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Remédios Constitucionais e Direitos Sociais

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Aula 2 - Direitos Fundamentais – parte 2 
Bom dia! 
E aí? Animado para o concurso da PF, que se aproxima? 
Dando continuidade ao estudo dos direitos e garantias fundamentais, 
veremos na nossa aula de hoje os remédios constitucionais e os direitos 
sociais. 
Antes de começar, vejamos o programa da aula de hoje. 
1 – Remédios Constitucionais 
1.1 – Habeas Corpus 
1.2 – Mandado de Segurança 
1.3 – Mandado de Injunção 
1.4 – Habeas Data 
1.5 – Ação Popular 
2 – Direitos Sociais 
2.1 – Princípio da vedação ao retrocesso 
2.2 – Reserva do financeiramente possível 
2.3 – Participação do Poder Judiciário na implementação de políticas públicas 
2.4 – Enumeração dos direitos sociais dos trabalhadores 
2.5 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores 
3 – Nacionalidade 
3.1 – Brasileiros natos 
3.2 – Brasileiros naturalizados 
3.3 – Perda da Nacionalidade 
4 – Direitos Políticos 
4.1 – Perda e suspensão dos direitos políticos 
4.2 – Hipóteses de inelegibilidade 
4.3 – Disposições constitucionais referentes aos partidos políticos 
5 – Exercícios de fixação 
 
Espero que o curso esteja atendendo às suas expectativas. 
 
1 – Remédios Constitucionais 
Como vimos na aula passada, a Constituição Federal de 1988 consagrou 
uma ampla gama de direitos fundamentais para os indivíduos. 
Paralelamente, a fim de proteger e assegurar efetividade a esses 
direitos, a Constituição criou garantias fundamentais, como são exemplos 
os remédios constitucionais. 
 
Assim, os remédios constitucionais são instrumentos colocados à 
disposição do indivíduo para salvaguardar seus direitos diante de 
ameaça ou abuso de poder por parte do Estado. 
A partir de agora, passamos a tratar de cada um dos remédios 
constitucionais: habeas corpus, mandado de segurança, mandado de 
injunção, habeas data e ação popular. 
Há ainda os remédios administrativos – direito de petição e direito de 
certidão – já estudados na aula passada. 
Antes de começarmos, vale a pena mencionar que, em dois remédios 
constitucionais em especial (habeas corpus e mandado de segurança), 
costuma-se cobrar as súmulas do STF sobre o assunto. Assim, ao final, 
de cada um desses tópicos apresentarei as principais súmulas 
relacionadas a cada um deles. 
 
1.1 – Habeas corpus 
O habeas corpus é o remédio constitucional utilizado contra ilegalidade 
ou abuso de poder relacionado ao direito de locomoção - direito de ir, 
vir e permanecer (CF, art. 5°, LXVIII). 
Portanto, desde já, guarde o seguinte detalhe: o habeas corpus só será 
cabível quando estiver em risco a liberdade de locomoção do indivíduo. 
Apenas com esse detalhe, você acerta várias questões de concurso... 
O HC pode ser: (i) repressivo (liberatório), para reparar ofensa ocorrida 
ao direito de locomoção; e (ii) preventivo (salvo-conduto), para prevenir 
a ofensa, quando há apenas ameaça ao direito de locomoção. 
Ademais, o habeas corpus é cabível não só contra ofensa direta, mas 
também frente à ofensa indireta ao direito de locomoção. A ofensa 
indireta ocorre quando o ato impugnado poderá resultar em 
procedimento que, no final, resulte na reclusão do impetrante. 
Por decorrência desse último aspecto, a jurisprudência do STF considera 
que se trata de instrumento idôneo para impugnar a determinação de 
quebra dos sigilos bancário e fiscal no curso de processo criminal, 
desde que essa medida implique ofensa indireta, potencial ou reflexa 
ao direito de locomoção. 
Ou seja, se aquela investigação (no curso da qual se determinou a 
quebra do sigilo bancário) poderá resultar ulteriormente numa pena de 
reclusão, podemos impugnar essa medida por meio de habeas corpus. 
Não é o caso de uma quebra de sigilo bancário no curso de um processo 
que resultará apenas em pena de multa (ou perda de direitos políticos). 
O habeas corpus é ação de natureza penal e, devido à relevância do 
direito protegido (liberdade de locomoção), não se exige formalidades 
para a impetração dessa ação. 
 
Assim, é universal a legitimação ativa do habeas corpus. Qualquer 
pessoa poderá impetrar essa ação, sem que seja exigido advogado ou 
alguma forma pré-definida (pode ser menor, analfabeto, estrangeiro ou 
mesmo terceiro). Admite-se até que uma pessoa jurídica impetre um 
habeas corpus a fim de proteger o direito de ir e vir de um empregado ou 
um associado, por exemplo. Ademais, deve-se destacar que se trata de 
ação gratuita. 
Ademais, o habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato de 
autoridade pública, quanto contra ato de particular, para fazer cessar 
uma coação ilegal (por exemplo, admite-se a impetração de HC contra 
um hospital que esteja ferindo o direito de locomoção de um paciente). 
Vale comentar outra jurisprudência relevante. De acordo com a 
Constituição não caberá habeas corpus em relação a punições 
disciplinares militares (CF, art. 142, § 2º). 
Todavia, o STF firmou entendimento no sentido de que não seria 
cabível habeas corpus para se discutir o mérito das punições 
militares. Mas, segundo essa ideia, a Constituição não impediria que se 
impetrasse habeas corpus para serem examinados os pressupostos de 
legalidade da medida (por exemplo: competência da autoridade militar, 
cumprimento dos procedimentos, pena cabível etc.). 
Bem, para finalizar, como têm sido cobradas diversas questões sobre 
súmulas do STF, seguem abaixo algumas que entendo serem 
importantes de se conhecer. 
Súmula 606 - Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno 
de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no 
respectivo recurso. 
Súmula 693 - Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a 
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que 
a pena pecuniária seja a única cominada. 
Súmula 691 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de 
habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas 
corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. 
Súmula 694 – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de 
exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. 
Súmula 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena 
privativa de liberdade. 
Vejamos algumas questões sobre habeas corpus. 
1) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação 
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, 
caberá mandado de segurança. 
 
Esta questão ficou fácil... Ainda vamos estudar o mandado de segurança; 
mas, como você acabou de estudar, o habeas corpus (e não o mandado 
de segurança) é o remédio adequado para tutelar a liberdade de 
locomoção. 
Item errado. 
2) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT 
/ 2010) O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato 
emanado do poder público como contra ato de particular, sempre 
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção. 
É importante ter este detalhe em mente: o HC pode ser utilizado também 
contra ato de particular, caso alguém se tenha violada a sua liberdade de 
locomoção. 
Nesse sentido, é cabível habeas corpus contra o ato de dirigente de 
hospital particular, por exemplo? 
Isso seria possível sim. Para exemplificar, imagino a hipótese de um 
hospital que vede a saída de seu paciente enquanto não tenha sido 
quitada a estadia. 
Item certo. 
3) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) O habeas corpus constitui, 
segundo o STF, medida idônea para impugnar decisão judicial que 
autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em procedimento 
criminal. 
Como visto, o habeas corpus é sim instrumento idôneo para impugnar a 
determinação de quebra dos sigilos bancário e fiscal no curso de 
processo criminal, desde que essa medida implique ofensa indireta,potencial ou reflexa ao direito de locomoção. 
Item certo. 
4) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O sujeito passivo do 
habeas corpus será a autoridade pública, pois somente ela tem a 
prerrogativa de restringir a liberdade de locomoção individual em 
benefício do interesse público ou social, razão pela qual não se 
admite sua impetração contra ato de particular. 
Comentei isso. Também pessoas privadas podem figurar no pólo passivo 
do habeas corpus. Um exemplo clássico é o do paciente que pretende 
impetrar a ação contra ato de agente de um hospital que esteja 
ilegalmente impedindo a sua saída. 
Item errado. 
5) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com entendimento 
do STF, é cabível a impetração de habeas corpus, dirigido ao 
 
plenário da Suprema Corte, contra decisão colegiada proferida por 
qualquer de suas turmas. 
Bem, de acordo com Alexandre de Moraes, "as decisões de qualquer das 
Turmas do Pretório Excelso são inatacáveis por habeas corpus, uma vez 
que a Turma quando profere julgamento, em matéria de sua 
competência, representa o próprio Supremo Tribunal Federal. Dessa 
forma, a circunstância do objeto impugnado ser decisão emanada da 
própria corte - órgão fracionário ou não - inviabiliza o ajuizamento do 
writ." 
Qual é o fundamento para essa doutrina? 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, não se admite habeas corpus 
originário para fins de se impugnar decisões de qualquer das turmas do 
STF, visto que esses órgãos, quando decidem, representam o próprio 
Tribunal. 
O que se utilizou para decidir assim foi a reverência ao princípio da 
gradação judiciária ou da hierarquia, segundo o qual se impetraria a ação 
em um grau contra ato de autoridade de grau inferior. Ou seja, para o 
Supremo, não seria admitido nesse caso que um órgão, ou juiz, 
ordenasseasimesmrminadamedidaouação.
Em suma, se a Turma do STF proferiu a decisão não dá para se impetrar 
habeas corpus para o plenário, pois a decisão da turma é considerada a 
decisão do próprio STF. 
Item errado. 
6) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/SUPORTE ÀS 
ATIVIDADES NA ÁREA DE DIREITO/PS/MS/2008) A perda de 
direitos políticos pode ser tutelada constitucionalmente mediante a 
utilização do instrumento do habeas corpus. 
Não se esqueça: só cabe habeas corpus se houver ofensa (ou ameaça 
de ofensa) ao direito de locomoção. Assim, perda dos direitos políticos, 
por não ameaçar o chamado direito de ir, vir e permanecer, não pode ser 
assegurado mediante HC. 
Item errado. 
7) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA DE 
CONHECIMENTO 11/ANA/2006) A garantia constitucional do 
habeas corpus não é cabível em relação a punições militares, 
conforme previsão expressa da Carta de 1988. 
O Cespe considerou correta a questão, de acordo com o § 2º do art. 142 
da Constituição Federal, que determina expressamente que “não caberá 
habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”. 
A questão cobrou o básico, digamos “conforme previsão expressa na 
CF/88”.... Mas o STF já decidiu que os pressupostos da legalidade de 
uma penalidade militar poderão sim ser discutidos em sede de 
 
habeas corpus. O que não se admite é a impetração de HC para discutir 
o mérito dessas decisões. 
Item certo. 
 
1.2 - Mandado de segurança 
Segundo a Constituição, conceder-se-á mandado de segurança para 
proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou 
"habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder 
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições do Poder Público (CF, art. 5°, LXIX). 
O mandado de segurança será concedido para proteger direito líquido e 
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, 
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica 
sofrer violação (por ação ou por omissão) ou houver justo receio de 
sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais 
forem as funções que exerça (Lei 12.016/09). 
Portanto, de acordo com essa definição: 
I) tem natureza subsidiária, na medida em que é cabível apenas 
quando o direito não tiver amparado por outros remédios constitucionais; 
II) o mandado de segurança pode ser repressivo (caso sofra violação) 
ou preventivo (caso haja apenas receio de violação); 
III) são legitimadas a impetrar o mandado de segurança tanto pessoas 
físicas como jurídicas, nacionais ou estrangeiras, 
independentemente de residirem no Brasil ou no exterior; até mesmo 
órgãos públicos podem impetrar essa ação, em defesa de suas 
prerrogativas e atribuições; 
IV) mesmo a omissão de autoridade pode ensejar impetração de 
mandado de segurança, se violar direito líquido e certo; 
V) as autoridades contra as quais se impetra a ação poderão ser agentes 
públicos ou mesmo qualquer pessoa que esteja exercendo função 
pública (nesse último caso, só no que diz respeito a essa função). 
A lei do mandado de segurança equipara expressamente às autoridades 
os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores 
de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas 
ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, 
somente no que disser respeito a essas atribuições (Lei 12.016/09, 
art. 1°, §1°). 
Vale comentar que o mandado de segurança é ação de natureza civil, 
ainda quando impetrado contra ato de juiz criminal, praticado em 
processo penal. 
 
Lembre-se de um detalhe importante: os atributos de certeza e liquidez 
referem-se à matéria de fato, e não à matéria de direito. É dizer, o 
direito deve resultar de fato certo, com prova inequívoca. Assim, não há 
óbice para se impetrar mandado de segurança em assuntos 
juridicamente controvertidos. 
Daí o entendimento de que não há dilação probatória no mandado de 
segurança. 
Atenção! Não caberá mandando de segurança contra (Lei 12.016/09, 
art. 5°): 
I - ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, 
independentemente de caução; 
II - decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
III - decisão judicial transitada em julgado; 
IV - atos de gestão comercial praticados pelos administradores de 
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de 
concessionárias de serviço público (Lei 12.016/09, art. 1°, §2°). 
É de se observar que os processos de mandado de segurança e os 
respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo 
habeas corpus (art. 20). 
O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 
120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato 
impugnado. Isso é importante! Pois, o STF fixou entendimento de que 
é constitucional esse prazo decadencial de 120 dias. 
A lei admite a concessão de medida liminar em mandado de segurança. 
Entretanto, não será concedida medida liminar que tenha por objeto: (i) a 
compensação de créditos tributários, (ii) a entrega de mercadorias e bens 
provenientes do exterior, (iii) a reclassificação ou equiparação de 
servidores públicos e (iv) a concessão de aumento ou a extensão de 
vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
Segundo o STF, é lícito ao impetrante desistir da ação de mandado 
de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade 
coatora (ou entidade interessada). (MS 26.890-AgR, Rel. Min. Celso de 
Mello, julgamento em 16-9-09, Plenário). 
Quanto à competência para julgamento do mandado de segurança, ela é 
definida pela categoria da autoridade coatora e sua sede funcional. 
Ou seja, é a partir da autoridade que comete o ato coator, que se 
estabelece quem será competente para o julgamento da ação. Assim, 
por exemplo, compete ao STF processar e julgar, originariamente, o 
mandado de segurança contra ato do Presidente da República ou contra 
ato do TCU (CF, art. 102, I, “d”). 
 
A ConstituiçãoFederal de 1988 prevê ainda a figura do mandado de 
segurança coletivo. É interessante você observar que pela primeira vez 
essa “versão coletiva” do mandado de segurança foi regulamentada em 
legislação infraconstitucional (a “antiga” lei era de 1951 e não tratava 
disso). 
Assim, o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por (art. 
21): 
I - partido político com representação no Congresso Nacional, na 
defesa de seus interesses legítimos relativos aos seus integrantes ou à 
finalidade partidária; ou 
II - organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) 
ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, 
dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde 
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, 
autorização especial. 
Vamos aos detalhes... Em primeiro lugar, para ter representação no 
Congresso, o partido necessita de apenas um parlamentar, seja 
Deputado ou Senador. 
Em segundo lugar, tenha em mente que esse requisito de um ano de 
constituição e funcionamento destina-se apenas às associações, não 
se aplicando a organizações sindicais ou entidades de classe. 
Cabe observar que para a impetração do MS coletivo não se exige 
autorização especial dos associados, tendo em vista que se trata de 
substituição processual (CF, art. 5°, LXX) e não de representação 
processual (CF, art. 5°, XXI). 
De se destacar que a Súmula 630 do STF estabelece que a entidade de 
classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a 
pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva 
categoria. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, na disciplina constitucional do 
mandado de segurança coletivo, não se tem, quanto à legitimação 
ativa, a exigência de tratar-se de entidade de classe que congregue 
categoria única (RMS 21.514, Rel. Min. Marco Aurélio, 18-6-93). 
Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo dividem-se 
em (art. 21, §1°): 
 
I - coletivos → 
transindividuais, de natureza indivisível, de que seja 
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si 
ou com a parte contrária por uma relação jurídica 
básica; 
II - individuais 
homogêneos → 
decorrentes de origem comum e da atividade ou 
situação específica da totalidade ou de parte dos 
associados ou membros do impetrante. 
Quanto à liminar no âmbito do MS coletivo, só poderá ser concedida 
após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de 
direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e 
duas) horas. 
Outro aspecto importante: a legitimação constitucionalmente conferida 
aos partidos políticos para a impetração de mandado de segurança 
coletivo (CF, art. 5º, LXX) não autoriza que esses impetrem essa ação 
para impugnar majoração de tributos, em razão de ser esse interesse 
dos contribuintes de natureza individualizável, e não difuso. 
Vejamos algumas importantes súmulas do STF sobre o mandado de 
segurança. 
 
Súmula 266 - Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. 
Súmula 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de 
cobrança. 
Súmula 271 - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos 
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser 
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. 
Súmula 304 - Decisão denegatória de mandado de segurança, não 
fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação 
própria. 
Súmula 429 - A existência de recurso administrativo com efeito 
suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão 
da autoridade. 
Súmula 430 - Pedido de reconsideração na via administrativa não 
interrompe o prazo para o mandado de segurança. 
Súmula 510 - Praticado o ato por autoridade, no exercício de 
competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a 
medida judicial. 
Súmula 512 - Não cabe condenação em honorários de advogado na 
ação de mandado de segurança. 
Súmula 624 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros 
tribunais. 
Súmula 625 - Controvérsia sobre matéria de direito não impede 
concessão de mandado de segurança. 
8) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT 
/ 2010) O mandado de segurança pode ser interposto mesmo contra 
ato administrativo do qual caiba recurso administrativo com efeito 
suspensivo, independentemente de caução. 
A nova lei do mandado de segurança mantém a regra já existente na lei 
anterior no sentido de se vedar a utilização do mandado de segurança 
quando se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito 
suspensivo, independentemente de caução (Lei 12.016/09, art. 5°, I). 
Ou seja, se o ato impugnado puder ser suspenso por meio das vias 
administrativas não há que se utilizar do mandado de segurança. 
Entretanto, no caso de omissão ilegal ou abusiva que enseje a 
impetração do mandado de segurança, a existência de recurso 
administrativo com efeito suspensivo não impede o uso desse remédio 
constitucional. 
Item errado. 
 
9) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT 
/ 2010) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por 
pessoas jurídicas, públicas ou privadas, como as organizações 
sindicais e as entidades de classe legalmente constituídas, mas não 
por partidos políticos. 
Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional são 
legitimados para a impetração do mandado de segurança coletivo (CF, 
art. 5°, LXX e art. 21 da Lei 12.016/09). 
Item errado. 
10) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O mandado de 
segurança pode ser impetrado por pessoas naturais, mas não por 
pessoas jurídicas, em defesa de direitos individuais. 
As pessoas jurídicas também têm legitimidade ativa para a impetração 
de mandado de segurança. 
Item errado. 
11) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Tal como ocorre na ADI, não é 
admitida a impetração de mandado de segurança contra lei ou 
decreto de efeitos concretos. 
A assertiva afirma o contrário do decidido pela Suprema Corte. Em 
realidade, não cabe mandado de segurança contra lei em tese, salvo 
quando produtora de efeitos concretos (STF, Súmula nº 266). 
Item errado. 
12) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) 
Diferentemente das organizações sindicais, das entidades de classe 
e das associações, os partidos políticos não têm legitimidade para 
impetrar mandado de segurança coletivo. 
Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional são 
legitimados para a impetração do mandado de segurança coletivo (CF, 
art. 5°, LXX e art. 21 da Lei 12.016/09). 
Item errado. 
13) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) O STF pacificou 
entendimento no sentido de que a desistência, no mandado de 
segurança, não depende de aquiescência do impetrado. No entanto, 
essa regra não se aplica aos casos em que a desistência é parcial. 
Comentei essa jurisprudência do Supremo (a desistência, no mandado 
de segurança, não depende de aquiescência do impetrado). Vale 
destacar, essa mesma regra aplica-se também aos casos em que a 
desistência é parcial. 
Item errado. 
 
14) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) A prática de ato que 
configure abuso de poder por autoridade que exerce competência 
delegada faz que o mandado de segurança interposto contra este 
ato tenha, no pólo passivo, a autoridade que transferiu os poderes 
por delegação. 
Segundo a Súmula 510, praticado o ato por autoridade, no exercício de 
competência delegada, contra ela (a autoridade delegada e não a 
autoridade delegante) cabe o mandado de segurança ou a medida 
judicial. 
Item errado. 
15) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA:CONTROLE 
EXTERNO/TCU/2008) Considere a seguinte situação hipotética. 
Emborahouvesse previsão legal, um ministério demorou três anos 
para efetuar a promoção dos membros de uma categoria de fiscais 
federais a diversos níveis da carreira e a fez sem o pagamento dos 
atrasados. Entendendo ser líquido e certo o seu direito, um grupo de 
trinta servidores constituiu advogado para impetrar mandado de 
segurança com pedido de liminar contra a omissão do secretário de 
recursos humanos da pasta, visando obrigá-lo a efetuar 
imediatamente o pagamento das parcelas em atraso. Nessa 
situação, o juiz não precisará ouvir a autoridade apontada como 
coatora antes de apreciar o pedido de medida liminar, pois não se 
trata de mandado de segurança coletivo; quanto à medida liminar 
requestada, deverá ser indeferida, pois existe legislação específica 
que proíbe sua concessão para o pagamento de vencimentos e 
vantagens pecuniárias a servidores públicos. 
Questão de altíssimo nível! 
Veja o que dispõe o parágrafo 2° do art. 22 da Lei 12.096/09: “no 
mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida 
após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de 
direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e 
duas) horas.” 
Pois bem. O que confunde muita gente é achar que um grupo de 
servidores com interesse comum deve impetrar mandado de segurança 
coletivo,o que não é correto. 
Na situação apresentada, trata-se da impetração de um mandado de 
segurança mediante a formação de litisconsórcio ativo (pluralidade de 
sujeitos no pólo ativo da ação). 
O mandado de segurança coletivo (impetrado por entidades, 
associações, partidos políticos) não se confunde com o mandado de 
segurança impetrado por um grupo de pessoas em litisconsórcio ativo. 
E a necessidade de audiência da autoridade coatora antes da medida 
liminar se restringe ao mandado de segurança coletivo. 
 
Já o segundo aspecto da questão pode ser respondido com o 
conhecimento do parágrafo 2° do art. 7° da Lei do Mandado de 
Segurança, segundo o qual, não será concedida medida liminar que 
tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de 
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou 
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a 
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
Item certo. 
16) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Associação com 
seis meses de constituição pode impetrar mandado de segurança 
coletivo. 
Para a impetração de mandado de segurança coletivo, a associação 
deverá comprovar estar legalmente constituída e em pleno 
funcionamento há pelo menos um ano (CF, art. 5º, LXX). 
Item errado. 
17) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) Julgado procedente o pedido 
encaminhado via mandado de segurança, estarão garantidos ao 
impetrante não só o afastamento do ato ilegal e abusivo, como 
também os efeitos patrimoniais anteriores à própria impetração. 
Ao se afastar o ato ilegal, estão garantidos eventuais valores devidos 
após a impetração da ação. Esses sim estarão resguardados. Ao 
contrário, valores referentes ao período anterior à impetração do 
mandado de segurança não serão assegurados por meio do mandado 
de segurança, devendo eles ser executados pelas vias ordinárias 
próprias, administrativa ou judicialmente. Observe a Súmula 271 do STF: 
“Concessão de mandado de segurança não produz efeitos 
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser 
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.” 
Item errado. 
18) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) O pedido de reconsideração 
na via administrativa, desde que protocolado dentro do prazo de 120 
dias da ciência do ato impugnado, suspende o prazo decadencial 
para impetração do mandado de segurança. 
O pedido de reconsideração na via administrativa não suspende nem 
interrompe o prazo decadencial – de 120 dias - para a impetração do 
mandado de segurança. Esse é o entendimento do STF, exposto na 
Súmula 630: 
“Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo 
para o mandado de segurança.” 
Item errado. 
 
19) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/STJ/2004) 
Passeatas, comícios, desfiles, cortejos e banquetes de natureza 
política constituem eventos que podem ser elementos do direito de 
reunião passível de tutela jurídica efetiva por meio do mandado de 
segurança. 
E aí, habeas corpus ou mandado de segurança? Muita gente faz 
confusão nisso... 
Bem, passeatas, comícios, desfiles, cortejos e banquetes de natureza 
política são manifestações do direito de reunião. Ilegalidades ou 
arbitrariedades contrárias ao exercício do direito constitucional de 
reunião são reparáveis mediante a impetração de mandado de 
segurança (e não habeas corpus). 
Item certo. 
 
1.3 - Mandado de Injunção 
Segundo o inc. LXXI do art. 5° da CF/88: “conceder-se-á mandado de 
injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.” 
Ou seja, se um indivíduo perceber que omissão governamental está 
inviabilizando o exercício de seus direitos e liberdades constitucionais e 
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania 
poderá utilizar-se do mandado de injunção. 
O que quero que você entenda é que o constituinte de 1988 criou essa 
figura como forma de dar efetividade ao texto constitucional. Afinal de 
contas, não adianta criar um direito e não viabilizá-lo posteriormente por 
omissão legislativa, não é verdade? 
Mas é importante você ter em mente que esse é um remédio 
constitucional a ser utilizado para viabilizar o exercício de direito 
previsto na Constituição Federal, mas carente de regulamentação. 
Se o direito for previsto em norma infraconstitucional (lei, medida 
provisória, tratado internacional com força de lei etc.) não cabe o 
mandado de injunção. 
Assim, entenda quais são pressupostos de cabimento do mandado de 
injunção: 
I – falta de norma regulamentadora de um preceito constitucional de 
natureza mandatória; 
II – inviabilização do exercício de um direito ou liberdade constitucional; 
III – o transcurso de prazo razoável para a elaboração da norma. 
Estabelecendo então uma relação entre esse assunto e a classificação 
elaborada pelo prof. José Afonso da Silva (quanto à aplicabilidade das 
 
normas constitucionais), podemos observar que as normas 
constitucionais cuja ausência de regulamentação dará ensejo à 
impetração de mandado de injunção são as de eficácia limitada, salvo 
aquelas definidoras de princípios institutivos de natureza facultativa. 
Antigamente, ao julgar um mandado de injunção, o STF apenas 
declarava a mora legislativa em editar lei que regulamentasse 
determinado direito. Essa posição era classificada como não-concretista 
e tinha pouca efetividade para o impetrante do Mandado de Injunção, 
pois a norma constitucional permanecia não regulamentada e o exercício 
do seu direito obstado. 
Mas, recentemente, o STF passou a adotar a corrente concretista no 
mandado de injunção, em que a própria decisão é capaz de viabilizar o 
exercício do direito e afastar a lesividade da inércia do legislador. 
Com isso, ao julgar procedente o mandado de injunção, o Tribunal 
passou a concretizar, desde logo, o exercício do direito constitucional 
carente de norma regulamentadora. 
Isso já aconteceu. Recentemente, no mandado de injunção em que se 
discutia o direito de greve do servidor público, o STF firmou 
entendimento de que, até que seja elaborada a lei específica reclamada 
pela Constituição (art. 37, VII), os servidores poderão exercer o direito de 
greve, obedecendo-se ao regramento da lei de greve do setor privado 
(Lei nº 7.783/1989). 
Portanto, guarde isto: atualmente, o STF adota a posição concretista 
no tocanteaos efeitos do mandado de injunção. 
Por fim, vale comentar que não existe referência a mandado de 
injunção coletivo na Constituição Federal. Entretanto, o Supremo 
Tribunal Federal firmou entendimento de que as entidades legitimadas à 
impetração do mandado de segurança coletivo (nos termos da CF/88, 
art. 5º, LXX) podem, também, impetrar mandado de injunção 
coletivo. 
20) (CESPE/MANUT. ARMAMENTO LEVE/PM/DF/2010) A CF prevê, 
entre outras garantias fundamentais, o mandado de injunção como 
instrumento para assegurar o conhecimento de informações 
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos 
de dados de entidades governamentais ou de caráter público. 
A situação apresentada não tem relação nenhuma com o mandado de 
injunção, cabível contra a omissão do Poder Público em editar norma 
regulamentadora de determinado direito constitucional. 
Na realidade, a questão misturou o mandado de injunção com o habeas 
data (a ser estudado a seguir). Este sim tem por finalidade assegurar o 
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 
constantes de registros ou bancos de dados. 
 
Item errado. 
21) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT - 9ª 
REGIÃO/2007) Para o STF, decisão proferida nos autos do 
mandado de injunção poderá, desde logo, estabelecer a regra do 
caso concreto, de forma a viabilizar o exercício do direito a 
liberdades constitucionais, a prerrogativas inerentes à nacionalidade, 
à soberania e à cidadania, afastando as conseqüências da inércia 
do legislador. 
Atualmente, o STF adota a chamada posição concretista quanto aos 
efeitos da decisão proferida no mandado de injunção. Portanto, ao julgar 
procedente a ação, o Tribunal passa a concretizar, desde logo, o 
exercício do direito constitucional carente de norma regulamentadora. 
Item certo. 
22) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2006) O mandado de 
injunção é instrumento a ser utilizado para viabilização de direito 
assegurado em lei, mas sem a regulamentação das autoridades 
competentes. 
O mandado de injunção deve ser utilizado para se garantir efetividade de 
direito previsto na Constituição Federal, e não de direito previsto 
apenas em normas infraconstitucionais. 
Item errado. 
 
1.4 – Habeas Data 
O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente 
de pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter 
público (CF, art. 5º, LXXII). Será concedido para: 
(i) o conhecimento de informações; 
(ii) a retificação de dados; ou 
(iii) a complementação de dados. 
O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente 
de pessoa privada que possua registros ou banco de dados de 
caráter público (CF, art. 5º, LXXII). Um exemplo seria a impetração de 
habeas data para acesso ao banco de dados do Serviço de Proteção ao 
Crédito (SPC). 
Pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, brasileiro 
ou estrangeiro. Entretanto, tem caráter personalíssimo: não é cabível 
para o conhecimento de informações de terceiros. 
Detalhe importante sobre o habeas data. A jurisprudência do STF firmou-
se no sentido de que, para a impetração do habeas data, é 
imprescindível a comprovação de negativa administrativa. 
 
Assim, só é dado ao interessado ajuizar habeas data perante o Poder 
Judiciário após receber uma negativa em seu pedido administrativo. 
Trata-se de interesse de agir do interessado. 
Interessa, por fim, observar que se trata de ação gratuita, como também 
ocorre com o habeas corpus e a ação popular (e não há pagamento de 
ônus de sucumbência – honorários advocatícios). Entretanto, é 
necessário advogado para a impetração. 
23) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE/MT 
/ 2010) O habeas data destina-se a assegurar o conhecimento de 
informações pessoais constantes de registro de bancos de dados de 
entidades governamentais ou de caráter público, desde que geridas 
por servidores do Estado. 
A assertiva está incorreta, pois mesmo banco de dados geridos por 
pessoas privadas poderá ensejar a impetração de habeas data que vise 
a assegurar o conhecimento de informações pessoais do interessado. É 
o caso do banco de dados do SPC, por exemplo. 
Item errado. 
24) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) 
Habeas data é o remédio constitucional adequado para o caso de 
recusa de fornecimento de certidões para defesa de direitos e 
esclarecimento de situações de interesse pessoal, próprio ou de 
terceiros, assim como para o caso de recusa de obtenção de 
informações de interesse particular, coletivo ou geral. 
A questão faz menção ao direito de certidão (CF, art. 5°, XXXIV, “b”) e 
ao direito de informação (CF, art. 5°, XXXIII), assuntos estudados na 
aula anterior. 
Ao contrário do que muita gente pensa, o habeas data não serve como 
instrumento de tutela desses direitos. 
Assim, imagine que, no exercício do meu direito de certidão, eu solicite a 
determinado órgão público a emissão de um documento que declare uma 
situação existente (uma certidão) e isso me seja negado. 
Agora, suponha a hipótese em que eu fracasse na tentativa de ter 
acesso a determinada informação de um órgão público (o valor de um 
contrato administrativo de coleta de lixo, por exemplo, no exercício do 
meu direito de informação). 
Em nenhuma dessas hipóteses será cabível a utilização de habeas data. 
Na verdade, deverei utilizar o mandado de segurança como instrumento 
de combate a essas negativas irregulares. 
Item errado. 
25) (CESPE/AGENTE/PF/2009) Conceder-se-á habeas data para 
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
 
impetrante ou à de terceiros, constantes de registros ou bancos de 
dados de entidades governamentais ou de caráter público. 
De se destacar o caráter personalíssimo do habeas data (não é cabível 
para o conhecimento de informações de terceiros). 
Item errado. 
26) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A CF assegura a todos, 
independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de 
certidões em repartições públicas, para a defesa de direitos e 
esclarecimentos de situações de interesse pessoal. Nesse sentido, 
não sendo atendido o pedido de certidão, por ilegalidade ou abuso 
de poder, o remédio cabível será o habeas data. 
Meu caro, não caia nessa... O instrumento para tutela do direito de 
certidão é o mandado de segurança e não o habeas data. O habeas 
data é cabível contra ato de autoridade que possua registros ou banco 
de dados de caráter público e serve: (i) para o conhecimento de 
informações; (ii) para a retificação de dados; ou (iii) para a 
complementação de dados (CF, art. 5º, LXXII). 
Item errado. 
27) (CESPE/NÍVEL SUPERIOR/ANATEL/2008) Qualquer cidadão 
poderá impetrar habeas data no Poder Judiciário para assegurar o 
conhecimento de informações relativas a sua pessoa disponíveis na 
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), 
independentemente de ter formulado o pedido diretamente na 
agência. 
Para a impetração do habeas data, é imprescindível a comprovação de 
negativa administrativa. 
Item errado. 
28) (CESPE/TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA/TJ/RJ/2008) O 
habeas data é o instrumento adequado à garantia do direito à 
liberdade de locomoção. 
A assertiva trocou habeas data com habeas corpus, tendo em vista que 
essse último é que se destina a garantir o direito à liberdade de 
locomoção. 
Item errado. 
29) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STF/2008) A 
CF exige que o habeas data seja cabível apenas contra ato de 
autoridade pública. 
Como visto, o habeas data também é cabível contra ato de agente de 
pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter 
público (CF, art. 5º, LXXII), como é o caso do banco de dados do 
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). 
 
Item errado. 
 
1.5 - Ação Popular 
A açãopopular é outro tipo de remédio constitucional, previsto para 
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o 
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e 
ao patrimônio histórico e cultural. 
Nos termos do art. 5°, LXXIII da CF/88: “qualquer cidadão é parte 
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e 
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas 
judiciais e do ônus da sucumbência.” 
É de se observar que a ação popular: 
I - destina-se à defesa de direitos coletivos; 
II - é remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão, 
como forma de controle da administração pública; 
III - é ação gratuita e de natureza cível; e 
IV – pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo. 
Observe que a AP é ação relacionada ao controle da Administração 
Pública, na medida em que se destina à fiscalização da gestão da coisa 
pública. Nesse sentido, o cidadão pode intentar a anulação de um ato 
lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Assim, liga-se ao espírito 
republicano (prestação de contas), na medida em que o cidadão não 
atua na defesa de interesse próprio, mas sim da coletividade. 
Chama atenção o âmbito de proteção da ação popular, por ser bastante 
amplo: abrange tanto o patrimônio material, como o moral, o histórico, o 
ambiental e o cultural. 
Ademais, o cabimento da ação popular não exige a comprovação de 
efetivo dano material, pecuniário. Segundo entendimento do Supremo, a 
própria ilegalidade do ato já pressupõe lesividade bastante para a 
propositura da ação. 
Importante! Segundo a jurisprudência do STF, não cabe ação popular 
contra ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais) ou, em outras 
palavras, os atos de natureza jurisdicional são imunes à ação popular 
(não podem ser atacados na via da ação popular). 
Mas veja a sutileza do detalhe: alguns atos de magistrados poderão 
ser atacados por ação popular. É que eles também praticam atos 
administrativos (por exemplo, nomeação de um servidor ou realização 
de licitação para aquisição de novos computadores), e esses atos 
 
poderão ser normalmente atacados por meio de ação popular (afinal, 
somente os atos jurisdicionais não podem ser objeto de ação popular). 
É importante frisar que a legitimidade para impetração da AP é 
exclusiva do cidadão (no pleno gozo de seus direitos políticos). Assim, 
não pode o Ministério Público dar início a esse tipo de ação. Entretanto, o 
MP tem papel importante na ação popular: (i) atua como parte pública 
autônoma, podendo opinar pela procedência ou não da ação; e (ii) 
poderá atuar como substituto e sucessor do autor, caso este abandone a 
ação ou se omita. 
Por fim, vale comentar que a ação popular é ação de natureza cível. 
Assim, não é alcançada pela competência do foro especial por 
prerrogativa de função perante o STF. 
É de se destacar que essa ação poderá ser utilizada na fiscalização da 
constitucionalidade das leis, desde que na via incidental, diante de casos 
concretos. 
30) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Um promotor de 
justiça, no uso de suas atribuições, poderá ingressar com ação 
popular. 
Somente o cidadão pode impetrar ação popular. Um promotor até 
poderia, mas como um cidadão comum, e não em sua atuação como 
membro do Ministério Público. 
A propósito, um detalhe importante: um jovem de 16 pode ser legitimado 
a interpor ação popular? E aí? 
Pode sim, pois a cidadania relaciona-se ao gozo de direitos políticos e 
civis. Assim, um jovem de 16 anos, desde que esteja munido de seu 
título de eleitor, é cidadão e, assim, legitimado à proposição de AP. 
Item errado. 
31) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) 
Se o autor da ação popular dela desistir, o MP poderá, entendendo 
presentes os devidos requisitos, dar-lhe prosseguimento. 
Como vimos, a iniciativa da ação popular compete ao cidadão, e não ao 
Ministério Público. 
Apesar disso, o MP pode promover a prosseguimento de ação popular 
impetrada por cidadão e por ele posteriormente abandonada. 
De fato, a lei que regulamenta a Ação Popular estabelece que, se o autor 
desistir da ação, assegura-se ao representante do Ministério Público 
promover o prosseguimento da ação (art. 9° da Lei 4.717/65). 
Item certo. 
32) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) Por serem ambas ações de 
cunho especial voltadas a proteger direitos violados por atos ilegais 
e lesivos, praticados por autoridades públicas, é correto afirmar que 
 
o mandado de segurança e a ação popular possuem finalidades 
próximas, sendo, em determinadas situações, indiferente que se 
ajuíze uma ou outra. 
Mandado de segurança e ação popular são instrumentos bastante 
diferentes. Aliás, o STF já até sumulou entendimento de que uma ação 
não substitui a outra: 
“O mandado de segurança não substitui ação popular” (Súmula nº 101). 
Item errado. 
33) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) É vedado ao condenado por 
improbidade administrativa com a perda de direitos políticos, 
enquanto perdurarem os efeitos da decisão judicial, a propositura de 
ação popular. 
Só é legitimado à propositura de ação popular o cidadão (no pleno gozo 
de seus direitos políticos). 
Item certo. 
34) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STF/2008) A 
ação popular contra o presidente da República deve ser julgada pelo 
STF. 
A ação popular é ação de natureza cível. Assim, não é alcançada pela 
competência do foro especial por prerrogativa de função perante o 
STF. 
Item errado. 
 
2 – Direitos Sociais 
Os direitos sociais constituem dimensão dos direitos fundamentais que 
objetiva possibilitar melhores condições de vida aos homens e mulheres, 
assegurando o atendimento do princípio da igualdade entre os homens. 
Podemos afirmar que se originam com o surgimento do Estado Social, 
em que se passa a exigir uma atitude comissiva do Estado em favor do 
bem-estar do indivíduo. 
Com isso, naquela classificação em dimensões (ou gerações), os direitos 
sociais figuram na segunda dimensão: direitos ligados aos ideais do 
Estado social, de natureza positiva, com foco na igualdade entre os 
homens (direitos sociais, culturais e econômicos). 
Na Constituição Federal de 1988, os direitos sociais encontram-se 
catalogados entre os arts. 6° e 11. Segundo o art. 6°, são direitos sociais: 
A educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
 
Veja que destaquei os direitos à moradia e à alimentação no art. 6°. É 
que são inovações promovidas por emendas constitucionais (e as 
bancas adoram novidades, não é?). Aliás, a inserção do direito à 
alimentação é novidade “fresquinha” promovida pela EC n° 64/2010, 
emenda que alterou o art. 6º da Constituição Federal, para introduzir a 
alimentação como direito social. 
Quanto ao direito à moradia, vale uma ressalva: embora previsto 
expressamente como direito social, o Supremo entende que o bem de 
família de uma pessoa que assume condição de fiador em contrato de 
aluguel pode ser penhorado em caso de inadimplência do locatário. 
Bom, ao contrário dos remédios constitucionais, em que as questões 
cobram diversos entendimentos doutrinários e, principalmente 
jurisprudenciais, no assunto “direitos sociais” não tem jeito: é cobrada 
quase sempre a literalidade da Constituição. Portanto, você vai ter que 
conhecer esses artigos da CF/88. 
Mas, antes, vamos abordar alguns aspectos da teoria envolvida com os 
direitos sociais. E esses detalhes têm sido cobrados frequentementenas 
provas de concursos, como veremos... 
 
2.1 – Princípio da vedação ao retrocesso 
Embora não previsto expressamente, o princípio da proibição do 
retrocesso em direitos sociais encontra acolhida na doutrina pátria, 
notadamente aquela vertente mais próxima à noção de Estado 
Democrático e Social de Direito. 
Você deve ter percebido que os direitos sociais exigem uma prestação 
do poder público, atuando no sentido de efetivar a sua concretização, 
principalmente por meio de políticas públicas. Pois bem, imagine que o 
legislador infraconstitucional tenha regulamentado determinado direito 
social constitucional de forma a torná-lo efetivo. 
Segundo a doutrina, não seria admitido, a partir de então, um retrocesso 
na aplicação desse direito. Ou seja, não poderia um ato do poder público 
no sentido de afastar, revogar ou prejudicar aquele direito que estava 
concretizado e era plenamente exercitável. 
Nesse sentido, seria inconstitucional uma lei (ou emenda constitucional, 
por exemplo) que prejudicasse direito social já concretizado, exatamente 
por ofensa ao princípio da proibição do retrocesso social. 
 
2.2 - Reserva do financeiramente possível 
A concretização dos direitos sociais exige gastos, dispêndios financeiros 
por parte do Estado. Por exemplo, para que o direito à educação para 
todos seja efetivamente concretizado, o Estado precisa contratar 
professores, construir escolas etc. O mesmo se pode dizer da saúde, 
 
moradia e os demais direitos sociais. Assim, a concretização dos direitos 
sociais demanda recursos e, portanto, está sujeito à reserva do 
possível (têm seu atendimento condicionado à existência de recursos 
suficientes). 
Em outros termos, segundo o princípio da reserva do financeiramente 
possível, a concretização dos direitos sociais encontra limites não 
só na razoabilidade da pretensão deduzida em face do Poder 
Público como também na existência de disponibilidade financeira 
do Estado. 
Daí advém a afirmação de que a concretização dos direitos sociais se 
sujeita à cláusula da reserva do financeiramente possível, segundo a 
qual o Poder Público está obrigado a implementar as políticas públicas 
que levem à concretização dos direitos sociais previstos na Constituição, 
mas no limite do financeiramente possível. 
 
2.3 – Participação do Poder Judiciário na implementação de 
políticas públicas 
Pelo fato de que têm seus agentes eleitos de forma democrática, 
compete aos Poderes Legislativo e Executivo definir e implementar as 
políticas públicas. Afinal, são os legítimos representantes do povo. 
Entretanto, imagine aqueles casos em que os órgãos estatais 
competentes deixam de cumprir suas funções político-jurídicas impostas 
pela Constituição. Se essa inércia injustificada está inviabilizando a 
concretização de direitos sociais, é cabível a atuação judicial visando 
reparar essa situação. Afinal, está havendo desrespeito à Constituição 
(descumprimento dos deveres impostos pela Carta Maior ao poder 
público). 
Assim, é possível ao Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar 
a implementação de políticas públicas. Isso ocorrerá exatamente 
nesses casos em que o poder público deixa de cumprir os encargos 
político-jurídicos impostos pela Constituição Federal; comprometendo, 
com sua injustificada inércia, a concretização dos direitos sociais. 
Assim, podemos constatar diversas ocasiões em que, recentemente, o 
STF tem determinado ao Poder Público a adoção de políticas públicas 
que concretizem direitos sociais, especialmente relacionados aos direitos 
sociaisdasaúdducação.
Isso pode ser denominado “ativismo judicial”, em que o controle judicial 
se dá não apenas sobre a atividade do legislador, mas também nos 
casos de inatividade ou omissão do Legislativo. 
Bem, no meu entender, esses são os principais aspectos envolvidos com 
os direitos sociais. 
Sintetizando: 
 
 
 
Algumas questões podem aprimorar o entendimento desses detalhes. 
35) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os 
direitos sociais são exemplos típicos de direitos de 2.ª geração. 
A assertiva está correta, pois os direitos sociais constituem típicos 
direitos de segunda dimensão, ligados à noção de Estado social. 
Item certo. 
36) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
SUBSTITUTO/PCRN/2008) Cabe, primariamente, aos Poderes 
Legislativo e Executivo a prerrogativa de formular e executar 
políticas públicas, no entanto, revela-se possível ao Poder Judiciário, 
excepcionalmente, determinar a implementação de tais políticas. 
Esse assunto está na moda!... Bem, por terem seus agentes eleitos de 
forma democrática, compete aos Poderes Executivo e Legislativo definir 
e implementar as políticas públicas. Entretanto, como vimos, o 
entendimento do STF é o de que é possível ao Poder Judiciário, 
excepcionalmente, determinar a implementação de políticas públicas. 
Isso ocorrerá quando os órgãos estatais competentes deixarem de 
cumprir os deveres impostos pela Constituição Federal, comprometendo, 
com essa inércia, a concretização dos direitos sociais. 
Item certo. 
37) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A educação infantil, por 
qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se 
expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente 
discricionárias da administração pública, nem se subordina a razões 
de puro pragmatismo governamental. 
Segundo o STF, a educação infantil representa prerrogativa 
constitucional indisponível deferida às crianças. Assim, assegura-se a 
elas, como primeira etapa do processo de educação básica, o 
atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). 
Reserva do 
financeiramente 
possível 
Poder Judiciário e 
políticas públicas 
O Estado está obrigado a concretizar os direitos 
sociais, mas de forma gradual, na medida do 
financeiramente possível 
Excepcionalmente, pode o Poder Judiciário 
determinar a implementação de políticas públicas 
Normas constitucionais e infraconstitucionais não 
podem retroceder em se tratando de direitos sociais 
já concretizados 
Vedação ao 
retrocesso 
 
Essa prerrogativa jurídica, em conseqüência, impõe, ao Estado, por 
efeito da alta significação social de que se reveste a educação infantil, a 
obrigação constitucional de criar condições objetivas que 
possibilitem, de maneira concreta, em favor das “crianças até 5 (cinco) 
anos de idade” (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em 
creches e unidades de pré-escola. 
Ainda segundo o Supremo, por qualificar-se como direito fundamental de 
toda criança, a educação infantil não se expõe, em seu processo de 
concretização, a avaliações meramente discricionárias da 
Administração Pública, nem se subordina a razões de puro 
pragmatismo governamental (AI 677.274/SP, DJ 01/10/2008, 
Informativo 520). 
Item certo. 
38) (CESPE/PROCESSO SELETIVO/MS/2008) O direito à saúde, além 
de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as 
pessoas, representa conseqüência constitucional indissociável do 
direito à vida. O poder público, qualquer que seja a esfera 
institucional de sua atuação no plano da organização federativa 
brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da 
população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, 
em grave comportamento inconstitucional. 
Trata-se de entendimento do STF relacionado à obrigação dos diferentes 
entes federados no tocante à efetivação de políticas que concretizem o 
direito social (de segunda dimensão) à saúde, sob pena de incorrerem 
em inconstitucionalidade. 
Item certo. 
39) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O 
cerceamento à liberdade de expressão é uma clara afronta aos 
direitos sociais capitulados na CF. 
Na verdade a inviolabilidade da liberdade de expressão assegura ao 
indivíduo um não-fazer porparte do Estado. Ou seja, trata-se de uma 
liberdade negativa do indivíduo, que o protege frente ao Estado. 
Nesse sentido, não afronta os direitos sociais, mas os direitos 
individuais. 
Item errado. 
40) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os 
direitos sociais são exemplos de liberdades negativas. 
Os direitos sociais relacionam-se a uma atuação positiva do Estado. 
Assim, errada a assertiva. 
As liberdades negativas estão ligadas a uma necessidade de abstenção 
estatal e constituem direitos de primeira geraão. 
 
Item errado. 
 
2.4 – Enumeração dos direitos sociais dos trabalhadores 
Além dos direitos sociais genéricos explicitados no art. 6° da Constituição 
(já apresentados aqui), a Constituição enumera outros direitos, do art. 7° 
ao art. 11. 
Cabe mencionar que os direitos sociais constituem normas de ordem 
pública, caracterizadas pela imperatividade e não podem ser afastadas 
por vontade das partes. 
Significa dizer que o trabalhador não poderá, por exemplo, renunciar às 
férias anuais ao assinar um contrato de trabalho. Aliás, se isso fosse 
permitido, haveria um tremendo retrocesso na efetividade dos direitos 
sociais, uma vez que, geralmente, o trabalhador encontra-se em posição 
de inferioridade na relação trabalhista (especialmente quando a 
quantidade de trabalhadores disponíveis supera a quantidade de vagas 
de empregos). 
De qualquer forma, há diversos direitos previstos no art. 7° da CF/88 que 
podem ser parcialmente afastados não pela vontade das partes 
contratantes mas por convenção coletiva, como veremos a seguir. 
Segundo o art. 7° da CF/88: 
“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem 
justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim; 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou 
acordo coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que 
percebem remuneração variável; 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no 
valor da aposentadoria; 
 
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção 
dolosa; 
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da 
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, 
conforme definido em lei; 
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de 
baixa renda nos termos da lei; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a 
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 
cinqüenta por cento à do normal; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a 
mais do que o salário normal; 
 XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei; 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo 
de trinta dias, nos termos da lei; 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, 
insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
XXIV - aposentadoria; 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o 
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de 
trabalho; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em 
dolo ou culpa; 
 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de 
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores 
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de 
trabalho; 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de 
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e 
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual 
ou entre os profissionais respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis 
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo 
empregatício permanente e o trabalhador avulso. 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, 
XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.” 
Fique atento aos destaques de azul e vermelho, pois são frequentemente 
cobrados em concursos. 
É importante ainda saber que os empregados domésticos têm direito ao 
salário mínimo; ao décimo terceiro; ao repouso semanal remunerado; às 
férias anuais remuneradas; à licença à gestante; ao aviso prévio; à 
aposentadoria e à integração à previdência social. 
 
2.5 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores 
Passamos a abordar os principais aspectos concernentes aos direitos 
sociais enumerados entre os arts. 8° e 11. 
A Constituição garante a liberdade de criação de sindicatos, vedando a 
criação de mais de uma organização sindical representativa na 
mesma base territorial. A definição dessa base compete aos 
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior 
à área de um Município (CF, art. 8º, II). 
Ou seja, dentro daquela base territorial só poderá atuar um sindicato. 
Bem, e constatado conflito de representação, no caso da criação 
indevida de mais de uma entidade sindical na mesma base territorial? 
Quem representaria a categoria? O maior? O mais antigo? 
Segundo o STF, esse conflito será resolvido com base no princípio da 
anterioridade sindical. Assim, a representação da categoria caberá à 
entidade que obteve o registro sindical em primeiro lugar, 
independentemente do número de sindicalizados. 
 
A assembléia geral fixará a contribuição confederativa, que não terá 
natureza de tributo e será devida apenas aos empregados 
sindicalizados (CF, art. 8°, IV). 
Essa contribuição não se confunde com aquela prevista em lei, essa 
sim com natureza tributária e obrigatória para todos os empregados, 
sindicalizados ou não. 
Portanto, objetivamente: são duas contribuições diferentes. 
- Contribuição confederativa: fixada em assembléia geral e devida 
apenas para os sindicalizados; e 
- Contribuição sindical: fixada em lei e devida paratodos os 
trabalhadores (filiados ou não). 
Um aspecto importante: a liberdade sindical inclui a liberdade de não se 
filiar (CF, art. 8°, V), bem como (i) a vedação à interferência estatal e 
(ii) a não exigência de autorização do Estado para a fundação de 
sindicato. Ressalva-se, entretanto, a necessidade de registro no órgão 
competente. 
Ademais, a Constituição garante a participação dos sindicatos nas 
negociações coletivas de trabalho (CF, art. 8°, IV). 
Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas (CF, art. 8°, III). 
Sobre isso há relevante jurisprudência. O STF firmou o entendimento 
segundo o qual o sindicato tem legitimidade para atuar como substituto 
processual na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais 
homogêneos da categoria que representa. Assim, não há necessidade 
de expressa autorização dos sindicalizados (RE 555.720-AgR, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, 30-9-2008). 
É importante frisar que o aposentado filiado tem direito a votar e ser 
votado nas organizações sindicais (CF, art. 8°, VII). 
É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da 
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, 
ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se 
cometer falta grave nos termos da lei (CF, art. 8°, VIII). 
É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir 
sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por 
meio dele defender. Mas a lei definirá os serviços ou atividades 
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis 
da comunidade, sujeitando os responsáveis por os abusos cometidos às 
penas da lei (CF, art. 9°). 
Além disso, é assegurada a participação dos trabalhadores e 
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus 
 
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e 
deliberação (CF, art. 10°). 
Por fim, nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada 
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de 
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores (CF, art. 11). 
Vamos resolver algumas questões sobre os direitos sociais. 
41) (CESPE/TECNICO/TRE/ES/2011) Os direitos sociais previstos na 
Constituição Federal advêm de normas de ordem pública, que não 
se revestem de imperatividade, podendo ser alteradas pela vontade 
das partes integrantes da relação trabalhista. 
Os direitos sociais não podem se afastados por mera vontade dos 
contratantes. Trata-se de direitos de natureza imperativa, inviolável por 
vontade das partes contraentes da relação trabalhista (Alexandre de 
Moraes). 
Item errado. 
42) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) De acordo com o posicionamento 
majoritário na doutrina, os direitos sociais integram os denominados 
direitos fundamentais de segunda geração. 
Como vimos, os direitos sociais integram a segunda dimensão (ou 
geração) dos direitos fundamentais, que caracterizam por exigir do 
Estado prestações positivas em respeito ao princípio da igualdade. 
Item certo. 
43) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) É direito social dos 
trabalhadores urbanos e rurais a jornada de sete horas para o 
trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo 
negociação coletiva. 
Atenção! As questões que versam sobre direitos sociais, geralmente, se 
limitam a cobrar o conhecimento da literalidade dos incisos do art. 7° da 
CF/88. Portanto, vale a pena conhecer esse artigo. 
De acordo com o art. 7°, XIV: 
Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
(...) 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
Item errado. 
(CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) No tocante 
aos direitos e às garantias fundamentais previstos na CF, julgue os itens 
a seguir. 
 
44) (CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) A 
contribuição sindical definida em lei é obrigatória, mesmo para os 
profissionais liberais que não sejam filiados a sindicato. 
Segundo o inciso IV, a assembléia geral fixará a contribuição que, em 
se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para 
custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, 
independentemente da contribuição prevista em lei. 
A partir desse inciso podemos concluir que são duas as contribuições: (i) 
uma fixada em assembléia geral e (ii) outra fixada por lei. 
O importante é você saber que apenas essa última (fixada em lei) é 
compulsória para todos (filiados ou não) e tem natureza de tributo. A 
primeira seria devida apenas para aqueles trabalhadores filiados. 
A questão trata da contribuição fixada por lei e está correta. Esta tem 
natureza de tributo, sendo compulsória mesmo para os profissionais 
liberais não filiados. 
Item certo. 
45) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/MT/2010) Pelo princípio da 
irredutibilidade salarial, a CF veda a redução de salários, mesmo 
que por decisão judicial, convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
A Constituição assegura a garantia de irredutibilidade de salários, salvo o 
disposto em convenção ou acordo coletivo (CF, art. 7°, VI). 
Item errado. 
46) (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Ao sindicato cabe a defesa 
dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, até 
mesmo em questões judiciais ou administrativas, sendo permitida a 
criação, na mesma base territorial, de mais de uma organização 
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional 
ou econômica, as quais serão definidas pelos trabalhadores ou 
empregadores interessados. 
De fato, ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos 
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas (CF, art. 8°, III). 
Entretanto, a assertiva está incorreta, pois é vedada a criação de mais de 
uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida 
pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser 
inferior à área de um Município (CF, art. 8°, II). 
Item errado. 
47) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/RR/2010) Nas 
empresas com mais de duzentos empregados, é assegurada a 
eleição de um representante dos empregados com a finalidade 
 
exclusiva de promover o entendimento direto entre eles e os 
empregadores. 
Nos termos do art. 11 da CF/88, nas empresas de mais de duzentos 
empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a 
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os 
empregadores. 
Item certo. 
48) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/RR/2010) Tanto o 
trabalhador urbano quanto o trabalhador rural têm direito a 
assistência gratuita para seus filhos e dependentes, em creches e 
pré-escolas até determinada idade. 
No âmbito dos direitos sociais, a Constituição de 1988 equiparou 
trabalhadores urbanos e rurais. Nesse sentido, a eles é assegurado o 
direito à assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o 
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas (CF, 
art. 7°, XXV). 
Item certo. 
49) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) 
Os sindicatos não têm legitimidade processual para atuar na defesa 
de direitos individuais da categoria que representem, mas são parte 
legítima para defender direitos e interesses coletivos, tanto na via 
judicial quanto na administrativa. 
Os sindicatos têm legitimidade para defender os direitos e interesses 
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas (CF, art. 8°, III). 
Itemerrado. 
50) (CESPE/ADVOGADO/SEAD/CEHAP/PB/2008) Há 60 anos, no dia 
10/12/1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi 
assinada pela 3.ª Assembleia Geral da Organização das Nações 
Unidas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos nasceu como 
um estandarte comum a ser alcançado por todos os povos e nações 
e em um mundo que ainda trazia as marcas da destruição e das 
violações a direitos humanos perpetradas durante a Segunda 
Guerra. Base do que se tornaria a legislação internacional sobre 
direitos e liberdades fundamentais, foi a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos que primeiro reconheceu o que hoje se tornou 
valor comum. Direitos humanos são direitos a todos e concernem a 
toda comunidade internacional. Ministro Gilmar Mendes, Presidente 
do Supremo Tribunal Federal, sessão plenária de 10/12/2008 do 
STF. Internet: <www.stf.jus.br/portal> (com adaptações). 
Com referência ao tema acima tratado, assinale a opção correta. 
 
a) A evolução cronológica do reconhecimento dos direitos 
fundamentais pelas sociedades modernas é comumente 
apresentada em gerações. Nessa evolução, o direito à moradia está 
inserido nos direitos fundamentais de terceira geração, que são os 
direitos econômicos, sociais e culturais, surgidos no início do século 
XX. 
b) Apesar de ser um direito social reconhecido, o direito à moradia 
não encontra previsão expressa no taxativo rol que enumera os 
direitos sociais protegidos pela Constituição Federal de 1988 (CF). 
c) A implementação de políticas públicas que objetivem concretizar 
os direitos sociais, pelo poder público, encontra limites que 
compreendem, de um lado, a razoabilidade da pretensão 
individual/social deduzida em face do poder público e, de outro, a 
existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar 
efetivas as prestações positivas dele reclamadas. 
d) A CF prevê que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. Com amparo nesse 
dispositivo, o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou a 
inconstitucionalidade e retirou do ordenamento jurídico lei que fixa o 
salário mínimo em valor inferior ao necessário para atender às 
necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família 
(moradia, alimentação, educação, transporte, saúde, vestuário, 
lazer, higiene, transporte e previdência social). 
A alternativa “a” está errada, pois os direitos sociais e econômicos, como 
o de moradia, são de segunda dimensão. 
A alternativa “b” está errada, pois o direito à moradia encontra-se 
expresso no art. 6° da CF/88. 
A alternativa “c” está certa. Trata-se do princípio da reserva do 
financeiramente possível. O Poder Público está obrigado a 
implementar as políticas públicas que levem à concretização dos direitos 
sociais previstos na Constituição. Entretanto, essa atuação limita-se ao 
financeiramente possível. Assim, a concretização de determinado direito 
social encontra limites não só na razoabilidade da pretensão deduzida 
em face do Poder Público como também na existência de disponibilidade 
financeira do Estado. 
A alternativa “d” está errada, devido à reserva do financeiramente 
possível. Por isso, tem se admitido a fixação do valor do salário-mínimo 
em patamar inferior àquele esperado para a satisfação das necessidades 
vitais do trabalhador (moradia, alimentação, educação, transporte, saúde, 
vestuário, lazer, higiene, transporte e previdência social). Afinal, você 
acha que um trabalhador que sustenta sua família com um salário 
mínimo tem satisfeitas todas as suas necessidades vitais? Até lazer (indo 
num show do Chico Buarque ou levando seus 4 filhos ao cinema)!?... 
 
Gabarito: “c” 
51) (CESPE/AUXILIAR DE TRÂNSITO/SEPLAG/DETRAN/DF/2008) O 
lazer é um direito social garantido pela CF. 
Na enumeração do art. 6° da CF/88 está expresso o lazer como um dos 
direitos sociais (CF, art. 6º). 
Item certo. 
52) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA 
ADMINISTRATIVA/TRE/MG/2008) Não constitui direito social dos 
trabalhadores urbanos e rurais 
a) a garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que 
percebem remuneração variável. 
b) o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
excluindo-se a indenização a que este está obrigado, quando 
incorrer em dolo ou culpa. 
c) a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou 
acordo coletivo. 
d) a assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o 
nascimento até cinco anos de idade, em creches e pré-escolas. 
e) a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo 
empregatício permanente e o trabalhador avulso. 
As alternativas apresentam direitos sociais dos trabalhadores urbanos e 
rurais previstos no art. 7° da CF/88. Dentre elas, a única que apresenta 
erro é a “b”, haja vista que o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo 
do empregador, não exclui a indenização a que este está obrigado, 
quando incorrer em dolo ou culpa (CF, art. 7º, XVIII). 
Gabarito: “b” 
53) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/MDS/2008) A CF 
estabelece a legitimidade dos sindicatos para defender em juízo os 
direitos e interesses coletivos dos integrantes da categoria que 
representam. Caso se trate de direitos individuais, o sindicato não 
terá legitimidade para defendê-los em juízo. 
Nos termos do art. 8°, III da CF/88, compete aos sindicatos a defesa dos 
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em 
questões judiciais ou administrativas. 
Item errado. 
54) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) É constitucional o decreto 
editado por chefe do Poder Executivo de unidade da Federação que 
determine a exoneração imediata de servidor público em estágio 
probatório, caso fique comprovada a participação deste na 
paralisação do serviço, a título de greve. 
 
Essa questão versa sobre recente jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, relacionada ao direito de greve dos servidores públicos. É um 
tema mais relacionado com o assunto “Administração Pública”, mas não 
custa tratá-lo aqui. O STF considerou inconstitucional decreto estadual 
por violar a Constituição Federal, na medida em que considerava o 
exercício não abusivo do direito constitucional de greve como fato 
desabonador da conduta do servidor público. No caso, se determinava 
imediata exoneração de servidor público em estágio probatório, caso 
fosse confirmada sua participação em paralisação do serviço a título de 
greve. 
Levantou-se ofensa ao direito de greve dos servidores públicos e das 
garantias do contraditório e da ampla defesa (ADI 3.235/AL, Informativos 
573 e 578, DJ 12/03/2010). 
Item errado. 
55) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 1ª 
REGIÃO/2008) Em relação aos direitos dos trabalhadores urbanos e 
rurais, assinale a opção correta. 
a) O trabalho insalubre em minas de carvão ou na operação de 
máquinas que possam causar mutilação só é permitido a partir dos 
18 anos de idade. 
b) Considere a seguinte situação hipotética. João foi demitido da 
fazenda onde trabalhava como ordenhador de ovelhas em 
21/5/2002. Em 13/5/2005, propôs reclamação trabalhista para cobrar 
verbas rescisórias a que tinha direito. O juiz do trabalho afastou a 
alegação de prescrição apresentada em contestação, sob o 
fundamento de que os créditos trabalhistas prescrevem em cinco 
anos. Nessa situação, o juiz do trabalho agiu corretamente. 
c) De acordo com o princípio que manda tratar igualmente os iguais 
e desigualmente os desiguais, os trabalhadores avulsos devem ser 
tratados distintamente daqueles que têm vínculo empregatício 
permanente. 
d) É inconstitucional regra interna de uma empresa que concede 
licença gestante de 180 dias às suas empregadas, visto que, de 
acordo com a CF, a licença tem duração de 120 dias. 
e) A regra interna de uma empresa que concede remuneração de 
serviço extraordinário de 60% a mais em relação

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