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APOSTILA SAÚDE DO TRABALHADOR

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Apresentação
Olá, alunos (as)!
A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) tem como característica fundamental ser intersetorial e participativa. Seu fortalecimento faz parte de um dos objetivos da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e pauta-se nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). A VISAT é uma ação típica de saúde pública e, portanto, vinculada ao SUS. Portanto, suas ações devem ser coordenadas pelas instâncias de gestão do SUS, integradas aos demais componentes da Vigilância em Saúde e articuladas pela Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador.
Além disso, ao se considerar a perspectiva da integralidade do cuidado, ações de VISAT devem ser implementadas na Atenção Básica à Saúde, visto que promoção, proteção, prevenção, vigilância e assistência à saúde são indissociáveis.
Dessa forma, esperamos que ao final deste e-book você compreenda como a atuação da Vigilância em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora pode contribuir para uma melhor qualidade de vida dos trabalhadores.
Bons estudos!
Vigilância em Saúde
A ação de Vigilância em Saúde se traduz no verbo vigiar. Este possui uma série de significados que se complementam. Veja abaixo:
Vigiar
Olhar, observar, cuidar, guardar, resguardar, proteger, tomar conta.
Espreitar, controlar, ficar de guarda e, até mesmo, defender, pôr a salvo e, para fazer isso, intervir.
Normalmente, essa ação de vigiar, no campo da saúde pública, quando é preciso intervir, passa a ser uma ação típica de Estado, pois para vigiar no sentido de intervir é preciso ter credencial administrativa com poder para fazê-lo.
É quando a vigilância necessita ter poder de polícia. Os agentes de vigilância, nesse caso, não são policiais, mas têm o poder de convocar a força policial para garantir a ação de intervir (BRASIL, 2016).
Vigilância em Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, a expressão “Vigilância em Saúde” está inserida no campo de atuação da saúde pública e nos remete a uma determinada forma de olhar as condições de saúde da população.
Seu objetivo é garantir a melhor forma possível das pessoas viverem suas vidas com saúde. Para que isso aconteça é preciso olhar para os diversos fatores presentes na existência das pessoas que possam influenciar na sua vida e, consequentemente, na sua saúde. E, também, olhar quando esses fatores influenciam na sua saúde e refletem na sua vida. Vida e saúde são coisas interdependentes (BRASIL, 2016).
Uma ação de vigilância não significa apenas intervir com poder de polícia. No entanto, muitas vezes, sem intervenções desse tipo, as coisas continuam como estão.
Vigilância é principalmente olhar, com todos aqueles significados assinalados e, no caso de intervir, o objetivo é a transformação das situações que causem danos à saúde. A vigilância interventora do Estado brasileiro pode atuar, a qualquer momento, em qualquer instituição pública ou privada (BRASIL, 2016).
Vigilância em Saúde
Em conformidade com o Art. 2º da Portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013, a Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde (BRASIL, 2013).
Objetivo
Visa o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde.
Portaria nº 1.378
Em seu Art. 3º estabelece que as ações de Vigilância em Saúde são coordenadas com as demais ações e serviços desenvolvidos e ofertados no Sistema Único de Saúde para garantir a integralidade da atenção à saúde da população.
Convém esclarecer também, de acordo com o Art. 4º da referida portaria, que as ações de Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira e envolvem práticas e processos de trabalho. Observe cada um deles na página seguinte.
Competências do SUS para ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT)
No Brasil, o sistema público de saúde vem atendendo os trabalhadores ao longo de toda sua existência. Porém, uma prática diferenciada do setor, que considere os impactos do trabalho sobre o processo saúde/doença, surgiu apenas no decorrer dos anos 80, passando a ser ação do Sistema Único de Saúde quando a Constituição Brasileira de 1988, na seção que regula o Direito à Saúde, a incluiu no seu artigo 200:
“Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei”: [...] II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; [...] (BRASIL, 1988).
A Lei Orgânica da Saúde (LOS) – Lei nº 8.080/90 –, que regulamentou o SUS e suas competências no campo da Saúde do Trabalhador, considerou o trabalho como importante fator determinante/condicionante da saúde. O artigo 6º da LOS determina que a realização das ações de saúde do trabalhador sigam os princípios gerais do SUS. 
A assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou portador de doença profissional ou do trabalho. 
A realização de estudos, pesquisa, avaliação e controle dos riscos e agravos existentes no processo de trabalho.
Competências do SUS para ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT)
No § 3º do artigo 6º da Lei Orgânica da Saúde (LOS) – Lei nº 8.080/90 , a Saúde do Trabalhador encontra-se definida como:
 
[...] conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho [...] (BRASIL, 1990).
No seu conjunto, a rede assistencial, se organizada para a Saúde do Trabalhador, a exemplo do que já acontece com outras modalidades assistenciais como a Saúde da Criança, da Mulher etc., por meio da capacitação de recursos humanos e da definição das atribuições das diversas instâncias prestadoras de serviços, poderá reverter sua histórica omissão neste campo.
Os últimos anos foram férteis na produção de experiências – centros de referências, programas municipais, programas em hospitais universitários e ações sindicais – em diversos pontos do país, e em encontros de profissionais/trabalhadores ou técnicos para a produção das normas necessárias à operacionalização das ações de Saúde do Trabalhador pela rede de serviços em ambulatórios e/ou vigilância (BRASIL, 2002).
Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS
Considerando que as determinações contidas na NOB-SUS 01/96 incluem a Saúde do Trabalhador como campo de atuação da atenção à saúde, bem como a Resolução nº 220 do Conselho Nacional de Saúde e da Instrução Normativa 01/97 do Ministério da Saúde, foi aprovada a Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS (Portaria GM/MS nº 3.120, de 1º de julho de 1998).
A Instrução Normativa tinha por pressuposto básico definir procedimentos para o desenvolvimento das ações na VISAT (BRASIL, 1998).
Teve como propósito fornecer subsídios básicos para o desenvolvimento de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador, no contexto do Sistema Único de Saúde, entendendo-se que apesar de o sistema de saúde precisar ser preservado nas suas peculiaridades regionais, respeitando-se as diversas culturas e características populacionais, por ser único, deveria manter linhas mestras de atuação, em especial pela necessidade de compatibilização de instrumentos, bancos de informações e troca de experiências (BRASIL, 1998).
Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS
A Instrução Normativa 01/97 do Ministério da Saúde é oriunda da discussão acumulada e de experiências de VISAT, em vários estados e municípios de todo o país, com os diversos Programas Estaduais e Municipais de Saúde do Trabalhador instalados e as estruturas de atenção à saúde das SES e SMS, com ênfase nas áreas de: Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Fiscalização Sanitária.
 
A abordagem da Instrução Normativa 01/97 implica a superação dos limites conceituais e institucionais, tradicionalmenteestruturados nos serviços de saúde, cujas ações eram dissociadas da vigilância epidemiológica e sanitária (BRASIL, 1998).
Nas ações de fiscalização sanitária e de vigilância, há a necessidade da transposição do objeto usual – o produto/consumidor –, mas passando-se a considerar também, como objeto, o processo/trabalhador/ambiente.
Segundo o Ministério da Saúde, a VISAT é considerada como um processo de vigiar o trabalho, de modo a impedir o adoecimento dos trabalhadores e aprimorar suas condições de trabalho e vida. A intervenção sobre os ambientes de trabalho, sob todos os olhares de vigilância, que deverão ser utilizados de modo a compreender o trabalho, analisá-lo e poder intervir sobre ele, com o objetivo maior de transformá-lo (CEREST, 2017). O sistema de trabalho abrange um conjunto de situações envolvidas:
O local onde ele se realiza: o ambiente de trabalho.
As diversas formas como ele se realiza: as condições de trabalho.
Na realização do trabalho em si: o processo de trabalho.
Definição básica
A Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos:
Tecnológico, Social, Organizacional, Epidemiológico.
Com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los ou controlá-los (BRASIL, 1998).
A Vigilância em Saúde do Trabalhador compõe um conjunto de práticas sanitárias, articuladas suprassetorialmente, cuja especificidade está centrada na relação da saúde com o ambiente e os processos de trabalho e nesta com a assistência, calcado nos princípios da Vigilância em Saúde, para a melhoria das condições de vida e saúde da população (BRASIL, 1998).
Definição básica
A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), como componente da Vigilância em Saúde, é um processo que articula diversos saberes e práticas de controle sanitário.
A VISAT é uma ação de Vigilância em Saúde, transversal às vigilâncias específicas.
Deve ser articulada em função de um determinado território ou problema de saúde, buscando-se o avanço em direção a práticas de caráter:
Multiprofissional;
Interdisciplinar;
Intersetorial (BRASIL, 1998).
A VISAT não constitui uma área desvinculada e independente da Vigilância em Saúde como um todo, mas, ao contrário, pretende acrescentar ao conjunto de ações da Vigilância em Saúde estratégias de produção de conhecimentos e mecanismos de intervenção sobre os processos de produção, aproximando os diversos objetos comuns das práticas sanitárias àqueles oriundos da relação entre o trabalho e a saúde (BRASIL, 1998).
Definição básica
A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) é considerada eixo estruturante à saúde dos trabalhadores, com dois componentes básicos.
Vigilância dos agravos à saúde e doenças relacionadas ao trabalho, que guarda interfaces com a Vigilância Epidemiológica.
Definição básica
Entre os objetivos da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Portaria GM/MS nº 1.823, de 23 de agosto de 2012), destaca-se o fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde, o que pressupõe as seguintes ações: Identificação das necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores no território, Intervenção nos processos e ambientes de trabalho, controle e avaliação da qualidade dos serviços e programas de saúde do trabalhador, nas instituições e empresas públicas e privadas. Participação dos trabalhadores e suas organizações [...] (BRASIL, 2012).
regulamentares.
Princípios
A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) pauta-se nos princípios do SUS, em consonância com a promoção da saúde e o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, com integração com as demais Vigilâncias - Sanitária, Epidemiológica, Saúde Ambiental e a rede assistencial (CEREST, 2017).  
 
Universalidade
Todos os trabalhadores, homens e mulheres, são sujeitos da VISAT, independentemente da localização do seu trabalho (urbana ou rural, na rua, nas empresas e nos domicílios), de sua forma de inserção no mercado de trabalho (formal ou informal), de seu vínculo empregatício (público ou privado, autônomo, doméstico, aprendiz, estagiário, aposentado ou desempregado) (CEREST, 2017, p. 1).
Equidade
Nas ações de VISAT, todos os trabalhadores serão contemplados, com definição de prioridade para grupos mais vulneráveis, tendo como exemplo trabalhadores informais, em situação de precariedade, discriminados, ou em atividades de maior risco para a saúde, entre outros definidos a partir dos diagnósticos locais, regionais ou nacionais e da discussão com os trabalhadores e outros sujeitos sociais, buscando superar desigualdades sociais e de saúde, considerando o respeito à ética e dignidade das pessoas, e suas especificidades e singularidades culturais e sociais (CEREST, 2017, p. 1).
Descentralização
Compreende a consolidação do papel do município como instância efetiva de desenvolvimento das ações de VISAT. Deve atuar de forma integrada, apoiado pelas esferas regional, estadual e federal do SUS, considerando-se a complexidade das ações de vigilância e sua organização em redes e sistemas solidários (CEREST, 2017, p. 4).
Controle e participação social
A participação dos trabalhadores é fundamental na identificação dos fatores de riscos presentes nos ambientes e processos de trabalho, no reconhecimento das repercussões sobre o processo saúde-doença e no desencadeamento das transformações das condições geradoras de acidentes e doenças. Pressupõe-se a garantia de participação dos trabalhadores ou seus representantes na formulação, no planejamento, no acompanhamento e na avaliação das políticas e execução das ações de VISAT, nas instâncias constituídas no SUS, especialmente nos Conselhos de Saúde, Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador e fóruns, comissões e outras formas de organização, além das constituídas no SUS (CEREST, 2017, p. 1).
Integralidade das ações
A garantia da integralidade nas ações de VISAT inclui a articulação entre as ações individuais e as ações coletivas, das ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde, e entre o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais (CEREST, 2017, p. 3).
Princípios
Segundo Vasconcellos; Gomez; Machado (2014), a Vigilância em Saúde do Trabalhador deve ser entendida de forma ampla, como um processo de saúde pública que articula saberes e práticas de controle e de intervenção sobre os problemas que causam danos (agravos) relacionados aos processos de trabalho, aos ambientes de trabalho e às condições em que o trabalho se realiza.
O pressuposto da ação de Vigilância em Saúde do Trabalhador é, portanto, prevenir agravos à saúde dos trabalhadores, manifesto por Sofrimentos; Alteração biológica; Dano; Desgaste; Doença; Lesão ou acidente.
Princípios
A Vigilância em Saúde do Trabalhador é uma ação típica de saúde pública e, portanto, vinculada visceralmente ao Sistema Único de Saúde (SUS). É a partir do SUS que se pode falar em VISAT.
Dessa maneira e tendo em vista que o SUS em sua própria concepção constitucional é um sistema que articula políticas e outras estruturas do Estado brasileiro, é necessário pensar uma vigilância voltada para a saúde no trabalho. 
Esta vigilância deve estar vinculada às demais estruturas do aparelho do Estado, para atingir seu objetivo maior.
Vigiar e intervir nos processos e ambientes de trabalho onde existam fatores determinantes de perda da saúde da população que trabalha é o objetivo maior da VISAT (VASCONCELLOS; GOMEZ; MACHADO, 2014).
O lugar de fala de uma VISAT, no âmbito do SUS, tem um ponto de partida institucionalizado e legitimado pelas normas operativas do SUS - é a RENAST. E a RENAST tem como sua principal estratégiaos CEREST.
Dessa maneira, são os CEREST que devem desencadear as ações de VISAT, disseminando-as na própria rede SUS, onde deverão ser desenvolvidas grande parte das ações, como fora dela.
Os CEREST representam a base de conhecimento técnico e legal, inclusive na formação de agentes de vigilância, que a VISAT possa ser incorporada às estruturas formais com poder de intervenção, como é o caso da vigilância sanitária, às que detêm o poder de sistematizar informações, como é o caso da vigilância epidemiológica e da vigilância em saúde ambiental, além daquelas com poder de geração de demandas, como é o caso da atenção básica, entre outras (VASCONCELLOS; GOMEZ; MACHADO, 2014).
Para conhecer melhor os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e os Sistemas Nacionais de Vigilância em Saúde e Vigilância Sanitária, leia as portarias:
- Portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013, que regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2013a).
- Portaria nº 1.206, de 24 de outubro de 2013, que altera o cadastramento dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) (BRASIL, 2013b).
Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS
Fundamentos para a VISAT
A VISAT tem como características fundamentais:
Ser intersetorial, Ser participativa.
Suas ações devem ser coordenadas pelas instâncias de gestão do SUS, integradas aos demais componentes da Vigilância em Saúde e articuladas pela Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST). Isto deve ser feito de modo a garantir a estruturação da atenção integral à saúde dos trabalhadores em rede (CEREST, 2017, p. 3).
As ações da Vigilância em Saúde do Trabalhador têm caráter proponente de mudanças e regulação dos processos de trabalho, a partir das análises epidemiológica, tecnológica e social, em uma ação múltipla e interinstitucional.
Exigem a articulação de conhecimentos interdisciplinares e o saber do trabalhador sistematizado a partir do registro sobre o processo ou a organização do trabalho/atividade e a percepção de adoecimento, de riscos e de vulnerabilidades.
Assim, demanda a utilização de metodologias de intervenção, que contem com a participação dos trabalhadores em todas as suas etapas, desde a definição de prioridades, organização de ações programadas, execução, avaliação, acompanhamento e divulgação (CEREST, 2017, p. 3).
Fundamentos para a VISAT
A ação de VISAT é múltipla e articula: O atendimento clínico, A análise das situações de risco, Intervenções regulatórias. rnativaociais 
Ela também é responsável por articular processos de apoio social que são identificados e implementados de forma continuada em que a rede constituída confere uma perenidade ao processo (CEREST, 2017, p. 4). Sobre intervenções como a da VISAT, comenta Bahia (2012, p. 12):
As intervenções, quando realizadas de forma articulada com a organização social dos trabalhadores, possibilitam que a análise de um único estabelecimento do setor tenha repercussão ampla nesta categoria de trabalhadores, e as conclusões tiradas servem de base para o planejamento de intervenções em outros estabelecimentos do ramo e também apontam elementos específicos de saúde para negociação em dissídios coletivos.
Desenvolvimento das ações de VISAT
Segundo o Manual da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador devem ter como base (BRAGA Jr., 2006):
A metodologia descrita na Portaria GM/MS nº 3.120/1998
O documento “Diretrizes para Implementação da Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS"
As ações devem ser realizadas por técnicos que pertençam às instâncias da VISA e/ou aos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, com competência de atuação no âmbito estadual, regional e municipal (CEREST, 2017).
Você já ouviu falar sobre a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT)? No seu município são desenvolvidas ações de VISAT? Você já participou ou foi convidado a participar de alguma ação referente a essa vigilância?
Para aprofundar seu conhecimento sobre as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), leia os seguintes textos:
- Manual de Gestão do RENAST
- A Portaria nº 3.120, de 1º de julho de 1998, que aprova a Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS, na forma do Anexo à Portaria, com a finalidade de definir procedimentos básicos para o desenvolvimento das ações correspondentes.
- Diretrizes para implementação da Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS.
- Orientações Técnicas para ações de vigilância de ambientes e processos de trabalho, publicada pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia em 2012.
Inspeção sanitária
A inspeção sanitária é uma ação fundamental da vigilância dos ambientes e processos de trabalho. É desenvolvida por meio da observação direta do processo de trabalho, de entrevistas com trabalhadores e de análise de documentos.
Definição
Corresponde ao modo de olhar do profissional do SUS para o trabalho, a fim de compreender o trabalho real, destacar seus impactos na saúde e no ambiente de trabalho. É a observação da forma de trabalhar, da relação do trabalhador com os meios de produção e da relação dos meios de produção com o ambiente.
Características
A inspeção sanitária caracteriza-se por ser uma ação geradora de uma intervenção de redução dos riscos à saúde dos trabalhadores relacionados a um ambiente, a uma atividade ou a um processo de trabalho. É exercida por uma equipe de Vigilância em Saúde do Trabalhador, não devendo ser realizada de forma individual.
Execução
A observação realizada deve destacar os aspectos técnicos, epidemiológicos e sociais do ambiente, das atividades e dos processos de trabalho em foco. O diálogo com os trabalhadores é imprescindível no momento da observação, no preparo da observação e nas discussões das intervenções a serem prescritas.
A inspeção sanitária é exercida por uma equipe de Vigilância em Saúde do Trabalhador, não devendo ser realizada de forma individual. Veja alguns aspectos dessa observação e as ações previstas para tal.
Inspeção sanitária
Ações da equipe de Vigilância em Saúde do Trabalhador
Elaborar mapeamentos dos processos produtivos, registros, audiovisuais e avaliações ambientais. Analisar dados, informações, registros e prontuários de usuários trabalhadores nos serviços de saúde, respeitando os códigos de ética dos profissionais de saúde. Efetuar inspeção sanitária nos ambientes de trabalho. Identificar e analisar os riscos existentes, bem como propor as medidas de intervenção necessárias. Analisar, avaliar e intervir, pronunciando as medidas de intervenção necessárias. Analisar, avaliar e intervir pronunciando-se sobre situações de risco à saúde dos trabalhadores e ambientes relacionados. Verificar a ocorrência de anormalidades, irregularidades e a procedências de denuncias de inadequação dos ambientes e de processos de trabalho. Identificar e analisar a situação de saúde dos trabalhadores da área de abrangência dos CEREST ou das equipes de saúde da Família. Realizar atividades de educação em saúde do trabalhador para técnicos, comunidade e trabalhadores. Propor acordos e acompanhar a sua implementação para proteção da saúde dos trabalhadores em situações priorizadas, dada à magnitude e transcendência dos seus riscos e dos impactos a saúde e aos ambientes. Garantir a participação de representantes dos trabalhadores e assessores técnicos nas ações de VISAT, inclusive quando realizadas em ambientes de trabalho. Elaboração de material didático sobre práticas de Vigilância em Saúde do trabalhador de forma a estimular a participação e a promoção da saúde das comunidades. (CEREST, 2017, p.11).
Inspeção sanitária
Algumas das atribuições da VISAT e a necessidade de interfaces com os outros componentesinstitucionais da Vigilância em Saúde. 
Estabelecer processos de regulação relacionados à saúde do trabalhador.
Realizar inspeções sanitárias nos ambientes de trabalho, com objetivo de buscar a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores.
Articular-se com instituições e entidades das áreas de Saúde, Trabalho, Meio Ambiente e outras afins, no sentido de garantir maior eficiência das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador realizadas.
Promover levantamentos, monitoramentos de risco à saúde dos trabalhadores, inquéritos epidemiológicos e estudos.
Promover formação e treinamentos para os técnicos envolvidos nas ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
Sistematizar e difundir as informações produzidas.
Atribuições das interfaces da VISAT
Vigilância Epidemiológica
Articular-se com instituições e entidades das áreas de Saúde, Trabalho, Meio Ambiente e outras afins, no sentido de garantir maior eficiência das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador realizadas.
Promover levantamentos, monitoramentos de risco à saúde dos trabalhadores, inquéritos epidemiológicos e estudos.
Promover formação e treinamentos para os técnicos envolvidos nas ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
Sistematizar e difundir as informações produzidas.
Promoção
Estabelecer processos de regulação relacionados à saúde do trabalhador.
Articular-se com instituições e entidades das áreas de Saúde, Trabalho, Meio Ambiente e outras afins, no sentido de garantir maior eficiência das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador realizadas.
Promover formação e treinamentos para os técnicos envolvidos nas ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
Sistematizar e difundir as informações produzidas.
Vigilância Sanitária
Estabelecer processos de regulação relacionados à saúde do trabalhador.
Realizar inspeções sanitárias nos ambientes de trabalho, com objetivo de buscar a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores.
Articular-se com instituições e entidades das áreas de Saúde, Trabalho, Meio Ambiente e outras afins, no sentido de garantir maior eficiência das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador realizadas.
Promover levantamentos, monitoramentos de risco à saúde dos trabalhadores, inquéritos epidemiológicos e estudos.
Promover formação e treinamentos para os técnicos envolvidos nas ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
Sistematizar e difundir as informações produzidas.
Vigilância em Saúde Ambiental
Estabelecer processos de regulação relacionados à saúde do trabalhador.
Realizar inspeções sanitárias nos ambientes de trabalho, com objetivo de buscar a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores.
Articular-se com instituições e entidades das áreas de Saúde, Trabalho, Meio Ambiente e outras afins, no sentido de garantir maior eficiência das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador realizadas.
Promover levantamentos, monitoramentos de risco à saúde dos trabalhadores, inquéritos epidemiológicos e estudos.
Promover formação e treinamentos para os técnicos envolvidos nas ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
Vigilância da situação de saúde
Promover levantamentos, monitoramentos de risco à saúde dos trabalhadores, inquéritos epidemiológicos e estudos.
Sistematizar e difundir as informações produzidas.
Interface com a Vigilância Sanitária
Entre as atribuições da Vigilância em Saúde do Trabalhador que apresenta interface com a vigilância sanitária, pode-se destacar:
 
Fomentar a incorporação, nas licenças e vistorias sanitárias do setor regulado, a visão da relação saúde/processo de trabalho, visando à prevenção de agravos à saúde do trabalhador.
 
Identificar e notificar situações de riscos que demandam uma atuação especializada por parte da equipe de VISAT. ilizar nagilância dos ambientes de trabalho os instrumentos técnico-administrativos sanitários, quando necessário.
Monitorar o cumprimento das exigências solicitadas com relação à saúde dos trabalhadores.senvolver ações de educação em saúde, direcionada
Participação do controle social nas ações de VISAT
Tendo a participação dos trabalhadores como a base social das ações, componente fundamental e inerente às ações de saúde do trabalhador, especialmente as de VISAT, a participação do controle social deve estar presente desde o planejamento da intervenção, na definição de prioridades por indução de demandas. 
A participação de representantes dos sindicatos, dos representantes do controle social é de fundamental importância também no planejamento das ações a serem efetivadas pela área de saúde do trabalhador, dos municípios e estados e nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador.
Além disso, a participação dos trabalhadores é fundamental na identificação dos fatores de riscos presentes nos ambientes e processos de trabalho, no reconhecimento das repercussões sobre o processo saúde-doença e no desencadeamento das transformações das condições geradoras de acidentes e doenças.
As ações de Vigilância e Promoção em Saúde do Trabalhador e a importância e necessidade do envolvimento das equipes de Atenção Básica (EAB) e da estratégia da Saúde da Família (ESF) no cuidado à saúde dos trabalhadores.
Desde a implementação da RENAST (Portaria GM/MS nº 1.679/2002), a Atenção Básica é um dos principais focos da atenção integral à saúde do trabalhador, considerada como ordenadora da rede e coordenadora do cuidado na Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Já, em 2005, por meio da Portaria GM/MS nº 2.437, reforça-se a inclusão das ações de ST na atenção básica e tendo como principal objetivo integrar a rede de serviços do SUS, a implementação das ações de Vigilância e Promoção em Saúde do Trabalhador.
Dias et al. (2016) reforçam a importância do envolvimento das equipes de Atenção Básica (EAB) e da estratégia da Saúde da Família (ESF) no cuidado à saúde dos trabalhadores, no entanto, tais equipes tem enfrentado alguns obstáculos. 
 Cobertura e acesso aos serviços de saúde
Em que pese os avanços registrados pela Atenção Básica em relação à cobertura e do acesso da população aos serviços de saúde, ainda persistem desafios a serem superados, dada à rotatividade e sobrecarga do trabalho das equipes, à baixa resolutividade e fluxo do usuário na rede e ao desenvolvimento das ações de Vigilância em Saúde.
Enfrentamento de agravos
Em relação às ações de VISAT, registros na literatura demonstram que as equipes de Saúde da Família e da Atenção Básica reconhecem problemas da saúde relacionados ao trabalho, no entanto, encontram dificuldades para o enfrentamento desses agravos e doenças e para o desenvolvimento de intervenções sobre os processos produtivos geradores de danos para a saúde e o ambiente nos territórios sob sua responsabilidade.
Qualificação
Dessa maneira, é imprescindível “qualificar o olhar e apoiar os profissionais da EAB/ESF para que reconheçam o usuário enquanto trabalhador e o trabalho enquanto determinante da situação de saúde-doença da população no território sob sua responsabilidade sanitária” (DIAS et al., 2016, p. 9).
Considerando-se a perspectiva da integralidade do cuidado, o trabalhador deve ser visto em sua totalidade, no trabalho e fora dele, assim como as ações de promoção, proteção, prevenção, vigilância e assistência à saúde são indissociáveis. Veja como funciona a articulação e complementaridade das ações de vigilância de agravos à saúde relacionados ao trabalho e vigilância das condições e ambientes de trabalho (VISAT) (DIAS et al., 2016).
Ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador na Atenção Básica
Ainda que algumas características da Atenção Básica favoreçam as práticas de VISAT, entre elas ressalta-se a capilaridade da rede de atenção, presente em todos os municípios brasileiros, que facilita o acesso dos trabalhadores ao cuidado. 
Organização do trabalho das equipes
Chama-se atenção, ainda, à organização do trabalho das equipes de saúde a partir do território, que fortalece o vínculo usuário-equipe e possibilita o planejamento e a execução de ações de saúde,considerando as necessidades e os problemas de saúde mais comuns, inclusive os relacionados ao trabalho ou atividades produtivas.
Participação dos trabalhadores
Ressalta-se a participação dos trabalhadores, em especial aqueles inseridos em atividades informais e precarizadas e geralmente não vinculados a sindicatos tradicionais.
Desenvolvimento das Ações
Sob a ótica da vigilância dos agravos, o desenvolvimento das ações de VISAT pelas equipes da Atenção Básica e Saúde da Família abrange a identificação, notificação (registro) e análise dos agravos à saúde relacionados ao trabalho.
Fatores de risco
Assim como em relação à vigilância dos ambientes e condições do trabalho, o desenvolvimento das ações de VISAT também envolve identificação e estudos dos fatores de risco dos determinantes e condicionantes de saúde presentes nos processos produtivos existentes no território.
As ações de VISAT na Atenção Básica compreendem (Dias et al., 2016):
O mapeamento das atividades produtivas desenvolvidas no território.
A identificação do usuário trabalhador e do perfil epidemiológico dos agravos e doenças relacionados ao trabalho na população adscrita.
A vigilância dos ambientes e condições de trabalho.
Mapeamento das atividades produtivas desenvolvidas no território
Integrante do Diagnóstico da Situação de Saúde na área de atuação da equipe, o mapeamento das atividades produtivas desenvolvidas no território sanitário adscrito às EAB/ESF possibilita conhecer as condições de vida e saúde das famílias e dos trabalhadores e identificar os principais determinantes e condicionantes dos processos saúde-doença relacionados ao trabalho (DIAS et al., 2016, p. 19).
Essas atividades podem ser classificadas em três grupos distintos, prioritariamente em relação às ações de VISAT.
Atividades produtivas formais, abrangendo empresas de grande, médio e pequeno porte instaladas no território.
Atividades produtivas formais configuradas como micro ou pequenas empresas, como bares, padarias, mercearias, oficinas mecânicas, serralherias, entre outras.
Atividades produtivas desenvolvidas no domicílio ou peridomicílio do trabalhador, que podem ser formais, mas são geralmente informais ou clandestinas (DIAS et al., 2016, p.20).
Identificação do usuário trabalhador e do perfil epidemiológico dos agravos e doenças relacionados ao trabalho na população adscrita.
Reconhecer os usuários enquanto trabalhadores na população de seu território é um processo contínuo na ação dos ACS, por meio da descrição da ocupação, das condições de emprego ou desemprego, tempo na ocupação, situação de trabalho, tipo de vínculo, renda, situação previdenciária, ocorrência de acidente e ou doença relacionada ao trabalho de cada membro da família.
“Ouvir o trabalhador falando de seu trabalho, da percepção sobre os efeitos deste sobre sua vida e saúde, de como seu corpo reage a esse trabalho, contribui para o fortalecimento do vínculo com a equipe” (DIAS et al., 2016, p. 22).
 Destaca-se o reconhecimento dos trabalhadores nos procedimentos de acolhimento, consulta médica e de enfermagem, nas visitas domiciliares, atividades em grupo, entre outras ações desenvolvidas pela equipe.
Segundo as Diretrizes para a Vigilância em Saúde do Trabalhador na Atenção Básica, as ações de VISAT deverão ser desencadeadas a partir da identificação de:
Rcos e pgos para a saúde, presentes ou potenciais, nas atividades produtivas consideradas no Diagnóstico da Situação de Saúde do território.
Situações-problema observadas no atendimento de trabalhadores.
Por demanda dos trabalhadores ou de suas organizações.
Situações de risco identificadas em estudos e pesquisas e/ou na ocorrência de acidentes ampliados envolvendo trabalhadores ou o meio ambiente (DIAS et al., 2016, p. 26).
As ações de vigilância dos ambientes de trabalho devem ser registradas no Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA/SUS) por municípios e CEREST.
Matriciamento das ações de VISAT na Atenção Básica
Segundo Campos; Domitti (2007), o apoio matricial em saúde objetiva assegurar retaguarda especializada às equipes e profissionais encarregados da atenção a problemas de saúde. Trata-se de uma metodologia de trabalho complementar àquela prevista em sistemas hierarquizados, a saber: mecanismos de referência e contrarreferência, protocolos e centros de regulação.
Na Atenção Básica, é entendido como: “[...] um tipo de arranjo organizacional destinado a fornecer suporte técnico às equipes responsáveis pelas ações básicas de saúde” (DIAS et al., 2016, p. 27).
Dias et al. (2016) também apontam que o matriciamento apresenta-se como estratégia capaz de:
Potencializar o desenvolvimento de competências para a gestão do cuidado.
Melhorar a capacidade de resolução dos problemas envolvidos nas relações trabalho saúde-doença e ambiente, no território de atuação das equipes.
Observe o matriciamento das ações da Saúde do Trabalhador.
Instância de Apoio Matricial para o desenvolvimento das ações de Saúde do Trabalhador na Atenção Primária à Saúde (APS).
Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST)
Centro articulador e organizador das ações intra e intersetoriais de saúde do trabalhador, assumindo a retaguarda técnica e se tornando polo irradiador de ações e experiências de vigilância em saúde, de caráter sanitário e de base epidemiológica.
 
Desempenha, enquanto instância da RENAST, função de suporte técnico, de educação permanente, de coordenação de projetos de promoção, vigilância e assistência à saúde dos trabalhadores, no âmbito da sua área de abrangência.
Tendo em vista que as questões de Saúde do Trabalhador ainda não compõem a agenda de prioridade das equipes da Atenção Básica e Saúde da Família, as ações de matriciamento devem começar pelo diálogo com os profissionais da rede básica para ouvir deles se reconhecem o usuário enquanto trabalhador, que tipo de questões ou demandas aparecerem nos serviços e como lidam com esses problemas.
As questões mais frequentes na experiência dos serviços que desenvolvem as ações de Saúde do Trabalhador:
 
Reconhecimento do usuário enquanto trabalhador.
Compreensão do trabalho enquanto determinante da situação de saúde-doença.
Organização do processo de trabalho na Atenção Básica para identificar momentos e oportunidades para qualificar o cuidado dos trabalhadores.
Atribuições, organização e responsabilidades dos pontos de atenção que conformam a Rede de Atenção Integral à Saúde dos Trabalhadores (RENAST).
Fluxos de referência e contrarreferência na rede de modo a garantir o cuidado resolutivo e de qualidade, envolvendo ações de promoção e proteção da saúde, de vigilância e assistência, entre os pontos de atenção preservando o vínculo do trabalhador com a equipe de referência (DIAS et al., 2016, p. 27).
Indicadores de saúde do trabalhador pactuados no SISPACTO
Entre os indicadores de Vigilância em Saúde, destacamos o seguinte, relativo à área de Saúde do Trabalhador:oporção de municípios com casos de doenças ou agravos relacionados ao trabalho notificados
A meta é ampliar a proporção de municípios com casos de doenças ou agravos relacionados ao trabalho notificados.
A proporção de municípios com notificações de doenças/agravos relacionados ao trabalho no período de 2008 a 2015 foi de 97,07%. Dos 163 municípios sem notificação, 74,20% estavam concentrados nos estados do Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Sul (MELO; MACHADO; ROCHA, 2016, p. 10).
O indicador tem por objetivo reduzir e prevenir os riscos e agravos à saúde da população, por meio das ações de vigilância, promoção e proteção, com foco na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, acidentes e violências, no controle das doenças transmissíveis e na promoção do envelhecimento saudável.
Parâmetro Nacional para Referência de caso de doenças ou agravos relacionados ao trabalho.
	Parâmetro Nacional para Referência: 83% dos municípios com casos de doenças ou agravos relacionados ao trabalho notificados em 2015.
	CID das doenças ou agravosrelacionados ao trabalho
	L 98.9
	Dermatoses ocupacionais
	Z 57.9
	LER/DORT
	F 99
	Transtornos mentais
	C 80
	Câncer relacionado ao trabalho
	Z 20.9
	Acidente com exposição a material biológico
	H 83.3
	PAIR
	J 64
	Pneumoconioses
	T 65.9
	Intoxicação exógena relacionada ao trabalho
	Y 96
	Acidente de trabalho grave
Análise de situação de saúde
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a Análise de Situação de Saúde (Asis) é um processo analítico-sintético que permite caracterizar, medir e explicar o perfil de saúde-doença de uma população, incluindo os danos ou problemas de saúde, assim como seus determinantes, que facilitam a identificação de necessidades e prioridades em saúde, a identificação de intervenções e de programas apropriados e a avaliação de seu impacto (OPAS, 1999, apud BRASIL, 2015).
A Análise da Situação de Saúde consiste no processo de identificação, formulação, priorização e análise dos problemas de saúde em um determinado território. O objetivo da análise situacional é permitir a identificação das necessidades sociais de saúde e determinar as prioridades de ação.sário ão desta população, de suas condições de vida, do co e do sistema de saúde.
Análise de situação de saúde
Definição
No caso da saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define Sistema de Informação em Saúde (SIS) como um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde (GUIMARÃES; ÉVORA, 2004).
Delineamento
Dessa forma, os SIS devem ser delineados no seu desenho, na sua organização e na estruturação, de forma a responder aos objetivos estratégico-políticos, às funções, ao formato organizacional e ao grau de descentralização do Sistema de Saúde em seus níveis operacionais e de tomada de decisões (BRASIL, 2015).
Sistema de Informações de Saúde
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
Início/Implantação: 1975 – 1979
Fonte de dados: Declaração de óbito
Variável básica: óbito
Sistema de informações sobre Internações Hospitalares (SIH-SUS)
Início/Implantação: 1991
Fonte de dados: Formulário Autorização de Internação Hospitalar
Variável básica: internações (morbidade hospitalar).
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)
Início/Implantação: 1991 - 1994
Fonte de dados: Declaração de nascido vivo
Variável básica: nascido vivo
Sistema de Informações de Atenção Básica (SISAB)
Início/Implantação: 2013
Fonte de dados: Instrumentos de cadastro da atenção básica, fichas de atendimento de nível superior e nível médio e outros)
Variável básica: informações da situação sanitária e de saúde da população do território.
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
Início/Implantação: 1991 - 1998
Fonte de dados: Ficha de notificação e ficha de investigação
Variável básica: doença de notificação compulsória
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA–SUS)
Início/Implantação: 1992 - 1994
Fonte de dados: Boletim de Produção Ambulatorial e Atendimentos de média e alta complexidade (APAC)
Variável básica: procedimentos (TABNET) e atendimentos de média e alta complexidade.
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
O SINAN é alimentado pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória, sendo facultado aos estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua região.
Na área de Saúde do Trabalhador, são caracterizados como agravos de notificação compulsória:
 
acidentes de trabalho com exposição a material biológico.
acidentes de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes.
intoxicação exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados).
Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo, assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica (BRASIL, 2016).
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
A Portaria GM/MS nº 205, de 17 de fevereiro de 2016, define a Lista Nacional de Doenças e Agravos a ser monitorada por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes. Conheça abaixo as doenças e agravos que são listadas:
Câncer relacionado ao trabalho.
Dermatoses ocupacionais.
Lerços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT).
Perda auditiva induzida por ruído (PAIR) relacionada ao trabalho.
Pneumoconioses relacionadas ao trabalho.
Transtornos mentais relacionados ao trabalho (BRASIL, 2016).
Sistema de Informações sobre Internações Hospitalares (SIA/SUS)
O SIA/SUS foi implantado nacionalmente na década de 90, visando ao registro dos atendimentos realizados no âmbito ambulatorial, por meio do boletim de produção ambulatorial (BPA).
Ao longo dos anos, o SIA vem sendo aprimorado para ser efetivamente um sistema que gere informações referentes ao atendimento ambulatorial e que possa subsidiar os gestores estaduais e municipais no monitoramento dos processos de planejamento, programação, regulação, avaliação e controle dos serviços de saúde, na área ambulatorial.
	Procedimentos em Saúde do Trabalhador SIA/SUS
	Código
	Procedimento
	01.02.02.001 - 9
	Vigilância da situação de Saúde dos Trabalhadores
	01.02.02.003 - 5
	Inspeção sanitária em Saúde do Trabalhador
	01.02.02.002 - 7
	Atividade educativa em Saúde do Trabalhador
Sistema de Informação da Atenção Básica (SISAB)
O Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) foi instituído pela Portaria GM/MS nº 1.412, de 10 de julho de 2013, passando a ser o sistema de informação da Atenção Básica vigente para fins de financiamento e de adesão aos programas e estratégias da Política Nacional de Atenção Básica, substituindo o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB).
 integra a estratégia do Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS
O Sistema tem como finalidade registrar todos os atendimentos provenientes de internações hospitalares que foram financiadas pelo SUS e, a partir deste processamento, gerar relatórios para os gestores pagarem os estabelecimentos de saúde.
O nível federal recebe mensalmente uma base de dados de todas as internações autorizadas (aprovadas ou não para pagamento) para serem repassados às secretarias de Saúde os valores de produção de média e alta complexidade, além dos valores de CNRAC, FAE e de hospitais universitários - em suas várias formas de contrato de gestão.
 A “Saúde como direito universal e dever do Estado” é uma conquista do cidadão brasileiro, expressa na Constituição Federal e regulamentada pela Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90). No âmbito desse direito encontra-se a Saúde do Trabalhador.e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”.
A Lei Orgânica da Saúde (nº 8.080/1990) definiu que estão incluídas no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) as ações de Saúde do Trabalhador. Definiu ainda o entendimento que:“A Saúde do Trabalhador” é um conjunto de atividades que se destina, por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (art. 6º, parágrafo 3º) (BRASIL, 1990).
Assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho.
A Saúde do Trabalhador tem por base os princípios do SUS como o acesso universal, integralidade da atenção, com ênfase nas ações de promoção e prevenção, descentralização e participação social, inserindo-se o princípio da precaução.
Diante dessas premissas, a Rede Nacional de Atenção Integralà Saúde do Trabalhador (RENAST) propugna a inserção de ações de Saúde do Trabalhador na Atenção Básica e na implementação de ações de vigilância e promoção em Saúde do Trabalhador, assim como pela instituição de serviços de retaguarda, de média e alta complexidade.
Participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho.
Participação, no âmbito de competência do SUS, da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador.
Avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde.
Informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional.
Participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas.
Revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais.
A garantia ao Sindicato dos Trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1990).
Em relação à participação social, compete destacar, já na Lei nº 8.080/90, a indicação de formação das comissões intersetoriais, destinadas à articulação das políticas e programas, entre elas a de Saúde do Trabalhador.
Campo da Saúde do Trabalhador
O campo da Saúde do Trabalhador tem sua origem a partir de uma conjuntura política de organização e de lutas pela redemocratização do país, notadamente a partir dos anos 1980, quando vários atores questionam as concepções e as políticas públicas de saúde até então vigentes (GOMES; MACHADO; PENA, 2011). 
É importante ressaltar, ainda, que a execução de atividades de trabalho no espaço familiar tem acarretado a transferência de riscos/fatores de risco ocupacionais para o fundo dos quintais, ou mesmo para dentro das casas, em um processo conhecido como domiciliação do risco.
As ações de Saúde do Trabalhador devem ser incluídas formalmente na agenda da rede básica de atenção à saúde. Dessa forma, amplia-se a assistência já ofertada aos trabalhadores, na medida em que passa a olhá-los como sujeitos a um adoecimento específico que exige estratégias – também específicas – de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Os anos 1978/79, surgiam às mudanças mais significativas no âmbito nacional, lastreadas na retomada do cenário político pelo Movimento Sindical, iniciada no ABC Paulista a partir das grandes greves de 1978 nas indústrias automobilísticas e que se espalham por grande parte do território nacional nos meses seguintes.
Durante a Conferência Mundial de Alma Ata em 1978, surgem propostas específicas como a da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a atenção à saúde de trabalhadores, especialmente os rurais, mineiros e migrantes.
 stas propostas eram ancoradas nas proposições participação social.
Em 1983, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lança o documento “Programa de Acción em la Salud de los Trabajadores”, com diretrizes para a implantação de programas em saúde na rede pública de serviços sanitários e voltados para trabalhadores.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1985, adota a Convenção nº 161 e a Recomendação nº 171 denominadas “Convenção e Recomendação sobre os Serviços de Saúde no Trabalho”, tendo como principais características o princípio da ampla participação dos trabalhadores e o desenvolvimento dos trabalhos em equipes multiprofissionais, cuja implementação dar-se-ia por meio de políticas públicas.nvenção e Recomendação sobre os Serviços de Saúde no Trabalho”
Distinguiu-se do que propunha a Recomendação OIT nº 112 de 1959, relativa aos Serviços de Medicina do Trabalho de caráter privado e que inspirou em 1975 a criação dos Serviços Especializados de Segurança e Medicina do Trabalhado (SESMETs) no Brasil (LACAZ, 1997).dos trabalhadores, com a abolição da recomendação da OIT de 1959.
Em 22 de maio de 1991, por meio do Decreto do Executivo nº 127, foi ratificada pelo Brasil a Convenção nº 161 (PARMEGIANNI, 1985, apud LACAZ, 1997).
Criação da Comissão Intersindical de Saúde e Trabalho (CISAT), em 1978, em São Paulo, e que, após dois anos, transformar-se-ia no DIEESE da Saúde – Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT), de caráter nacional, fundado em agosto de 1980, cuja articulação partiu de vários setores do movimento sindical.
A implementação de ações de Saúde do Trabalhador na rede de serviços do SUS é oriunda de um processo sociopolítico e técnico em construção e que teve início no fim dos anos 80, com ações isoladas, a partir de alianças solidárias entre as organizações e os sindicatos de trabalhadores e técnicos dos serviços públicos e de hospitais universitários, da fiscalização do Trabalho e da Previdência Social em alguns estados e municípios brasileiros, onde foram criados os Programas de Saúde do Trabalhador (PST) (DIAS et al., 2011).
Em 1983, diante das manifestações dos órgãos internacionais que reforçaram as preocupações dos técnicos da área de saúde pública no Brasil, delineou-se a possibilidade de a Saúde Pública assumir papel ativo na condução de um movimento político-ideológico que ficaria conhecido como os PSTs, cujas experiências se desenvolveram em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, a partir de 1984-85 (LACAZ, 1997).
A experiência acumulada, em estados e alguns municípios com os Programas de Saúde do Trabalhador, nos anos 1984-86, contribuiu para a inserção da saúde dos trabalhadores como atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), na Constituição Federal (1988) (BRASIL, 1988).
A importância das conferências nacionais de saúde na construção da PNSTT
Diante das discussões na 1ª Conferência de Saúde do Trabalhador, evidenciou-se o entendimento de que saúde dos trabalhadores extrapola os limites da saúde ocupacional, bem como possibilita conceituá-la como resultante de um conjunto de fatores de ordem política, social e econômica. Em síntese, saúde dos trabalhadores significa:
Condições dignas de vida; pleno emprego; trabalho estável e bem remunerado; oportunidade de lazer; organização livre, autônoma e representativa de classe; informação sobre todos os dados que digam respeito a direitos.
No plano do direito, o direito à saúde precisa expressar, também, direito ao trabalho, direito à informação, direito à participação, direito ao lazer (TAMBELLINI, 1986). Clique nos botões abaixo para conhecer mais sobre este tema.
Nos textos que subsidiaram a 1ª CNST já se evidenciava a necessidade da construção de uma Política Nacional de Saúde do Trabalhador, com a inclusão de direito à participação dos trabalhadores em relação à sua saúde, dentro e fora da empresa.
Outros direitos ressaltados eram a recusa ao trabalho em ambientes insalubres ou perigosos, atentando-se para tomar as medidas no sentido de reduzir a insalubridade e a periculosidade, nos limites de tolerância internacionalmente aceitos; que o trabalho nesses ambientes, garantidos os adicionais previstos em lei, seria acompanhado pelo sindicato da categoria (TAMBELLINI, 1986).
No Tema II – Novas Alternativas de Atenção à Saúde dos Trabalhadores - foram elencadas 27 propostas, das quais destacamos algumas, que fazem parte do texto da PNSTT.
Que os órgãos ou serviços responsáveis pela saúde do trabalhador sejam obrigados a fornecer informações aos representantes dos trabalhadores sobre: ambiente e riscos do trabalho,doenças e acidentes, prontuários médicos, orçamentos, dados estatísticos.
Inclusão no Sistema Único de Saúde de programas específicos de atendimento ao trabalhador, realizados pela rede pública, com condições de pleno acesso aos diversos níveis de atendimento à saúde.
Os profissionais de segurança e medicina do trabalho remunerado pelas empresas deverão ter sua ação controlada pelo Estado, dentro de programas específicos formulados conjuntamente pelos Estados e Comissões de Saúde e aprovado pelos sindicatos da categoria.
A avaliação dos ambientes de trabalho deverá ser feita pelo órgão sanitário local do Sistema Único de Saúde, com participação dos sindicatos.
Que se integra na rede pública (com as necessárias ampliações e melhor qualificação) o tratamento acidentário, com criação de serviços especializados em diagnósticos de doenças profissionais e na avaliação de incapacidade, com dotação dos necessários recursos para habilitação profissional e recolocação do acidentado no mercado de trabalho.
Criação de um sistema de vigilância epidemiológica de acidentes e doenças profissionais que contemple:
a) O comunicado de acidente de trabalho ou doença profissional deverá ser um direito assegurado por lei aos órgãos públicos, sindicatos, comissões de fábrica, empresas e aos próprios trabalhadores.
b) Cópia da comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ao trabalhador e respectivo sindicato.
c) Entrega dos exames médicos, periódicos ou não, aos trabalhadores.
d) Multa pela não declaração, da empresa, de acidentes de trabalho ou doenças profissionais ou do trabalho.
A importância das conferências nacionais de saúde na construção da PNSTT
O tema central da 2ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada de 13 a 16 de março de 1994, foi: “Construindo uma Política de Saúde do Trabalhador". Dessa forma, as deliberações dessa conferência contribuíram para o delineamento de uma Política Nacional de Saúde do Trabalhador.
Ressaltou-se que a construção e a consolidação do SUS deve contemplar a totalidade das ações de Saúde do Trabalhador, com foco nas de promoção à saúde, na pesquisa, na vigilância, na assistência e reabilitação, visto que muitas ações ainda se encontram como atribuições de outros ministérios.
 Para o SUS poder assumir totalmente as ações no âmbito da Saúde dos Trabalhadores foram necessárias algumas mudanças. Clique nos botões abaixo para ler mais.
Houve a indicação da necessidade de constituição de uma comissão composta por representes do Ministério do Trabalho, da Saúde e da Previdência, com participação das Centrais Sindicais – de forma paritária –, do CONASS e CONASEMS.
Também que as ações em Saúde do Trabalhador fossem desenvolvidas por equipes multiprofissionais em todos os níveis de atenção do SUS.
A inserção dessas ações também nos diferentes programas de saúde, em todas as unidades de saúde e o atendimento de forma integral em toda a rede, com mecanismos de referência e contrarreferência para problemas específicos, em centros de referência.
Capacitação e treinamento de recursos humanos em Saúde do Trabalhador e a informação e ações educativas para os trabalhadores envolvidos.
Ressaltava-se, ainda, que durante o processo essas ações deveriam ser desenvolvidas sob a coordenação do SUS, “com a integração dos diversos órgãos nas esferas municipais, estaduais e federal, estabelecendo-se a mudança na prática de vigilância tradicional e incorporando o controle social” (TAMBELLINI, 1994, p. 14).
A proposta de construção da PNSST nasceu da necessidade de garantir que o trabalho, base da organização social e direito humano fundamental, seja realizado em condições que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e a realização pessoal e social dos trabalhadores, sem prejuízo para sua saúde e integridade física e mental.
Em 1997, foi instituído o Grupo Executivo Interministerial de Saúde do Trabalhador (GEISAT), de natureza permanente, que tinha por objetivo analisar medidas e propor ações integradas e sinérgicas que contribuíssem para aprimorar as condições de saúde e segurança do trabalhador.
O Grupo foi composto por seis representantes dos ministérios do: Trabalho; da Saúde; e da Previdência e Assistência. A coordenação do GEISAT seria feita sob forma de rodízio, cabendo ao Ministério do Trabalho exercê-la em primeiro lugar (BRASIL, 2004).
A agenda permanente de trabalho do GEISAT tinha como foco principal:
I – Desenvolvimento e integração das ações e programas voltados para a saúde dos trabalhadores, que contribuam para potencializar e qualificar os serviços prestados.
II – Compartilhamento dos sistemas de informações referentes à saúde dos trabalhadores existentes em cada ministério.
Em 1997, por meio da Resolução nº 220/1997, do Conselho Nacional de Saúde (63ª Reunião Ordinária), foi recomendada ao Ministério da Saúde a publicação de portarias que tratassem de temas afetos à saúde dos trabalhadores, tendo como finalidade instrumentalizar o SUS para o desenvolvimento de ações na área de Saúde do Trabalhador.
A publicação de Manual de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS (em conjunto com CONASS e CONASEMS).
Preenchimento de Autorização de Internação Hospitalar nos casos compatíveis com o SUS.
Normas para cadastramento de Serviços de Assistência à Saúde do Trabalhador no SUS.
Instituição de Lista de Doenças Ocupacionais no SUS, dispondo também sobre a obrigatoriedade de sua notificação e reformulação do atendimento específico para acidentes de trabalho no SIA/SUS.
Instituição de Plano Permanente de Capacitação e Formação de Recursos Humanos para o desenvolvimento das ações de Saúde do Trabalhador no SUS, em articulação com o Programa Nacional de Educação e Qualificação Profissional na Saúde do Ministério da Saúde.
Participação da sociedade civil
O direito de participação da sociedade civil organizada na construção das políticas públicas de saúde, denominada controle social, foi inscrito na Constituição como um dos princípios do SUS e representa uma conquista histórica no que concerne à construção da cidadania e ao aprofundamento da democracia no Brasil.
Participação social
O direito de participação social na formulação, acompanhamento e fiscalização das políticas de saúde foi instituído no Artigo 198 da Constituição Federal e regulamentado posteriormente.
Lei nº 8.080 e 8.142
A consolidação legal e institucional do direito de participação social, bem como do campo da Saúde do Trabalhador, foi selada em 1990, com a Lei Orgânica da Saúde (LOS) nº 8.080 e 8.142, que regulamentou e definiu os princípios e a formatação do SUS.
Lei nº 8.142/90
A Lei nº 8.142/90 estabeleceu a criação de duas instâncias de participação institucionalizadas: Conselhos e Conferências de Saúde 
Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST-SUS)
A Portaria GM/MS nº 3.908, de 30 de outubro de 1998, com aprovação da Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST-SUS), de forma complementar à NOB-SUS 01/96, teve por objetivo orientar e instrumentalizar as realizações de ações de Saúde do Trabalhador e da trabalhadora, urbano e rural, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios. Conheça os pressupostos básicos da NOST-SUS.
Universalidade e equidade, em que todos os trabalhadores, urbanos e rurais, com carteira assinada ou não, empregada, desempregada ou aposentada, trabalhadores em empresas públicas ou privadas, devem ter acesso garantido a todos os níveis de atenção à saúde.
Cabe considerar que em 1998, o Ministério da Saúde coordenou a Política de Saúde do Trabalhador, assim como a execução das ações pertinentes à área está nas competências do SUS, na forma da CFE 1988 e Lei Orgânica da Saúde. Além disso, foram estabelecidos procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS).
RENAST
Em 2002, por meio da Portaria GM/MS nº 1.679, de 19 de setembro de 2002, foi criada a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), dada a necessidade de articulação, no âmbitodo SUS, ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde dos trabalhadores urbanos e rurais, independentemente do vínculo empregatício e tipo de inserção no mercado de trabalho.
Dias et al. (2011) relatam que a RENAST é a principal estratégia adotada pelo Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador, “para implementar o cuidado aos trabalhadores no Sistema Único de Saúde (SUS), considerando o papel do trabalho na determinação do processo saúde-doença”.
A RENAST foi formulada para ser desenvolvida de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais de Saúde, do Distrito Federal e dos Municípios.
Houve orientação às SES para a elaboração dos Planos Estaduais de Saúde do Trabalhador, de forma a conformar a Rede Estadual de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, em conformidade com a NOAS-SUS 01/2002.
A NOAS-SUS 01/2002 tinha como pressupostos a regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade, a criação de mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do SUS e a atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios.
Definiu-se que para a estruturação da RENAST seriam organizadas e implantadas:s na rede de Atenção Básica e na Estratégia do SUS.
Também que as Equipes da Atenção Básica e da Estratégia Saúde da Família seriam capacitadas para a execução de ações em Saúde do Trabalhador.
As Secretarias de Saúde Estaduais e do Distrito Federal e as SMS definiriam, de forma pactuada e de acordo com o Plano Diretor de Regionalização, os serviços ambulatoriais envolvidos na implementação de ações em Saúde do Trabalhador, cujas atribuições deveriam estar em conformidade com as diretrizes do Plano Estadual de Saúde do Trabalhador.
Foi estabelecido ainda que em todos os estados fossem organizados dois tipos de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST): de abrangência Estadual e de abrangência Regional, definidos por ordem crescente de complexidade.
À época já se ressaltava que os CEREST Estaduais e Regionais deveriam estar integrados entre si e com as referências em Saúde do Trabalhador desenvolvidas na rede ambulatorial e hospitalar, com a implementação conjunta de projetos estruturadores, projeto de capacitação e elaboração de material institucional e comunicação permanente, para constituir-se um sistema em rede nacional.
Definiu-se também que o Controle Social da RENAST – por meio da participação das organizações de trabalhadores urbanos e rurais – dar-se-ia por intermédio das instâncias de controle social do SUS, conforme estabelecido na legislação vigente.
Considerando-se também o estágio à época do desenvolvimento do processo de regionalização do SUS, as diversas características populacionais, diferenças regionais quanto aos riscos presentes nos processos de produção e o respectivo perfil epidemiológico, seriam implantados no período de 2002/2004, 130 Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST).
Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador devem ser compreendidos como polos irradiadores, no âmbito de um determinado território, da cultura especializada subentendida na relação processo de trabalho/processo saúde/doença, assumindo a função de suporte técnico e científico, desse campo do conhecimento.
Suas atividades só fazem sentido se articuladas aos demais serviços da rede do SUS, orientando-os e fornecendo retaguarda nas suas práticas, de forma que os agravos à saúde relacionados ao trabalho possam ser atendidos em todos os níveis de atenção do SUS, de forma integral e hierarquizada.
“Em nenhuma hipótese, os CRST poderão assumir atividades que o caracterizem como porta de entrada do sistema de atenção”.
Este suporte deve ainda se traduzir pela função de supervisão da rede de serviços do SUS, além de concretizar-se em práticas conjuntas de intervenção especializada, incluindo a vigilância e a formação de recursos humanos (BRASIL, 2002).
Ampliação da RENAST
Em 2005, por meio da Portaria GM/MS nº 2.437, houve a ampliação da RENAST para 200 CEREST (Anexo VI), acrescentando-se à articulação prevista na Portaria nº 1.679 o envolvimento de outros. Nessa época mais mudanças aconteceram. 
Mudança de nomenclatura que definia os Centros de Referência para CEREST. A ampliação da RENAST pela adequação e ampliação da rede de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).
Inclusão das ações de Saúde do Trabalhador na Atenção Básica; implementação das ações de vigilância e promoção em Saúde do Trabalhador.
Instituição e indicação de serviços de Saúde do Trabalhador de retaguarda, de média e alta complexidade já instalada, aqui chamada de Rede de Serviços Sentinela; e pela caracterização de Municípios Sentinela em Saúde do Trabalhador.
No anexo I à Portaria nº 2.437/2005 definidas as funções do Ministério da Saúde (Secretarias Estaduais e Municipais, bem como CEREST Estaduais e Regionais) na gestão da RENAST.
Ampliação da RENAST
Nas atribuições dos CEREST Estaduais, apoiar a organização e a estruturação da assistência de média e alta complexidade, no âmbito estadual, para dar atenção aos acidentes de trabalho e aos agravos contidos na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, na forma da Portaria GM/MS nº 1.339/99, e aos agravos de notificação compulsória citados na Portaria GM/MS nº 777, de 28 de abril de 2004:
Acidente de trabalho fatal.
Acidente de trabalho com mutilações.
Acidente com exposição a material biológico.
Acidente de trabalho em crianças e adolescentes.
Dermatoses ocupacionais.
Intoxicações exógenas, por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados.
relacionados ao trabalho (DORT).
Pneumoconioses.
Perda auditiva induzida por ruído (PAIR).
Transtornos mentais relacionados ao trabalho e câncer relacionado ao trabalho.
Ampliação da RENAST
A Portaria GM/MS nº 2.728, de 09 de novembro de 2011, que dispôs sobre a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) definiu por competência da Coordenação Geral de Saúde do Ministério da Saúde a coordenação técnica da RENAST. A inclusão das ações de Saúde do Trabalhador na atenção dar-se-ia por meio da definição de protocolos, estabelecimentos de linhas de cuidado e outros instrumentos que favorecessem a integralidade.
CEREST
O CEREST tem por função dar subsídio técnico para o SUS, nas ações de promoção, prevenção, vigilância, diagnóstico, tratamento e reabilitação em saúde dos trabalhadores urbanos e rurais (BRASIL, 2009). Também definiu a implantação de CEREST municipais, cuja abrangência municipal está condicionada a uma população superior a 500 mil habitantes.
Em relação ao Controle Social nos serviços que compõem a RENAST, que propugna a participação de organizações de trabalhadores e empregadores, se dê por intermédio das Conferências de Saúde e dos Conselhos de Saúde, com base na Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, bem como por meio das Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador (CIST) vinculadas aos respectivos conselhos.
Ampliação da RENAST
DIAS et al. (2011) ressaltam que a Saúde do Trabalhador nasce comprometida com a integralidade do cuidado da saúde, articulada com algumas práticas. 
Considera o trabalho como oportunidade de saúde, ‘empoderando’ os trabalhadores e desmistificando a visão de que o acidente e a doença são ‘inerentes’ ao seu desempenho.
Como está organizada a Saúde do Trabalhador no seu município? Tem algum Cerest na sua região? Seu município é sede de Cerest? Se for, qual a área de abrangência dele?
Ampliação da RENAST
Conforme discutido anteriormente, os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) devem ser compreendidos como polos irradiadores, no âmbito de um determinado território, da cultura especializada subentendida na relação processo de trabalho/processo saúde/doença. Veja mais sobre as atribuições do CEREST:
Assumem a função de suporte técnico e científico, tendo como um dos objetivos atender às demandas decorrentes do quadro epidemiológico do estado,a partir de uma cooperação técnica interinstitucional.
Suas ações são desenvolvidas em equipe multidisciplinar, envolvendo: médicos do trabalho, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, engenheiros de segurança no trabalho, fonoaudiólogos, entre outros.
Suas atividades consistem em atendimento ambulatorial, fiscalização das condições de saúde do trabalhador, avaliação e diagnóstico de ambiente de trabalho, realização de projetos específicos a partir da demanda dos sindicatos e da rede de saúde, cursos de capacitação, orientação e educação em saúde (SANCHEZ, 2009).
Ampliação da RENAST
A questão da intersetorialidade foi retomada em 2004, por meio da Portaria Interministerial nº 153, de 13 de fevereiro de 2004, considerando-se os preceitos constitucionais do direito à saúde, incluindo-se à Saúde do Trabalhador, à Previdência Social e ao trabalho e à necessidade da estruturação da articulação intragovernamental em relação às medidas relativas às questões de segurança e saúde do trabalhador, com referência à composição à época do GEISAT.
Considerando-se também que as ações de segurança e Saúde do Trabalhador são de caráter intersetorial e diretamente relacionadas com os ministérios responsáveis pelas políticas de saúde, trabalho e emprego e Previdência Social, a composição do GEISAT obedeceu à anterior (1997) e teve como objetivos:
I - Reavaliar o papel, a composição e a duração do GEISAT.
II - Analisar medidas e propor ações integradas e sinérgicas que contribuam para aprimorar as ações voltadas à segurança e saúde do trabalhador.
III - Elaborar proposta de Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, observando as interfaces existentes e ações comuns entre os diversos setores do governo.
IV - Compartilhar os sistemas de informações referentes à segurança e saúde dos trabalhadores existentes em cada ministério.
Ampliação da RENAST
Os resultados dos trabalhos do grupo deveriam ser encaminhados aos respectivos ministros e encaminhados posteriormente às respectivas instâncias do controle social, porventura existentes.
 Considerando-se, ainda, a Resolução do Conselho Nacional de Saúde, nº 220/1997, que recomendava ao Ministério da Saúde a publicação da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, foi publicada a Portaria nº 1.339 que teve por objeto instituir a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, adotada como referência dos agravos originados no processo de trabalho no Sistema Único de Saúde, para uso clínico e epidemiológico.
Esse documento traz a relação de agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional, com as respectivas doenças que podem estar com eles relacionadas.
Dessa maneira, a elaboração e adoção da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho vieram a cumprir o disposto no Art. 6º, § 3º, inciso VII, da Lei nº 8.080/90, e representou um avanço para o diagnóstico, tratamento, vigilância e o estabelecimento da relação da doença com o trabalho e outras providências decorrentes.
Ampliação da RENAST
Como resultante do trabalho do GEISAT, houve a convocação da 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador.
“garantir que o trabalho – base da organização social e direito humano fundamental – seja realizado em condições que contribuam para a melhoria da qualidade de vida, a realização pessoal e social dos trabalhadores e sem prejuízo para sua saúde, integridade física e mental”.
Ressaltou-se à época que a formulação e implementação das políticas e ações de governo tenham por norte as abordagens transversais e intersetoriais, aliás, conforme já se pressupunha nas propostas da 2ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e a perspectiva que as ações de segurança e Saúde do Trabalhador ensejassem atuação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial, de forma a contemplar a complexidade das relações produção-consumo-ambiente e saúde.
Perfil de morte e adoecimento relacionado ao trabalho
O documento trazia à época, de modo esquemático, perfil de morbimortalidade dos trabalhadores no Brasil, caracterizados pela coexistência de agravos que têm relação com condições de trabalho específicas, como os acidentes de trabalho típicos e as “doenças profissionais".
Dada a escassez e inconsistência de informações sobre a real situação de saúde dos trabalhadores, ressaltou-se a dificuldade de definição de prioridades para as políticas, no planejamento e implementação das ações de Saúde do Trabalhador, bem como a carência de instrumentos importantes e necessários para a melhoria das condições de vida e trabalho.
À época, de modo geral, as informações disponíveis eram apenas as relativas aos trabalhadores empregados e cobertos pelo SAT, da Previdência Social, que representavam em torno de um terço da PEA.
Doenças que têm sua frequência, surgimento ou gravidade modificados pelo trabalho, denominadas “doenças relacionadas ao trabalho".
Doenças comuns ao conjunto da população, que não guardam relação de causa com o trabalho, mas condicionam a saúde dos trabalhadores.
Foram registrados pela Previdência Social, no período de 1999 a 2003, 1.875.190 acidentes de trabalho, sendo 15.293 com óbitos e 72.020 com incapacidade permanente, média de 3.059 óbitos/ano, entre os trabalhadores formais (média de 22,9 milhões em 2002).
O coeficiente médio de mortalidade no período considerado foi de 14,84 por 100 mil trabalhadores (MPS 2003). Já, à época, esses índices eram considerados muito altos, comparados com o de outros países, como Finlândia, 2,1 (2001); França, 4,4 (2000); Canadá, 7,2 (2002); e Espanha, 8,3 (2003).
Estudo epidemiológico de amostragem domiciliar demonstrou a ocorrência de 4,1% de acidentes de trabalho na população, com apenas 22,4% de registros previdenciários, onde se concluiu que de cada 4 pessoas acidentadas no trabalho naqueles municípios, apenas 0,9 teve registro previdenciário. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimava, à época, que na América Latina apenas de 1% a 4% das doenças do trabalho são notificadas.
Ressaltou-se que os acidentes e doenças relacionados ao trabalho são agravos previsíveis e, portanto, evitáveis. Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (2003), as lesões de punho e da mão representaram 34,20% dos acidentes, já em máquinas e equipamentos obsoletos e inseguros foram aproximadamente 25% dos acidentes de trabalho graves e incapacitantes registrados no país (MENDES, et al., 2003 apud BRASIL, 2004).
Relatava-se que entre as doenças relacionadas ao trabalho mais frequentes estavam as lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT); formas de adoecimento mal caracterizadas e sofrimento mental que conviviam com as doenças profissionais clássicas, como a silicose, intoxicações por metais pesados e por agrotóxicos.
A versão da PNSST definiu as bases legais, propósito, diretrizes, gestão e acompanhamento das ações e o financiamento da política. Essa versão da política foi submetida a exames e discussão em Encontro Preparatório da 3ª CNST e colocada em consulta pública, no entanto, não foi publicada.
Perfil de morte e adoecimento relacionado ao trabalho
A 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador trouxe como tema principal “TRABALHAR, SIM! ADOECER, NÃO!”, e foi realizada de 24 a 27 de novembro de 2005. Em todo o país, foram realizadas 1.240 conferências e encontros municipais, microrregionais e estaduais e, em sua etapa nacional, reuniu cerca de dois mil participantes.e Saúde.
 
Em sua convocação houve a participação de três ministérios (Saúde, Trabalho e Emprego e Previdência Social). Em todas as etapas as discussões sobre as questões de saúde, trabalho/emprego e previdência foram uma tônica.CNST representou:
“[...] um momento ímpar tanto pela participação dos três ministérios (Saúde, Trabalho e Emprego, Previdência Social) na sua convocação quanto, e principalmente, na ampla participação de diversos segmentos sociais em todas as suas etapas. As resoluções aprovadas representam um significativo avanço na área e, com certeza, vão repercutir

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