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TJBA DIREITO DO CONSUMIDOR

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1 
 
 
INTENSIVO TJBA 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
Sumário 
1. Contextualizando o CDC .......................................................................................................2 
2. Características do CDC ..........................................................................................................3 
3. Princípios do CDC .................................................................................................................4 
4. Relação jurídica de consumo ..............................................................................................13 
5. Responsabilidade civil nas relações de consumo ...............................................................18 
6. Danos morais nas relações de consumo .............................................................................25 
7. Desconsideração da personalidade jurídica .......................................................................34 
8. Práticas comerciais .............................................................................................................37 
9. Banco de dados e cadastro de consumidores ....................................................................45 
10. Sanções administrativas ...................................................................................................58 
11. Defesa do consumidor em juízo .......................................................................................61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
Aula 01. Contextualizando o CDC. Característica do CDC. Princípios do CDC. 
1. Contextualizando o CDC 
I. Microssistema legislativo 
O CDC é um microssistema legislativo. 
Dentro do diploma do CDC, existem disciplinas jurídicas que vão abranger matérias de direito 
civil, penal, administrativo, processo civil, entre outras. 
É possível considerá-lo microssistema jurídico? 
SIM. 
O CDC é um dos primeiros diplomas que têm o foco no problema, como o ECA, Estatuto do Idoso 
etc. Mais do que diante de um microssistema legislativo, há um microssistema jurídico. 
II. Normas de “ordem pública e de interesse social” 
Art. 1º do CDC. O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de 
ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da CF e art. 48 de 
suas Disposições Transitórias. 
Normas de ordem pública e de interesse social: normas cogentes, obrigatórias, que não admitem 
renúncia, de forma que o juiz está autorizado a conhecer dessas normas independentemente de 
provocação das partes. São impostas pelo Estado → heteronomia. 
a) Autonomia e heteronomia 
• Autonomia: é a norma que “eu” crio. É a vontade que cria a norma. 
• Heteronomia: é a norma criada por outrem. É a vontade do outro que cria a norma. 
O direito consumerista, implica nova compreensão da autonomia da vontade, em especial no 
tocante ao contrato. 
O conteúdo dos contratos não pode mais corresponder simplesmente à vontade das partes, 
qualquer que seja essa vontade. 
É preciso que o contrato observe padrões mínimos, observe a boa-fé objetiva, a necessidade de 
equilíbrio material, a vedação do abuso de direito etc. 
Exemplo: 
STJ, Súmula 302: é abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a 
internação hospitalar do segurado. 
Tal cláusula viola a boa-fé objetiva e o equilíbrio contratual, gerando abuso do direito de 
contratar, do conteúdo do contrato. 
 
 
3 
 
Dessa forma, fica relativizada a autonomia da vontade, devendo ser imposta a norma por 
outrem: heteronomia. 
III. O CDC como uma “lei de função social” 
Alguns autores entendem que o CDC é uma lei de função social: não pode sofrer ab-rogações 
ou derrogações, por outros diplomas legais de igual hierarquia, em detrimento dos direitos do 
consumidor. 
Fundamento: apesar de o CDC ser lei ordinária, tal Diploma concretiza, no plano 
infraconstitucional, vontade explicitada pelo constituinte. A redução da proteção ao consumidor pelo 
CDC violaria a CF. 
IV. Fundamento constitucional do CDC 
Em relação ao consumidor, serão encontradas 3 menções na CF. 
Art. 5º, XXXII. O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. ➔ ordem para 
que seja elaborado o CDC. 
Art. 170, V, CF ➔ a defesa do consumidor é um dos princípios da ordem econômica. 
Art. 48 do ADCT. O CN, dentro de 120 dias da promulgação da Constituição, elaborará código 
de defesa do consumidor. 
 
2. Características do CDC 
I. Normas principiológicas 
O CDC é composto por normas principiológicas: normas que vinculam valores ou fins que 
devem ser alcançados. 
Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia 
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização 
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de 
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição 
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; 
Veja o exemplo do inciso III. 
A norma quer proteger o consumidor, mas também compatibilizar os interesses dos 
participantes da relação de consumo. Há aqui um valor trazido. 
Grande vantagem das normas principiológicas: não exigem constantes alterações. A sociedade 
evolui e o direito, dado o grau de abstração da norma, consegue acompanhar essa evolução sem 
necessidade de alteração legislativa. Maior relevância do trabalho do intérprete. Maior necessidade 
de fundamentação. 
II. Diálogo das fontes 
 
 
4 
 
Cláudia Lima Marques. Para resolver conflitos, normas variadas dialogarão buscando o melhor 
resultado conforme o anseio constitucional. 
Doutrina: o CDC é explícito em adotar o diálogo das fontes. Art. 7º. Os direitos previstos no 
CDC não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja 
signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades 
administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, 
costumes e equidade. 
 
3. Princípios do CDC 
I. Princípio da vulnerabilidade do consumidor 
A vulnerabilidade do consumidor fundamenta todo o sistema de consumo. É em razão dela que 
surgiu o CDC. 
Distinção entre vulnerabilidade e hipossuficiência: 
• Hipossuficiência: 
Tem caráter processual, sendo analisada no caso concreto pelo magistrado. No caso da 
existência hipossuficiência, o juiz deverá inverter o ônus da prova. 
• Vulnerabilidade: 
Tem caráter material, surgindo uma presunção absoluta de que o consumidor é vulnerável. Todo 
o consumidor é vulnerável. 
A Política Nacional das Relações de Consumo está fundada no reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo (art. 4º, I, CDC). 
II. Princípio da transparência 
A Política Nacional das Relações de Consumo busca, dentre outros objetivos, assegurar a 
transparência das relações de consumo, conforme o art. 4º, caput, CDC. 
STJ: o direito à informação, abrigado expressamente pela CF, é uma das formas de expressão 
do princípio da transparência, em especial no direito do consumidor. 
Ex.: a transparência veda que o fornecedor se valha de cláusulas dúbias e contraditórias para 
excluir direitos do consumidor. 
Com relação a isso, há o emblemático caso do “credit scoring”, decidido pelo STJ.“Credit scoring”: cálculo de risco de crédito, que é feito pela empresa. 
Alguém busca comprar algo a crédito e a empresa faz o credit scoring, que é o cálculo de risco. 
As empresas verificam, por meio de um mecanismo de pontuação, a probabilidade de 
inadimplência daquele consumidor. 
STJ: as empresas não precisam do consentimento prévio do consumidor para formar esse 
cadastro. É válido o credit scoring. 
 
 
5 
 
O consumidor não pode impedir que haja o cálculo e o cadastro de sua pontuação, mas poderá 
requerer da empresa que lhe informe quais os dados e critérios que foram utilizados para compor o 
cálculo de sua pontuação. 
Súmula 550-STJ: A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco 
que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de 
solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados 
considerados no respectivo cálculo. 
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015. 
III. Princípio da informação 
Está ligado ao princípio da transparência. 
Biparte-se nos seguintes direitos: 
• Direito do consumidor de ser informado 
• Dever do fornecedor de informar 
Art. 6º, III, CDC. O consumidor tem o direito básico à informação adequada e clara sobre os 
diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, 
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. 
STJ: informação adequada é informação completa, gratuita e útil. 
“Útil”: STJ veda que haja a diluição da comunicação efetivamente relevante pelo uso de 
informações soltas, destituídas de qualquer relevância e serventia para o consumidor. 
Fundamento: em contrato em que o fornecedor traz diversas informações inúteis junto de 
informações úteis, o consumidor pode ser prejudicado pela não leitura integral do documento. 
A obrigação de informação é desdobrada em 4 categorias: 
• Informação-conteúdo: características intrínsecas do produto e do serviço. 
• Informação-utilização: como deve ser utilizado o produto ou serviço. 
• Informação-preço: custos, formas e condições de pagamento. 
• Informação-advertência: riscos do produto ou do serviço. 
IV. Princípio da segurança 
Art. 6º, I, do CDC. É direito básico do consumidor a proteção da vida, saúde e segurança contra 
os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos 
ou nocivos. 
Art. 8º. Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à 
saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência 
de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações 
necessárias e adequadas a seu respeito. 
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se 
refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. (Redação 
dada pela Lei nº 13.486, de 2017) 
 
 
6 
 
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento 
de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva 
e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação. (Incluído pela Lei nº 13.486, de 2017) 
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que 
sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou alto grau de periculosidade à saúde ou 
segurança. 
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de 
consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato 
imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. 
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, 
rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. 
Ainda que o consumidor não leve o produto ao fornecedor para conserto, caso haja acidente 
de consumo, o fornecedor continuará responsável pelo bem e deverá indenizar o consumidor. 
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou 
segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-
los a respeito. 
V. Princípio do equilíbrio nas prestações 
Art. 4º, III. Equilíbrio nas prestações entre consumidores e fornecedores. Vedação ao 
enriquecimento sem causa. 
Art. 51, IV. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais que estabeleçam 
obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem 
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; 
Isso não autoriza a colocar o consumidor em vantagem exagerada. 
É abusiva a cláusula que estipula penalidade exclusivamente ao consumidor, sem que haja 
penalidade pelo descumprimento ocasionado por parte do fornecedor. 
O equilíbrio das prestações acaba por relativizar o princípio do pacta sunt servanda. 
STJ: Cláusula de seguro de saúde que restringe o transplante de órgãos é abusiva, visto que 
acarreta desvantagem exagerada ao consumidor. 
Fundamento: se o plano diz que será tratada certa doença e o sujeito faz o plano justamente 
porque terá coberta a doença, não é razoável que o plano não cubra o transplante de órgão necessário 
para o tratamento daquela doença. Aqui evidencia-se a desvantagem exagerada ao consumidor. 
CDC, art. 6º, V. É direito básico do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais ou a revisão das cláusulas em razão de fatos 
supervenientes que tornem aquelas obrigações excessivamente onerosas. 
Para a revisão do contrato na relação de consumo, não é preciso que o fato seja imprevisível. O 
CDC não adota a teoria da imprevisão. O CDC adotou a teoria do rompimento da base objetiva do 
negócio. 
 
 
7 
 
Em relação ao princípio da equivalência, STJ: o aumento da idade do segurado justifica a maior 
necessidade de assistência médica e por isso justifica o aumento da mensalidade do plano ou do 
seguro de saúde. 
Equilíbrio! 
VI. Princípio da reparação integral 
É necessário reparar o dano experimentado pelo consumidor de maneira integral. 
Art. 6º, VI. O consumidor tem o direito básico à efetiva prevenção e reparação de danos 
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. 
Doutrina: a reparação integral deve ser interpretada em sentido amplo, abrangendo a prevenção 
da ocorrência do dano. 
Exemplo de aplicação do princípio da reparação integral: 
Caso das seguradoras que, no contrato de adesão, inseriam a cláusula de que o seguro cobriria 
danos pessoais. 
A seguradora se negava a pagar indenização por danos morais, dizendo que o seguro apenas 
cobria danos pessoais, que, para as seguradoras, seriam apenas os danos materiais. 
STJ, Súmula 402. O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo 
cláusula expressa de exclusão. 
ATENÇÃO 
1. Recurso extraordinário com repercussão geral. 
2. Extravio de bagagem. Dano material. Limitação. Antinomia. Convenção de Varsóvia. 
Código de Defesa do Consumidor. 
3. Julgamento de mérito. É aplicável o limite indenizatório estabelecido na Convenção de 
Varsóvia e demais acordos internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às condenações por dano 
material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais. 
5. Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: 
"Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais 
limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,especialmente as 
Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do 
Consumidor". 
RE 636331 / RJ. Rel. Min. GILMAR MENDES. 
Julgamento: 25/05/2017 
Exceção à reparação integral à luz do CDC: possibilidade de limitação da indenização quando o 
consumidor for pessoa jurídica. 
Art. 51, I, do CDC. ... Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa 
jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis. 
VII. Princípio da solidariedade (responsabilidade solidária) 
Diz respeito à responsabilidade sobre vícios ou fatos relativos a produtos ou serviços. 
 
 
8 
 
O consumidor poderá exigir o seu direito à reparação contra todos aqueles fornecedores, ou 
contra apenas um deles, conforme preferir → solidariedade. 
Art. 7º, parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente 
pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
Art. 25, §1º. Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão 
solidariamente pela reparação. 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados 
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor. 
STJ: empresas de plano de saúde respondem solidariamente por dano causado por médico ou 
hospital que foi por ela credenciado. 
É necessário que o consumidor tenha ido no hospital credenciado. 
Não se confunde com os chamados “seguros-saúde”, em que a pessoa escolhe o médico e o 
hospital, sendo depois ressarcida. 
STJ: não há a responsabilidade da seguradora pela má-prestação do serviço. 
No tocante à responsabilidade, se houver um anúncio falso publicado na internet que cause 
ofensa e gere danos à outra pessoa, neste caso, todos responderão solidariamente pelos danos 
sofridos por aquela pessoa. 
Ou seja, a empresa proprietária do site, a empresa de propaganda responsável pelo anúncio, o 
portal que hospeda o site etc. 
STJ: no tocante a provedor de conteúdo de internet, ele não responderá objetivamente pelo 
conteúdo inserido pelo usuário. 
Fundamento: há aqui a liberdade de expressão e o provedor não poderá fazer censura prévia da 
publicãção. Por outro lado, quando o provedor da internet é comunicado do conteúdo inadequado 
(moralmente ofensivo), terá obrigação de retirá-lo imediatamente. Caso não retire após a 
cientificação, passará, então, o provedor a responder solidariamente. 
VIII. Princípio da interpretação mais favorável ao consumidor 
Em caso de cláusula dúbia, que acabe violando a transparência e o direito de informação do 
consumidor, será adotado o princípio da interpretação mais favorável ao consumidor. 
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor. 
A interpretação contra o estipulante também é prevista pelo Código Civil. Perceba: o CDC vai 
dialogar com o CC. 
Art. 423 CC. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
Consumidor que celebra contrato de adesão deverá também se valer do Código Civil. 
STJ: se em um seguro de veículo as cláusulas contratuais aludem a conceitos de direito penal, 
como furto e roubo, há de se considerar também a figura da extorsão. 
 
 
9 
 
Fundamento: a distinção rígida entre roubo, furto e extorsão escapa à compreensão do homem-
médio. 
Com o mesmo fundamento: 
STJ: quando a cláusula do contrato de seguro diz que está coberto o evento de furto 
qualificado, a seguradora não pode se negar a cobrir o evento se o que ocorreu foi furto simples. 
IX. Princípio da boa-fé objetiva 
A boa-fé objetiva é um dever imposto a qualquer uma das partes que estiver nos polos da 
relação negocial. 
É o dever de o sujeito agir com lealdade, cooperação, não adotar condutas que quebrem uma 
legítima expectativa gerada na outra parte. 
A boa-fé objetiva é criadora de deveres anexos: dever de adotar comportamentos conforme 
aquilo que é legitimamente esperado. 
Jurisprudência: a suspensão do atendimento do plano de saúde em razão de simples atraso 
na prestação mensal, principalmente se já tiver ocorrido o pagamento da prestação atrasa, viola a 
boa-fé objetiva, gerando abuso do direito. 
Fundamento: se a operadora de plano de saúde permite que o sujeito pague com atraso, não é 
possível dizer que o plano não vigora mais. 
Princípio da boa-fé objetiva exprime 3 funções: 
• Função interpretativa: 
O juiz deve prestigiar, diante de convenções e contratos, a teoria da confiança: as partes agem 
com lealdade na busca do adimplemento contratual. 
As cláusulas contratuais devem ser interpretadas de modo a desconsiderar a malícia da parte 
que se vale de evasivas para criar convenções duvidosas e obter vantagens incomuns. 
O juiz deve interpretar as cláusulas lacunosas ou imprecisas da forma que, normalmente, os 
indivíduos as interpretam. 
• Função de controle: 
Visa evitar o abuso do direito subjetivo, limitando condutas e práticas comerciais abusivas. A 
frustração da confiança criada em outrem é ato abusivo e, portanto, ilícito. Art. 187 do CC. 
• Função integrativa: 
Insere deveres anexos, cuja violação é chamada de “violação positiva do contrato” (ou 
“adimplemento ruim”), são eles: 
a) Dever anexo de informação 
b) Dever anexo de cooperação: o fornecedor deverá cooperar para que o consumidor possa 
alcançar suas expectativas, facilitando os meios para que o mesmo possa adimplir o contrato. 
c) Dever anexo de proteção: o fornecedor deve preservar a integridade pessoal e patrimonial 
do consumidor que, quando violados, geram danos materiais e morais. 
 
 
10 
 
Ex.: quando o fornecedor disponibiliza estacionamento para os veículos dos clientes, assume o 
dever, derivado do princípio da boa-fé objetiva, de proteger os bens e a pessoa do usuário. 
X. Princípio da reparação objetiva 
A responsabilidade civil por danos causados ao consumidor é objetiva. 
Art. 14 do CDC. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
O princípio da reparação objetiva não tem caráter absoluto. 
Art. 14, em seu §4º, traz exceção → a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa. 
Responsabilidade subjetiva do profissional liberal. 
CDC fala ainda que as sociedades coligadas responderão por culpa, mas verificaremos mais à 
frente. 
XI. Princípio do adimplemento substancial 
Não está explícito no CDC. 
A teoria, denominada de “substancial performance”, vai impedir que haja a resolução de um 
negócio em que já houve o adimplemento substancial das prestações. Em outras palavras, se a parte 
inadimplida é mínima, preserva-se o negócio jurídico. 
O STJ tem decisão adotando a teoria do adimplemento substancial. STJ: 
Essa teoria visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução do contrato por parte do 
credor, com base no princípio da preservação do contrato e no da boa-fé. 
XII. Princípio do venire contra factum proprium 
Não há disposição explícita no CDC. 
É a vedação da adoção de um comportamento contraditório, abrupto, que viole a boa-fé 
objetiva. 
Ex.: caso do sujeito que teve uma cirrose provocada por vírus C. 
Ele adquiriu essa doença muito tempo depois da assinatura do contrato de seguro-saúde. Era 
uma doença desconhecida do autor. Em outras oportunidades anteriores, o sujeito buscou tratamento 
para outras doençase recebeu o reembolso pelo seguro-saúde. No entanto, mais tarde, foi tratar da 
cirrose pelo vírus C. Efetuou o pagamento do tratamento, mas quando foi pedir o reembolso para o 
seguro-saúde, lhe foi negado o ressarcimento. 
Neste caso, o STJ entendeu que haveria venire contra factum proprium, não sendo permitido 
a adoção desse comportamento contraditório. 
Anderson Schreiber: para o venire contra factum proprium ficar caracterizado, é preciso que 
haja o preenchimento de 4 requisitos: 
• Conduta inicial (factum proprium) 
 
 
11 
 
• Haja uma legítima confiança no outro objetivamente criada (espera-se o 
comportamento mais lógico) 
• Comportamento contraditório ao sentido objetivo; 
• Ocorrência de dano sofrido pela parte ou potencial de dano. 
XIII. Princípio da conservação do contrato 
CDC, art. 51, §2º. A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, 
exceto quando da ausência dessa cláusula, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus 
excessivo a qualquer das partes. 
CC, art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico 
não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; 
XIV. Princípio da modificação das prestações desproporcionais 
Subprincípio do princípio da equivalência das prestações. 
Dentre os direitos básicos do consumidor, está a modificação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as 
tornem excessivamente onerosas. Teoria do rompimento da base objetiva. 
CC: adoção da teoria francesa da imprevisão, conforme art. 478. 
XV. Princípio da equidade 
A equidade, no sentido aristotélico, é a justiça do caso concreto. 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações incompatíveis com a boa-fé ou 
com a equidade. 
STJ: 
São nulas as cláusulas contratuais que impõem ao consumidor uma responsabilidade 
absoluta por compras realizadas por cartão de crédito furtado até o momento em que esse 
consumidor comunica o furto à operadora ou ao banco. 
Quando há uma previsão contratual nesse sentido, coloca-se o consumidor em desvantagem 
exagerada, violando-se a equidade. 
Fundamento: são as administradoras de cartão de crédito e os vendedores que devem apurar 
a regularidade no uso dos cartões, pedindo identidade para verificar quem é o dono do cartão. Dessa 
forma, não se pode penalizar o consumidor. 
NCPC prevê que o juiz somente pode decidir por equidade nos casos previstos em lei. A 
previsão da equidade encontra-se no art. 51 do CDC. 
XVI. Princípio da harmonia nas relações de consumo 
O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor não pode implicar tratamento hostil ao 
fornecedor. 
Princípio da Política Nacional das Relações de Consumo (art. 4º) 
 
 
12 
 
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e 
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e 
tecnológico... 
STJ: a proteção da boa-fé nas relações de consumo não pode significar favorecer 
indiscriminadamente o consumidor, prejudicando direitos e valores que também foram 
outorgados legitimamente ao fornecedor. 
STJ: é lícito que a concessionária interrompa o fornecimento de energia elétrica ou de água 
se, depois do aviso prévio, o consumidor se mostra inadimplente com o pagamento da respectiva 
conta. 
Essa possibilidade é admitida pelo STJ mesmo na hipótese em que o consumidor seja um órgão 
público, desde que não se trate de órgão que preste serviço público essencial. 
STJ: a interrupção da prestação de energia elétrica, ainda que decorrente de 
inadimplemento, só é legítima se não afetar direito à saúde e à integridade física do usuário. 
Com base nesse entendimento, o STJ impediu que houvesse corte do fornecimento de energia 
elétrica para a pessoa portadora de HIV que necessitava de energia elétrica para deixar a geladeira 
ligada para refrigeração dos medicamentos. A concessionária deverá cobrar o débito por outras vias, 
sem impedir o fornecimento de energia elétrica. 
É importante ressaltar! A interrupção de energia elétrica só é admitida para débito atual. 
Débitos antigos deverão ser cobrados por outras vias. 
Felipe Peixoto Braga resume. STJ: 
Corte de energia elétrica por inadimplemento. Requisitos: 
-Não haja lesão irreversível à saúde ou à integridade física do usuário; 
-Não exista discussão judicial da dívida; 
-Não seja débito irrisório; 
-Não sejam débitos pretéritos e antigos; 
-Não seja decorrente da fraude de medidor de consumo de energia apurada unilateralmente 
pela concessionária; 
-Não se trate de débitos inadimplidos relativo ao usuário antigo do imóvel, já que se trata de 
obrigação de natureza pessoal, e não real. 
XVII. Princípio do acesso à justiça 
CDC traz vários dispositivos nesse sentido. 
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis 
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. 
Dentre os direito básicos do consumidor, inciso VIII: a facilitação da defesa de seus direitos. 
No tocante à questão processual, art. 101, I. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor 
de produtos e serviços, o consumidor poderá propor a ação no seu domicílio. 
 
 
13 
 
STJ: se o juiz verificar que a facilitação da defesa dos direitos do consumidor está sendo 
prejudicada, a cláusula de eleição de foro será nula. 
STJ: em se tratando de relação de consumo, é de natureza absoluta a competência 
territorial, podendo ser declinada de ofício pelo magistrado, considerando o princípio da facilitação 
da defesa pelo consumidor. 
No entanto, caso o consumidor seja o autor da ação, poderá ele decidir se ajuizará a ação no 
seu domicílio ou no domicílio do fornecedor. 
Dentre os instrumentos que se têm para a facilitação da defesa do consumidor está a inversão 
do ônus da prova. 
A inversão do ônus se dá quando o juiz percebe que a alegação é verossímil ou quando o 
consumidor se mostrar hipossuficiente. 
A hipossuficiência poderá ser: 
• Hipossuficiência econômica: ocorre quando o poderio econômico do fornecedor é 
absolutamente superior e capaz de prejudicar o consumidor por conta de suas condições financeiras. 
• Hipossuficiência técnica: ocorre quando, por exemplo, o paciente é submetido a uma 
cirurgia médica e não tem o conhecimento técnico da especialidade médica. Ainda que seja muito 
rico, será hipossuficiente, podendo ser determinada a inversão do ônus da prova. 
STJ: a inversão do ônus da prova deverá se dar no momento do saneamento do processo, a 
fim de viabilizar a produção da prova pelo fornecedor. 
Vale lembrar! O NCPC trouxe regramento distinto do CPC/73, inovando e se aproximando do 
CDC, ao adotar a teoria dinâmica do ônus da prova. 
Art. 5º do CDC. Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o 
Poder Público com os seguintes instrumentos: 
• Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; 
• Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do 
Ministério Público; 
• Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores 
vítimas de infrações penais de consumo; 
• Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a 
solução de litígios de consumo; 
• Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do 
Consumidor. 
 
Aula 02. Relação jurídica de consumo. Responsabilidade civil nas relações de consumo. 
4. Relação jurídica de consumo 
I. Sujeitos14 
 
Haverá uma relação jurídica de consumo quando houve em um polo o consumidor e no outro o 
fornecedor. 
Objeto: produtos ou serviços. 
a) Consumidor 
Art. 2º do CDC. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
STJ: o CDC adotou a teoria finalista mitigada, a qual leva em conta a vulnerabilidade técnica, 
jurídica, fática, informacional ou a hipossuficiência. Consumidor é quem retira o bem do mercado, 
colocando fim na cadeia de produção → conceito econômico de consumidor. 
A quem NÃO se aplica o CDC? 
Superior Tribunal de Justiça: 
• Não se aplica o CDC na relação entre condomínio e condômino; 
• Não se aplica o CDC na relação entre autarquia previdenciária (INSS) e seus 
beneficiários; 
• Não se aplica o CDC na relação entre participantes de plano de benefício e entidade de 
previdência complementar fechada; 
• Não se aplica o CDC às relações jurídicas tributárias entre contribuinte e o Estado; 
• Não se aplica o CDC nas relações de locações disciplinadas pela Lei 8.245; 
• Não se aplica o CDC nas relações entre estudantes e programas de financiamento 
estudantil, eis que esse financiamento não é serviço bancário, e sim um fomento à educação; 
• Não se aplica o CDC nas relações entre cooperativa e cooperado para o fornecimento 
de produtos agrícolas, pois se trata de ato cooperativo típico; 
• Não se aplica o CDC nos contratos de financiamento bancário com o propósito de 
ampliar capital de giro; 
• Não se aplica o CDC nas relações entre os consorciados entre si; 
• Não se aplica o CDC no caso de serviço público de saúde, custeado com receitas 
tributárias; 
• Não se aplica o CDC nas relações trabalhistas; 
• Não se aplica o CDC nos casos de contratos administrativos; 
• Não se aplica o CDC nas relações entre representante comercial autônomo e sociedade 
representada; 
• Não se aplica o CDC nas relações entre postos e distribuidores de combustível; 
• Não se aplica o CDC nas relações entre lojistas e administração de shopping; 
• Não se aplica o CDC no caso de serviços advocatícios; 
A quem se aplica o CDC? STJ: 
 
 
15 
 
• Aplica-se o CDC nas relações entre cooperativas de crédito e seus clientes, pois integram 
o Sistema Financeiro Nacional; 
• Aplica-se o CDC nas relações entre concessionária de serviço público e seus usuários, 
pois há uma relação jurídica típica de direito privado, que remunera o serviço por meio de tarifa; 
• Aplica-se o CDC nas relações entre usuários e a Empresa Brasileiras de Correios e 
Telégrafos; 
• Aplica-se o CDC nas atividades de natureza notarial (STJ. 2ª T. REsp 1163652/PE, Rel. 
Min. Herman Benjamin, 01/06/10); 
• Aplica-se o CDC na relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de 
veículos, desde que o seguro não integre os produtos ou serviços oferecidos por esta; 
• Aplica-se o CDC nas relações entre os associados e a administradora do consórcio; 
• Aplica-se o CDC nas relações de entidade aberta de previdência complementar e seus 
participantes (S. 563 STJ); 
• Aplica-se o CDC para aquisição de veículo para utilização como táxi; 
• Aplica-se o CDC aos contratos de financiamento do Sistema Financeiro da Habitação. 
• Aplica-se o CDC em relação aos contratos de administração imobiliária, caso em que o 
proprietário do imóvel contrata uma imobiliária para administrar seus interesses; 
• Aplica-se o CDC nas relações entre sociedade empresária vendedora de aviões e 
sociedade empresária administradora de imóveis que tenha adquirido avião com o objetivo de facilitar 
o deslocamento de sócios e funcionários; 
• Aplica-se o CDC nas relações entre canal de televisão e seu público; 
• Aplica-se o CDC nas relações entre sociedades ou associações sem fins lucrativos, 
quando fornecerem produto ou prestarem serviço remunerado; 
• Aplica-se o CDC no caso de doação de sangue (doação de sangue de uma voluntária e a 
comercialização deste feita pelo Serviço de Hemoterapia Dom Bosco Ltda. Ação de indenização por 
danos morais movida pela doadora em face do Hemocentro. Resp 540.922-PR); 
• Aplica-se o CDC nas relações entre microempresa que celebra contrato de seguro; 
• Aplica-se o CDC no caso de serviços funerários; 
• Aplica-se o CDC no caso de aplicações em fundos de investimento; 
• Aplica-se o CDC nas relações entre estabelecimento de casa noturna e clientes; 
b) Fornecedor 
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
Objetivo do legislador: abarcar todos os entes que atuam no mercado de consumo com 
habitualidade. Implicitamente, o dispositivo exige habitualidade. 
 
 
16 
 
STJ: mesmo as entidades sem fins lucrativos, de caráter beneficente e filantrópico, poderão 
ser consideradas fornecedor, caso desempenhem atividade no mercado de consumo mediante 
remuneração. 
c) Internet e relações de consumo 
Lei do Marco Civil (Lei 12.965/14). 
Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos 
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. 
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor 
de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes 
de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências 
para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar 
indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. 
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por terceiros 
será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da divulgação, sem 
autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de 
nudez ou de atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo 
participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos 
limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo. 
STJ: não se pode exigir do provedor de hospedagem de blogs a fiscalização antecipada de cada 
nova mensagem postada. 
Perceba! A Lei do Marco Civil da Internet trouxe um temperamento à responsabilidade 
solidária do provedor. 
d) Profissionais liberais são fornecedores de serviços? 
Sim! 
Profissional liberal: aquele que exerce com autonomia a sua tarefa, sem subordinação técnica 
a outrem, e com habitualidade. 
Habilitação técnica + autonomia + habitualidade no exercício da profissão. 
Art. 14, § 4º. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa. 
Qual é a vantagem em aplicar o CDC em relação ao CC, no tocante aos profissionais liberais? 
Felipe Peixoto Braga: 
• Possibilidade de inversão do ônus da prova, se houver verossimilhança das alegações 
ou hipossuficiência do consumidor; 
• Possibilidade de o consumidor propor a ação no seu domicílio; 
• Dever de informar de forma clara e adequada, inclusive sobre os riscos dos produtos 
e serviços, mais severo, já que se está diante de vulnerável. 
A relação entre o advogado e cliente se submete ao CDC? 
 
 
17 
 
STJ: não é possível invocar as normas do CDC para regular o contrato de prestação de serviços 
advocatícios. A relação é regulada pelo Estatuto da OAB. 
e) Teoria maximalista e teoria minimalista 
Corrente maximalista: o CDC deve ser aplicado daforma mais ampla possível. A aplicação do 
CDC incluiria a relação de empresários e pessoas jurídicas não destinatárias finais. 
Corrente minimalista: o CDC se destina a proteger os vulneráveis, não devendo ser aplicado a 
todos. Doutrina prevalente e jurisprudência. 
STJ: para ser consumidor, é necessário ser destinatário final do produto ou serviço. 
A jurisprudência tem aplicado a teoria finalista, mas há uma tendência em ampliar a ideia do 
destinatário final e ampliar a aplicação do CDC a outras relações jurídicas. 
f) Destinatário final 
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço 
como destinatário final. 
Há uma imposição legal de que aquele que adquire o produto ou usa o serviço o faça sem 
atividade profissional. 
STJ adota esse critério finalista. 
No entanto, há casos em que há um abrandamento da teoria finalista, principalmente 
quando se começa a aplicar o CDC a consumidores profissionais, desde que constatada a 
vulnerabilidade do contratante. 
Exemplo: relação entre o fabricante de uma máquina de costurar e alfaiate, que costura em 
casa. Há uma relação jurídica em que um dos polos é vulnerável. 
Ex.2: aquisição de veículo, para utilização como táxi. 
Cada vez mais, a vulnerabilidade vai sendo usada pela jurisprudência para verificar se estamos 
diante de uma relação de consumo ou não ➔ teoria finalista (minimalista) mitigada ou 
aprofundada. STJ tem adotado essa teoria. 
g) Consumidor por equiparação 
CDC prevê 3 hipóteses de consumidor por equiparação: 
• Art. 2º, parágrafo único, CDC: 
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo. 
Ex.: se um sujeito compra uma pasta dental e esta é utilizada por vários estudantes residentes 
na mesma república, caso haja um defeito na pasta e vários deles sofram lesões na gengiva, todos 
serão consumidores por equiparação. 
• Art. 17, CDC: 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do 
evento. 
 
 
18 
 
A seção trata da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço. Portanto, as vítimas do 
acidente de consumo são consideradas consumidores. 
Ex.: vítimas de acidente aéreo localizadas na superfície. São os denominados bystanders. 
• Art. 29, CDC: 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as 
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
Essa referência está ligada à ideia de publicidade. As pessoas sujeitas à publicidade são 
consumidores por equiparação. 
Perceba! É plenamente possível que tenhamos consumidor sem que haja qualquer contrato de 
consumo. 
II. Responsabilidade contratual e extracontratual: irrelevância no CDC 
Cada vez mais a diferença entre responsabilidade contratual e extracontratual tem perdido 
relevância. 
Cláudia Lima Marques: “a prática extinção de figura do terceiro, hoje incluído como 
consumidor equiparado, e a imposição da solidariedade na cadeia de produção ou organização do 
serviço, tem como reflexo a superação dessa divisão de obrigação contratual e obrigação 
extracontratual”. 
a) Exceção: juros de mora 
STJ: na responsabilidade contratual, os juros de mora incidirão a partir da citação. No caso da 
responsabilidade extracontratual, os juros de mora incidem desde o evento danoso - Súmula 54. 
 
5. Responsabilidade civil nas relações de consumo 
A responsabilidade civil, na sistemática do CDC, é objetiva, com exceção dos profissionais 
liberais, em relação aos quais é subjetiva. 
Se houver mais de um causador, a responsabilidade entre eles é solidária. 
I. Vício no produto ou serviço e fato do produto ou serviço 
No vício, há um descompasso entre o produto e o serviço oferecido e as legítimas 
expectativas que o consumidor tinha. Espera-se um produto com a qualidade X, mas tem-se produto 
com a qualidade Y, viciado. 
No fato, há um dano que o consumidor experimentou à sua integridade física ou moral. 
O vício atinge o produto. O fato atinge a pessoa do consumidor. 
a) Vício do produto 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos: 
 
 
19 
 
• Vícios de qualidade ou quantidade que tornem esses produtos impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam; 
• Vícios de qualidade ou quantidade que diminuam o valor do produto; 
• Vícios decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária. 
No vício de produto, há sempre uma responsabilidade solidária, inclusive do comerciante. 
Ex.: concessionária na venda de veículos viciados. 
Vale destacar! O vício do produto poderá coexistir com o fato do produto. Nada impede que 
haja a responsabilidade do fornecedor pelo vício do produto e pelo fato do produto. 
§6º. São impróprios ao uso e consumo: 
• Produtos com prazos de validade vencidos; 
• Produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, 
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas 
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; 
• Produtos inadequados ao fim a que se destinam. 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto 
sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior 
às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, 
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
• Abatimento proporcional do preço; 
• Complementação do peso ou medida; 
• Substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os 
aludidos vícios; 
• Restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos. 
§2º. O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o 
instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. 
b) Vício do serviço 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos: 
• Vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo; 
• Vícios que diminuam o valor do serviço; 
• Vícios decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou 
mensagem publicitária 
Neste caso, poderá o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
• Reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
 
 
20 
 
• Restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos; 
• Abatimento proporcional do preço. 
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente 
deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. 
II. Fato do produto ou do serviço 
a) Fato do produto 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador 
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, 
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
O fato do produto e o fato do serviço são conhecidos como acidentes de consumo. Todos irão 
responder. 
Trata-se de reparação de dano experimentado pelo consumidor, por conta de informação 
inadequada, montagem inadequada, fórmulas inadequadas, manipulação inadequada etc., que 
resultaram em acidente de consumo. 
Diálogo das fontes. Art. 231 do CC. Ressalvados outros casos previstos em leisespeciais, os 
empresários individuais e as empresas respondem pelos danos causados pelo produtos postos em 
circulação. 
Doutrina: art. 231 do CC faz referência às pessoas dos não consumidores, já que o CDC trata da 
matéria mais amplamente. 
Portanto, quaisquer vítimas de danos derivados de produtos, ainda que participem da cadeia 
de fornecimento, como o transportador, serão reparadas. 
Vale lembrar! 
O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido 
colocado no mercado (12, §2º, CDC). 
b) Fato do serviço 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
Qualquer lesado por produtos ou por serviços poderá, no prazo prescricional de 5 anos, 
pleitear a reparação dos danos, sejam eles materiais, morais ou estéticos (27 CDC). 
14, §1º. O serviço é considerado defeituoso quando não fornece a segurança que o 
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as 
quais: 
• Modo de seu fornecimento; 
 
 
21 
 
• Resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
• Época em que foi fornecido. 
III. Prazo decadencial do vício (art. 26) 
Prazo para a parte reclamar de um vício de um produto ou serviço é um prazo decadencial 
• 30 dias para produtos não duráveis 
• 90 dias para produtos duráveis 
Em se tratando de um vício oculto, o prazo decadencial somente se iniciará no momento em 
que ficar evidenciado o defeito, seguindo os prazos acima. 
§ 2° Obstam a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de 
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma 
inequívoca; 
II - (Vetado). 
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
Art. 18, §1º. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, ao consumidor é dado a 
escolha alternativa de: 
• Substituição do produto; 
• Restituição imediata da quantia paga, atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e 
danos; 
• Abatimento proporcional do preço. 
O consumidor poderá fazer uso dessas 3 modalidades de forma imediata sempre que em 
razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder: 
• Comprometer a qualidade ou características do produto 
• Diminuir o valor do produto ou; 
• O produto for essencial 
Se o consumidor optar pela substituição do produto, não sendo possível a substituição do 
bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante 
complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo da restituição imediata 
ou abatimento proporcional do preço. 
O prazo de 30 dias para sanar o vício poderá ser reduzido ou ampliado por contrato firmado 
pelas partes. Todavia, esse prazo não poderá ser inferior a 7 dias nem superior a 180 dias. 
Em se tratando de contratos de adesão, essa cláusula de prazo deverá ser convencionada em 
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. 
No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o 
fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. 
 
 
22 
 
IV. Prazo prescricional do fato 
Art. 27. Prescreve em 5 anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do 
produto ou do serviço (acidente de consumo), iniciando-se a contagem do prazo a partir do 
conhecimento do dano e de sua autoria. 
V. Responsabilidade objetiva do hospital 
O hospital é um fornecedor de serviços. 
A responsabilidade do hospital é objetiva. Mas, em se tratando de um erro de atuação 
médica, a responsabilidade só existirá se ficar comprovada a culpa dos médicos. 
STJ: o art. 14 do CDC, que fala da responsabilidade pelo fato do serviço independentemente de 
culpa, não conflita com a conclusão de que o hospital só vai responder quando ficar comprovada a 
culpa do médico. 
Fundamento: 
A responsabilidade objetiva, prevista no art. 14, é para o prestador de serviços, de modo 
que, no caso do hospital, se limitará aos serviços técnicos, exclusivamente relacionados ao 
estabelecimento empresarial, como estadia, internação, instalações, equipamentos, serviços 
auxiliares, como exames, imagens, radiografias etc. 
No entanto, com relação aos serviços técnico-profissionais do médico, deverá ficar 
comprovada a responsabilidade do médico, que é subjetiva. 
VI. Ausência do defeito: prova a cargo do fornecedor 
O consumidor deve provar: 
• Dano experimentado 
• Nexo causal 
• Produto ou serviço que o fornecedor colocou em circulação 
O fornecedor, que é detentor dos meios técnicos, deverá provar a inexistência de defeito. 
12, §3º, CDC: o fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: 
• Que não colocou o produto no mercado; 
• Que, embora haja colocado o produto no mercado ou tenha prestado o serviço, o 
defeito inexiste; 
• Que a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. 
VII. Comerciante 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos casos de fato do produto, quando: 
• O fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser 
identificados; 
 
 
23 
 
• O produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, 
construtor ou importador; 
• Não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Doutrina: por fato do produto, a responsabilidade do comerciante é subsidiária. 
Gustavo Tepedino: a responsabilidade do comerciante, em princípio, é excluída, estando 
condicionada às hipóteses do art. 13. Caso haja alguma das hipóteses, o comerciante passará a ter as 
mesmas obrigações dos demais coobrigados. 
STJ: eventual configuração de culpa do comerciante, não afasta o direito do consumidor de 
propor a ação contra o fabricante. 
Fundamento: o parágrafo único admite que, aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado 
poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na 
causação do evento danoso. 
 
Aula 03. Excludentes de responsabilidade. Danos morais nas relações de consumo. 
Art. 12, §3º. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado (por fato do produto) quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III - culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Com relação ao fato do serviço: 
14, §3°. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Veja! Quem tem que provar a presença de excludente de responsabilidade é o fornecedor. 
I. Caso fortuito ou força maior 
Gustavo Tepedino: embora o CDC não inclua essas hipóteses, deve-se considerar o caso 
fortuito e a força maior como excludentes da responsabilidade do fornecedor. 
Fundamento: o caso fortuito e a força maior são capazes de excluir o nexo causal, não se 
falando em responsabilidade. 
II. Fortuito interno e fortuito externo 
• Fortuito interno: 
O dever de indenizar continua. 
Se o dano sofrido pela vítima guarda relação com a atividade desenvolvida pelo ofensor, tem-
se fortuito interno. 
 
 
24 
 
Ex.: passageiro de um ônibus que sofre um dano por algo relacionado ao transporte. A 
empresa, ainda que o caso seja culpa de um terceiro,será responsabilizada por isso. 
CC, art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro 
não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. 
• Fortuito externo: 
O dever de indenizar é afastado. O dano não guarda relação com a atividade desenvolvida pelo 
ofensor. Há um rompimento. 
STJ: o transportador só responderá pelos danos conexos à atividade. 
STJ: concessionária de serviço público não responde por roubo à mão armada ocorrido no 
interior de ônibus, pois não faz parte daquilo que se espera na atividade de transportes. 
STJ: se o roubo ou o furto foi perpetrado contra instituição financeira, tem-se fortuito 
interno. 
Fundamento: o risco foi assumido pelo fornecedor do serviço. Está dentro da atividade 
bancária conferir segurança ao depositário/depositante. 
STJ: haverá fortuito interno no caso de responsabilidade do shopping decorrente de roubo 
em seu estacionamento. 
III. Culpa exclusiva da vítima 
A culpa exclusiva da vítima rompe o nexo causal, afastando o dever de indenizar. 
Ex.: consumidor que salta da escada rolante do shopping, vindo a sofrer ferimentos. 
IV. Fato exclusivo de terceiro 
Implica rompimento do nexo causal. 
Atenção! Dentro da culpa exclusiva de terceiro, é possível que esteja o fortuito interno, não se 
podendo isentar o fornecedor em relação a esses danos. 
STJ: qualquer que seja a fraude praticada por terceiro contra o banco, será de 
responsabilidade da instituição financeira a sua indenização. 
Ex.: “hackearam” o site do banco, fraude com cartão de crédito, etc. O dever de segurança faz 
parte da atividade bancária. 
V. Culpa concorrente 
Diálogo das fontes. 
CC, art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua 
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do 
dano. 
STJ: a culpa concorrente é uma causa de minoração da responsabilidade. 
Atenção! Diante de responsabilidade objetiva, não se deveria discutir culpa. A mais correta 
denominação para o instituto da culpa concorrente deveria ser fato da vítima, deslocando-se a 
discussão para a causalidade. 
 
 
25 
 
Como então minorar a responsabilidade do fornecedor em caso de culpa concorrente da 
vítima? 
Basta analisar que a vítima contribuiu para o evento danoso e, portanto, há uma causalidade. 
Neste caso, muda-se a observância da culpa da vítima para fato da vítima, pois a vítima, de fato, deu 
causa. 
Se ela deu causa à 30% do evento e o fornecedor deu 70% de causa para o dano, então 70% da 
indenização deverá ser dada pelo fornecedor. 
VI. Teoria do risco do desenvolvimento 
Consiste na aceitação, como excludente da responsabilidade do fornecedor, da circunstância 
de o fornecedor não saber, e não tendo razões para saber, da periculosidade do produto e, assim, 
inseri-lo no mercado. 
Pode ser fornecedor de produtos ou serviços. 
Somente com o avanço da ciência, posterior à introdução do produto, percebe-se o dano. 
A impossibilidade do conhecimento da periculosidade, neste caso absoluta (nenhum 
fornecedor tinha o conhecimento da periculosidade daquele produto), poderá afastar a 
responsabilidade do fornecedor. 
É o risco do desenvolvimento. 
A teoria do risco do desenvolvimento pode afastar a responsabilidade no Brasil? 
2 correntes: 
1ªC: Sim. Fábio Ulhoa Coelho e Gustavo Tepedino. 
2ªC: Não. Doutrina majoritária, como Herman Benjamin e Silmara Chinelato. 
 
6. Danos morais nas relações de consumo 
I. Fundamento constitucional para indenização por danos morais 
Art. 5º, V, da CF: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem. 
Art. 5º, X. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 
Art. 6º, VI, do CDC. 
É direito básico do consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e 
morais, individuais, coletivos e difusos. 
Dano moral é um dano extrapatrimonial. É uma ofensa a um direito da personalidade da 
vítima. 
A indenização por danos morais é uma indenização compensatória, e não ressarcitória. Não há 
um retorno ao status anterior. 
 
 
26 
 
II. Morte familiar 
Quem poderá propor ação contra o fornecedor de produtos ou serviços? 
Com certeza, pais, filhos, esposo(a). 
STJ: tio, sobrinho e irmão podem pleitear, em caso de morte familiar, a indenização por dano 
moral do fornecedor de produtos ou serviços. 
STJ: indenização por danos morais, em caso de morte de familiar, tem origem no sofrimento e 
no trauma dos familiares próximos. Irrelevante que o autor tivesse dependência econômica da vítima. 
III. Danos não patrimoniais de alguma gravidade 
Diferenciar meros dissabores da vida em sociedade dos atos que violam direitos da 
personalidade. 
STJ: a recusa em cumprir contrato de internação por parte do plano de saúde enseja dano 
moral. 
STJ: em regra, o simples descumprimento contratual não é capaz, por si só, de gerar dano 
moral. 
STJ: universidade que fornece mestrado não reconhecido pelo MEC, e não informa os alunos 
disso, causa dano moral àqueles alunos, devendo ressarci-los. 
STJ: quando o sujeito encontra barata dentro de leite condensado, há dano moral. Todavia, se 
o sujeito adquiriu garrafa de refrigerante e dentro dela havia uma barata, sem que tivesse aberto a 
garrafa, não há dano moral. Basicamente, se a vítima ingeriu o alimento com o inseto dentro do 
produto, há dano moral 
IV. Vítima que falece antes de propor ação de danos morais 
E se a vítima falecer antes de propor a ação de danos morais, os herdeiros podem fazê-lo? 
Nesse caso, o dano moral é da pessoa falecida, e não dos seus familiares! 
Art. 943 CC. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a 
herança. 
Neste caso, o pai poderá continuar ou propor a ação de danos morais, caso o filho tenha 
morrido antes de ingressar com o feito? 
SIM. 
STJ: apesar de o sofrimento ser pessoal, a indenização por dano moral é patrimonial, sendo 
transmitida aos sucessores. A vítima não transmite a dor, mas sim o direito à indenização. 
V. Quantificação do dano moral 
STJ tem adotado o método bifásico da quantificação do dano moral, proposto pelo Min. Paulo 
de Tarso Sanseverino. 
Para este método, considera-se: 
• 1ªFase – Interesse jurídico lesado: deve ser analisado o interesse jurídico que sofreu o 
dano. 
 
 
27 
 
• 2ªFase – Circunstâncias do caso concreto, gravidade do fato, culpabilidade, 
concorrência da vítima, condições econômicas da vítima e do autor. 
Destaque! 
A fixação do valor da indenização por danos morais ocorre na sentença. 
Logo, apesar de os juros de mora, no caso de responsabilidade extracontratual, correrem 
desde a data do evento danoso, a correção monetária terá como termo inicial a data da prolação da 
decisão em que se arbitra o seu valor. Súmula 362 do STJ. 
Súmula 498 do STJ. Não incide imposto de renda sobre a indenização sobre danos morais. 
Fundamento: não se trata de acréscimo patrimonial, mas apenas de compensação. 
VI. Alteração de valores de dano moral pelo STJ 
O STJ pode alterar valores de dano moral? 
Súmula 7 do STJ: não é possível, através de recurso especial, rediscutir matéria de fato. 
STJ admite a revisão de valores fixados, a título de danos morais, quando estes forem 
absurdamente altos ou ridiculamente baixos. Teratologia. 
A indenização por danos morais deve ser fixada em termos razoáveis, não se admitindo que a 
reparação seja uma fonte de enriquecimento sem causa do indenizado. 
O arbitramento dos valoresa título de danos morais deve ser proporcional e observar a culpa 
da vítima e do ofensor e o porte econômico das partes. 
VII. Dúplice função da indenização por dano moral 
A indenização por danos morais tem função dúplice. De um lado, compensa-se a vítima. De 
outro, pune-se o ofensor. 
Função punitiva ou função pedagógica da indenização do dano moral → doutrina do punitive 
damages. 
Embora no Brasil não exista lei que expressamente autorize a função punitiva da indenização 
por dano moral, ela é largamente adotada e admitida pela jurisprudência. 
VIII. Dano moral sofrido por consumidor pessoa jurídica 
STJ, S. 227. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
Nesses casos, a honra atingida é a objetiva. 
Ex.: o protesto indevido de duplicata afeta a imagem da PJ. 
É dano in re ipsa. STJ: Se houve a negativação do nome da pessoa jurídica que não tinha 
qualquer negativação, há dano moral. 
IX. Dano moral resultante do descumprimento do contrato 
O inadimplemento do contrato, por si só, em regra, não dá margem para indenização por 
danos morais. 
Porém, às vezes, o descumprimento do contrato gera dano moral indenizável. 
 
 
28 
 
Ex.: negativa de cobertura emergencial pelo plano de saúde do consumidor que o contratou. 
X. Dano moral e dano estético 
STJ, S. 387: é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. 
Dano moral: dor sofrida por conta de acidente ou perda de um projeto de vida, da diminuição 
do âmbito das relações sociais, das limitações das possibilidades do indivíduo. 
No entanto, todas estas podem existir sem que haja dano estético, sem deformidade, sem 
aleijão. Portanto, um é o dano moral e o outro é o dano estético. 
XI. Prova dos fatos constitutivos do dano moral 
Na concepção moderna de dano moral, prevalece a orientação de que a responsabilidade do 
agente se opera por força do fato da violação. É desnecessária a prova do prejuízo em concreto, 
bastando a violação do direito. 
STJ, S. 403: independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da 
pessoa com fins econômicos ou comerciais. 
Dano é in re ipsa. Se estiver comprovado o fato da violação, não é preciso se provar que da 
violação o sujeito experimentou prejuízo. 
STJ: se os Correios não comprovam a efetiva entrega de carta registrada, nem demonstram 
causa excludente da responsabilidade, há o dever de indenizar por danos morais. 
XII. Nexo causal do dano moral 
O Código Civil adota a teoria do dano direto e imediato. 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os 
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na 
lei processual. 
Jurisprudência, no sentido da teoria do dano direto e imediato: deve-se adotar a teoria da 
causalidade direta e imediata, também conhecida como teoria da interrupção do nexo causal ou 
teoria da necessariedade do dano (teoria da causalidade adequada). 
É necessário verificar o que é causado imediatamente para ser indenizado. Esta é a ideia do 
nexo causal do dano moral. 
Ex.: grande parte das indenizações em que fumantes pedem danos morais contra a indústria 
do cigarro são julgadas improcedentes, pois não haveria nexo causal juridicamente satisfatório, que é 
o exigido pela teoria do dano direto e imediato, não havendo causalidade direta e imediata. 
XIII. Responsabilidade civil das empresas de estacionamento 
S. 130 do STJ. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação do dano ou pelo furto do 
veículo, ocorrido no seu estacionamento. 
XIV. Excludente da responsabilidade civil 
São excludentes de responsabilidade civil: 
• Caso fortuito 
 
 
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• Força maior 
• Culpa exclusiva da vítima 
Atenção! A ocorrência de roubo dentro do estacionamento não constitui causa excludente da 
responsabilidade da empresa proprietária do estacionamento. 
Fundamento: a obrigação de prestar segurança é inerente ao ramo da atividade da empresa de 
estacionamento, pois, do contrário, o consumidor estacionaria o veículo na rua. Trata-se, portanto, 
de fortuito interno. 
Ainda que o estacionamento seja gratuito (shoppings, supermercados, hospitais, hotéis etc.), 
não se retira a responsabilidade pela indenização, pois o interesse da empresa é facilitar o 
estacionamento e atrair o cliente, havendo o dever de guarda e vigilância. Remuneração indireta. 
STJ: fortuito externo. Chuva de granizos e estacionamento descoberto. O dano experimentado 
pelos veículos dos consumidores não enseja responsabilidade do proprietário do estacionamento. 
XV. Responsabilidade civil no transporte de pessoas 
Transportador assume, perante o passageiro, obrigação de resultado. 
➔A obrigação do transportador é levar o transportado, ou o passageiro, em segurança até o 
seu destino → cláusula de incolumidade. 
As excludentes são: 
• Culpa exclusiva da vítima 
• Força maior 
a) Dano causado por terceiro 
Se o dano causado ao passageiro guarda relação com o transporte, a empresa responde, pois o 
caso seria de fortuito interno. 
Súmula 187 do STF. A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o 
passageiro, não é elidida por culpa de terceiro. Em relação a este terceiro haverá ação regressiva. 
Art. 735 do CC reproduziu o teor da súmula. 
No entanto, se o dano não guarda relação com o transporte, neste caso, a empresa não tem 
obrigação de responder. 
Exemplo de causa excludente de responsabilidade da empresa transportadora: vítima de 
disparo de arma de fogo efetuada por um dos passageiros do coletivo. 
b) Transporte gratuito ou de mera cortesia 
“Carona”. O carona é o sujeito beneficiado pelo transporte. 
STJ, S. 145: no transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será 
civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave. 
Art. 736 do CC. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, 
por amizade ou cortesia. 
 
 
30 
 
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, embora feito sem 
remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas. 
Ex.: Hotel que oferece transporte gratuito para o aeroporto. Neste caso, haverá contrato de 
transporte. 
c) Excludentes de responsabilidade 
Mesmo no contrato de transporte é possível haver excludentes de responsabilidade: 
• Culpa exclusiva da vítima: 
Ex.: passageiro que viaja “em cima” do trem (surfe ferroviário), caso caia e morra, não haverá 
direito de indenização por danos morais à sua família, pois a culpa foi exclusiva da vítima. 
• Caso fortuito e força maior: 
Ex.: assalto à mão armada (roubo) no interior do ônibus, que cause danos físicos ou morais ao 
passageiro, não gera dever de indenizar pela empresa transportadora. 
d) Culpa concorrente 
Art. 738 do CC. A pessoa transportada tem a obrigação de se sujeitar às normas estabelecidas 
pelo transportador, constantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de quaisquer 
atos que causem incômodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, ou dificultem ou 
impeçam a execução normal do serviço. 
Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for atribuível à transgressão de 
normas e instruções regulamentares, o juiz reduzirá equitativamente a indenização, na medida em 
que a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano. 
Jurisprudência: mesmo nos casos de responsabilidade objetiva, a culpa concorrente da vítima 
atuará como fator de redução da indenização. É o que se denomina de fato da vítima. 
e) Danos causados a terceiros (não passageiros) 
No caso de danos causados a terceiros (não passageiros), a responsabilidade do transportadoré objetiva. 
Art. 17 CDC. Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. → consumidores por 
equiparação ou bystanders. 
Ex.: empresa de ônibus que atropela pedestre responderá objetivamente pelo dano causado. 
STJ: “a reponsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de direito público, 
é objetiva, relativamente aos usuários do serviço e aos não usuários do serviço”. 
 
Aula 04. Danos morais nas relações de consumo (continuação). Prescrição e decadência no 
CDC. Desconsideração da personalidade jurídica. Práticas comerciais. 
Responsabilidade civil dos médicos 
Responsabilidade civil dos médicos: subjetiva -profissional liberal. 
a) Obrigação de meio 
 
 
31 
 
A obrigação entre médico e paciente decorre de relação contratual, mas não há presunção de 
culpa do profissional. Deve o consumidor demonstrar que o médico incorreu em culpa, salvo 
eventual inversão do ônus da prova, se houver hipossuficiência ou verossimilhança. 
Regra: a obrigação dos médicos é de meio. 
Não há obrigação de cura do paciente, e sim de empreender seus esforços nesse sentido de 
alcançar a cura. 
A obrigação é de cuidado, de diligência, de perícia. 
Há solidariedade sempre que se configurar participação no resultado danoso. Ex.: o cirurgião 
responde pela falha da equipe médica a ele subordinada. 
Doutrina: essa responsabilidade não se estende ao anestesista, pois não há relação de 
subordinação entre o anestesista e o chefe da equipe médica (cirurgião). O erro médico realizado 
pelo anestesista é de responsabilidade do médico anestesista pessoalmente. 
b) Obrigação de resultado 
Cirurgia plástica. 
Não é qualquer cirurgia plástica que é capaz de gerar obrigação de resultado. A cirurgia 
reparadora é obrigação de meio. 
Obrigação de resultado: cirurgia plástica com finalidade estética. 
Parcela da doutrina: a obrigação oftalmológica e a dermatológica também são obrigação de 
resultado. 
Outros profissionais liberais que assumem obrigação de resultado: 
Cirurgião dentista, no caso de tratamentos odontológicos 
Biomédicos, no caso das transfusões de sangue. 
 
Qual é a consequência de dizer que a cirurgia do médico na cirurgia plástica é obrigação de 
resultado? 
Há uma presunção de culpa no caso de descumprimento da obrigação, caso o resultado não 
seja alcançado. Neste caso, o ônus da prova será invertido. 
O médico (cirurgião plástico) ou o cirurgião dentista deve comprovar que o resultado não foi 
alcançado sem qualquer negligência, imprudência ou imperícia de sua parte ➔ responsabilidade 
subjetiva. 
O fato de a obrigação ser de resultado implica apenas presunção de culpa, que admite prova 
em contrário. 
E se a cirurgia plástica tiver natureza mista (em parte reparadora e em parte estética)? 
STJ: na parte em que se tem uma cirurgia plástica reparadora, a obrigação do médico será de 
meio. Na parte da cirurgia estética, haverá uma obrigação de resultado. 
c) Aplicação da teoria da perda da chance à responsabilidade médica 
 
 
32 
 
O médico não responderá pelo resultado danoso em si. 
Ex.: não responderá pela morte, pois não causou a morte. A causa da morte foi a doença. 
O médico será responsabilizado por ter lesado um bem jurídico autônomo: a chance de viver, 
subtraindo a chance de cura do paciente. Cabível indenização por danos morais e patrimoniais. 
d) Dano moral coletivo 
Existe dano moral coletivo? 
Existem valores coletivos, logo é possível dano moral para a coletividade. 
Ex.: danos ao patrimônio histórico, cultural, artístico, ambiental, aos consumidores etc. 
Ex.: explosão do pão de açúcar no RJ geraria danos morais coletivos ambientais. 
STJ reconhece a possibilidade do dano moral coletivo. 
STJ: há dano moral coletivo na prática comercial de oferecer linha telefônica com tarifa mais 
barata com a condição de o sujeito comprar o aparelho telefônico. Como é vedada a venda casada, 
este comportamento da companhia viola valores consumeristas. 
Prescrição e decadência no CDC 
I. Decadência (vício do produto ou serviço) 
Está relacionada com o vício do produto ou vício do serviço. 
a) Vício oculto 
É aquele que não pode ser visto a priori. 
No caso de vício oculto, o prazo decadencial somente poderá ser contado a partir de quando 
ficou evidenciado o defeito (art. 26, §3º). 
Veja, não há distinção quanto ao prazo decadencial, mas sim quanto ao termo inicial para 
contagem do prazo: 
Vício aparente: o prazo decadencial para reclamação ou para exigir a substituição do produto 
começa com a entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. 
Vício oculto: o prazo decadencial para reclamação ou exigir a substituição do produto começa 
a partir do momento em que ficar evidenciado o dano. 
Pergunta: isso significa que o fornecedor fica eternamente sujeito a essa reclamação? 
NÃO. STJ: a garantia contra vícios ocultos persiste durante o período de vida útil do bem. 
A vida útil do bem variará de acordo com o produto. 
Distinção no tocante ao prazo decadencial: 
Produto durável: 
Prazo decadencial de 90 dias para efetuar a reclamação. 
Produto durável: é aquele que não se esgota com a sua primeira utilização, ou com a sua 
aquisição. 
 
 
33 
 
Ex.: carro, celular, vestido de casamento, roupa etc. 
Produto não durável: 
Prazo decadencial para reclamação: 30 dias. 
Produtos não duráveis: são aqueles que se esgotam logo após o primeiro uso, ou após a sua 
aquisição. 
Jurisprudência: o prazo de decadência terá início após o encerramento da garantia contratual. 
Ex.: se estivermos numa situação em que o produto traz uma garantia contratual de 1 ano, 
além desse período, haverá mais 90 dias, que é o prazo legal. 
 b) Vício aparente 
Pode ser visto a priori. 
Termo inicial do prazo decadencial: momento da entrega do produto ou término da prestação 
do serviço. 
c) Causas que suspendem a decadência 
Art. 26, §2º, obstam a decadência: 
A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de 
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma 
inequívoca: 
Reclamação no Procon não obsta a decadência. 
A instauração de inquérito civil, até seu encerramento: 
Prazo decadencial suspenso até o encerramento da investigação pelo MP. 
Trata-se de uma causa de suspensão da decadência. 
II. Prescrição (fato do produto ou serviço) 
É o chamado acidente de consumo. 
27 CDC. Prescreve em 5 anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do 
produto ou do serviço. 
Contagem do prazo: a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
STJ: caso se esteja diante de lesões que se renovam no tempo, o prazo prescricional começa a 
ser contado a partir do dia em que o consumidor toma conhecimento do dano e de sua autoria, não 
importando que as lesões se renovem no tempo. 
Atenção! A jurisprudência nem sempre diz que o prazo será de 5 anos (27 CDC). 
STJ: nos contratos de seguro, o prazo prescricional aplicado é de 1 ano. 
Fundamento: prazo específico previsto no art. 206, §1º, II, do CC. Diálogo das fontes entre o 
CDC e o CC. STJ: a pretensão de o segurado cobrar a indenização do segurador prescreve em 1 ano, 
pois não se trata de acidente de consumo, mas de mero inadimplemento contratual. 
 
 
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III. Conflito entre o CDC e Código Civil: interpretação favorável ao consumidor 
CC, art. 205: a prescrição ocorre em 10 anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 
Art. 206, §3º, V, do CC. A prescrição para a reparação civil ocorre em 3 anos. 
STJ: em caso de acidente de consumo, aplicar-se-á o CDC, ficando sujeito ao prazo 
prescricional de 5 anos. 
Poderá acontecer de não ser fato do produto,

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