Buscar

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NO PRÉ E PÓS OPERATÓRIO

Prévia do material em texto

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (98-179), 2014 ISSN 18088597 
 
ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NO PRÉ E PÓS - OPERATÓRIO 
DE CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA: REVISÃO 
BIBLIOGRÁFICA 
 
Thayza de Paula Araújo
1
 Mariane Santos Nogueira
2
 
Aleandro Geraldo Alves
3 
Giulliano Gardenghi
4 
Jeeziane Marcelino Rezende
5 
 
 
RESUMO: Introdução: As doenças cardiovasculares são evidenciadas como uma das 
principais causas de mortalidade em países desenvolvidose sua incidência tem aumentado de 
forma epidêmica. A intervenção cirúrgica de revascularização do miocárdio é o procedimento 
de rotina para tratamento de pacientes com sintomas de isquemia miocárdica. A fisioterapia 
respiratória tem sua eficácia estabelecida na literatura em função do amplo conhecimento de 
possíveis complicações advindas do procedimento cirúrgico, a qual se torna essencial na 
abordagem do revascularizado visando mensurar a funcionalidade no pré e pós-operatório, 
para se conhecer a dinâmica do processo terapêutico e intervir quando necessário, não 
permitindo que se estabeleça uma limitação funcional. Objetivo: Avaliar os benefícios da 
fisioterapia respiratória pré e pós-operatória, observando suas vantagens, indicações e 
aplicabilidade para pacientes cardiopatas submetidos à cirurgia de revascularização do 
miocárdio (CRM). Métodos:Consulta por estudos relacionados à reabilitação cardíaca, 
fisioterapia respiratória, exercícios respiratórios, fisioterapia voltada ao pré e pós-operatório 
de CRM, com levantamento de artigos de 2005 a 2015. Utilizou-se das bases de dados: 
BIREME, LILACS, PubMed, MEDLINE e SciELO. Conclusão: Considera-se de 
fundamental importância a atuação da fisioterapia respiratória no pré e pós-operatório de 
CRM, pois contribui significativamente para um melhor prognóstico desses pacientes, 
atuando com técnicas específicas, que visam à prevenção das complicações pulmonares. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Procedimentos cirúrgicos cardiovasculares. Revascularização 
miocárdica. Exercícios respiratórios. 
 
PERFORMANCE OF RESPIRATORY PHYSICAL THERAPY IN PRE AND POST - 
REVASCULARIZATION SURGERY OF SURGICAL MYOCARDIAL: 
LITERATURE REVIEW
 
1
 Fisioterapeuta pela Faculdade Montes Belos - FMB; Pós-graduanda em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia 
Intensiva pelo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada - CEAFI Pós-graduação. E-mail: 
thayza_araujo@hotmail.com. 
2
 Colaboradora, Fisioterapeuta graduada pela Faculdade Montes Belos - FMB; Especialista em Fisioterapia 
Neurológica pelo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada – CEAFI Pós-Graduação, e em Docência 
do Ensino Superior pela Faculdade Montes Belos – FMB. E-mail: mariane.santos@fmb.edu.br. 
3 Colaborador, Fisioterapeuta, Mestre em Genética – PUC/GO, Coordenador de Estágios e Docente do Curso de 
Fisioterapia da Faculdade Montes Belos- FMB. Email: aleandrogalves@hotmail.com. 
4 Co-orientador, Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Científico do Serviço de 
Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pós-graduação/GO e Coordenador do 
Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo/SP – 
Brasil. E-mail: coordenacao.cientifica@ceafi.com.br 
5 Orientadora, Fisioterapeuta graduada pela Pontíficia Universidade Católica de Goiás – PUC; Especialista em 
Fisiologia do Exercício pelo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada - CEAFI Pós-graduação, 
Mestranda pelo programa Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Goiás – UFG. E-mail: 
jeeziane@gmail.com 
 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (99-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
 
ABSTRACT: Introduction: Cardiovascular disease is highlighted as a major cause of 
mortality in developed countries and its incidence is increasing in epidemic form. Surgery 
CABG is the routine procedure for treatment of patients with symptoms of myocardial 
ischemia. Respiratory therapy has its established efficacy in the literature due to the extensive 
knowledge of possible complications from the surgical procedure, which becomes essential in 
revascularized approach aiming to measure functionality in the pre- and post-operatively, to 
know the dynamics of the therapeutic process and intervene when necessary, not allowing the 
establishment of a functional limitation. Objective: To evaluate the benefits of pre respiratory 
therapy and postoperative, noting its advantages and applicability indications for cardiac 
patients undergoing coronary artery bypass grafting (CABG). Methods:Consultation for 
studies related to cardiac rehabilitation, respiratory therapy, breathing exercises, physical 
therapy focused on CRM pre- and postoperatively, bringing together works from 2005 to 
2015. We used the databases: BIREME, LILACS, PubMed, MEDLINE and 
SciELO.Conclusion: It is considered extremely important the role of respiratory therapy in 
pre- and post-operative CRM as it contributes significantly to a better prognosis of these 
patients, working with specific techniques aimed at the prevention of pulmonary 
complications. 
 
KEYWORDS:Cardiovascular surgical procedures. CABG. Breathing exercises. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 As doenças cardiovascularessão 
evidenciadas como uma das principais 
causas de mortalidade em países 
desenvolvidos,e sua incidência tem 
aumentado de forma epidêmica nos países 
em desenvolvimento. Segundo a 
Organização Mundial de Saúde (OMS), 
estima-se que em 2030 a cardiopatia 
isquêmica permaneça como a principal 
causa de morte e uma importante causa de 
incapacidade no mundo. No Brasil, 
ocupam a liderança dos motivos de óbito e 
internação, correspondendo a 32,6% dos 
óbitos por causa determinada 
(CAVENAGHI et al. 2011; ROQUE et al. 
2013; GARBOSSA et al. 2009). 
Estabelecida no Brasil na década de 
60, a reabilitação cardiovascular é definida 
pela OMS como o conjunto de atividades 
que visam restabelecer a condição física, 
psíquica e social dos pacientes cardiopatas, 
assegurando seu retorno à comunidade 
com estilo de vida ativo e produtivo 
(ROSSI et al. 2011). 
 A intervenção cirúrgica de 
revascularização do miocárdio é o 
procedimento de rotina para tratamento de 
pacientes com sintomas de isquemia 
miocárdica, e consiste no restabelecimento 
do fluxo sanguíneo para o miocárdio por 
meio da recanalização das artérias 
coronárias. Anualmente cerca de um 
milhão de cirurgias são realizadas no 
mundo com efeitos satisfatórios, porém é 
um processo complexo que tem
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (100-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
 repercussões importantes sobre 
mecanismos fisiológicos do paciente e 
ainda expõe significativa incidência de 
complicações pós- cirúrgicas que tendem a 
retardar o processo de recuperação 
(GARBOSSA et al. 2009; FERREIRA, 
RODRIGUES, ÉVORA 2009; ANDRADE 
& BRITO 2012; WINKELMANN et al. 
2015; SOARES et al. 2011). 
As complicações pós-operatórias 
dependem de fatores pré-operatórios, 
perioperatórios e pós-operatórios. São 
considerados fatores pré-operatórios: 
sedentarismo, tabagismo, idade superior a 
70 anos, obesidade, diabetes mellitus, 
comorbidades previas, em especial doenças 
pulmonares. Os fatores perioperatórios 
estão vinculados à técnica cirúrgica, ao 
tempo de circulação extracorpórea e 
medicamentos anestésicos que incluem 
depressores do sistema nervoso central e 
comprometem os reflexos respiratórios 
mediados pelo centro bulbar. Já como 
fatores pós-operatórios são destacados a 
instabilidade hemodinâmica,disfunção 
diafragmática, tempo prolongado de 
suporte ventilatório invasivo, imobilismo, 
além do quadro álgico intenso no período 
pós-operatório imediato(FERREIRA, 
RODRIGUES, ÉVORA 2009;ANDRADE 
& BRITO 2012; JUNIOR, 2007; 
AMBROSIN & CAETANO, 2005). 
O procedimento invasivo das 
cirurgias cardíacas promove alterações na 
função pulmonar, resultantes de 
modificações da mecânica, troca gasosa e 
mecanismos de defesa pulmonar. 
Apresentadas em 70% dos casos, a 
atelectasia pulmonar, pneumonia e derrame 
pleural evidenciam-se como as principais 
complicações pulmonares pós-operatórias, 
sendo que presente em aproximadamente 
90% dos casos de pacientes anestesiados a 
atelectasia é destacada como a principal 
causa de hipoxemia pós-operatória, 
interferindo nas trocas gasosas e no 
decréscimo da complacência estática. 
Partindo deste princípio, tais complicações 
representam a segunda causa mais 
frequente de morbidade e mortalidade no 
pós-operatório de cirurgia cardíaca, 
aumentando o tempo de internação 
hospitalar e a necessidade de recursos 
financeiros (ANDRADE & BRITO, 2012; 
JUNIOR, 2007; HERDY, MARCCHI, 
VILA, 2008; LEGUISANO, KALIL, 
FURLANI, 2005; BRAGE et al. 2009; 
FERREIRA, RODRIGUES, ÉVORA 
2009; CAVALLI & NOHAMA, 2013). 
Os programas de reabilitação 
cardíaca são multifacetados e 
multidisciplinares e têm como foco 
principal diminuir o impacto físico e 
psicológico da doença cardíaca, 
maximizando a capacidade e 
independência funcional, a participação 
sócio-profissional e a qualidade de vida 
dos indivíduos. A eficácia da fisioterapia 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (101-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
respiratória tem sido bem 
estabelecida dentro e fora da unidade de 
terapia intensiva, atuando como ferramenta 
primordial no programa de reabilitação 
cardíaca (ROQUE et al. 2013; ARAÚJO et 
al. 2014; BORGES et al. 2006). 
A fisioterapia respiratória pré-
operatória em cirurgias cardiovasculares 
engloba desde a avaliação, esclarecimentos 
de procedimentos que serão executados e a 
relação destes com a capacidade pulmonar, 
até identificação dos riscos de possíveis 
complicações respiratórias, determinando 
as principais condutas no pós-operatório. 
Vários estudos demonstram que a 
realização de fisioterapia pré-operatória é 
mais eficaz na redução de complicações 
respiratórias nos pacientes com risco maior 
ou moderado do que naqueles cujo risco 
era baixo (ROQUE et al. 2013; 
ARCÊNICO et al. 2008). 
O programa de reabilitação 
fisioterapêutico no período pré e pós-
operatório faz parte do tratamento de 
pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, 
especialmente nas subpopulações que 
apresentam maior risco de desenvolver 
complicações cardiorrespiratórias pós-
operatórias. O atendimento engloba 
diversas técnicas e as mais comumente 
empregadas no período pós-operatório 
imediato incluem exercícios de padrões 
ventilatórios para expansão pulmonar, 
deambulação precoce, cinesioterapia, 
posicionamento e estímulo à tosse 
(PADOVANI & CAVENAGHI, 2011; 
MIRANDA, PADULLA, BORTOLATTO, 
2011; FERREIRA, MARINO, 
CAVENAGHI, 2012). 
Na cirurgia cardíaca, a recuperação 
está ligada àreabilitação. A fisioterapia 
respiratória tem sua eficácia estabelecida 
naliteratura em função do amplo 
conhecimento de possíveis complicações 
advindas do procedimento cirúrgico, a qual 
se torna essencial na abordagem do 
revascularizado visando mensurar a 
funcionalidade no pré e pós-operatório, 
para se conhecer a dinâmica do processo 
terapêutico e intervir quando necessário, 
não permitindo que se estabeleça uma 
limitação funcional. 
Valendo-se das informações 
proferidas, este estudo de revisão tem por 
objetivo atualizar os conhecimentos em 
relação à atuação da fisioterapia 
respiratória no pré e pós-operatório de 
cirurgia de revascularização do miocárdio, 
com ênfase na prevenção de complicações 
pulmonares, no intuito de contribuir junto à 
atuação dos profissionais que optem 
portrabalhar com pacientes cardiopatas, no 
que tange ao processo de 
recondicionamentocardiopulmonar.1. 
Métodos 
 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (102-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
Foram revisados estudos 
relacionados à reabilitação 
cardiopulmonar, estratégias de reabilitação, 
e fisioterapia voltada à prevenção e 
tratamento de complicações pulmonaresno 
pré e pós operatório de cirurgia cardíaca, 
que analisaram a eficácia de diferentes 
técnicas fisioterapêuticas; no ano de 2015, 
tendo como base de dados: PubMed, 
Medline, SciELO e LILACS. 
Os estudos selecionados estavam 
entre os anos de 2005 a 2015, e foram 
buscados em todos os períodos vigentes 
em cada base de dados até outubro de 
2015. Os descritores incluídos na pesquisa 
foram: procedimentos cirúrgicos 
cardiovasculares, revascularização 
miocárdica, fisioterapia e exercícios 
respiratórios, sendo utilizados os mesmos 
descritores na língua inglesa. 
Os estudos tiveram como critérios 
de inclusão, ser estudos relacionados à 
reabilitação cardiopulmonar com foco na 
atividade do fisioterapeuta, em que todos 
os pacientes tivessem realizado cirurgia 
cardíaca, recebido acompanhamento 
fisioterapêutico no pré ou pós-operatório, e 
realizado algum protocolo pertencente à 
fisioterapia respiratória. Todos os artigos 
deveriam apresentar data de publicação de 
2005 a 2015 para elaboração da discussão 
sobre protocolos, e para elaboração da 
introdução e conceitos, em português e 
inglês. 
Os critérios de exclusão foram: 
ausência de tratamento fisioterapêutico e 
disfunções pulmonares logo após o 
procedimento cirúrgico, não expor com 
clareza as técnicas realizadas pelo 
fisioterapeuta, bem como apresentarem 
data de publicação anteriores ao período 
descrito acima, ou que não citassem a 
fisioterapia em sua análise. 
A pesquisa realizada verificou96 
publicações potencialmente relevantes, das 
quais restaram 38 por preencherem todos 
oscritérios do rigor científico estabelecidos 
pelos autores. 
 
2. Resultados 
Dos trabalhos selecionados, destacam-
se na tabela a seguir os estudos de maior 
relevância. A tabela 1 demonstra de forma 
agrupada as características dos estudos: 
ano de publicação, autores, objetivo e 
desenho do estudo, amostra, resultados, e 
considerações sobre o artigo. 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (103-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
Tabela 1. Sumário do levantamento dos dados das características dos estudos. 
Autor e 
Publicação 
Objetivo do estudo Tipo de estudo e 
Amostra 
Resultados Conclusão 
Leguisamo 
et al.2005 
Estabelecer a efetividade 
de um programa de 
orientação 
Fisioterapêutica pré-
operatória para pacientes 
submetidos à cirurgia de 
revascularização do 
miocárdio, em relação à 
redução do tempo de 
internação hospitalar, 
prevenção de 
complicações 
radiológicas pulmonares, 
alteração de volumes 
pulmonares e força 
muscular inspiratória. 
Ensaio randomizado 
86 indivíduos 
44 intervenção 
42 controle 
Observou–se significativa 
redução do tempo de 
internação hospitalar no 
grupo intervenção. Não se 
verificou diferença para 
alteração de volumes 
pulmonares, força muscular 
inspiratória e incidência de 
complicações radiológicas 
pulmonares entre os grupos. 
Pacientes instruídos 
no pré-operatório 
estarão melhores 
preparados para 
colaborar com o 
tratamento pós-
operatório e, 
entendendoo 
objetivo da 
fisioterapia pré e 
pós-operatória e a 
técnica 
fisioterapêutica 
proposta, poderão 
ter diminuição no 
tempo de 
permanência no 
hospital. 
Romanini et 
al. 2007 
Analisar o efeito 
fisioterapêutico da 
aplicação da pressão 
positiva intermitente 
(RPPI) e do incentivador 
respiratório (IR) em 
pacientes submetidos a 
cirurgia de 
revascularização do 
miocárdio. 
40 indivíduos 
20 RRPI 
20 IR 
Levando em consideração a 
homogeneidade dos grupos, 
no grupo RPPI identificou-se 
aumento da SpO2 na 48ª e na 
72ª horas quando comparado 
ao grupo IR. Nos parâmetros: 
Frequência respiratória (FR), 
Volume minuto (VM) e 
Volume corrente (VC), na 
comparação entre os grupos 
não foram encontradas 
diferenças estatisticamente 
significativas. No grupo 
submetido ao IR a Pemáx na 
24ª e na 48ª horas houve um 
aumento significativo. 
Com o objetivo de 
reverter mais 
precocemente a 
hipoxemia, o RPPI 
mostrou-se mais 
eficiente em 
comparação ao IR; 
entretanto, para 
melhorar a força 
dos músculos 
respiratórios, o IR 
foi mais efetivo. 
Ferreira et al. 
2010 
Testar se o uso de 
espirometria de incentivo 
(EI) associada com 
pressão positiva 
expiratória na via aérea 
(EPAP), após cirurgia de 
revascularização do 
miocárdio (CRM) 
melhora a dispneia, a 
sensação de esforço 
percebido e a qualidade 
de vida 18 meses após a 
CRM. 
16 Indivíduos 
Dois grupos: 
8 controle 
8 intervenção (EI + 
EPAP) 
Após o teste de caminhada de 
seis minutos (TC6), o escore 
para dispneia e a sensação de 
esforço foram maiores no 
grupo controle comparado 
com o grupo EI+EPAP. Na 
avaliação da qualidade de 
vida, o domínio relacionado 
às limitações nos aspectos 
físicos foi melhor no grupo 
EI+EPAP. 
Pacientes que 
realizam EI+EPAP 
apresentam menos 
dispneia e menor 
sensação de esforço 
após o Teste de 
caminhada de 6 
minutos (TC6) e 
também melhor 
qualidade de vida 
18 meses após a 
CRM. 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (104-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
Barros et al. 
2010 
1) Evidenciar a perda de 
capacidade ventilatória no 
período de pós-
operatório, em pacientes 
submetidos à 
revascularização do 
miocárdio. 2) Testar a 
hipótese de que o 
treinamento muscular 
respiratório (TMR), 
realizado após a cirurgia, 
pode melhorar a 
capacidade ventilatória 
nessa população. 
38 indivíduos 
23intervenção (TMR) 
15 controle 
A Pimáx do grupo TMR foi 
maior no momento da alta, 
assim como a Pemáx . O Pico 
de Fluxo Expiratório (PFE) 
do grupo TMR foi maior após 
a internação. O volume 
corrente dos grupos foi 
também diferente no 
momento da alta. Não houve 
diferenças entre os grupos 
com relação aos dias de 
internação, dispneia ou dor. 
Ocorre perda de 
força muscular 
respiratória em 
pacientes 
submetidos à 
revascularização 
miocárdica. O 
TMR, realizado no 
período pós-
operatório, foi 
eficaz em restaurar 
os seguintes 
parâmetros: Pimáx, 
Pemáx, PFE e 
volume corrente, 
nessa população. 
Franco et al. 
2011 
Avaliar a segurança e a 
adesão da aplicação 
preventiva do BiPAP® 
associado a Fisioterapia 
respiratória convencional 
(FRC) no Pós-operatório 
(PO) imediato de 
revascularização do 
miocárdio. 
26 indivíduos 
Dois grupos: 
Grupo controle (GC) 
– submetido à FRC. 
Grupo BiPAP® 
(GB)- submetido a 30 
minutos de BiPAP®, 
duas vezes ao dia, 
associado à FRC. 
No GC, 61,5% dos pacientes 
tiveram algum 
grau de atelectasias, no GB, 
54%. A capacidade 
vital foi estatisticamente 
maior no GB no PO. 
Todos os outros parâmetros 
de ventilometria, gasometria, 
manovacuometria e 
hemodinâmicos foram 
semelhantes entre os grupos. 
A aplicação da 
ventilação com 
pressão positiva 
(BiPAP®) 
associada a FRC é 
benéfica na 
intenção de 
reestabelecer a 
função pulmonar 
mais rapidamente, 
em relação à FRC. 
Dias et al. 
2011 
Avaliar o volume 
inspiratório e os efeitos 
da espirometria de 
incentivo (EI) e da 
técnica breath stacking 
(BS) sobre a CVF em 
pacientes submetidos a 
cirurgia cardíaca. 
Estudo prospectivo 
controlado e 
randomizado. 
35 indivíduos 
Três grupos: Grupo 
exercício controle 
(EC) – realizou 
huffing (expiração 
forçada com a glote 
aberta); tosse, 
exercícios ativos de 
membros, sentar-se e 
deambulação. 
Grupo espirometria 
de incentivo (EI) - 
que realizou 
inspirações profundas 
utilizando um 
espirômetro de 
incentivo; 
Grupo breath stacking 
(BS), que realizou 
esforços inspiratórios 
sucessivos utilizando 
uma máscara facial 
acoplada a uma 
válvula unidirecional. 
No primeiro dia de pós-
operatório, a capacidade vital 
forçada (CVF) diminuiu 
significativamente 
em todos os grupos assim 
como o volume inspiratório 
nos grupos EI e BS. Do 
primeiro ao quinto dia de 
pós-operatório, a CVF 
apresentou recuperação 
parcial independentemente do 
protocolo. Durante o período 
pós-operatório avaliado, o 
volume inspiratório foi 
significativamente maior no 
grupo BS do que no EI. 
Os protocolos 
foram equivalentes 
no que se refere à 
recuperação da 
CVF nos primeiros 
cinco dias de pós-
operatório. Quando 
comparada à EI, a 
técnica BS 
promoveu maiores 
volumes 
inspiratórios nesta 
amostra de 
pacientes 
submetidos à 
cirurgia cardíaca. 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (105-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
Matheus et 
al. 
2012 
Avaliar a função 
pulmonar e força da 
musculatura respiratória 
no período pós-operatório 
(PO) e verificar o efeito 
do treinamento muscular 
inspiratório sobre as 
medidas de desempenho 
da musculatura 
respiratória em pacientes 
submetidos à 
revascularização do 
miocárdio. 
47 indivíduos 
23 intervenção 
24 controle 
Observou-se redução 
significativa em todas as 
variáveis mensuradas no 1º 
dia de PO quando 
comparadas ao pré-
operatório, nos dois grupos 
estudados, Pimáx, Pemáx , 
Volume Corrente (VC). No 3º 
dia de PO, o grupo 
intervenção apresentou em 
comparação ao grupo 
controle, maior valor de 
capacidade vital (CV). 
Pacientes 
submetidos à 
cirurgia cardíaca 
sofrem redução da 
CV e da força 
muscular 
respiratória após a 
cirurgia. O 
treinamento 
muscular realizado 
foi eficaz em 
recuperar o VC e a 
CV, no grupo 
treinado. 
Medeiros et 
al. 2014 
Avaliar os efeitos do 
Treino Muscular 
Inspiratório (TMI) 
associado a um 
protocolo de 
fisioterapia 
convencional na 
qualidade de vida e 
função pulmonar de 
um paciente submetido 
à Cirurgia de 
Revascularização do 
Miocárdio (CRM). 
Estudo de caso 
1 indivíduo 
Foi referido um declínio da 
qualidade de vida no pré-
operatório, e no 6°PO, houve 
melhora das variáveis 
capacidade funcional”, 
“estado geral de saúde”, 
“vitalidade” e “saúde 
mental”. O escore geral do 
SF-36 passou de 164,5 para 
209. Em relação à função 
pulmonar, o paciente 
apresentou declínio de todas 
as variáveis no 1°PO, 
confirmando que o 
procedimento cirúrgico 
repercute, negativamente, na 
função pulmonar. Ocorreu 
aumento de todas as variáveis 
no 6°PO, com aumento mais 
expressivo do volume 
corrente (VC) e pressão 
inspiratória máxima (PImáx).Constatou-se que 
o TMI associado 
a um protocolo de 
fisioterapia 
convencional foi 
eficaz na melhora 
da função 
pulmonar e 
qualidade de vida 
do paciente. 
Sobrinho et 
al.2014 
Demonstrar a importância 
da fisioterapia no pré-
operatório de cirurgia 
cardíaca, em relação à 
redução do tempo de 
internação hospitalar, 
alteração de volumes 
pulmonares e força 
muscular respiratória. 
70 indivíduos 
35intervenção 
(Orientação, 
exercícios 
respiratórios e 
treinamento muscular 
respiratório pré-
operatório). 
35 controle 
A avaliação das pressões 
inspiratórias máximas 
evidenciou aumento 
significativo no terceiro dia 
pós-operatório e quinto dia 
pós-operatório para o grupo 
de intervenção e análise das 
pressões expiratórias 
máximas apresentou valores 
significativos apenas no 
quinto dia pós-operatório 
para o grupo intervenção em 
relação ao grupo controle, 
observando-se ainda que o 
grupo submetido ao protocolo 
de tratamento fisioterapêutico 
pré-operatório apresentou 
menor tempo de internação 
hospitalar. 
Pacientes 
submetidos a 
fisioterapia pré-
operatória 
restauraram em 
menor espaço de 
tempo os 
parâmetros 
avaliados antes da 
cirurgia, além da 
diminuição no 
tempo de internação 
pós-operatório. 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (106-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
 
3. Discussão 
 
As complicações pulmonares pós-
operatórias são comuns e uma importante 
causa de morbimortalidade perioperatória, 
relatadas em 12% a 70% dos pacientes 
submetidos a cirurgias cardíacas. A 
maioria decorre de alterações nos volumes 
pulmonares que ocorrem em resposta à 
disfunção dos músculos respiratórios e a 
outras mudanças na mecânica da parede 
torácica. A capacidade vital diminui cerca 
de 50% a 60% e a capacidade residual 
funcional cerca de 30% nas primeiras 16 a 
24 horas do pós-operatório, causando 
desequilíbrio da relação ventilação-
perfusão, hipoxemia, retenção de 
secreções, atelectasia, pneumonia e 
insuficiência respiratória (SILVA, 
GAZZANA, KNORST, 2010; CORRÊA et 
al. 2010) 
Levando em consideração o quadro 
de disfunção pulmonar associado à cirurgia 
cardíaca e suas possíveis repercussões, 
torna-se fundamental melhor entendimento 
e maior investigação a respeito dos 
recursos disponíveis na atualidade para 
reverter tal quadro. Dentro deste contexto, 
a fisioterapia respiratória tem sido cada vez 
mais requisitada, visando no período pré-
operatório à prevenção das complicações 
pulmonares através de inúmeras técnicas, 
das quais, pode-se destacar: espirometria 
de incentivo, exercícios de respiração 
profunda, tosse, treinamento muscular 
inspiratório, deambulação precoce e 
orientações fisioterápicas. Em 
contrapartida, a atuação fisioterapêutica no 
pós-operatório tem como objetivo o 
tratamento das complicações pulmonares 
instaladas por meio de manobras 
fisioterápicas e dispositivos respiratórios 
não invasivos, visando melhorar a 
mecânica respiratória, a reexpansão 
pulmonar e a higiene brônquica 
(FERREIRA, MARINO, CAVENAGHI 
2012; ARCÊNICO et al. 2008; 
MIRANDA, PADULLA, BORTOLATO, 
2011). 
Graetz et al. 
2015 
Avaliar os efeitos da 
fisioterapia respiratória 
convencional (FRC) 
associada à pressão 
positiva expiratória final 
(PEEP) sobre a função 
pulmonar, força muscular 
inspiratória (FMI) e 
alterações radiológicas 
em pacientes submetidos 
à revascularização 
miocárdica. 
15 indivíduos 
Dois grupos: 
G1 – 7 indivíduos, 
submetidos à FRC. 
G2 – 8 indivíduos, 
submetidos à PEEP 
associada à FRC. 
Foram observadas diferenças 
significativas entre o período 
pré-operatório e o 3º dia de 
pós-operatório, para o G1 e o 
G2, em relação aos valores da 
pressão inspiratória máxima 
(PImáx), função pulmonar e 
valores espirométricos, 
porém não houve diferença 
significativa na comparação 
intergrupos. 
Concluiu não haver 
superioridade da 
utilização de um 
dispositivo de 
fisioterapia 
respiratória 
com pressão 
positiva comparada 
à realização da 
fisioterapia 
convencional no 
reestabelecimento 
da função 
respiratória no pós 
operatório de 
cirurgia cardíaca. 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (107-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
 Leguisamo, Kalil, Furlani (2005) 
verificaram a efetividade de um programa 
de orientação Fisioterapêutica pré-
operatória para pacientes submetidos à 
CRM com relação à redução do tempo de 
internação, prevenção de complicações 
radiológicas pulmonares, alteração de 
volumes pulmonares e força muscular 
inspiratória, concluindo que pacientes 
instruídos no pré-operatório reduziram a 
estadia em ambiente hospitalar e estavam 
mais bem preparados para colaborar com o 
tratamento pós-operatório. Garbossa et al. 
(2009) acrescenta ainda que os pacientes 
orientados e instruídos sobre a reabilitação 
fisioterapêutica ventilatória e exercícios de 
rotina do hospital, apresentam seus níveis 
de ansiedade estatísticamente mais 
reduzidos no pré-operatório. Informação 
esta confirmada em seu estudo que 
verificou os efeitos das instruções de 
fisioterapia sobre o nível de ansiedade de 
pacientes submetidos à CRM no pré e pós-
operatório em 51 pacientes, sendo 27 do 
grupo controle e 24 do grupo intervenção. 
A avaliação foi feita utilizando um 
questionário (Beck Anxiety Scale) para 
mensuração do nível de ansiedade, onde 
apenas o segundo grupo recebeu instruções 
sobre os procedimentos da cirurgia e 
exercícios respiratórios. 
 Essas informações vem de encontro 
ao estudo de Sobrinho et al. (2014),que 
confirma que além de reduzir o tempo de 
internação de pacientes submetidos a 
CRM, a fisioterapia pré-operatória 
composta de exercícios respiratórios e 
treinamento muscular 
respiratório,restabelece em menor espaço 
de tempo a força muscular respiratória, 
freqüência respiratória (FR), volume 
minuto (VM) e volume corrente (VC), 
favorecendo o retorno precoce do paciente 
as suas atividades de vida diárias. 
Em seu estudo, Brage et al. (2009) 
envolvendo 263 pacientes submetidos à 
CRM, sendo que 159 destes receberam 
fisioterapia pré-operatória composta por 
uma sessãodiária envolvendo espirometria 
de incentivo, exercícios de 
respiraçãoprofunda, tosse e deambulação 
precoce, verificou que a fisioterapia 
respiratória pré-operatória esteve 
relacionada à menor incidência de 
complicações pulmonares pós-cirúrgicas, 
como no caso da atelectasia, resultando em 
uma redução do risco relativo de 52%. 
 Os métodospressão positiva 
contínua nas vias aéreas(CPAP) e 
respiração por pressão positiva 
intermitente RPPI são formas de suporte 
ventilatório não-invasivo (VNI), nas quais 
se utiliza uma máscara, nasal ou facial, que 
funciona como interface entre o paciente e 
o ventilador(RENAULT & ROSSETI, 
2008). 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (108-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
Mendes & Silva(2006), e Peñuelas, 
Vivar e Esteban (2007)observaram efeitos 
positivos com a utilização de VNI, na 
forma de RPPI, RPPI associada à pressão 
expiratória positiva (PEP), nos primeiros 
dias após cirurgia cardíaca, período em que 
a respiração é caracterizada por baixo 
volume corrente, compensado por maior 
freqüência respiratória.Comparada ao 
CPAP e à espirometria de incentivo (EI), a 
RPPI foi considerada mais efetiva no 
incremento do volume corrente, 
proporcionando,portanto, reexpansão 
pulmonar com menor trabalho 
ventilatório.Romanini et al. 
(2007)corrobora com os achados, 
acrescentando ainda que a RPPI tem a 
capacidade de reverter mais precocemente 
a hipoxemia, se mostrando mais eficiente 
em comparação ao incentivador 
respiratório (IR), entretanto, para melhorar 
a força dos músculos respiratórios, o IR foi 
mais efetivo. 
Dias et al. (2011)avaliando a 
efetividade do protocolo de fisioterapia 
convenvional, EI, e breath stacking na 
capacidade vital forçada (CVF), 
evidenciou a técnica breath stacking em 
seu estudo como capaz de promover 
maiores volumes inspiratórios em 
pacientes submetidos a CRM, não 
revelando diferença estatística entre os 
protocolos impostos, na evolução da CVF. 
Ferreira et al.(2010) provou com 
seu estudo que pacientes que realizam EI 
associado a pressão expiratória positiva 
(EPAP) apresentam menos dispneia e 
menor sensação de esforço após e também 
melhor qualidade de vida após a CRM. Em 
contrapartida Renault et al.(2009), 
comparou os efeitos da espirometria de 
incentivo e dos exercícios de respiração 
profunda em pacientes submetidos à RM 
sobre as seguintes variáveis: Capacidade 
vital forçada (CVF) e volume expiratório 
forçado no primeiro segundo, pressões 
respiratórias máximas e saturação de 
oxigênio (SpO2), utilizando 36 pacientes, 
que foram distribuídos em dois grupos: 
espirometria de incentivo (n = 18) e 
exercícios de respiração profunda (n =18). 
As variáveis espirométricas foram 
avaliadas no período pré--operatório e no 
7º dia PO. A força dos músculos 
respiratórios e a saturação de oxigênio 
foram avaliadas no período pré-operatório, 
1º, 2º e 7º dias de PO. Os grupos foram 
considerados homogêneos em relação às 
variáveis demográficas e cirúrgicas. 
Observou--se diminuição nos valores de 
CVF e volume expiratório forçado entre o 
período pré-operatório e 7º PO, mas sem 
diferenças significativas entre os grupos. 
A aplicabilidade de ventilação por 
dois níveis de pressão positiva (BiPAP®) 
associada à fisioterapia respiratória 
convencional (FRC) no PO de CRM foi
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (109-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
 levantada pelo estudo de Franco et 
al. (2011), no qual vinte e seis pacientes 
submetidos a CRM, divididos em Grupo 
Controle (GC) que foi tratado com FRC, e 
Grupo BiPAP (GB) que foi submetido a 30 
minutos de BiPAP®, duas vezes ao dia, 
associado à FRC. Com avaliação das 
variáveis, capacidade vital (CV), 
permeabilidade das vias aéreas, pressões 
respiratórias máximas, saturação de 
oxigênio (SPO2), frequência cardíaca 
(FC), frequência respiratória (FR), volume 
minuto (VM), volume corrente (VC) e 
pressões arteriais sistólica e diastólica, foi 
demonstrado que os parâmetros de 
ventilometria, gasometria, 
manovacuometria e hemodinâmicos foram 
semelhantes entre os grupos, exceto a CV, 
que foi significativamente maio no GB. 
A não superioridade da utilização 
de um dispositivo de fisioterapia 
respiratória com pressão positiva 
comparada à realização da fisioterapia 
convencional no reestabelecimento da 
função respiratória no PO de CRM, 
também é presente nos achados de Graetz 
et al.(2015), que avaliaram a função 
pulmonar através da espirometria, a força 
muscular inspiratória através da 
manovacuometria e a presença de 
alterações pulmonares pela radiografia de 
tórax, nos períodos pré-operatório (Pré) e 
terceiro pós-operatório (PO3), e constaram, 
que na implementação da pressão positiva 
expiratória final (PEEP) ao protocolo de 
FRC não houve diferença significativa na 
comparação intergrupos. 
Matheus et al. (2012)e Medeiros et 
al.(2014), compararam a função 
respiratória de indivíduos submetidos à 
fisioterapia convencional e ao treino 
muscular respiratório (TMR) no PO de 
CRM, observando que embora o 
treinamento muscularinspiratório não tenha 
demonstrado efeitos sobre a pressão 
inspiratória máxima (Pimáx) e pressão 
expiratória máxima (Pemáx) até o terceiro 
dia de PO, foi eficaz em aumentar, de 
formasignificante, a função ventilatória, 
demonstrado pormeio do aumento nos 
valores de Volume Corrente (VC), CVF, 
Volume expiratório forçado no 1º segundo 
(VEF1) e pico de fluxo expiratório (PFE), 
nos gruposubmetidos ao TRM. Estes 
realizaram a reavaliação no terceiro dia de 
PO, o que pode justificar as demais 
variáveis permanecer sem melhora. Barros 
et al. (2010)em contrapartida, após a 
reavaliação em três momentos (pré-
operatório, primeiro dia de pós-operatório 
e alta hospitalar), constataramque além da 
evolução na função ventilatória 
comprovada pelas variáveis pulmonares, a 
utilização do TMR é eficaz na recuperação 
da PImáx e PEmáx. 
Estudo similar realizado por 
Ferreira et al. (2009) queverificou os 
efeitos de um programa de reabilitação
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (110-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
 damusculatura inspiratória no pós-
operatório de cirurgiacardíaca, demonstrou 
aumento da relação entre o VEF1 e a CVF, 
apontando similaridade entre as aferições 
iniciaise finais das Pimáx e Pemáx. 
Chiappa et al. (2008)comprovaram que o 
treinamento muscular 
respiratório,realizado por quatro semanas 
em pacientes cominsuficiência cardíaca, 
resultou em aumento do trofismo 
diafragmático e maior capacidade do 
mesmo em gerar força(72% de aumento). 
Demonstraram, ainda, que a resistênciaà 
fadiga por parte do diafragma aumentou 
em cerca de 30%,no grupo de pacientes 
submetidos à TMR. 
Já está bem estabelecida na 
literatura a necessidade eminente da 
intervenção fisioterapêutica no PO de 
cirurgia cardíaca, visto a quase inevitável 
instalação de complicações pulmonares. Os 
estudos encontrados demonstraram que 
existem inúmeras técnicas e aparelhos a 
disposição do fisioterapeuta e que não há 
um consenso sobre qual o melhor ou mais 
efetivo deles para a reversão do quadro 
pulmonar instalado, sendo as 
cointervenções bem aceitas na prática 
clínica com objetivos comuns. 
 
CONCLUSÃO 
 
A Cirurgia de Revascularização 
Miocárdica tem sido utilizada com grande 
frequência e assiduidadepara o tratamento 
dasdoenças arteriais coronarianas. Assim, a 
ocorrência de complicações pulmonares no 
pós-operatório é bastante comum. Como 
método primordial a fisioterapia 
respiratória é parte integrante na gestão dos 
cuidadosdo paciente cardiopata, tanto no 
pré quanto no pós-operatório, pois 
contribui significativamente para um 
melhor prognóstico dessespacientes, 
atuando com técnicas específicas,que 
visam à prevenção das complicações 
pulmonares. 
Considera-sede 
fundamentalimportância a atuação da 
fisioterapia respiratória no pré e pós-
operatório de Cirurgia de Revascularização 
Miocárdica, porém, verifica-se a 
escassezde estudos que enfoquem essa 
temática por meio de 
desenhosmetodológicos específicos sobre 
as várias técnicas utilizadas natentativa de 
padronização dos procedimentos, uma vez 
que as técnicas utilizadas na fisioterapia 
respiratória variam de acordo comos países 
e com a prática de cada serviço. 
 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (111-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
1. AMBROSIN, PRA; CATANEO, MJA. 
Aspectos da função pulmonar após 
revascularização do miocárdio 
relacionados com risco pre-operatório. 
Braz J Cardiovasc Surg. 2005;20(4):408-
15. 
 
2. ANDRADE, NR; BRITTO, RR. A 
influência da intervenção fisioterapêuticano pré-operatório de cirurgia de 
revascularização do miocárdio.Rev Med 
Minas Gerais 2012; 22(2):206-215. 
 
3. ARAUJO, ASG; KLAMT, JG; 
VICENTE, WVA; LUIS VICENTE 
GARCIA, LV. Pain and cardiorespiratory 
responses of children during physiotherapy 
after heart surgery. Rev Bras Cir 
Cardiovasc. 2014;29(2):163-6. 
 
4. ARCÊNCIO, L; SOUZA, MD; 
BORTOLIN, BS; FERNANDES, ACM; 
RODRIGUES, AJ; EVORA, 
PRB.Cuidados pré e pós-operatórios em 
cirurgia cardiotorácica: uma abordagem 
fisioterapêutica. Rev Bras Cir 
Cardiovasc. 2008;23(3):400-410. 
 
5. BARROS, GF; SANTOS, CS; 
GRANADO, FB; COSTA, PT; LÍMACO, 
RP; GARDENGHI, G. Treinamento 
muscular respiratório na revascularização 
do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc 
2010; 25(4): 483-490. 
 
6. BORGES, JBC; FERREIRA, DLMP; 
CARVALHO, SMR; MARTINS, AS; 
ANDRADE, RR; SILVA, MAM. 
Avaliação da intensidade de dor e da 
funcionalidade no pós-operatório recente 
de cirurgia cardíaca. Braz J Cardiovasc 
Surg. 2006; 21(4):393-402. 
 
7. BRAGE, IY; FERNANDEZ, SP; 
STEIN, AJ, Gonzalez UM, Diaz SP, 
Garcia AM. Respiratory physiotherapy and 
incidence of pulmonary complications in 
off-pump coronary artery bypass graft 
surgery: an observational follow-up study. 
BMC Pulmonary Med. 2009;36(9):1-10. 
 
8. CAVALLI, F; NOHAMA, P. Novo 
dispositivo EPAP subaquático no pós-
operatório de cirurgia de revascularização 
do miocárdio.Fisioter Mov. 2013 
jan/mar;26(1):37-45. 
 
9. CAVENAGHI, S; FERREIRA, LL; 
MARINO, LHC; LAMARI, MN. 
Fisioterapia respiratória no pré e pós-
operatório de cirurgia de revascularização 
do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc. 
2011;26(3):455-61. 
 
10. CHIAPPA, GR; ROSEGUINI, BT; 
VIEIRA, PJ; ALVES, CN; TAVARES, A; 
WINKELMANN ER, et al. Inspiratory 
muscle training improves blood flow to 
resting and exercising limbs in patients 
with chronic heart failure. J Am Coll 
Cardiol. 2008;51(17):1663-71. 
 
11. CORRÊA, PR; CATAI, AM; 
TAKAKURA, IT; MACHADO, MN; 
GODOY, MF.Variabilidade da Frequência 
Cardíaca e Infecções Pulmonares Pós 
Revascularização Miocárdica. Arq Bras 
Cardiol2010;95(4):448-456. 
 
12. DIAS, CM; VIEIRA, RO; OLIVEIRA, 
JF; LOPES, AJ; MENEZES, 
SLS;GUIMARÃES, FS. Três protocolos 
fisioterapêuticos: Efeitos sobre os volumes 
pulmonares após cirurgia cardíaca.J Bras 
Pneumol. 2011;37(1):54-60. 
 
13. FERREIRA, PEG; RODRIGUES, AJ; 
ÉVORA, PRB. Efeitos de um programa de 
reabilitação da musculatura inspiratória no 
pós-operatório de cirurgia cardíaca. Arq 
Bras Cardiol. 2009;92(4):275-82. 
 
14. FERREIRA, GM; HAEFFNER, MP; 
BARRETO, SSM; DALL’AGO, P. 
Espirometria de Incentivo com Pressão 
Positiva Expiratória é Benéfica após 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (113-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
Revascularização Miocardio. Arq Bras 
Cardiol 2010; 94(2) : 246-251. 
 
15. FERREIRA, LL; MARINO, LHC; 
CAVENAGHI, S. Fisioterapia 
cardiorrespiratória no paciente cardiopata. 
Rev Bras Clin Med. São Paulo. 2012 mar-
abr;10(2):127-31. 
 
16. FRANCO, AM; TORRES, FCC; 
SIMON, ISL; MORALES, D; 
RODRIGUES, AJ. Avaliação da 
ventilação não-invasiva com dois níveis de 
pressão positiva nas vias aéreas após 
cirurgia cardíaca. Rev Bras Cir 
Cardiovasc2011;26(4):582-90. 
 
17. GARBOSSA, A; MALDANER, E; 
MORTARI, DM; BIASI, J; LEGUISAMO, 
CP. Efeitos de orientações fisioterapêuticas 
sobre a ansiedade de pacientes submetidos 
à cirurgia de revascularização miocárdica. 
Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009; 
24(3):359-366. 
 
18. GRAETZ, JP; MORENO, MA. Efeitos da 
aplicação da pressão positiva expiratória final 
no pós-operatório de revascularização do 
miocárdio. Fisioter Pesq. 2015;22(1):17-22. 
 
19. HERDY, AH; MARCCHI, PLB; 
VILA, A, et al. Re- and postoperative 
cardiopulmonary rehabilitation in 
hospitalized patients undergoing 
coronary artery bypass surgery a 
randomized controlled trial. Am J Phys 
Med Rehabil. 2008;87(9):714-9. 
 
20. JUNIOR, JOCA. Ventilação mecânica 
no intra-operatório. J Bras Pneumol. 
2007;33(2):137-41. 
 
21.LEGUISAMO, CP; KALIL, RAKK; 
FURLANI, AP. A efetividade de uma 
proposta fisioterapêutica pré-operatória 
para cirurgia de revascularização do 
miocárdio. Braz J Cardiovasc Surg 2005; 
20(2):134-141. 
 
22. MATHEUS, GB; DRAGOSAVAC D; 
TREVISAN, P; COSTA, CE; LOPES, 
MM; RIBEIRO, GCAR. Treinamento 
muscular melhora o volume corrente e a 
capacidade vital no pós-operatório de 
revascularização do miocárdio. Rev Bras 
Cir Cardiovasc 2012;27(3):362-9. 
 
23. MENDES, RG; BORGHI-SILVA, A. 
Eficácia da intervenção fisioterapeutica 
associada ou não à respiração por pressão 
positiva intermitente (RPPI) após cirurgia 
cardíaca com circulação extracorpórea. 
Rev Movimento. 2006;19(4):73-82. 
 
24. MEDEIROS, AIC; COSTA, SKA; 
OLIVEIRA, GWS. A eficácia do treino 
muscular respiratório na fase I de 
reabilitação cardíaca: um estudo de caso. 
Catussaba UP Ano 3, n° 2, abr. / set. 
2014. 
 
25. MIRANDA, RCV; PADULLA, SAT; 
BORTOLATTO, CR. Fisioterapia 
respiratória e sua aplicabilidade no período 
pré-operatório de cirurgia cardíaca. Rev 
Bras Cir Cardiovasc. 2011;26(4):647-52. 
 
26.PADOVANI, C; CAVENAGHI, OM. 
Recrutamento alveolar em pacientes no 
pós-operatório imediato de cirurgia 
cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc. 
2011;26.1:116121. 
 
27. PEÑUELAS, O; FRUTOS-VIVAR, F; 
ESTEBAN, A. Noninvasive 
positivepressure ventilation in acute 
respiratory failure. CMAJ. 
2007;177(10):1211-8. 
 
28. RENAULT, JA; VAL, RC; 
ROSSETTI, MB. Fisioterapia respiratória 
na disfunção pulmonarpós-cirurgia 
cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc 
2008;23(4):562-569. 
 
29. RENAULT, JÁ; VAL, RC; ROSSETI, 
MB; NETO, MH. Comparison between 
deep breathing exercises and incentive 
spirometry after CABG surgery. Rev Bras 
Cir Cardiovasc 2009;24(2)165-72. 
 
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (113-179), 2014 ISSN 18088597 
 
 
30. ROQUE, VI; MACHADO, V; MAIA, 
M; ROCHA, A; ARAÚJO, V; MACIEL, 
MJ; PARADA, F.Preditores da capacidade 
funcional em doentes coronários.Revista 
da Sociedade Portuguesa de Medicina 
Física e de Reabilitação2013;23(1). 
 
31. ROMANINI, W; CARVALHO, 
KAT;OLANDOSKI, M; NETO, JRFN; 
MENDES, FL; SARDETTO, EA; COSTA, 
FDA; SOUZA, LCG. Os Efeitos da 
Pressão Positiva Intermitente e do 
Incentivador Respiratório no Pós-
Operatório de Revascularização 
Miocárdica. Arq Bras Cardiol 2007; 
89(2) : 105-110. 
 
32. ROSSI, RC; VANDERLEI, FM; 
MEDINA, LAR; PASTRE, CM; 
PADOVANI, CR; VANDERLEI, 
LCM.Influência do perfil clínico e 
sociodemográfico na qualidade de vida de 
cardiopatassubmetidos à reabilitação 
cardíaca. ConScientia e Saúde. 
2011;10(1):59-68. 
 
33. SILVA, DR; GAZZANA, MB; 
KNORST, MM. Valor dos achados 
clínicos e da avaliação funcional pulmonar 
pré-operatórios como preditores das 
complicações pulmonares pós-operatórias. 
Rev Assoc Med Bras 2010;56(5):551-7. 
 
34. SOARES, GMT; FERREIRA, DCS; 
GONÇALVES, MPC; ALVES, TGS; 
DAVID, FL; HENRIQUES, KMC; RIANI 
LR. Prevalência das Principais 
Complicações Pós-Operatórias em 
Cirurgias Cardíacas. Rev Bras Cardiol. 
2011;24(3):139-146 maio/junho. 
 
35. SOBRINHO, M; GUIRADO, GN; 
SILVA, MAM. Preoperative therapy 
restores ventilatory parameters and reduces 
length of stay in patients undergoing 
myocardial revascularization.Rev Bras 
Cir Cardiovasc 2014;29(2):221-8.28. 
 
36. WINKELMANN, ER; 
DALLAZEN, F; BRONZATTI, ABS; 
LORENZONI,JCW; WINDMÖLLER, 
P.Analysis of steps adapted protocol in 
cardiac rehabilitation in the hospital phase. 
Braz J Cardiovasc Surg 2015;30(1):40-8.

Continue navegando