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13.1 ALAVANCAGEM FINANCEIRA A Alavancagem Financeira é a medida que avalia a capacidade da empresa em utilizar encargos financeiros fixos para maximizar os efeitos da variação do lucro. A força da Alavancagem Financeira pode aumentar o retorno dos investimentos dos acionistas e, frequentemente, há vantagens fiscais associadas com a obtenção de empréstimos, por conta da possibilidade de dedução no Imposto de Renda das despesas com os juros. Com o estudo da Alavancagem Financeira determina-se o grau de impacto nos resultados decorrentes da utilização de capitais de terceiros. As empresas que são altamente alavancadas correm o risco de falência caso não sejam capazes de gerar recursos suficientes para honrar os seus financiamentos, ou para encontrar novos financiadores quando não conseguirem renegociar o perfil das dívidas de longo prazo. A Alavancagem Financeira, na visão de Padoveze (2003, p. 173), significa a possibilidade de os acionistas obterem maiores lucros, com o uso mais intensivo de capital de terceiros, ou seja, de empréstimos e financiamentos. O fundamento da alavancagem financeira é que os juros são custos fixos e, portanto, permitem o fenômeno alavancagem. Nas situações em que o ROE (Retorno sobre o Capital Próprio) seja superior ao custo de captação de recursos junto a terceiros, é admissível o interesse no endividamento, já que essa diferença proporcionará uma elevação em mesma medida nos resultados dos acionistas, em virtude da alavancagem da rentabilidade. O cálculo do Grau de Alavancagem Financeira (GAF) é relativamente simples, devendo ser apurado dentro de duas perspectivas. Na primeira delas, não se leva em consideração o efeito da dedutibilidade do Imposto de Renda em relação aos custos com juros de financiamentos, e sob a outra perspectiva, considera-se o efeito da dedutibilidade do Imposto de Renda. Na primeira delas não se leva em consideração o efeito da dedutibilidade do Imposto de Renda em relação aos custos com juros de financiamentos, e sob a outra perspectiva considera-se o efeito dessa dedutibilidade do Imposto de Renda. Quando o GAF apurado for maior que 1, estaremos diante de uma situação em que foi interessante para a empresa captar recursos junto a terceiros, já que esses recursos impactaram positivamente o retorno do capital próprio (Patrimônio Líquido), alavancando a rentabilidade. IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857535.html 13.1.1 Quando o GAF for igual a 1, estaremos diante de uma situação em que não há alavancagem financeira, pois não ocorreu aumento de rentabilidade em decorrência da captação de recursos de terceiros. Quando o GAF apurado for menor que 1, estaremos diante de uma situação altamente desfavorável, pois os recursos captados junto a terceiros não foram capazes de influenciar positivamente o retorno do capital próprio (Patrimônio Líquido). Conforme Assaf Neto (2012, p. 123), “quando a empresa toma emprestado a um custo superior a taxa de retorno que pode aplicar esses recursos, o proprietário cobre este resultado desfavorável mediante seus resultados líquidos, onerando suas taxas de retorno”, ou seja, reduzindo sua rentabilidade. O Quadro 13.1 apresenta um resumo destas considerações. Quadro 13.1 Avaliação do Grau de Alavancagem Financeira Se Identifica Denota Favorável? (sim ou não) GAF maior que 1 ROE maior que ROI ROI maior que Custo da dívida SIM GAF igual a 1 ROE igual a ROI ROI igual ao Custo da dívida Não há alavancagem GAF menor que 1 ROE menor que ROI ROI menor que Custo da dívida NÃO As demonstrações contábeis da Cia. Lucro Certo (constantes no Capítulo 18) foram utilizadas neste capítulo para ilustrar a apuração do Grau de Alavancagem Financeira, tendo como base o exercício findo em 31-12-20X3. Veja ainda na Seção 12.4.5 o uso da alavancagem financeira na apuração da rentabilidade pelo Modelo DuPont. ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR O GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF) Observe no Quadro 13.2 algumas estratégias que podem ser adotadas com o objetivo de aumentar o GAF, cuja adoção poderá ser isolada ou conjunta: IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857535.html 13.1.2 13.1.3 Quadro 13.2 Estratégias para maximizar o GAF Objetivo Estratégia Melhorar a liquidez Aumentar a proporção de capitais próprios em relação aos capitais de terceiros Reduzir os custos financeiros na captação de capital de giro Combinar as várias fontes de recursos provenientes de terceiros, onerosos e não onerosos Aumentar a taxa de lucratividade operacional antes de serem considerados os custos financeiros Aumentar o volume de receitas; adotar medidas que resultem na redução de custos e despesas CALCULANDO O GAF SEM CONSIDERAR O EFEITO DOS CUSTOS COM A DÍVIDA NO IMPOSTO DE RENDA Este é o cálculo mais simples, pois faremos apenas a comparação entre a Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido (ROE) com a Rentabilidade do Ativo (ROA ou ROI). Cálculo do GAF da Cia. Lucro Certo em 31-12-X3 CALCULANDO O GAF CONSIDERANDO O EFEITO DOS CUSTOS COM A DÍVIDA NO IMPOSTO DE RENDA IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857602.html 1. 2. 3. 13.1.3.1 Para esse cálculo demandaremos um maior tempo, pois será necessário mensurar a redução da carga tributária com Imposto de Renda em razão da dedutibilidade dos custos com a dívida (juros). Ao analisarmos o GAF de uma empresa, devemos levar em consideração o montante que ela deixou de pagar de Imposto de Renda em razão dos custos assumidos com a dívida, que indiretamente representa lucro para os investidores, pois as despesas com juros (despesas financeiras) são dedutíveis no cálculo do Imposto de Renda para as empresas optantes ou obrigadas a apurar esse imposto com base no Lucro Real. Para um melhor entendimento do conceito de Alavancagem Financeira, considere as Demonstrações Contábeis da Cia. Lucro Certo (BP & DRE) e respectivas Notas Explicativas, constantes no Capítulo 18, a partir das quais serão calculados o ROI, ROE e GAF, através da realização das seguintes etapas: identificação do valor de Investimentos e do Passivo Oneroso e não Oneroso; cálculo da carga tributária do Imposto de Renda + Contribuição sobre o lucro; cálculo do ROI, ROE e GAF. Identificação do valor de investimentos e do passivo oneroso e não oneroso A totalidade dos bens e direitos de uma empresa é compreendida como seu Ativo Total, que no Balanço da Cia. Lucro Certo em 31-12-X3 perfaz R$ 6.577.898. Já o Ativo Total excluído dos Passivos não Onerosos é definido como Investimentos. Os conceitos de Passivos Onerosos e Passivos não Onerosos foram abordados no Capítulo 12 (Seção 12.3.2). Nesse mesmo Balanço, os Investimentos montam em R$ 4.382.066, conforme demonstrado na Tabela 13.1: Tabela 13.1 Determinação do valor dos Investimentos da Cia. Lucro Certo em 31-12-X3 Ativo Total 6.577.898 (–) Passivos de funcionamento ou não onerosos Fornecedores 1.617.966 Salários e encargos 34.635 Imposto de Renda (Vide Nota Explicativa 11– Capítulo 18) 23.180 Outros impostos a recolher (Vide Nota Explicativa 11 – Capítulo 18) 209.941 Outros 310.110 (2.195.832) = Investimentos 4.382.066 Neste mesmo Balanço os Passivos Onerosos montam em R$ 3.963.631, conforme demonstrado na Tabela 13.2: IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857602.html 13.1.3.2 Tabela 13.2 Determinação dos Passivos Onerosos da Cia. Lucro Certo em 31-12-X3 Passivos Onerosos Circulantes Financiamentos (inclui debêntures) 1.903.526 Não Circulantes Financiamentos (inclui debêntures) 2.060.105 Total 3.963.631 Cálculo da carga tributária do Imposto de Renda (IR) e Contribuição sobre o Lucro (CSSL) 1o Passo: a primeira etapa será identificar a carga tributária líquida que incidiu sobre o resultado da empresa. Para isso, comparamos o valor da provisão com o Lucro do Exercício antes do IR, constante na DRE da Cia. Lucro Certo. 2o Passo: avaliar o impacto dos juros sobre financiamentos no Resultado do Exercício. Essa etapa nos permitirá determinar o Lucro Operacional após o IR. As Despesas Financeiras Líquidas devem ser percebidas como elemento de economia no cálculo da carga tributária final, tendo em vista que as despesas financeiras são dedutíveis para o cálculo do IR devido. Deve ser considerado nesse cálculo o Lucro Operacional como aquele gerado pelos Ativos da empresa, em decorrência do desenvolvimento da atividade objeto da mesma, sem considerar sua estrutura de financiamento. Uma vez efetuadas as devidas reclassificações e apurações acima descritas, teremos uma nova visualização da DRE conforme Tabela 13.3. Tabela 13.3 Demonstração do Resultado do Exercício ajustado da Cia. Lucro Certo Cia. Lucro Certo Demonstração do Resultado do Exercício após reclassificações e apurações 31-12-X3 $ mil Receita Operacional Líquida 6.975.090 (–) Custo dos Produtos Vendidos (4.741.311) IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857646.html 13.1.3.3 Lucro Bruto 2.233.779 Receitas (Despesas) Operacionais Despesas com Vendas (1.217.186) Despesas Administrativas e Gerais (120.958) Receitas Financeiras 399.639 Outras (294.076) Lucro Antes do Imposto de Renda 1.001.198 Imposto de Renda s/ Lucros gerados p/ Ativos = 33,14 × 1.001.198 (331.793) Lucro Após o Imposto de Renda 669.405 Despesas Financeiras (759.138) Economia de IR (33,14% × 759.138) 251.578 (507.556) Outras destinações e participações legais e estatutárias (45.261) Lucro Líquido Exercício 116.588 Cálculo do Retorno sobre Investimentos (ROI/ROA), Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e Grau de Alavancagem Financeira (GAF) O ideal é a empresa financiar-se pagando taxas de juros inferiores ao ROA/ROI, com vistas a não onerar a rentabilidade do capital próprio (ROE), e assim obter um Grau de Alavancagem Financeira positivo. Quando o ROE é superior ao ROI, indica que a empresa capta recursos no mercado a uma taxa de juros inferior ao retorno da aplicação desse dinheiro, o que não foi o caso da Cia. Lucro Certo. Se a empresa trabalhasse exclusivamente com capitais próprios, sem nenhum endividamento, o ROE seria igual ao ROI, ou seja, o Lucro Líquido seria exatamente igual ao Lucro Operacional após o IR. Nessa última etapa, avalia-se o Retorno sobre os Investimentos (ROI/ROA) e sobre o Patrimônio Líquido (ROE), tendo em vista o impacto da economia de IR com a dedutibilidade das despesas financeiras decorrentes dos financiamentos contraídos. Passaremos agora ao novo cálculo do Grau de Alavancagem Financeira, considerando o efeito do Imposto de Renda, utilizando para tanto os valores após efeito dos juros no cálculo do Imposto de Renda e apuração do valor dos Investimentos Líquidos e Passivo Oneroso (Quadro 13.3). IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857646.html Quadro 13.3 Valores a serem considerados para a apuração da GAF após ajustes nas contas da DRE e Balanço Patrimonial da Cia. Lucro Certo em 31-12-X3. Investimentos 4.382.066 Passivo Oneroso 3.963.631 Patrimônio Líquido 418.435 Despesas Financeiras Líquidas 507.556 Lucro Operacional (após efeito IR) 669.405 Lucro Líquido do Exercício (LLE) 116.588 IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857676.html Na Tabela 13.4 é possível ver o comportamento do Grau de Alavancagem Financeira em variados cenários, partindo de uma situação na qual não há capital de terceiros onerosos (Empresa A) e, por consequência, inexistindo despesas financeiras, até chegar a um cenário onde quase a totalidade do capital investido é de terceiros (Empresa F). Lembramos que para haver alavancagem financeira é necessário que a riqueza gerada pelo uso de recursos de terceiros seja maior que o custo (juros) desse recurso. Na Seção 14.6, em que é apresentado o conceito de Capital de Giro Próprio (CGP) é possível ver que a Cia. Lucro Certo, que um possui um GAF de 2,59, é preponderantemente dependente de capitais de terceiros, investindo parcela significativa desses recursos em ativos não circulantes (imobilizado e intangíveis). IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857676.html 13.2 Tabela 13.4 Comportamento do Grau de Alavancagem Financeira Estruturas de Capital Diferenciadas Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E Empresa F A Ativo total 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 B Passivo Oneroso (Capital de Terceiros) 0 20.000 40.000 60.000 80.000 90.000 C = A– B Investimentos Líquidos (Ativo – Passivo Oneroso) 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 10.000 D Patrimônio Líquido (Capital Próprio) 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 10.000 E Lucro Operacional (antes do Imposto de Renda) 45.000 45.000 45.000 45.000 45.000 45.000 F = E × 40% Imposto de Renda (40%) –18.000 –18.000 –18.000 –18.000 –18.000 –18.000 G = E – F Lucro Operacional (após o Imposto de Renda) 27.000 27.000 27.000 27.000 27.000 27.000 H Despesas Financeiras (25%) 0 –5.000 –10.000 –15.000 –20.000 –22.500 I Economia de Imposto de Renda 0 2.000 4.000 6.000 8.000 9.000 J = H – I Despesas Financeiras Líquidas (DFL) 0 –3.000 –6.000 –9.000 –12.000 –13.500 K = G – J LLE = Lucro Líquido Exercício (após DFL) 27.000 24.000 21.000 18.000 15.000 13.500 Cálculo de Rentabilidade do Ativo (ROI) L = E/(C – K) ROI/ROA= Lucro Operacional/ (Investimentos Líquidos – LLE) 61,64% 80,36% 115,38% 204,55% 900,00% –1.285,71%Cálculo de Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) M = K/(D – K) ROE=LLE/(Patrimônio Líquido – LLE) 36,99% 42,86% 53,85% 81,82% 300,00% –385,71% Cálculo do Grau de Alavancagem Financeira (GAF) – Considerando o efeito do Imposto de Renda N = L/M GAF=ROI/ROA 1,67 1,88 2,14 2,50 3,00 3,33 GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL (GAO) A Alavancagem Operacional pode ser compreendida como o uso de ativos operacionais, como custos e despesas fixas, com o objetivo de aumentar os lucros antes de juros e Imposto de IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857730.html Renda (LEMES JUNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2005, p. 71) e, de acordo com Padoveze (2003, p. 154), com a possibilidade de um acréscimo percentual no lucro operacional maior do que o percentual obtido de aumento das vendas. A análise da Alavancagem Operacional de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade econômica, identificando-se claramente as causas que determinaram eventuais variações nos resultados, observando ainda a natureza cíclica de um negócio e a variabilidade de seus resultados operacionais, possibilitando ao analista identificar rapidamente qual o impacto no resultado da empresa a partir de qualquer variação no volume das vendas, revelando-se assim como uma boa ferramenta para construção de cenários. Na formação dos resultados, existem dois tipos de custos: os fixos e os variáveis (Quadro 13.4). Quadro 13.4 Custos fixos e variáveis CUSTOS E DESPESAS FIXOS CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS Não variam em decorrência de mudanças no volume de atividades (produção e vendas), mantendo-se constantes no tempo. Estão vinculados diretamente ao volume de atividade da empresa, ou seja, o valor deles oscila em função do volume de produção e vendas. Exemplos: contabilmente (ou para fins fiscais) a depreciação de uma máquina ocorre independentemente de o volume de atividade, em certo tempo, ter variado. Da mesma forma o aluguel, salários e honorários da administração, despesas de juros de empréstimos e financiamentos etc., por não terem relação com a produção, são considerados custos fixos. Exemplos: matéria-prima, mão de obra direta, comissão de vendedores, fretes sobre vendas etc. Com base em uma determinada estrutura de custos, a alavancagem operacional revelará como uma alteração no volume de atividade influirá no lucro operacional da empresa. Logo, se determinada empresa possui alta percentagem de custos fixos em relação aos custos totais, diz-se que ela tem um alto grau de alavancagem operacional. Caso contrário, a rentabilidade tenderá a cair, podendo levar ao prejuízo, que, a despeito de poder ser mantido por algum tempo, a depender da estrutura econômica da empresa, a conduzirá a um estado de insolvência. Entendimento esse compartilhado por Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001, p. 568-571), que associam o conceito de alavancagem operacional ao de risco do negócio da empresa. IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857730.html 13.2.1 Portanto, um bom Grau de Alavancagem Operacional (GAO) é determinado pela estrutura de custos da empresa, quando ela apresenta maior capacidade de alavancar os lucros com a manutenção de maiores custos fixos em relação aos custos totais. No entanto, essa mesma situação (maiores custos fixos) também provoca maiores riscos de a empresa vir a apresentar prejuízos ou queda no resultado operacional (ASSAF NETO, 2012, p. 117-118). Para se determinar o GAO, utilizamos a seguinte expressão: Como a DRE não apresenta de forma detalhada quais são os custos fixos e variáveis da empresa, a apuração do GAO por analistas externos se torna difícil, a menos que a empresa forneça de forma excepcional esses dados. EXEMPLO DA DETERMINAÇÃO DO GAO Observe na Tabela 13.5 a síntese de um exemplo muito bem construído por Assaf Neto (2012, p. 118-120) para ilustrar a determinação do GAO, considerando duas empresas (A e B), com volume de atividade e Lucros Operacionais idênticos, mas com suas estruturas de custos (despesas) diferentes: Tabela 13.5 Estrutura de custos das empresas A e B Empresa A Empresa B Receitas de Vendas $ 100 100% $ 100 100% (–) Custos e Despesas Variáveis $ 30 (30%) $ 70 (70%) (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO $ 70 70% $ 30 30% (–) Custos e Despesas Fixas $ 60 $ 20 (=) RESULTADO OPERACIONAL $ 10 $ 10 Segundo conceitos anteriores, pode-se concluir que a Empresa A, pela sua estrutura de custos (mais precisamente por possuir maiores custos fixos), tem maior capacidade de alavancar seus resultados operacionais, assim como, também pela mesma situação, correrá em maiores riscos de redução desses resultados. Veja na Tabela 13.6 como ficaria o GAO dessas empresas (A e B), se ocorresse um aumento de 20% no seu volume de vendas: Tabela 13.6 Impacto do aumento de 20% no volume de operações na apuração do GAO das Empresas A e B IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857852.html Para cada 1% de aumento nas vendas, a Empresa A oferece uma elevação de 7% em seus resultados operacionais, enquanto a Empresa B oferece apenas 3%. Isso decorre da não variação dos custos (despesas) fixos, que foram diluídos pela elevação do volume de atividade, que, no caso da Empresa A, alavancou maiores variações nos Lucros Operacionais. Por apresentar maior participação de custos fixos, a Empresa A, além de um maior potencial em promover resultados, assume também risco operacional mais elevado. No exemplo seguinte (Tabela 13.7), com uma redução de 20% nas vendas, a Empresa A se revela incapaz de cobrir seus custos fixos, que são mais elevados, apurando um prejuízo operacional. A Empresa B, por possuir uma estrutura de custos fixos mais enxuta, consegue manter-se lucrativa. Tabela 13.7 Impacto da diminuição de 20% no volume de operações na apuração do GAO das Empresas A e B IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857852.html ■ ■ 13.3 Assaf Neto (2006) conclui seu caso ilustrativo afirmando que o GAO funciona nos dois sentidos, demonstrando maior alavancagem dos lucros e, também, dos prejuízos, pois quanto maior o GAO, maior a participação de custos fixos na estrutura dos resultados e, também, maior o risco operacional da empresa. Pode-se ainda apurar o GAO nos casos em que não se conhecem as variações no volume de atividade e nos resultados a partir da seguinte fórmula: Onde: RVt = Receitas de Vendas CDVt = Custos e Despesas Variáveis CDF = Custos e Despesas Fixos Aplicando-se essa fórmula às Empresas A e B, teríamos os seguintes GAO: Uma outra forma de avaliação do GAO apurado é compará-lo com o GAO médio do setor em que a empresa atua. Porém, não se pode afirmar que existe um GAO ideal, tampouco que determinado índice, analisado isoladamente, significauma empresa bastante ou pouco alavancada. Por esse lado, o GAO só teria duas validades (PADOVEZE, 2003, p. 158): Permite comparar duas estruturas de custos, evidenciando que a empresa que tem maior GAO é mais alavancada. Permite calcular imediatamente qual será a variação do Lucro Operacional, dada uma variação percentual esperada no volume de vendas. ALAVANCAGEM TOTAL Ao abordar a temática da alavancagem, Padoveze (2003, p. 176-178) expõe que as empresas têm seus custos fixos operacionais decorrentes da estruturação de seus ativos para o desenvolvimento de suas atividades operacionais, cujos custos fixos permitem a alavancagem operacional e representam o risco operacional do negócio. Em contrapartida, ele continua sua exposição demonstrando que a alavancagem financeira do capital próprio é decorrente da existência de capital de terceiros na estrutura de financiamento da empresa. Dessa forma, não haverá alavancagem financeira se a empresa não utilizar capitais de IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857976.html terceiros, ou, como se diz, a empresa não é alavancada, pois a alavancagem financeira está associada ao passivo. Quadro 13.5 Alavancagens × risco Ativo Passivo Alavancagem Operacional GAO Alavancagem Financeira GAF Risco Operacional Risco Financeiro Alavancagem Combinada ou Total GAO × GAF Risco da Empresa A partir da aplicação de uma combinação das duas alavancagens (Operacional e Financeira), chamada Grau de Alavancagem Total (GAT), pode-se avaliar o impacto total da estrutura de custos de uma empresa sobre suas decisões operacionais e financeiras, determinando assim o grau de risco do empreendimento (Quadro 13.5). A obtenção do GAT pode ser apurada através da seguinte fórmula: Sendo Δ LL: variação no lucro líquido e Δ VAt : variação no volume de atividade. Esse efeito combinado permite que se avalie a repercussão que uma alteração no volume de vendas promove, ao mesmo tempo, sobre o resultado operacional e líquido. Se uma empresa trabalha com um nível de alavancagem operacional e financeira alto, pequenas alterações no volume de atividade provocam grandes mudanças nos resultados líquidos. A Tabela 13.8 apresenta um exemplo ilustrativo de cálculo do Grau de Alavancagem Total (GAT). IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521857976.html 13.4 Tabela 13.8 Demonstração da apuração do GAO Δ VAt + 20% Resultados Δ VAt – 20% Receita de Vendas 1.440,00 1.200,00 960,00 Custos e Despesas Variáveis (547,20) (456,00) (364,80) (1) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 892,80 744,00 595,20 Custos e Despesas Fixas (384,00) (384,00) (384,00) (2) LUCRO OPERACIONAL ANTES DO IR 508,80 360,00 211,20 IR s/ Lucro Operacional (203,50) (144,00) (84,50) (3) LUCRO OPERACIONAL APÓS IR 305,30 216,00 126,70 Despesas Financeiras (50,00) (50,00) (50,00) ECONOMIA DE IR 20,00 20,00 20,00 (4) LUCRO LÍQUIDO 275,30 186,00 96,70 Δ Lucro Líquido (Δ LL) + 48,0% 100,0% – 48,0% Δ Lucro Operacional (Δ LOP) + 41,3% 100,0% – 41,3% Δ Volume de Atividade (Δ VAt) + 20,0% 100,0% – 20,0% (1:2) GAO (Grau de Alavancagem Operacional) 2,07 (3:4) GAF (Grau de Alavancagem Financeira) 1,16 GAT (Grau de Alavancagem Total) = GAO × GAF 2,40 Fonte: Assaf Neto (2012, p. 129). No exemplo acima, o GAO apurado foi 2,07 e o GAF 1,16. Combinando-se essas duas alavancagens, encontramos um GAT de 2,4, indicando, portanto, que para cada 1% de aumento no volume de atividades ocorrerá uma elevação de 2,4% no lucro líquido. Assaf Neto conclui expondo que o GAT permite, de maneira combinada, analisar os reflexos de decisões financeiras (investimentos e financiamentos) tomadas pela empresa sobre o retorno do capital próprio. PONTO DE EQUILÍBRIO (BREAK EVEN POINT) O Ponto de Equilíbrio pode ser definido como o nível de vendas em que a empresa não incorre em lucro ou prejuízo, em que o volume de vendas é exatamente o suficiente para cobrir todos os custos fixos e variáveis. IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521858052.html A abordagem algébrica do Ponto de Equilíbrio pode ser assim apresentada (SILVA, 2012, p. 548-556): Daí: A determinação do ponto de equilíbrio é relevante para a análise da rentabilidade, “pois a empresa só pode pensar em lucro sobre as vendas e, consequentemente, em rentabilidade do investimento, se suas vendas superarem o ponto de equilíbrio” (REIS, 2003, p. 162). Dessa forma, quanto mais próximo o nível de vendas (usado como referência) estiver do ponto de equilíbrio, maior será a Alavancagem Operacional (BRAGA, 2003, p. 170). IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521858052.html 1 2 _______________ Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE – Return on Equity), conforme abordado no Capítulo 12 (Seção 12.4.4). Taxa de Retorno sobre o Ativo (ROA – Return on Total Assets) ou Retorno sobre os Investimentos (ROI – Return on Investment), conforme abordado no Capítulo 12 (Seção 12.4.3). IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521858052.html IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521858052.html IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. 23/03/2018http://e.pub/6apixcvl2qhca7mkcei7.vbk/OEBPS/Text/chapter13-print-1521858052.html Estudo de alavancagem 171-172 Estudo de alavancagem 173-174 Estudo de alavancagem 175-176 Estudo de alavancagem 177-178 Estudo de alavancagem 179-180 Estudo de alavancagem 181-182 Estudo de alavancagem 183-184 Estudo de alavancagem 185-186
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