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Momentos literários no Brasil e no Mundo A literatura é fortemente influenciada pelo ambiente histórico, social e político. As obras artísticas refletem os costumes, valores e características de determinado período, já que os autores dessas obras são personagens reais do presente. A reunião das características e influências de cada período histórico na literatura é chamado de Escola Literária. Veja algumas das principais escolas literárias: Barroco A passagem do século XVI para o XVII é caracterizada por fortes tensões sociais na Europa. Alguns dos principais acontecimentos da época, são a queda do Império Português e a Contra-Reforma. Esses eventos refletiram na arte do período. Na literatura, o século XVII ficou conhecido como período do Barroco. As obras literárias da época são marcadas pelo pessimismo e visão problemática da existência. Outras características são teocentrismo, o rebuscamento, as antíteses e paradoxos. No Brasil, os principais autores são Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira. Arcadismo (Século XVIII) Na época em que o Arcadismo se difundiu, a Europa vivia uma época de intensos ataques ao absolutismo, as consequências da Revolução Inglesa e o surgimento de novas potências, como a Prússia e a Rússia. Uma das palavras-chave do período é o Iluminismo, movimento que propunha diversas reformas na sociedade e na cultura. As obras literárias são marcadas por poetas que se imaginam pastores, numa tentativa de fuga da cidade para o campo. Algumas das características do Arcadismo são afrancesamento da arte, da cultura e da vida, os temas campestres, bucólicos e pastoris. Romantismo (Final do século XVIII e início do século XIX) No final do século XVIII, o mundo vivia uma das revoluções mais profundas da história: a Revolução Francesa. Iniciada na França, as transformações causadas pela revolução, como a renovação das relações sociais, influenciaram todo o mundo. Mais do que um estilo literário, o Romantismo foi uma expressão do espírito da época. O Arcadismo foi rejeitado. Algumas das características da época foram o subjetivismo, a exploração de temas cristãos e nacionalistas, a liberdade de criação, a melancolia, o idealismo e a democratização da arte. Os temas mais trabalhados foram a solidão, a noite, a morte e o gosto pelo fantástico. Realismo (Segunda metade do século XIX) O fim do século XIX foi marcado por transformações no Brasil, como a monarquia em decadência, aprovação da Lei Áurea, que aboliu a escravatura, e a economia voltada para o mercado externo. Na literatura, o período é marcado pela reação as excessos do lirismo e da imaginação, comuns nos autores românticos. As obras passaram a valorizar temas dos cotidiano e a visão prática da vida. As características dessa escola literária são a observação impessoal, a objetividade, a observação cuidadosa da realidade e o cosmopolitismo. No Brasil, Machado de Assis foi um dos representantes dessa escola. Naturalismo (Final do século XIX) O Naturalismo é o realismo levado ao extremo. O determinismo - linha de pensamento desenvolvida pelo filósofo francês Hippolyte Taine - foi uma das características do estilo. Segundo Taine, o homem é determinado pelo meio em que vive, sua raça (estágio de sua evolução física) e momento histórico. Os autores escrevem sobre o social e sobre a vida, buscando retratar a realidade exterior e das experiências humanas, de um ponto de vista científico. Aluísio Azevedo é o maior nome do Naturalismo. Parnasianismo (Final do século XIX) O Parnasianismo é uma escola de poesia contemporânea ao Realismo. Assim como os autores realistas, os poetas parnasianos buscavam livrar suas obras dos exceções de lirismo que marcavam as obras românticas. As poesias obedeciam ao rigor formal, à perfeição. Os autores defendiam "a arte pela arte", em busca da beleza absoluta dos versos. A poesia era aristocrática, panteísta, fria e objetiva. Alguns dos maiores expoentes parnasianos no Brasil são Raimundo Correia e Olavo Bilac. Simbolismo (Fim do século XIX e começo do século XX) O contexto histórico em que surge o Simbolismo é marcado pelo desânimo em relação aos rumos da industrialização. Na arte, esses sentimentos negativos provocaram o desejo intenso pela fuga da realidade, o que deu origem ao Simbolismo. Essa escola reagiu à objetividade do Parnasianismo e do Realismo, valorizando o culto ao sonho, a interioridade, rimas com musicalidade, retomando características do Romantismo. Os poemas simbolistas movem-se num mundo abstrato, construído por meio de imagens simbólicas. Cruz e Sousa é o principal autor simbolista no Brasil. Pré-Modernismo (Início do século XX) Movimento que representou a transição entre o simbolismo e o Modernismo. A literatura produzida no pré-Modernismo mantém a preocupação científica, trabalhando com temas regionais que buscam entender o Brasil de maneira mais profunda. Também são características do período o retorno ao Parnasianismo e Naturalismo e a ligação com a realidade brasileira. Euclides da Cunha e Augusto dos Anjos são os principais nomes desse período. Modernismo (Início do século XX) São acontecimentos contemporâneos ao desenvolvimento do Modernismo a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa de 1905. Esses fatos contribuíram para o clima que dominou a arte e a literatura. O Modernismo se inspirava nos movimentos da vanguarda europeia, como o cubismo e o surrealismo, com o objetivo de dar uma identidade nacional às artes. Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Manoel Bandeira, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos são os principais expoentes do Modernismo no Brasil. A história através de seus personagens Baiano, Gregório de Matos e Guerra ficou conhecido como "Boca do Inferno", por suas poesias satíricas, como "à Cidade da Bahia". "Triste Bahia! Oh quão dessemelhante estás, e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado. Rica te vejo eu já, tu a mi abundante." Tomás Antônio Gonzaga nasceu em Portugal , mas viveu no Brasil a maior parte da vida. Seu poema mais famoso é "Marília de Dirceu". "Minha bela Marília, tudo passa; a sorte deste mundo é mal segura; se vem depois dos males a ventura. Vem depois dos prazeres a desgraça." Álvares de Azevedo é o autor mais representativo da segunda geração romântica. Sua poesia é marcada por temas como o amor e a morte. "Descansem o meu leito solitário na floresta dos homens esquecida, à sombra de uma cruz, e escrevam nela: - Foi poeta - sonhou - e amou na vida." Gonçalves Dias, representante da primeira geração romântica, se caracterizava pela postura equilibrada e domínio da forma do poema. É dele a "Canção do Exilio". "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; As aves, que aqui gorjeiam como lá." O baiano Castro Alves, da terceira geração romântica, apoiava a abolição da escravatura. Ficou conhecido como "Poeta dos Escravos". Navio Negreiro é um de seus principais poemas. "São os guerreiros ousados, com os tigres mosquedos combatem na solidão... Homens simples, fortes, bravos... Hoje míseros escravos sem luz, sem ar, sem razão..." "Memórias Póstumas de Brás Cubas" inaugura o Realismo no Brasil. Seu autor, Machado de Assis, é considerado um dos maiores autores brasileiros de todos os tempos. Outro livro de sua autoria é "Dom Casmurro". "Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido. E o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma." O adultério e o anticlericalismo são temas recorrente na obra de Aluísio Azevedo. O autor é considerado o principalromancista do naturalismo brasileiro. "O cortiço" é uma de suas principais obras. "Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se." Além de ter sido o poeta parnasiano mais popular do Brasil, Olavo Bilac também é responsável pelo Hino à Bandeira. "Via Láctea" é um dos seus poemas mais conhecidos. "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o seso! E eu vos direi, no entanto, que, para ouvi-las, muita vez desperto e abro as janelas, pálido de espanto..." Cruz e Souza tem texto marcado pelo uso de sinestesias e figuras sonoras, como aliteração e assonância. Sua poesia oscila entre a profundidade psicológica e angústia metafísica. "Ó formas alvas, brancas. Forma claras de luares, de neves, de neblinas!... Ó formas vagas, fluidas, cristalinas... incensos dos turíbulos das aras..." Á frente do tempo As vanguardas europeias são uma série de movimentos culturais que ocorreram no início do século XX e apontaram um conjunto de tendências, principalmente, no campo das artes. Os vanguardistas romperam com toda a estética precedente e estabeleceram novos conceitos para expressão da arte. As principais vanguardas foram o fauvismo, expressionismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo. Fauvismo Também chamado de fovismo é uma corrente artística que buscava o equilíbrio, a pureza e a serenidade, sem intenções críticas. Para os representantes do movimento, criar era seguir o instinto e as linhas e cores devem traduzir sensações primárias. Paul Gauguin, Paul Cézanne, Henri Matisse e Van Gogh são os expoentes do movimento. Futurismo Os adeptos do futurismo rejeitavam o moralismo e o passado. As obras tinham como característica a subversão radical da cultura e dos costumes, pregando a adesão à pesquisa metódica e à experimentação estilística e técnica. O futurismo foi uma das vanguardas que mais influenciaram a Semana de Arte Moderna no Brasil, com suas ideias de rejeição ao passado. Oswald de Andrade e Anita Mafaltti foram seus principais expoentes brasileiros. Expressionismo As obras de arte dos expressionistas eram dotadas de uma reflexão individual e subjetiva, projetando o mundo interior do artista. O Expressionismo surgiu como reação ao Impressionismo. Para os expressionistas, era mais importante "expressar" o interior do ser humano através da arte do que dar uma "impressão" da realidade. Seus principais expoentes são Pieter Brughel, o Velho, Mathias Grunewald e Francisco de Goya. Dadaísmo Também chamado de movimento Dadá, o Dadaísmo é marcado por seu caráter non-sense, sua oposição ao equilíbrio, pelo ceticismo e improvisação. Apesar de, aparentemente, as obras dadaístas não parecerem ter sentido, objetivo dos artista era protestar contra a guerra e o capitalismo burguês. Para isso, as obras pretendiam chocar a sociedade. Um dos principais nomes do movimento foi Marcel Duchamp. Cubismo O Cubismo, inicialmente ligado à pintura, era caracterizada por tratar as formas da natureza através de figuras geométricas. Para os cubistas, a forma como eles representavam o mundo não precisavam o mundo não precisava ser fiel à aparência real das coisas. O quadro "Les demoiselles d'Avignon, de Pablo Picasso, é considerado o marco inicial do movimento. Surrealismo O Surrealismo foi bastante influenciado pelas teorias de psicanálise de Sigmund Freud. O movimento procurava expressar o inconsciente e o mundo dos sonhos, libertando as obras do racionalismo, da lógica. Entre os principais nomes surrealistas estão Andre Breton, Luis Buñuel, Salvador Dalí e René Magritte. A semana de arte brasileira Em fevereiro de 1922, diversas personalidades do meio artístico paulista se reuniram no Teatro Municipal para manifestar e discutir a arte nacional. Era a Semana de Arte Moderna, evento que marca o início da primeira geração modernista, fase caracterizada pela profunda ruptura com os padrões artísticos que imperavam até aquele momento. Para os jovens artistas da época, o Brasil vivia a cultura alienada do Parnasianismo. A Semana de 22 representou, então, uma renovação na linguagem, com produções ousadas, liberdade artística e novos conceitos de arte. OS autores buscavam uma identidade nacional e exploravam a aproximação entre fala e escrita na linguagem. A Semana de Arte Moderna não repercutiu apenas literatura. O Teatro Municipal foi tomado por esculturas e pinturas que provocaram reações de espanto no público. Houve também palestras, poemas declamados e apresentações musicais. O que esses artistas modernistas queriam era inaugurar uma arte verdadeiramente nacional. Mário de Andrade, um dos principais líderes e teóricos do movimento, resume o legado da Semana de Arte Moderna à estabilização de uma consciência criadora nacional, que buscava expressar a realidade da nação; a atualização intelectual, baseada nas ideias das vanguardas europeias e à liberdade de pesquisa e criação estética.
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