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HIDROLOGIA Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2. CICLO HIDROLÓGICO e BACIA HIDROGRÁFICA 2.1. A ÁGUA Diferencia-se dos demais recursos naturais pela notável propriedade de renovar- se continuamente. Principal constituinte de todos os seres vivos e, a força fundamental que remodela constantemente a superfície terrestre. Encontrada na Hidrosfera, ocupando 15km de espessura da atmosfera (gases e material particulado) e 1km de litosfera (oceanos e continentes (rochas e solos)). Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.2. CICLO HIDROLÓGICO 2.2.1. CONCEITO Fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre. Fechado somente em nível global. Volumes evaporados em um determinado ponto não precipitam necessariamente no mesmo local, porque há movimentos contínuos, com dinâmicas diferentes, na atmosfera e na superfície terrestre. O ciclo hidrológico possui aleatoriedade temporal e espacial. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.2. CICLO HIDROLÓGICO Litosfera Continentes Solos Rochas Oceanos Atmosfera Troposfera (8-16km) Ocorrem a maioria dos fenômenos meteorológicos Onde está contida a umidade atmosférica Estratosfera (40-70km) Onde se encontra a camada de ozônio Reguladora da radiação solar Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele H ID R O S F E R A 2.2. CICLO HIDROLÓGICO A circulação da superfície terrestre para a atmosfera ocorre em dois sentidos: Superfície - Atmosfera • Ocorre na forma de vapor, como decorrência dos fenômenos de evaporação e transpiração. Atmosfera - Superfície • Ocorre em qualquer estado físico, sendo mais significativo, as precipitações de chuva e neve. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.2. CICLO HIDROLÓGICO Fatores que contribuem para que haja uma grande variabilidade no ciclo hidrológico, nos diferentes pontos do globo terrestre: A desuniformidade com que a energia solar atinge os locais; Os diferentes comportamentos térmicos dos continentes em relação aos oceanos; A quantidade de vapor d’água, CO2 e ozônio da atmosfera; Variabilidade espacial de solos e cobertura vegetal; Rotação e inclinação do eixo terrestre e sua influência na circulação atmosférica. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.2. CICLO HIDROLÓGICO Fatores que contribuem para que haja uma grande variabilidade no ciclo hidrológico, nos diferentes pontos do globo terrestre: O sol constitui-se na fonte de energia para a realização do ciclo. O calor por ele liberado atua sobre a superfície dos oceanos, rios e lagos estimulando a conversão da água do estado líquido para o gasoso. A ascensão do vapor d’água conduz à formação de nuvens, que podem se deslocar, sob a ação do vento, para regiões continentais. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.2. CICLO HIDROLÓGICO Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele Fonte: http://www.mma.gov.br/agu a/recursos-hidricos/aguas- subterraneas/ciclo- hidrologico 2.2. CICLO HIDROLÓGICO Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele Sob condições favoráveis, a água condensada nas nuvens precipita (sob forma de neve, granizo ou chuva) podendo ser dispersada de várias formas: retenção temporária na vegetação e/ou no solo próximo onde caiu; escoamento sobre a superfície do solo ou através do solo para os rios e penetração no solo profundo. Atingindo os veios d’água, a água prossegue o seu caminho de volta ao oceano, completando o ciclo. As depressões superficiais porventura existentes retêm a água precipitada temporariamente. Essa água poderá retornar para compor fases seguintes do ciclo pela evaporação e transpiração das plantas. Os escoamentos superficial e subterrâneo decorrem da ação da gravidade, podendo parte da água ser evaporada ou infiltrada antes de atingir o curso d’água. A evaporação acompanha o ciclo hidrológico em quase todas as suas fases, seja durante a ocorrência da precipitação, seja durante o escoamento superficial. 2.2. CICLO HIDROLÓGICO 2.2.2. FLUXOS E RESERVAS DE ÁGUA Reserva de água nos diferentes reservatórios do ciclo hidrológico (Peixoto e Oort, 1990): 1,35 x 1018 m³ 25 x 1015 m³ 8,4 x 1015 m³ 2,0 x 1014 m³ 1,3 x 1013 m³ 6,0 x 1011 m³ 97,57% 1,81% 0,61% 0,01% 0,00004% 0,0009% U N E S C O ( 1 9 6 8 ) 96,50% 1,70% 1,70% 0,10% Referen te a 2/3 da água doce Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele O equilíbrio médio anual, em volume, entre a precipitação e a evapotranspiração, que são os dois fluxos principais entre a superfície terrestre e a atmosfera, em nível global, apresenta o seguinte valor: 2.2. CICLO HIDROLÓGICO 2.2.3. FLUXOS E RESERVAS DE ÁGUA 𝑃 = 𝐸 = 423 𝑥 1012 𝑚3/𝑎𝑛𝑜 0,03% A evaporação direta dos oceanos corresponde a 85% do total evaporado A precipitação direta nos oceanos corresponde a 77% do total precipitado Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele O ciclo hidrológico, se considerado de maneira global, pode ser visto como um sistema hidrológico fechado, uma vez que a quantidade total da água existente em nosso planeta é constante. Entretanto, é comum o estudo em subsistemas abertos. A bacia hidrográfica destaca-se como região de efetiva importância prática devido a simplicidade que oferece na aplicação do balanço hídrico. 2.2. CICLO HIDROLÓGICO 2.2.4. VOLUME DE CONTROLE Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.3. BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.1. CONCEITO A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele São sistemas abertos, que recebem energia através de agentes climáticos e perdem energia através do deflúvio, podendo ser descritas em termos de variáveis independentes, que oscilam em torno de um padrão e, desta forma, mesmo quando perturbadas por ações antrópicas, encontram-se em equilíbrio dinâmico. Assim, qualquer modificação no recebimento ou na liberação de energia ou modificação na forma do sistema, ocorrerá uma mudança compensatória que tende a minimizar o efeito da modificação e restaurar o estado de equilíbrio dinâmico. (LIMA; ZAKIA, 2000) Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.3. BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.1. CONCEITO As bacias podem ser desmembradas em um número qualquer de subbacias, dependendo do ponto de saída considerado ao longo do seu eixo ou canal coletor. Cada bacia hidrográfica interliga-se com outras de ordem hierárquica superior, constituindo-se em relação à última, uma subbacia. Portanto, os termos bacia e subbacia hidrográfica são relativos. (SANTANA, 2004) Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.3.BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.1. CONCEITO 2.3.2. MICROBACIA HIDROGRÁFICA 2.3.2.1. CONCEITO As microbacias são áreas fisiográficas drenadas por um curso d’água ou para um sistema de cursos d’água conectados e que convergem, direta ou indiretamente, para um leito ou para um espelho d’água, constituindo uma unidade ideal para o planejamento integrado do manejo dos recursos naturais do meio ambiente por ele definido. (BRASIL, 1986 apud HEIN, 2000) Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele O escoamento superficial gerado nas vertentes, no contexto da bacia hidrográfica, pode ser interpretado como uma “produção” de água para escoamento rápido e, portanto, as vertentes seriam vistas como as fontes produtoras. 2.3. BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.3 CARACTERÍSTICAS A precipitação que cai sobre as vertentes infiltra-se totalmente nos solos até haver saturação superficial destes, momento em que começa a decrescer as taxas de infiltração e a surgir o escoamento superficial, se a precipitação persistir. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele Na zona de inundação dos cursos de água, há um comportamento ambíguo, ora de produção, quando os rios estão incialmente com níveis de água muito baixos, funcionando esta zona como vertente, ora de transporte, quando os rios estão em cheia, com a zona de inundação usada para escoamento. 2.3. BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.3. CARACTERÍSTICAS A água produzida pelas vertentes tem como destino imediato a rede de drenagem, que se encarrega de transportá-la à seção de saída da bacia. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.3. BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.4. BACIA COMO SISTEMA A bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o volume precipitado e a saída é o volume escoado pelo exutório, considerando-se como perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e também os infiltrados profundamente. Em eventos isolados, pode-se desprezar as perdas e analisar a transformação de chuva em vazão feita pela bacia. Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.3. BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.4. BACIA COMO SISTEMA Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.3. BACIA HIDROGRÁFICA 2.3.5. BACIAS CEARENSES BACIA METROPOLITANA BACIA DO ACARAÚ BACIA DO ALTO JAGUARIBE BACIA DO BAIXO JAGUARIBE BACIA DO BANABUIU BACIA DO COREAU BACIA DO CURU BACIA DO LITORAL BACIA DO MÉDIO JAGIUARIBE BACIA DO SALGADO BACIA DA SERRA DA IBIAPABA BACIA DOS SERTÕES DE CRATÉUS Engenharia Civil – Hidrologia – Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica – Prof. Dr. Sávio de Brito Fontenele 2.4. BALANÇO HÍDRICO • Qualquer sistema hidrológico pode ser analisado pelas entradas (vazões ‘Qa’ ou volumes afluentes ‘Va’) e saídas (vazões ‘Qe’ ou volumes efluentes ‘Ve’) de água através de algum processo físico determinístico ou probabilístico, expresso matematicamente por uma ou mais funções de transferência. • O balanço hídrico é realizado por meio da aplicação da equação da conservação da massa, chamada equação hidrológica fundamental, expressa por: Engenharia Civil – Hidrologia – 2. Ciclo hidrológico – Prof. Dr. Sávio Fontenele 𝑄𝑒 − 𝑄𝑠 = 𝑑𝑉 𝑑𝑡 2.4. BALANÇO HÍDRICO • A aplicação dessa equação a um intervalo de tempo ∆t permite que se exprima a equação do balanço hídrico superficial na seguinte forma: Vp- volume precipitado; Vs- volume armazenado na superfície; Vq- volume escoado superficialmente; Vi- volume infiltrado; Ve- volume evaporado. • Para um volume de controle subsuperficial, o balanço hídrico pode expresso por: Vsolo- volume de água armazenada no solo; Vg- volume percolado; Vet- volume evapotranspirado. Engenharia Civil – Hidrologia – 2. Ciclo hidrológico – Prof. Dr. Sávio Fontenele ∆V𝑝= ∆V𝑠 + ∆V𝑞 + ∆V𝑖 + ∆V𝑒 ∆V𝑖= ∆V𝑠𝑜𝑙𝑜 + ∆V𝑔 + ∆V𝑒𝑡 2.4. BALANÇO HÍDRICO • No caso de se considerar um volume de controle que inclui a superfície e o perfil do solo, tem-se a seguinte expressão para o balanço hídrico: • A avaliação de cada termo da equação do balanço hídrico envolve o levantamento de dados observados ou de expressões que exprimam o mecanismo de transporte de volumes de água por infiltração, evaporação, evapotranspiração, deflúvios superficiais e de percolação de água no meio poroso. Engenharia Civil – Hidrologia – 2. Ciclo hidrológico – Prof. Dr. Sávio Fontenele ∆V𝑝= ∆V𝑠 + ∆V𝑠𝑜𝑙𝑜 + ∆V𝑞 + ∆V𝑔 + ∆V𝑖 + ∆V𝑒 + ∆V𝑒𝑡 REFERÊNCIAS • TUCCI, C.E.M. HIDROLOGIA: CIÊNCIA E APLICAÇÃO. 4ª ED. PORTO ALEGRE: EDITORA DA UFRGS/ABRH, 2009, 943 p. • CHOW, V. T. HANDBOOK OF APLLYED HYDROLOGY. NEW YORK: MCGRAW HILL. 1964. • EAGLESON, P. OPPORTUNITIES IN HYDROLOGICAL SCIENCES. NEWSLETTERS. IAHS, n. 40, SET. • RIGHETTO, A.M. HIDROLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS. SÃO CARLOS: EESC/USP, 1998. 840 p. 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