Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
0 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Instituto De Ciências Humanas Curso De Psicologia Giulia Zanata da Silva RA: T8318D4 A ESCOLA DA PONTE E AS ABORDAGENS DE ENSINO JUNDIAÍ 2018 1 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Instituto De Ciências Humanas Curso De Psicologia Giulia Zanata da Silva RA: T8318D4 A ESCOLA DA PONTE E AS ABORDAGENS DE ENSINO Trabalho apresentado à disciplina Psicologia do Desenvolvimento e Teorias de Aprendizagem, ministrada pela Professora Dra. Rita Sampaio, como parte da nota bimestral. JUNDIAÍ 2018 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 3 2. AS ABORDAGEM DE ENSINO 4 2.1. A Abordagem Histórico-Cultural 4 2.2. A Abordagem Construtivista 6 2.3. A Abordagem da Inteligência Emocional 8 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10 3 1. INTRODUÇÃO A Escola da Ponte, localizada em Aves, cidade de Portugal, é uma escola que nasceu a partir de uma visão crítica sobre a escola e a educação tradicional. Baseada na epistemologia humanista de Carl Rogers, a escola tem a abordagem de ensino centrada e comprometida com seus alunos e tem como seu objetivo que estes aprendizes desenvolvam autonomia e sejam felizes aprendendo. Quando o escritor e educador Rubem Alves teve o seu primeiro contato com a Escola da Ponte ficou encantado, isto o levou a escrever diversos artigos para o Jornal Correio do Povo que na época circulava em Campinas, São Paulo. Foi feita uma coletânea de todos esses artigos e a união deles deu vida ao livro A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. O trabalho aqui apresentado tem como objetivo a reflexão crítica sobre as abordagens de ensino-aprendizagem nas vertentes epistemológicas histórico-cultural, construtivista, humanista e de inteligência emocional, identificando-as e discernindo quais são os efeitos que as mesmas podem causar nas crianças e adolescentes durante a fase de escolarização. Para isso, foi elaborada uma relação entre as vivências descritas por Rubem Alves na fascinante Escola da Ponte com o livro Ensino: As Abordagens do Processo de Maria da Graça Nicoletti Mizukami, obra utilizada como base para os estudos da disciplina de Práticas do Desenvolvimento e Teorias da Aprendizagem. Com isso, conseguimos apresentar os conhecimentos adquiridos na disciplina, pesquisar com profundidade as epistemologias, o que as diferem, como são aplicadas no contexto de aula e sua eficácia para seja atingido o objetivo da educação de cada aluno. 4 2. AS ABORDAGEM DE ENSINO 2.1. A Abordagem Histórico-Cultural Tanto a Escola da Ponte quanto a abordagem pedagógica Histórico-Cultural surgiram da necessidade de suprir as carências ignoradas pela escola tradicional. Nesta visão, a escola tem como prioridade o aluno e quer torná-lo um ser atuante na sociedade de forma consciente e que critique o meio em que vive para tornar o convívio em civilização melhor. Essa ideia remete a pedagogia de Paulo Freire pois o educador também tinha o intuito de formar indivíduos com senso crítico e queria que estes tomassem consciência de sua existência, fazendo assim com que exigissem seus direitos de forma lúcida. Priorizando o indivíduo, a educação não deixa de lado aspectos sociais, políticos e socioeconômicos de cada um deles. O aprendizado se constitui para as necessidades dos humanos, partindo de sua realidade subjetiva e, assim, percebe-se que o aluno absorve melhor os conhecimentos dos quais ele necessita e que vá beneficiá-lo de alguma forma, despertando o interesse, dedicação e compreensão sobre o assunto pelo sujeito. O grande elemento propulsor de ambas escolas é o acréscimo de fazer com que o educando esteja mergulhado dentro do conhecimento e que este não seja apenas abstrato, mas que partilhe de algo concreto e que esteja sendo vivenciado por cada pessoa, ou seja, no final das contas, aprender cidadania, história, física, ciências, português e etc., a partir da sua realidade material. Essa forma de aplicação é eficaz não só pelo aprendizado adquirido, mas pela dinâmica aplicada que produz ideias e pensamentos. Isso é relevante porque o conhecimento não é um acúmulo, mas sim uma informação que é recebida, repensada e a partir disso aplicada de forma inteligente, o que pode ser denominado de “reciclagem da informação”. 5 Os pressupostos epistemológicos na atuação do professor em sala de aula são diferentes na Escola da Ponte e na abordagem Freireana. Na escola portuguesa o professor é, a priori, apenas um facilitador, sendo requisitado pelos alunos quando estes sentem necessidade, auxiliando, dando suporte e explicando os modos de pesquisa. Na abordagem de Paulo Freire o professor tem o papel de fazer uma problematização sobre algum tema para que os alunos o utilizem como caminho. Apesar de algumas diferenças, ambas tem muito para se relacionar em muitos parâmetros. As duas são voltadas para o indivíduo com o objetivo de formá-lo a partir da sua subjetividade experiencial e para as suas reais necessidades, não apenas singulares como também de grupo, desenvolvendo o senso de construção mútua, solidariedade e consequentemente, um sujeito mais voltado para as causas sociais, que pense e analise de forma crítica e imponha o seu conhecimento de forma útil para que assim possa ser exercido, não exercendo conceitos arcaicos e idealizados, se tornando, assim, um ser social que participe ativamente dos movimentos sociais e políticos, que saiba se manifestar e resguardar os seus direitos. 6 2.2. A Abordagem Construtivista A proposta inicial da abordagem construtivista foi de oferecer elementos para a compreensão do desenvolvimento cognitivo humano em função de estágios estruturais pelos quais passam os seres humanos na construção de sua capacidade de inteligência. O conhecimento é o resultado de uma interação da pessoa com o meio a partir de estruturas que o ser humano já possui. Nesse dinamismo dois processos estão em constante interação: O primeiro é dado pela assimilação, processo pelo qual o sujeito age sobre o objeto, modificando-o, e a partir do que o sujeito já traz o objeto ganha significado para ele, assimilando-o em função de sua estrutura cognitiva; O segundo se dá pela acomodação, em que o sujeito acomoda o objeto transformado em seu repertório cognitivo (PIAGET, 2012). Piaget não tinha proposto uma teoria da aprendizagem e sim uma proposta epistemológica. Nela, cabe ao professor ser um facilitador da aprendizagem, criando situações e propiciando condições para que o sujeito entre em contato com o mundoa sua volta, provocando situações de desequilíbrio em que os processos de assimilação e acomodação possam ser mobilizados pelos sujeitos. Fazendo um paralelo com a reflexão proposta por Rubem Alves sobre a Escola da Ponte, onde se observa que o princípio básico é a não interferência no crescimento da criança e nenhuma pressão sobre ela. O professor tem um papel de facilitador como na abordagem construtivista, mas sem criar nenhuma condição para que isso aconteça, precisa ser um processo natural e no tempo que a criança estabelece. Segundo Mizukami (1986) este modo de ensino apresenta características da abordagem cognitivista onde se estuda o modo como os indivíduos percebem, aprendem, lembram e representam as informações que a realidade fornece. Tem como principais objetos de estudo a percepção, o pensamento e a memória, procurando explicar como o ser humano percebe o mundo e como se utiliza do 7 conhecimento para desenvolver diversas funções cognitivas como: falar, raciocinar, resolver situações-problema, memorizar, entre outras. Pode-se classificar esta abordagem como não diretiva, pois o professor é um facilitador da aprendizagem, trabalhando com o conhecimento que o aluno já possui por suas experiências vividas. Tendo em vista que a Escola da Ponte aproxima-se da abordagem Humanista, que se evidencia na proposta da escola que, através dos professores, deseja criar condições para que os alunos possam tornar-se pessoas de iniciativa, de responsabilidades, capazes de aplicar o seu aprendizado para a resolução de seus próprios problemas (MIZUKAMI, 1986). 8 2.3. A Abordagem da Inteligência Emocional A abordagem da Inteligência Emocional difundida popularmente por Daniel Goleman, demonstra que a criança tem toda capacidade de se autodesenvolver a partir do momento em que se é treinado todos os dias, assim obtém ideias novas e criativas, de uma forma construtivista-relacional. Essa nova forma de ensino em que a criança é quem estabelece seu tempo e também o que vai aprender, é uma forma dela estabelecer o que é realmente importante. A criança tem toda capacidade de aprender sem ser num método tradicional, onde fica sentada em sua mesa e o professor ensina a matéria que lhe foi proposta por uma autoridade maior. Na Escola da Ponte quase não há regras, apenas existe uma grade onde está todo o conteúdo que deve ser desenvolvido pelo aluno naquele período, é uma escola integral e o professor atua como observador, ele está presente para caso o aluno tenha alguma dúvida. O professor apenas precisa ver o que a criança necessita. A abordagem da Inteligência Emocional diz que o aluno é quem se autodesenvolve, estando mais disposto para os desafios diários e também para lidar melhor com as outras pessoas e saber desenvolver aquilo que pensa. Isso não apenas durante o período em que essa pessoa fica em sala de aula, mas também quando essa já está pronta para o mercado de trabalho. 9 3. A DIVERSIDADE DAS RELAÇÕES DE ENSINO-APRENDIZAGEM A partir dos estudos e pesquisas utilizados para a realização desse trabalho fica evidente que há diversas pedagogias que podem ser utilizadas nas relações de ensino-aprendizagem. Cada proposta pedagógica tem sua forma de lidar e compreender o papel do aluno e do professor. É importante ressaltar que não há uma abordagem correta, cada profissional deve se utilizar das abordagens propostas ou de outras, para melhor compreender a sua prática e ter maior eficácia. A abordagem tradicional, apesar de ser a mais utilizada nas escolas, não é única e não se sobrepõe as outras em questão de qualidade de ensino e efetividade pois esta também apresenta inúmeros defeitos e pontos de ineficácia, reforça lugares de maiorias e minorias sociais tanto entre os alunos quanto entre os docentes e acaba deixando de lado a subjetividade e singularidade de cada indivíduo. Por isso, não é a toa que Rubem Alves tanto se fascina com a Escola da Ponte, por trazer uma visão diferente de ensino e mostrar como é possível mudar o sistema tradicional de ensino para que ele seja melhor e totalmente válido para todos. 10 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Rubens. A Escola com Que Sempre Sonhei sem Imaginar Que Pudesse Existir. 1. ed. Campinas: Papirus, 2001 BUENO, J. M. H.; PRIMI, Ricardo. Inteligência Emocional: Um Estudo de Validade sobre a Capacidade de Perceber Emoções. Editorial Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003, 16(2), pp. 279-291. FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Editora Paz e Terra, 2014. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Editora EPU, 1986. PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
Compartilhar