Buscar

Artigo Eutanásia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ARTIGO SOBRE A PROBLEMÁTICA DA EUTANÁSIA
Kelvin Custódio Maciel[1: Acadêmico do terceiro período do curso de filosofia da Faculdade São Luiz.]
RESUMO
Os avanços tecnológicos ligados à medicina levam os médicos a terem como objetivo incansável vencer a doença e prolongar a vida. Contudo, para aqueles pacientes que não tem possibilidade de cura, prolonga-se o sofrimento e o processo de morrer. Quando se fala em eutanásia, se dirigi, aos pacientes cuja enfermidade não mais responde ao tratamento, tendo como principal prioridade o ato de proporcionar a morte, mediante ao alívio da dor física e sofrimentos psicológicos, sociais e espirituais. Para tanto, é necessário um olhar clínico e ético sobre como e de que maneira é tratado às pessoas que são sujeitadas a este método de aliviar ou inibir o sofrimento ocasionando na perca da própria vida. Para isso, a análise contempla o caso de uma mulher já idosa que submete-se a eutanásia pela justificativa de ser cega e deste modo por seu próprio consentimento recusa à sua natureza de morte, optando pela prática médica da eutanásia. Pode-se afirmar que no estágio final da vida dos pacientes terminais busca-se deixar claro que é preciso manter digna e confortável a existência destes, até o último momento, tendo em vista, o respeito para com a autonomia, a integridade e a dignidade do paciente. 
Palavras-chave: 1- Eutanásia 2- Vida 3-Sofrimento
	
INTRODUÇÃO
O tema da eutanásia apresenta possibilidades variadas para discussões, dos quais se pode analisar eticamente com enfoque na bioética. Este artigo, a partir desta perspectiva, insere outros possíveis pontos de vista, considerando a atualidade da questão. 
Estabelecendo um breve contexto sobre o tratamento dado ao tema e evidenciando que o assunto não pode ser considerado novidade e pode-se verificar diferentes visões de pensadores que ocupam-se do campo da bioética. 
Alguns explanados com suas respectivas visões acerca do assunto, como Guy Durand e Darlei Dall’Agnol, este último doutor na Universidade de Pristol e professor de ética e filosofia política na UFSC.
A discussão sobre a eutanásia é dirigida ao caso de uma mulher idosa que por seu consentimento abre mão da sua vida, justificando a deficiência visual sendo a causa de sua decisão. A legislação adota esta situação como “sofrimento insuportável” já que a paciente possui obsessão por limpeza, e por vezes tentou o suicídio. 
Sendo assim, é necessário uma resolução por meio da análise do caso, em conformidade com o olhar clínico dos autores. Admite-se que há dois lados da moeda, o primeiro, os que defendem que pacientes competentes podem decidir sobre como e quando morrer e apelam, geralmente, para o princípio da autonomia pessoal. E o outro lado, aqueles que sustentam que é intrinsicamente mau que as pessoas morram, mesmo quando escolhem deliberadamente encurtar a vida.
Visto que o primeiro lado da moeda está com maior ênfase e a bioética tem a preocupação ética pela vida em seus aspectos mais gerais, o artigo buscar-se-á o ponto central da discussão no âmbito ético e biológico acerca da aplicação da eutanásia em um ser humano portador de deficiência visual.
	
REVISÃO DA LITERATURA[2: Disponível em: <www.ufrgs.br/bioetica/eutanhol.htm>. Acesso: 05 de novembro de 2014.]
Na Holanda a eutanásia é legalizada. Até a aprovação final da nova lei de Eutanásia, os artigos do Código Penal continuaram tendo validade. A nova lei, já aprovada na Câmara Baixa e no Senado holandês, torna a morte assistida (eutanásia ou suicídio assistido) um procedimento legalizado nos Países Baixos, alterando os artigos 293 e 294 da lei criminal holandesa. A legalização foi aprovada em 10 de abril de 2001, entrando em vigor em abril de 2002. 
A Eutanásia vem sendo debatida na Holanda desde a década de 1970. Inúmeras situações ocorridas com pacientes e seus médicos geraram questionamentos quanto aos seus aspectos morais e legais. Elas começaram em 1973, com o caso Postma.
Desde 1990 o Ministério da Justiça e a Real Associação Médica Holandesa (RDMA) concordaram em um procedimento de notificação de eutanásia. Desta forma, o médico fica imune de ser acusado, apesar de ter realizado um ato ilegal.
A Lei Funeral (Burial Act) de 1993 incorporou os 5 critérios para eutanásia e os 3 elementos de notificação do procedimento. Isto tornou a eutanásia um procedimento aceito, porém não legal. Estas condições eximem o médico da acusação de homicídio.
Os cinco critérios, propostos em 1973, durante o julgamento do caso Postma, e estabelecidos pela Corte de Rotterdam, em 1981, para a ajuda à morte não penalizável, por um médico, são os seguintes: 
1) A solicitação para morrer deve ser uma decisão voluntária feita por um paciente informado; 
2) A solicitação deve ser bem considerada por uma pessoa que tenha uma compreensão clara e correta de sua condição e de outras possibilidades. A pessoa deve ser capaz de ponderar estas opções, e deve ter feito tal ponderação; 
3) O desejo de morrer deve ter alguma duração; 
4) Deve haver sofrimento físico ou mental que seja inaceitável ou insuportável; 
5) A consultoria com um colega é obrigatória.
ANÁLISE
Uma mulher de 70 anos que ficou cega se submeteu à eutanásia na Holanda, o primeiro caso em que a doença foi classificada como "sofrimento insuportável", critério para justificar o suicídio assistido no país, informaram na segunda-feira (7) de outubro de 2013, os veículos de imprensa holandeses.
Os inspetores de Saúde da Holanda consideraram que a eutanásia praticada ao caso da idosa está de acordo com as normas governamentais, segundo o site do jornal Dutchnews.
Além disso, se requer uma segunda opinião de outro médico, lembra o jornal, que afirma que a mulher já nasceu com a visão prejudicada e foi piorando até ficar totalmente cega. Sendo que a mulher vivia sozinha desde que seu marido faleceu, já tinha tentado se suicidar várias vezes.
A especialista Lia Bruin explicou aos veículos de imprensa holandeses que a mulher era um caso excepcional, pois estava "obcecada com limpeza e não podia suportar não ver as manchas em sua roupa”.
Pode-se afirmar, que neste caso excepcionalmente, há um critério de justificação de uma doença visual, para com a decisão de interromper a vida. Portanto é necessário deixar evidente o papel do consentimento livre e esclarecido do paciente para com o tratamento médico ou ensaio experimental. 
Em situação normal, em particular de um adulto que é capaz de dirigir sua própria vida, o princípio de autonomia exige o seu consentimento a todo e qualquer tratamento médico, e desta forma o direito toma uma valor ético, segundo Guy Durand, “de que a pessoa humana é inviolável. Ninguém pode invadir outra pessoa sem seu consentimento” (Código Civil de Québec, artigo 19)[3: Nasceu em 1933, Guy Durand é professor de ética e de teologia moral na universidade de Montreal. Disponível em: <DURANT, Guy. A bioética: natureza, princípios, objetivos. São Paulo: Paulus, 1995.> acesso: 05.11.14. ][4: Cf. DURANT, Guy. A bioética: natureza, princípios, objetivos. São Paulo: Paulus, 1995, p. 34.]
Como bem salienta Durand, o consentimento deve ser autêntico, ele não conter apenas esclarecimento, mas deve ser livre, ou seja, sem coerção ou fraude. Deste modo, é visto que, por livre decisão a paciente por sofrer da deficiência visual se dispõe a aplicação médica da eutanásia. 
Ora, neste caso o método que é classificado no país como “sofrimento insuportável”, há a presença forte da sua autonomia, que se entende por ser o desenvolvimento autônomo mesmo que dependente de um terceiro, ou seja, por sua própria capacidade a paciente é capaz de se desenvolver por si mesma e não por alguém. 
O princípio do respeito à autonomia revela-se particularmente importante nas relações entre profissionais da saúde e pacientes, onde os primeiros devem respeitar a autonomia dos últimos quando esses não estão incapacitados para tomarsuas próprias decisões (neste caso deve-se consultar a família ou outro representante legal). Por isso o profissional deve expressamente conseguir, sempre que possível, o consentimento antes de fazer um diagnóstico ou de prescrever um tratamento.[5: DALL’AGNOL, Darlei. Bioética: princípios morais e aplicações. Rio de Janeiro: DP&A, 2004, p. 34.]
Sendo assim, é visto que a paciente tem a incapacidade, em virtude da sua deficiência visual de tomar uma decisão sozinha, visto que, a sua condição de deficiência ainda contempla um forte desequilíbrio psicológico, pois, segundo a própria especialista Lia Bruin, a idosa estava "obcecada com limpeza e não podia suportar não ver as manchas em sua roupa". 
Ora, segundo o critério, propostos em 1973, para a ajuda à morte não penalizável por um médico, diz que a solicitação deve ser bem considerada por uma pessoa que tenha uma compreensão clara e correta de sua condição e de outras possibilidades. Logo a paciente não tem condição psicológica de decisão, e consequentemente não deveria atuar contra sua própria vida.
Seja qualquer profissional da saúde, (médico, psicólogo, dentista, fisioterapeuta, etc) tem o dever a primeira vista de agir a partir do princípio de beneficência, ou seja, fazer o bem aos outros. Logo, os profissionais que atuaram frente à decisão de uma pessoa sem condições de optar por não viver é errônea, é imoral e, portanto, se constitui numa consciência anti-naturalista, que não respeita a natureza humana.
É indispensável ainda, que os profissionais envolvidos formem uma verdadeira equipe multidisciplinar, (não apenas o médico) e que tenham condições de avaliar a capacidade do paciente decidir sobre todas as questões que envolvem a sua deficiência, tratamento ou prognóstico. Pois, a paciente que sofre a ausência de visão, com o tratamento adequado possa reconstruir sua dignidade abalada pela degradação física. [6: Cf. SANTOS, Otávio Marambaia dos. Sofrimento e dor em cuidados paliativos: reflexões éticas. Salvador, 2011. p. 690.]
 Entretanto, é visto que existem dois lados da moeda, um, os que defendem que pacientes competentes podem decidir sobre como e quando morrer e apelam, geralmente, para o princípio da autonomia pessoal. E o outro lado, aqueles que sustentam que é intrinsicamente mau que as pessoas morram, mesmo quando escolhem deliberadamente encurtar a vida.
Infelizmente, o primeiro é a escolha do Senado holandês e dos Países Baixos, que por sua vez não acolhem a vida humana como possuidora de um valor intrínseco. Pode-se ver que para Dworkin em sua obra intitulada Life’s Dominion, afirma em favor do valor intrínseco e que tanto o suicídio quanto a eutanásia, são em princípio, moralmente proibidos. Continua dizendo, tanto teístas quanto ateístas concordariam com esse ponto. As discordâncias são relativas às circunstâncias sob as quais alguém estaria justificado em encurtar uma vida penosa. [7: Cf. DALL’AGNOL, 2004, p. 162-164.]
Há de modo indireto, a figura do parternalismo presente no que diz respeito à ação de interferir na liberdade do outro de manifestar seus próprios interesses, desejos, vontades, etc. Pois, os profissionais que aderiram à causa de morte da paciente de 70 anos, não poderiam tratá-la como se não fosse incapaz de conhecer e decidir sobre seu próprio bem; não podem fazer experimentações manipuladoras em sua cliente. 
O ato de atuação da parte dos profissionais se dirige para o princípio de não-maleficência, que por conseguinte, se diz respeito a conduta dos médico para com a paciente, sendo que a partir de um dano menor é justificável por que produz um benefício maior, sendo o principal beneficiado o paciente. Neste caso, não há a concordância da prática médica com o dano menor, que seria a deficiência visual, portanto, a ação dos médicos não conduziu a nenhum benefício do paciente.
De fato, o respeito pela vida constitui o princípio a que se faz constante referência, e por sua vez tem sua origem em tempos muito antigos, encontrando-se em regiões orientais (principalmente o hinduísmo) e na tradição judaico-cristã. Encontra-se também presente, e de maneira mais prestigiada, no juramento de Hipócrates. [8: Cf. DURANT. 1995, p. 38.]
A este principio sobre a vida, incorpora-se de maneira mais radical sobre a proibição de matar, demonstra ainda que a vida humana é um valor importante, e, portanto deve ser protegida com muito cuidado. O fato de que, a opção por uma decisão de morte em virtude de um dano menor, seja visual ou qualquer, não agrava o motivo de não permanência neste mundo, pois, a vida humana deve ser respeitada e cuidada.
É salutar discorrer o caráter sagrado da vida humana, que é defendido pela corrente de pensamento ético: o vitalismo. Segundo esta corrente, a vida humana é tão preciosa que constitui um valor absoluto. Sendo assim, é preciso que se coloquem em ação todos os meios possíveis para proteger e prolongar a vida, mesmo que diminuída. Segundo a ótica desta corrente: 
Não se trata de um princípio entre outros, mas do único princípio que conta. O princípio do caráter sagrado da vida assim compreendido fornece portanto um critério de aplicação definitivo e decisivo que não sofre nenhuma restrição e nenhuma exceção.[9: DURAND, Guy, Introdução geral à bioética: história, conceitos e instrumentos. São Paulo: Loyola, 2004. p. 155.]
 Ora, nesta perspectiva, a vida humana não pode ser coloca em jogo, ou diminuída a alguma deficiência, mesmo que o sofrimento esteja presente, a natureza humana deve se encarregar de conduzir-se ao seu fim último sem a interferência de fatores exteriores que dispõem da tecnologia para manipular a ordem e o destino na vida humana dada por Deus.
Sendo assim, é veementemente má a legalização de um método capaz de sucumbir com os sofrimentos a fim de causar o fim da vida. E por assim dizer, é necessário que haja o comprometimento ético e profissional de todo orientador da saúde, que permita em sua atividade, evitar o mau e fazer o bem em favor da vida em suas especificidades.
REFERÊNCIAS
	
DALL’AGNOL, Darlei. Bioética: princípios morais e aplicações. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
DURAND, Guy. Introdução geral à bioética: história, conceitos e instrumentos. São Paulo: Loyola, 2004.
___________. A bioética: natureza, princípios, objetivos. São Paulo: Paulus, 1995.
SANTOS, Otávio Marambaia dos. Sofrimento e dor em cuidados paliativos: reflexões éticas. Salvador. 2011.

Outros materiais