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teoria geral do crime

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Prof. Leonardo dos Santos Arpini 
 Aula 00 
 
1 de 107| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 00 – Teoria Geral do 
Delito. 
Agente e Escrivão PCPB 
Prof. Leonardo dos Santos Arpini 
Prof. Leonardo dos Santos Arpini 
 Aula 00 
 
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Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
Sumário 
SUMÁRIO 2 
TEORIA GERAL DO DELITO. 4 
INTRODUÇÃO. 4 
Conceito de crime. 4 
FATO TÍPICO 8 
Conduta e seus elementos. 8 
Omissão penalmente relevante. 11 
Resultado. 14 
Nexo de causalidade. 15 
Tipicidade. 17 
Crime doloso e crime culposo. 18 
Consumação e tentativa. 25 
Espécies de tentativa. 28 
Arrependimento posterior e crime impossível. 30 
Erro de tipo e erro de proibição. 33 
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE. 40 
Estado de necessidade. 40 
Legitima defesa. 42 
Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. 46 
CULPABILIDADE 48 
Imputabilidade: 48 
Potencial consciência da ilicitude. 50 
Exigibilidade de conduta diversa. 51 
CONCURSO DE PESSOAS. 55 
CONCURSO DE CRIMES. 61 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 66 
LISTA DE QUESTÕES. 84 
GABARITO. 94 
RESUMO DIRECIONADO. 95 
TEORIA GERAL DO DELITO. 95 
Fato Típico. 97 
Omissão penalmente relevante. 97 
Resultado. 97 
Tipicidade. 98 
Crime doloso e culposo. 99 
Consumação e tentativa. 100 
Espécies de tentativa. 101 
Arrependimento posterior e crime impossível. 102 
Erro de tipo e erro de proibição. 102 
Prof. Leonardo dos Santos Arpini 
 Aula 00 
 
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Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE. 104 
Excludentes de ilicitude. 104 
CULPABILIDADE. 104 
Imputabilidade. 104 
Potencial consciência da ilicitude. 105 
Exigibilidade de conduta diversa. 106 
CONCURSO DE PESSOAS 106 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Leonardo dos Santos Arpini 
 Aula 00 
 
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Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
TEORIA GERAL DO DELITO. 
INTRODUÇÃO. 
Olá, meu amigo(a), dando início ao nosso encontro, hoje trataremos alguns dos pontos mais importantes do 
direito penal dentro da ‘Parte Geral’ do código. É, a partir da teoria geral do delito e seus desdobramentos, que 
podemos entender toda a estrutura do crime. 
Para tanto, uma das principais características do Direito Penal é a sua fragmentariedade. 
Em que pese tenhamos inúmeros atos ilícitos existentes no mundo fenomênico (acontecimentos da vida), 
apenas uma parcela de todos os atos interessa ao Direito Penal, sendo principalmente aqueles que atentam 
contra os bens jurídicos mais importantes para o convívio social. Dessa forma, podemos afirmar que o Direito Penal 
se ocupa apenas de uma fração dos inúmeros atos ilícitos existentes. 
Portanto, o caráter fragmentário desenvolve-se a partir do conceito de ultima ratio (última razão) do 
Direito Penal. Em outras palavras, meu(a) caro(a) estudante, o Direito Penal será chamado a atuar quando nenhum 
outro ramo jurídico (Administrativo, Civil, Tributário, Ambiental, Difusos e coletivos e etc...) abarcar uma solução 
ao ilícito do mundo fenomênico. 
Feita essa breve e necessária introdução, é chegado o momento de mergulharmos definitivamente no 
campo do estudo do crime. 
Venha comigo! 
Conceito de crime. 
Antes de adentramos no conteúdo propriamente dito, é necessário que façamos uma pequena distinção 
entre crime e contravenção penal. 
Conforme o artigo 1º da LICP (Lei de introdução do Código Penal – Decreto-Lei n. 3.914/41), constitui crime 
a infração penal apenada com reclusão ou detenção, acompanhada ou não de multa, e a contravenção aquela 
punida com prisão simples (juntamente com multa) ou somente pena de multa. 
Em resumo: 
CRIME CONTRAVENÇÃO PENAL 
Apenado com reclusão ou detenção, acompanhada 
ou não de multa 
Apenada com prisão simples (juntamente com multa) 
ou somente multa. 
Avante! 
Antigamente, meu amigo(a), no tempo em que vigorava no Brasil o Código Criminal do Império (1830) e, 
logo em seguida, em 1890 o Código Penal Republicano, a própria legislação se encarregava de trazer-nos o 
conceito de crime. 
O art. 2º, §1º, do Código Criminal do Império assim conceituava o crime: 
Art.2º. Julgar-se-á crime ou delicto: 
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Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
§1º Toda acção ou omissão voluntaria ás leis penaes (redação original). 
Já, o Código Penal Republicano de 1890, assim dizia: 
Art. 2º. A violação da lei penal consiste em acção ou omissão; constitue crime ou contravenção (redação 
original). 
Entretanto, nos dias atuais, a partir do Código Penal de 1940 e suas posteriores alterações, nosso legislador 
infraconstitucional não mais se preocupou em trazer um conceito de crime, deixando assim, a tarefa para àqueles 
que se dedicam ao estudo do Direito Penal. 
A partir de então, inúmeros doutrinadores iniciaram a difícil tarefa de classificação do conceito de crime. 
Passado um longo período de tempo, a partir dos ensinamentos da doutrina clássica e, também, da doutrina 
moderna, os estudiosos do direito penal nos presentaram com, pelo menos, três conceitos que ensejam outros 
desdobramentos no estudo do crime: 
 
Certo, caríssimo! Passemos, então, ao estudo de cada um dos conceitos: 
Conceito Material É baseado na essência de um comportamento 
penalmente relevante. 
Conceito Formal Crime é a conduta vedada por lei, com ameaça de 
pena criminal. 
Conceito Analítico Crime é toda a ação ou omissão, consciente e 
voluntária, estando previamente definida em lei, 
Conceito 
de Crime
Conceito
Analítico
Conceito
Formal
Conceito
Material
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Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
que cria um risco juridicamente proibido e 
relevante. 
Ocorre que, dentro do conceito analítico de crime (o mais aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro), há 
outra divisão, vejamos: 
 
Assim, caríssimo, essas duas são as teorias mais aceitas no Brasil para explicar a estrutura do crime e, entre 
as duas, a teoria tripartida é a que tem mais força, sendo adotada pela maioria dos estudiosos do Direito Penal e, 
também, pelas Cortes Superiores. 
“Certo, Arpini! Mas e agora, o que é o crime? Afinal, ele é fato típico e antijurídico ou fato típico, antijurídico e 
culpável?” 
Certo, meu(a) jovem! Vamos por partes! 
Inicialmente você deve saber que o conceito analítico de crime (que se divide nas teorias bipartida e 
tripartida) busca identificar os elementos que compõem o crime. Para tanto, conforme mencionei a você 
anteriormente, a definição de crime mais aceita no direito brasileiro é a de que o crime é fato típico + antijurídico 
+ culpável. E é com essa teoria que trabalharemos, pois certamente será a cobrada de você nos concursos. 
Por outro lado, há aqueles que reconhecem ser o crime apenas fato típico + antijurídico, tratando a 
culpabilidade como pressuposto de aplicação da penal. 
Então, dessa forma a estrutura do crime é a seguinte: 
CRIME 
FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPAVÁVEL 
Ocorre que, a partir da estrutura do crime, precisamos verificar quais são os elementos que a compõem, para 
que, logo em seguida, estudemos cada um deles pormenorizadamente. 
Conceito Análitico
Teoria 
Tripartida/Tricotômica
Crime = Fato Típico + Ilícito 
(antijurídico) + Culpável.
Teoria Bipartida/Dicotômica
Crime = Fato Típico + Ilícito 
(antijurídico)
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Força, guerreiro (a)! Vamos adiante. 
Verifiquemos, então, quais são os elementos: 
 
CRIME 
FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPAVÁVEL Dolosa/Culposa 
Conduta 
 Comissiva/Omissiva 
Resultado 
Nexo de causalidade 
Tipicidade 
Obs.: Quando o agente não age 
em: 
 Estado de necessidade 
 Legítima Defesa 
 Estrito cumprimento do 
dever legal 
 Exercício regular de um 
direito 
Quando não houver o 
consentimento do ofendido como 
causa supralegal de exclusão da 
ilicitude 
 Imputabilidade 
 Potencial consciência da 
ilicitude 
 Exigibilidade de conduta 
diversa 
“IMPOEX” 
Agora que apresentei a você todos os elementos que compõe a estrutura do crime, quero dar-lhes outra dica 
valiosa! 
Imprima esse quadro-resumo da estrutura do crime e cole em um local que você possa visualizá-lo 
diariamente. Garanto que mais cedo ou mais tarde você irá memorizar toda essa estrutura e terá uma base sólida 
para resolver qualquer questão que envolva o tema. 
Dessa forma, chegou o momento de analisarmos cada um dos elementos de forma separada! 
Vamos adiante, guerreiro(a)! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FATO TÍPICO 
Conduta e seus elementos. 
Veja, caríssimo(a), a conduta é o primeiro dos elementos que compõe o fato típico (formador da estrutura 
do crime). 
Para tanto, a conduta é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. 
Então, de qualquer modo, sua existência está condicionada a um comportamento humano. 
Ainda, a partir do conceito que acabamos de construir, é possível verificarmos as formas pelas quais se dá a 
conduta humana, quais sejam: ação e omissão. 
Vejamos: 
AÇÃO OMISSÃO 
É toda conduta positiva, que nasce a partir de um 
movimento corpóreo. 
A grande maioria das figuras típicas do ordenamento 
jurídico descreve uma conduta positiva, p.ex. “matar; 
subtrair; apropriar-se; ameaçar”. 
É a conduta negativa, consubstanciada na indevida 
abstenção de um movimento obrigatório. 
 
Então, caríssimo(a), somente haverá conduta quando houver uma exteriorização do pensamento, através de 
um movimento corpóreo ou uma abstenção indevida. Assim, vale dizer, o direito penal não pune nenhum 
pensamento, por mais criminoso que ele possa ser. 
Desse modo, enquanto a empreitada criminosa não irradiar para fora do pensamento do agente, por pior 
que esse seja, não poderá haver reprimenda criminal sob o ato. 
Imaginemos uma situação do cotidiano: Austin, indignado depois de ver seu time de futebol perder para o maior 
rival, imbuído de raiva, trama em sua mente, a morte de um torcedor rival da forma mais cruel possível. Entretanto, 
digerida a derrota e mais calmo após a partida, Austin esquece o plano e segue adiante sua vida. 
Veja, caríssimo(a), desse modo, por mais que o pensamento seja moralmente reprovável, para o Direito 
Penal ele é irrelevante, pois encontra-se no claustro psíquico de Austin, que não exteriorizou nenhum ato com a 
finalidade de matar o desafeto. 
Sendo assim, somente entram no campo da ilicitude os atos conscientes. Então, podemos concluir que os 
atos praticados involuntariamente são penalmente atípicos, ou seja, não interessam para o Direito Penal. 
“Professor, mas ato involuntário, como assim?” 
Suponhamos que o agente pratique um ato sob o efeito de hipnose ou sonambulismo. Sendo o ato praticado 
nessas condições, estamos diante de uma conduta involuntária do agente, razão pela qual, o ato é penalmente 
irrelevante. 
Agora que já dissertamos bastante acerca do tema, vamos testar nosso conhecimento? 
Vejamos como os concursos estão questionando acerca do tema: 
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Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil 
De acordo com o conceito analítico de crime, é um dos elementos do fato típico: 
A) imputabilidade. 
B) conduta. 
C) exigibilidade de conduta diversa. 
D) exercício regular de um direito. 
E) potencial consciência da ilicitude. 
 
Resolução: veja, meu(a) caro(a) estudante, a partir da tabela que formulamos anteriormente, é perfeitamente 
possível respondermos o que a banca nos indaga. 
 
a) a imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade; 
b) a conduta é um dos elementos que compõe o fato típico; 
c) a exigibilidade de conduta diversa é um dos elementos da culpabilidade; 
d) exercício regular de um direito é uma excludente de antijuridicidade; 
e) a potencial consciência da ilicitude compõe a culpabilidade. 
 
Gabarito: Letra B. 
Conhecimento adquirido, vamos a mais uma questão! 
Avante, guerreiro(a)! 
Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil 
Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que tem em 
Welzel seu maior expoente. 
A) Ação típica, antijurídica e culpável. 
B) Ação típica, antijurídica e voluntária. 
C) Ação típica e juridicamente relevante. 
D) Ação típica, antijurídica e dolosa. 
E) Ação típica e culpável. 
 
Resolução: de acordo com o nosso estudo até o momento, verificamos que a maioria dos penalistas e, também, 
os Tribunais Superiores, utilizam a definição da teoria tripartida para a qualificação do conceito analítico do crime, 
ou seja, caríssimo, o crime é fato típico + antijurídico/ilícito + culpável. 
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“Mas professor, a questão fez menção a Welzel. Qual foi a contribuição dele para a teoria finalista?” 
Welzel foi o idealizador da teoria finalista da ação. Ademais, trago a lição do Professor André Estefam1 acerca 
da teoria finalista da ação. 
“Teoria finalista da ação: ação é a conduta humana consciente e voluntária dirigida a uma finalidade 
(Welzel). Ação e finalidade são conceitos inseparáveis. Esta é a espinha dorsal daquela. Isso porque o 
homem, sendo conhecedor dos diversos processos causais que pode desencadear, dirige seus 
comportamentos buscando atingir algum objetivo” (ESTEFAM, André. p. 214). 
Quero que você fixe muito bem essa matéria, então, antes de avançarmos, fecharemos com mais uma 
questão. 
Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia 
Infração penal significa: 
A) Quando um caso não previsto em lei é regulado por um preceito legal, que rege um semelhante. 
B) Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se em consideração os elementos subjetivos do tipo, a 
ilicitude e a culpabilidade. 
C) Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma proteção especial, no âmbito do direito penal, por se 
revelarem insuficientes à proteção dos outros ramos do direito. 
D) Quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico, considerado 
em seu conjunto. 
E) Que o delito é sinônimo de contravenção penal no Brasil. 
 
Resolução: faremos um comentário geral que servirá para a resolução como um todo da referida questão. A 
primeira informação que precisamos ter em mente, meu(a) jovem, é que infração penal é gênero, enquanto crime 
e contravenção penal são espécies desse gênero. Desse modo, a infração penal, que se transfigura em crime ou 
contravenção penal, é todo comportamento que causa lesão ou risco de lesão a um bem jurídico, levando em conta 
o elemento subjetivo do tipo (dolo ou culpa), a ilicitude (contrariedade ao direito) e a culpabilidade 
(imputabilidade; potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa). 
 
Gabarito: Letra B. 
Assim, fechamos essa primeira parte do nosso estudo! 
 
 
 
1 ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral (art. 1º a 120) / André Estefam. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.Prof. Leonardo dos Santos Arpini 
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Dessa forma, a partir do que analisamos anteriormente, conseguimos verificar que a conduta que descreve 
uma ação é praticamente dominante dentro do ordenamento jurídico. Então, cabe-nos analisar com um pouco 
mais de profundidade as condutas omissivas. 
Preparado? 
Avante, guerreiro(a)! 
Omissão penalmente relevante. 
Dentro do conceito de omissão penalmente relevante, há duas teorias que explicam o objeto do nosso 
estudo. 
São elas: a teoria naturalística e a teoria normativa. 
TEORIA NATURALÍSTICA/CAUSAL TEORIA NORMATIVA/JURÍDICA 
A partir dessa teoria, a omissão (abstenção) produziria 
um resultado que estaria intimamente ligado (nexo 
causal) ao fato do agente se abster de realizar um 
determinado comportamento. 
Para essa corrente, a omissão é um nada, logo, não 
pode causar coisa alguma. Quem se omite nada faz, 
razão pela qual, nada causa. Dessa forma, a 
possibilidade de se atribuir ao agente criminoso 
(omitente) o resultado de sua abstenção, dar-se-á a 
partir de uma obrigação jurídica anterior à omissão 
(“dever jurídico de agir”). Impondo ao agente o dever 
de evitar o resultado. 
Meu amigo(a), eu sei que os conceitos não são fáceis, por isso, peço encarecidamente que, se for necessário, 
leia novamente o quadro acima. 
Para tanto, o direito penal adotou a teoria normativa/jurídica para tratar dos crimes omissivos, e isso vem 
exposto pelo artigo 13, §2º, do Código Penal. 
Façamos uma leitura atenciosa! 
Relação de causalidade 
 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 Relevância da omissão 
 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. 
O dever de agir incumbe a quem: 
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado 
Feita nossa leitura, caríssimo(a), preste bem atenção na redação do §2º - “a omissão é penalmente relevante 
quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”. 
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Dessa forma, a conduta omissiva só terá relevância (será de interesse do direito penal) quando o omitente (o 
agente que se omite) devia e podia agir para evitar o resultado. Ainda, logo em seguida, o §2º nos diz: “o dever de 
agir incumbe a quem:” e nos traz um rol daqueles que possuem o dever de evitar o resultado. 
“Professor, pode nos dar um exemplo?” 
Com certeza, meu amigo(a). 
Imaginemos a seguinte situação: Austin é exímio nadador e convida seu amigo Caracas, com poucas 
habilidades de nado, a juntos fazerem uma travessia nadando de uma praia a outra. Iniciada a travessia, Caracas 
começa a se afogar. Iniciado o afogamento, teremos duas situações: 
a) na primeira delas Austin retorna até Caracas e consegue salvá-lo de um afogamento. 
b) na segunda, Austin não salva seu amigo Caracas e este vem a falecer. 
Perceba que, em ambas as situações Austin tem o dever legal de evitar o resultado, pois foi ele que, com seu 
comportamento anterior (convite para fazer uma travessia de uma praia a outra a nado) criou o risco da ocorrência do 
resultado (afogamento de Caracas), pois sabia que seu amigo não era um nadador habilidoso. 
Sendo assim, quando Austin salva Caracas, ele cumpre seu dever legal e não responderá por crime algum. Já 
na segunda situação, ao não salvar o amigo, responderá pelo crime de homicídio (não por ter praticado 
diretamente a conduta de matar) mas por sua omissão ser penalmente relevante em não ter evitado o resultado 
(afogamento-morte) por um risco criado através do convite da travessia. Essa é a situação que vem disciplinada 
na alínea “c” do art. 13, §2º, do CP. 
Agora, imaginemos outro exemplo: Austin e toda a sua família estão na praia com os filhos e a babá. Passado 
um tempo, Austin e sua esposa saem a caminhar pela areia da praia e, desse modo, pedem para que a babá tome 
conta das crianças para que não entrem no mar. A babá, de plano, responde positivamente ao casal para o cuidado 
das crianças. Então, nesse caso, se eventualmente as crianças vierem a se afogar por descuido da babá, que 
assumiu a responsabilidade de impedir o resultado, é pacífico que poderemos imputar o homicídio culposo do 
artigo 121, §3º, a babá. Essa é a que situação está disciplinada na alínea “b” do art. 13, §2º, do CP. 
Quanto à alínea “a”, podemos usar o mesmo exemplo das crianças na praia, basta apenas trocarmos a babá 
pelos próprios pais. Suponha que Austin e sua esposa vejam seus filhos se afogando e nada fazem, serão 
responsabilizados pelo homicídio dos filhos, pois tem por lei o dever de cuidado e vigilância dos filhos e, ao se 
omitirem para com o afogamento, é perfeitamente possível imputarmos a eles a figura do homicídio do art. 121, do 
CP. Essa é a situação que está disciplinada na alínea “a” do art. 13, §2º, do CP. 
Então, para fecharmos esse tópico, todas as situações hipotéticas que narrei a você são mais conhecidas no 
âmbito do direito penal como crimes comissivos por omissão. 
Quer ver como isso vem caindo em provas? 
Olha só, meu amigo(a): 
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil 
JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado momento eles começam a se afogar. 
Havia naquele local um salva-vidas que, ao avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a 
salvá-lo; próximo a eles havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu 
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inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair do local. As duas pessoas acabam se afogando e morrendo. 
Em relação ao caso, qual das alternativas abaixo está CORRETA? 
A) O salva-vidas responde por homicídio doloso por omissão. 
B) O salva-vidas responde por omissão de socorro. 
C) O surfista responde por homicídio doloso por omissão. 
D) A conduta do surfista é atípica. 
E) O surfista responde por homicídio culposo. 
 
Resolução: assim como em questões anteriores, nesse questionamento, faremos um comentário geral que 
abarcará toda a resolução da questão. Então, atente-se aos seguintes fatos: I – o salva-vidas assumiu a 
responsabilidade de impedir o resultado, ao assumir a profissão. Desse modo, no caso que nos é apresentado o 
salva-vidas, ao se omitir e causar a morte do seu desafeto, responderá por homicídio doloso. II – quanto ao surfista, 
poderíamos imputar a ele o crime do art. 135 do CP, que trata da omissão de socorro, mas em nenhuma hipótese 
será responsabilizado por homicídio (tanto doloso como culposo), pois ele não ostenta nenhuma das condições 
necessárias que estão dispostas nas alíneas “a” a “c” do art. 13, §2º, CP. 
 
Gabarito: Letra A. 
Tudo entendido?! Certo! 
Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil 
Segundo o Código Penal brasileiro, “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.” 
 
Assinale a alternativa correta que completa o enunciado a seguir: 
 
A omissão é penalmente relevante (...) 
A) quando o omitente, independentemente da preexistência de qualquer dever de sua parte, podia agir para evitar 
o resultado. 
B) somente nos crimes omissivos próprios. 
C) quando o omitentedevia e podia agir para evitar o resultado. 
D) sempre que o omitente tiver o dever jurídico de evitar o resultado. 
 
Resolução: veja que o CP ao tratar da omissão penalmente relevante, imputa o resultado criminoso a quem devia 
e podia agir para evitar o resultado e, o §2º do art.13, elenca quem são as pessoas que possuem o dever de agir. 
 
Gabarito: Letra C. 
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Agora que fechamos mais uma parte do nosso estudo, passemos ao estudo de mais um dos elementos do 
fato típico. 
Resultado. 
No tocante ao resultado, meu(a) jovem, assim como na omissão penalmente relevante, há duas teorias 
norteadoras do resultado. 
Vejamos cada uma delas: 
TEORIA NATURALÍSTICA TEORIA JURÍDICA 
Para a teoria naturalística, considera-se resultado 
toda a modificação no mundo fenomênico provocado 
pela ação ou omissão (p.ex. a perda patrimonial no 
furto, a morte no homicídio, a conjunção carnal no 
estupro e etc.) 
Para a teoria jurídica, considera-se resultado toda a 
lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado 
pelo direito penal. Todo crime tem resultado jurídico 
porque sempre agride um bem jurídico tutelado. 
(p.ex. o homicídio atinge o bem da vida, o furto e o 
roubo atingem o patrimônio). 
Desse modo, nos resta analisarmos a classificação dos crimes quanto ao seu resultado naturalístico. 
Quanto ao resultado os crimes podem ser divididos em resultado naturalístico e resultado jurídico. 
Preste atenção na tabela abaixo: 
CRIMES QUANTO AO RESULTADO 
NATURALÍSTICO 
CRIMES QUANTO O RESULTADO JURÍDICO 
CRIME MATERIAL – aqui, meu amigo(a), o tipo penal 
descreve a conduta e o resultado material, razão pela 
qual, para a existência do crime é necessária a 
produção do resultado. P.ex. para que ocorra o 
homicídio, é necessário a morte da vítima; para que 
ocorra o furto, é necessária a perda patrimonial da 
vítima. 
CRIME DE DANO OU DE LESÃO – aqui, a 
consumação exige que o bem jurídico seja lesionado 
pela conduta do agente, p.ex. o crime de homicídio 
CRIME FORMAL – já nessa classificação, o crime 
descreve conduta e resultado. Entretanto, o crime é de 
consumação antecipada, perfazendo-se apenas com a 
conduta, sem que o resultado ocorra. P.ex. o crime de 
ameaça. O simples fato de ameaçar a vítima já é 
suficiente para o crime se consumar, não necessitando 
que as ameaças venham a se concretizar. 
CRIME DE PERIGO – a consumação ocorre quando o 
bem jurídico é exposto à risco, p.ex. o crime de 
contágio venéreo do art. 130 do CP; posse (art. 12) ou 
porte (art. 14 o 16) de arma de fogo (Estatuto do 
Desarmamento). 
CRIME DE MERA CONDUTA – aqui, caríssimo(a), o 
tipo penal prevê apenas a conduta, sem fazer menção 
 
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a nenhum resultado no mundo exterior. P.ex. o crime 
de omissão de socorro (art. 135, do CP). 
 
CRIMES MATERIAIS CRIMES FORMAIS E DE MERA CONDUTA 
Os crimes materiais se compõem de: 
Conduta + Tipicidade + Nexo Causal + Resultado. 
Os crimes formais e de mera conduta são compostos 
de: Conduta + Tipicidade. 
Guarde bem esses conceitos, pois eles serão de suma importância para continuarmos avançando em nosso 
estudo. 
Passemos ao estudo do próximo elemento do fato típico. 
Nexo de causalidade. 
Inicialmente, é necessário que façamos a leitura atenta do artigo 13, caput, do Código Penal. 
 Relação de causalidade 
 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
A partir da leitura concentrada que acabamos de realizar, quero que você saiba que o direito penal brasileiro 
adotou a teoria da conditio sine qua non (condição sem a qual) para explicar a relação de causalidade entre conduta 
e resultado. 
Em outra palavras, meu amigo(a), haverá relação de causalidade em qualquer fator que possa anteceder o 
resultado e nele tiver alguma relação. É o elo de ligação que une a conduta praticada pelo agente ao resultado 
produzido. 
Desse modo, se não houver o vínculo que liga o resultado à conduta perpetrada pelo agente, não poderemos 
falar de relação de causalidade e, assim, o referido resultado não poderá ser atribuído ao agente, tendo em vista 
não ter sido ele o seu causador. 
Entretanto, faz-se uma crítica no tocante a teoria da equivalência dos antecedentes, no sentido de que, 
havendo a necessidade de regressar ao passado em busca de todas as causas que contribuíram para o resultado, 
chegaríamos a uma regressão ao infinito. 
Preste atenção nesse exemplo do professor Damásio de Jesus: 
“Suponhamos que A tenha causado a morte de B. A conduta típica do homicídio possui uma série de 
fatos, alguns antecedentes, dentre os quais poderíamos sugerir os seguintes: 1º) produção do revólver 
pela indústria; 2º) aquisição da arma pelo comerciante; 3º compra do revólver pelo agente; 4º) 
refeição tomada pelo homicida; 5º) emboscada; 6º) disparo dos projéteis na vítima; 7º resultado 
morte. Dentro dessa cadeia, excluindo-se os atos sob os números 1 a 3, 5 e 6, o resultado não teria 
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ocorrido. Logo, dele são considerados causa. Excluindo-se o fato sob o nº 4 (refeição), ainda assim o 
evento teria acontecido. Portanto, sob a refeição tomada pelo sujeito não é considerada como sendo 
causa do resultado. (JESUS, Damásio, vol I., p.218). 
Perceba que, partindo dessa premissa, no homicídio ora descrito poderíamos imputar o crime até mesmo 
para o proprietário da empresa encarregada da produção das armas e das munições e, também aos seus pais por 
terem o colocado no mundo e, assim sucessivamente. 
Então, para frear o regresso ao infinito surge o juízo de eliminação hipotética. 
“Certo, professor! Mas como funciona o juízo de eliminação hipotética?” 
Presta atenção na lição do colega André Estefam: 
“Sob o enfoque da conditio sine qua non, haverá relação de causalidade entre todo e qualquer fator 
que anteceder o resultado e nele tiver alguma interferência. O método utilizado para se aferir o nexo 
de causalidade é o da eliminação hipotética, vale dizer, quando se pretender examinar a relação 
causal entre uma conduta e um resultado, basta eliminá-la hipoteticamente e verificar, após, se o 
resultado teria ou não ocorrido exatamente como se dera. Assim, se depois de retirado mentalmente 
determinado fator, notar que o resultado não se teria produzido (ou não teria ocorrido exatamente do 
mesmo modo), poder-se-á dizer que ente a conduta (mentalmente eliminada) e o resultado houve 
nexo causal. Por outro lado, se a conclusão for a de que, com ou sem a conduta (hipoteticamente 
retirada) o resultado teria se produzido do mesmo modo como se deu, então ficará afastada a relação 
de causalidade” (ESTEFAM, André, p. 219/220). 
 
Tudo entendido, meu amigo(a)? Certo! Então, antes de avançarmos, vejamos, pelo menos, uma questão 
sobre a matéria. 
Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe 
Nos termos do Código Penal considera-se causa do crime 
A) a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
B) a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente da sua relação com o resultado. 
C) exclusivamente a ação ou omissão que mais se relaciona com a intenção do autor. 
D) a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente de qualquer causa superveniente. 
E) exclusivamente a ação ou omissão que mais contribui para o resultado. 
 
Resolução: a questão nos indaga acerca do texto legal expresso no artigo 13 do Código Penal, que retrata a figurada teoria da conditio sine qua non (condição sem a qual), que considera como causa, toda ação ou omissão sem a 
qual o resultado não teria ocorrido. 
 
Gabarito: Letra A. 
Vamos avançando, caríssimo! 
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Tipicidade. 
Seja muito bem-vindo, meu amigo(a), a mais um tópico da nossa aula 03. 
Nesse momento, trataremos da tipicidade, o último elemento que compõe o fato típico. 
Dessa forma, a tipicidade é conceituada com o a relação de encaixe/enquadramento entre um fato concreto 
(ocorrido no mundo fenomênico) e um tipo penal previsto de forma abstrata (aspecto formal), em conjunto com a 
lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (aspecto material). 
“Professor, um exemplo, por favor!” 
Mas é claro, meu(a) jovem! 
Suponha que Austin dirija-se até o estacionamento de um supermercado e lá subtraia, para si, uma Ferrari 
que se encontrava no pátio de estacionamento. Veja que, desse modo, a conduta perpetrada por Austin no mundo 
exterior se encaixa (formalmente) ao tipo penal do art. 155 do Código Penal, que trata do crime de furto. Perceba 
também que, materialmente há o encaixe da conduta ao tipo penal do furto, tendo em vista que para a 
configuração do crime de furto somente poderá ocorrer de forma dolosa, pois não existe furto culposo. 
Fácil, não é mesmo?! 
Essa é a definição de tipicidade. 
Um sinônimo que você poderá encontrar durante sua caminhada de estudos é a expressão “adequação 
típica”. 
Para tanto, a adequação típica se divide em direta e indireta. 
DIRETA INDIRETA 
Nesse caso, a conduta praticada pelo agente 
criminoso se amolda perfeitamente ao tipo penal 
descrito abstratamente pela lei, sem depender de uma 
norma de extensão. Lembre-se do furto de Austin, pois 
se trata de uma adequação típica direta. 
Já na adequação típica indireta, a conduta do agente 
criminoso precisa de uma norma de extensão para se 
amoldar a lei penal. Retornemos ao exemplo do furto. 
Suponha que Austin, ao tentar arrombar a porta da 
Ferrari, é surpreendido pelo segurança do 
supermercado e empreende fuga do local sem 
conseguir subtrair o automóvel. Veja, meu caro, nesse 
caso, estamos diante de um furto tentado, pois não se 
consumou por circunstâncias alheias à vontade de 
Austin. Assim, para que possamos amoldar a conduta 
de Austin a norma penal incriminadora, é necessário 
conjugarmos o artigo 155, do Código Penal com o 
artigo 14, inciso II, que trata da figura da tentativa. 
Assim, caríssimo, com a informação que acabamos de verificar acerca das circunstâncias alheias à vontade 
do agente, é possível resolvermos à seguinte questão: 
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia 
Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma 
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A) por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
B) por inabilidade do agente. 
C) por desistência do agente. 
D) pela deterioração do objeto. 
E) em razão da atipicidade da conduta. 
 
Resolução: veja, caríssimo(a), várias são as modalidades de crime tentado, a qual analisaremos 
pormenorizadamente ao longo do nosso estudo. Entretanto, perceba que, conforme mencionei a você 
anteriormente, ocorrerá a tentativa, segundo o art. 14, inciso II, do CP, quando o agente não conseguir consuma-
lo por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Gabarito: Letra A. 
Dessa forma, fechamos mais um tópico do nosso estudo! 
Vamos adiante! 
Crime doloso e crime culposo. 
Salve salve, meu(a) caro(a) estudante! 
A partir desse momento, vamos iniciar o estudo do dolo e da culpa, elemento subjetivo que está integrado a 
conduta do agente, compondo o fato típico do conceito analítico de crime. 
Para isso, vamos ver como o Código Penal tratou do dolo e da culpa. 
 Art. 18 - Diz-se o crime: 
 Crime doloso 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 Crime culposo 
 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
 Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como 
crime, senão quando o pratica dolosamente 
Agora que já lemos atentamente o artigo 18, vamos para a nossa análise detalhada. 
O primeiro ponto que quero deixar como curiosidade para você, é que para classificar o dolo existem várias 
espécies. Entretanto, a que nos interessa para o estudo do concurso e que certamente é a mais cobrada, é o dolo 
direto e o dolo eventual. 
Dolo Direto (art. 18, inciso I, primeira parte). Dolo Eventual (art. 18, inciso I, segunda parte). 
“Quando o agente quis o resultado”. “Quando o agente assumiu o risco de produzi-lo”. 
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DOLO DIRETO (ART. 18, INCISO I, PRIMEIRA PARTE). 
DOLO DIRETO DE 1º GRAU DOLO DIRETO DE 2º GRAU. 
O dolo direto de 1º grau consiste na vontade de 
produzir as consequências primárias do crime, ou 
seja, meu amigo(a), é a busca na produção do 
resultado típico visado. 
O dolo direto de 2º grau é aquele que abrange os 
efeitos colaterais da prática delituosa, ou seja, as suas 
consequências secundárias, que originariamente não 
são desejadas pelo agente. Aqui, o autor não 
pretende produzir o resultado, mas percebe que não 
pode chegar ao resultado pretendido sem causar os 
referidos efeitos acessórios. 
Veja esse exemplo do professor Fernando Capez2: 
Querendo obter fraudulentamente o prêmio do seguro (dolo de primeiro grau), o sujeito dinamita um barco 
em alto-mar, entretanto, acaba por tirar a vida de todos os seus tripulantes, resultado pretendido apenas 
porque inevitável para o desiderato criminosos (dolo de segundo grau). (CAPEZ, 2013, p.229). 
 
DOLO INDIRETO OU INDETERMINADO 
Nesse caso, o agente não quer diretamente o resultado, porém, aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo 
eventual) ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo). 
Veja esse exemplo do professor Magalhães Noronha3: 
“A namorada ciumenta surpreende seu amado conversando com a outra e, revoltada, joga uma granada no 
casal, querendo matá-los ou feri-los. Ela quer produzir um resultado e não ‘o’ resultado. No dolo eventual, 
conforme já dissemos, o sujeito prevê o resultado e, embora não o queira propriamente atingi-lo, pouco se 
importa com a sua ocorrência (‘eu não quero, mas se acontecer, parar mim tudo bem, não é por causa deste rico 
que vou parar de praticar minha conduta – não quero, mas também não me importo com a sua ocorrência’). 
(NORONHA, p.135) 
 
Perceba, caríssimo(a), que a previsão do dolo alternativo se encontra no fato de querer “matá-los ou feri-los”. 
 
 
 
 
2 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120) – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2013 
3 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. 30. ed. São Paulo, Saraiva v.1. 
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A partir dessa definição é necessário, também, que você saiba que várias são as teorias que se desenvolveram 
ao longo da história para a explicar o que é o dolo. Porém, saber cada uma delas fica à título de curiosidade, caso 
você queira, fazer um estudo mais aprofundando quando tiver tomado posse, combinado?! 
As que nos interessam, para nosso estudo para concurso é que, o Código Penal adotou uma teoria para o 
dolo direto e uma para o dolo eventual. 
Para o dolo direto (art. 18, inciso I,primeira parte), o CP adotou a teoria da vontade, que diz ser o dolo a 
vontade dirigida ao resultado. Dessa forma, age dolosamente a pessoa que, tendo consciência do resultado, 
pratica sua conduta com a intenção de produzi-lo. 
Para o dolo eventual (art. 18, inciso I, segunda parte), o CP adotou a teoria do consentimento/assentimento, 
ou seja, aquele que, prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo, age dolosamente. 
“Professor, poderia me dar um exemplo de dolo direto e dolo eventual?” 
Mas é claro, preste atenção nos seguintes exemplos: Suponhamos que Austin quer matar seu desafeto 
Caracas. Para tanto, adquire uma arma de fogo (meio tido como necessário e suficiente para a empreitada 
criminosa). Quando Caracas passa pelo local onde Austin havia se colocado de tocaia, este efetua o disparo que 
causa a morte da vítima. Assim, é possível concluirmos que o dolo de Austin era direto, pois dirigido a produzir o 
resultado morte, elencado no art. 121 do Código Penal. 
Quanto ao dolo eventual, podemos nos utilizar do mesmo exemplo: imagine que Austin, munido da arma de 
fogo, efetua disparados contra Caracas, querendo feri-lo ou matá-lo. Desse modo, quando Austin direciona sua 
conduta a fim de causar lesões ou a morte de Caracas, não se importa com a ocorrência de um ou de outro 
resultado, e se o resultado mais grave vier a acontecer este ser-lhe-á imputado a título de dolo eventual. 
Desse modo, encerramos o estudo do crime doloso, porém, ainda nos resta analisarmos o crime culposo, 
previsto no artigo 18, inciso II, do CP. 
A partir de tudo que estudamos até o momento, já formamos a base que nos permite tirarmos a seguinte 
conclusão: a conduta humana que interessa para o direito penal é aquela que ocorre de duas formas, quais 
sejam, quando o agente atua dolosamente, querendo ou assumindo o risco de produzir o resultado, ou, de outro 
lado, o agente age culposamente, dando causa a um resultado através de imprudência, negligência ou imperícia. 
Outra informação importante acerca dos crimes culposos, é que saibamos quais são os elementos que o 
compõe: 
 
 
 
 
 
 
 
1. Conduta voluntária 
2. Resultado involuntário 
3. Nexo causal 
4. Tipicidade 
5. Quebra do dever de cuidado objetivo por imprudência, negligência 
ou imperícia 
6. Previsibilidade objetiva do resultado 
7. Relação de imputação objetiva. 
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A partir dessas informações que acabamos de visualizar, já conseguimos resolver algumas questões sobre o 
tema. 
Vamos conferir?! 
Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto 
NÃO é um elemento do tipo culposo de crime: 
A) Conduta involuntária. 
B) Inobservância de dever objetivo de cuidado. 
C) Previsibilidade objetiva. 
D) Tipicidade. 
 
Resolução: perceba, caríssimo(a) que, a partir do elementos acima expostos, que compõe o crime culposo, o único 
que não faz parte do rol é a conduta involuntária. Ademais, você deve lembrar que, conforme estudamos no início 
da nossa aula, condutas involuntárias ou atos reflexos não são aptos a caracterizar uma conduta e, por isso, está 
ausente um dos elementos do fato típico, fazendo com que o fato não seja considerado crime (atípico). 
 
Gabarito: Letra A. 
 
Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil 
Sobre o crime culposo, é correto afirmar que: 
A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado. 
B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado. 
C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de Código Penal. 
D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso 
provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas. 
E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado 
criminoso por ele não desejado. 
 
Resolução: 
a) um dos elementos que compõe o crime culposo é justamente a previsibilidade objetiva do resultado. 
b) é indispensável a verificação do nexo de causalidade, pois o nexo é inerente ao fato típico. 
c) o art. 18, inciso I, trata da figura do crime doloso 
d) essas mortes ocorrerão à título de dolo, e não à título de culpa. 
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e) haverá culpa quando houver a quebra do dever de cuidado objetivo. 
Gabarito: Letra E. 
Agora que já analisamos quais são os elementos que compõe o tipo penal culposo, é necessário debruçarmos 
sobre as modalidades de culpa. 
Vejamos: 
IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA IMPERÍCIA 
Ocorre concomitantemente com a 
ação, se manifestando de forma 
ativa. Assim, consiste em agir sem 
precaução, precipitadamente. 
P.ex. o indivíduo que durante sua 
pilotagem, ultrapassa veículo em 
local proibido. 
Essa ocorre quando o sujeito se 
porta sem a devida cautela, se 
manifestando de forma omissa e, 
ocorrendo antes da conduta. P.ex. 
o indivíduo que, verificando que os 
pneus do seu automóvel estão 
gastos, inicia uma viagem longa 
com os pneus nessa condição e 
vem a causar um acidente. 
Trata-se da falta de aptidão para o 
exercício de arte ou profissão. 
Assim, a imperícia deriva da 
prática de uma atividade, seja 
comissiva (ação) ou omissiva, por 
indivíduo incapacitado ao ofício, 
por falta de conhecimento acerca 
do ato ou por inexperiência. P.ex. 
um engenheiro que projeta um 
imóvel sem base suficiente e acaba 
provocando a morte do futuro 
morador. 
Vejamos uma questão sobre o tema: 
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia 
Considera-se crime culposo quando 
A) o agente atinge o resultado delitivo requerido. 
B) o agente impede que resultado delitivo se conclua. 
C) o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar. 
D) o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência. 
E) o delito se agrava por resultado diverso do pretendido. 
 
Resolução: perceba, meu(a) caro(a) colega, que a questão nos exige ter conhecimento acerca das três 
modalidades de culpa que acabamos de estudar, que vêm elencadas no artigo 18, inciso II, do Código Penal. Não 
esqueça do que sempre digo a você: se familiarize com a letra seca da lei! 
a) é a definição do crime consumado; 
b) é o instituto do arrependimento eficaz (art. 15, segunda parte, do CP); 
c) é a definição de dolo eventual; 
d) traz as modalidades de crime culposo; 
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e) é a definição do crime pretrodoloso, aquele que é agravado pelo resultado (art. 19, CP). 
 
Gabarito: Letra D. 
Agora que estudamos as modalidades de culpa e as exemplificamos, você precisa ter em mente, meu 
amigo(a), que no crime culposo há uma quebra do dever de cuidado objetivo, ou seja, o fundamental não é mera 
provocação do resultado, mas a maneira como ele ocorreu, isto é, se o resultado derivou de alguma das 
modalidades que acabamos de analisar. 
O dever de cuidado objetivo é completado com a noção de previsibilidade objetiva (um elemento do fato 
típico do crime culposo). Para saber qual a postura esperar do agente, devemos ter em mente o critério do 
“homem-médio”. Sendo assim, é preciso verificar, antes, se o resultado, dentro daquelas condições, era 
objetivamente previsível (segundo o que normalmente acontece). 
Sendo assim, caríssimo(a), não havendo previsão, ou seja, imprevisibilidade do resultado, o agente que age 
culposamente é isento de responsabilidade, tornando o fato atípico. 
Agora, para fecharmos o estudo do crime culposo, você deve saberque o crime culposo é um dos que não 
admite a tentativa, salvo na culpa imprópria. 
“Certo, professor! Mas o que é a culpa imprópria?” 
A culpa imprópria é também conhecida por “culpa por equiparação”. Nesse caso, a culpa surge através de um 
erro de tipo inescusável (logo mais estudaremos pormenorizadamente) e, também no excesso culposo nas causas 
excludentes de ilicitude. A culpa imprópria tem essa denominação pelo fato de o agente criminoso praticar uma 
conduta dolosa, mas, por decorrência da lei, responde pelo resultado à título de culpa. 
Outra diferenciação importantíssima que não podemos nos confundir é sobre a linha tênue entre culpa 
consciente e dolo eventual. Essa diferenciação é muito cobrada em provas, então, vejamos o que às diferencia. 
CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL 
Há previsão do resultado Há previsão do resultado 
O agente, prevendo o resultado e, confiando 
levianamente em suas habilidades, acha que será 
capaz de evitar o resultado. 
O agente, prevendo o resultado, mostra-se 
indiferente com a sua ocorrência, assumindo o risco 
de produzi-lo. 
Há, também, a chamada culpa inconsciente, que é a modalidade de culpa na qual o agente não prevê o que 
era previsível. 
Por fim, para fecharmos o presente tópico e avançarmos com nosso estudo, outra informação 
importantíssima diz respeito ao princípio da excepcionalidade do crime culposo. 
Por este princípio, um crime só pode ser punido como culposo quando houver expressa previsão legal (art. 
18, p.ú, do CP). No silêncio da legislação, a infração penal somente será punida à título de dolo. 
Veja essa questão acerca do tema: 
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia 
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“Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se 
_________ quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso, 
mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.” 
Assinale a alternativa que correta e respectivamente completa as lacunas. 
A) dolo indireto ... dolo alternativo 
B) dolo eventual ... culpa consciente 
C) culpa inconsciente ... culpa consciente 
D) culpa consciente ... dolo eventual 
E) culpa inconsciente ... dolo eventual 
 
Resolução: ao lermos atentamente o enunciado da questão, podemos perceber que, quando o agente prevê o 
resultado, mas espera, sinceramente que não ocorrerá, é o retrato da culpa consciente. Por outro lado, quando o 
agente, prevê que o resultado possa ocorrer, assume a possibilidade de sua produção, é o retrato do dolo 
eventual. 
Gabarito: Letra D. 
 
Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial 
Aquele que antes de praticar o fato até hipotetiza que ele pode ocorrer, mas acredita, sinceramente, que o 
resultado não se verificará e, portanto, não admite previamente a possibilidade de o resultado advir, comete crime 
A) premeditado. 
B) doloso. 
C) tentado. 
D) intencional. 
E) culposo. 
 
Resolução: perceba, meu amigo(a), que o enunciado da questão nos traz a seguinte informação: “... ele pode 
ocorrer, mas acredita, sinceramente que o resultado não se verificará”. Ao nos depararmos com essa frase, 
podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que estamos diante de um crime culposo. 
 
Gabarito: Letra E. 
Então, fechamos assim o estudo do dolo e da culpa. 
Vamos adiante! 
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Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
Consumação e tentativa. 
Chegou o momento de tratarmos de um tema de suma importância para o Direito Penal. 
Assim, como já é conhecido por você aqui no nosso curso, iniciaremos esse tópico a partir da leitura do art. 
14 do Código Penal. 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
 Crime consumado 
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
 Tentativa 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
 Pena de tentativa 
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao 
crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Realizada nossa leitura atenta, gostaria que você se lembre do exemplo do furto de Austin. 
No momento em que Austin consegue subtrair a Ferrari e empreender fuga do estacionamento do 
supermercado, o crime de furto (art. 155, caput, do CP), está consumado. 
“Professor, como assim? Ainda não entendi...” 
Veja, caríssimo, o inciso I do art. 14 do Código Penal está assim redigido: “consumado, quando nele se reúnem 
todos os elementos de sua definição”. 
Agora, preste atenção da redação do artigo 155, caput, do CP: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia 
móvel”. 
Desse modo, quando Austin, subtrai, para si, a Ferrari (coisa alheia móvel) que estava no estacionamento, o 
agente criminoso reuniu todos os elementos da definição legal do crime de furto, razão pela qual, o crime está 
automaticamente consumado! 
Fácil, não é mesmo?! Vejamos, então, a figura da tentativa! 
Perceba que anteriormente, narrei a você a hipótese em que Austin, ao iniciar o arrombamento da porta da 
Ferrari, foi surpreendido pelo segurança do supermercado, que fez com que o agente criminoso empreendesse 
fuga do local. 
Então, no momento em que Austin empreende fuga do local, ele não consegue consumar o furto por 
circunstâncias alheias à sua vontade, razão pela qual, o furto ficará na esfera da tentativa. 
Ficando o crime de furto na esfera da tentativa, Austin terá direito a um redutor de pena que, conforme o 
parágrafo único do artigo 14, do CP, varia de um a dois terços. 
“Mas professor, como faço para saber a fração que deverá ser utilizada como redutor?” 
É ótimo ver que você está completamente concentrado em nossa aula! 
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Para sabermos qual a fração utilizar como critério do redutor, precisamos analisar, no caso concreto, o quão 
perto o agente criminoso chegou da consumação do crime. Em outra palavras, meu amigo(a), quanto mais 
distante o criminoso ficar da consumação, o redutor será maior, quanto mais perto o criminoso ficar da 
consumação do crime, menor será o redutor. 
Preste atenção nessa questão: 
Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial 
Dispõe o parágrafo único do art. 14 do CP que o crime tentado é punido, salvo exceção, com a pena 
A) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
B) igual à do crime consumado. 
C) correspondente à metade da prevista para o crime consumado. 
D) livremente estabelecida pelo Juiz, mas em patamar obrigatoriamente inferior à correspondente à prevista para 
o crime consumado. 
E) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um ano. 
 
Resolução: conforme visualizamos anteriormente, a pena do crime tentado equivale a do crime consumado, 
aplicando-se o redutor do parágrafo único do art. 14, do CP, que fará com que ela seja diminuída de 1 a 2/3. 
 
Gabarito: Letra A. 
Uma informação que é de extrema relevância para toda a sua trajetória no ramo dos concursos, é ter o 
conhecimento acercadas infrações penais que não admite a tentativa. 
Para isso, vou elaborar uma tabela para que possa ficar mais fácil a sua memorização! 
Preste atenção: 
CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA 
Crime culposo – Salvo na culpa imprópria (art. 20, §1º e 23, do CP) 
Crimes unissubssistente – são aqueles em que a conduta praticada pelo agente não admite fracionamento.Ou o agente realiza o verbo nuclear e o crime está automaticamente consumado, ou não realiza o verbo e não 
há crime. P.ex. o crime de injúria do art. 140 do CP. Ou o agente emprega a injúria e o crime está consumado, 
ou não há injúria, e consequentemente, não há crime. 
Crimes omissivos puros – aqueles em que a lei penal descreve um não fazer, como, p.ex. a omissão de socorro 
do art. 135, do CP. A impossibilidade de tentativa decorre do fato de que tais crimes são considerados 
unissubssistente e de mera conduta. 
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Contravenções penais – o famoso “crime anão”, conforme o art. 4º da LCP não é punível. Entretanto, é 
possível, em tese, no mundo fenomênico a tentativa de contravenção penal, p.ex. uma tentativa de vias de 
fato (art. 21, da LCP). Porém, a própria LCP resolver não ser objeto de punição as tentativas de contravenção. 
Crimes habituais – são as infrações penais em que, para se chegar a consumação, é necessário que o agente 
criminoso pratique a conduta de forma reiterada/habitual. Ou o agente comete uma série de condutas e o 
crime está consumado, ou ele não pratica e não há crime, como, p.ex. o crime do art. 284, do CP 
(curandeirismo). 
Crimes preterdolosos – art. 19, CP – é quando o agente atua com dolo na sua conduta e o resultado agravador 
advém de culpa. 
Crimes de atentado/empreendimento – exemplo dessa modalidade de crime, é o artigo 352, do CP, não 
importando se o agente consiga evadir-se ou somente tenha tentado evadir-se, pois a lei penal, para as duas 
situações, equipara a tentativa com a consumação. 
Então, vejamos a seguinte questão: 
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia 
Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que 
A) os crimes unissubsistentes admitem tentativa. 
B) os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na norma penal 
incriminadora. 
C) só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material. 
D) há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é lesionado. 
E) não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento. 
 
Resolução: 
a) os crimes unissubsistentes são aqueles em que a conduta do agente não comporta fracionamento, razão pela 
qual, crimes dessa natureza não comportam a tentativa. 
b) os crimes omissivos impróprios só se consumam quando, quem devia e podia agir, deixa de fazer alguma coisa 
para evitar o resultado (conduta comissiva por omissão). 
c) não necessariamente, tendo em vista as classificações de crime que visualizamos anteriormente, o crime formal 
(consumação antecipada) não necessita da produção do resultado naturalístico, basta apenas que haja a conduta 
do agente no mundo fenomênico. 
d) a tentativa cruenta/vermelha é quando o objeto material é atingido. Quando o objeto material não for atingido, 
a tentativa será chamada de branca/incruenta. 
e) perceba como é importante a memorização da tabela que analisamos anteriormente. Desse modo, podemos 
verificar que os crimes de empreendimento ou de atentado, a exemplo do art. 352, do CP, não admitem a tentativa. 
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Gabarito: Letra E. 
Dessa forma, fechamos mais um tópico do nosso estudo. 
Avançando no conteúdo, passaremos a estudar as espécies de tentativa mais cobradas em concursos. 
Vamos adiante! 
Espécies de tentativa. 
Salve, meu amigo(a). 
Dando seguimento a nossa caminhada, é preciso que você saiba que dentro do ordenamento jurídico-penal 
há várias espécies de tentativa. Entretanto, nosso objetivo é otimizar seu estudo e direcioná-lo para sua prova. 
A partir desse momento, passaremos a analisar, então o art. 15, do Código Penal. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados 
Agora que analisamos o dispositivo legal, para que adentremos nas figuras da desistência voluntária e 
arrependimento eficaz, é necessário que, primeiro, vejamos o iter criminis. 
“Iter criminis, professor?” 
Isso mesmo, meu amigo(a)! Vamos estudar o caminho do crime. 
Dessa forma, vejamos a tabela que preparei para você: 
ITER CRIMINIS – CAMINHO DO CRIME. 
COGITAÇÃO – é a elaboração mental do crime. Quando o agente inicia, na sua mentalidade, a formulação da 
empreitada criminosa. Nesse momento, o pensamento criminoso do agente não possui relevância para o 
Direito Penal. 
PREPARAÇÃO – quando o agente começa a desenvolver o plano. Nesse momento, em regra, não há que se 
falar em punição. Os atos preparatórios só são puníveis, de forma excepcional, quando o legislador resolve 
antecipar a tutela penal, como ocorre através da Lei Antiterrorismo (que pune os atos preparatórios para o 
terrorismo) e, também, o crime do artigo 34 da Lei 11.343/06 (petrechos para o tráfico). 
EXECUÇÃO – é quando o agente põe em prática o crime que havia planejado. Por exemplo, efetua os disparos 
de arma de fogo contra a vítima. 
CONSUMAÇÃO – ocorre com a reunião de todos os elementos da definição legal do crime, p.ex. a morte da 
vítima. 
Desse modo, saiba que a esfera da tentativa se encontra entre a execução e a não consumação do crime. 
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Agora que verificamos o caminho desenvolvido pelo crime, é necessário desmembrarmos o artigo 15 do CP 
em duas partes, vejamos: 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ 
“O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir 
na execução”. 
“O agente que impede que o resultado se produza”. 
“Só responde pelos atos já praticados”. 
Para a ocorrência da desistência voluntária, é necessário que o agente tenha adentrado, ao menos, na 
execução do crime. 
Preste atenção nesse exemplo, meu jovem: imagine que Austin resolve matar o seu desafeto Caracas. Para 
isso, munido de uma arma de fogo, dispara duas vezes contra o ofendido, acertando regiões não vitais do corpo. 
Logo após disparar duas vezes contra Caracas, o criminoso Austin, ainda podendo efetuar mais 6 disparos com sua 
arma de fogo, voluntariamente desiste de prosseguir com os disparos. Dessa forma, ao poder prosseguir com a 
execução e voluntariamente desistir de dar continuidade, Austin não responderá pelo crime de homicídio, mas tão 
somente pelos até então praticado (lesão corporal por conta dos disparos), devendo ser averiguada a extensão 
das lesões, para tipificá-las como grave, gravíssima. 
Portanto, esse é o instituto da desistência voluntária. 
Já quanto ao arrependimento eficaz, a situação apresentada deve ser visualizada por uma ótica diferente. 
Peguemos o mesmo exemplo em que Austin quer matar seu desafeto Caracas. Imagine que Austin tenha efetuado 
os outros 6 disparos que ainda eram possíveis de serem realizados. Dessa forma, Austin, ao descarregar sua arma 
de fogo em Caracas, encerra todos os atos de execução do crime. Entretanto, após efetuar todos os disparos, 
Austin, arrependido pelo ato, resolve socorrer Caracas levando-o até o hospital mais próximo. Por conta do 
arrependimento eficaz de Austin, Caracas é salvo. Nesse caso, Austin encerrou todos os atos de execução, 
entretanto, ao socorrer Caracas e levá-lo até o hospital, impediu que o resultado morte se produzisse, razão pela 
qual, assim como na desistência voluntária, responderá somente pelos atos até então praticados, e não pelo crime 
de homicídio. Será necessário, então, assim como no exemplo anterior, verificarmos a extensão das lesões 
corporais para podermos tipificar corretamente a condutade Austin. 
Vamos colocar em prática nosso conhecimento? 
Venha comigo! 
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil 
Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou que 
havia um revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu 
oponente. Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento 
PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não iria 
mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se retira do local. Com relação aos fatos descritos 
indique a alternativa CORRETA. 
A) Caio deve ser condenado por tentativa de homicídio. 
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B) Caio não deve responder por qualquer crime. 
C) Há apenas o crime de ameaça a ser apurado. 
D) Caio responde por tentativa de homicídio e ameaça. 
E) Caio deve responder por lesão corporal. 
 
Resolução: agora que analisamos o enunciado da questão e cada uma das suas assertivas, perceba, meu amigo(a), 
o enunciado da questão tem um ponto chave para resolução, quando faz menção a seguinte frase: “...desiste de 
continuar disparando...” .Então, através dessa informação, podemos deduzir que Caio poderia prosseguir na 
execução do crime, entretanto, desiste voluntariamente de dar seguimento a execução, razão pela qual, deverá 
responder apenas pela lesão causado pelo único disparo na perna de Pedro. 
 
Gabarito: Letra E. 
Tudo compreendido até aqui, meu(a) querido(a) estudante? 
Então, vamos avançando em nosso conteúdo. 
A partir de agora, passaremos a ver as figuras do arrependimento posterior e crime impossível. 
Arrependimento posterior e crime impossível. 
Vamos adiante, caríssimo! Não temos tempo a perder. 
Preste atenção no que o texto legal nos diz: 
 Arrependimento posterior 
 Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída 
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 
um a dois terços. 
 Crime impossível 
 Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
Ambos os institutos são de suma importância para sua preparação para os concursos públicos. 
Primeiro, vejamos o arrependimento posterior. 
O instituto do arrependimento posterior é considerado uma causa geral de diminuição de pena, com o 
intuito de incentivar o agente criminoso a reparar o dano e ter sua reprimenda minorada. 
A expressão “posterior” nos demonstra que o agente criminoso se arrependeu após a consumação do crime. 
“Mas professor, qual será o critério utilizado para o redutor?” 
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Assim como estudamos juntos no instituto da tentativa, a ideia exposta anteriormente poderá ser 
transportada para o estudo do arrependimento posterior. Dessa forma, quanto mais rápido o agente reparar o 
dano, maior será seu redutor. Quanto mais tempo ele demorar, menor será seu redutor. 
Vejamos, então quais são os seus requisitos: 
 
 
 O outro instituto que está previsto, logo na sequência do Código Penal, é o crime impossível. 
O crime impossível é uma causa de exclusão da tipicidade e, para isso, o Código Penal adotou a teoria 
objetiva – temperada/mitigada. 
“Certo, Arpini! Mas e como são as hipóteses de ocorrência do crime impossível?” 
É excelente ver que você está atento a nossa aula. Veja só, pela lei, o crime impossível se dá quando houver 
absoluta ineficácia do meio (executório), ou quando ocorrer absoluta impropriedade do objeto (material). Agora, 
caso haja relativa ineficácia ou relativa impropriedade, haverá crime tentado. 
 
Reparação integral dos danos ou 
restituição da coisa com o "status quo 
ante" preservado.
A reparação/restituição deverá ocorrer até 
o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa. 
Se ocorrer após o recebimento, é possível, 
em tese, a aplicação da atenuante do art. 
65, III, "B",CP (procurado, por sua 
espontânea vontade e com eficiência, 
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as conseqüências, ou ter, antes do 
julgamento, reparado o dano)
Ato voluntário do agente (que a pessoa 
realiza por sua escolha). Se a reparação for 
feita por terceiro, não se aplica o artigo 16
Crime sem violência ou grave ameaça
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Quanto ao crime impossível pelo meio executório, imagine a situação em que um indivíduo, munido de uma 
arma de fogo, aponta para seu desafeto e aciona o gatilho, momento em que, do cano da arma sai uma 
bandeirinha escrito “Bang”. Nesse caso, estamos diante de um crime impossível por absoluta ineficácia do meio 
executório (arma de fogo). Agora, imagine o indivíduo que deseja matar uma pessoa que já se encontra morta, 
nesse caso, o crime é impossível por absoluta impropriedade do objeto (pessoa ou coisa sob a qual recai a conduta), 
no caso, o cadáver. 
Chegou o momento de testarmos nossos conhecimentos! 
Vamos ver como os concursos estão cobrando o tema em questão. 
Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil 
O Código Penal brasileiro, em seu art. 16, estabelece: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à 
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do 
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.” 
 
Esta causa de redução de pena é denominada: 
A) arrependimento voluntário. 
B) arrependimento eficaz. 
C) redução facultativa. 
D) arrependimento posterior. 
 
Crime impossível
Absoluta 
impropriedade do 
Objeto (materia)
Absoluta ineficácia 
do meio 
(executório)
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Resolução: através da redação do art. 16 do Código Penal e, embasado em todo o estudo até o momento 
construído, podemos afirmar sem nenhum medo de errar que o art. 16 do CP, retrata o instituto do 
arrependimento posterior. 
 
Gabarito: Letra D. 
Dessa forma, meu amigo(a), encerramos mais um tópico do nosso conteúdo e, já nos preparando para irmos 
para o final do nosso capítulo, vamos tratar sobre o erro de tipo. 
Erro de tipo e erro de proibição. 
Caminhando para o final do estudo do nosso primeiro capítulo na nossa aula 03 de direito penal, vamos 
analisar a figura do erro de tipo e do erro de proibição. 
Para tanto, façamos juntos, a leitura do artigo 20 e 21 do Código Penal. 
 Erro sobre elementos do tipo 
 Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição 
por crime culposo, se previsto em lei. 
 Descriminantes putativas 
 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de 
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o 
fato é punível como crime culposo. 
 Erro determinado por terceiro 
 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 Erro sobre a pessoa 
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, 
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar 
o crime. 
 Erro sobre a ilicitude do fato 
 Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável.O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta 
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
 Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da 
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência 
Superada nossa leitura através do texto da lei, é necessário verificarmos o conceito de erro para o Direito 
Penal. 
O erro de tipo, para o direito penal, é uma falsa percepção da realidade. 
Inicialmente, o erro é jurídico e se divide em duas modalidades: 
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 Erro de tipo: aqui, a falsa percepção da realidade interfere no elemento subjetivo do tipo penal (no 
dolo e na culpa) 
 Erro de proibição: aqui, a interferência se dá no campo da culpabilidade, mais precisamente no 
elemento da potencial consciência da ilicitude. 
Desse modo, meu amigo(a), no erro de tipo o agente criminoso vê uma coisa e pensa que é outra (falsa 
representação da realidade). 
Imagine que Austin deixa seu automóvel estacionado no supermercado e, depois de fazer suas compras, 
dirige-se até o automóvel para retornar à sua residência. No instante em que Austin vai até o automóvel ele acaba 
adentrando em um carro que é idêntico ao seu, mas pertence a outra pessoa. Imediatamente, Austin dá partida no 
automóvel e, ao chegar em casa, percebe que o automóvel não é o seu, mas um modelo idêntico que pertence a 
outra pessoa. 
Dessa forma, perceba que a falsa percepção da realidade que recaiu sobre Austin interferiu no seu elemento 
subjetivo, pois é nítido que Austin não teve intenção de furtar aquele automóvel, mas, por engano, acabou 
entrado em um veículo igual ao seu. Dessa forma, excluído o dolo por conta da falsa percepção que Austin teve da 
realidade que se apresentava. O fato não será considerado criminoso, tendo em vista que, se cogitássemos a 
prática de furto, para esse crime não existe previsão culposa, razão pela qual o fato será atípico. 
Já no erro de proibição o indivíduo sabe exatamente o que está acontecendo, mas supõe lícita uma conduta 
proibida. 
Imagine a seguinte situação: Austin está caminhando pela via pública quando encontra um relógio valioso na 
rua, imediatamente pega-o e sai à procura do dono. Apesar de tentar restituir o relógio ao legítimo proprietário, 
não o encontra e, então, decide ficar com o objeto, acreditando no ditado popular: “achado não é roubado”. Nesse 
caso, Austin tem plena noção de que está se apoderando de um objeto pertencente a um terceiro, mas acredita 
(de boa-fé) que não está fazendo nada de errado, pois tentou incessantemente encontrar o dono sem, contudo, 
lograr êxito. Muito embora Austin tenha a absoluta compreensão da realidade, desconhece a existência de uma 
Erro Jurídico
Erro de 
proibição.
Erro de tipo
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proibição condita no art. 169, parágrafo único, inciso II, do CP, que define com crime o ato de se apropriar de coisa 
achada. 
Assim, no erro de proibição, a ignorância atinge a noção acerca do caráter ilícito do ato praticado. 
As consequências de cada um dos erros, vou deixar em forma de tabela para que você memorize mais 
facilmente: 
 Erro de tipo Erro de proibição 
Erro evitável Crime culposo (se previsto em lei). 
Nesse caso, estamos diante da 
culpa imprópria. Ocorre quando o 
agente supõe estar diante de uma 
causa de ilicitude que lhe permita 
praticar, licitamente, um fato 
típico. Entretanto, como esse erro 
poderia ter sido evitado pelo 
emprego de diligência mediante, 
subsiste o comportamento 
culposo. 
Reduz a pena (1/6 a 1/3) 
Erro inevitável Exclui o dolo e culpa. Desse modo, 
sem dolo e culpa não existe 
conduta e, se a conduta é 
inexistente o fato é atípico, 
levando a exclusão do crime. 
Isenta de Pena (exclui a 
culpabilidade) 
O erro essencial, é o que impede o agente de perceber que pratica determinado crime, por isso, SEMPRE 
EXCLUI O DOLO. 
Vejamos agora, a classificação do erro essencial quanto a sua intensidade: 
ERRO DE TIPO 
INEVITÁVEL/INVENCÍVEL/ESCUSÁVEL 
(DESCULPÁVEL) 
ERRO DE TIPO 
EVITÁVEL/VENCÍVEL/INESCUSÁVEL 
(INDESCULPÁVEL) 
É aquele que uma pessoa de “mediana prudência e 
discernimento” – homem médio – também teria 
cometido. Exclui dolo e culpa. 
Veja esse exemplo do professor Capez: 
“Um caçador abate um artista que estava vestido de 
animal campestre em uma floresta, confundindo-o 
com um cervo. Não houve intenção de matá-lo, 
porque, dada a confusão, o autor não sabia que estava 
É aquele que uma pessoa na situação concreta não 
teria cometido. Exclui o dolo mas mantém a punição 
por culpa se prevista em lei. 
O professor Fernando Capez, ainda prossegue: 
“Suponhamos naquele exemplo do caçador (supra) 
que o artista estivesse sem fantasia, sendo o equívoco 
produto da miopia do atirador. Nesse caso, estaria 
configura o homicídio culposo” (CAPEZ, 2013, p. 248.) 
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matando alguém, logo, não poderia querer matá-lo. 
Exclui-se o dolo. Por outro lado, sendo perfeita a 
fantasia não havia como evitar o erro, excluindo-se 
também a culpa, ante a inexistência de quebra do 
dever de cuidado (a tragédia resultou de um erro que 
não podia ser evitado, mesmo com o emprego de uma 
prudência mediana). Como não existe homicídio sem 
dolo e sem culpa (a legislação somente prevê 
homicídio doloso, o culposo e o preterdoloso) o fato 
torna-se atípico (CAPEZ, 2013, p.248) 
 
Há, também, a previsão do erro acidental, que é aquele em que não há impedimento do agente de perceber 
que pratica determinado crime e, por isso, não exclui o dolo. 
O erro acidental pode se dar das seguintes formas: 
1. Erro sobre o objeto material: Lembre-se que o objeto material é toda coisa ou pessoa sob a qual 
recai a conduta do agente. Dessa forma, o erro sobre o objeto material se subdivide em duas 
espécies. 
 
1.1) Erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, CP – ocorre quando o agente atinge pessoa diversa da 
pretendida, por confundi-la com a vítima visada (“sósia”). Nesse caso, aplicam-se as 
qualidades e condições da vítima pretendida (visada) e não da vítima (real). Imagine a 
situação em que Austin, querendo matar o estuprador de sua filha, sai a caça do desafeto e, 
em via pública, encontra o “sósia” do criminoso, iniciando assim, diversos disparos de arma 
de fogo e levando a vítima a óbito. Ao chegar perto do ofendido, Austin percebe que não era 
o estuprador de sua filha, mas sim, o seu sósia. Nesse caso, Austin responderá por homicídio 
levando em conta as qualidades da vítima virtual (o estuprador da filha) e não as qualidades 
da vítima real (o sósia mort0). 
Veja essa questão acerca do tema: 
Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de Polícia 
Civil 
Jovelino Josualdo planejou a execução de sua esposa, grávida, pois tinha fortes suspeitas de que estava sendo 
traído por ela. No dia planejado para o homicídio, aguardou a vítima escondido e quando viu um vulto, executou o 
seu plano, desferindo cinco tiros na vítima, que faleceu no local. Contudo, ao certificar-se do falecimento da vítima, 
assustou-se ao ver que na verdade havia atirado em sua mãe. Diante do exposto, é correto afirmar que se trata de: 
A) Error In Objecto. 
B) Error In Persona. 
C) Aberratio Ictus. 
D) Aberratio Causae. 
Prof. Leonardo dos Santos Arpini 
 Aula 00 
 
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Direito Penal – Teoria Geral do Delito. 
E) Aberratio Criminis. 
 
Resolução: no momento em que Jovelino executou seu plano de querer matar sua esposa

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