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1 Disciplina: Legislação Penal Especial Professor: Rafael Barone Aula: 01 Monitor: Celso MATERIAL DE APOIO - MONITORIA I. ANOTAÇÕES 1. Introdução o CTB é diploma especial que trata da regulamentação da circulação em vias terrestre. Em sua maioria é composto por dispositivos de natureza administrativa, inclusive dispondo sobre as infrações e respectivas sanções dessa natureza art. 161 e 156, CTB. Entretanto, certas infrações administrativas também possuem implicação penal, razão pela qual a ofensa ensejará sanções respetivas, provenientes de cada uma das áreas, o que não configura bis in idem. As previsões penais estão disciplinadas no cap. 19º que traz os crimes entre os arts 302 e 312. Dentre as figuras, apenas duas são de dano (homicídio e lesão corporal) sem o restante de perigo, podendo subdividir: a. Perigo concreto exige demonstração do risco efetivo ofertado ao bem jurídico tutelado decrete da conduta que “expõem a risco” art. 250, CP. b. Perigo abstrato cujo o risco é presumido ente a simples prática da conduta art. 14 Lei 10.826/03. Lei 9.099 é diploma aplicado as infrações de menor potencial ofensivo (contravenções e crimes com pena máxima de 2 anos) os quais são suscetíveis de transação penal (conciliação art. 72 da Lei 9.099). Outro benefício também previsto nesta lei é o sursis processual, aplicável a todos os crimes cujo a pena mínima não ultrapasse 1 ano (art. 89 Lei 9.099). Em relação a lesão corporal culposa a lei 9.099 é vedada (art. 291, §1º CTB) nos casos em que envolver embriaguez, racha ou superação em 50/KM do limite para a via. Suspensão da habilitação é pena restritiva de direitos aplicada pelo CTB de forma isolada ou cumulativa com a penas privativas de liberdade (art. 292, CTB), fugindo a regra de substituição. Não obstante, aos reincidentes será aplicada de forma obrigatória, ainda que o dispositivo violado não a comine (art. 296, CTB). A demais, também pode ser aplicada cautelarmente, nos moldes do art. 294, CB, cujo o prazo será descontado da pena final – detração. Em relação as balizas, o art. 293, CTB define como patamar mínimo 2 meses e máximo de 5 anos, cujo a dosimetria segue o sistema trifásico das penas. CRIMES DE TRÂNSITO Lei nº. 9.503/1997 Prof. Rafael Barone LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Homicídio: Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 à 1/2, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros ● crime de DANO, na modalidade CULPOSA que, como tal, não admite tentativa; ● privativa de liberdade (2 a 4 anos) + restritiva de direitos (suspensão da habilitação de 2 meses a 5 anos – art. 293); ● causas de aumento: ausência de habilitação, em faixa de pedestre, bem como no exercício de atividade profissional (já são agravantes genéricas - art. 298 CTB); ● acresce, também, a omissão de socorro ao ferido (por si só já considerado delito autônomo – art. 304 CTB – figura subsidiária que se aplica quando o omisso não é o autor do acidente). forma qualificada: Art. 302. § 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. ● incluído pela Lei nº 13.547, 19 de dezembro de 2017; ● quando perpetrado por sujeito embriagado, cujas penas afastam a incidência da Lei nº. 9.099/95, bem como da possibilidade de substituição por restritivas; ● após a vigência encerra discussão sobre absorção do perigo da embriaguez pelo dano do homicídio. Lesão Corporal: Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de 6 meses a 2 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor §1º . Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. ● também crime de DANO, na modalidade CULPOSA que, como tal, não admite tentativa; ● crime de MENOR POTENCIAL OFENSIVO, cuja competência é do JECRim, sendo passível de transação penal (art. 76) e sursis processual (art. 89); ● mesmas causa de aumento. forma qualificada: Art. 303. § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. ● incluído pela Lei nº 13.547, 19 de dezembro de 2017; ● quando perpetrado por sujeito embriagado, que já afasta a incidência da Lei nº. 9.099/95 (art. 291, §1º CTB) e a lesão for grave ou gravíssima; ● quando muito, permite a substituição a depender da pena fixada. Omissão de Socorro: Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. ● crime PRÓPRIO (condutor acidentado) e FORMAL; ● ≠ causa de aumento (arts. 302 e 303) pois o sujeito não é responsável pelo acidente, mas também vítima (inclusive da própria vítima); ● também MENOR POTENCIAL OFENSIVO. Fuga a responsabilidade: Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa ● impõem o dever de permanecer no local = produzir provas contra si; ● inconstitucional (garantia de não autoincriminação - art. 5º, LXIII da CF), conferir – TJSP, Arguição de Inconstitucionalidade 0159020-81.2010, Órgão Especial, rel. Reis Kuntz, 14/07/2010; ● crime próprio, formal e de menor potencial ofensivo. Embriaguez ao Volante: Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - detenção, de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: I - concentração igual ou superior a 6 dg de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 mg de álcool por litro de ar alveolar; ou II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. 2 reformas, antes da atual redação(da Lei nº. 12.760/12): ● Texto Original (1997): Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem; PERIGO CONCRETO ● Lei nº. 11.705/08: Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; PERIGO ABSTRATO, embriaguez SOMENTE POR SANGUE ● hoje o risco permanece sendo PRESUMIDO. ● exige prova da embriaguez, nos seguintes moldes: a) laudo pericial = material humano (sangue, ar ou urina); b) exame clínico = aspectos pessoais ostentados (hálito etílico, andar cambaleante, voz pastosa, vestes desajustadas, olhos...); c) prova testemunhal = testemunha que tenha visto a ingestão. ● 3 penas cumulativas: privativa + multa + suspensão ● em vista do patamar mínimo, pode ser conferida a suspensão condicional do processo (art. 89 da 9.099/95). 1 Disciplina: Legislação Penal Especial Professor: Rafael Barone Aula: 03 Monitor: Celso MATERIAL DE APOIO - MONITORIA I. ANOTAÇÕES Violação de suspensão (art. 307) trata de crime de mera conduta, perpetrado por aquele que não cumpre a suspensão ou a proibição para dirigir, bem como não entregue a sua CNH, após decisão definitiva, no prazo de 48 horas estabelecido no art. 293, §1º CTB é crime próprio e de perigo abstrato em relação as penas, são cominadas a multa, detenção de 6 meses a 1 ano e suspensão da habilitação pelo dobro do prazo anteriormente violado. Racha (art. 308) é crime de perigo concreto que demanda prova do risco ofertado pela corrida automobilística. São cominada 3 penas, as quais sejam multa, suspensão da habilitação e detenção de 6 meses a 3 anos, que ultrapassa o teto da Lei 9.099, mas permite o sursis processual. As formas qualificadas do §1º e 2º são absorvidas pelos crimes de lesão e homicídio, seguindo a regra de consunção de crime de perigo pelos crimes de dano. Dirigir sem ser habilitado (art. 309) é crime de perigo concreto perpetrado por aquele que não tem ou nunca teve habilitação e mesmo assim conduz veículo gerando perigo a outrem. Em relação as penas é crime de menor potencial ofensivo suscetível de todos os benefícios da Lei 9.099. Entrega para não habilitado (art.310) trata de crime de perigo abstrato cometido por aquele que entrega a condição do perigo a sujeito não habilitado com habilitação cassada, embriagado ou acometido por doença física ou mental que não o permita estar em condição de dirigir. As penas tratam de menor potencial ofensivo, portanto passível de todos os benefícios da lei 9.099/95. Velocidade incompatível (art.311) é crime de perigo concreto praticado por aquele que conduz veículo em velocidade superior a determinadas regiões e logradouros. É norma penal em branco pois demanda complementação aqui conferida pelas leis de trânsito das localidades. É crime unissubsistente (um só ato) que, como tal, não admite tentativa. Em relação as penas também tratam de infração de menor potencial ofensivo passível dos benefícios da Lei 9.099/95. Fraude processual (art. 312) é crime de perigo abstrato perpetrado por aquele que em meio acidente, adultera o local, com o fito de ludibriar perito, policial ou juiz. Sendo crime formal, se consuma com a simples alteração do local, pouco importando de enganar o sujeito. Em todo caso, demanda o dolo específico pelo agente no sentido de querer enganar. Em relação as penas também tratam de figura de menor potencial ofensivo. 1 Disciplina: Legislação Penal Especial Professor: Rafael Barone Aula: 04 Monitor: Celso MATERIAL DE APOIO - MONITORIA I. ANOTAÇÕES Agravantes (art. 298) estão previstas no rol taxativo do art. 298 e são aplicáveis a todos os crimes, nos seguintes moldes: a. Com riscos para 3º ou patrimônio alheio (conferidas somente para crimes de dano (art. 302 ou 312, CTB visto que nos crimes de perigo o risco já é inerente); b. Veículos sem placas ou falsas (pela dificuldade em localizar o autor, o que também não impede sofrer reprovação pelo art. 311, CP); c. Sem habilitação ou com habilitação com categoria distinta visto não possuir os conhecimentos necessário para tanto e, ao se aventurar em dirigir, ainda praticou um crime); d. Motoristas com carteiras especiais (pois se espera maior cautela e destreza para conduzir); e. Veículos tunados (pois contraria as regras do fabricante e segurança) normas penais em branco; f. Em faixa de pedestres zona preferencial que não foi respeitada) Multa Reparatória (art. 297) se executa mediante o pagamento a vítima de valor equivalente ao prejuízo ocasionado, inclusive descontado de indenização civil. Como tal só pode ser conferida aos crimes que ensejarem prejuízos material e desde que exista pedido expresso pela vítima. Penas alternativas Art. 312-A deverá ser preferencialmente Prestação de Serviço à Comunidade a ser executada em entidades voltadas ao atendimento aos acidentados de trânsito. Obs.: Questão 1.: nos casos de penas privativas de liberdade, a suspensão da habilitação não iniciará enquanto o sujeito estiver custodiado (art. 293, §2º, CTB). Questão 2.: transeuntes que assistem ao acidente também tem dever de prestar socorro, sob pena de responder pela figura típica do art. 135, CP Questão 3.: A época da vigência da Lei 11.705/08 o uso do bafômetro era entendido da seguinte forma: a. Aceito em razão da tabele de conversão de litro de ar por litro de sangue STJ Resp. 1498656) b. Não era aceito pois o tipo era expresso ao exigir a demonstração pelo sangue (TJSP Apelação 000519721/2012). Questão 4.: nos casos de homicídio/ lesão gerada por embriaguez ao volante temos 2 correntes: a. Há absorção do perigo pelo dano, devendo o sujeito responder pelo 302 ou 303 (Apelação TJSP 001909133/2011) b. Entende haver concurso material de crimes, em razão dos distintos momentos de consumação (TJSP Apelação 000099478/2014) Questão 5.: nos casos de homicídio por sujeito embriagado a competência caberá ao júri, em razão do dolo eventual (STJ Resp. 1.588.984) CRIMES DE TRÂNSITO Lei nº. 9.503/1997 Prof. Rafael Barone LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Introdução: ● voltado a regulamentar a circulação em vias terrestres; ●maioria dos dispositivos de caráter Administrativo; ● infrações administrativas - Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código, da legislação complementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas administrativas [...]; ● penalidades administrativas - Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades [...] § 1º A aplicação das penalidades previstas neste Código não elide as punições originárias de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito. Crimes (Capítulo XIX – art. 302/312): ● apenas de condutas de DANO (homicídio e da lesão corporal) CULPOSAS na direção de veículo automotor (dolosas cabem ao Código Penal); ● o RESTANTE trata de delitos de perigo (abstratos e concretos); ● diferentemente do dano, aos crimes de perigo basta a exposição do bem ao risco de lesão, punindo-se, de antemão, a conduta que provavelmente incorreria em dano; Perigo Concreto = exige demonstração efetiva do risco (incêndio – demanda prova de que houverisco a vida, integridade física ou patrimônio alheio em vista do fogo) Perigo Abstrato = cuja probabilidade de risco é presumida (porte ilegal de arma de fogo – não demanda prova que tal conduta coloque em risco a coletividade). Aplicação da Lei 9.099/95: Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099/1995, no que couber ● infrações de menor potencial: Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa Aplicação da Lei 9.099/95: Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade ● transação penal – 8; Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos [...] ● sursis processual – 10; Aplicação da Lei 9.099/95: Art. 291. § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa exceto se o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora ● art. 303 – 6 meses a 2 anos; ● sai esfera JECRIM nessas hipóteses. Suspensão: Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades. ● isolada ● cumulativa Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis ●mesmo quando não cominada Suspensão: Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. ● cautelarmente - detração Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos. ● duração – dosimetria ● §1º intimado a entregar em 48 horas CRIMES DE TRÂNSITO Lei nº. 9.503/1997 Prof. Rafael Barone LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Violação de Suspensão: Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação ● viola a suspensão imposta em decisão judicial ou administrativa (ultrapassar a pontuação); ● crime próprio (cometido apenas pelo suspenso/proibido), de perigo abstrato e de MERA CONDUTA (atividade simples); ● forma equiparada = aquele que deixa de entregar a CNH, em 48 horas, quando intimado para tanto (art. 293, §1º); ● 3 penas cumulativas: privativa + multa + duplicação do prazo de suspensão, anteriormente violado; ●menor potencial ofensivo. Competição Automobilística: Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: Penas - detenção, de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 a 6 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 a 10 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo ● crime de PERIGO CONCRETO, exigindo-se que o racha gere risco à incolumidade; ● 3 penas cumulativas: privativa + multa + suspensão; ● na forma simples admite sursis processual (art. 89 da 9.099/95); ● nas formas qualificadas, temos a nítida ABSORÇÃO DO PERIGO DO RACHA PELOS DANOS da lesão (§1º) e do homicídio (§2º), cujas penas possuem patamares superiores aos previstos nos arts. 303 e 302 do CTB, respectivamente. Dirigir sem ser habilitado: Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa ● embora parecido com o delito de violação da suspensão, inclusive no que tange às reprimendas, esta figura trata da conduta daquele que não possui ou perdeu a habilitação e, ao conduzir, gere risco de dano, portanto, de perigo CONCRETO. ● menor potencial ofensivo. Entrega para não habilitado: Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança: Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa. ● conduta daquele que permite que pessoas não habilitada ou embriagada conduza veículo. ● crime de perigo abstrato e de mera conduta; ●menor potencial ofensivo. Velocidade incompatível: Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa. ● é NORMA PENAL em branco complementada pelas leis de trânsito da localidade (que definem velocidade compatível). ● crime de PERIGO CONCRETO e formal, pois não exige que ocasione a lesão; ●menor potencial ofensivo. Fraude processual: Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa. ● conduta daquele que adulteraa cena do acidente, com o fito de induzir o agente a erro, portanto, provido de DOLO ESPECÍFICO ● não demande o efetivo engano, posto ser crime FORMAL; ●menor potencial ofensivo. CRIMES DE TRÂNSITO Lei nº. 9.503/1997 Prof. Rafael Barone LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Agravantes (art. 298): ● com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros - incidem somente nos crimes de dano, pois escorada em risco de lesão (à pessoa ou patrimônio), o que já é inerente aos crimes de perigo; ● utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas - pela dificuldade ou impossibilidade de se chegar ao autor da infração e, especificamente no que tange à falsificação, ainda permite o concurso material com o art. 311 do CP, quando autor da contrafação; ● sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação ou com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo - em vista da maior censura em face daquele que sequer era habilitado para tanto e ainda incorreu em prática delitiva; ● quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga - se espera mais cautela e destreza ao conduzir veículos, seja dentro ou fora da atividade (salvo nos casos de homicídio culposos, em que se exige estar na profissão); ● utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante – por alterações dos padrões do automóvel (tunados ou peças recauchutadas), em desacordo com as recomendações dos fabricantes – BRANCO; ● sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres – espaço destinado ao pedestre, cujo respeito se exige do motorista, razão pela qual, sendo nessa região, a reprimenda deve ser maior. Multa Reparatória: Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no §1º do art. 49 do CP, sempre que houver prejuízo material resultante do crime § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do CP § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado. ● em favor da vítima, equivalente aos danos patrimoniais; ● fixada e cobrada nos moldes do art. 49ss. CP; ● exige pedido expresso e desconta do cível – despenalização. Prestação de Serviço a Comunidade: Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades: I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados; III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito; IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito. Questões: 1) Nos casos em que a pena de suspensão da cnh estiver cumulada com privativa de liberdade, o cumprimento de ambas as sanções será simultâneo? Art. 293, § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional; Questões: 2) Pessoas que trafegam pela via e assistem ao acidente automobilístico também têm o dever de prestar socorro? Art. 135 CP- Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte; Questões: 3) O exame de etilômetro (vulgo bafômetro) era prova válida para a demonstração de embriaguez a época da vigência da Lei nº. 11.705/08 (anterior a nova redação da Lei 12.760/12)? SIM: O Decreto n. 6.488/08 regulamentou o uso do etilômetro (bafômetro) como teste de alcoolemia -STJ, AgRg no REsp 1498656/RJ, rel. Nefi Cordeiro, 17/05/2016 NÃO: Fatos anteriores à Lei 12.760/12. Inviabilidade do resultado isolado do exame etilômetro. Necessidade de exame sanguíneo para reconhecimento da elementar '6 decigramas de álcool por litro de sangue'. Imprestabilidade do aparelho alvéolo-pulmonar. Absolvição de rigor. - TJSP, Ap.0005197-21.2012, rel. Guilherme de Souza Nucci, 10/05/2016; Questões: 4) Como fica a situação do sujeito que, conduzindo embriagado, lesiona ou mata? ABSORÇÃO (perigo na pena-base do dano): Absorção embriaguez pela lesão culposa - Autoria e materialidade devidamente comprovadas - Pena e regime mantidos. Recurso Improvido - TJSP, Ap 0019091-33.2011, rel. Freitas Filho, 19/04/2017. CONCURSO: Concurso material de infrações – Admissibilidade – Delitos diversos, com objetividades jurídicas e momentos consumativos distintos – Impossibilidade, ademais, de absorção do delito menos grave (lesão corporal culposa) pelo mais grave embriaguez ao volante) – Recurso provido -TJSP, Ap. 0000994-78.2014, rel. Osni Pereira, 29/11/2016; Questões: 5) De quem é a competência para julgar os casos de homicídio na direção de veículo automotor por sujeito embriagado? O deslinde da controvérsia sobre o elemento subjetivo do crime, especificamente, se o acusado atuou com dolo eventual ou culpa consciente, fica reservado ao Tribunal do Juri, juiz natural da causa, onde a defesa poderá exercer amplamente a tese contrária à imputação penal. Precedentes. Havendo elementos indiciários que subsidiem, com razoabilidade, as versões conflitantes acerca da existência de dolo, ainda que eventual, a divergência deve ser solvida pelo Conselho de Sentença, evitando-se a indevida invasão da sua competência constitucional. - STJ, AgRg no REsp 1588984/GO, rel. Antonio Saldanha Palheiro, 25/10/2016.
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