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Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Aula - Conceitos Básicos - Giambiagi e Além (2008) e Silva (2001). Prof. Gabriel Passos de Figueiredo Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas Duas verdades absolutas: 1) Do nascimento à morte nossas vidas são diretamente afetadas pelo setor público. Do hospital, ao estudo e até nossa aposentadoria. Passagem do livro de Maquiavel, O príncipe: Um príncipe não pode praticar todas coisas pelos quais os homens são considerados bons... Não é possível fugir de um inconveniente sem incorrer outro. 2) Significa que as atuações do governo sempre afetarão as partes envolvidas. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas Todos já nos irritamos com o governo, seja por - Impostos injustos, - Administração de um governador ou presidente, - Serviços públicos que gostaríamos de utilizar. Fato: governos são necessários, Para regular o funcionamento de uma sociedade, ou Para o próprio funcionamento dos mercados. Precisamos entender as regras que regem o comportamento do Estado, afinal... Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas Perguntas pertinentes: Existe racionalidade para a existência de um governo? Existe racionalidade nas contas e decisões tomadas? Quais são os objetivos da política fiscal? Por que o gasto público aumentaram como proporção do PIB na maioria dos países, nas últimas décadas? - Diversas são as questões por trás da existência e atuação do setor público na sociedade. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas O setor privado é mais eficiente do que o governo Afirma-se que uma economia de livre-mercado funciona melhor que uma intervencionista. Não reduziu o tamanho, mas aumentou o tamanho do Estado nas economias. Estado é resultado do modelo de desenvolvimento das nações, isto é um dos motivos do tamanho do Estado nas economias. As nações buscam no governo transformar suas capacidades de crescimento e desenvolvimento. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas No Brasil: Conforme Rezende (2001), ao longo de 50 anos (desde 1948) a despesa total do setor público elevou-se de 17% do PIB para 30%. A elevação dos gastos acompanhou a necessidade de financiamento para expansão das atividades e evolução das funções do governo durante a época. O crescimento do setor público seguiu na direção dos modelos de desenvolvimentos adotados nos países. Vejamos: Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas Rezende (2001) analisa o caso do aumento dos gastos do governo: Considerando as despesas do consumo (excluindo despesas financeiras, investimentos e transferências), Classificando os países em 3 categorias, conforme a participação do consumo do governo no consumo final total e no PIB: (i) baixa, (ii) média e (iii) elevada participação - E encontra a seguinte divisão dos Estados: Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas Divisão dos Estados nacionais: Baixa participação: Países da América do Sul, o Japão (um dos G-7), a Índia e dois países do Sudeste asiático, a Indonésia e a Coréia do Sul. Média participação: - Países como os EUA, Holanda, Bélgica, Itália e Brasil. Elevada participação: - França, Canadá, Reino Unido, Alemanha e países escandinavos. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas Resende (2001) observou que: Entre os países de alta participação do governo não há nenhum subdesenvolvido. Entre os países de baixa participação tanto sub-desenvolvidos como desenvolvidos (Japão e Hong Kong). A participação do menor setor público (Paraguai) é 4 vezes menor que do que maior setor público (Suécia). Todavia, devemos ter em mente as diferentes atribuições de governo entre os países, para de fato analisarmos o tamanho do setor público. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Atribuições do Governo: Se expandiram refletindo a evolução da teoria que recomendava maior intervenção estatal. Posição inicial: Prestação de serviços básicos essenciais a sociedade (justiça, segurança e oferta de bens que o setor privado não tem interesse em produzir) A grande depressão de 30 deu origem a estudos que justificavam o governo para combater a inflação ou o desemprego. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Atribuições do Governo: As duas G.G. provocaram o interesse no governo em pró do bem-estar social: - Distribuição de renda, - Ampliação das atividades previdenciárias, - Assistência social ao desfavorecidos. No pós-guerra a preocupação com o “desenvolvimento econômico” influenciou o aumento do governo. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Atribuições do Governo: Conforme Musgrave (1959) as atribuições do governo se tornaram: (a) Promover melhor alocação de recursos: Para infra-estrutura ou eficiência de mercados, bens públicos, saúde e educação. (b) Promover a distribuição de renda, Considerando que os ganhos de renda provem da produtividade e esta difere entre os setores, deve-se intervir para não concentrar o PNB – políticas de gastos ou sistema tributário. (c) Manter a estabilidade econômica. Controle do nível agregado da demanda, atenuando o impacto social e econômico de crises de inflação e depressão. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Adolph Wagner e a “Lei de Wagner”. “ A medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o setor público cresce sempre a taxas mais elevadas.” Razões apontadas: Crescimento das funções administrativas, de segurança, e que acompanham a industrialização. - Complexidade da vida urbana: Crescimento da demanda por bens públicos. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Adolph Wagner e a “Lei de Wagner”. Razões apontadas: 2) Crescimento das necessidades relacionadas a promoção de bem-estar social (educação e Saúde), cuja demanda aumenta com o crescimento econômico. 3) Necessidade de regulação de monopólios produtivos, ou tecnológicos, que levariam a uma pior alocação dos recursos. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Outros fatores apontados: Renda per capta População, Densidade demográfica, Grau de urbanização. - Levam a uma “elasticidade-renda” superior. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Para Peacock e Wiseman: O crescimento dos gastos do governo em função das possibilidades de obtenção de recursos do que da expansão dos fatores que explicam o crescimento da demanda por serviços do governo. Ou seja: - O crescimento das atividades se da não pela demanda de oferta de serviços, mas pela capacidade de incremento da “tributação”. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Para Peacock e Wiseman: “Efeito Translação”: Em períodos normais a resistência a elevação da carga tributária seria suficientepara impedir a tributação. Independente do crescimento da demanda pelos serviços públicos. Quando ocorrem perturbações politicas ou socioeconômicas – tais como guerras mundiais – alivia-se as resistências, que leva ao aumento dos gastos e, anterior ou sequentemente, da tributação. Finanças Públicas Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Para Peacock e Wiseman: Fatores que provocam o “Efeito Translação”: Guerras Depressões econômicas Processo inflacionário, O caso da inflação é típico e representa a experiência brasileira, assim como de outros PED. A inflação pode ser utilizada no lugar do aumento dos tributos. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Para Peacock e Wiseman: A inflação pode ser utilizada no lugar do aumento dos tributos. A expansão dos gastos pode ser financiada com emissão de papel-moeda: “Poupança Forçada” - Este processo só funciona enquanto durar a ilusão monetária, que tende a desaparecer na medida que perdura a inflação e que se repassa para o nível de gastos do governo: Características do “Efeito Translação” Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS Para Peacock e Wiseman: “Efeito Concentração” Progressiva concentração das decisões em níveis mais elevados de governo (Federal). Isso não significa concentração dos gastos, que continuam dividido entre as esferas. O intuito é uma politica fiscal mais alinhada com a política econômica. Com descentralização das atividades executivas para aumentar a eficiência da atuação do governo. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas CRESCIMENTO DAS DEPESAS PÚBLICAS HIPÓTESES TEÓRICAS - EM RESUMO: A ANÁLISE DE Wagner enfatiza a renda per capita como principal variável a explicar a expansão da demanda de bens produzidos pelo governo. Peacock e Wiseman estabelecem que o crescimento do setor público estaria limitado pelas possibilidades de crescimento da tributação Isto significa que: embora no L-P as despesas do governo crescem (em relação ao PNB), o processo de crescimento não é harmônico, mas obedece a um padrão alternado. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas Livros clássicos sobre as finanças públicas: Musgrave e Musgrave (1980), Stiglitz (1986). Na qual se baseiam os elementos básicos da literatura. 1ª) Discussão: As falhas de mercado e a necessidade de existência de um governo. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO No mundo real mercados perfeitamente competitivos são raros. Estas “falhas de mercado” justificam a intervenção do governo. Exemplos mais comuns: Bens públicos, Externalidades, Agentes com elevado grau de influencia nos preços, Assimetria de informações, Desemprego e inflação. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO Bens Públicos: Ofertados quando o setor privado não tem interesse. Duas características de bens públicos “puros”: (i) não-rivalidade, (ii) impossibilidade de exclusão do consumo. Exemplo: Defesa nacional São raros os bens públicos que atendam a não-rivalidade e não-exclusão do consumo. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO Bens Semi-Públicos: Parte das características dos bens públicos, Exemplo da “Educação”: Até determinado limite, não há diferença se uma aluno(a) a mais entra na sala de aula. Ou seja, não há “rivalidade” em seu consumo, entretanto, Pode-se facilmente excluir alguém deste consumo. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO Bens Públicos: O aumento da faixa etária da nação reforçam a demanda por diferente tipos de bens públicos: - Ruas e estradas, praças, escolas, hospitais, creches, ambulatórios, polícia, bombeiros, saneamento e iluminação, ou eventos culturais e museus). Com a industrialização e o consumo em massa: - Controle da poluição e a preservação do meio ambiente. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO Externalidades: As ações de um indivíduo ou empresa afetam direta ou indiretamente outros agentes da sociedade. Externalidades “positivas”, Externalidades “negativas”. Exemplos das “positivas”: Individuo que limpa os focos da dengue. Investimento em setores de infra-estrutura. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO Exemplos de Externalidades Negativas: Lixo das indústrias químicas jogadas em rios e mares, Poluição do ar pelas empresas. O fumante que infesta de fumaça os lugares fechado. Barulho de festas e bares na cidade. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO A existência de externalidades justifica a intervenção do Estado, por via de: Produção direta ou subsídios, Multas ou impostos, Regulamentação. Exemplos do livro: Eletrificação rural, Multas de transito. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO PODER DE MERCADO: Existem setores cujo processo produtivo tem retornos crescentes de escala. Dependendo o mercado em questão valeria a pena apenas uma empresa fazer a produção. No caso da ocorrência do ‘”Monopólio Natural” a intervenção pode ocorrer de duas formas possíveis: Regulação da produção, Exercer diretamente a produção. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO PODER DE MERCADO: No Brasil os serviços de utilidade pública – Telecomunicações e Energia Elétrica – eram exercidos pelo governo. Com as privatizações o governo criou a as Agências Nacionais de Energia Elétrica (Aneel) e de Telecomunicações (Anatel), para regular as atividades destes setores. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO PODER DE MERCADO: De fato, a existência de setores de competição perfeita não é comum no mundo real. No geral existe: Competição imperfeita, como monopólios e oligopólios. Nestes casos as empresas maximizam o lucro e produzem abaixo da quantidade eficiente. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO PODER DE MERCADO: Formas de regulação dos mercados imperfeitos: Fixação do preço máximo, Fixação o lucro máximo, Estímulo a concorrência, seja pela limitação de fusões (Cade), ou por incentivos diretos a instalação de competidores. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS: Existem assimetrias entre as informações dos agentes do mercado, seja entre fornecedorese produtores, concorrentes ou clientes. Quando o mercado por si só não fornecer as informações suficientes para que os consumidores tomem suas decisões, cabe a intervenção do Estado. Finanças Públicas e Orçamento Tópico I – Introdução ao Estudo das Finanças Públicas Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas AS FALHAS DE MERCADO INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS: Atuação do Estado: Legislação que induza a transparência das informações. Exemplo: Exigências que os Balanços Contábeis de empresas e bancos sejam publicadas. Considerando as informações um “Bem Público”, cabe ao governo contribuir para um fluxo de informações mais eficiente.
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