição para o casamento juridicamente. 
Ex 3: A e B são namorados. A é contratado pela empresa para trabalhar na Espanha por 3 
anos. B “pongou” na viagem de A. B conseguiu um curso de pós-graduação na mesma cidade 
de A e foi morar na Espanha durante esse período. Por uma questão de grana (financeira), 
foram morar juntos. A compra um apartamento no Brasil. A e B voltam e se casam. A e B 
brigam e se divorciam. 
Ex 4: A e B são casados por comunhão parcial (3 filhos: ab, ba, aab). A tem um filho com C. A 
tem um filho com D. Na separação de bens, vai entrar no inventário de A a parte dele, que 
será dividida ente os três filhos mais os dois de fora. Muda-se o regime de bem para 
preservar os direitos da esposa e dos filhos na constância deste casamento. Trata-se de um 
mecanismo lícito e válido para preservar os direitos da esposa em relação aos filhos fora da 
constância do casamento. 
 
c) Alteração do regime de bens: 
Art. 1639, § 2º - CC: É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial 
em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e 
ressalvado os direitos de terceiros. 
Constata-se que, consoante o Código Civil, a autorização para alteração do regime de bens 
deve ser realizada por ambos os cônjuges e não apenas um. 
 
d) Fundamento do regime base: 
O Código Civil adotou a comunhão parcial como regime base. Até 1977. O regime base era o 
da comunhão universal. 
Art. 1.640 – CC: Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos 
bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. 
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos 
regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela 
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais 
escolhas. 
Caso não queira a comunhão parcial, deve-se fazer um pacto antenupcial por escritura 
pública (forma determinada e caso desrespeitada, o pacto é inválido – forma defesa em lei). 
Ex 5: A casa com B e tem 5 filhos. A teve uma filha fora do casamento (total = 6 filhos). A 
morreu. Certidão de casamento: regime da separação convencional de bens. 7 herdeiros = 
14,28%. Como o regime foi distinto da comunhão parcial, deve-se analisar a escritura 
pública. Se não houver escritura pública, esse regime é nulo. A divisão, outrora, era pautada 
na comunhão universal: B (50%) e o restante (50%) dividido por 6 filhos (8,33% cada). 
 
e) Limitações decorrentes dos regimes de bens: 
Art. 1.647 – CC: Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
III - prestar fiança ou aval; 
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar 
futura meação. 
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou 
estabelecerem economia separada. 
Percebe-se o objetivo do Código de preservar os valores da convivência harmônica e da 
fidelidade matrimonial. 
Camilo Colani não vê aplicabilidade do parágrafo único em um ordenamento que preza por 
limitações à liberdade dos cônjuges. Há perguntas não respondidas neste dispositivo e que 
gera intensos debates doutrinários. 
Exemplo de decisão judicial: 
 
 
4. O pacto antenupcial: 
 Conceito: É um contrato solene e condicional, por meio do qual os nubentes dispõem 
sobre o regime de bens que vigorará entre ambos, após o casamento (Carlos Roberto 
Gonçalves). 
 
 Regras do Pacto Antenupcial: 
Art. 1.653 – CC: É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se 
não lhe seguir o casamento. 
Um dos critérios de validade é o respeito à forma (escrita pública) expresso em lei. 
Art. 1.654 – CC: A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à 
aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de 
separação de bens. 
O menor pode fazer pacto antenupcial, desde que haja aprovação de seu representante 
legal – salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. 
Art. 1.655 – CC: É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de 
lei. 
Art. 1.656 – CC: No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos 
aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que 
particulares. 
Art. 1.657 – CC: As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois 
de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos 
cônjuges. 
Em virtude da burocracia inerente à escolha de um regime de bens distinto do regime base, 
o código fomenta o regime base tornando mais difícil consolidar os demais regimes. 
 
5. O regime de comunhão parcial de bens: 
É conhecido como “regime base” pois os outros regimes apresentam empecilhos para a sua 
consolidação (vide a necessidade de se dirigir a três cartórios diferentes). 
A A e B B 
Só de A – Bens particulares Bens comuns – Bens que se 
comunicam 
Só de B – bens particulares 
 Meação de A Meação de B 
 
Os bens particulares são incomunicáveis, ou seja, não se comunicam. 
Os bens comuns darão origem ao conceito de meação.A D.I.R.P.F (declaração de imposto de renda de pessoa física) vai auxiliar bastante no 
processo de divisão dos bens comuns. 
 
 Bens que não entram na comunhão (art. 1659 – CC): 
 
Art. 1.659 – CC: Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do 
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
Conforme o primeiro inciso do art. 1659 do referido diploma, excluem-se da comunhão: 
 Os bens que cada cônjuge possui ao casar; 
 Por doação na constância do casamento; 
 Por sucessão na constância do casamento; 
 Sub-rogados em seu lugar na constância do casamento (vide o Direito das 
Obrigações); 
Bens sub-rogados são aqueles adquiridos por um dos cônjuges na constância do matrimônio 
em substituição aos bens que já possuía antes da constituição do casamento, ou adquiridos 
com recursos exclusivos, também anteriores à celebração do vínculo. Ex: A, casado com B, 
antes de casar tinha um carro. Após vender esse carro, na constância do casamento, 
comprou outro mais moderno. Este veículo é excluído da comunhão. 
 
AULA 09 – OS REGIMES DE BENS (CONTINUAÇÃO) 
 
1. O regime de comunhão parcial de bens: 
A A e B B 
Só de A – Bens particulares Bens comuns – Bens que se 
comunicam 
Só de B – bens particulares 
 Meação de A Meação de B 
 
 Os bens que não se comunicam: 
Art. 1.659 – CC: Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do 
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-
rogação dos bens particulares; 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
No regime da comunhão parcial de bens, a herança não se comunica. 
A primeira sub-rogação (inciso I) é de coisa para coisa. A segunda envolve, por exemplo, um 
dinheiro de A que é usado para a compra de uma casa. Ex: A, antes de casar, tem na 
poupança R$ 1 milhão e, depois de casar, pegou esses valores e comprou um apartamento 
(sub-rogação do inciso II). A prova é dada na Declaração do Imposto de Renda de Pessoa 
Física. 
Se o bem sub-rogado é mais valioso que o alienado, a diferença de valor, se não foi coberta 
por recursos próprios e particulares do cônjuge, passa a integrar o acervo comum, ou seja, 
pertencerá ao outro cônjuge 50% da diferença. Ex: A tinha um carro estimado em 30 milhões 
de reais e o vendeu por 50 milhões. O cônjuge de A ficará com a metade do lucro: 20 
milhões/2 = 10 milhões. 
A comunhão só compreende os bens adquiridos a título oneroso na constância do 
casamento. 
Exemplos do inciso III: Enriquecimentos diversos (financiamento, aquisição de imóvel, carro, 
etc). 
 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; 
Exemplos do inciso IV: Casos de pessoas condenadas por improbidade administrativa; dano 
patrimonial (ex: A quebra o celular de B), etc. 
Caso o indivíduo prove o proveito do casal, não há a exclusão da comunhão. 
Se um cônjuge cometeu um ato ilícito, o outro cônjuge não deve responder por isso, exceto 
se este obteve algum benefício (princípio da intranscendência). 
 
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
Exemplos: Bolsas, sapatos, roupas, livros (valiam mais outrora em comparação aos dias 
atuais), cadeiras. 
Deve-se trabalhar com a análise casuística, em virtude de se levar em consideração, 
também, outros valores – como a dignidade do trabalho. 
Um carro táxi (instrumento de profissão – bem de uso pessoal e que, portanto, não se 
comunica) x Uma frota de 20 táxis (nem todos são instrumentos de trabalho) 
Outros exemplos: Carro uber, Carro taxi, Carro frete (carreta), etc. 
 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
Os proventos do trabalho pessoal são: salário, honorários... 
Bens comprados com valores pessoais, a luz do Código Civil, não se comunicam. Destarte, 
tudo o que for comprado com provento não se comunica. 
Entretanto, a jurisprudência admite a comunicação dos frutos, ou seja, bens acessórios de 
um bem principal. 
Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos ou na 
constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão se comunicam 
(art. 1660, V, CC). 
Ex: Camilo ganhou R$ 5.000,00 da Faculdade Baiana de Direito e comprou uma televisão. A 
televisão, a princípio, é só dele. Todavia, os frutos percebidos (colhidos) do trabalho são 
comunicáveis consoante visão do STJ. Logo, a televisão é, também, da cônjuge de Camilo. 
Vale ressaltar que o que não se comunica é o direito aos proveitos. Recebida a remuneração, 
contudo, o dinheiro ingressa no patrimônio comum, assim como os bens adquiridos com o 
seu produto. Há doutrinadores que consideram isso uma injustiça, já que quem nada ou 
pouco contribui para as despesas e só poupa acaba sendo recompensado. 
 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 
Pensão = aposentadoria, não se comunica. Agora, caso com essa pensão seja comprado um 
carro, esse carro se comunica. Assim, na prática, pensão e salário se comunicam. 
Enquanto a previdência não vira pensão, será partilhável. 
O direito aos pagamentos referidos não se comunica. As quantias recebidas na constância do 
casamento entram, porém, para o matrimônio do casal e comunicam-se logo que 
percebidas. 
 
 Os bens que entram na comunhão (art. 1660 – CC): 
Art. 1.660 – CC: Entram na comunhão: 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome 
de um dos cônjuges; 
Ex: Um carro comprado por um cônjuge (metade é do outro cônjuge), mesmo que só em 
nome de um dos cônjuges. 
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa 
anterior; 
Ex: Sorteio, loteria (não pode esconder do outro cônjuge). O fato jurídico deve ocorrer 
durante a constância do casamento. 
Caso real: A ganhou um prêmio na loteria na constância do casamento e, pretendo esconder 
do cônjuge B, se divorciou. A, na semana seguinte, foi buscar o prêmio. B descobriu. A teve 
que pagar metade do prêmio a B, além de perdas e danos. B ficou com 60% do prêmio e A, 
40%. A foi mal instruído pelo advogado. 
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; 
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na 
constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 
Tanto faz o tipo de benfeitoria – útil, necessária ou voluptuária – assim como o tipo de fruto 
– natural, industrial ou civil. 
Aluguéis, animais que nascem são frutos. 
Ex: A pessoa herda uma herança que não se comunica (200 vacas – coisa fungível). Dez anos 
depois, essas 200 vacas foram reproduzindo, em média, um bezerro por ano. No momento 
da negociação, vamos supor que tenham 400 animais. 200 (obrigação de dar coisa incerta) e 
os outros 200 divide-se por 2 (cônjuges) – frutos naturais da reprodução. 
O dinheiro resultante da venda de vacas também é considerado fruto e deve ser partilhado. 
 
2. A comunhão universal: 
 
 Ideias introdutórias: 
Art. 1667 – CC: O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens 
presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo 
seguinte. 
A comunhão é parcial quando parte dos bens se comunicam. 
A comunhão é total quando tudo se comunica. Essa deveria ser a lógica inerente ao termo 
“universal”, mas não é assim que funciona. 
A redação do artigo transcrito foi muito mal elaborada. Ora, se há exceções, não se pode 
afirmar que todos os bens se comunicam. 
Geralmente os nossos avós são casados neste regime de bens. 
 
 Bens que não se comunicam: 
Art. 1.668 – CC: São excluídos da comunhão: 
I - os bensdoados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em 
seu lugar; 
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de 
realizada a condição suspensiva; 
O instituto do fideicomisso (herdeiro fideicomissário) se encontra em desuso, mas funciona 
da seguinte maneira: A deixa herança para a sua filha uns livros de direito, só que não sabe 
se ela vai concluir o curso. A, portanto, deixa a herança para a sua sobrinha, que já se 
formou, com uma condição: a herança deve ser passada para a filha caso esta conclua o 
curso de Direito. Caso contrário, a herança se mantém com a sobrinha. 
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, 
ou reverterem em proveito comum; 
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de 
incomunicabilidade; 
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. 
Como regra, as dívidas anteriores ao casamento não se comunicam. Há, contudo, exceções: 
se o cônjuge obteve proveito ou teve despesas para com tais dívidas. 
A hipótese expressa no inciso IV é rara porque quase ninguém doa um bem antes de casar e, 
além disso, quase ninguém se casa no regime de comunhão universal de bens. 
De acordo com Camilo Colani, o regime da comunhão universal de bens tende a entrar em 
extinção. 
 
3. Participação final nos aquestos: 
Aquestos são quaisquer bens adquiridos onerosamente. Ex: Televisão, casa, carro... 
Basicamente este regime de bens funciona da seguinte maneira: Tudo o que for comprado 
será dividido. Tudo o que não for comprado, não será dividido. 
Participação final: Esse regime de bens acaba com o divórcio. É um regime pensado para se 
divorciar. 
Os aquestos serão divididos no momento do divórcio. 
A A e B B 
Só de A – Patrimônio próprio Aquestos Só de B – Patrimônio próprio 
Carro doado 
Apartamento doado 
Casa de praia doada 
 
R$ 2.000.000,00 (não vai) 
Aquestos de 
A 
Aquestos de 
B 
Casa comprada 
Casa de praia comprada 
Carro comprado 
Patrimônio 
 
R$ 2.000.000,00 
Neste regime de bens, quem compra mais se “complica” mais. 
Art. 1.672 – CC: No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui 
patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução 
da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na 
constância do casamento. 
Art. 1.673 – CC: Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e 
os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. 
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá 
livremente alienar, se forem móveis. 
Art. 1.674 – CC: Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos 
aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios: 
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; 
II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; 
III - as dívidas relativas a esses bens. 
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os 
bens móveis. 
 
4. Regime de separação de bens: 
Não há meação, não há bens comuns. Pode haver condomínio em bens específicos. 
Condomínio = copropriedade. 
Tipos: 
a) Convencional: O casal, antes de casar, faz pacto antenupcial; ou após o casamento, 
altera o regime. 
 
b) Obrigatório: Imposição das causas suspensivas. 
Art. 1.687 – CC: Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração 
exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. 
Art. 1.688 – CC: Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na 
proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário 
no pacto antenupcial. 
Para a próxima aula: Separação e divórcio. 
 
 
AULA 10 – SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO 
 
1. Histórico: 
Até 1977, no Brasil, não havia divórcio. Havia desquite, ou seja, a pessoa desquitada não 
continuava casada, todavia, não podia mais casar. Essa lógica era pautada na ideologia 
católica de que “o que Deus uniu, o homem não separa”. 
O senador Nélson Carneiro, desde a década de 1940, batalhou muito para conseguir o 
instituto do divórcio, principalmente contra a Igreja Católica. A Lei 6.515/77 (Lei do Divórcio) 
foi regulamentada pela EC nº 9 de 1977. 
Nas oito constituições brasileiras sempre teve um capítulo específico para o casamento, 
contudo, o direito ao divórcio – direito subjetivo e constitucionalizado apenas com a CF/88. 
Era comum, antes da aprovação da Lei do Divórcio, a condução de missas para pedir pela 
não aprovação de tal diploma. Por mais bizarro que isso soe, era isso que acontecia. 
A separação não acaba com o casamento pois não permite que o separado se case de novo. 
O divórcio é mais forte que a separação, uma vez que permite que o divorciado se case 
novamente. 
A igreja impunha um prazo de três anos após divórcio para que a pessoa se casasse 
novamente, uma vez que havia a crença de que, durante esse prazo, era possível reatar a 
relação. 
A Constituição Federal de 1988 reduziu o prazo de cinco para dois anos no que tange à 
separação para, posteriormente, se pedir o divórcio. 
No início dos anos 2000 foi promulgado o Código Civil. Tal código manteve o prazo para o 
divórcio, mas ampliou as hipóteses de separação. 
Em 2007, adveio a Lei 11.441/07, a qual alterou o CPC/73 (incluiu o art. 1124-A), admitindo a 
possibilidade de separação/divórcio extrajudicial (forma administrativa). Destarte, passou-se 
a permitir a realização desses fenômenos em um Tabelionato de Notas. O indivíduo vai com 
o advogado para o tabelionato e faz a escritura. 
Em 2010, apareceu a EC nº 66, que alterou o parágrafo 6º do art. 226 da CF/88: § 6º O 
casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. Nesse sentido, houve a simplificação do 
divórcio, inexistindo prazo para a sua requisição (pode acontecer logo no dia seguinte ao 
casamento). 
Art. 226, § 6º - CF: O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela 
Emenda Constitucional nº 66, de 2010) 
Emergiu uma forte polêmica doutrinária: houve ou não revogação da separação? Parte dos 
autores considerou que o termo “pode ser” representa uma faculdade. 
Dois meses após a EC 66, o TJ-BA, através de um ato de corregedoria, publicou o seguinte 
para os juízes baianos, admitindo a revogação da separação. Desse modo, não existe mais 
separação no Brasil. 
Passado mais dois meses, veio o Conselho da Justiça Federal (órgão do STJ) e publicou os 
enunciados 514, 515 e 517: 
514 – A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial e 
extrajudicial. 
515 – Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional n. 66/2010, não há prazo 
mínimo de casamento para a separação consensual. 
517 – A Emenda Constitucional n. 66/2010 extinguiu os prazos previstos no art. 1580 do 
Código Civil, mantendo o divórcio. 
Tal debate ainda persiste na contemporaneidade, cabendo ao STF decidir. 
Vale mencionar, nesse âmbito, uma decisão do STJ sobre a questão: 
 
 
Para Maria Helena Diniz, o único caminho que acaba o casamento é o divórcio. 
Pelo CPC/15 ainda há separação (vide os arts. 693, 731, 732 e 733). 
Art. 693 – CPC/15: As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio, 
separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação. 
Art. 731 – CPC/15: A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os 
requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual 
constarão: 
Art. 732 – CPC/15: As disposições relativas ao processo de homologação judicial de divórcio ou de 
separação consensuais aplicam-se, no que couber, ao processo de homologação da extinção 
consensualde união estável. 
Art. 733 – CPC/15: O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união 
estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser 
realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731. 
 
2. Dissolução da sociedade conjugal x dissolução do vínculo (casamento): 
A dissolução da sociedade conjugal não se confunde com a dissolução do casamento 
(vínculo). 
 Uma das chamadas regras de desestímulo, criadas na Lei do Divórcio (lei 6515/77); 
 A lógica era (e é) que a separação não extingue o casamento (vínculo); 
 Era conjugada com prazos para converter a separação em divórcio. 
 Subsiste, bastante mitigada pela EC 66, no artigo 1571. 
 
Art. 1.571 – CC: A sociedade conjugal termina: 
I - pela morte de um dos cônjuges; 
II - pela nulidade ou anulação do casamento; 
III - pela separação judicial; 
IV - pelo divórcio. 
 
§ 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, 
aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. 
§ 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter 
o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação 
judicial. 
 
Faltou a inclusão no inciso III da separação extrajudicial, que é permitida desde 2007. 
Consoante o parágrafo 1º do artigo supratranscrito, o casamento válido só se dissolve pela 
morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio. A separação não acaba, portanto, com o 
casamento válido, mas apenas com a sociedade conjugal. 
As duas únicas formas de se voltar à condição de solteiro são a nulidade ou a anulabilidade 
do casamento. 
 
3. Tipos de separação (considerando a subsistência da separação no sistema): 
 
a) Separação litigiosa (por culpa): 
O professor Cristiano Chaves considera que não se pode, do ponto de vista psicológico, 
atribuir a alguém o término do casamento. Todavia, Camilo Colani aponta para a 
importância jurídica de se discutir a questão, uma vez que o ato ilícito (ex: traição – ilícito 
civil) implica na responsabilidade civil e futura indenização. Nesse viés, Cristiano Chaves 
admitiu a possibilidade de se discutir culpa, desde que em referência à prática de um ilícito e 
não pelo fim do casamento. 
Art. 1572 – CC: Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, 
imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e 
torne insuportável a vida em comum. 
O art. 1572 se estende ao divórcio (analogia). 
Os deveres do casamento são expressos no art. 1566 do diploma em análise: fidelidade 
recíproca; vida cem comum no domicílio conjugal; mútua assistência; sustento, guarda e 
educação dos filhos; respeito e consideração mútuos. Além disso deve ser um fator que 
torne insuportável a vida em comum. 
Esse termo “insuportabilidade” é extremamente subjetivo, amplo e vago. A 
insuportabilidade não tem como ser provada diretamente, sendo alegada. 
Abaixo se tem uma decisão pertinente ao assunto, na qual ambas partes alegaram traição, 
divergindo, portanto, quanto a quem agiu por culpa. 
 
 
b) Separação por ruptura: 
Anacrônica, fora da realidade. 
Art. 1572, § 1º: A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar 
ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. 
Se desde 2010 pode-se pedir o divórcio, não faz sentido esperar o prazo de um ano. 
O “impossível” é extremamente difícil de ser provado, uma vez que dificilmente o indivíduo 
vai conseguir provar que é impossível viver com o cônjuge. 
Camilo Colani considera que a separação por ruptura foi revogada tacitamente pela perda de 
sentido. 
Art. 1.573 – CC: Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de 
algum dos seguintes motivos: 
I - adultério; 
II - tentativa de morte; 
III - sevícia ou injúria grave; 
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo; 
V - condenação por crime infamante; 
VI - conduta desonrosa. 
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a 
impossibilidade da vida em comum. 
 
O inciso II tem um erro conceitual, já que “tentativa de morte” se refere a todo e qualquer 
ser vivo, assim como “tentativa de homicídio” (todo e qualquer ser humano) não se 
confunde com “tentativa de conjugicídio”. Ex: A é casado com B. Se A tentou matar C (um 
terceiro), é justo que B busque a separação? (não faz sentido). 
Entende-se por infamante todo crime que provoque para seu autor desonra, má fama. 
O conceito de “conduta desonrosa”, contido no inciso VI, é muito amplo e vago. 
 
c) Separação por doença mental: 
Art. 1572 – CC: 
§ 2 o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de 
doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da 
vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido 
reconhecida de cura improvável. 
§ 3 o No caso do parágrafo 2 o , reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a 
separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime 
dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal. 
 
O voto de “na saúde e na doença” trata-se de uma obrigação moral relacionada ao 
casamento religioso e não de uma obrigação civil. 
Ex: A é casado com B. B tenta matar A duas vezes enquanto ele dormia. B foi diagnosticada 
com esquizofrenia em grau elevado. A interdita B (até para a sua própria segurança) e depois 
resolve se separar, o que é plausível para A, B e para as famílias dos cônjuges. 
Ex: A é casado com B. B se encontra em coma por muito tempo. A inicia um outro 
relacionamento e deseja se separar de B sem que se precise tornar viúvo a partir do 
desligamento forçado dos aparelhos que mantêm B viva. 
Considerando isso, há situações práticas em que a separação por doença mental pode ser 
útil. 
Depois da EC 66, sendo desnecessário fundamentar o motivo pela requisição do divórcio, o a 
separação por doença mental também perdeu o sentido. 
 
d) Separação consensual: 
Art. 1.574 – CC: Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se 
forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele 
devidamente homologada a convenção. 
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se 
apurar que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos 
cônjuges. 
Requisitos: Casamento a mais de 1 ano + manifestação perante o juiz. 
Trata-se de uma separação que ainda se encontra com certo sentido, todavia, o prazo 
exigido (casamento de, no mínimo, 1 ano) mitiga esse sentido. A título exemplificativo pode-
se citar que os maiores índices de violência doméstica ocorrem no início ou antes do 
casamento e não daqui a vinte anos casados. 
 
e) Separação extrajudicial: 
Art. 3º da Lei 11.441/07 c/c art. 1124-A do CPC: A separação consensual e o divórcio 
consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos 
legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as 
disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, 
ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção 
do nome adotado quando se deu o casamento. 
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro 
civil e o registro de imóveis. 
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por 
advogado comum ou advogados de cada um deles ou por defensor público, cuja qualificação 
e assinatura constarão do ato notarial. 
§ 3º A escritura e demais atos notariaisserão gratuitos àqueles que se declararem pobres 
sob as penas da lei. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007). 
Art. 733 – CPC/15: O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual 
de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos 
legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que 
trata o art. 731. 
Há, ainda hoje, muita dúvida em relação ao divórcio que deixa embrião congelado. Não se 
pode dividir, por exemplo, dois embriões – um de cada cônjuge – como se divide dois carros 
(um de cada). Ex: Se A foi casado com B deixando um embrião congelado e, depois, se casa 
com C. Se A e C querem ter filhos, só que C não quer o método carnal (pois é modelo, por 
exemplo). A quer pegar o embrião tido com B. Hoje, o nosso ordenamento jurídico ainda não 
tem respostas para essa questão. 
Requisitos: 
 Inexistência de filhos menores ou incapazes; 
 Presença de advogado representando as partes; 
 Escritura pública; 
 Inexistência de litígio sobre partilha de bens, pensão alimentícia e uso de nome. 
 
4. Divórcio: 
a) Por conversão: 
Art. 1.580 – CC: Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado 
a separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, 
qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio. 
OBS: Separação de fato não se confunde com separação de corpos. A separação de corpos é 
um conceito técnico que nasce da ideia de que, em algum momento, houve uma “ordem 
judicial” de afastamento do casal (medida protetiva). 
 
b) Direito: 
Art. 1580, § 2º - CC: O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no 
caso de comprovada separação de fato por mais de dois anos. 
O exposto acima acabou, não é necessário mais provar a separação de fato por dois anos 
(prazo) a partir da EC 66. 
 
c) Extrajudicial: 
Art. 3º da Lei 11.441/07 c/c art. 1124-A do CPC. 
Requisitos: 
 Inexistência de filhos menores ou incapazes; 
 Presença de advogado representando as partes; 
 Escritura pública; 
 Inexistência de litígio sobre partilha de bens, pensão alimentícia e uso de nome. 
5. Aspectos relativos ao processo de separação/divórcio: 
Art. 1.575 – CC: A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha 
de bens. 
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e 
homologada pelo juiz ou por este decidida. 
O art. 1581 afirma que “o divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de 
bens”. Há uma contradição entre este e o artigo 1575. 
O art. 1575 não faz sentido algum, uma vez que não é necessário declarar a separação de 
corpos se os indivíduos já estão separados judicialmente. 
 
Art. 1.576 – CC: A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade 
recíproca e ao regime de bens. 
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no 
caso de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão. 
O art. 1576 também não tem muito sentido. Não é necessário esperar o processo todo 
correr para que o juiz decrete a extinção do dever de fidelidade. 
A separação judicial põe fim ao regime de bens, o que é importante para saber se houve ou 
não comunicabilidade. 
Abaixo se tem uma decisão pertinente ao assunto: 
 
Ex: A e B se separaram de fato. A ganhou na loteria depois. B cobra parte do prêmio. Tem-se 
que atentar ao tempo da separação de fato – se logo depois da separação, é razoável que B 
receba; caso tenha sido muito tempo depois, não é plausível B receber a quantia. 
 
Art. 1.578 – CC: O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito 
de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e 
se a alteração não acarretar: 
I - evidente prejuízo para a sua identificação; 
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união 
dissolvida; 
III - dano grave reconhecido na decisão judicial. 
§ 1 o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer 
momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. 
§ 2 o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado. 
Ex: A é casado com B. A trai B. B quer que A tire o seu sobrenome. A alega que a retirada vai 
comprometer a sua identificação social. 
O inciso II representa uma situação que não é boa do ponto de vista social. 
O termo “dano grave” também é amplo e abrangente. 
 
6. A proteção das pessoas dos filhos: 
Art. 1.583 – CC: A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 
11.698, de 2008). 
§ 1 o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém 
que o substitua (art. 1.584, § 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta 
e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, 
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). 
§ 2 o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma 
equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os 
interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela 
que melhor atender aos interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
§ 4 o (VETADO) . (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). 
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os 
interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será 
parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, 
em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a 
educação de seus filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) 
Art. 1.584 – CC: A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada pela Lei 
nº 11.698, de 2008). 
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma 
de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Incluído 
pela Lei nº 11.698, de 2008). 
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da 
distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pela Lei 
nº 11.698, de 2008). 
§ 1 o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda 
compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores 
e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). 
§ 2 o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-
se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda 
compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda 
do menor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
§ 3 o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob 
guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,poderá 
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar 
à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 
2014) 
§ 4 o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda 
unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu 
detentor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Msg/VEP-368-08.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
§ 5 o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, 
deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, 
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e 
afetividade. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
§ 6 o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a 
qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos 
reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação. (Incluído 
pela Lei nº 13.058, de 2014) 
Art. 1.585 – CC: Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em sede de medida 
cautelar de guarda ou em outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão sobre guarda de 
filhos, mesmo que provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as 
partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir a concessão de 
liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se as disposições do art. 1.584. (Redação dada 
pela Lei nº 13.058, de 2014) 
Art. 1.586 – CC: Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, 
regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para 
com os pais. 
Art. 1.587 – CC: No caso de invalidade do casamento, havendo filhos comuns, observar-se-á 
o disposto nos arts. 1.584 e 1.586. 
Art. 1.588 – CC: O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter 
consigo os filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não 
são tratados convenientemente. 
Art. 1.589 – CC: O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-
los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, 
bem como fiscalizar sua manutenção e educação. 
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, 
observados os interesses da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de 
2011) 
Art. 1.590 – CC: As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos 
menores estendem-se aos maiores incapazes. 
 
Abaixo se tem um acórdão do STJ referente ao assunto: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12398.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12398.htm#art1
 
 
AULA 11 – UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO 
 
1. Relevância do assunto: 
Os dados do último censo do IBGE apontam que cerca de 36,4% dos casais brasileiros não 
são casados formalmente. 
Em alguns estados esses índices podem alcançar cerca de metade da população. 
Deve-se lembrar que o conceito de casamento está ligado ao registro (nos caso, no Cartório 
de Registro Civil das Pessoas Naturais). 
Os indivíduos em concubinato não gozam da mesma proteção jurídica do casamento e da 
união estável. 
O estado civil de uma pessoa que se encontra em união estável é solteiro. 
O registro da união estável não é obrigatório, diferentemente do casamento. 
Ex: A vive em união estável com B e tem um filho ab. A vai viver com C e tem um filho ac. A 
morre. A era empregado de D. D deve pagar a quem? Como A vivia em união estável, o valor 
foi depositado em juízo para evitar pagamento errado (afinal quem paga mal, paga duas ou 
até três vezes). 
 
2. Histórico: 
 
a) Noção histórico-moral de concubinato: 
 
 Conotação pejorativa; 
 Relação ilegítima; 
Quando estudamos a colonização britânica na América, constata-se a presença de colônias 
de povoamento ao norte e ao centro, e de exploração ao sul. A população sulista foi, 
historicamente, traficada e estuprada, gerando “filhos ilegítimos” de forma ilegítima. Há na 
cultura brasileira de formação toda uma violência masculina sobre a mulher que se reflete 
no direito justamente na noção de concubinato. 
 
b) Antes da CF/88: 
A questão do concubinato gerou algumas preocupações na sociedade brasileira. 
No século passado, houve a preocupação em gerar uma categoria autônoma para o 
concubinato. 
Passou-se a permitir que: “a mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem 
solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá 
requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de 
seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja 
impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou 
de ambas”. (art. 57, §2º da Lei 6015/73) 
 
c) CF/88: 
Esse debate culminou na elaboração do art. 226, § 3º da CF/88: “Para efeito da proteção do 
Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher (duas pessoas) como 
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. 
Como o artigo menciona “homem e mulher”, eram sustentados argumentos contrários ao 
casamento gay em virtude do respeito ao princípio da legalidade. 
Casos concretos foram parar no STF, culminando em mutações constitucionais, ou seja, 
mudanças interpretativas para dispositivos expressos. Com base nos princípios da igualdade 
e liberdade, em uma sessão plenária, foi decidido por 11x0 que a expressão “homem e 
mulher” era inconstitucional. 
 
d) Lei 8.971/94: 
Regulava direito a alimentos e à sucessão. 
Trazia a questão do tempo como requisito para a configuração da união estável. 
Art. 1º: A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, 
divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá 
valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não constituir nova 
união e desde que prove a necessidade. 
Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de 
mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou viúva. 
 
e) Lei 9.278/96: 
Regulava as questões dos deveres dos companheirose do regime de bens, afastando o 
prazo. 
 
f) Código Civil/2002: 
Eliminou de vez a questão do prazo para consolidar uma união estável. 
Art. 1.723 – CC: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a 
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o 
objetivo de constituição de família. 
§ 1 o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se 
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou 
judicialmente. 
§ 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 
Art. 1.724 – CC: As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de 
lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. 
 
3. União estável e concubinato: 
 Requisitos para a configuração: 
Art. 1.723 – CC: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a 
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o 
objetivo de constituição de família. 
§ 1 o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se 
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou 
judicialmente. 
§ 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 
 
 Há requisitos subjetivos (ligados às pessoas): 2 pessoas + maiores e capazes + 
animus (vontade de constituir família); 
 Há requisitos objetivos Convivência pública, contínua e duradoura; 
 Não há a necessidade de escritura pública; 
 Há requisitos negativos: Extensão dos impedimentos do art. 1521 (não se 
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar 
separada de fato ou judicialmente) + não aplicação das causas suspensivas do 
art. 1523; 
 
4. Efeitos da união estável: 
 Pessoais: 
Art. 1.724 – CC: As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de 
lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. 
 
Exemplo de decisão judicial a respeito: 
 
 Efeitos patrimoniais: 
Art. 1.725 – CC: Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às 
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 
O regime base da união estável é o da comunhão parcial. Caso não se queira esse regime de 
bens no casamento é necessário escritura pública via pacto antenupcial. No que tange à 
união estável, basta a fixação de um contrato escrito. 
Não há um fato que determine o início da união estável. 
 
Conforme o julgado acima, a separação obrigatória se estende à união estável. 
 
5. Conversão em casamento: 
Art. 226, § 3º - CC: Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o 
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em 
casamento. 
Art. 1726 – CC: A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos 
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. 
 
6. Concubinato: 
Art. 1.727 – CC: As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, 
constituem concubinato. 
Quem está impedido de casar, estará em concubinato (exceção = separado de fato). 
 Relação não eventual; 
 Entre duas pessoas; 
 Parte da doutrina ainda usa as denominações concubinato puro e concubinato 
impuro (vide Maria Helena Diniz); 
 É mais plausível falar em concubinato adulterino (se um dos concubinos for casado) 
ou incestuoso (se houver parentesco entre as partes) – mesmo se tratando de um 
casamento nulo, as pessoas continuam não em união estável, mas em concubinato; 
 
 
AULA 12 – PARENTESCO 
 
1. Parentesco – noções introdutórias: 
É a relação jurídica de Direto de Família que vincula 2 ou mais pessoas por laços de 
consanguinidade, afinidade, adoção ou afetividade. 
O parentesco pode ser: 
 Consanguíneo; 
 Afinidade; 
 Adoção; 
 Socioafetivo; 
Usamos, na linguagem coloquial, afinidade com sinônimo de afetividade. Todavia, para o 
direito, afinidade significa ter parentesco por afinidade, o que não implica, necessariamente, 
em afetividade. 
OBS: O parentesco socioafetivo não gera deveres obrigacionais Quanto ao parentesco 
socioafetivo, temos implicações recentes. 
Enunciado 256 CJF (Conselho da Justiça Federal): “A posse do estado de filho (parentalidade 
socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil”. 
Essa orientação não é súmula e, também, não é vinculante. Trata-se de uma recomendação. 
Ex: A casado com B. 2 filhos ab e ba. A é bem rico. A morre. B, viúva, é tia e madrinha de cd. 
B resolve trazer cd para morar com a família, já que cd não possui tamanha condição 
financeira. Passam-se dez anos. B morre com cd já adulta e formada. cd, no inventário, diz: 
“ela me tratava como filha – B tinha para comigo estado de posse de filiação”. B não adotou 
cd e nem registrou, mas, de fato, tinha o tratamento de filha para com cd. Embora não haja 
previsão legal da relação de socioafetividade, o juiz competente poderá reconhecer tal 
relação de parentesco. 
Hoje, uma das principais discussões gira em torno da monetização do afeto, o que Camilo 
Colani não considera a solução ideal. Há uma imensa subjetividade no que tange à 
mensuração do afeto. A obrigação moral de dar afeto não deveria se confundir com uma 
obrigação civil de dar afeto. Sabemos, ademais, que o abandono parental ainda é bem 
presente na sociedade brasileira, bem como do número de pessoas que não apresentam o 
nome do pai no registro. Camilo Colani aponta para a necessidade de positivação normativa. 
Ex: A casado com B. 2 filhos ab e ba. A morre. B, viúva, é tia e madrinha de cd. B morre 10 
anos depois. ab e ba, no inventário, dizem: “B tinha para com cd estado de posse de filiação”. 
Aqui há uma solução mais pacífica da questão, uma vez que ab e ba reconhecem, de 
antemão, o direito de cd de participar do inventário. 
 
2. Regras gerais de parentesco: 
Art. 1591 – CC: São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na 
relação de ascendentes e descendentes. 
OBS: Este artigo explicita quais são os parentes na linha reta. 
ASCENDENTES DESCENDENTES 
Pai (mãe) 
Avô (avó) 
Bisavô (bisavó) 
Trisavô (trisavó) 
Filho/Filha 
Neto/Neta 
Bisneto/Bisneta 
Trineto/Trineta 
 
Art. 1592 – CC: São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas 
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. 
Transversal é sinônimo de colateral, assim como oblíquo. 
Em síntese, são parentes em linha colateral/transversal/oblíquo: Irmãos, sobrinhos, tios, 
primos, tios-avós, sobrinhos-netos. 
 
Art. 1593 – CC: O parentesco natural ou civil, conforme resulte da consanguinidade ou outra 
origem. 
O parentesco natural é o consanguíneo. Todo aquele parentesco que não for natural (ex: 
afetividade, afinidade, adoção) é chamado de parentesco civil. 
A título de curiosidade, na língua inglesa chamamos cunhado de brother in law, sogra de 
mother in law, cunhada de brother in law, sogro de father in law e, assim sucessivamente. 
 
Art. 1.594 – CC: Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, 
e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente 
comum, e descendo até encontrar o outro parente. 
Art. 1.595 – CC: Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo 
da afinidade. 
§ 1 o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos 
do cônjuge ou companheiro. 
§ 2 o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união 
estável. 
O art. 1595, caput, é um dos principais argumentos utilizados para sustentar a corrente de 
que o casamento não é um contrato, uma vez que o negócio jurídico concede uma margem 
de liberdade às partes.

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