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PREDESTINAÇÃO A mais gloriosa de todas as doutrinas Estudo preparado por Kleber Cavalcante. 2 ÍNDICE OS DIREITOS DE DEUS ............................................................. 3 PREDESTINAÇÃO ....................................................................... 4 NA COVA DOS CRÍTICOS .......................................................... 7 INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS ............................................ 11 DEPRAVAÇÃO TOTAL ........................................................... 11 ELEIÇÃO INCONDICIONAL .................................................. 13 EXPIAÇÃO LIMITADA ............................................................ 14 USO DAS EXPRESSÕES “MUNDO” E “TODOS” ........... 15 3 PERGUNTAS RELACIONADAS À PREDESTINAÇÃO .. 19 3 OS DIREITOS DE DEUS Artigo extraído da revista Ultimato nº 254, Setembro/Outubro de 1998, pg. 4. Estamos falando muito sobre os direitos do homem. E muito pouco sobre os direitos de Deus. Por incrível que pareça, os direitos do homem estão afastando os direitos de Deus. Um dos direitos de Deus é escolher quem Ele quiser e para o que Ele quiser. Até para salvar da doença, da morte física e da morte eterna, Deus é quem escolhe os agraciados. Daí a necessidade de o homem se confessar totalmente dependente da misericórdia divina. Se Moisés teve o direito de escolher seus próprios auxiliares (Ex 18.25), se Josué teve o direito de escolher um homem de cada tribo para retirar doze pedras do rio Jordão para ficarem por memorial (Js 4.4), se o rei Saul teve o direito de escolher três mil homens de Israel para formar o seu exército (1 Sm 13.2) – por que Deus não teria o direito de escolher os que hão de ser salvos e os que hão de ser enviados? A soberania de Deus é uma tradição histórica. Entre os muitos povos, Ele escolheu Israel. Entre as doze tribos de Israel, Ele escolheu Judá. Entre as cidades de Israel, Ele escolheu Jerusalém. Entre os oito filhos de Jessé, Ele escolheu Davi. Entre os muitos filhos de Davi, Ele escolheu Salomão, filho da mulher com a qual ele havia cometido adultério. Entre as muitas viúvas necessitadas quando o céu se fechou no tempo de Elias, Ele escolheu apenas a viúva de Sarepta para abastecer sua despensa (Lc 4.25, 26). Entre os muitos leprosos existentes em Israel nos dias de Eliseu, Ele escolheu apenas Naamã, que não era israelita, para ser curado (Lc 4.27). Entre centenas de opositores e perseguidores, Ele escolheu Saulo para levar o nome de Jesus perante reis (At 9.15). Entre bilhões de pecadores, aqui e acolá, Ele escolheu alguns para lhes abrir o coração e, como conseqüência, aceitarem plenamente o evangelho (Ef 1.3-5, 2 Ts 2.13, 14). A soberania de Deus é uma doutrina: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Rm 9.15). É melhor que respeitemos os direitos de Deus. 4 PREDESTINAÇÃO A doutrina da Predestinação (ou da Eleição) assevera que Deus predestinou (elegeu, escolheu) algumas pessoas para a salvação e outras não. Essa predestinação ou eleição diz respeito somente à salvação do indivíduo, o que significa que Deus não elege ou predestina ninguém para ir ao inferno. Portanto, quando alguém é condenado, isso ocorre simplesmente porque Deus deixou essa pessoa entregue à sua própria sorte, e não a escolheu para receber a salvação. Geralmente, aqueles que falam mal desse ensino bíblico o fazem na ignorância, pois falam daquilo que acham e que pensam, ignorando o que as Escrituras dizem sobre o assunto. Vejamos: 1º) O HOMEM NÃO TEM COMO DECIDIR-SE, POR SI MESMO, A FAVOR DO EVANGELHO. A Bíblia afirma que o homem, antes da conversão, é um morto espiritual: “Ele vos deu vida, estando vós MORTOS nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). Esse homem anda “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar (Satanás)... segundo as inclinações da carne, fazendo A VONTADE DA CARNE e dos pensamentos” (Ef 2.2, 3), “NULO em seu próprio raciocínio” (Rm 1.21), vivendo como “escravo do pecado” (Jo 8.34; Rm 6.17) e “escravo do diabo para cumprir a sua vontade” (2 Tm 2.26). Satanás cega o entendimento do incrédulo para não compreender a mensagem do Evangelho, conforme 2 Co 4.4: “... o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo...”, tornando-o INCAPAZ de ouvir a Palavra de Cristo (Jo 8.43) ou discernir aquilo que vem de Deus, visto que as coisas espirituais se discernem espiritualmente (1 Co 2.14). O que faz alguém nessa situação? O que faz alguém que está morto espiritualmente para as coisas de Deus, cuja vontade, ações e pensamentos são maus, cujas inclinações são carnais e cujo senhor é Satanás? Essa pessoa NÃO quer saber de ir a Cristo para ter vida (Jo 5.40), é estranha e inimiga de Deus por meio de suas obras malignas (Rm 8.7, 8; Cl 1.21) e incapaz de produzir frutos bons, ou seja, frutos que estejam de acordo com a vontade do Pai (Mt 7.16-23). De fato, o ARREPENDIMENTO e a FÉ, coisas absolutamente necessárias à conversão, não podem ser produzidos por um coração corrompido. É por isso que... 2º) TANTO O ARREPENDIMENTO QUANTO A FÉ SÃO DONS DE DEUS. Com respeito ao arrependimento, Paulo disse a Timóteo: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender e sim deve ser brando para com todos... disciplinando com mansidão os que se opõem, NA EXPECTATIVA DE QUE DEUS LHES CONCEDA NÃO SÓ O ARREPENDIMENTO PARA CONHECEREM PLENAMENTE A VERDADE, mas também o retorno à sensatez” (2 Tm 2.24, 25). 5 Em At 11.18, lemos: “... glorificaram a Deus, dizendo:... também aos gentios FOI POR DEUS CONCEDIDO O ARREPENDIMENTO PARA VIDA”. Com respeito à fé, poderíamos dizer biblicamente que cada crente tem pouca ou muita fé, de acordo com a medida que Deus concede a cada um (Rm 12.3). Veja que a Bíblia afirma claramente que é Cristo quem nos concede a fé que precisamos para crer (At 3.16; Hb 12.2). Por isso é que os apóstolos pediram a Jesus: “Aumenta-nos a fé” (Lc 17.5). A fé é um favor imerecido, uma graça que recebemos da parte de Deus para a nossa salvação. Por isso também é que o apóstolo Paulo faz a seguinte afirmação: “Porque VOS FOI CONCEDIDA A GRAÇA DE... CRERDES NELE”. (Fp 1.29). Em Ef 2.8, ele prossegue: “... pela graça sois salvos, mediante a fé; E ISTO NÃO VEM DE VÓS; É DOM DE DEUS”. Ora, a fé não é uma obra humana. Se fosse, qualquer pessoa podia se gloriar por ter crido em Cristo. Mas, como Paulo diz, na continuação do texto, “NÃO (POR INTERMÉDIO) DE OBRAS, PARA QUE NINGUÉM SE GLORIE”. (Ef 2.9). Em Rm 4.16, o apóstolo conclui: “Essa é a razão por que provém da fé, PARA QUE SEJA SEGUNDO A GRAÇA...”. Não nos enganemos. É Deus quem abre nosso coração para aceitar a mensagem do evangelho, conforme At 16.14: “Certa mulher, chamada Lídia... nos escutava; O SENHOR LHE ABRIU O CORAÇÃO PARA ATENDER ÀS COISAS QUE PAULO DIZIA”. É isso mesmo! Só crêem no evangelho aqueles que Deus quer. O texto de At 13.48 diz: “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, E CRERAM TODOS OS QUE HAVIAM SIDO DESTINADOS PARA A VIDA ETERNA”. Conversão é obra exclusiva de Deus e somente dEle: “Respondeu-lhes Jesus: A OBRA DE DEUS é esta: QUE CREIAIS NAQUELE QUE POR ELE FOI ENVIADO”. (Jo 6.29). Infelizmente há aqueles que Deus, em sua soberania, resolveu NÃO salvar. Não que esses sejam inferiores aos crentes escolhidos em alguma coisa. A única diferença de nós para eles é que o Senhor teve misericórdia de mim e de você e não teve misericórdia deles. Àqueles crentes que criticam a soberania de Deus nesse assunto, Paulo responde: “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus?De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”. (Rm 9.14-16). O apóstolo conclui: “Logo, ele tem misericórdia de quem quer e também ENDURECE a quem lhe apraz”. (Rm 9.18). Como Deus “endurece” aquele que não é eleito? Não lhes concedendo olhos e ouvidos espirituais para ver e ouvir e ouvir as coisas espirituais de Deus. Rm 11.7, 8: “Que 6 diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos, como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até ao dia de hoje”. Portanto, a verdade é esta: O homem não tem livre-arbítrio no que se refere à sua conversão. Reconhecemos que o homem tem uma “livre vontade” para as demais coisas. Ele pode escolher com quem vai se casar, quantos filhos vai ter, que carro vai comprar, mas, NO QUE SE REFERE À SUA CONVERSÃO, ELE NÃO TEM LIVRE-ARBÍTRIO, visto que está morto em seus pecados e é escravo do pecado e do diabo. Logo, se Deus o deixar entregue à sua própria sorte, conforme Rm 1.24 e 26, e não lhe der arrependimento e fé, ele NUNCA se converterá. DEIXO OS TEXTOS ABAIXO PARA SUA MEDITAÇÃO PESSOAL: Jo 1.12, 13: “... deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, NEM DA VONTADE DO HOMEM, MAS (DA VONTADE) DE DEUS”. Jo 3.26, 27: “E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro. Respondeu João: O homem não pode receber COISA ALGUMA se DO CÉU não lhe for dada”. Jo 6.37, 39, 44 e 65: “Todo aquele que O PAI ME DÁ, ESSE VIRÁ A MIM; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora... E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todo os que ME DEU... Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer... Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido”. Jo 10.26-29: “Mas vós não credes, porque não sois das MINHAS OVELHAS. As MINHAS OVELHAS ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. EU LHES DOU a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que MEU PAI ME DEU é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar”. Jo 13.18: “Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço AQUELES QUE ESCOLHI”. Jo 15.16: “NÃO FOSTES VÓS QUE ME ESCOLHESTES A MIM; PELO CONTRÁRIO, EU VOS ESCOLHI E VOS DESIGNEI PARA QUE VADES E DEIS FRUTO...” Jo 17.9: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por AQUELES QUE ME DESTE, PORQUE SÃO TEUS;” At 26.28, 29: “Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão. Paulo respondeu: Assim DEUS PERMITISSE que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem SE TORNASSEM TAIS QUAL EU SOU...” Rm 2.4: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, IGNORANDO QUE A BONDADE DE DEUS É QUE TE CONDUZ AO ARREPENDIMENTO?” 7 Rm 8.29, 30: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também OS PREDESTINOU PARA SEREM CONFORMES À IMAGEM DO SEU FILHO... E aos que PREDESTINOU, a esses também CHAMOU; e aos que chamou, a esses também JUSTIFICOU; e aos que justificou, a esses também GLORIFICOU”. Rm 11.7, 8: “... O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a ELEIÇÃO o alcançou; e OS MAIS FORAM ENDURECIDOS, como está escrito: DEUS LHES DEU ESPÍRITO DE ENTORPECIMENTO, OLHOS PARA NÃO VER E OUVIDOS PARA NÃO OUVIR, até o dia de hoje”. Ef 1.4, 5: “Assim como NOS ESCOLHEU, nele, ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor NOS PREDESTINOU PARA ELE, PARA A ADOÇÃO DE FILHOS, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de SUA VONTADE, para louvor da glória de sua GRAÇA...” Fp 2.13: “Deus é quem efetua EM VÓS tanto o QUERER quanto o REALIZAR, segundo a SUA BOA VONTADE”. Cl 1.13: “ELE NOS LIBERTOU do império das trevas e nos TRANSPORTOU para o reino do Filho do seu amor”. 2 Tm 1.9: “... NOS SALVOU E NOS CHAMOU com santa vocação; NÃO SEGUNDO AS NOSSAS OBRAS, MAS CONFORME A SUA PRÓPRIA DETERMINAÇÃO E GRAÇA QUE NOS FOI DADA EM CRISTO JESUS, ANTES DOS TEMPOS ETERNOS...” Tt 1.1: “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a FÉ QUE É DOS ELEITOS DE DEUS...” 1 Pd 1.3: “Bendito o Deus... que, SEGUNDO A SUA MUITA MISERICÓRDIA NOS REGENEROU PARA UMA VIVA ESPERANÇA...” Essa palavra é dura para os que se perdem. Mas para nós, os eleitos de Deus, é uma mensagem de segurança e conforto. Se um dia nos arrependemos de nossos pecados e exercemos fé em Cristo como nosso Senhor e Salvador, tais coisas foram o resultado de Sua ação maravilhosa em nossa vida. Ele decretou nossa salvação, e Seus planos não podem ser frustrados. Louvemos a Deus com alegria, pois, como diz o apóstolo Paulo, “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus”. (Fp 1.6) NA COVA DOS CRÍTICOS Há muitos que criticam a doutrina da Predestinação, e devemos encará-los toda vez que nos dispusermos a tratar do assunto. Assim como Daniel entrou na cova dos leões e saiu ileso, devemos entrar “na cova dos críticos” e confiar no poder de Deus para vencermos toda e qualquer discussão1. Esses críticos podem ser divididos em três tipos. Analisaremos, abaixo, o argumento de cada um deles. 1 A expressão “na cova dos críticos” foi tirada do título do livro Profecias: Fato ou Ficção – Daniel na cova dos críticos. É uma obra de Josh McDowell, publicada pela Editora Candeia em 1991. 8 Primeiramente, há aqueles que criticam a doutrina argumentando o seguinte: “SE DEUS ESCOLHEU ALGUNS PARA SEREM SALVOS, E OUTROS NÃO, PARA QUE ENTÃO VOU PREGAR O EVANGELHO?” Eu gostaria de responder a esses críticos com outra pergunta: “Por que vocês continuam orando a Deus, então, se a Bíblia diz que Ele sabe aquilo que vamos falar antes mesmo de a palavra chegar à nossa boca (Sl 139.4)?” É evidente que eu não quero que vocês parem de orar, mas sim que vocês entendam que Deus usa MEIOS para efetivar seus propósitos. Nós não paramos de orar porque A ORAÇÃO É O MEIO DESIGNADO POR DEUS PARA NOS COMUNICARMOS COM ELE. DA MESMA MANEIRA, a pregação do evangelho é o meio designado por Deus para chamar os predestinados à salvação. É por isso que a Bíblia diz, em Rm 10.17: “... a FÉ VEM PELA PREGAÇÃO, e a pregação, pela palavra de Cristo”. Paulo, por ser um crente que amava a Deus e obedecia à Sua Palavra, cumpria o que Jesus falou em Mc 16.15: “... Ide por todo o mundo e PREGAI O EVANGELHO A TODA CRIATURA”. De fato, aquele que O ama cumpre os Seus mandamentos. Jo 14.21 diz: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” Inclusive, o apóstolo Paulo, que também foi quem ensinou sobre a Predestinação em Romanos 9, considerava com tanta seriedade o mandamento de pregar o evangelho que chegou a dizer: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa OBRIGAÇÃO; porque AI DE MIM se não pregar o evangelho!” (1 Co 9.16) Deus poderia salvar a todos os eleitos sem a pregação do evangelho? É lógico que poderia, mas NÃO FOI ESSA A SUA VONTADE. Ele decidiu que os predestinados fossem chamados à salvação pelo trabalho de evangelização da igreja. A Bíblia diz, em 1 Co 1.21: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, APROUVE A DEUS SALVAR OS QUE CRÊEM PELA LOUCURA DA PREGAÇÃO”. Em Rm 1.16 temos: “... não me envergonhodo EVANGELHO, PORQUE É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ...”. Veja o que diz Ef 1.13: “... também vós, DEPOIS QUE OUVISTES A PALAVRA DA VERDADE, O EVANGELHO DA VOSSA SALVAÇÃO, TENDO NELE TAMBÉM CRIDO, FOSTES SELADOS COM O SANTO ESPÍRITO DA PROMESSA...” E 2 Tm 1.10: “... nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como TROUXE À LUZ A VIDA E A IMORTALIDADE, MEDIANTE O EVANGELHO, PARA O QUAL FUI DESIGNADO PREGADOR...” Não podemos ignorar o poder da Palavra para a conversão dos eleitos. Hb 4.4 afirma: “... a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”. Ora, tendo Deus DECIDIDO que a pregação seria o meio pelo qual somos regenerados, é necessário que a preguemos. Pedro declara: “... FOSTES REGENERADOS... MEDIANTE A PALAVRA DE DEUS”. (1 Pd 1.23) 9 Querido(a) irmão(ã), questionar por que Deus se utiliza de meios para efetivar Seus propósitos é o mesmo que questionar por que Deus usa um crente para ser bênção na vida de outro crente (Ele não poderia abençoar sempre diretamente, sem usar as pessoas?), ou perguntar por que Deus usa a Bíblia para falar conosco (Ele não poderia falar audivelmente com cada um?), ou, ainda, perguntar por que Deus usa um castigo ou sofrimento para aperfeiçoar determinado crente (Ele não poderia aperfeiçoar-nos automaticamente, de forma sobrenatural, sem que precisássemos sofrer?). Portanto, se o MEIO escolhido foi a pregação, devemos obedecê-lO e pregar. Além disso, NÃO SABEMOS QUEM SÃO OS PREDESTINADOS. Só Deus sabe. É por isso que devemos pregar a todos, sem distinção. Além desses acima, há outro tipo de crítico à Predestinação. Dirijo-me agora àqueles que dizem: “A PREDESTINAÇÃO FAZ DE DEUS ALGUÉM INJUSTO, UM DEUS SEM AMOR”. Queridos(as), só podemos falar de injustiça se, por acaso, um inocente estivesse sendo condenado. Não é esse o caso aqui. A Bíblia diz que “todos pecaram” (Rm 3.23), que “não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10) e que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Deus odeia o pecado. A maior prova disso está no fato de que Ele teve de entregar o seu Filho para morrer no lugar dos eleitos. Caso contrário, nem esses seriam salvos. O que deve ficar claro é que, se Deus condenasse TODOS NÓS ao inferno, Ele estaria simplesmente sendo justo. O AMOR DE DEUS, ao contrário do que pensam esses críticos, NÃO ANULA SUA JUSTIÇA E SANTIDADE. Se anulasse, Ele não condenaria ninguém e, aí, os homossexuais, adúlteros, mentirosos, sodomitas, impuros, maledicentes etc. poderiam comemorar. Deus é justo e santo, e isso não pode ser perdido de vista. Agora preste atenção: Se Ele estaria sendo justo ao condenar todos, E NÃO O FEZ, então a predestinação de alguns para a salvação por meio de Cristo foi uma demonstração de sua misericórdia e amor. E sua justiça ficou demonstrada quando ele condenou Cristo (no lugar dos eleitos) e os que não foram eleitos. Estes últimos, infelizmente, receberam a condenação devida, o que só não ocorreu conosco porque Jesus nos substituiu. Isso deve ficar claro para cada um de nós: fomos eleitos sem mérito algum de nossa parte. Deus quis salvar eu e você, e é só. Resta-nos uma pergunta: “Deus poderia salvar todas as pessoas?” Lógico que poderia. Deus pode todas as coisas. A questão, portanto, seria: “Ele salva a todos?” Lógico que não. Ou porventura ignoramos que existe o inferno? Se Deus quisesse salvar todas as pessoas, TODAS, DE FATO, SERIAM SALVAS. Quem pode impedi-lO? Afinal, é certo que o sangue de Cristo seria suficiente para salvar todos os homens, caso fosse essa a intenção de Deus. Logo, se Deus teve misericórdia de você e resolveu demonstrar o Seu amor te escolhendo para ser substituído por Cristo na cruz do Calvário, louve e comemore, querido(a). Todos os dias. Sempre. 10 Concluindo, minha oração é para que tenha ficado claro a cada um(a) dos(as) queridos(as) irmãos(ãs) a soberania de Deus no que diz respeito à salvação de todos os homens, conforme asseverou o apóstolo Paulo, quando escreveu: “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.16). O terceiro tipo de crítico é aquele que diz: “SE SOU PREDESTINADO, VOU VIVER UMA VIDA DE CARNALIDADE E PECADO. AFINAL, A VIDA ETERNA JÁ ESTÁ GARANTIDA PARA MIM”. Note que considero essas palavras como irônicas, palavras que só poderiam vir de um crítico da doutrina da Predestinação. Bem, nós já vimos anteriormente nesta apostila que a fé que os eleitos têm para crer nas coisas espirituais é algo que vem de Deus por intermédio de Cristo (Rm 12.3; At 3.16; Hb 12.2; Lc 17.5). Vimos claramente que essa fé é uma graça, um favor imerecido, um presente que Deus nos concede (Fp 1.29; Ef 2.8, 9; Rm 4.16). Essa fé que Deus nos concede, que passaremos a chamar de fé “verdadeira” ou “autêntica”, se revela pelos frutos que damos. Quem tem fé autêntica vive uma vida de boas obras (Tg 2.14-26). Fomos eleitos não somente para ganhar a salvação, mas para viver uma vida de santidade, uma vida de produção de bons frutos (Ef 1.3, 4; Jo 15.16; Mt 7.16-20). É verdade, irmãos (ãs). A Bíblia diz que não somos eleitos apenas para receber a salvação, mas também para uma vida de obediência a Deus (1 Pd 1.2). Veja também 1 Jo 3.9, 10. Portanto, há uma fé diferente daquela que o diabo e tantos outros ímpios possuem (Tg 2.19). Essa fé que eles têm é mera aceitação intelectual das coisas espirituais, mas não há um entendimento verdadeiro ou aceitação autêntica das coisas de Deus. Porém, a fé verdadeira ou autêntica, aquela que realmente vem de Deus, é chamada na Bíblia de “fé dos eleitos” (Tt 1.1). Trata-se de uma fé que se confirma por uma vida de preocupação com a vontade de Deus e com o trabalho na Sua obra. Que tipo de fé você tem? Pense bem nisso, pois sua fé pode revelar se você é ou não um eleito de Deus. A exortação final que fica para aqueles críticos que dizem ter fé (mas não vivem de acordo com a fé que professam), está em 2 Pd 1.5-11, especialmente os vs. 5, 9-11. 11 INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS Algumas informações são necessárias a todos aqueles que resolvem fazer um estudo sobre a doutrinação da Predestinação. Devemos, por exemplo, saber alguma coisa sobre as doutrinas da “Depravação Total”, da “Eleição Incondicional” e da “Expiação Limitada”; devemos também entender o uso das expressões “mundo” e “todos” na Bíblia; por fim, devemos tentar responder àquelas perguntas mais comuns e difíceis com respeito ao assunto. São essas coisas que tentaremos fazer nesta “informações necessárias”: DEPRAVAÇÃO TOTAL Em decorrência da Queda, o homem ficou totalmente inabilitado espiritualmente. A corrupção original impregnou de tal modo toda a natureza humana que alcançou seu espírito, mente, vontade, sentimentos e o próprio corpo, inabilitando-o a fazer qualquer coisa espiritualmente agradável a Deus. Calvino, expressando-se sobre o estado do homem em pecado, disse o seguinte: “As Escrituras atestam que o homem é escravo do pecado; o que significa que seu espírito é tão estranho à justiça de Deus que não concebe, deseja, nem empreende coisa alguma que não seja má, perversa, iníqua e impura; pois o coração, completamente cheio do veneno do pecado, não pode produzir senão os frutos do pecado. Não pensemos, entretanto, que o homem peca como que impelido por uma necessidade incontrolável; pois peca com o consentimento de sua própria vontade continuamente e segundo sua inclinação. Mas, visto que, por causa da corrupção de seu coração, odeia profundamente a justiça de Deus; e, por outro lado, atrai para si toda sorte de maldade, por isso afirmamos que não tem o livrepoder de eleger o bem ou o mal - que é o que chamamos livre-arbítrio” (Breve Instrução Cristã, pg. 13) A Confissão de Fé de Westminster, elaborada entre 1643 e 1649, diz, em seu Capítulo VI, parágrafo II e Capítulo IX, parágrafo III: “Por este pecado [original] eles decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, e assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas as faculdades e partes do corpo e da alma... O homem, ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de sorte que um homem natural, inteiramente avesso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter- se ou mesmo preparar-se para isso”. Segundo Paulo Anglada, um estudioso reformado brasileiro, no seu livro Calvinismo - As Antigas Doutrinas da Graça, a Queda foi um processo em que o pecado envolveu totalmente o ser de nossos primeiros pais. O intelecto foi tomado pela dúvida que produziu incredulidade, que gerou insubmissão, que por sua vez degenerou em rebeldia contra Deus. Tendo sido Adão o cabeça representativo de todos os seus descendentes, o seu pecado é considerado 12 nosso, de tal maneira que o homem já nasce espiritualmente morto (Sl 51.5; Rm 5.12, 16-19) (pgs. 20, 21) Leiamos Ef 2.2, 3. Pode um escravo decidir: “Hoje não vou oferecer meu corpo para o trabalho, vou descansar na praia, vou passear no campo? Nunca; um escravo é um cativo que tem sua vontade subjugada, que só lhe compete fazer a vontade do seu Senhor”. De fato, todos os homens naturais estão “nos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem sua vontade” (2 Tm 2.26). Um morto espiritual pode enxergar verdades espirituais? Pode ouvir a palavra da verdade? Ele pode, estando morto, cooperar para sua vivificação em Cristo? Como pode arrepender-se e crer, se nada ouve e nada vê? Em 2 Co 4.4 está escrito: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo”. E 1 Co 2.14 diz: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente”. (Ibidem, pgs. 23, 24) Não nos enganemos. Como diz J. C. Ryle: Quando “... o pecado não é sentido, os sermões não são cridos, os bons conselhos não são seguidos, o evangelho não é abraçado, o mundo não é abandonado, a cruz não é tomada, a vontade própria não é mortificada, maus hábitos não são deixados, a Bíblia raramente é lida e os joelhos jamais se dobram em oração...”, você sabe por que isso acontece? Porque “os homens estão mortos”. (J. C. Ryle, Vivo ou Morto, pgs. 3, 4). 13 ELEIÇÃO INCONDICIONAL Calvino disse o seguinte: “A semente da Palavra de Deus acha raízes e frutifica unicamente naqueles em quem o Senhor, por sua eterna eleição, predestinou para serem filhos e herdeiros do reino celestial. Para todos os demais, que pelo mesmo conselho de Deus, antes da constituição do mundo, foram reprovados, a clara e evidente pregação da Verdade não pode ser senão odor de morte que conduz à morte”. (Breve Instrução Cristã, pg. 35). Na Confissão de Fé de Westminster, Capítulo III, parágrafos III e V; e Capítulo XIV, parágrafo I, está escrito: “Pelo decreto de Deus e para a manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna... Segundo o seu eterno e imutável propósito, e segundo o santo conselho e beneplácito de sua vontade, Deus, antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo, para a glória eterna, os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, Ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perserverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa... A graça da fé, por meio da qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas, é a obra que o Espírito de Cristo faz nos corações deles, e é ordinariamente operada pelo ministério da Palavra”. Obs.: Todos os oficiais da Igreja Presbiteriana, pastores, presbíteros e diáconos, no dia de suas ordenações e investiduras, subscrevem a CFW. Rm 9.19-25 é claro: “Não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra? Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, PREPARADOS PARA A PERDIÇÃO, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também CHAMOU, não só dentre os judeus, mas também entre os gentios?”. Como diz Paulo Anglada, em seu livro sobre as doutrinas da graça, ao aceitarmos a doutrina da eleição não fazemos nada mais do que submeter-nos ao ensino bíblico. Os que rejeitam essa doutrina, por sua vez, não fazem nada menos do que rebelarem-se contra a soberania do Criador. (pg. 41) De fato, REBELDIA E INSUBMISSÃO À SOBERANIA DE DEUS SE CONSTITUEM NA ESSÊNCIA DA NOSSA NATUREZA PECAMINOSA. (Ler o artigo da Ultimato.) 14 EXPIAÇÃO LIMITADA JESUS MORREU, NÃO POR TODAS AS PESSOAS, MAS SOMENTE PELAS SUAS OVELHAS Argumentações lógicas: 1) Se Cristo tivesse morrido para salvar TODOS, das duas uma: ou a expiação foi deficiente (porque nem todos serão salvos), ou todos seriam salvos (pois se Cristo substituiu TODOS na cruz, todos seriam remidos). 2) Por que Jesus morreria por aqueles que Deus predestinou que se perderiam? Textos bíblicos: Jo 10.14, 15, 26, 27 e 28: “Eu sou o bom pastor; conheço as MINHAS OVELHAS... E DOU A MINHA VIDA PELAS OVELHAS... VÓS NÃO CREDES, PORQUE NÃO SOIS DAS MINHAS OVELHAS... AS MINHAS OVELHAS OUVEM A MINHA VOZ... ELAS ME SEGUEM... EU LHES DOU A VIDA ETERNA”. Jo 17.6, 9: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, Tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra... É POR ELES QUE EU ROGO; NÃO ROGO PELO MUNDO, MAS POR AQUELES QUE ME DESTE, PORQUE SÃO TEUS”. Por que ele morreria por todos e intercederia apenas pelos eleitos? Se Cristo morreu pelos pecados de todos, ENTÃO POR QUE TODOS OS HOMENS NÃO ESTÃO LIVRES DO PECADO? POR CAUSA DA INCREDULIDADE? E A INCREDULIDADE NÃO É UM PECADO? SE É, ENTÃO CRISTO EXPIOU ESSE PECADO TAMBÉM. OU VAMOS DIZER QUE A EXPIAÇÃO DE CRISTO NÃO EXPIOU TODOS OS PECADOS? 15 USO DAS EXPRESSÕES “MUNDO” E “TODOS” Há muitos textos bíblicos que parecem indicar que Deus quer salvar o mundo todo ou todos os homens. Para entendermos esses textos, precisamos inteiramente do contexto, lembrando que textos obscuros são interpretados à luz dos mais claros, visto que a Bíblia não se contradiz (não tem erro ou falha, Jo 10.35b) e tudo é obra de um mesmo autor, Deus. Vejamos alguns exemplos primeiramente com a palavra “mundo”: Jo 12.18, 19 - MUNDO, aqui, refere-se a uma multidão. Jo 18.20 - Aqui, MUNDO refere-se aos homens em geral. Há vários textos na Bíblia cujos contextos revelam claramente que a expressão “mundo” pode se referir ao “mundos dos eleitos, dos crentes”, não ao mundo em geral, com crentes e não-crentes. Isso ocorre porque os eleitos de Deus são pessoas de todas as partes do mundo. É por isso que lemos, em Apocalipse 7.9, 10: “Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertencea salvação”. Veja outros exemplos abaixo: Jo 6.33: “Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao MUNDO”. Que “mundo” recebe a vida que Jesus dá? Todas as pessoas do mundo? Não. Somente os eleitos de todas as partes do mundo. Jo 16.7, 8: “Mas eu vos digo a verdade: Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vos outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei; Quando ele vier convencerá o MUNDO do pecado, da justiça e do juízo”. Que “mundo” é convencido do pecado pelo Espírito Santo de Deus? Todas as pessoas do mundo? Não. Somente os eleitos de todas as partes do mundo. Trata- se do “mundo” dos eleitos. Da mesma maneira, há outros textos cujos contextos revelam claramente que a expressão “mundo” se refere ao “mundo dos não-crentes, o mundo dos ímpios”. Veja: Jo 17.14: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o MUNDO os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou”. Que “mundo” odeia os crentes? O mundo dos não-crentes, o mundo dos ímpios. Se você ainda não está convencido, pense bem. Se eu digo: “Ah, irmãos, eu queria que TODO MUNDO viesse para o café-da-manhã”, será que alguém acharia que eu me refiro a todas as pessoas do mundo? Vejam que tudo depende do contexto. Vejamos mais um texto, 2 Co 5.19: “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o MUNDO, não imputando aos homens as suas transgressões...” Que mundo é esse? Todas as pessoas? Não. Todos os eleitos. Ou por acaso Cristo reconcilia com Deus todas as pessoas do mundo? Portanto, quando um versículo estiver dando a entender que o MUNDO será salvo, é o mundo dos eleitos, pois, com respeito à salvação, há o mundo dos eleitos e o dos 16 não-eleitos; dos que crêem e dos que não crêem; dos salvos e dos não salvos. E a expressão “mundo” só é usada em relação aos eleitos porque eles são de todas as partes do mundo. Consideremos ainda o texto de Jo 4.42: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Do mundo inteiro? Não. Do mundo dos eleitos. Ou alguém tem coragem de afirmar que Jesus justificou todo mundo? Se ele justificou, por que há pessoas que ainda vão para o inferno? Ou melhor: Por que o inferno existe? Se Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado de todas as pessoas do mundo, das duas uma: ou Ele falhou em sua missão (porque tem gente que vai para o inferno, conforme Mt 25.31-34, 41; Ap 20.15), ou Ele não justifica e salva a todos, mas somente os eleitos. Qual opção você prefere? Por fim, vejamos o famoso texto de Jo 3.16, 17: “Porque Deus amou o MUNDO de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”. Com base em outros textos já referidos, podemos considerar que quando João diz que Deus amou o “mundo”, não está querendo dizer que Ele amou cada pessoa do mundo, mas pessoas de todas as partes do mundo, de todas as tribos, de todas as línguas, de todos os povos e de todas as nações (Ap 5.9). Isso significa que João se refere ao mundo dos eleitos. Quer uma prova? Basta substituir a palavra “mundo” por “eleitos”. Aí, teremos: “Porque Deus amou os ELEITOS de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho aos ELEITOS, não para que julgasse os ELEITOS, mas para que os ELEITOS fossem salvos por ele”. Notou como a substituição foi perfeita? Agora veja que coisa terrível acontece se você decidisse substituir a expressão mundo por “cada pessoa do mundo”: “Porque Deus amou CADA PESSOA DO MUNDO de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho a CADA PESSOA DO MUNDO, não para que julgasse CADA PESSOA DO MUNDO, mas para que CADA PESSOA DO MUNDO fosse salva por ele”. Ora, se Cristo foi enviado para que “cada pessoa do mundo fosse salva por ele”, então ele falhou em sua missão, pois sabemos que nem todas as pessoas são salvas. Você percebe em que heresia estamos nos metendo se considerarmos essa interpretação? Além disso, o v. 18 diz o seguinte: Quem nele crê não é julgado; o que não crê JÁ ESTÁ julgado...” Já está? Por quê? Ele não pode vir a crer? É claro que não, pois os que não crêem não são predestinados para a vida. O juízo condenatório já está definido. A expressão TODOS é o mesmo caso da expressão MUNDO. Deve ser entendida à luz do contexto bíblico imediato e geral das Escrituras. Exemplos: At 4.21 - TODOS, aqui, refere-se apenas ao grupo de crentes que estava lá. Lc 21.17 - TODOS, aqui, certamente não inclui os crentes. 17 At 21.28 - TODOS, aqui, refere-se à maioria das pessoas que ele encontra pelos lugares onde passa. Mt 4.24: TODOS, aqui, certamente não se refere a todos os doentes, lunáticos, endemoninhados e paralíticos do mundo. Mt 21.23-27: Veja o v. 26. Diz que TODOS consideram João como profeta. O que você acha? Aqueles principais sacerdotes e anciãos do povo estavam incluídos nesse “todos”? Quando eu digo em casa: “Chega de conversa. TODOS vão pra igreja hoje”, é lógico que estou me referindo apenas à minha família. Um texto considerado complexo é 1 Tm 2.4: “o qual deseja que TODOS OS HOMENS SEJAM SALVOS e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”. Diante desse texto, fazemos as seguintes afirmações: 1º) Se Deus realmente deseja que todos os homens sejam salvos, não somente os eleitos, mas TODOS SERIAM SALVOS. 2º) Já vimos na Bíblia que a conversão do homem é responsabilidade de Deus. Logo, a conversão depende somente dEle. Se alguns não são salvos, é porque o Espírito Santo não regenerou e nem concedeu o arrependimento e a fé necessários à conversão. Diante disso, fica a pergunta: O que Paulo quis dizer com esse “TODOS”, aqui em 1 Tm 2.4? Basta ler o contexto. O apóstolo diz, no v. 1, que precisamos orar em favor de TODOS os homens, e especifica, no v. 2, quem são esses “todos”. Ele escreve: “em favor dos REIS E DE TODOS OS QUE SE ACHAM INVESTIDOS DE AUTORIDADE, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito”. Então, no v. 3, ele diz que isto (orar pelos reis e por todos os que se acham investidos de autoridade), é bom e aceitável diante de Deus, pois – aí, sim, entramos no verso polêmico – Deus “deseja que TODOS os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”. Agora, pergunto: De acordo com o contexto, o que significa a expressão “todos”, do v. 4? Significa que Deus quer salvar homens de todas as classes, inclusive os governantes. Deus não quer salvar apenas o branco; quer salvar o negro também. Deus não quer salvar somente o pobre; Ele deseja a salvação do rico; Deus não quer salvar apenas os que estão submissos às autoridades; Ele quer salvar os próprios governantes! Como já foi dito, Deus quer salvar pessoas de todas as partes do mundo, pessoas de todas as classes, e devemos incluir aí também “todos os que se acham investidos de autoridade”. Por fim, podemos concluir dizendo que Paulo não teria de colocar, em cada versículo, uma nota explicatória sobre o assunto da Predestinação. Ora, se ele já escreveu sobre isso em outro trecho da Bíblia, para que ficar explicando a mesma coisa em todos os versículos? Se, mesmo assim, insistirmos que Paulo está ensinando aqui uma coisa contrária àquilo que ele ensinou em outros textos, então estamos querendo dizer que a Bíblia se contradiz, o que é inaceitável para um verdadeiro crente em Jesus. São as seitas heréticas que gostam de formular doutrinas baseadas em versículos isolados, ignorando completamente o que o 18 restante das Escrituras falam sobre o assunto. Vimos o que a Bíblia, de maneira geral, diz. É justamente por preferir consideraro ensino bíblico com base em versículos isolados que muitos crentes “vão para o buraco”. Quer ver? O que a Bíblia ensina sobre oração? Se eu pegar um versículo isolado, chegarei à conclusão de que eu sempre receberei tudo que pedir a Deus. Basta que eu tenha fé (Mc 11.24). Será que é isso mesmo que a Bíblia ensina? Acho que não. Devemos ver o ensino geral da Bíblia sobre o assunto “oração”, para ter uma interpretação correta desse texto. Veja: a Bíblia diz que muitos não recebem porque pedem mal, para esbanjar em seus próprios prazeres (Tg 4.3). E agora? Basta ter fé? Não. Se a intenção não for boa, não recebemos. Um outro texto, 1 Jo 5.14, diz que Deus nos ouve se pedirmos alguma coisa segundo a Sua vontade. Portanto, se pedirmos algo que vá contra algum propósito maravilhoso de Deus para nossa vida, não seremos atendidos. Sendo assim, devemos aprender a ler as Escrituras, não como os hereges, os quais se firmam em versos isolados, mas como verdadeiros crentes em Jesus, considerando o ensino geral da Bíblia sobre um assunto, certos de que a Escritura não pode falhar ou entrar em contradição (Jo 10.35). 19 3 PERGUNTAS RELACIONADAS À PREDESTINAÇÃO 1ª) DEVEMOS ORAR PELA CONVERSÃO DOS NOSSOS PARENTES, VISTO QUE DEUS JÁ PREDESTINOU AS PESSOAS PARA A SALVAÇÃO OU CONDENAÇÃO? SIM. Paulo instruiu a Timóteo, em 2 Tm 2.24-26, dizendo o seguinte: “É necessário que o servo do Senhor não viva a contender e sim DEVE ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõem, na EXPECTATIVA DE QUE DEUS LHES CONCEDA NÃO SÓ O ARREPENDIMENTO PARA CONHECEREM PLENAMENTE A VERDADE, mas também o retorno à sensatez, LIVRANDO-SE ELES DOS LAÇOS DO DIABO, TENDO SIDO FEITO CATIVOS POR ELE, PARA CUMPRIREM A SUA VONTADE”. Essa é que deve ser a expectativa do crente: que Deus conceda o arrependimento para a vida. Um pessoa crente não deve ficar pensando negativamente quanto a isso, dizendo: “Ah, mas e se meu marido não for eleito?” Pelo contrário, devemos ter esperança. Ninguém sabe quem são os eleitos. Só Deus. Enquanto houver vida, há esperança. De fato, o apóstolo sempre tinha uma esperança de conversão para aqueles que ouviam a mensagem do evangelho. At 26.28 e 29 diz: “Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão. Paulo respondeu: Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém TODOS os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias”. Para que uma posição pessimista? Se temos de ter uma posição, sigamos a prescrição do apóstolo a Timóteo. A maior prova de que Paulo era positivo com respeito ao orar pela conversão das pessoas, mesmo crendo na eleição, está em Rm 10.1: “Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha SÚPLICA A DEUS A FAVOR DELES SÃO PARA QUE SEJAM SALVOS”. E olha que foi o próprio apóstolo quem disse, em Rm 9.16: “Não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”. 2ª) ATOS 16.31 NÃO PROMETE A CONVERSÃO DOS PARENTES DE PESSOAS CRENTES? NÃO. Em primeiro lugar, quando Paulo falou sobre a predestinação, em Rm 9.11-13, ele deu o exemplo justamente de dois irmãos gêmeos, ou seja, pessoas da mesma família: Jacó e Esaú. O texto diz: “E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: AMEI JACÓ, PORÉM ABORRECI DE ESAÚ”. E Paulo continuou explicando esse texto, nos vs. 14 e 15: “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei 20 misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem aprouver ter compaixão”. Em segundo lugar, se isso fosse verdade, bastava se converter um da família. O resto estava garantido. Afinal, não é uma promessa? Ora, as promessas de Deus não falham, conforme Js 21.45. Isso seria ótimo. Maravilhoso. Mas não é verdade. Em terceiro lugar, se isso fosse uma promessa, seria contrário a tudo que a Bíblia ensina sobre o assunto, pois ninguém pode ser salvo sem crer em Jesus, apenas pela fé de outra pessoa. A mensagem do evangelho é esta: CRÊ NO SENHOR JESUS. Se apenas você crer, sua família não será salva, querido(a). Só você. E quem prega por aí que isso é uma promessa para o crente, está sendo um irresponsável, pois faz de Deus um mentiroso. Como, então, devo entender o texto de At 16.31? Da seguinte maneira: A mensagem é “Crê no Senhor Jesus e será salvo”. Essa mensagem é para você e para sua casa. A prova disso está na continuação do texto. No v. 32 está escrito: “E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa”. Se apenas a fé do carcereiro era necessária para a salvação do restante da família, porque os outros parentes também são evangelizados? Note também que, no v. 33, está escrito: “... A seguir, foi ele batizado, e todos os seus”. Pergunto: Será que os seus parentes foram batizados porque apenas o carcereiro creu na mensagem do evangelho? Claro que não. Basta ler, agora, o v. 34: “... e, com todos os seus, manifestava grande alegria, por terem crido em Deus”. Veja que todos da família creram em Deus. Não apenas o carcereiro. Por isso é que todos foram batizados. Por isso é que todos foram salvos. 3ª) A BÍBLIA NÃO DIZ QUE “DEUS NÃO TEM PRAZER NA MORTE DO ÍMPIO”? ISSO NÃO CONTRADIZ A AFIRMAÇÃO DE QUE HÁ PESSOAS QUE NÃO FORAM ELEITAS? NÃO. A Bíblia afirma, em Ez 33.11: “Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” Deus diz que não tem prazer na morte do perverso (ímpio). Isso é verdade. Deus não tem prazer na morte de ninguém. Se ele condena, o faz por justiça, não por prazer. De fato, se ele condenasse todos os homens, não o faria por prazer, mas por justiça. Se perguntarmos a um juiz se ele tem prazer em condenar alguém à morte, certamente ele dirá que não. Só um sádico2 condenaria alguém à morte motivado por prazer. Alguém poderia dizer: Mas o texto de Ez 33.11 mostra que o desejo de Deus é a conversão, pois diz: “Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” Ora, a mensagem de salvação é universal, e deve ser pregada a todos os homens, eleitos ou não. Já sabemos que a fé vem pela pregação do evangelho (Rm 10.17). Portanto, a 2 Sádico é aquele que tem prazer (esp. sexual) com o sofrimento alheio. 21 mensagem “crê no Senhor Jesus e será salvo” é para todos, porém somente os eleitos responderão positivamente a ela. Além disso, essa mensagem foi pregada por Ezequiel ao povo de Israel, que no Velho Testamento era o “povo de Deus”. Isso revela que era uma mensagem de exortação a um povo que Deus amou mais do que qualquer outro povo sobre a face da terra. Só a Deus glória. Kleber da Silva Cavalcante.
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