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Constitucional – 3º semestre 1. Conceito e concepções de Constituição 1.1 Conceito ● Na linguagem comum: o que forma, constitui; a base de alguma coisa. ● Na linguagem jurídica: a base do Estado; lei máxima do ordenamento jurídico que traz limites à atuação do governante, traz direitos e deveres e é fundamento de validade para as demais normas. ● Conteúdo: direitos e garantias fundamentais, divisão dos poderes, organização do Estado. 1.2 Concepções ● Jurídica: H A N S K E L S E N Teoria Pura do Direito Sentido → lógico – jurídico → jurídico – positivo Teoria do positivismo: lei pura, sem levar em consideração valores. “É o conjunto de regras e princípios de maior força hierárquica dentro do ordenamento jurídico e que tem por fim organizar e estruturar o poder político, além de definir os seus limites inclusive pela concessão de direitos fundamentais.” CF Constitucional – 3º semestre A Constituição é todas as normas positivadas. É um dever-ser. As normas se fundamentam em suas normas superiores. Crítica: a CF se fundamenta em qual norma? Para não perder essa teoria, criaram uma norma que hipoteticamente estaria acima da Constituição. ● Sociológica: F E R D N A N D L A S A L I O que é uma Constituição? Somática dos fatores reais do poder Se a Constituição não se adequar a realidade, será simplesmente uma folha de papel. Há a necessidade de uma correspondência entre a Constituição e a realidade. A realidade impõe condutas e não as normas. Crítica: perda do caráter normativo da Constituição. ● Política: C A R E S C H M I T T Teoria da Constituição Constituição ≠ Lei constitucional Constituição é as decisões políticas essenciais do Estado (direitos e garantias fundamentais, divisão dos poderes, organização do Estado). A lei constitucional tem sua previsão na Constituição. ● Formal: OBS: Art. 242, § 2º, CF: O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. Essa concepção determina que será constitucional aquilo que consta formalmente no texto constitucional. ● Material: OBS: Art. 5º, § 2º, CF: Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Constitucional – 3º semestre Essa concepção determina que será norma constitucional toda norma que trate das decisões políticas essenciais do Estado. O Art. 5º, § 2º, CF nos oferece uma abertura para ter todos os Tratados assinados pelo Brasil, que são normas materialmente constitucionais, como parâmetro para o controle de constitucionalidade. ● Total ou Culturalista: Busca uma identidade entre o texto constitucional e a realidade. ● C E L S O B A S T O S Sentido Material: aquele que identifica a Constituição como sendo as forças econômicas, políticas, ideológicas, sociais que conformam a realidade social de um determinado Estado. Sentido Substancial: aquele em que a Constituição será o conjunto de normas essenciais para a estrutura do Estado. Sentido Formal: é forma de produção de normas. 2. Elementos das Constituições 2.1 Elementos orgânicos são aqueles que regulam a estrutura do Estado e do poder. 2.2 Elementos limitativos são aqueles que trarão limites à atuação dos poderes estatais. Ex: direitos fundamentais. 2.2 Elementos socioideológicos são aqueles que revelam o compromisso da Constituição entre o Estado liberal e o Estado social. 2.4 Elementos de estabilização constitucional são normas destinadas a assegurar a defesa da Constituição do Estado e das instituições democráticas. 2.5 Elementos formais de aplicabilidade são aqueles que estabelecem regras de aplicação das Constituições. O preâmbulo não tem caráter normativo, não é uma norma de conduta e sim de interpretação. É um elemento de aplicabilidade. Título I: princípio fundamental → elemento orgânico. Constitucional – 3º semestre Título II: direito fundamental → elemento limitativo. Título III: organização do Estado → elemento orgânico. Título IV: elemento orgânico. Título V: elemento de estabilização. Título VI: elemento orgânico. Título VII: elemento socioideológico. Título VIII: elemento socioideológico. Título IX: elemento de aplicabilidade e orgânico. ADCT (recomeça a contagem dos artigos mesmo sendo norma constitucional): determina como funcionam os mecanismos de transição jurídica → elemento de aplicabilidade e orgânico. 3. Direito Constitucional ● Objeto: Constituição. ● Ramo: Direito Público. 3.1 Direito Constitucional Positivo: estudo de um único e determinado ordenamento jurídico. 3.2 Direito Constitucional Comparado: comparação entre Constituições. 3.3 Direito Constitucional Geral: estudo de um Direito Constitucional geral, comum em vários países. 4. Classificações da Constituição Oferecem diferentes formas de enxergar a Constituição. C O N S T I T U I Ç Ã O: Preâmbulo Título I ... Título IX ADCT Constitucional – 3º semestre 4.1 Quanto à origem Outorgadas: são impostas, de maneira unilateral, pelo governante que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar (fruto do autoritarismo). Promulgadas: são fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo (democráticas). Cesaristas: são impostas pelo governante, porém submetida a referendo ou plebiscito do povo. Alguns autores as consideram uma ramificação das outorgadas. Pactuadas: são aquelas que surgem através de um pacto. Ex: Magna Carta, de 1215 → foi imposta ao governante. Fruto de uma emenda à Constituição de 1967. 4.2 Quanto à forma Escritas: formadas por um conjunto de normas sistematizadas e organizadas em um único documento. Costumeiras: não trazem suas normas em um único texto solene e codificado. São formadas por textos esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais. Baseiam-se nos usos, costumes e jurisprudência. 4.3 Quanto à extensão Sintéticas: veiculam apenas os princípios fundamentais e estruturais do Estado. São breves porque não tratam de minúcias (motivo pelo qual são mais duradouras). Analíticas: tratam de todos os assuntos que os representantes do povo entendam fundamentais. São extensas, prolixas. 4.4 Quanto ao conteúdo 1824 1891 1934 1937 1946 1967 1969 1988 Constitucional – 3º semestre Materiais: equivale à concepção material. Formais: equivale à concepção formal. 4.5 Quanto ao modo de elaboração (relaciona-se à forma) Dogmáticas: são sempre escritas, com teorias bem definidas e ideologia bem declarada. Históricas: formam-se através de um lento e contínuo processo de formação ao longo do tempo, reunindo a história e as tradições de um povo. 4.6 Quanto à mutabilidade Rígidas: exigem para sua alteração um processo legislativo mais árduo, mais solene do que para as demais normas fora da Constituição. Flexíveis: não possuem um processo legislativo de alteração mais dificultoso. A dificuldade em alterar a Constituição é a mesma encontrada para alterar uma lei que não é constitucional. Semirrígidas/Semiflexíveis: parte delas será alterada por um processo mais complexo, a outra parte será alterada com um processo mais simplificado. Fixas: não trazemprevisão com relação á forma pela qual serão alteradas. OBS: dá a entender que não podem ser alteradas. Caso precise sofrer uma alteração, este processo ocorrerá com uma nova Constituição. Imutáveis: não podem ser alteradas → não existe. Super-rígidas: parcela do texto constitucional não pode ser alterada, enquanto a outra parte será alterada com um processo mais difícil. OBS: para o professor Alexandre de Moraes, a Constituição brasileira é um exemplo de Constituição super-rígida, vez que as cláusulas pétreas não podem ser alteradas e as demais normas constitucionais só sofrerão alteração mediante um processo de emenda constitucional. Porém, o STF não concorda com essa classificação. Segundo entendimento do STF, as cláusulas pétreas podem sofrer alteração para garantir mais direitos. 4.7 Quanto à sistemática Reduzidas: as normas constitucionais estão compiladas em um único documento. Constitucional – 3º semestre Variadas: as normas constitucionais estão compiladas esparsas dentro do ordenamento jurídico. OBS: como regra, a Constituição brasileira é reduzida, porém temos os Tratados de Direitos Humanos, que estão fora da CF, aprovados como emenda. 4.8 Quanto à dogmática Ortodoxa: o texto constitucional comporta apenas uma ideologia. Eclética: o texto constitucional prevê uma série de ideologias. Ex: Constituição brasileira. 4.9 Quanto à correspondência com a realidade (Karl Loewenstein) Normativas: a Constituição determina a realidade → poder da Constituição em se impor ao indivíduo é grande. Nominais: não há correspondência entre Constituição e realidade. Semióticas: há correspondência entre realidade e Constituição porque a realidade determina o que é constitucional → a Constituição perde sua força normativa. 4.10 Quanto ao sistema Principiológicas: possuem grande quantidade de normas do tipo princípio (maior abstração). Preceituais: marcadas por uma grande quantidade de regras. OBS: resposta para questões feitas em sala de aula: a Constituição brasileira é principiológica e preceitual. Resposta para questões de provas optativas: a Constituição brasileira é principiológica. » Constituição garantia: garante a liberdade e a limitação do poder. » Constituição balanço: reflete a realidade social. » Constituição dirigente: marcada por normas que estabelecem um projeto, um plano a ser seguido pela evolução da sociedade política. 5. Poder Constituinte Constitucional – 3º semestre 5.1 Poder Constituinte Originário: É o poder que cria uma nova Constituição. Instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. É um poder exercido excepcionalmente. O poder constituinte derivado constitui o poder constituído, que decorre do poder constituinte originário. 5.1.1 Objetivo: É a criação de um novo Estado. 5.1.2 Titularidade (quem pode exercer esse poder): O poder de querer criar uma Constituição emana do povo. OBS: Art. 1º, § único, CF: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 5.1.3 Espécies: Histórico: aquele primeiro poder constituinte que ensejou a primeira Constituição. Revolucionário: traz uma ruptura brusca com o ordenamento jurídico anterior. 5.1.4 Características: Inicial: instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica anterior. Autônomo: quem exerce o poder constituinte originário tem autonomia/independência. Ilimitado juridicamente: não tem que respeitar limites postos pelo Direito anterior. Incondicionado: não tem de submeter-se a qualquer forma pré-fixada para sua elaboração. Poder de fato: surge da energia ou força social. PODER CONSTITUINTE ≠ PODER CONSTITUÍDO Constitucional – 3º semestre Permanente: não se esgota com a edição da nova Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela como forma de extensão da liberdade humana. 5.1.5 Correntes: Corrente positivista: desconhece qualquer forma de limite ao poder constituinte originário → adotada no Brasil. Corrente naturalista: o poder constituinte originário encontra limites no direito natural. 5.2 Poder Constituinte Derivado: a. Poder Constituinte Derivado Reformador: Tarefa de reformar a Constituição, sendo por meio das emendas constitucionais (Art. 60, CF) sua alteração formal. É um poder de direito. a.1 Fases: Fase introdutória: iniciativa → quem pode iniciar o processo de emenda constitucional? Art. 60, CF: A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. OBS: Alguns autores, incluindo o prof. José Afonso da Silva, acreditam que o povo deveria ser incluído. Fase constitutiva: proposta de emenda constitucional será apresentada → deliberação parlamentar. Art. 60, § 2º, CF: A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado), em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Constitucional – 3º semestre ♦ NÃO TEM DELIBERAÇÃO EXECUTIVA (não tem participação do chefe do Executivo). Fase complementar: - Promulgação: certificação de que a emenda constitucional seguiu todas as regras propostas pela Constituição. - Publicação: dou conhecimento a todos sobre a alteração do texto constitucional. a.2 Limites ao poder de reforma: Limites circunstanciais: circunstâncias em que a Constituição não poderá ser alterada. Art. 60, § 1º, CF: A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. Limites materiais: limites referentes ao conteúdo → cláusulas pétreas. Art. 60, § 4º, CF: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Limites formais: não respeitados os limites impostos na própria Constituição para alterá-la, a reforma será inconstitucional. Limites implícitos: o próprio Art. 60, CF é uma limitação ao poder de reforma, vez que ele não pode ser alterado. Não é possível alterar a titularidade do poder constituinte originário. b. Poder Constituinte Derivado Decorrente: É um poder de direito porque decorre de uma previsão feira pelo poder constituinte originário. Constitucional – 3º semestre b.1 Objetivo: Tem legitimidade para criar as Constituições Estaduais (criadas por conta da forma federativa do Estado). b.2 Titularidade: Assembleias legislativas têm poder para criar as Constituições Estaduais. b.3 Limites: O maior limite que esse poder possui é a própria Constituição Federal. Não desvirtuar a tripartição dos poderes. c. Poder Constituinte Derivado Revisor: Forma mais fácil de ser efetivada a alteração da Constituição. É um poder de direito porque está previsto na própria Constituição. ● Art. 3º, ACDT: A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral → aponta outra forma de alterar formalmente a Constituição. 07/06/1994 → resultado:6 emendas. Limitação temporal (após essas 6 emendas, essa norma passa a ter eficácia exaurida, ou seja, é uma norma que já cumpriu seus efeitos). c.1 Conceito: Consiste no poder de revisar o texto constitucional, com as mudanças necessárias, após 5 anos contados da data da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta (metade + 1) dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral. c.2 Limites: Está submetido às cláusulas pétreas (não posso violar direitos fundamentais, por exemplo). 6. Normas Constitucionais no Tempo Como fica o ordenamento jurídico frente a uma nova Constituição? R E V O G A Ç Ã O Constitucional – 3º semestre O surgimento de uma nova constituição faz com que a anterior seja inteiramente revogada independentemente de previsão expressa ou incompatibilidade, a esse fenômeno se dá o nome de revogação por normação geral. R E C E P Ç Ã O / N Ã O – R E C E P Ç Ã O Adotada no Brasil. Diz respeito aos atos infraconstitucionais. A constituição é fundamento de validade de todo ordenamento jurídico, assim, caso esta seja revogada, as leis infraconstitucionais perdem o seu norte e para evitar o vácuo legislativo e o caos jurídico em decorrência de uma nova constituição, criou-se o instituto da recepção. Neste sentido deve se analisar a compatibilidade material das normas infraconstitucionais, que em sendo compatíveis serão recepcionadas pela nova ordem jurídica. Caso não haja compatibilidade ocorrerá a não-recepção destas normas, já que tecnicamente não é correto falar em revogação, uma vez que a revogação pressupõe a existência de normas ou atos com a mesma densidade. Os atos recepcionados ganham um novo fundamento de validade. Por outro lado, sob o aspecto formal, a incompatibilidade formal superveniente não impede a recepção, mas faz como que o ato adquira uma nova roupagem, um novo status, a exemplo do CTN que perdeu o status de lei ordinária, adquirindo o de lei complementar desde o advento da constituição de 67 e a partir daí só pode ser modificado por lei complementar. Requisitos: ● Estar a lei e vigor no momento do advento da nova Constituição; ● Não ter sido a lei declarada como inconstitucional durante a sua vigência no ordenamento anterior; ● Compatibilidade formal e material com a Constituição sob cuja vigência ela foi criada; ● Compatibilidade apenas material com a nova Constituição. C O N S T I T U C I O N A L I D A D E S U P E R V E N I E N T E Se uma lei nasce inconstitucional, mas antes de haver essa declaração de inconstitucionalidade, houve uma emenda constitucional que constitucionalizou essa lei. Para o STF, a lei inconstitucional é um ato nulo, que não admite a constitucionalidade superveniente. Constitucional – 3º semestre R E P R I S T I N A Ç Ã O É a hipótese em que existe uma Constituição A (ex: Constituição de 67), revogada por uma Constituição B (ex: Constituição de 69), esta por sua vez é revogada pela Constituição C (ex: Constituição de 88), assim se a Constituição A voltar a se tornar vigente, ocorre a repristinação. Não adotada no Brasil. D E S C O N S T I T U C I O N A L I Z A Ç Ã O Ocorre quando matérias tratadas pela Constituição anterior não foram tratadas na nova, e nesta nova Constituição não se encontra nada que seja obstáculo àqueles artigos existentes na anterior. Nessas condições, os artigos da Constituição substituída permaneceriam em vigência sob a forma de lei ordinária. Não adotada no Brasil. 7. Eficácia e Aplicabilidade das normas constitucionais Eficácia é a possibilidade de uma norma jurídica gerar efeitos. 7.1 Eficácia Jurídica: Se a norma tem condições jurídicas para incidir no caso concreto. 7.2 Eficácia Social: Se a norma tem condições jurídicas e é aplicada socialmente. 7.3 Classificação quanto à eficácia jurídica: JOSÉ AFONSO DA SILVA ● Adotada pelo STF Eficácia Jurídica Plena: as normas constitucionais possuem todos os requisitos necessários para que ela incida no caso concreto. Terá uma aplicação direta, imediata no caso concreto. Ex: Art. 14, § 2º, CF Art. 21, VII, CF Eficácia Jurídica Limitada: necessita de intermediação de uma norma infraconstitucional. Pode ser de princípio institutivo (em regra, normas de organização do Estado) ou de princípio progmativo (normas que veiculam uma determinada meta a ser realizada pelo Estado). Constitucional – 3º semestre Ex princípio institutivo: Art. 137, VII, CF → o direito de greve só poderá ser exercido nos termos da lei. Eficácia Jurídica Contida: são aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados. Ex: Art. 5º, XIII, CF Art. 5º, XV, CF CELSO BASTOS E CARLOS BRITTO Normas de Aplicação Irregulamentária: equivale às normas de eficácia plena. Normas de Aplicação Regulamentária: posso criar um regulamento para melhor aplicar o dispositivo, mesmo que a eficácia seja plena. Ex: Art. 207, CF Normas de Integração Completáveis: equivale às normas de eficácia limitada. Normas de Integração Restringíveis: equivale às normas de eficácia contida. MARIA HELENA DINIZ Normas Super Eficazes ou com Eficácia Absoluta: cláusulas pétreas. Normas com Eficácia Plena: equivale às normas de eficácia plena. Normas com Eficácia Relativa Restringível: equivale às normas de eficácia contida. Normas com Eficácia Relativa Completável: equivale às normas de eficácia limitada. 8. Interpretação 8.1 Interpretação/mutação: mecanismo de reforma constitucional realizado de maneira silenciosa, pela busca de sentido de uma determinada norma → argumentação jurídica. Constitucional – 3º semestre Ex: aborto de anencéfalo. 8.2 Reforma: alteração formal da Constituição → substituir dispositivos constitucionais para adequá-los à realidade por meio de emendas. Ex: poder constituinte derivado reformador. 8.3 Hermenêutica: ciência que estuda a atividade interpretativa. 8.4 Constituição: sistema normativo aberto de regras e princípios. Sistema normativo: interligação entre as normas constitucionais; Aberto: determinadas normas abrem espaço para que a Constituição seja adaptada à realidade. Essa abertura é possível por meio dos princípios, que são normas com um grau de abstração mais elevado. 8.5 Particularidades das normas constitucionais: » Inicialidade fundante: devo levar em consideração que a Constituição é fundamento de validade para todo o ordenamento jurídico. » Opções políticas na Constituição: escolha dos valores protegidos pela Constituição (preciso leva-los em consideração ao interpretar a Constituição). » Linguagem constitucional: a linguagem usada pela Constituição é comum porque ela não foi feita apenas para os operadores do direito e sim para toda a população, porém há algumas expressões jurídicas na mesma. » Caráter dentro das normas: é efetivado pela existência de termos vagos e indeterminados. 8.6 Métodos de interpretação: M E T O D O C L A S S I C O → Friedrich Carl Von Savigny Trabalha com elementos naturais de interpretação. ● Subsunção: silogismo Premissa maior: normas Premissa menor: caso concreto → não interfere no sentido da norma. Conclusão: sentença Constitucional – 3º semestre M E T O D O T O P I C O → Theodor Viehweg A partir de um determinado caso concreto, tenho diversas soluções. Primeirodevo buscar uma solução e depois procuro fundamentá-la juridicamente. Sempre haverá uma solução que melhor representa o espírito da Constituição. M E T O D O H E R M E N E U T I C O C O N C R E T I Z A D O R A norma jurídica será construída a partir das característica/influências do caso concreto. Ex: Princípio da legalidade → União homo afetiva 8.7 Princípios de interpretação constitucional: Não estão previstos na Constituição. Foram retirados da doutrina, que os construiu com a intenção de garantir maior racionalidade e segurança jurídica na aplicação da norma. Formam um moldura/limitação à atividade interpretativa. Devo levar em consideração os princípios abaixo antes de iniciar a interpretação. ● P. da unidade da Constituição: ao interpretar o texto constitucional devo levar em consideração todas as normas constitucionais. ● P. do efeito integrador: está atrelado à integração das normas constitucionais. ● P. da máxima efetividade: se preocupa com a maior eficácia possível da norma constitucional. É muito direcionado às normas fundamentais e programáticas. ● P. da justeza ou da conformidade funcional: não posso violar a organização do Estado ao realizar uma interpretação. ● P. da concordância prática, harmonização ou cedência recíproca: quando dois direitos entram em conflito, devo buscar uma harmonização entre eles. Constitucional – 3º semestre ● P. da força normativa: reconhecimento de que a norma deve ser reconhecida de forma positiva. ● P. da interpretação conforme a Constituição (também é uma técnica de controle de constitucionalidade): interpretação que farei de uma lei infraconstitucional conforme a Constituição. ● P. da proporcionalidade e da razoabilidade: faz uma ponderação entre as normas, garantindo a justa medida. 9. Organização do Estado 9.1 Elementos do Estado: Território: espaço geográfico ao qual se faz referência um determinado Estado. Um Estado se delimita por uma determinada porção de terra. Além desse conceito geográfico, possui um sentido político que nos faz relacionar o território como a delimitação onde o poder do Estado será exercido; é dentro daquelas fronteiras que o Estado atua e, se transpassar tais, viola o conceito de soberania. A regra é o principio da territorialidade, as embaixadas são exceções (extraterritorialidade). Povo: elemento pessoal, não se confunde com os termos nação, cidadão e população. População é o número de indivíduos, nacionais e estrangeiros, que residem no Estado. Nação é um vinculo cultural, histórico, de nascimento ou religião, ex. Nação Judaica, nação independe de uma delimitação territorial. Povo é aquele que possui um vínculo jurídico com determinado Estado, nacionalidade, sendo esse vínculo um direito fundamental dos indivíduos. Cidadão é aquele que se encontra no gozo de direitos políticos. É possível ter nacionalidade de um país e não ser cidadão? Sim, posso ter a nacionalidade e não exercer os direitos políticos. Todo cidadão precisa ser nacional? Sim. Para eu ser um cidadão de determinado país, é necessário ter a nacionalidade deste. OBS: Há exceções no mundo, como Portugal e Brasil, no Tratado de Reciprocidade há tratamento igualitário; sendo assim, o português pode ser cidadão no Brasil sem ser da nação, por exemplo. Constitucional – 3º semestre Poder: qualquer forma de expressão de determinada força, poder religioso, econômico, social. O nome do poder exercido pelo Estado é chamado de poder político (esse poder é uno e indivisível). O poder não é dividido em 3 quando exercido pelo Estado! Poder do Estado é poder político. A soberania é uma característica do poder político, faz com que o Estado não reconheça poder maior que o dele. 9.2 Forma de governo: Preciso determinar como quero que seja o relacionamento entre governantes e governado; é uma escolha feita pelos indivíduos (república ou monarquia). República Características principais: eletividade, periodicidade, responsabilidade. Monarquia Características: vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade. 9.3 Sistemas de governo: Relacionamento entre Legislativo e Executivo Presidencialismo: O presidente acumula as funções. Parlamentarismo: Funções de chefe de estado e chefe de governo. Funções repartidas. Mais equilíbrio. 9.4 Soberania VS Autonomia: Soberania: não reconhece um poder maior que o seu. Autonomia: poder de auto-organização, autogoverno, autoadministração. 9.5.Forma de Estado: Unitário: Constitucional – 3º semestre O poder está centralizado na prática é muito difícil, portanto há uma descentralização administrativa. Federação: Possui uma repartição no poder dentro do território, unidades parciais e autônomas (Estados e Municípios), essa repartição não se confunde com a tripartição dos poderes. 9.6 História do federalismo: 1776: Independência das 13 colônias históricas na América. 1777: Confederação dos EUA. 1787: Convenção de Filadélfia – FEDERAÇÃO. 9.6 Características da Federação: a. descentralização do exercício do poder político em uma ordem central (U) e ordens parciais (DF, E, M). b. cada ente autônomo tem a possibilidade de auto-organização. c. indissolubilidade do pacto federativo ou proibição ao direito de secessão. d. rigidez constitucional: possibilidade de alteração mais difícil da Constituição. Mantém a Federação porque assegura suas competências. e. descentralização de competências. f. bicameralismo federativo: duas casas legislativas no âmbito federal – Câmara dos Deputados (representa o povo) e Senado (representa os Estados). Entes Políticos: - União; - Estados; - Distrito Federal; - Municípios. Constitucional – 3º semestre ● Legislativo no âmbito federal: Congresso Nacional. ● Independente do tamanho do Estado, cada um será representado por três senadores. Não existe hierarquia entre entes políticos, Estados e Municípios. g. tribunal constitucional: existe para ter um órgão responsável pela solução dos conflitos federativos, que podem ser positivos ou negativos → STF (porque é o “guardião da Constituição”). h. intervenção federal. 9.7 Classificação das Federações: Quanto ao surgimento: Por agregação Unidades autônomas buscam a federação. Ex: 13 colônias (EUA). Por segregação Parto de um Estado unitário que vai se repartir em Estados autônomos para compor a Federação. Ex: BRA. Quanto à concentração do poder: Centrípeta É a Federação que reúne a maior parte do poder nas mãos do poder central. Centrífuga Há maior distribuição do poder nas unidades autônomas. Equilíbrio (não tem no caderno) OBS: O BRA é centrífugo quanto ao seu surgimento, mas é centrípeto quanto à distribuição do seu poder. Constitucional – 3º semestre Quanto à repartição de competências: Dual/clássico As repartições são feitas no modelo horizontal de competências. U E DF M → um poder não atua em certas competências do outro. Neoclássico/cooperativo Atuação concomitante entre os poderes em algumas matérias U E DF M OBS: O BRA adota o modelo horizontal e o modelo vertical. Quanto ao equacionamento das desigualdades: Simétricas Quando é dado o tratamento igual a todos aqueles que pertencem a Federação. Assimétricas Quando se reconhece uma desigualdade entre os entes federativos. OBS: O BRA é simétrico por causa da representação dos Estados, porém, para alguns autores o BRA tem certos casos de assimetria pelo tratamento desigual.
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