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fisioterapia neurofuncional no paciente ambulatorial

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2 
 
SUMÁRIO: 
 
UNIDADE 1 – O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NEUROFUNCIONAL ........... 4 
1.1 Objetivo da Fisioterapia Neurológica .................................................... 5 
1.1.1 Tendo por objetivos gerais: ..................................................................... 5 
UNIDADE 2 – CONCEITO DE PLASTICIDADE NEURAL ................................ 7 
UNIDADE 3 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA 
RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 1) ............................................... 9 
UNIDADE 4 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA 
RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 2) ............................................. 11 
UNIDADE05 – DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS E CONTROLE MOTOR ..... 13 
UNIDADE 6 - IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA - 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 18 
UNIDADE 7 – EXAME DA MOTRICIDADE I - INTRODUÇÃO ....................... 20 
UNIDADE 8 – EXAME DA MOTRICIDADE II – AVALIAÇÃO DO TÔNUS 
(PARTE 1 ) ....................................................................................................... 23 
UNIDADE 9 – EXAME DA MOTRICIDADE III – AVALIAÇÃO DO TÔNUS 
(PARTE 2) ........................................................................................................ 25 
UNIDADE 10 – EXAME DA MOTRICIDADE IV – AVALIAÇÃO DA FORÇA 
MUSCULAR ..................................................................................................... 27 
UNIDADE 11 - EXAME DA MOTRICIDADE V – AVALIAÇÃO DA 
COORDENAÇÃO E EQUILÍBRIO ................................................................... 29 
UNIDADE 12 – DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO, SINDRÔMICO E 
TOPOGRÁFICO EM LESÕES NEUROLÓGICAS. .......................................... 32 
UNIDADE 13 – FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL NA PREVENÇÃO DA 
SÍNDROME DA IMOBILIDADE ....................................................................... 35 
UNIDADE 14 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 1
 ......................................................................................................................... 37 
UNIDADE 15– TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 2
 ......................................................................................................................... 40 
UNIDADE 15 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 2
 ......................................................................................................................... 42 
UNIDADE 16 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 3
 ......................................................................................................................... 44 
UNIDADE 17 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 4
 ......................................................................................................................... 45 
UNIDADE 18 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 5
 ......................................................................................................................... 46 
UNIDADE 19 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 6
 ......................................................................................................................... 48 
UNIDADE 20 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 7
 ......................................................................................................................... 51 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ............................................................... 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
UNIDADE 1 – O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NEUROFUNCIONAL 
A Fisioterapia Neurofuncional é uma dentre as várias especialidades 
conhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 
(COFFITO), instituição responsável pela fiscalização do exercício dos 
profissionais de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais no Brasil. 
O Fisioterapeuta Neurofuncional tem como atribuições avaliar o paciente, 
produzir o diagnóstico cinético funcional, prescrever o tratamento e realizá-lo. 
Opera com embasamento nos conceitos neurofisiológicos conseguidos 
depois de procedimentos bem sucedidos, pesquisas claras e intenso trabalho, 
direcionando-se o melhor tratamento para a recuperação funcional mais 
acelerada possível. 
A Fisioterapia Neurológica igualmente partilha desse aperfeiçoamento e 
pode tornar mínimas as sequelas incididas das doenças que agridem o sistema 
nervoso como: Paralisia Cerebral, Esclerose Múltipla, Acidente Vascular 
Encefálico (derrame cerebral), Trauma Crânio-Encefálico (TCE) entre outras. 
Abrange os procedimentos e metodologias de precedente diagnóstico e 
avaliação do paciente contendo por intuito detectar a real condição do paciente, 
para só então receitar os métodos e artifícios que possa desenvolver, 
esquematizando metas a serem obtidas diante as reais condições clinicas do 
paciente. 
Contudo, a atenção embora escassa pesquisada na Fisioterapia e 
verifica-se a necessidade de modernização teórica acera desta temática. 
Perante isso, este capítulo tem como finalidade oferecer uma revisão 
teórica sobre a atenção, destacar a importância da avaliação fisioterapêutica na 
reabilitação neurológica de forma a revelar os efeitos que o tratamento possa 
trazer resultados satisfatórios para os pacientes, melhorando sua funcionalidade 
e desempenho nas atividades de vida diária. 
5 
 
De acordo com o COFFITO, para tornar-se um especialista de elevada 
classe em fisioterapia neurofuncional, se faz imprescindível domínio dos 
conteúdos de Anatomia Humana, Fisiologia, Patologia, Farmacologia, 
Semiologia do Sistema Nervoso, Biomecânica, Órteses e Próteses, assim como 
o entendimento acerca dos conceitos de ética, moral e de humanização, além 
de ser graduado. 
 A obtenção do título de especialista profissional em Fisioterapia 
Neurofuncional é registrada pelo COFFITO e fornecida unicamente pela 
ABRAFIN. Pode ser requerida especialização profissional em Fisioterapia 
Neurofuncional da Criança e Adolescente ou em Fisioterapia Neurofuncional do 
Adulto e do Idoso. 
Vale destacar ainda que, apresentando o cumprimento dos demais 
requisitos citados, são proporcionadas periodicamente aos fisioterapeutas as 
“provas de título”, realizadas em grandes eventos que trata da fisioterapia, onde 
o profissional é submetido para de fato ser reconhecido como especialista em 
âmbito nacional. 
As atuações da especialidade foram fortalecidas em 2009, devido à 
criação da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN), 
instituição sem fins lucrativos que tendeu difundir e aumentar estudos que 
aperfeiçoassem a prática profissional desta especialidade no país. 
1.1 Objetivo da Fisioterapia Neurológica 
Os fisioterapeutas que atuam na Fisioterapia Neurofuncional articulam 
ações de promoção, prevenção de agravos e restauração da capacidade 
funcional de pessoas com condições clínicas que comprometem o Sistema 
Nervoso Central (SNC) e/ou Sistema Nervoso Periféricas (SNP). 
1.1.1 Tendo por objetivos gerais: 
6 
 
 Verificar os déficits funcionais e, por meio de exercícios direcionados, 
requerer protótipos motores apropriados, melhoria da força, coordenação 
motora e equilíbrio; 
 A melhora da capacidade funcional; 
 Redução dos sintomas de alterações neurológicas, que incluam ou não 
problemas motores; 
 Estimulo da autoconfiança e autoestima; 
 Gerar socialização, experiências lúdicas ou educacionais; e vivências pré- 
profissionalizantes e lazer; 
 Proporcionar uma reabilitação neurológica para readquirir máxima 
independência funcional possível. 
 Regularizar o tônus postural; Aprimorar capacidades cognitivas e de memória; 
 Otimizar a amplitude de movimento; 
 Estimular as atividades de vida diária, a alimentação, o treinamento da 
bexiga e intestinos, a exploração vocacional e de lazer. 
De forma geral, a atuação da Fisioterapia Neurológica terá como objetivo 
primordial restabelecer o máximo de funcionalidade e independência, 
recuperando parcialmente ou totalmente as funções. 
Devido às sequelas de determinadas doenças e quando a função não 
puder ser restaurada em sua totalidade, o fisioterapeuta e o terapeuta 
ocupacional procurarão opções e alternativas para que o indivíduo consiga 
se manter da forma mais independente possível, para que o mesmo possa se 
reinserir na sociedade. 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
UNIDADE 2 – CONCEITO DE PLASTICIDADE NEURAL 
De acordo com CANAVARRO (2013), o termo “plasticidade” aplicado às 
neurociências foi utilizado, pela primeira vez, por volta de 1906, pelo 
psiquiatra italiano Ernesto Lugaro, que, mesmo sem saber da natureza 
química das transmissões sinápticas, chamou de plasticidade o aspecto 
adaptativo das relações anatomofuncionais entre os neurônios, postulando sua 
importância para a maturação psíquica. 
Chama-se plasticidade neural à capacidade de adaptação do sistema 
nervoso às mudanças nas condições do ambiente que ocorrem no dia a dia da 
vida dos indivíduos; em outras palavras, é o potencial dinâmico de reorganização 
do sistema nervoso durante o desenvolvimento, o aprendizado ou após uma 
lesão. Isso ocorre em função de diversos estímulos que variam desde o 
aprendizado de uma tarefa simples condições fisiológicas) até a reação a uma 
lesão (condições patológicas). 
Os mecanismos fisiopatológicos subjacentes à plasticidade neural podem ser 
identificados no nível: 
Microscópico: 
 – modulações da eficácia sináptica, desmascaramento de sinapses, 
modificações fenotípicas e neurogênese; 
Macroscópico: 
 – diásquise (diminuição ou perda de função em áreas adjacentes à lesão), 
redundâncias funcionais, substituição de vias e alterações morfológicas. 
 
Ao longo da história da neurociência, muitos dogmas envolveram a 
plasticidade neural. Aos poucos, afirmações como “a reorganização cortical só 
é possível na infância” ou “a plasticidade neural é um processo lento” foram 
caindo por terra. Na década de 1990, alguns experimentos desafiaram esses 
dogmas mostrando objetivamente o processo de reorganização cortical em 
adultos como um processo rápido em resposta a estímulos do meio 
(CANAVARRO, 2013). 
8 
 
O mapeamento cerebral por estimulação elétrica direta no decorrer de 
uma cirurgia mostrou que as mudanças plásticas podem ocorrer em tempo real, 
durante a retirada de tumores. 
O advento da estimulação magnética transcraniana tem sido muito útil 
para demonstrar, em humanos, eventos já observados em animais, tais como a 
plasticidade rápida e o remapeamento pós-lesão ou tarefa-dependente. 
Antes das descobertas referidas, porém, a abordagem fisioterapêutica 
neurofuncional baseava-se em teorias provenientes das escolas de pensamento 
correntes, como, por exemplo, a teoria reflexa ou a teoria hierárquica. 
Fundamentados nessas teorias, surgiam métodos e técnicas cujas premissas 
privilegiavam a facilitação do movimento ativo somente após a inibição da 
atividade reflexa ou, por outro lado, a utilização de reflexos para estimular o 
surgimento do movimento ativo. 
Com o crescente conhecimento dos mecanismos plásticos pós-lesão do 
sistema nervoso, a importância dos reflexos no movimento normal tem sido 
questionada. Os movimentos voluntários precisam responder de forma 
específica às mudanças do ambiente, que, por sua vez, acontecem rápido 
demais para que os reflexos possam ter tempo de influenciá-los. Sabe-se, pois, 
que o movimento normal em ambientes complexos é governado por um modo 
de controle preditivo, e não por um modo meramente reativo. Isso significa que 
uma estratégia de tratamento que enfatiza reflexos não prepara os pacientes 
para o mundo real. 
Em situações de lesão, as áreas cerebrais adjacentes às regiões 
danificadas podem assumir o papel destas, o que pode ocorrer 
independentemente da ação fisioterapêutica ou mesmo de forma indesejável. 
 Além de não ser um processo lento, a plasticidade neural pode ocorrer 
em um período muito reduzido. 
O fisioterapeuta, como agente direcionador da plasticidade pós-lesão, 
deve utilizar todos os recursos disponíveis para possibilitar que o processo 
plástico se dê em benefício do paciente. 
 
 
9 
 
 
 
 
UNIDADE 3 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA 
RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 1) 
Os tópicos abaixo revelam, de forma objetiva, os achados da pesquisa 
básica que são mais importantes para justificar e nortear a abordagem 
fisioterapêutica neurofuncional baseada em evidências, explicando sua 
repercussão na prática clínica, de acordo com CANAVARRO (2013). 
 
** O cérebro adulto modifica-se em resposta às demandas do meio: 
 Com essa assertiva, observa-se a importância em desvendar e utilizar 
mecanismos capazes de realizar as modificações cerebrais desejáveis após 
uma lesão no sistema nervoso central. No que tange à recuperação sensório-
motora, há a valorização da imagem do fisioterapeuta como agente coordenador 
e direcionador dessa transformação. 
** A plasticidade neural pode ocorrer de forma rápida. 
 Mostra a importância de instituir precocemente um programa ativo de 
intervenção fisioterapêutica. Atenção ao fato de que a plasticidade pode ocorrer 
de pouco eficiente alterando o desempenho funcional futuro. 
** O sistema nervoso central está organizado somatotopicamente e 
funcionalmente. 
 As áreas do encéfalo e da medula são responsáveis por gerenciar 
determinadas funções em determinadas partes do corpo. Vê-se assim a 
importância do fisioterapeuta fazer o diagnóstico cinético-funcional, uma vez que 
a abordagem irá variar de acordo com o tipo de disfunção sensório - motora. 
** As áreas de representação somatotópica são maiores ou menores em 
resposta à quantidade e à especificidade de utilização de uma dada parte do 
corpo. 
10 
 
 Ressalta que, se, por um lado, o desuso pode aumentar as repercussões 
funcionais de uma lesão, o treinamento intensivo tem potencial para diminuí-las. 
Sendo assim, o planejamento adequado do programa de recuperação funcional 
é fundamental para os objetivos traçados. 
** Para promover as mudanças plásticas, a intervenção motora deve ser ativa. 
Questiona a validade do uso de intervenção passiva com o intuito de 
promover as mudanças plásticas necessárias ao resgate funcional. 
 
** O aprendizado motor é tarefa-específico. 
 A intervenção fisioterapêutica deve ser específica para a atividade que se 
quer treinar, tanto do ponto de vista biomecânico como ambiental, ou seja, o 
treinamento deve ser realizado da forma mais semelhante possível à tarefa 
desejada. 
** O aprendizado motor requer repetição. 
 Para que as mudanças plásticas geradas pela intervenção ativa se 
consolidem, é necessário que o treinamento da tarefa seja repetido muitas vezes 
no mesmo atendimento e que este também ocorra com a maior frequência 
possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
UNIDADE 4 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA 
RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 2) 
 O papel do Fisioterapeuta é fundamental para o direcionamento das 
orientações e da execução do programa de tratamento de forma global. Sendo 
assim, seguem outros tópicos abaixo para reflexão. 
** O ambiente de treinamento deve ser enriquecido. 
A abordagem fisioterapêuticadeve ser desafiadora, ou seja, o tratamento 
deve abordar as atividades que o paciente tem dificuldade, visando à sua 
superação. 
 
** O ato de imaginar os movimentos ativa a circuitaria neural semelhante à 
ativada durante a execução real de movimentos. 
 A intervenção ativa não precisa se basear apenas na execução real dos 
movimentos. A utilização concomitante de simulação mental e/ou observação 
dos movimentos pode ser indicada para a melhora da performance. 
. O fisioterapeuta neurofuncional, como agente direcionador do 
processo plástico para a recuperação funcional, faz o diagnóstico da disfunção 
sensório-motora e traça a conduta terapêutica adequada a esta. É necessário 
que o fisioterapeuta compreenda o tamanho da responsabilidade de ser o 
“professor do movimento”, especialmente diante das patologias do sistema 
nervoso. 
As adaptações podem ou não evoluir para melhora funcional, e uma 
abordagem fisioterapêutica que não seja pautada nas melhores práticas, além 
de não contribuir para a melhora do quadro, pode vir a piorá-lo de maneira 
irreversível. Cabe ao fisioterapeuta estabelecer o diagnóstico cinético-
funcional, ou seja, identificar a síndrome apresentada e os fatores impeditivos 
do movimento no paciente, visto que a abordagem fisioterapêutica difere para 
cada tipo de disfunção sensório-motora apresentada. Isso significa que, 
dependendo da região do sistema nervoso afetada, haverá comprometimento de 
12 
 
um determinado aspecto do controle motor, fazendo com que pacientes com 
queixas semelhantes possam ter disfunções motoras com origens 
completamente diferentes, como ilustram os casos apresentados a seguir. 
Além da síndrome propriamente dita, o paciente poderá apresentar 
condições dolorosas prévias ou fraqueza e encurtamentos musculares 
secundários à imobilidade prolongada que contribuem para o quadro clínico 
apresentado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
UNIDADE05 – DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS E CONTROLE MOTOR 
Saber a função de cada estrutura encefálica é fundamental para entender 
as disfunções neurológicas que podem ocorrer em caso de lesão. A descrição 
abaixo sobre as áreas encefálicas, suas funções e disfunções são importantes 
para a percepção do Controle Motor (CANAVARRO, 2013). 
 
CORTEX MOTOR: 
 
 ** CÓRTEX MOTOR PRIMÁRIO (M1): 
FUNÇÃO: 
 É responsável pela execução dos movimentos em tempo real, controlando 
os parâmetros relacionados à execução de movimentos, tais como força e 
direção. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Hemiplegia ou hemiparesia contra-lateral à lesão, com presença de 
espasticidade após a fase aguda. 
 
 ** ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR (AMS): 
FUNÇÃO: 
 Está envolvida na representação e na preparação dos movimentos 
voluntários gerados internamente. Parece estar mais ligada a movimentos 
bilaterais e à ativação das unidades motoras distais. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Disfunções motoras complexas, tais como acinesia contralateral à lesão, 
dificuldade na coordenação bimanual e dificuldade em realizar movimentos 
autoiniciados; porém, é possível sua realização em resposta a pistas sensoriais. 
 
 ** CÓRTEX PRÉ MOTOR (CPM) : 
14 
 
FUNÇÃO: 
 Parece desempenhar funções similares às da AMS, mas em grupos 
musculares diferentes. Está relacionado a tarefas guiadas por uma pista 
sensorial, visual, auditiva ou somatossensorial. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Dificuldades para a realização de movimentos em resposta a estímulos 
sensoriais externos. 
 
CÓRTEX PARIETAL: 
 
FUNÇÃO: 
 Está relacionado à sensação somática à imagem mental de uma ação, 
responsabilizando-se pela percepção das relações espaciais. O córtex parietal 
posterior é importante para a antecipação das consequências sensoriais de uma 
ação, como representação espacial e integração de informações sensoriais 
multimodais, viabilizando transformações de coordenadas que possibilitam, por 
exemplo, pegar um objeto no espaço. Está envolvido na capacidade de 
empregar utensílios e ferramentas, especialmente os que exigem posturas 
manuais complexas. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Anormalidades da autoimagem corporal, heminegligência espacial 
contralateral à lesão e apraxia. 
 
CÓRTEX OCCIPITAL: 
FUNÇÃO: 
 Responsável pela visão. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Déficits de campo visual, agnosias visuais ou cegueira. 
 
CÓRTEX TEMPORAL: 
15 
 
FUNÇÃO: 
 Concentra estruturas relacionadas à audição e à percepção das palavras 
(área de Wernicke) e, por meio de estruturas mais profundas (hipocampo e 
amígdala), controla aspectos como memória e emoção, identificação de faces e 
objetos conhecidos. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Afasia de compreensão, déficits de memória de curto prazo e 
prosopagnosia (dificuldade de reconhecer faces). 
 
 
DIENCÉFALO: 
 
 ** TÁLAMO: 
 
FUNÇÃO: 
 É o grande centro de processamento e transmissão de informações ao 
córtex. Seus núcleos estão relacionados à visão, à audição, a informações 
somatossensoriais, à comunicação com o sistema límbico, a núcleos da base e 
cerebelo. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
O aumento da inibição do tálamo pelos núcleos da base resulta em 
acinesia – síndrome parkinsoniana. 
A diminuição dos sinais de saída dos núcleos da base resulta em 
hipercinesia – por exemplo, coreia de Huntington. 
Alteração da sensibilidade, da regulação das respostas emocionais e da 
tomada de decisão. 
 
 ** HIPOTÁLAMO: 
 
FUNÇÃO: 
 Regula funções autonômicas, endócrinas e viscerais. 
16 
 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Disautonomias, hipotensão postural, hipertermia, etc. 
 
 
CEREBELO: 
 
FUNÇÃO: 
 É responsável pelo sequenciamento das contrações musculares de uma 
dada ação. Compara o movimento pretendido com o movimento em curso, 
envolvido no aprendizado motor, na manutenção da postura e na regulação de 
reflexos oculares. 
DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: 
Distúrbios na sequência de ativação e na regulação temporal do 
movimento (dissinergia, dismetria, disdiadococinesia),dificuldade no 
aprendizado de tarefas motoras e na manutenção da postura, nistagmo. 
 
 
TRONCO ENCEFÁLICO: 
 
 ** MESENCÉFALO: 
 
FUNÇÃO: 
 Controla muitas funções sensoriais e motoras, inclusive o movimento dos 
olhos. Sítio onde se localizam os núcleos dos nervos cranianos III e IV. 
 ** PONTE: 
 
FUNÇÃO: 
Converge as informações referentes ao movimento, oriundas do 
hemisfério cerebral, para o cerebelo. Sítio onde se localizam os núcleos dos 
nervos cranianos 
V, VI, VII e VIII. 
17 
 
 
 ** BULBO: 
 
FUNÇÃO: 
Possui vários centros de controle de funções autonômicas vitais 
(respiração, digestão, etc.). Sítio onde se localizam os núcleos dos nervos 
cranianos IX, X, XI e XII. 
 
DISFUNÇÃO (MESENCÉFALO, PONTE E BULBO): 
São tantas as vias e núcleos que convergem para a região do tronco 
encefálico, que os efeitos de uma lesão podem ser devastadores, conduzindo à 
depressão de funções vitais, como consciência, respiração e controle 
cardiovascular, e evoluindo, frequentemente, para óbito. As sequelas motoras 
também podem ser gravíssimas, levando, muitas vezes, às chamadas 
“síndromes de encarceramento”. No entanto, embora exista potencial para uma 
lesão com repercussões catastróficas, as sequelas podem não ser de muita 
gravidade e limitar-se apenas à paralisia de um ou mais nervos cranianos. 
Concluindo, STOKES (2000) reafirma que se sabe que ocorre plasticidade 
substancial no desenvolvimento do sistema nervoso. Com o aprimoramentodos 
métodos de pesquisa, está ficando claro que significante plasticidade persiste na 
idade adulta. A aparente facilidade com que os mapas corticais podem ser 
alterados por aferências periféricas tem significância especial, assim como a 
sugestão de que alguns elementos do mecanismo de guia embrionária para 
inervação específica de músculos ainda podem estar preservados no adulto. 
Depois de lesão ou de doença, algumas respostas plásticas favorecem a 
recuperação, mas outras são contraproducentes. Quando os músculos 
subjacentes forem mais bem compreendidos, será possível regular a 
plasticidade mais precisamente, o que teria implicações importantes para a 
fisioterapia. 
 
 
18 
 
 
UNIDADE 6 - IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA - 
INTRODUÇÃO 
Nessa etapa, observam-se então alguns procedimentos da anamnese, 
que são fundamentais para a coleta de dados e elaboração das hipóteses 
diagnósticas, tais como: 
 Identificação: Idade, cor, sexo, naturalidade, profissão. 
 Queixa Principal: usar as palavras do paciente 
 História da doença atual: início e modo de instalação. Dirigir a história 
quanto à evolução (lenta como nas doenças musculares progressivas, 
progressiva em tumores e doenças degenerativas, surtos como na 
esclerose múltipla, paroxística como na epilepsia, enxaqueca e histeria); 
sono, perdas de consciência, etc. 
O início súbito deve ser diferenciado, por exemplo, de um início rápido. 
O primeiro caso lembra a ruptura de um aneurisma cerebral, enquanto que o 
segundo lembra a instalação de acidente vascular cerebral isquêmico. O início 
insidioso lembra lesão expansiva ou doenças, lentamente, progressivas como 
a Doença de Parkinson e a Doença de Alzheimer. O tipo de evolução ajuda no 
raciocínio do diagnóstico etiológico. 
Um exemplo sobre a evolução estacionária indica uma doença que 
deixa seqüela, como por exemplo um trauma medular ou hemorragia cerebral. 
Se no decorrer dos dias ou meses houver melhora dos sinais e sintomas, a 
evolução é chamada de regressiva. A evolução progressiva lembra algumas 
patologias que aumentam com o tempo, como as doenças degenerativas e as 
lesões expansivas. A evolução paroxistica e recidivante diferem apenas na 
duração dos sintomas. No primeiro tipo, os sinais e sintomas podem durar por 
minutos ou poucas horas (como por exemplo uma crise epiléptica ou enxaqueca) 
19 
 
enquanto no segundo tipo, os sinais e sintomas poderão durar meses (ex. 
Esclerose Múltipla) e depois regredir, total ou parcialmente. 
 História física: gestação, parto e desenvolvimento psicomotor. 
 História da patologia pregressa: questionamentos sobre acidentes e 
traumatismos, cirurgias, alergias, etc. 
 História pessoal/ Social: condição de habitação e alimentação 
(avitaminoses, neuropatias carenciais), vícios, trabalho e condições 
emocionais (histeria e simulação). 
 História Familiar: questionar sobre patologias hereditárias, eventos que 
podem ser determinantes para a história do próprio paciente. 
 Medicações e alergias: medicações utilizadas, posologia, alergias e 
interações que podem apresentar risco à saúde do paciente. 
Concluindo esse tópico, destacam-se a importância da avaliação 
neurofuncional e anamnese, principalmente no que diz respeito aos 
procedimentos iniciais dessa etapa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
UNIDADE 7 – EXAME DA MOTRICIDADE I - INTRODUÇÃO 
Considerado um capítulo à parte na semiologia neurológica, a avaliação 
da motricidade engloba alguns aspectos como: avaliação da motricidade 
voluntária, da força muscular, do tônus muscular, equilíbrio e coordenação. 
Motricidade Voluntária: avaliada através da inspeção e solicitação de 
movimentos voluntários, considerando simetria, velocidade e etc. Avaliar 
motricidade fina através de atividades funcionais por ex. 
 A avaliação da Motricidade será realizada em quatro etapas: 
• Reflexos 
• Tônus muscular 
• Força muscular 
• Coordenação 
 
Avaliação de Reflexos: 
 
O Reflexo é uma resposta involuntária a um estímulo sensorial. O teste 
dos reflexos é a parte mais objetiva do exame neurológico. 
REFLEXOS PROFUNDOS 
São obtidos pela percussão do tendão ou aponeurose do músculo 
examinado, evitando-se sempre percutir se ventre. A percussão do tendão 
provoca um estiramento do músculo e ativação dos fusos neuromusculares 
enviando uma mensagem para a medula e produzindo uma contração reflexa. 
Alterações mais freqüentemente encontradas: hiperrreflexia e 
hiporreflexia. Os reflexos profundos são fundamentais na avaliação de fraqueza: 
Fraqueza + hiperreflexia - lesão de 1º neurônio motor (lesão piramidal). 
Fraqueza + hiporreflexia - lesão de 2° neurônio motor. 
21 
 
Os reflexos testados nas extremidades superiores: do bíceps, do tríceps, 
do braquiorradial, do flexor dos dedos. Reflexos das extremidades inferiores: 
patelar, aquileu, dos adutores da coxa. 
REFLEXO BICIPITAL 
Resposta principal: contração do músculo bíceps com flexão do cotovelo 
(antebraço) (Raiz de C5-C6). 
REFLEXO TRICIPITAL 
Testado acima do olécrano cubital. A resposta esperada é a contração do 
músculo tríceps com extensão do cotovelo (antebraço). (Raiz de C7 – C8). 
REFLEXO BRAQUIRADIAL 
Testado logo acima do processo estilóide do rádio. A resposta esperada 
é a flexão do cotovelo com supinação variável. (Raiz de C5-C6). 
REFLEXO PATELAR 
Percussão no tendão patelar, tracionando a patela para baixo e alongando 
o quadríceps em contração reflexa (Raiz de L2-L4). Resposta esperada: 
extensão do joelho. 
REFLEXO AQUILEU 
Percussão do Tendão Aquileu com flexão plantar do pé como resposta. 
(Raiz L5-S2). 
REFLEXOS SUPERFICIAIS 
Comumente são pesquisados pela estimulação de regiões cutâneas ou 
mucosas; sendo polissinápticos (diferentemente dos profundos). Têm resposta 
mais lenta e se fadigam mais facilmente que os profundos. 
Apresentam-se abolidos por lesões do trato piramidal (reflexos profundos 
aumentados + reflexos superficiais diminuídos ou ausentes). Os reflexos 
superficiais obtidos mais freqüentemente são o abdominal e o cremastérico. 
REFLEXO CUTANEOABDOMINAL 
22 
 
Distinguimos os reflexos cutaneoabdominal superior (supra-umbilical), 
médio (umbilical) e inferior (infraumbilical). A testagem ocorre com paciente em 
decúbito dorsal. Estimula-se por meio de uma espátula a região abdominal a ser 
avaliada, sempre no sentido láteromedial. Resposta: desvio da cicatriz umbilical 
e da linha alba para o lado estimulado. 
REFLEXO CREMASTÉRICO 
Passar espátula na face interna da coxa, que produz como resposta a 
elevação rápida do testículo ipsilateral. 
 
 O que é importante observar? Inicialmente, a variação individual nas 
respostas, assimetrias e outros sinais patológicos associados. 
 
 INTERPRETAÇÃO DOS REFLEXOS PROFUNDOS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
UNIDADE 8 – EXAME DA MOTRICIDADE II – AVALIAÇÃO DO TÔNUS 
(PARTE 1 ) 
Tônus é o estado de relativa tensão em que se encontra 
permanentemente um músculo normal em repouso. As alterações do tônus 
podem ser de aumento (hipertonia), diminuição (hipotonia) ou ausência completa 
(atonia). Tônus muscular clinicamente é a resistência encontrada quando uma 
articulação em um paciente em estado de relaxamento é movida passivamente. 
Tônus é a resistência de um músculo ao alongamento passivo ou estiramento 
(STOKES, 2000). 
 
A resistência se deve a fatores como a inércia física, rigidez mecânico-
elástica intrínseca do músculo e dos tecidos conjuntivos e a contração muscular 
reflexa (reflexo tônico de estiramento). Como raramente um músculo trabalha 
isoladamente, é fundamentalconsiderar a interferência de todos os tecidos 
moles quando se avalia o tônus muscular. 
 
Na prática o tônus muscular pode ser avaliado de duas maneiras. 
Segurando-se um membro relaxado do paciente e movendo enquanto observa-
se a quantidade de esforço necessária para superar a resistência – o tônus 
muscular. Alternativamente, pode-se observar como um membro responde a 
uma agitação ou ser solto subitamente, quanto maior a resistência ao movimento 
mais rígido o membro se comporta. 
 
Paralisias com hiporreflexia e hipotonia são denominadas paralisias 
flácidas. Caracterizam a chamada Síndrome do Neurônio Motor Inferior ou 
Periférico, que resulta de lesão dos neurônios motores da coluna anterior da 
medula (ou dos núcleos motores dos nervos cranianos). Nestes casos, ocorre 
também em pouco tempo atrofia da musculatura inervada por perda da ação 
trófica dos nervos sobre os músculos. 
 
24 
 
Paralisias com hiper-reflexia e hipertonia são denominadas Paralisias 
Espásticas. Ocorrem na síndrome do neurônio motor superior ou central, onde a 
lesão localiza-se nas áreas motoras do córtex cerebral ou nas vias motoras 
descendentes, em especial no tracto córtico-espinhal. Neste caso a atrofia 
muscular é muito discreta, pois os músculos continuam inervados pelos 
neurônios motores inferiores e o sinal de Babinski é positivo. 
 
Hipertonia 
A hipertonia apresenta dois tipos conhecidos: a espasticidade e a rigidez. 
Diferem quanto a causa e a significância clínica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
UNIDADE 9 – EXAME DA MOTRICIDADE III – AVALIAÇÃO DO TÔNUS 
(PARTE 2) 
Espasticidade 
A espasticidade pode ser definida como a resistência dependente da 
velocidade, ao estiramento passivo de um músculo, com reflexos tendíneos 
exagerados. Assim, quanto mais amplo e rápido o alongamento, mais forte a 
resistência do músculo espástico. Inicialmente o alongamento produz uma 
resistência alta, seguida por uma inibição súbita ou uma liberação da resistência, 
denominada de resposta ou sinal de canivete. O clônus é caracterizado por uma 
alternância cíclica espasmódica de contração e relaxamento muscular em 
resposta ao alongamento mantido de um músculo espasmódico. O clônus é 
comum nos flexores plantares, mas pode ocorrer em outras áreas do corpo como 
a mandíbula ou o punho. 
 
Características Clínicas da Espasticidade 
A espasticidade é reconhecida clinicamente por: 
1) Padrão característico de comprometimento de certos grupos 
musculares; 
2) Maior responsividade dos músculos ao estiramento; 
3) Reflexos tendíneos muito aumentados 
A espasticidade afeta predominantemente os músculos antigravitários, ou 
seja, os músculos flexores dos membros superiores e os extensores dos 
membros inferiores. Consequentemente os membros superiores tendem a 
assumir postura flexionada e em pronação, enquanto os membros inferiores em 
geral ficam extensão e adução. Essa postura comumente é vista no hemicorpo 
comprometido por um acidente vascular encefálico. 
 
O estiramento de um músculo de um paciente com espasticidade resulta 
em contração reflexa exagerada. Essa maior responsividade ao estiramento 
26 
 
muscular é resultado de um aumento do reflexo de estiramento miotático e de 
redução do seu limiar e da velocidade de estiramento. 
 
Importância Clínica da Espasticidade 
A espasticidade é uma das características principais de Síndromes de 
Neurônio Superior (SNMS). Em presença de espasticidade devem-se pesquisar 
lesões nos neurônios motores superiores, em todos os pontos, desde o córtex 
até os motoneuronios da medula espinhal. 
 
ESCALA DE ASHWORTH 
A Escala de Ashworth é a mais citada na literatura para avaliação do tônus 
muscular em pacientes que apresentam disfunção do SNC. É uma escala 
qualitativa para avaliação do grau de espasticidade, que é medida de acordo 
com a resistência oferecida ao movimento angular de um segmento movido de 
forma rápida e passiva por um examinador. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
UNIDADE 10 – EXAME DA MOTRICIDADE IV – AVALIAÇÃO DA FORÇA 
MUSCULAR 
Força Muscular: 
Avaliar simetria, utilizar a Escala de Avaliação de Força Muscular, graduada 
de 0 a 5, tal como a descrição abaixo: 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
Alterações (terminologia): 
Paresia (diminuição de força) Ex: hemiparesia à esquerda ou à direita; 
paraparesia (membros inferiores); tetraparesia (membros superiores e 
inferiores); 
Plegia (ausência de movimento, paralisia completa); hemiplegia à esquerda 
ou à direita; paraplegia (membros inferiores); tetraplegia (membros superiores e 
inferiores) 
 
A manobras deficitárias podem ajudar a perceber discretas alterações de 
força e simetria entre os membros e são de grande utilidade principalmente para 
a demonstração de paresias pouco acentuadas, dependentes de lesão 
piramidal. Servem para estabelecer a distinção entre as paralisias orgânicas e 
as funcionais. 
As provas deficitárias mais importantes são: 
Manobra de Mingazzini — Paciente em decúbito dorsal; coxas dispostas 
verticalmente e fletidas sobre a bacia, em angulo de 90°; pernas também fletidas 
sobre as coxas em angulo reto. Normalmente, o indivíduo mantém essa posição, 
sem dificuldade, durante algum tempo. Nos casos de lesão da via motora podem-
29 
 
se observar: queda isolada da perna, ou queda isolada da coxa, ou queda 
simultânea da perna e da coxa. 
Manobra de Barre — Paciente em decúbito ventral; pernas fletidas sobre 
as coxas, angulo reto. Esta posição, mantida por alguns minutos sem maior 
esforço, não persiste se houver déficit dos músculos flexores das pernas, 
causando quedo de um dos segmentos. 
Manobra de Raimiste — Paciente em decúbito dorsal, antebraços 
fletidos em angulo reto sobre os braços e mãos dispostas verticalmente, como 
os antebraços. Conforme o grupo muscular afetado, pode observar-se queda, 
para fora ou para dentro, do antebraço, da mão ou apenas dos dedos. 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 11 - EXAME DA MOTRICIDADE V – AVALIAÇÃO DA 
COORDENAÇÃO E EQUILÍBRIO 
Quando examinamos a marcha, o equilíbrio e a motricidade voluntária é 
possível detectar distúrbios da coordenação (ataxias). 
As manobras descritas abaixo fazem parte da avaliação da Coordenação: 
Manobra calcanhar-joelho – MMII: paciente em decúbito dorsal, solicitar 
que encoste o calcanhar direito, por exemplo, sobre o joelho oposto e, em 
seqüência, deslizar o calcanhar sobre a crista da tíbia. Pode ser realizado em 2 
etapas: com olhos abertos e depois sem controle visual. Assim, 
constataremos se a ataxia é cerebelar ou sensitiva (neste último, ocorre piora ao 
abolir o controle visual). Considerar se é uni ou bilateralmente, simétrica ou 
assimétrica. 
Manobra índex-nariz - MS em total abdução, e com indicador em 
extensão, tocar a ponta do indicador na ponta do próprio nariz, com e sem 
controle visual. Testar ambos membros superiores separadamente. 
Disdiadococinesia: incapacidade de executar movimentos coordenados 
e alternados, como por exemplo, pronação e supinação das mãos. 
30 
 
Manobra do rechaço (Stewart-Holmes): incapacidade de interromper 
um movimento quando se retira a oposição ao mesmo (proteger o rosto do 
paciente para evitar que a continuidade do movimento o machuque). 
 
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO: 
Deve ser testado o equilíbrio estático e dinâmico. 
Estático 
A testagem do equilíbrio estático dever ser realizada de pé, parado, com 
os pés juntos e paralelos (com olhos abertos e olhos fechados) 
– Observara postura, oscilações e ‘dança dos tendões’ 
– Oclusão palpebral (sinal de Romberg) 
– Manobras sensibilizadoras: empurrões, apoio unipodal. 
 
Dinâmico 
A testagem do equilíbrio dinâmico ocorre durante o exame da marcha 
(com olhos abertos e fechados) quando alguns pontos devem ser 
destacados: 
– Observar a postura, balanço dos membros superiores, aumento da 
base, irregularidade dos passos, desvios... 
– Caminhar encostando o hálux no calcanhar a cada passo 
 
Distúrbios de Coordenação e Equilíbrio: 
ATAXIA 
Denominada a falha da coordenação muscular que se traduz por 
irregularidade ou incapacidade de realizar correta e sincronicamente um 
movimento. Classificada em: 
• Ataxia cerebelar: decomposição irregular do ajuste fino da postura e dos 
movimentos, normalmente controlados pelo cerebelo e suas conexões. O 
termo aplica-se à função motora dos membros, tronco, olhos e 
musculatura bulbar. 
Alguns sintomas são observados: 
• DISTURBIOS DA MARCHA: Sintoma de apresentação mais 
comum queixam-se de incapacidade para deambular em linha reta 
ou para alterar a direção da marcha. 
31 
 
• INCOORDENACAO DOS MEMBROS E TREMORES - Membro 
“estabanado” ou “desajeitado” - Dificuldade para atingir objetos, 
para abrir fechadura para colocar água no copo, etc. - Em geral: 
instalação tardia, depois da ataxia de marcha 
• DISARTRIA - Fala indistinta, pastosa - Tremor de ação, efeito de 
ação em massa 
• SINTOMAS VISUAIS - Visão dupla, borramento visual, dificuldade 
olhar para baixo, perda visão 
• OUTROS - vômito, vertigem, alterações esqueléticas, cardíacas, 
etc 
• Ataxia sensitiva: possui como característica clinica fundamental na 
testagem do Sinal de Romberg, a piora acentuada com os olhos fechados 
marcha talonante . 
• alteração da sensibilidade vibratória 
• alteração sensibilidade cinético-postural. 
 
• Ataxia vestibular: paciente apresenta a tendência ao desvio para um 
lado - marcha em estrela (desvios para lados opostos). Classificadas em: 
adquiridas, hereditárias e esporádicas (sem etiologia). 
 
• Ataxia frontal: paciente encontra-se com base alargada quando parado, 
ocorre um aumento do balanço na marcha (quedas), perda controle 
tronco, marcha lenta, desequilibrada e hesitante. Observa-se também 
uma dificuldade inicio marcha. Como diagnóstico diferencial para a Ataxia 
Cerebelar observa-se ausência de ataxia dos membros, ausência de 
disartria e ausência de nistagmo. 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 12 – DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO, SINDRÔMICO E 
TOPOGRÁFICO EM LESÕES NEUROLÓGICAS. 
Introdução: 
Nessa fase das aulas, destaca-se a importância da definição de alguns 
termos fundamentais para a discussão dos tipos de lesões neurológicas e os 
tratamentos correspondentes. 
O DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO é o conjunto de sinais e sintomas que 
caracterizam uma determinada doença. 
O DIAGNÓSTICO TOPOGRÁFICO está relacionado à região afetada. 
Quando direcionamos a nossa investigação para os fatores causais da 
lesão ou a alteração relacionada estamos falando do DIAGNÓSTICO 
ETIOLÓGICO. 
 
FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL EM PACIENTES COM LESÃO DE 
PRIMEIRO NEURÔNIO: 
33 
 
Existem diversas etiologias relacionadas as lesões de primeiro neurônio 
tais como: Trauma, quando produzem um Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) 
ou uma Traumatismo Raquimedular (TRM); Tumores; os Acidentes Vasculares 
Encefálicos (AVE); a Esclerose Múltipla (EM); entre outros. 
A topografia desse tipo de lesão é definida com um lesão central, 
acometendo o encéfalo e a medula. 
As características principais desse da Síndrome do Primeiro Neurônio 
são: diminuição (paresia) ou abolição (paralisia) da força muscular, hiperreflexia 
– espasticidade (lesão da viaretículo-espinhal?), sinal de babinski, clôno 
A sintomatologia pode ser ipsilateral, quando é uma lesão abaixo das 
pirâmides do bulbo, ou contralateral à lesão, quando acontecem acima das 
pirâmides do bulbo. 
FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL EM PACIENTES COM SÍNDROMES 
EXTRAPIRAMIDAIS 
Introdução 
A Etiologia está relacionada à Doença de Parkinson e doenças que 
causem movimentos involuntários. Pode ser também o AVC, trauma (TCE), ou 
EM. Na verdade, a topografia é o determinante. A lesão deve ser nos núcleos 
da base. 
As síndromes extrapiramidais se caracterizam por serem 
HIPERCINÉTICAS – com movimentos involuntários (coréia, atetose, balismo...); 
HIPOCINÉTICAS - marcha em passos curtos (PETIT PASS). Apresentam 
também característica a mudança do centro de massa – garantindo uma postura 
em flexão); a fácies parkinsoniana (inexpressiva); tremor de repouso; a 
hipertonia plástica; a bradicinesia (movimentos lentos) e a demora do indivíduo 
para responder aos estímulos. 
 
FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL EM PACIENTES COM SÍNDROMES 
CEREBELARES 
34 
 
Introdução 
A Etiologia pode estar relacionada ao AVC, trauma (TCE), ou EM. Na 
verdade, a topografia é o determinante. A lesão deve ser no cerebelo ou em 
suas vias características da síndrome cerebelar. 
As Síndromes Cerebelares se caracterizam por alterações do equilíbrio 
estático, alargamento da base de sustentação, alterações do equilíbrio dinâmico 
(marcha ebriosa), hipotonia muscular, hiporreflexia profunda, ataxia motora 
provocando dismetria, decomposição dos movimentos, disdiadococinesia e a 
diadococinesia, nistagmo e disartria. 
A sintomatologia é ipsilateral à lesão. 
 
FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL EM PACIENTES COM LESÕES 
NERVOSAS PERIFÉRICAS 
Introdução: 
Nesse tipo de lesão, a Etiologia pode ser por trauma; tumores; poli ou 
mononeuropatias periféricas; alcoolismo, diabetes, vírus,etc. 
A Topografia está relacionada a lesões de raizes motoras, lesão nervosa 
periférica (em nervos periféricos), espinhais ou cranianos. 
As Características da síndrome do segundo neurônio são atrofia, 
flacidez, paralisia – arreflexia ou hiporreflexia, alteração de sensibilidade (se o 
nervo lesionado for sensitivo ou misto). 
 Importante ressaltar que a sintomatologica é IPSILATERAL À LESÃO. 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 13 – FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL NA PREVENÇÃO DA 
SÍNDROME DA IMOBILIDADE 
 
Introdução 
Chama-se de Síndrome da Imobilidade o conjunto de alterações que 
ocorrem no indivíduo acamado por um período prolongado. 
 Importante ilustrar que de 7a10dias chama-se de período de repouso; 
de 12 a 15 dias chama-se período de imobilização e apenas a partir de 15dias 
denomina-se período prolongado de repouso. 
Os efeitos da imobilização são definidos como uma redução na 
capacidade funcional dos tecidos osteomuscular, conjuntivo, articular, 
respiratório, metabólico, gastrointestinal, geniturinários entre outros. 
O desuso acarreta em: 
 Diminuição do número de sarcômeros; 
 Aumento da proliferação de tecido conjuntivo; 
 Diminuição da síntese protéica; 
36 
 
 Atrofia; 
 Descondicionamento cardíaco e muscular esquelético; 
 Contraturas e degeneração articular; 
 Osteoporose; 
 Diminuição da flexibilidade dos tecidos moles. 
 
Para cada semana de imobilização completa no leito um paciente pode 
perder de 10 a 20% de seu nível inicial de força muscular. Por volta de 4 
semanas, 50% da força inicial pode estar perdida. A imobilidade também pode 
alterar o estado emocional do indivíduo levando a condições como ansiedade, 
apatia, depressão, labilidade emocional, isolamento social, entre outros. 
Objetivos de Tratamento 
A prevenção da Síndrome do Imobilismo é fundamental para a 
recuperação funcional em fases futuras,minimizando os efeitos negativos do 
imobilismo principalmente quando instalados. Diminuir o tempo de internação 
também auxilia esse processo, principalmente estimulando a movimentação no 
leito, a independência nas atividades e a deambulação. A Prevenção 
complicações pulmonares e a resolução de patologias pulmonares instaladas 
também são pontos importantes na otimização da recuperação do paciente. 
Outros objetivos importantes são: evitar complicações circulatórias como 
a hipotensão ortostática; reduzir a dor; manter a força muscular e a amplitude de 
movimentos; evitar encurtamentos musculares, atrofias e contraturas; melhorar 
mobilidade e flexibilidade, coordenação e habilidade; prevenir e tratar o edema; 
prevenir posturas viciosas; prevenção de escaras. 
Tópicos importantes no Tratamento Fisioterapêutico: 
Posicionamento correto no leito; Mobilização passiva, ativa, resistida, 
Mudanças de decúbito; Diminuição da pressão nas proeminências ósseas; 
Colocar o paciente regularmente sentado e de pé, indicar o uso de meias 
elásticas, estimular a bomba tibio‐társica, cuidado no momento de se levantar; 
postura de drenagem (prevenção da HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA e EDEMA). 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 14 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 
1 
** BIOFEEDBACK COM EMG ** 
 Tem o objetivo de fornecer informações ao paciente acerca do estado da 
atividade elétrica de um determinado músculo. 
TÉCNICA: Eletrodos de eletromiografia (EMG) são colocados no músculo, 
ou nos músculos, de interesse para um determinado movimento. Após uma 
contração VOLUNTÁRIA, um monitor mostra ao paciente a intensidade da 
contração que ele conseguiu fazer para determinado músculo. O Fisioterapeuta 
marca no monitor o grau de contração que o paciente deve alcançar. O feedback 
informa ao paciente se ele chegou ou não ao objetivo através de estímulos 
auditivos, visuais (figuras que mudam de forma, mudam de cor, etc) ou 
audiovisuais. Pode-se solicitar ao paciente que aumente o nível de contração 
para melhorar a ativação de um músculo ou pedir que diminua o nível de 
contração, quando se objetiva o relaxamento do antagonista, ou a diminuição do 
grau de espasticidade ou a diminuição da co-contração (ativação simultânea do 
agonista e antagonista). Através do feedback o paciente pode melhorar seu 
desempenho tentando a cada contração atingir o objetivo. 
38 
 
Tipos de eletrodos: 
* agulha: 
* de superfície: mais fácil de acessar o mesmo músculo em sessões 
subseqüentes; melhor para estudo dinâmico. 
O sinal que é detectado pelo eletrodo depende de alguns fatores como a 
distância entre a fibra muscular e o sítio de aquisição. Quanto menor a área do 
eletrodo, menor a captação da soma da atividade das unidades motoras. 
INDICAÇÕES: 
Aumentar o controle sobre a contração de um determinado músculo 
Melhorar a contração de um determinado músculo em relação ao seu 
antagonista 
Relaxar um músculo 
Diminuir a co-contração 
Pode ser usado para informar outros parâmetros que não a contração 
muscular: deslocamento do centro de gravidade para treinar o equilíbrio; 
frequência cardíaca; comprimento do passo; 
OBS: é importante que o paciente seja capaz de colaborar e compreender os 
comandos. 
 
** ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA ** 
Pode ser Funcional (FES = estimulação elétrica funcional) quando uma 
corrente elétrica é aplicada durante o treinamento de uma ação com objetivo. A 
outra opção é a Não Funcional, apenas com o objetivo de treinamento muscular 
(EENM = estimulação elétrica neuromuscular). 
PONTO MOTOR: 
39 
 
Local onde o nervo entra em contato com o músculo antes de se ramificar. 
O eletrodo de estimulação aplicado nessa região otimiza o recrutamento das 
fibras musculares. Importante procurar com o eletrodo de caneta o ponto onde 
a estimulação, numa dada intensidade, provoca a maior contração. Então, 
colocar um eletrodo sobre o ponto motor e o outro ao seu lado. 
OBS: quando o músculo atinge 50% da força muscular, quase todas as unidades 
motoras já foram recrutadas. Para aumentar mais a força será necessário 
aumentar a frequência dos pulsos de potencial de ação. Na contração fisiológica 
de um músculo, as primeiras fibras recrutadas são as lentas (Tipo I) e 
posteriormente as fibras rápidas (Tipo II). Quando usamos a estimulação elétrica 
as primeiras fibras recrutadas são as do tipo II. Esse é um fator positivo para 
pacientes que sofreram AVE, por exemplo, pois as fibras que mais perdem são 
as do tipo II. Fundamental é pedir a contração voluntária junto com a estimulação 
elétrica para aumentar o recrutamento das fibras do tipo I. 
Como as fibras Tipo II fadigam mais rápido existe um aumento do gasto 
energético do paciente e com o tempo há aumento do condicionamento do 
músculo treinado. 
APLICAÇÕES 
EENM para diminuir contraturas e aumentar o AM passivo/ aumentar a 
FM e aumentar o AM ativo/ para controle da espasticidade (aplicação no músculo 
afetado ou no seu ANTAGONISTA). Ex: flexores do punho espásticos = 
estimular os extensores de punho. Flexores de punho espásticos = estimular os 
próprios flexores. 
Alternar a contração de músculos AGO e ANTAGONISTAS para melhorar 
o controle do movimento. 
Usar EENM contra resistência em pacientes PARAPLÉGICOS ou 
TETRAPLÉGICOS, para fortalecimento dos membros afetados com pesos, 
melhora da circulação e/ou condicionamento cardiovascular na bicicleta. 
40 
 
Usar EENM com resistência para pacientes fracos para aumentar a 
capacidade de um músculo em se contrair sem associar com movimentos 
funcionais (condicionamento periférico). 
Prevenir ou tratar atrofia muscular 
FES para melhorar a contração de mm enfraquecidos durante uma função 
(dorsi de pé na marcha, ext de punho para pegar um objeto, treinar a marcha, 
etc). 
 
 
 
 
UNIDADE 15– TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 2 
** REALIDADE VIRTUAL (Virtual reality-based rehabilitation) ** 
É uma simulação do mundo real com a qual o paciente pode interagir. O 
paciente se sente dentro da cena que está vendo e tem que reagir aos 
obstáculos que lhes são impostos. Ex: um terreno acidentado simulando uma 
estrada onde carros passam, há buracos, pessoas, pontes, degraus, etc. Alguns 
videogames modernos podem ser usados para estimular o movimento desses 
pacientes em jogos, danças ou tocando instrumentos. Podem ser mais simples 
como um braço que deve pegar objetos. Os pacientes usam luvas ou sensores 
que permitem a leitura de seus movimentos. Alguns videogames modernos 
podem ser usados para estimular o movimento desses pacientes em jogos, 
danças ou tocando instrumentos (Wii, Kinect Xbox) Ainda são necessários mais 
estudos que comprovem sua eficácia na reabilitação. 
 
** TERAPIAS COGNITIVAS ** 
PRÁTICA MENTAL IMAGÉTICA MOTORA: 
41 
 
A habilidade de se imaginar executando um movimento sem de fato fazê-
lo. Um estado dinâmico no qual a representação de um ato motor especifico é 
ativada internamente sem que ocorra nenhum tipo de contração na periferia 
corporal. 
Propriedades da Imagética Motora 
Quando imaginamos uma ação, ocorre ativação das mesmas áreas que 
ativaríamos se estivéssemos realizando aquela ação. 
O tempo gasto na simulação mental de um movimento é similar ao gasto 
durante a sua execução; 
Imagética motora modula as respostas vegetativas; 
Regiões cerebrais similares são ativadas durante a imaginação e a 
execução de um movimento; 
Imaginar um movimento melhora a performance do mesmo (aprendizado 
motor). 
OBS: Imagética em primeira pessoa versus terceira pessoa. 
Primeira é mais eficaz. 
Quandoa imagética é usada para aumentar o desempenho em uma 
tarefa, ou seja, o indivíduo imagina a execução de uma tarefa por várias vezes, 
é chamada de PRÁTICA MENTAL. 
É uma técnica muito usada por atletas. Pedir ao paciente que imagine a 
realização de uma tarefa na qual ele ainda é inábil pode melhorar o desempenho 
nessa tarefa. 
É mais eficaz quando associada à prática física (execução do movimento). 
 
 
 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 15 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 
2 
OBSERVAÇÃO DO MOVIMENTO 
Quando observa-se uma ação, parte do sistema motor se torna ativo como 
se estivéssemos executando aquela ação que estamos observando, mesmo que 
estejamos parados. Existem pesquisas que demontram que além de haver 
ativação das áreas visuais quando observa-se uma ação, existem também 
neurônios nos lobos frontal e parietal que disparam quando estamos fazendo 
uma ação e quando estamos observando aquela mesma ação. 
Como usar? 
Dar ênfase ao feedback visual para facilitar o desempenho nas tarefas. 
Pedir ao paciente olhar o terapeuta realizando uma tarefa, ou pedir para o 
paciente olhar para o lado não acometido enquanto realiza uma tarefa e depois 
olhar para o lado afetado durante a realização da mesma tarefa. 
 
TERAPIA DO ESPELHO 
43 
 
Colocar um espelho entre os braços do paciente. A mão afetada fica atrás 
do espelho e a sadia na frente. O paciente deve realizar movimentos com a mão 
sadia olhando para o espelho. O reflexo da mão sadia fará parecer que a mão 
afetada está se movendo e isso ativará áreas do cérebro relacionadas com o 
movimento da mão afetada podendo melhorar o desempenho do paciente no 
movimento observado. Essa técnica é baseada nos conceitos do pesquisador 
Ramachandra ao estudar amputados com membro fantasma. O fisioterapeuta 
deve mover o membro afetado do paciente que está atrás do espelho (feedback 
cinestésico e visual) 
Como colocar em prática essas abordagens dentro de um programa de 
tratamento? 
Durante o tratamento com o fisioterapeuta Junto ao terapeuta ou não; 
Exercícios domiciliares. 
Limitada adesão ao tratamento: 
Após uma lesão encefálica os pacientes podem apresentar fadiga, déficits 
cognitivos, atencionais,alterações comportamentais, depressão... 
• Afasia de compreensão; 
• Depressão grave; 
• Alteração cognitiva importante; 
• Dor incapacitante; 
• No caso da imagética, paciente com perda do acesso às representações 
motoras. 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 16 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 
3 
** TRIM - Terapia de restrição e indução do movimento ** (Constraint-
induced movement therapy) 
Taub demonstrou que macacos com uma pata dianteira deaferentada 
(raízes dorsais = sensitivas, cortadas) paravam de mexer aquele membro. 
Quando as duas patas dianteiras eram deaferentadas, eles voltavam a usá-las. 
Quando ele deaferentava apenas uma pata dianteira e continha a outra com uma 
tipóia, o macaco também voltava a usar aquela pata. Baseado nessas 
informações, Taub sugeriu a teoria do desuso aprendido, que significa que o lado 
afetado tem habilidade potencial que é desperdiçada pelo excesso de confiança 
no membro não–afetado. A TRIM pode ser usada tanto na fase aguda quanto 
crônica. Em pacientes com hemiparesia crônica a restrição é feita para ajudar 
os pacientes a superar o desuso aprendido, chamar atenção para o lado afetado, 
estimular o movimento do lado afetado. 
Nos pacientes em fase aguda isso pode ser visto como uma forma de 
prevenir a adoção de estratégias de compensação com o membro não afetado. 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 17 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 
4 
A TRIM possui dois componentes: 
1) Contensão da extremidade menos afetada usando tipóia gessada 
(radical, menos usada) ou tipóia de esponja. 
2) Atividades adaptadas ou SHAPING. Prática de exercícios com o 
membro afetado. Começar com movimentos simples (levantar um copo) e evoluir 
para movimentos complexos (colocar cadarço no tênis). SHAPING: - fornecer 
feedback verbal - evoluir de tarefas simples = virar peças de dominó - até tarefas 
complexas Ex.: pegar grampos e colocar num frasco. 
Fatores que podem afetar o tratamento 
 Síndrome ombro mão; 
 Encurtamentos e contraturas; 
 Alteração de sensibilidade superficial e/ou profunda; 
 Alteração visual; 
 Alteração auditiva; 
46 
 
 Espasticidade severa; Alteração do equilíbrio... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 18 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 
5 
** PNF - Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva ** 
O método Kabat é mais do que uma técnica. É uma filosofia de tratamento 
e a base desta filosofia está no conceito de que todo ser humano, incluindo 
aqueles portadores de deficiência, tem um potencial ainda não explorado. 
Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) é um método que 
promove e acelera a resposta dos mecanismos neuromusculares através da 
estimulação dos receptores do sistema nervoso. Baseia-se na utilização de 
movimentos e posturas com fins terapêuticos e procura entender o movimento e 
a postura normal para realizar a aprendizagem ou reaprendizagem quando estes 
movimentos ou postura estão alterados. 
Foi desenvolvida por Herman Kabat e seu trabalho foi continuado e 
expandido por Margaret Knott. Herman Kabat estava interessado no tratamento 
de pacientes com “paralisia”, e enfatizava a importância da excitação central. A 
força de contração muscular é diretamente proporcional ao número de unidades 
47 
 
motoras ativadas, as quais obedecem à lei do “tudo ou nada”. O funcionamento 
destas é dependente do grau de excitação dos motoneurônios. Logo, o principal 
alvo deste método é estimular o maior número de unidades motoras em atividade 
e ativar todas as fibras musculares remanescentes. 
As técnicas de FNP baseiam-se principalmente na estimulação dos 
proprioceptores para aumentar a demanda feita ao mecanismo neuromuscular, 
para obter e simplificar suas respostas. A importância dos proprioceptores, em 
particular do fuso muscular, foi reconhecida como um fator-chave na facilitação 
da contração dos músculos. 
Baseado nesta filosofia, certos princípios são básicos para o método: 
- Qualquer ser vivo possui um potencial e para se desenvolver este 
potencial é oferecer uma demanda. 
- Cada indivíduo é considerado como um todo, integrando estímulos 
sensoriais, motores e psicológicos, por isso todo o tratamento deve ser 
direcionado ao ser humano, e não a um problema específico. 
- A demanda sobre o paciente é orientada funcionalmente durante o 
tratamento. 
- Se o paciente tem sucesso, acaba se motivando mais. 
- O tratamento é iniciado no nível funcional do paciente, progredindo para 
atividades mais complexas. 
- São utilizadas atividades que acompanham a sequência do 
desenvolvimento motor normal. 
- O ser humano não se movimenta em plano reto, mas num movimento 
tridimensional. 
- Respeitar o tempo do movimento. 
- Atingir a resposta máxima é a forma mais eficaz de alcançar consciência, 
força, coordenação e endurance. 
48 
 
- A repetição da resposta é utilizada para aumentar ou promover e manter 
a aprendizagem motora. 
Didaticamente o método se divide em processos básicos que fornecem 
ao terapeuta ferramentas necessárias para ajudar seus pacientes a atingir uma 
função motora eficiente. Essa eficiência não depende necessariamente da 
colaboração do paciente e esses procedimentossão usados para: aumentar a 
habilidade do paciente em mover-se e permanecer estável, guiar o movimento 
com a utilização de contatos manuais adequados e de resistência apropriada, 
ajudar o paciente a obter coordenação motora e sincronismo, aumentar a 
histamina do paciente e evitar a fadiga. 
 
 
 
UNIDADE 19 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 
6 
Os processos básicos são: padrão de facilitação, estímulo de 
estiramento, tração-aproximação, reflexo de estiramento, contatos 
manuais, comando verbal, estímulo visual, resistência, irradiação e 
reforço, sincronização de movimentos. 
A aplicação correta da técnica consiste na utilização de todos os 
processos básicos, porém em pacientes neuromusculares, dificilmente 
poderemos utilizar o método como um todo em função do déficit de força 
muscular, fadigabilidade e demais complicações. No entanto, alguns processos 
básicos são úteis ao treino de coordenação e manutenção de força, estabilidade 
de tronco, realização de trocas posturais, entre outros. 
O fisioterapeuta deve realizar a escolha e o uso dos processos básicos 
mais adequados a cada caso. Também podemos associar processos básicos de 
FNP com cinesioterapia convencional, por exemplo, utilizar o padrão de 
49 
 
facilitação, contatos manuais estímulo e reflexo de estiramento com exercícios 
ativo-assistidos. 
Os padrões de facilitação são padrões de movimento tridimensionais, que 
provocam facilitação ou inibição para se obter o máximo aproveitamento da 
energia nervosa. O componente fundamental é a rotação. Quando um padrão é 
utilizado a resposta muscular é mais fácil, mais coordenada e mais poderosa. 
O estímulo de estiramento é a posição do começo do padrão, na qual são 
alongadas ao máximo todas as estruturas musculares que intervem nesse 
padrão. Alongando ao máximo o músculo, estamos estimulando os fusos 
neuromusculares e facilitando o reflexo de estiramento. O estímulo de 
estiramento é importante para se obter um bom início de contração muscular. 
A tração (separação das superfícies articulares) e a aproximação 
(compressão das superfícies articulares) são duas manobras opostas, em 
ambas estimulam os receptores articulares que são: os corpúsculos de Golgi que 
estão localizados nos planos de flexo-extensão das cápsulas articulares, 
corpúsculos de Hulfini que estão localizados nas partes laterais. Estes 
receptores articulares fazem parte do sistema sinestésico que vai dar a 
sensibilidade profunda consciente, a sensação da posição do seguimento no 
espaço. No tratamento, o uso da tração parece promover movimento, enquanto 
a aproximação, estabilidade ou manutenção de postura. 
O reflexo de estiramento pode ser provocado manualmente levando 
rapidamente à parte do corpo mais adiante do ponto de tensão, tendo a certeza 
de que todos os componentes estão estirados; especialmente de que a rotação 
está correta. Exatamente, no mesmo instante em que se provoca o reflexo, o 
paciente tenta executar o movimento. O reflexo de estiramento pode ser usado 
para iniciar o movimento voluntário, assim como para aumentar a força e 
intensificar uma resposta mais rápida nos movimentos fracos. 
O contato manual é o contato direto da mão do terapeuta nas zonas de 
propriocepção do paciente. Para controlar o movimento e resistir à rotação, o 
terapeuta utiliza-se de contato lumbrical. Usa-se um contato manual distal e outro 
50 
 
proximal. Iremos atuar sobre os exteroceptores, especialmente de pressão e 
cutâneo. 
O comando verbal é a comunicação com o paciente para solicitar a 
atividade. É uma forma de facilitação através da via auditiva. O comando verbal 
diz ao paciente o que fazer e quando fazer. O comando dever ser dado para o 
paciente e não para a parte do corpo que está sendo tratada. O volume no qual 
o comando é dado pode afetar a força do resultado de contração muscular, por 
isso, o terapeuta deve utilizar um comando mais alto quando uma contração 
muscular de maior intensidade é desejada e usar um tom mais calmo e tranquilo 
quando o objetivo é o relaxamento ou alívio da dor. 
O estímulo visual é o acompanhamento do movimento pelos olhos e 
cabeça do paciente, que precisa ver onde está indo e entender o que é esperado 
dele. É necessário olhar o paciente e comunicar-se visualmente para 
observarmos se o paciente entendeu o que você deseja e verificar também se 
ele expressa algum sinal de dor. O feedback fornecido pelo sistema sensorial da 
visão pode promover uma contração muscular mais potente. 
A resistência aplicada deve ser apropriada ou ótima e é utilizada para: 
facilitar a habilidade do músculo em se contrair, aumentar o controle motor, 
ajudar o paciente a adquirir consciência dos movimentos, aumentar a força 
muscular. 
A resistência aplicada de forma apropriada resulta em irradiação e reforço. 
Irradiação pode ser definida como a deflagração da resposta ao estímulo, esta 
resposta pode ser vista como aumento da facilitação (contração) ou inibição 
(relaxamento) nos músculos sinérgicos e padrões de movimento. A resistência 
ao movimento é responsável pela produção da irradiação. O reforço é 
equivalente a “tornar mais fácil”, o terapeuta direciona o reforço pra os músculos 
fracos pela quantidade de resistência aplicada nos músculos fortes. 
A sincronização dos movimentos refere-se à direção em que os 
movimentos serão executados, de distal para proximal. Nos padrões habituais 
normais, a maior amplitude começa distalmente, porém não podemos permitir 
51 
 
toda a amplitude distal até não começar também a movimentação intermediária 
e proximal. 
A técnica constitui-se de padrões individuais de membros superiores e 
inferiores, padrões de escápula, cabeça e pescoço, padrões de marcha, além de 
atividades integradas, que são uma sequência de aprendizagem tendo como 
base o processo de maturação cerebral e desenvolvimento motor. O objetivo 
dessas atividades é dar independência ao paciente e ensiná-lo novamente o 
“automático”. Para a realização das atividades integradas utilizam-se os 
processos básicos durante a realização de trocas posturais e manutenção de 
posturas. 
 
 
 
 
 
UNIDADE 20 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 
7 
 ** BOBATH ** 
O conceito Bobath tem sido relatado como o procedimento mais 
comumente utilizado no atendimento fisioterapêutico de pessoas com problemas 
neurológicos. O início de sua utilização foi baseda na experiência terapêutica de 
Berta Bobath (1970), com embasamento teórico que é buscado em pesquisas 
neurológicas. 
O método Bobath é também conhecido como tratamento neuroevolutivo 
e fundamenta-se no reconhecimento de dois fatores: a interferência na 
maturação normal do cérebro pela lesão, levando a atraso ou ao impedimento 
de alguns ou de todos os aspectos do desenvolvimento; a presença de padrões 
anormais de postura e de movimento, devido à liberação da atividade postural 
52 
 
reflexa anormal, ou à interrupção do controle normal dos reflexos de postura e 
movimento. 
A abordagem Bobath tem por objetivo inibir os padrões da atividade 
reflexa anormal e facilitar padrões motores mais normais como uma preparação 
para uma maior variabilidade de habilidades funcionais. 
Muitas técnicas de inibição, facilitação e estimulação dentro do conceito 
Bobath foram desenvolvidas e podem ser adaptadas a qualquer tipo de paciente. 
Essas técnicas têm que ser ajustadas às necessidades individuais do paciente, 
baseadas em uma avaliação completa e detalhada e em frequentes 
reavaliações. 
O tratamento da atividade reflexa postural anormal pela inibição é 
combinada em muitas maneiras com a facilitação e a estimulaçãode 
movimentos mais normais. Isso é feito usando técnicas especiais de manuseio 
da criança, e pela condução de respostas, de uma forma que estimule e 
desenvolva padrões de ajustamento ao movimento mais normais. 
No tratamento não é permitido ao paciente realizar movimentos e 
atividades no modo anormal ou com esforço excessivo. Ele é preparado para 
atividades funcionais recebendo padrões motores necessários para essas 
funções e trabalhando a habilidade funcional específica. 
Dessa forma, a modificação de padrões posturais anormais, aumentam a 
possibilidade de mover-se com maior facilidade, diminui o esforço (gasto 
energético), pode aumentar a amplitude de movimento, facilita o ganho de 
experiências sensório-motoras, aumentando assim seu repertório de habilidades 
funcionais. 
As técnicas fundamentais do método Bobath são os pontos-chaves e as 
técnicas de estimulação tátil proprioceptivas (placing, holding,suporte de peso 
com ou sem pressão, tapping). Essas técnicas devem ser usadas em 
combinação ou isoladamente, dependendo das necessidades do paciente, 
podendo ser usadas alternadas ou simultaneamente. 
Os pontos-chaves são partes do corpo através das quais o terapeuta pode 
controlar e modificar, com maior eficácia, os padrões de postura e de 
53 
 
movimentos em outras partes do corpo. Eles podem ser usados para inibir, 
estimular e facilitar. São eles: cabeça, ombros, cotovelos, punhos, polegares, 
quadris, joelhos e tornozelos. 
As técnicas de estimulação tátil proprioceptivas podem ser utilizadas 
quando há déficit sensorial com fraqueza muscular, devido à falta de input 
sensorial. Placing corresponde à habilidade do paciente em interromper um 
movimento, em qualquer etapa, automática ou voluntariamente. Holding é a 
adaptação automática dos músculos às mudanças de postura, sendo parte 
necessária e inseparável do mecanismo de controle postural normal. No 
tratamento, o paciente deve manter e controlar sem ajuda o corpo e os membros 
quando colocados em diferentes posições e amplitudes de movimento. 
Os movimentos de ajustamento intrínsecos e automáticos devem ser 
obtidos através de transferência de peso constante em grandes amplitudes, para 
os lados, para frente, para trás, diagonalmente, enquanto damos pressão e 
resistência. Uma combinação de suporte de peso, pressão e resistência pode 
ser usada em todos os casos para conseguir uma adequação do tônus postural 
e manutenção das posturas contra a gravidade. 
Tapping é o método de aumentar o tônus postural através da estimulação 
tátil e proprioceptiva. Tem por objetivo capacitar o paciente a manter 
automaticamente uma posição desejada ou movimento contra a gravidade. É 
aplicado a princípio em intervalos regulares em rápida sucessão, e 
gradativamente quando as respostas ativas ocorrem, em intervalos regulares e 
mais vagarosamente. 
Há quatro tipos de tapping: 
- Tapping de Inibição: é feito na direção do padrão funcional desejado. 
É utilizado para aumentar a função de músculos que não conseguem se contrair 
pela atividade excessiva de seus antagonistas. 
- Tapping de pressão: é feito como uma co-contração para manutenção 
da fixação postural, ou seja, para a ativação da contração simultânea de 
agonistas e antagonistas. 
54 
 
- Tappping alternado: é feito com os dedos do terapeuta estendidos 
como no tapping de inibição. Melhora a graduação da contração e descontração 
dos agonistas e antagonistas. 
Usado para o controle de movimento e equilíbrio nas diferentes posturas. 
- Tapping de deslizamento: é feito com uma batida precisa e firme com 
os dedos do terapeuta estendidos, pelo comprimento do músculo (ou em 
músculos que trabalham na mesma direção). 
O método Bobath nas doenças neuromusculares pode atuar nos sentidos 
de: aumentar o tônus postural, trabalhar o controle e alinhamento de cabeça e 
tronco, trabalhar problemas relacionados a atividades funcionais, orientar pais e 
cuidadores quanto ao posicionamento e manipulação, conseguir atividades 
contra a gravidade, usar estimulações apropriadas, etc. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
STOKES, M. Neurologia para Fisioterapeutas. São Paulo: Premier, 2000. 
COHEN, H. Neurociência para Fisioterapeutas. São Paulo: Manole, 2001. 
LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios?. São Paulo: Atheneu, 2010. 
LUNDY-EKMAN, L. Neurociência para a Reabilitação. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2008. 
MISULIS, K., HEAD, T. Netter: Neurologia Essencial. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2008. 
CANAVARRO, S., KHURTY C. Reflexos do Avanço da Fisioterapia 
Neurofuncional: Uma Análise Translacional. In: Associação Brasileira de 
Fisioterapia Neurofuncional. Garcia CSNB, Facchinetti LD, organizadores. 
55 
 
PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Neurofuncional: Ciclo 1. 
Porto Alegre: Artmed/ Panamericana; 2013. p. 11-42 (Sistema de Educação em 
Saúde Continuada a Distância, v. 1).

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