Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 SUMÁRIO: UNIDADE 1 – O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NEUROFUNCIONAL ........... 4 1.1 Objetivo da Fisioterapia Neurológica .................................................... 5 1.1.1 Tendo por objetivos gerais: ..................................................................... 5 UNIDADE 2 – CONCEITO DE PLASTICIDADE NEURAL ................................ 7 UNIDADE 3 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 1) ............................................... 9 UNIDADE 4 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 2) ............................................. 11 UNIDADE05 – DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS E CONTROLE MOTOR ..... 13 UNIDADE 6 - IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA - INTRODUÇÃO ................................................................................................. 18 UNIDADE 7 – EXAME DA MOTRICIDADE I - INTRODUÇÃO ....................... 20 UNIDADE 8 – EXAME DA MOTRICIDADE II – AVALIAÇÃO DO TÔNUS (PARTE 1 ) ....................................................................................................... 23 UNIDADE 9 – EXAME DA MOTRICIDADE III – AVALIAÇÃO DO TÔNUS (PARTE 2) ........................................................................................................ 25 UNIDADE 10 – EXAME DA MOTRICIDADE IV – AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR ..................................................................................................... 27 UNIDADE 11 - EXAME DA MOTRICIDADE V – AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO E EQUILÍBRIO ................................................................... 29 UNIDADE 12 – DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO, SINDRÔMICO E TOPOGRÁFICO EM LESÕES NEUROLÓGICAS. .......................................... 32 UNIDADE 13 – FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL NA PREVENÇÃO DA SÍNDROME DA IMOBILIDADE ....................................................................... 35 UNIDADE 14 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 1 ......................................................................................................................... 37 UNIDADE 15– TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 2 ......................................................................................................................... 40 UNIDADE 15 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 2 ......................................................................................................................... 42 UNIDADE 16 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 3 ......................................................................................................................... 44 UNIDADE 17 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 4 ......................................................................................................................... 45 UNIDADE 18 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 5 ......................................................................................................................... 46 UNIDADE 19 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 6 ......................................................................................................................... 48 UNIDADE 20 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 7 ......................................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ............................................................... 54 4 UNIDADE 1 – O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NEUROFUNCIONAL A Fisioterapia Neurofuncional é uma dentre as várias especialidades conhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), instituição responsável pela fiscalização do exercício dos profissionais de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais no Brasil. O Fisioterapeuta Neurofuncional tem como atribuições avaliar o paciente, produzir o diagnóstico cinético funcional, prescrever o tratamento e realizá-lo. Opera com embasamento nos conceitos neurofisiológicos conseguidos depois de procedimentos bem sucedidos, pesquisas claras e intenso trabalho, direcionando-se o melhor tratamento para a recuperação funcional mais acelerada possível. A Fisioterapia Neurológica igualmente partilha desse aperfeiçoamento e pode tornar mínimas as sequelas incididas das doenças que agridem o sistema nervoso como: Paralisia Cerebral, Esclerose Múltipla, Acidente Vascular Encefálico (derrame cerebral), Trauma Crânio-Encefálico (TCE) entre outras. Abrange os procedimentos e metodologias de precedente diagnóstico e avaliação do paciente contendo por intuito detectar a real condição do paciente, para só então receitar os métodos e artifícios que possa desenvolver, esquematizando metas a serem obtidas diante as reais condições clinicas do paciente. Contudo, a atenção embora escassa pesquisada na Fisioterapia e verifica-se a necessidade de modernização teórica acera desta temática. Perante isso, este capítulo tem como finalidade oferecer uma revisão teórica sobre a atenção, destacar a importância da avaliação fisioterapêutica na reabilitação neurológica de forma a revelar os efeitos que o tratamento possa trazer resultados satisfatórios para os pacientes, melhorando sua funcionalidade e desempenho nas atividades de vida diária. 5 De acordo com o COFFITO, para tornar-se um especialista de elevada classe em fisioterapia neurofuncional, se faz imprescindível domínio dos conteúdos de Anatomia Humana, Fisiologia, Patologia, Farmacologia, Semiologia do Sistema Nervoso, Biomecânica, Órteses e Próteses, assim como o entendimento acerca dos conceitos de ética, moral e de humanização, além de ser graduado. A obtenção do título de especialista profissional em Fisioterapia Neurofuncional é registrada pelo COFFITO e fornecida unicamente pela ABRAFIN. Pode ser requerida especialização profissional em Fisioterapia Neurofuncional da Criança e Adolescente ou em Fisioterapia Neurofuncional do Adulto e do Idoso. Vale destacar ainda que, apresentando o cumprimento dos demais requisitos citados, são proporcionadas periodicamente aos fisioterapeutas as “provas de título”, realizadas em grandes eventos que trata da fisioterapia, onde o profissional é submetido para de fato ser reconhecido como especialista em âmbito nacional. As atuações da especialidade foram fortalecidas em 2009, devido à criação da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN), instituição sem fins lucrativos que tendeu difundir e aumentar estudos que aperfeiçoassem a prática profissional desta especialidade no país. 1.1 Objetivo da Fisioterapia Neurológica Os fisioterapeutas que atuam na Fisioterapia Neurofuncional articulam ações de promoção, prevenção de agravos e restauração da capacidade funcional de pessoas com condições clínicas que comprometem o Sistema Nervoso Central (SNC) e/ou Sistema Nervoso Periféricas (SNP). 1.1.1 Tendo por objetivos gerais: 6 Verificar os déficits funcionais e, por meio de exercícios direcionados, requerer protótipos motores apropriados, melhoria da força, coordenação motora e equilíbrio; A melhora da capacidade funcional; Redução dos sintomas de alterações neurológicas, que incluam ou não problemas motores; Estimulo da autoconfiança e autoestima; Gerar socialização, experiências lúdicas ou educacionais; e vivências pré- profissionalizantes e lazer; Proporcionar uma reabilitação neurológica para readquirir máxima independência funcional possível. Regularizar o tônus postural; Aprimorar capacidades cognitivas e de memória; Otimizar a amplitude de movimento; Estimular as atividades de vida diária, a alimentação, o treinamento da bexiga e intestinos, a exploração vocacional e de lazer. De forma geral, a atuação da Fisioterapia Neurológica terá como objetivo primordial restabelecer o máximo de funcionalidade e independência, recuperando parcialmente ou totalmente as funções. Devido às sequelas de determinadas doenças e quando a função não puder ser restaurada em sua totalidade, o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional procurarão opções e alternativas para que o indivíduo consiga se manter da forma mais independente possível, para que o mesmo possa se reinserir na sociedade. 7 UNIDADE 2 – CONCEITO DE PLASTICIDADE NEURAL De acordo com CANAVARRO (2013), o termo “plasticidade” aplicado às neurociências foi utilizado, pela primeira vez, por volta de 1906, pelo psiquiatra italiano Ernesto Lugaro, que, mesmo sem saber da natureza química das transmissões sinápticas, chamou de plasticidade o aspecto adaptativo das relações anatomofuncionais entre os neurônios, postulando sua importância para a maturação psíquica. Chama-se plasticidade neural à capacidade de adaptação do sistema nervoso às mudanças nas condições do ambiente que ocorrem no dia a dia da vida dos indivíduos; em outras palavras, é o potencial dinâmico de reorganização do sistema nervoso durante o desenvolvimento, o aprendizado ou após uma lesão. Isso ocorre em função de diversos estímulos que variam desde o aprendizado de uma tarefa simples condições fisiológicas) até a reação a uma lesão (condições patológicas). Os mecanismos fisiopatológicos subjacentes à plasticidade neural podem ser identificados no nível: Microscópico: – modulações da eficácia sináptica, desmascaramento de sinapses, modificações fenotípicas e neurogênese; Macroscópico: – diásquise (diminuição ou perda de função em áreas adjacentes à lesão), redundâncias funcionais, substituição de vias e alterações morfológicas. Ao longo da história da neurociência, muitos dogmas envolveram a plasticidade neural. Aos poucos, afirmações como “a reorganização cortical só é possível na infância” ou “a plasticidade neural é um processo lento” foram caindo por terra. Na década de 1990, alguns experimentos desafiaram esses dogmas mostrando objetivamente o processo de reorganização cortical em adultos como um processo rápido em resposta a estímulos do meio (CANAVARRO, 2013). 8 O mapeamento cerebral por estimulação elétrica direta no decorrer de uma cirurgia mostrou que as mudanças plásticas podem ocorrer em tempo real, durante a retirada de tumores. O advento da estimulação magnética transcraniana tem sido muito útil para demonstrar, em humanos, eventos já observados em animais, tais como a plasticidade rápida e o remapeamento pós-lesão ou tarefa-dependente. Antes das descobertas referidas, porém, a abordagem fisioterapêutica neurofuncional baseava-se em teorias provenientes das escolas de pensamento correntes, como, por exemplo, a teoria reflexa ou a teoria hierárquica. Fundamentados nessas teorias, surgiam métodos e técnicas cujas premissas privilegiavam a facilitação do movimento ativo somente após a inibição da atividade reflexa ou, por outro lado, a utilização de reflexos para estimular o surgimento do movimento ativo. Com o crescente conhecimento dos mecanismos plásticos pós-lesão do sistema nervoso, a importância dos reflexos no movimento normal tem sido questionada. Os movimentos voluntários precisam responder de forma específica às mudanças do ambiente, que, por sua vez, acontecem rápido demais para que os reflexos possam ter tempo de influenciá-los. Sabe-se, pois, que o movimento normal em ambientes complexos é governado por um modo de controle preditivo, e não por um modo meramente reativo. Isso significa que uma estratégia de tratamento que enfatiza reflexos não prepara os pacientes para o mundo real. Em situações de lesão, as áreas cerebrais adjacentes às regiões danificadas podem assumir o papel destas, o que pode ocorrer independentemente da ação fisioterapêutica ou mesmo de forma indesejável. Além de não ser um processo lento, a plasticidade neural pode ocorrer em um período muito reduzido. O fisioterapeuta, como agente direcionador da plasticidade pós-lesão, deve utilizar todos os recursos disponíveis para possibilitar que o processo plástico se dê em benefício do paciente. 9 UNIDADE 3 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 1) Os tópicos abaixo revelam, de forma objetiva, os achados da pesquisa básica que são mais importantes para justificar e nortear a abordagem fisioterapêutica neurofuncional baseada em evidências, explicando sua repercussão na prática clínica, de acordo com CANAVARRO (2013). ** O cérebro adulto modifica-se em resposta às demandas do meio: Com essa assertiva, observa-se a importância em desvendar e utilizar mecanismos capazes de realizar as modificações cerebrais desejáveis após uma lesão no sistema nervoso central. No que tange à recuperação sensório- motora, há a valorização da imagem do fisioterapeuta como agente coordenador e direcionador dessa transformação. ** A plasticidade neural pode ocorrer de forma rápida. Mostra a importância de instituir precocemente um programa ativo de intervenção fisioterapêutica. Atenção ao fato de que a plasticidade pode ocorrer de pouco eficiente alterando o desempenho funcional futuro. ** O sistema nervoso central está organizado somatotopicamente e funcionalmente. As áreas do encéfalo e da medula são responsáveis por gerenciar determinadas funções em determinadas partes do corpo. Vê-se assim a importância do fisioterapeuta fazer o diagnóstico cinético-funcional, uma vez que a abordagem irá variar de acordo com o tipo de disfunção sensório - motora. ** As áreas de representação somatotópica são maiores ou menores em resposta à quantidade e à especificidade de utilização de uma dada parte do corpo. 10 Ressalta que, se, por um lado, o desuso pode aumentar as repercussões funcionais de uma lesão, o treinamento intensivo tem potencial para diminuí-las. Sendo assim, o planejamento adequado do programa de recuperação funcional é fundamental para os objetivos traçados. ** Para promover as mudanças plásticas, a intervenção motora deve ser ativa. Questiona a validade do uso de intervenção passiva com o intuito de promover as mudanças plásticas necessárias ao resgate funcional. ** O aprendizado motor é tarefa-específico. A intervenção fisioterapêutica deve ser específica para a atividade que se quer treinar, tanto do ponto de vista biomecânico como ambiental, ou seja, o treinamento deve ser realizado da forma mais semelhante possível à tarefa desejada. ** O aprendizado motor requer repetição. Para que as mudanças plásticas geradas pela intervenção ativa se consolidem, é necessário que o treinamento da tarefa seja repetido muitas vezes no mesmo atendimento e que este também ocorra com a maior frequência possível. 11 UNIDADE 4 – PLASTICIDADE NEURONAL E APLICAÇÃO NA RECUPERAÇÃO DO MOVIMENTO (PARTE 2) O papel do Fisioterapeuta é fundamental para o direcionamento das orientações e da execução do programa de tratamento de forma global. Sendo assim, seguem outros tópicos abaixo para reflexão. ** O ambiente de treinamento deve ser enriquecido. A abordagem fisioterapêuticadeve ser desafiadora, ou seja, o tratamento deve abordar as atividades que o paciente tem dificuldade, visando à sua superação. ** O ato de imaginar os movimentos ativa a circuitaria neural semelhante à ativada durante a execução real de movimentos. A intervenção ativa não precisa se basear apenas na execução real dos movimentos. A utilização concomitante de simulação mental e/ou observação dos movimentos pode ser indicada para a melhora da performance. . O fisioterapeuta neurofuncional, como agente direcionador do processo plástico para a recuperação funcional, faz o diagnóstico da disfunção sensório-motora e traça a conduta terapêutica adequada a esta. É necessário que o fisioterapeuta compreenda o tamanho da responsabilidade de ser o “professor do movimento”, especialmente diante das patologias do sistema nervoso. As adaptações podem ou não evoluir para melhora funcional, e uma abordagem fisioterapêutica que não seja pautada nas melhores práticas, além de não contribuir para a melhora do quadro, pode vir a piorá-lo de maneira irreversível. Cabe ao fisioterapeuta estabelecer o diagnóstico cinético- funcional, ou seja, identificar a síndrome apresentada e os fatores impeditivos do movimento no paciente, visto que a abordagem fisioterapêutica difere para cada tipo de disfunção sensório-motora apresentada. Isso significa que, dependendo da região do sistema nervoso afetada, haverá comprometimento de 12 um determinado aspecto do controle motor, fazendo com que pacientes com queixas semelhantes possam ter disfunções motoras com origens completamente diferentes, como ilustram os casos apresentados a seguir. Além da síndrome propriamente dita, o paciente poderá apresentar condições dolorosas prévias ou fraqueza e encurtamentos musculares secundários à imobilidade prolongada que contribuem para o quadro clínico apresentado. 13 UNIDADE05 – DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS E CONTROLE MOTOR Saber a função de cada estrutura encefálica é fundamental para entender as disfunções neurológicas que podem ocorrer em caso de lesão. A descrição abaixo sobre as áreas encefálicas, suas funções e disfunções são importantes para a percepção do Controle Motor (CANAVARRO, 2013). CORTEX MOTOR: ** CÓRTEX MOTOR PRIMÁRIO (M1): FUNÇÃO: É responsável pela execução dos movimentos em tempo real, controlando os parâmetros relacionados à execução de movimentos, tais como força e direção. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Hemiplegia ou hemiparesia contra-lateral à lesão, com presença de espasticidade após a fase aguda. ** ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR (AMS): FUNÇÃO: Está envolvida na representação e na preparação dos movimentos voluntários gerados internamente. Parece estar mais ligada a movimentos bilaterais e à ativação das unidades motoras distais. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Disfunções motoras complexas, tais como acinesia contralateral à lesão, dificuldade na coordenação bimanual e dificuldade em realizar movimentos autoiniciados; porém, é possível sua realização em resposta a pistas sensoriais. ** CÓRTEX PRÉ MOTOR (CPM) : 14 FUNÇÃO: Parece desempenhar funções similares às da AMS, mas em grupos musculares diferentes. Está relacionado a tarefas guiadas por uma pista sensorial, visual, auditiva ou somatossensorial. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Dificuldades para a realização de movimentos em resposta a estímulos sensoriais externos. CÓRTEX PARIETAL: FUNÇÃO: Está relacionado à sensação somática à imagem mental de uma ação, responsabilizando-se pela percepção das relações espaciais. O córtex parietal posterior é importante para a antecipação das consequências sensoriais de uma ação, como representação espacial e integração de informações sensoriais multimodais, viabilizando transformações de coordenadas que possibilitam, por exemplo, pegar um objeto no espaço. Está envolvido na capacidade de empregar utensílios e ferramentas, especialmente os que exigem posturas manuais complexas. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Anormalidades da autoimagem corporal, heminegligência espacial contralateral à lesão e apraxia. CÓRTEX OCCIPITAL: FUNÇÃO: Responsável pela visão. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Déficits de campo visual, agnosias visuais ou cegueira. CÓRTEX TEMPORAL: 15 FUNÇÃO: Concentra estruturas relacionadas à audição e à percepção das palavras (área de Wernicke) e, por meio de estruturas mais profundas (hipocampo e amígdala), controla aspectos como memória e emoção, identificação de faces e objetos conhecidos. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Afasia de compreensão, déficits de memória de curto prazo e prosopagnosia (dificuldade de reconhecer faces). DIENCÉFALO: ** TÁLAMO: FUNÇÃO: É o grande centro de processamento e transmissão de informações ao córtex. Seus núcleos estão relacionados à visão, à audição, a informações somatossensoriais, à comunicação com o sistema límbico, a núcleos da base e cerebelo. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: O aumento da inibição do tálamo pelos núcleos da base resulta em acinesia – síndrome parkinsoniana. A diminuição dos sinais de saída dos núcleos da base resulta em hipercinesia – por exemplo, coreia de Huntington. Alteração da sensibilidade, da regulação das respostas emocionais e da tomada de decisão. ** HIPOTÁLAMO: FUNÇÃO: Regula funções autonômicas, endócrinas e viscerais. 16 DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Disautonomias, hipotensão postural, hipertermia, etc. CEREBELO: FUNÇÃO: É responsável pelo sequenciamento das contrações musculares de uma dada ação. Compara o movimento pretendido com o movimento em curso, envolvido no aprendizado motor, na manutenção da postura e na regulação de reflexos oculares. DISFUNÇÃO CORRESPONDENTE: Distúrbios na sequência de ativação e na regulação temporal do movimento (dissinergia, dismetria, disdiadococinesia),dificuldade no aprendizado de tarefas motoras e na manutenção da postura, nistagmo. TRONCO ENCEFÁLICO: ** MESENCÉFALO: FUNÇÃO: Controla muitas funções sensoriais e motoras, inclusive o movimento dos olhos. Sítio onde se localizam os núcleos dos nervos cranianos III e IV. ** PONTE: FUNÇÃO: Converge as informações referentes ao movimento, oriundas do hemisfério cerebral, para o cerebelo. Sítio onde se localizam os núcleos dos nervos cranianos V, VI, VII e VIII. 17 ** BULBO: FUNÇÃO: Possui vários centros de controle de funções autonômicas vitais (respiração, digestão, etc.). Sítio onde se localizam os núcleos dos nervos cranianos IX, X, XI e XII. DISFUNÇÃO (MESENCÉFALO, PONTE E BULBO): São tantas as vias e núcleos que convergem para a região do tronco encefálico, que os efeitos de uma lesão podem ser devastadores, conduzindo à depressão de funções vitais, como consciência, respiração e controle cardiovascular, e evoluindo, frequentemente, para óbito. As sequelas motoras também podem ser gravíssimas, levando, muitas vezes, às chamadas “síndromes de encarceramento”. No entanto, embora exista potencial para uma lesão com repercussões catastróficas, as sequelas podem não ser de muita gravidade e limitar-se apenas à paralisia de um ou mais nervos cranianos. Concluindo, STOKES (2000) reafirma que se sabe que ocorre plasticidade substancial no desenvolvimento do sistema nervoso. Com o aprimoramentodos métodos de pesquisa, está ficando claro que significante plasticidade persiste na idade adulta. A aparente facilidade com que os mapas corticais podem ser alterados por aferências periféricas tem significância especial, assim como a sugestão de que alguns elementos do mecanismo de guia embrionária para inervação específica de músculos ainda podem estar preservados no adulto. Depois de lesão ou de doença, algumas respostas plásticas favorecem a recuperação, mas outras são contraproducentes. Quando os músculos subjacentes forem mais bem compreendidos, será possível regular a plasticidade mais precisamente, o que teria implicações importantes para a fisioterapia. 18 UNIDADE 6 - IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA - INTRODUÇÃO Nessa etapa, observam-se então alguns procedimentos da anamnese, que são fundamentais para a coleta de dados e elaboração das hipóteses diagnósticas, tais como: Identificação: Idade, cor, sexo, naturalidade, profissão. Queixa Principal: usar as palavras do paciente História da doença atual: início e modo de instalação. Dirigir a história quanto à evolução (lenta como nas doenças musculares progressivas, progressiva em tumores e doenças degenerativas, surtos como na esclerose múltipla, paroxística como na epilepsia, enxaqueca e histeria); sono, perdas de consciência, etc. O início súbito deve ser diferenciado, por exemplo, de um início rápido. O primeiro caso lembra a ruptura de um aneurisma cerebral, enquanto que o segundo lembra a instalação de acidente vascular cerebral isquêmico. O início insidioso lembra lesão expansiva ou doenças, lentamente, progressivas como a Doença de Parkinson e a Doença de Alzheimer. O tipo de evolução ajuda no raciocínio do diagnóstico etiológico. Um exemplo sobre a evolução estacionária indica uma doença que deixa seqüela, como por exemplo um trauma medular ou hemorragia cerebral. Se no decorrer dos dias ou meses houver melhora dos sinais e sintomas, a evolução é chamada de regressiva. A evolução progressiva lembra algumas patologias que aumentam com o tempo, como as doenças degenerativas e as lesões expansivas. A evolução paroxistica e recidivante diferem apenas na duração dos sintomas. No primeiro tipo, os sinais e sintomas podem durar por minutos ou poucas horas (como por exemplo uma crise epiléptica ou enxaqueca) 19 enquanto no segundo tipo, os sinais e sintomas poderão durar meses (ex. Esclerose Múltipla) e depois regredir, total ou parcialmente. História física: gestação, parto e desenvolvimento psicomotor. História da patologia pregressa: questionamentos sobre acidentes e traumatismos, cirurgias, alergias, etc. História pessoal/ Social: condição de habitação e alimentação (avitaminoses, neuropatias carenciais), vícios, trabalho e condições emocionais (histeria e simulação). História Familiar: questionar sobre patologias hereditárias, eventos que podem ser determinantes para a história do próprio paciente. Medicações e alergias: medicações utilizadas, posologia, alergias e interações que podem apresentar risco à saúde do paciente. Concluindo esse tópico, destacam-se a importância da avaliação neurofuncional e anamnese, principalmente no que diz respeito aos procedimentos iniciais dessa etapa. 20 UNIDADE 7 – EXAME DA MOTRICIDADE I - INTRODUÇÃO Considerado um capítulo à parte na semiologia neurológica, a avaliação da motricidade engloba alguns aspectos como: avaliação da motricidade voluntária, da força muscular, do tônus muscular, equilíbrio e coordenação. Motricidade Voluntária: avaliada através da inspeção e solicitação de movimentos voluntários, considerando simetria, velocidade e etc. Avaliar motricidade fina através de atividades funcionais por ex. A avaliação da Motricidade será realizada em quatro etapas: • Reflexos • Tônus muscular • Força muscular • Coordenação Avaliação de Reflexos: O Reflexo é uma resposta involuntária a um estímulo sensorial. O teste dos reflexos é a parte mais objetiva do exame neurológico. REFLEXOS PROFUNDOS São obtidos pela percussão do tendão ou aponeurose do músculo examinado, evitando-se sempre percutir se ventre. A percussão do tendão provoca um estiramento do músculo e ativação dos fusos neuromusculares enviando uma mensagem para a medula e produzindo uma contração reflexa. Alterações mais freqüentemente encontradas: hiperrreflexia e hiporreflexia. Os reflexos profundos são fundamentais na avaliação de fraqueza: Fraqueza + hiperreflexia - lesão de 1º neurônio motor (lesão piramidal). Fraqueza + hiporreflexia - lesão de 2° neurônio motor. 21 Os reflexos testados nas extremidades superiores: do bíceps, do tríceps, do braquiorradial, do flexor dos dedos. Reflexos das extremidades inferiores: patelar, aquileu, dos adutores da coxa. REFLEXO BICIPITAL Resposta principal: contração do músculo bíceps com flexão do cotovelo (antebraço) (Raiz de C5-C6). REFLEXO TRICIPITAL Testado acima do olécrano cubital. A resposta esperada é a contração do músculo tríceps com extensão do cotovelo (antebraço). (Raiz de C7 – C8). REFLEXO BRAQUIRADIAL Testado logo acima do processo estilóide do rádio. A resposta esperada é a flexão do cotovelo com supinação variável. (Raiz de C5-C6). REFLEXO PATELAR Percussão no tendão patelar, tracionando a patela para baixo e alongando o quadríceps em contração reflexa (Raiz de L2-L4). Resposta esperada: extensão do joelho. REFLEXO AQUILEU Percussão do Tendão Aquileu com flexão plantar do pé como resposta. (Raiz L5-S2). REFLEXOS SUPERFICIAIS Comumente são pesquisados pela estimulação de regiões cutâneas ou mucosas; sendo polissinápticos (diferentemente dos profundos). Têm resposta mais lenta e se fadigam mais facilmente que os profundos. Apresentam-se abolidos por lesões do trato piramidal (reflexos profundos aumentados + reflexos superficiais diminuídos ou ausentes). Os reflexos superficiais obtidos mais freqüentemente são o abdominal e o cremastérico. REFLEXO CUTANEOABDOMINAL 22 Distinguimos os reflexos cutaneoabdominal superior (supra-umbilical), médio (umbilical) e inferior (infraumbilical). A testagem ocorre com paciente em decúbito dorsal. Estimula-se por meio de uma espátula a região abdominal a ser avaliada, sempre no sentido láteromedial. Resposta: desvio da cicatriz umbilical e da linha alba para o lado estimulado. REFLEXO CREMASTÉRICO Passar espátula na face interna da coxa, que produz como resposta a elevação rápida do testículo ipsilateral. O que é importante observar? Inicialmente, a variação individual nas respostas, assimetrias e outros sinais patológicos associados. INTERPRETAÇÃO DOS REFLEXOS PROFUNDOS: 23 UNIDADE 8 – EXAME DA MOTRICIDADE II – AVALIAÇÃO DO TÔNUS (PARTE 1 ) Tônus é o estado de relativa tensão em que se encontra permanentemente um músculo normal em repouso. As alterações do tônus podem ser de aumento (hipertonia), diminuição (hipotonia) ou ausência completa (atonia). Tônus muscular clinicamente é a resistência encontrada quando uma articulação em um paciente em estado de relaxamento é movida passivamente. Tônus é a resistência de um músculo ao alongamento passivo ou estiramento (STOKES, 2000). A resistência se deve a fatores como a inércia física, rigidez mecânico- elástica intrínseca do músculo e dos tecidos conjuntivos e a contração muscular reflexa (reflexo tônico de estiramento). Como raramente um músculo trabalha isoladamente, é fundamentalconsiderar a interferência de todos os tecidos moles quando se avalia o tônus muscular. Na prática o tônus muscular pode ser avaliado de duas maneiras. Segurando-se um membro relaxado do paciente e movendo enquanto observa- se a quantidade de esforço necessária para superar a resistência – o tônus muscular. Alternativamente, pode-se observar como um membro responde a uma agitação ou ser solto subitamente, quanto maior a resistência ao movimento mais rígido o membro se comporta. Paralisias com hiporreflexia e hipotonia são denominadas paralisias flácidas. Caracterizam a chamada Síndrome do Neurônio Motor Inferior ou Periférico, que resulta de lesão dos neurônios motores da coluna anterior da medula (ou dos núcleos motores dos nervos cranianos). Nestes casos, ocorre também em pouco tempo atrofia da musculatura inervada por perda da ação trófica dos nervos sobre os músculos. 24 Paralisias com hiper-reflexia e hipertonia são denominadas Paralisias Espásticas. Ocorrem na síndrome do neurônio motor superior ou central, onde a lesão localiza-se nas áreas motoras do córtex cerebral ou nas vias motoras descendentes, em especial no tracto córtico-espinhal. Neste caso a atrofia muscular é muito discreta, pois os músculos continuam inervados pelos neurônios motores inferiores e o sinal de Babinski é positivo. Hipertonia A hipertonia apresenta dois tipos conhecidos: a espasticidade e a rigidez. Diferem quanto a causa e a significância clínica. 25 UNIDADE 9 – EXAME DA MOTRICIDADE III – AVALIAÇÃO DO TÔNUS (PARTE 2) Espasticidade A espasticidade pode ser definida como a resistência dependente da velocidade, ao estiramento passivo de um músculo, com reflexos tendíneos exagerados. Assim, quanto mais amplo e rápido o alongamento, mais forte a resistência do músculo espástico. Inicialmente o alongamento produz uma resistência alta, seguida por uma inibição súbita ou uma liberação da resistência, denominada de resposta ou sinal de canivete. O clônus é caracterizado por uma alternância cíclica espasmódica de contração e relaxamento muscular em resposta ao alongamento mantido de um músculo espasmódico. O clônus é comum nos flexores plantares, mas pode ocorrer em outras áreas do corpo como a mandíbula ou o punho. Características Clínicas da Espasticidade A espasticidade é reconhecida clinicamente por: 1) Padrão característico de comprometimento de certos grupos musculares; 2) Maior responsividade dos músculos ao estiramento; 3) Reflexos tendíneos muito aumentados A espasticidade afeta predominantemente os músculos antigravitários, ou seja, os músculos flexores dos membros superiores e os extensores dos membros inferiores. Consequentemente os membros superiores tendem a assumir postura flexionada e em pronação, enquanto os membros inferiores em geral ficam extensão e adução. Essa postura comumente é vista no hemicorpo comprometido por um acidente vascular encefálico. O estiramento de um músculo de um paciente com espasticidade resulta em contração reflexa exagerada. Essa maior responsividade ao estiramento 26 muscular é resultado de um aumento do reflexo de estiramento miotático e de redução do seu limiar e da velocidade de estiramento. Importância Clínica da Espasticidade A espasticidade é uma das características principais de Síndromes de Neurônio Superior (SNMS). Em presença de espasticidade devem-se pesquisar lesões nos neurônios motores superiores, em todos os pontos, desde o córtex até os motoneuronios da medula espinhal. ESCALA DE ASHWORTH A Escala de Ashworth é a mais citada na literatura para avaliação do tônus muscular em pacientes que apresentam disfunção do SNC. É uma escala qualitativa para avaliação do grau de espasticidade, que é medida de acordo com a resistência oferecida ao movimento angular de um segmento movido de forma rápida e passiva por um examinador. 27 UNIDADE 10 – EXAME DA MOTRICIDADE IV – AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR Força Muscular: Avaliar simetria, utilizar a Escala de Avaliação de Força Muscular, graduada de 0 a 5, tal como a descrição abaixo: 28 Alterações (terminologia): Paresia (diminuição de força) Ex: hemiparesia à esquerda ou à direita; paraparesia (membros inferiores); tetraparesia (membros superiores e inferiores); Plegia (ausência de movimento, paralisia completa); hemiplegia à esquerda ou à direita; paraplegia (membros inferiores); tetraplegia (membros superiores e inferiores) A manobras deficitárias podem ajudar a perceber discretas alterações de força e simetria entre os membros e são de grande utilidade principalmente para a demonstração de paresias pouco acentuadas, dependentes de lesão piramidal. Servem para estabelecer a distinção entre as paralisias orgânicas e as funcionais. As provas deficitárias mais importantes são: Manobra de Mingazzini — Paciente em decúbito dorsal; coxas dispostas verticalmente e fletidas sobre a bacia, em angulo de 90°; pernas também fletidas sobre as coxas em angulo reto. Normalmente, o indivíduo mantém essa posição, sem dificuldade, durante algum tempo. Nos casos de lesão da via motora podem- 29 se observar: queda isolada da perna, ou queda isolada da coxa, ou queda simultânea da perna e da coxa. Manobra de Barre — Paciente em decúbito ventral; pernas fletidas sobre as coxas, angulo reto. Esta posição, mantida por alguns minutos sem maior esforço, não persiste se houver déficit dos músculos flexores das pernas, causando quedo de um dos segmentos. Manobra de Raimiste — Paciente em decúbito dorsal, antebraços fletidos em angulo reto sobre os braços e mãos dispostas verticalmente, como os antebraços. Conforme o grupo muscular afetado, pode observar-se queda, para fora ou para dentro, do antebraço, da mão ou apenas dos dedos. UNIDADE 11 - EXAME DA MOTRICIDADE V – AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO E EQUILÍBRIO Quando examinamos a marcha, o equilíbrio e a motricidade voluntária é possível detectar distúrbios da coordenação (ataxias). As manobras descritas abaixo fazem parte da avaliação da Coordenação: Manobra calcanhar-joelho – MMII: paciente em decúbito dorsal, solicitar que encoste o calcanhar direito, por exemplo, sobre o joelho oposto e, em seqüência, deslizar o calcanhar sobre a crista da tíbia. Pode ser realizado em 2 etapas: com olhos abertos e depois sem controle visual. Assim, constataremos se a ataxia é cerebelar ou sensitiva (neste último, ocorre piora ao abolir o controle visual). Considerar se é uni ou bilateralmente, simétrica ou assimétrica. Manobra índex-nariz - MS em total abdução, e com indicador em extensão, tocar a ponta do indicador na ponta do próprio nariz, com e sem controle visual. Testar ambos membros superiores separadamente. Disdiadococinesia: incapacidade de executar movimentos coordenados e alternados, como por exemplo, pronação e supinação das mãos. 30 Manobra do rechaço (Stewart-Holmes): incapacidade de interromper um movimento quando se retira a oposição ao mesmo (proteger o rosto do paciente para evitar que a continuidade do movimento o machuque). AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO: Deve ser testado o equilíbrio estático e dinâmico. Estático A testagem do equilíbrio estático dever ser realizada de pé, parado, com os pés juntos e paralelos (com olhos abertos e olhos fechados) – Observara postura, oscilações e ‘dança dos tendões’ – Oclusão palpebral (sinal de Romberg) – Manobras sensibilizadoras: empurrões, apoio unipodal. Dinâmico A testagem do equilíbrio dinâmico ocorre durante o exame da marcha (com olhos abertos e fechados) quando alguns pontos devem ser destacados: – Observar a postura, balanço dos membros superiores, aumento da base, irregularidade dos passos, desvios... – Caminhar encostando o hálux no calcanhar a cada passo Distúrbios de Coordenação e Equilíbrio: ATAXIA Denominada a falha da coordenação muscular que se traduz por irregularidade ou incapacidade de realizar correta e sincronicamente um movimento. Classificada em: • Ataxia cerebelar: decomposição irregular do ajuste fino da postura e dos movimentos, normalmente controlados pelo cerebelo e suas conexões. O termo aplica-se à função motora dos membros, tronco, olhos e musculatura bulbar. Alguns sintomas são observados: • DISTURBIOS DA MARCHA: Sintoma de apresentação mais comum queixam-se de incapacidade para deambular em linha reta ou para alterar a direção da marcha. 31 • INCOORDENACAO DOS MEMBROS E TREMORES - Membro “estabanado” ou “desajeitado” - Dificuldade para atingir objetos, para abrir fechadura para colocar água no copo, etc. - Em geral: instalação tardia, depois da ataxia de marcha • DISARTRIA - Fala indistinta, pastosa - Tremor de ação, efeito de ação em massa • SINTOMAS VISUAIS - Visão dupla, borramento visual, dificuldade olhar para baixo, perda visão • OUTROS - vômito, vertigem, alterações esqueléticas, cardíacas, etc • Ataxia sensitiva: possui como característica clinica fundamental na testagem do Sinal de Romberg, a piora acentuada com os olhos fechados marcha talonante . • alteração da sensibilidade vibratória • alteração sensibilidade cinético-postural. • Ataxia vestibular: paciente apresenta a tendência ao desvio para um lado - marcha em estrela (desvios para lados opostos). Classificadas em: adquiridas, hereditárias e esporádicas (sem etiologia). • Ataxia frontal: paciente encontra-se com base alargada quando parado, ocorre um aumento do balanço na marcha (quedas), perda controle tronco, marcha lenta, desequilibrada e hesitante. Observa-se também uma dificuldade inicio marcha. Como diagnóstico diferencial para a Ataxia Cerebelar observa-se ausência de ataxia dos membros, ausência de disartria e ausência de nistagmo. 32 UNIDADE 12 – DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO, SINDRÔMICO E TOPOGRÁFICO EM LESÕES NEUROLÓGICAS. Introdução: Nessa fase das aulas, destaca-se a importância da definição de alguns termos fundamentais para a discussão dos tipos de lesões neurológicas e os tratamentos correspondentes. O DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO é o conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma determinada doença. O DIAGNÓSTICO TOPOGRÁFICO está relacionado à região afetada. Quando direcionamos a nossa investigação para os fatores causais da lesão ou a alteração relacionada estamos falando do DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO. FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL EM PACIENTES COM LESÃO DE PRIMEIRO NEURÔNIO: 33 Existem diversas etiologias relacionadas as lesões de primeiro neurônio tais como: Trauma, quando produzem um Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) ou uma Traumatismo Raquimedular (TRM); Tumores; os Acidentes Vasculares Encefálicos (AVE); a Esclerose Múltipla (EM); entre outros. A topografia desse tipo de lesão é definida com um lesão central, acometendo o encéfalo e a medula. As características principais desse da Síndrome do Primeiro Neurônio são: diminuição (paresia) ou abolição (paralisia) da força muscular, hiperreflexia – espasticidade (lesão da viaretículo-espinhal?), sinal de babinski, clôno A sintomatologia pode ser ipsilateral, quando é uma lesão abaixo das pirâmides do bulbo, ou contralateral à lesão, quando acontecem acima das pirâmides do bulbo. FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL EM PACIENTES COM SÍNDROMES EXTRAPIRAMIDAIS Introdução A Etiologia está relacionada à Doença de Parkinson e doenças que causem movimentos involuntários. Pode ser também o AVC, trauma (TCE), ou EM. Na verdade, a topografia é o determinante. A lesão deve ser nos núcleos da base. As síndromes extrapiramidais se caracterizam por serem HIPERCINÉTICAS – com movimentos involuntários (coréia, atetose, balismo...); HIPOCINÉTICAS - marcha em passos curtos (PETIT PASS). Apresentam também característica a mudança do centro de massa – garantindo uma postura em flexão); a fácies parkinsoniana (inexpressiva); tremor de repouso; a hipertonia plástica; a bradicinesia (movimentos lentos) e a demora do indivíduo para responder aos estímulos. FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL EM PACIENTES COM SÍNDROMES CEREBELARES 34 Introdução A Etiologia pode estar relacionada ao AVC, trauma (TCE), ou EM. Na verdade, a topografia é o determinante. A lesão deve ser no cerebelo ou em suas vias características da síndrome cerebelar. As Síndromes Cerebelares se caracterizam por alterações do equilíbrio estático, alargamento da base de sustentação, alterações do equilíbrio dinâmico (marcha ebriosa), hipotonia muscular, hiporreflexia profunda, ataxia motora provocando dismetria, decomposição dos movimentos, disdiadococinesia e a diadococinesia, nistagmo e disartria. A sintomatologia é ipsilateral à lesão. FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL EM PACIENTES COM LESÕES NERVOSAS PERIFÉRICAS Introdução: Nesse tipo de lesão, a Etiologia pode ser por trauma; tumores; poli ou mononeuropatias periféricas; alcoolismo, diabetes, vírus,etc. A Topografia está relacionada a lesões de raizes motoras, lesão nervosa periférica (em nervos periféricos), espinhais ou cranianos. As Características da síndrome do segundo neurônio são atrofia, flacidez, paralisia – arreflexia ou hiporreflexia, alteração de sensibilidade (se o nervo lesionado for sensitivo ou misto). Importante ressaltar que a sintomatologica é IPSILATERAL À LESÃO. 35 UNIDADE 13 – FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL NA PREVENÇÃO DA SÍNDROME DA IMOBILIDADE Introdução Chama-se de Síndrome da Imobilidade o conjunto de alterações que ocorrem no indivíduo acamado por um período prolongado. Importante ilustrar que de 7a10dias chama-se de período de repouso; de 12 a 15 dias chama-se período de imobilização e apenas a partir de 15dias denomina-se período prolongado de repouso. Os efeitos da imobilização são definidos como uma redução na capacidade funcional dos tecidos osteomuscular, conjuntivo, articular, respiratório, metabólico, gastrointestinal, geniturinários entre outros. O desuso acarreta em: Diminuição do número de sarcômeros; Aumento da proliferação de tecido conjuntivo; Diminuição da síntese protéica; 36 Atrofia; Descondicionamento cardíaco e muscular esquelético; Contraturas e degeneração articular; Osteoporose; Diminuição da flexibilidade dos tecidos moles. Para cada semana de imobilização completa no leito um paciente pode perder de 10 a 20% de seu nível inicial de força muscular. Por volta de 4 semanas, 50% da força inicial pode estar perdida. A imobilidade também pode alterar o estado emocional do indivíduo levando a condições como ansiedade, apatia, depressão, labilidade emocional, isolamento social, entre outros. Objetivos de Tratamento A prevenção da Síndrome do Imobilismo é fundamental para a recuperação funcional em fases futuras,minimizando os efeitos negativos do imobilismo principalmente quando instalados. Diminuir o tempo de internação também auxilia esse processo, principalmente estimulando a movimentação no leito, a independência nas atividades e a deambulação. A Prevenção complicações pulmonares e a resolução de patologias pulmonares instaladas também são pontos importantes na otimização da recuperação do paciente. Outros objetivos importantes são: evitar complicações circulatórias como a hipotensão ortostática; reduzir a dor; manter a força muscular e a amplitude de movimentos; evitar encurtamentos musculares, atrofias e contraturas; melhorar mobilidade e flexibilidade, coordenação e habilidade; prevenir e tratar o edema; prevenir posturas viciosas; prevenção de escaras. Tópicos importantes no Tratamento Fisioterapêutico: Posicionamento correto no leito; Mobilização passiva, ativa, resistida, Mudanças de decúbito; Diminuição da pressão nas proeminências ósseas; Colocar o paciente regularmente sentado e de pé, indicar o uso de meias elásticas, estimular a bomba tibio‐társica, cuidado no momento de se levantar; postura de drenagem (prevenção da HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA e EDEMA). 37 UNIDADE 14 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 1 ** BIOFEEDBACK COM EMG ** Tem o objetivo de fornecer informações ao paciente acerca do estado da atividade elétrica de um determinado músculo. TÉCNICA: Eletrodos de eletromiografia (EMG) são colocados no músculo, ou nos músculos, de interesse para um determinado movimento. Após uma contração VOLUNTÁRIA, um monitor mostra ao paciente a intensidade da contração que ele conseguiu fazer para determinado músculo. O Fisioterapeuta marca no monitor o grau de contração que o paciente deve alcançar. O feedback informa ao paciente se ele chegou ou não ao objetivo através de estímulos auditivos, visuais (figuras que mudam de forma, mudam de cor, etc) ou audiovisuais. Pode-se solicitar ao paciente que aumente o nível de contração para melhorar a ativação de um músculo ou pedir que diminua o nível de contração, quando se objetiva o relaxamento do antagonista, ou a diminuição do grau de espasticidade ou a diminuição da co-contração (ativação simultânea do agonista e antagonista). Através do feedback o paciente pode melhorar seu desempenho tentando a cada contração atingir o objetivo. 38 Tipos de eletrodos: * agulha: * de superfície: mais fácil de acessar o mesmo músculo em sessões subseqüentes; melhor para estudo dinâmico. O sinal que é detectado pelo eletrodo depende de alguns fatores como a distância entre a fibra muscular e o sítio de aquisição. Quanto menor a área do eletrodo, menor a captação da soma da atividade das unidades motoras. INDICAÇÕES: Aumentar o controle sobre a contração de um determinado músculo Melhorar a contração de um determinado músculo em relação ao seu antagonista Relaxar um músculo Diminuir a co-contração Pode ser usado para informar outros parâmetros que não a contração muscular: deslocamento do centro de gravidade para treinar o equilíbrio; frequência cardíaca; comprimento do passo; OBS: é importante que o paciente seja capaz de colaborar e compreender os comandos. ** ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA ** Pode ser Funcional (FES = estimulação elétrica funcional) quando uma corrente elétrica é aplicada durante o treinamento de uma ação com objetivo. A outra opção é a Não Funcional, apenas com o objetivo de treinamento muscular (EENM = estimulação elétrica neuromuscular). PONTO MOTOR: 39 Local onde o nervo entra em contato com o músculo antes de se ramificar. O eletrodo de estimulação aplicado nessa região otimiza o recrutamento das fibras musculares. Importante procurar com o eletrodo de caneta o ponto onde a estimulação, numa dada intensidade, provoca a maior contração. Então, colocar um eletrodo sobre o ponto motor e o outro ao seu lado. OBS: quando o músculo atinge 50% da força muscular, quase todas as unidades motoras já foram recrutadas. Para aumentar mais a força será necessário aumentar a frequência dos pulsos de potencial de ação. Na contração fisiológica de um músculo, as primeiras fibras recrutadas são as lentas (Tipo I) e posteriormente as fibras rápidas (Tipo II). Quando usamos a estimulação elétrica as primeiras fibras recrutadas são as do tipo II. Esse é um fator positivo para pacientes que sofreram AVE, por exemplo, pois as fibras que mais perdem são as do tipo II. Fundamental é pedir a contração voluntária junto com a estimulação elétrica para aumentar o recrutamento das fibras do tipo I. Como as fibras Tipo II fadigam mais rápido existe um aumento do gasto energético do paciente e com o tempo há aumento do condicionamento do músculo treinado. APLICAÇÕES EENM para diminuir contraturas e aumentar o AM passivo/ aumentar a FM e aumentar o AM ativo/ para controle da espasticidade (aplicação no músculo afetado ou no seu ANTAGONISTA). Ex: flexores do punho espásticos = estimular os extensores de punho. Flexores de punho espásticos = estimular os próprios flexores. Alternar a contração de músculos AGO e ANTAGONISTAS para melhorar o controle do movimento. Usar EENM contra resistência em pacientes PARAPLÉGICOS ou TETRAPLÉGICOS, para fortalecimento dos membros afetados com pesos, melhora da circulação e/ou condicionamento cardiovascular na bicicleta. 40 Usar EENM com resistência para pacientes fracos para aumentar a capacidade de um músculo em se contrair sem associar com movimentos funcionais (condicionamento periférico). Prevenir ou tratar atrofia muscular FES para melhorar a contração de mm enfraquecidos durante uma função (dorsi de pé na marcha, ext de punho para pegar um objeto, treinar a marcha, etc). UNIDADE 15– TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 2 ** REALIDADE VIRTUAL (Virtual reality-based rehabilitation) ** É uma simulação do mundo real com a qual o paciente pode interagir. O paciente se sente dentro da cena que está vendo e tem que reagir aos obstáculos que lhes são impostos. Ex: um terreno acidentado simulando uma estrada onde carros passam, há buracos, pessoas, pontes, degraus, etc. Alguns videogames modernos podem ser usados para estimular o movimento desses pacientes em jogos, danças ou tocando instrumentos. Podem ser mais simples como um braço que deve pegar objetos. Os pacientes usam luvas ou sensores que permitem a leitura de seus movimentos. Alguns videogames modernos podem ser usados para estimular o movimento desses pacientes em jogos, danças ou tocando instrumentos (Wii, Kinect Xbox) Ainda são necessários mais estudos que comprovem sua eficácia na reabilitação. ** TERAPIAS COGNITIVAS ** PRÁTICA MENTAL IMAGÉTICA MOTORA: 41 A habilidade de se imaginar executando um movimento sem de fato fazê- lo. Um estado dinâmico no qual a representação de um ato motor especifico é ativada internamente sem que ocorra nenhum tipo de contração na periferia corporal. Propriedades da Imagética Motora Quando imaginamos uma ação, ocorre ativação das mesmas áreas que ativaríamos se estivéssemos realizando aquela ação. O tempo gasto na simulação mental de um movimento é similar ao gasto durante a sua execução; Imagética motora modula as respostas vegetativas; Regiões cerebrais similares são ativadas durante a imaginação e a execução de um movimento; Imaginar um movimento melhora a performance do mesmo (aprendizado motor). OBS: Imagética em primeira pessoa versus terceira pessoa. Primeira é mais eficaz. Quandoa imagética é usada para aumentar o desempenho em uma tarefa, ou seja, o indivíduo imagina a execução de uma tarefa por várias vezes, é chamada de PRÁTICA MENTAL. É uma técnica muito usada por atletas. Pedir ao paciente que imagine a realização de uma tarefa na qual ele ainda é inábil pode melhorar o desempenho nessa tarefa. É mais eficaz quando associada à prática física (execução do movimento). 42 UNIDADE 15 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 2 OBSERVAÇÃO DO MOVIMENTO Quando observa-se uma ação, parte do sistema motor se torna ativo como se estivéssemos executando aquela ação que estamos observando, mesmo que estejamos parados. Existem pesquisas que demontram que além de haver ativação das áreas visuais quando observa-se uma ação, existem também neurônios nos lobos frontal e parietal que disparam quando estamos fazendo uma ação e quando estamos observando aquela mesma ação. Como usar? Dar ênfase ao feedback visual para facilitar o desempenho nas tarefas. Pedir ao paciente olhar o terapeuta realizando uma tarefa, ou pedir para o paciente olhar para o lado não acometido enquanto realiza uma tarefa e depois olhar para o lado afetado durante a realização da mesma tarefa. TERAPIA DO ESPELHO 43 Colocar um espelho entre os braços do paciente. A mão afetada fica atrás do espelho e a sadia na frente. O paciente deve realizar movimentos com a mão sadia olhando para o espelho. O reflexo da mão sadia fará parecer que a mão afetada está se movendo e isso ativará áreas do cérebro relacionadas com o movimento da mão afetada podendo melhorar o desempenho do paciente no movimento observado. Essa técnica é baseada nos conceitos do pesquisador Ramachandra ao estudar amputados com membro fantasma. O fisioterapeuta deve mover o membro afetado do paciente que está atrás do espelho (feedback cinestésico e visual) Como colocar em prática essas abordagens dentro de um programa de tratamento? Durante o tratamento com o fisioterapeuta Junto ao terapeuta ou não; Exercícios domiciliares. Limitada adesão ao tratamento: Após uma lesão encefálica os pacientes podem apresentar fadiga, déficits cognitivos, atencionais,alterações comportamentais, depressão... • Afasia de compreensão; • Depressão grave; • Alteração cognitiva importante; • Dor incapacitante; • No caso da imagética, paciente com perda do acesso às representações motoras. 44 UNIDADE 16 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 3 ** TRIM - Terapia de restrição e indução do movimento ** (Constraint- induced movement therapy) Taub demonstrou que macacos com uma pata dianteira deaferentada (raízes dorsais = sensitivas, cortadas) paravam de mexer aquele membro. Quando as duas patas dianteiras eram deaferentadas, eles voltavam a usá-las. Quando ele deaferentava apenas uma pata dianteira e continha a outra com uma tipóia, o macaco também voltava a usar aquela pata. Baseado nessas informações, Taub sugeriu a teoria do desuso aprendido, que significa que o lado afetado tem habilidade potencial que é desperdiçada pelo excesso de confiança no membro não–afetado. A TRIM pode ser usada tanto na fase aguda quanto crônica. Em pacientes com hemiparesia crônica a restrição é feita para ajudar os pacientes a superar o desuso aprendido, chamar atenção para o lado afetado, estimular o movimento do lado afetado. Nos pacientes em fase aguda isso pode ser visto como uma forma de prevenir a adoção de estratégias de compensação com o membro não afetado. 45 UNIDADE 17 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 4 A TRIM possui dois componentes: 1) Contensão da extremidade menos afetada usando tipóia gessada (radical, menos usada) ou tipóia de esponja. 2) Atividades adaptadas ou SHAPING. Prática de exercícios com o membro afetado. Começar com movimentos simples (levantar um copo) e evoluir para movimentos complexos (colocar cadarço no tênis). SHAPING: - fornecer feedback verbal - evoluir de tarefas simples = virar peças de dominó - até tarefas complexas Ex.: pegar grampos e colocar num frasco. Fatores que podem afetar o tratamento Síndrome ombro mão; Encurtamentos e contraturas; Alteração de sensibilidade superficial e/ou profunda; Alteração visual; Alteração auditiva; 46 Espasticidade severa; Alteração do equilíbrio... UNIDADE 18 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 5 ** PNF - Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva ** O método Kabat é mais do que uma técnica. É uma filosofia de tratamento e a base desta filosofia está no conceito de que todo ser humano, incluindo aqueles portadores de deficiência, tem um potencial ainda não explorado. Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) é um método que promove e acelera a resposta dos mecanismos neuromusculares através da estimulação dos receptores do sistema nervoso. Baseia-se na utilização de movimentos e posturas com fins terapêuticos e procura entender o movimento e a postura normal para realizar a aprendizagem ou reaprendizagem quando estes movimentos ou postura estão alterados. Foi desenvolvida por Herman Kabat e seu trabalho foi continuado e expandido por Margaret Knott. Herman Kabat estava interessado no tratamento de pacientes com “paralisia”, e enfatizava a importância da excitação central. A força de contração muscular é diretamente proporcional ao número de unidades 47 motoras ativadas, as quais obedecem à lei do “tudo ou nada”. O funcionamento destas é dependente do grau de excitação dos motoneurônios. Logo, o principal alvo deste método é estimular o maior número de unidades motoras em atividade e ativar todas as fibras musculares remanescentes. As técnicas de FNP baseiam-se principalmente na estimulação dos proprioceptores para aumentar a demanda feita ao mecanismo neuromuscular, para obter e simplificar suas respostas. A importância dos proprioceptores, em particular do fuso muscular, foi reconhecida como um fator-chave na facilitação da contração dos músculos. Baseado nesta filosofia, certos princípios são básicos para o método: - Qualquer ser vivo possui um potencial e para se desenvolver este potencial é oferecer uma demanda. - Cada indivíduo é considerado como um todo, integrando estímulos sensoriais, motores e psicológicos, por isso todo o tratamento deve ser direcionado ao ser humano, e não a um problema específico. - A demanda sobre o paciente é orientada funcionalmente durante o tratamento. - Se o paciente tem sucesso, acaba se motivando mais. - O tratamento é iniciado no nível funcional do paciente, progredindo para atividades mais complexas. - São utilizadas atividades que acompanham a sequência do desenvolvimento motor normal. - O ser humano não se movimenta em plano reto, mas num movimento tridimensional. - Respeitar o tempo do movimento. - Atingir a resposta máxima é a forma mais eficaz de alcançar consciência, força, coordenação e endurance. 48 - A repetição da resposta é utilizada para aumentar ou promover e manter a aprendizagem motora. Didaticamente o método se divide em processos básicos que fornecem ao terapeuta ferramentas necessárias para ajudar seus pacientes a atingir uma função motora eficiente. Essa eficiência não depende necessariamente da colaboração do paciente e esses procedimentossão usados para: aumentar a habilidade do paciente em mover-se e permanecer estável, guiar o movimento com a utilização de contatos manuais adequados e de resistência apropriada, ajudar o paciente a obter coordenação motora e sincronismo, aumentar a histamina do paciente e evitar a fadiga. UNIDADE 19 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 6 Os processos básicos são: padrão de facilitação, estímulo de estiramento, tração-aproximação, reflexo de estiramento, contatos manuais, comando verbal, estímulo visual, resistência, irradiação e reforço, sincronização de movimentos. A aplicação correta da técnica consiste na utilização de todos os processos básicos, porém em pacientes neuromusculares, dificilmente poderemos utilizar o método como um todo em função do déficit de força muscular, fadigabilidade e demais complicações. No entanto, alguns processos básicos são úteis ao treino de coordenação e manutenção de força, estabilidade de tronco, realização de trocas posturais, entre outros. O fisioterapeuta deve realizar a escolha e o uso dos processos básicos mais adequados a cada caso. Também podemos associar processos básicos de FNP com cinesioterapia convencional, por exemplo, utilizar o padrão de 49 facilitação, contatos manuais estímulo e reflexo de estiramento com exercícios ativo-assistidos. Os padrões de facilitação são padrões de movimento tridimensionais, que provocam facilitação ou inibição para se obter o máximo aproveitamento da energia nervosa. O componente fundamental é a rotação. Quando um padrão é utilizado a resposta muscular é mais fácil, mais coordenada e mais poderosa. O estímulo de estiramento é a posição do começo do padrão, na qual são alongadas ao máximo todas as estruturas musculares que intervem nesse padrão. Alongando ao máximo o músculo, estamos estimulando os fusos neuromusculares e facilitando o reflexo de estiramento. O estímulo de estiramento é importante para se obter um bom início de contração muscular. A tração (separação das superfícies articulares) e a aproximação (compressão das superfícies articulares) são duas manobras opostas, em ambas estimulam os receptores articulares que são: os corpúsculos de Golgi que estão localizados nos planos de flexo-extensão das cápsulas articulares, corpúsculos de Hulfini que estão localizados nas partes laterais. Estes receptores articulares fazem parte do sistema sinestésico que vai dar a sensibilidade profunda consciente, a sensação da posição do seguimento no espaço. No tratamento, o uso da tração parece promover movimento, enquanto a aproximação, estabilidade ou manutenção de postura. O reflexo de estiramento pode ser provocado manualmente levando rapidamente à parte do corpo mais adiante do ponto de tensão, tendo a certeza de que todos os componentes estão estirados; especialmente de que a rotação está correta. Exatamente, no mesmo instante em que se provoca o reflexo, o paciente tenta executar o movimento. O reflexo de estiramento pode ser usado para iniciar o movimento voluntário, assim como para aumentar a força e intensificar uma resposta mais rápida nos movimentos fracos. O contato manual é o contato direto da mão do terapeuta nas zonas de propriocepção do paciente. Para controlar o movimento e resistir à rotação, o terapeuta utiliza-se de contato lumbrical. Usa-se um contato manual distal e outro 50 proximal. Iremos atuar sobre os exteroceptores, especialmente de pressão e cutâneo. O comando verbal é a comunicação com o paciente para solicitar a atividade. É uma forma de facilitação através da via auditiva. O comando verbal diz ao paciente o que fazer e quando fazer. O comando dever ser dado para o paciente e não para a parte do corpo que está sendo tratada. O volume no qual o comando é dado pode afetar a força do resultado de contração muscular, por isso, o terapeuta deve utilizar um comando mais alto quando uma contração muscular de maior intensidade é desejada e usar um tom mais calmo e tranquilo quando o objetivo é o relaxamento ou alívio da dor. O estímulo visual é o acompanhamento do movimento pelos olhos e cabeça do paciente, que precisa ver onde está indo e entender o que é esperado dele. É necessário olhar o paciente e comunicar-se visualmente para observarmos se o paciente entendeu o que você deseja e verificar também se ele expressa algum sinal de dor. O feedback fornecido pelo sistema sensorial da visão pode promover uma contração muscular mais potente. A resistência aplicada deve ser apropriada ou ótima e é utilizada para: facilitar a habilidade do músculo em se contrair, aumentar o controle motor, ajudar o paciente a adquirir consciência dos movimentos, aumentar a força muscular. A resistência aplicada de forma apropriada resulta em irradiação e reforço. Irradiação pode ser definida como a deflagração da resposta ao estímulo, esta resposta pode ser vista como aumento da facilitação (contração) ou inibição (relaxamento) nos músculos sinérgicos e padrões de movimento. A resistência ao movimento é responsável pela produção da irradiação. O reforço é equivalente a “tornar mais fácil”, o terapeuta direciona o reforço pra os músculos fracos pela quantidade de resistência aplicada nos músculos fortes. A sincronização dos movimentos refere-se à direção em que os movimentos serão executados, de distal para proximal. Nos padrões habituais normais, a maior amplitude começa distalmente, porém não podemos permitir 51 toda a amplitude distal até não começar também a movimentação intermediária e proximal. A técnica constitui-se de padrões individuais de membros superiores e inferiores, padrões de escápula, cabeça e pescoço, padrões de marcha, além de atividades integradas, que são uma sequência de aprendizagem tendo como base o processo de maturação cerebral e desenvolvimento motor. O objetivo dessas atividades é dar independência ao paciente e ensiná-lo novamente o “automático”. Para a realização das atividades integradas utilizam-se os processos básicos durante a realização de trocas posturais e manutenção de posturas. UNIDADE 20 – TÉCNICAS EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE 7 ** BOBATH ** O conceito Bobath tem sido relatado como o procedimento mais comumente utilizado no atendimento fisioterapêutico de pessoas com problemas neurológicos. O início de sua utilização foi baseda na experiência terapêutica de Berta Bobath (1970), com embasamento teórico que é buscado em pesquisas neurológicas. O método Bobath é também conhecido como tratamento neuroevolutivo e fundamenta-se no reconhecimento de dois fatores: a interferência na maturação normal do cérebro pela lesão, levando a atraso ou ao impedimento de alguns ou de todos os aspectos do desenvolvimento; a presença de padrões anormais de postura e de movimento, devido à liberação da atividade postural 52 reflexa anormal, ou à interrupção do controle normal dos reflexos de postura e movimento. A abordagem Bobath tem por objetivo inibir os padrões da atividade reflexa anormal e facilitar padrões motores mais normais como uma preparação para uma maior variabilidade de habilidades funcionais. Muitas técnicas de inibição, facilitação e estimulação dentro do conceito Bobath foram desenvolvidas e podem ser adaptadas a qualquer tipo de paciente. Essas técnicas têm que ser ajustadas às necessidades individuais do paciente, baseadas em uma avaliação completa e detalhada e em frequentes reavaliações. O tratamento da atividade reflexa postural anormal pela inibição é combinada em muitas maneiras com a facilitação e a estimulaçãode movimentos mais normais. Isso é feito usando técnicas especiais de manuseio da criança, e pela condução de respostas, de uma forma que estimule e desenvolva padrões de ajustamento ao movimento mais normais. No tratamento não é permitido ao paciente realizar movimentos e atividades no modo anormal ou com esforço excessivo. Ele é preparado para atividades funcionais recebendo padrões motores necessários para essas funções e trabalhando a habilidade funcional específica. Dessa forma, a modificação de padrões posturais anormais, aumentam a possibilidade de mover-se com maior facilidade, diminui o esforço (gasto energético), pode aumentar a amplitude de movimento, facilita o ganho de experiências sensório-motoras, aumentando assim seu repertório de habilidades funcionais. As técnicas fundamentais do método Bobath são os pontos-chaves e as técnicas de estimulação tátil proprioceptivas (placing, holding,suporte de peso com ou sem pressão, tapping). Essas técnicas devem ser usadas em combinação ou isoladamente, dependendo das necessidades do paciente, podendo ser usadas alternadas ou simultaneamente. Os pontos-chaves são partes do corpo através das quais o terapeuta pode controlar e modificar, com maior eficácia, os padrões de postura e de 53 movimentos em outras partes do corpo. Eles podem ser usados para inibir, estimular e facilitar. São eles: cabeça, ombros, cotovelos, punhos, polegares, quadris, joelhos e tornozelos. As técnicas de estimulação tátil proprioceptivas podem ser utilizadas quando há déficit sensorial com fraqueza muscular, devido à falta de input sensorial. Placing corresponde à habilidade do paciente em interromper um movimento, em qualquer etapa, automática ou voluntariamente. Holding é a adaptação automática dos músculos às mudanças de postura, sendo parte necessária e inseparável do mecanismo de controle postural normal. No tratamento, o paciente deve manter e controlar sem ajuda o corpo e os membros quando colocados em diferentes posições e amplitudes de movimento. Os movimentos de ajustamento intrínsecos e automáticos devem ser obtidos através de transferência de peso constante em grandes amplitudes, para os lados, para frente, para trás, diagonalmente, enquanto damos pressão e resistência. Uma combinação de suporte de peso, pressão e resistência pode ser usada em todos os casos para conseguir uma adequação do tônus postural e manutenção das posturas contra a gravidade. Tapping é o método de aumentar o tônus postural através da estimulação tátil e proprioceptiva. Tem por objetivo capacitar o paciente a manter automaticamente uma posição desejada ou movimento contra a gravidade. É aplicado a princípio em intervalos regulares em rápida sucessão, e gradativamente quando as respostas ativas ocorrem, em intervalos regulares e mais vagarosamente. Há quatro tipos de tapping: - Tapping de Inibição: é feito na direção do padrão funcional desejado. É utilizado para aumentar a função de músculos que não conseguem se contrair pela atividade excessiva de seus antagonistas. - Tapping de pressão: é feito como uma co-contração para manutenção da fixação postural, ou seja, para a ativação da contração simultânea de agonistas e antagonistas. 54 - Tappping alternado: é feito com os dedos do terapeuta estendidos como no tapping de inibição. Melhora a graduação da contração e descontração dos agonistas e antagonistas. Usado para o controle de movimento e equilíbrio nas diferentes posturas. - Tapping de deslizamento: é feito com uma batida precisa e firme com os dedos do terapeuta estendidos, pelo comprimento do músculo (ou em músculos que trabalham na mesma direção). O método Bobath nas doenças neuromusculares pode atuar nos sentidos de: aumentar o tônus postural, trabalhar o controle e alinhamento de cabeça e tronco, trabalhar problemas relacionados a atividades funcionais, orientar pais e cuidadores quanto ao posicionamento e manipulação, conseguir atividades contra a gravidade, usar estimulações apropriadas, etc. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: STOKES, M. Neurologia para Fisioterapeutas. São Paulo: Premier, 2000. COHEN, H. Neurociência para Fisioterapeutas. São Paulo: Manole, 2001. LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios?. São Paulo: Atheneu, 2010. LUNDY-EKMAN, L. Neurociência para a Reabilitação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. MISULIS, K., HEAD, T. Netter: Neurologia Essencial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. CANAVARRO, S., KHURTY C. Reflexos do Avanço da Fisioterapia Neurofuncional: Uma Análise Translacional. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional. Garcia CSNB, Facchinetti LD, organizadores. 55 PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Neurofuncional: Ciclo 1. Porto Alegre: Artmed/ Panamericana; 2013. p. 11-42 (Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância, v. 1).
Compartilhar