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ResumoD PenalAula5 Nexo causal e excludentes

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Direito Penal 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Desistência voluntária e arrependimento eficaz .................................................... 2 
2. Arrependimento posterior ..................................................................................... 3 
3. Nexo causal ............................................................................................................. 3 
3.1 Concausas ......................................................................................................... 3 
4. Excludentes de ilicitude .......................................................................................... 5 
4.1 Estado de necessidade ...................................................................................... 6 
4.2 Legítima defesa ................................................................................................. 6 
 
 
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1. Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
CP, Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede 
que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Dentro do artigo sob análise, estão ambos os conceitos dos institutos acima 
mencionados: (i) desistência voluntária: o agente DESISTE, voluntariamente, de prosseguir na 
execução; (ii) arrependimento eficaz: o agente, voluntariamente, IMPEDE que o resultado se 
produza – o agente completa os atos executórios, no entanto, pratica um contra-ato, 
impedindo a consumação. 
A doutrina indica duas frases para diferenciar tentativa de desistência voluntária: 
“Quero, mas não posso” (tentativa) e “Posso, mas não quero” (desistência voluntária). 
Caso uma terceira pessoa influencie o agente e este, efetivamente, desista, haverá, 
sim, desistência voluntária, embora o ato seja não espontâneo. Estar-se-á perante ato 
espontâneo quando a iniciativa partir do próprio agente. 
Importante perceber que, no arrependimento eficaz, o agente deve impedir que o 
resultado se produza. 
Exemplo: o agente presta socorro à vítima contra quem desferiu diversos disparos de 
arma de fogo e leva-a ao hospital, onde sua vida é salva pelos médicos. 
Se o agente não conseguir impedir a consumação do resultado, mas, manifestar a 
intenção de fazê-lo, inocorrerá a desistência voluntária. Todavia, será beneficiado por uma 
causa de diminuição de pena. 
Em contrapartida, conseguindo o agente impedir a produção do resultado, 
responderá, apenas, pelos atos já praticados. 
Exemplo: Harry aponta sua faca para Malfoy e diz: “Eu vou te matar!”. Entretanto, após 
dizer isso, desiste de seu intento e vai embora para casa de Hermione. 
No exemplo, Harry, voluntariamente, desistiu de prosseguir na execução do crime de 
homicídio, logrando impedir a produção do resultado. Apesar disso, responderá pela ameaça 
perpetrada contra Malfoy. 
Observação: em provas, desistência voluntária e arrependimento posterior podem 
aparecer denominadas como “ponte de ouro” ou “tentativa abandonada”. 
 
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2. Arrependimento posterior 
CP, Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o 
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário 
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Tal qual se conclui a partir da leitura do artigo 16, o arrependimento posterior não é 
válido para qualquer tipo penal. Apenas, para os crimes praticados SEM VIOLÊNCIA ou GRAVE 
AMEAÇA à pessoa. 
Havendo a RESTITUIÇÃO DA COISA ou a REPARAÇÃO DO DANO até o RECEBIMENTO (≠ 
oferecimento) da denúncia/queixa, por ATO VOLUNTÁRIO do agente, este fará jus a uma 
redução de 1/3 a 2/3. 
Nos casos em que houver restituição parcial da coisa, de acordo com a posição do STF, 
ocorrerá a redução da pena aplicada. 
 
3. Nexo causal 
Ligação entre conduta e resultado. Trata-se da conditio sine qua non, ou seja, a conduta 
sem a qual o resultado não aconteceria. O agente somente responderá pelo crime se houver 
lhe dado causa. 
CP, Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a 
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não 
teria ocorrido. 
Exemplo: Richarlyson toma bastante veneno, pois quer se matar. Antes de morrer, 
declara-se para sua vizinha, Micalateia, que, por considerar sua ‘cantada’ muito ruim, golpeia-
o, diversas vezes, com uma faca. Richarlyson, então, volta para sua residência, onde sua 
esposa, Vandinha Gomes, ao descobrir que ele tinha ‘cantado’ a vizinha, efetua três disparos 
de arma de fogo contra ele, atingindo-o. Richarlyson sai correndo para a rua, onde é 
atropelado por um ônibus. Ainda com vida (!), é socorrido por uma ambulância, mas, morre a 
caminho do hospital. 
Quem responde por esse crime? Dentre as várias causas possíveis, é preciso encontrar 
aquela sem a qual não haveria o resultado. 
 
3.1 Concausas 
No ponto, fala-se das concausas, que se revelam quando há mais de uma causa 
influenciando o resultado. Dividem-se em absoluta (são aquelas que têm origem totalmente 
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diversa da conduta) e relativamente independentes (encontram sua origem na própria 
conduta praticada pelo agente).1 
Exemplo: Bill e Bob, sem saberem da existência um do outro, desejam matar o 
professor Alexandre Medeiros, pois não gostaram das aulas por ele ministradas. Posicionam-
se, cada qual em seu respectivo lugar, e, ao avistarem o professor saindo do Curso Ênfase, 
cada um efetua um disparo de arma de fogo, sendo que um projétil atinge a cabeça, o outro, 
o coração. Periciado o cadáver de Alexandre no IML, embora se constate que a causa da morte 
foram os ferimentos gerados pelos disparos de projéteis de arma de fogo (PAF), não se 
consegue identificar o tiro fatal. 
Como fica a responsabilização penal no caso? Descobrindo-se de quem partiu o tiro 
letal (ex.: Bill), o agente responderá por homicídio consumado, ao passo que o outro atirador 
(ex.: Bob) responderá por homicídio tentado. Caso não se descubra, ambos responderão por 
tentativa de homicídio. 
Nas concausas supervenientes relativamente independentes, uma causa nova rompe 
com o nexo de causalidade anterior e, por si só, provoca o resultado. 
Exemplo: Harry toma uma facada na cabeça, é socorrido por uma ambulância e levado 
ao hospital. Durante uma cirurgia, sofre uma hemorragia e vem a óbito. 
Nesse caso, o agente responderá pelo homicídio, porquanto a morte possui nexo de 
causalidade com sua conduta (desferir golpes de faca contra a vítima). 
Exemplo: Harry toma uma facada na cabeça, é socorrido por uma ambulância e levado 
ao hospital. No percurso, a ambulância cai dentro de um rio e Harrymorre afogado. 
Diferentemente, nesse caso, o agente responderá pela tentativa de homicídio, haja 
vista que a morte da vítima (afogamento após um acidente de ambulância) NÃO possui nexo 
de causalidade com sua conduta (desferir golpes de faca contra a vítima). 
CP, Art. 13, § 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a 
quem os praticou. 
Alerte-se que, quando se estiver perante concausa superveniente relativamente 
independente, não necessariamente, o agente responderá pelos fatos anteriores como um 
crime na modalidade tentada. 
Exemplo: Leandro Damião, com intenção de lesionar, desfere uma facada contra o pé 
de Emerson, o qual, prontamente, é levado ao hospital, localizado em cima de um morro. Após 
 
1 Nota do monitor: conceitos extraídos da obra do professor Fernando Capez. 
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fortes chuvas, houve desmoronamento de terra em torno do hospital e todos os pacientes, 
inclusive Emerson, morreram. 
Na hipótese, Leandro Damião responderá pelo crime de lesão corporal. Não há que se 
falar que a ele deve-se imputar o crime de homicídio pelo fato de Emerson estar no hospital 
somente por causa dele. Leandro Damião responderá pela conduta ocorrida até a causa 
(desmoronamento) que, só por si, produziu o resultado (morte). Isto é, pela lesão corporal. 
 
4. Excludentes de ilicitude 
Preveem-se, em número de quatro, no artigo 23 do CP: 
CP, Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Não obedecidos os requisitos das excludentes, o agente responderá pelo excesso 
doloso ou culposo. 
CP, Art. 23, Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, 
responderá pelo excesso doloso ou culposo. 
Questão de Concurso 
(Técnico Segurança e Transporte – FCC/TRF2/2012) 
41. Inclui-se, dentre outras causas excludentes da ilicitude, 
(A) a coação irresistível. 
Comentário: a coação irresistível pode ser física (exclui a tipicidade) ou moral (exclui a 
culpabilidade). 
(B) a obediência hierárquica. 
Comentário: exclui a culpabilidade. 
(C) a embriaguez voluntária. 
Comentário: não exclui nada. 
(D) a emoção. 
Comentário: não exclui nada. 
(E) o estado de necessidade. 
Gabarito: assertiva ‘E’. 
 
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4.1 Estado de necessidade 
Em provas, costuma-se cobrar a literalidade do artigo 24 do CP, o qual, para fins 
didáticos, será decomposto. 
CP, Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar 
de 
[1] perigo atual: ameaça de lesão a bem jurídico, tais como fatores naturais (ex. 
tsunami, furacão), comportamentos de animais irracionais (ex. leão que ameaça atacar 
visitantes de zoológico) ou comportamentos humanos (ex. homem-bomba que ameaça 
explodir um prédio cheio de pessoas). O perigo deve ser atual de acordo com a lei, porém, a 
doutrina admite o perigo iminente; 
[2] que não provocou por sua vontade: veda-se que o indivíduo tenha provocado 
o perigo dolosamente; 
[3] nem podia de outro modo evitar: o estado de necessidade exige do agente a 
saída mais cômoda; 
[4] direito próprio ou alheio: v.g., bombeiro que quebra portas para salvar vidas de 
terceiros de um incêndio; 
[5] cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se: descobre-se a 
razoabilidade mediante ponderação entre o bem jurídico sacrificado e o bem jurídico salvo. 
Ex.: patrimônio/vida (BJ sacrificado < BJ salvo); vida/vida (BJ sacrificado = BJ salvo). Nas 
hipóteses em que o BJ sacrificado tem hierarquia maior que o BJ salvo, o sujeito responderá 
pelo crime (v.g., estado de necessidade) com uma redução de pena de 1/3 a 2/3. Para a 
legislação brasileira, aqui, não haverá estado de necessidade. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o 
perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser 
reduzida de um a dois terços. 
 
4.2 Legítima defesa 
O artigo 25 do CP, tal qual o artigo 24, será decomposto para melhor ser estudado. 
CP, Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, 
[1] usando moderadamente dos meios necessários: por meios necessários 
entende-se aqueles suficientes para afastar a injusta agressão. O agente não pode escolhê-
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los. Serão assim considerados aqueles que o agente tiver à sua disposição no momento da 
injusta agressão. A utilização de tais meios deve ser moderada/equilibrada. 
[2] repele injusta agressão: agressão é conduta HUMANA. Não se classificam como 
tal comportamentos de animais irracionais, fatores da natureza, etc. A exceção fica por conta 
dos casos em que o homem usa o animal para praticar a injusta agressão, quando, então, 
poderá se configurar legítima defesa, e não estado de necessidade. Ressalte-se que a agressão 
precisa ser INJUSTA, isto é, não gozar de amparo no ordenamento jurídico. Por esse motivo, 
não se admite a legítima defesa real contra a legítima defesa putativa, eis que a legítima 
defesa putativa é albergada pelo ordenamento pátrio e, portanto, não é injusta. 
Questão de concurso (adaptada) 
(Juiz Federal – CESPE/TRF3/2011) Não se admite, por incompatibilidade teórica, a 
legítima defesa como justificativa da ação que repele agressão praticada em legítima 
defesa putativa. 
Comentário: Assertiva correta. Legítima defesa putativa é aquela imaginária. Ex.: Harry vê 
Malfoy, seu desafeto declarado, caminhando em sua direção com a mão no bolso. 
Pensando tratar-se de uma arma, Harry atira contra Malfoy e, depois, descobre que este, 
na verdade, trazia consigo um pedido escrito de desculpas. Como visto acima, não pode 
haver legítima defesa real contra a legítima defesa putativa, pois a agressão não é injusta. 
[3] atual ou iminente: legítima defesa não é revanche. Por isso, não se admite a 
legítima defesa para agressões passadas ou futuras (ameaças). A agressão precisa ser atual 
(está acontecendo) ou iminente (prestes a acontecer). Não se exige a saída mais cômoda ao 
agente. Isso significa que ele não é obrigado a fugir do agressor para, só se não conseguir, 
repelir a agressão injusta. O Direito Penal brasileiro não exige que ninguém seja covarde. 
[4] a direito seu ou de outrem. 
Observação: estado de necessidade e legítima defesa são as duas principais causas de 
excludentes de ilicitude no ordenamento brasileiro. Tanto que possuem dispositivos legais 
específicos para defini-las.

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