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Prevenção Geral Negativa
O caráter negativo da prevenção geral foi, historicamente, o primeiro a ser conhecido.
Consiste na intimidação genérica da coletividade por meio da ameaça de aplicação de sanções contida nas normas incriminadoras.
A intimidação começa no momento da cominação das sanções penais e é reforçada com a aplicação e a execução das mesmas. A efetividade da prevenção geral, sob o aspecto da intimidação da coletividade, decorre da eficácia do funcionamento do sistema penal em seu conjunto: a aplicação e a execução das penas tornam mais visível a ameaça penal, certificando-a.
Nesta teoria geral negativa, Eugênio Rául Zaffaroni e Nilo Batista explicam que “a criminalização assumiria uma função utilitária, livre de toda consideração ética e, por conseguinte, sua medida deveria ser a necessária para intimidar aqueles que possam sentir tentação de cometer delitos”.
Há de se mencionar, no entanto, que em algumas formas criminosas de condutas, tal forma de inibir a delinqüência é praticamente inexistente, seja em razão de agentes não vulneráveis, seja em razão de alguns não levarem em conta a pena e suas conseqüências, seja porque recebem quantias significativas de dinheiro para a prática de delitos, seja, ainda, pela conduta ilícita não proporcionar reflexão quanto as conseqüências penais ou quando o agente criminoso pratica sua conduta ilegal motivado por situações ou circunstâncias semi-imputáveis.
Contribuindo para cristalizar esta teoria, Eugênio Rául Zaffaroni e Nilo Batista esclarecem que:
“O êxito da teoria advém de sua pretensa comprovação por introspecção não poder afirmar, a partir de seu statussocial e ético, se o efeito dissuasivo está na pena ou na estigmatização social devida ao fato em si. Isso se deve a que tal discurso parte da ilusão de um pan-penalismo jurídico e ético, que confunde o efeito do direito em geral e de toda a ética social com o do poder punitivo: em suma, tal discurso identifica o poder punitivo com a totalidade da cultura. A imensa maioria das pessoas evita as condutas aberrantes e lesivas por uma enorme e diversificada quantidade de motivações éticas, jurídicas e afetivas que nada têm a ver com o temor à criminalização secundária. [...] No plano político e teórico essa teoria permite legitimar a imposição de penas sempre mais grave, por que não se consegue nunca a dissuasão total, como demonstra a circunstância de que os crimes continuam sendo praticados. Assim, o destino final desse caminho é a pena de morte para todos os delitos, mas não por que com ela obtenha a dissuasão, mas sim por que esgota o catálogo de males crescentes com os quais se pode ameaçar uma pessoa”.
Assim, nesta vertente doutrinária, a pena se impõe pelo medo, ou seja, ela deve ter a capacidade de atemorizar as pessoas da sociedade, independente do sofrimento da pessoa que a suporta, para que aquele delito não seja praticado novamente. Portanto, as penas teriam de ser proporcionais aos fatos pelos quais são impostos, devendo ser mais rígidas a medida que os crimes prescritos por elas fossem praticados.
Não haveria qualquer ligação entre a pena e os delitos praticados, porque a medida dela seria dependente de fatos externos, por exemplo, nos crimes contra o patrimônio, a pena deveria aumentar, pois tais delitos tendem também a aumentar, ficando a sociedade mais frágil e vulnerável e a perda de bens ou coisas de valores seria algo irreversível e de difícil reposição.
Esta espécie de intimidação pressupõe a necessidade da utilização de uma pessoa como meio de realização do Estado, para concretização de seus serviços e funções perante a sociedade.
Ainda sobre o assunto, Zaffaroni e Batista destacam que, “dar por demonstrado que o ser humano empreende um frio cálculo de rentabilidade perante cada impulso infracional é arrimar-se numa ficção. Mesmo um discurso penal legitimante não pode fundar-se numa óbvia falsidade, e o uso desse argumento equivale a uma confissão de que não existe base válida para ocultar a natureza policial do poder punitivo”.
Vê-se, portanto, que, se tal caráter retributivo não cumpre sua intimidação na sociedade, a pena também não cumprirá esta função. Para que se realize tal função, é indispensável diferençar as pessoas da sociedade que se intimidam com a pena e os delinqüentes que exigem uma forma especial de prevenção, devendo esta ser ilimitada; criando, dessa forma, penas limitadas à sociedade e penas ilimitadas aos delinqüentes, o que formaria um sistema pluralista.
Analisando o contexto social do agente criminoso, é possível descobrir se seu grau de culpabilidade é menor, pois sua origem está ligada a uma sociedade ‘acultural’, desprovida economicamente e com baixo nível de escolaridade, o que diminui seu espaço, enquanto cidadão, dentro da sociedade, sendo marcado e corrompido pela criminalidade, que o reduz mais ainda.
O sentido de intimidação do delito perde sua característica de lesão jurídica para transformar-se em um começo de contradição com a cultura que o estado quer tornar única entre todos os membros da coletividade, ou com a moral que se procura estabelecer. Demonstra-se, desta forma, segundo os dizeres de Zaffaroni e Batista, “seu caráter verticalista, hierarquizante, homogeneizador, corporativo e, por conseguinte, contrário ao pluralismo próprio do estado de direito e à ética baseada no respeito pelo ser humano como pessoa”.
1.1. PREVENÇÃO GERAL NEGATIVA 
	A ideia de prevenção geral negativa, centrada na intimidação pela cominação da pena em abstrato, criando uma contramotivação aos comportamentos ilegais, ou simplesmente a dissuasão dos infratores potenciais, teve sua origem no período da chamada Escola Clássica. Nessa escola o delito era entendido como violação do Direito, ou - como descreve Antonio García-Pablos de Molina, retratando uma verdadeira batalha - no enfrentamento simbólico entre dois rivais, o Estado e o infrator, onde este último se submete à “força vitoriosa do Direito”. Sua unidade ideológica fundava-se no poder de punir, limitado pela liberdade individual. O crime era concebido como ente jurídico baseado no livre-arbítrio, ou seja, representava a violação consciente e voluntária da norma penal. 
	A pena, por sua vez era retributiva, como uma forma de tutela jurídica, reestabelecendo o equilíbrio rompido pelo crime. Nessa escola, porém, foram registradas várias divergências, dentre as quais a diferenciação, de um lado, da concepção preventiva da pena ou das Teorias Relativas da Prevenção (representadas pelos clássicos do primeiro período - ou período filosófico - como Beccaria), e de outro lado, da concepção retributiva (com os clássicos do segundo período - ou período jurídico - onde um dos principais representantes foi Carrara) das Teorias Absolutas da Retribuição. Nas primeiras, a pena é vista “como um meio para a realização de fins socialmente úteis” (finalidade preventiva), impedindo o aumento dos crimes. Nas segundas, “a pena não é vista como um meio para a realização de fins, uma vez que encontra em si mesma a sua própria justificação”, tendo, nessa escola, prevalecido esta última concepção. 
	Na prevenção geral negativa, portanto, a ênfase não recai sobre o infrator em si, mas conta com o efeito dissuasor da ameaça da pena ou com o espetáculo de sua aplicação, atingindo psicologicamente aqueles que estariam inclinados a transgredir as leis, não as tendo introjetado suficiente e espontaneamente. Esse efeito, no entanto, não é empiricamente verificável.
Prevenção Geral Negativa: A sociedade convive sobre ameaça, pois tem o medo do castigo.
Crítica à Teoria da Prevenção: As pessoas não deixam de cometer crimes simplesmente por medo de um castigo, tão pouco a pena é capaz de colocar no coração do condenado um sentimento de arrependimento duradouro.
https://canalcienciascriminais.com.br/teorias-pena/

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