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THAIMARA 2018 A CONTRIBUIÇÃO DA METODOLOGIA LEAN CONSTRUCTION NA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais Alves Fortes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Thaimara da Silva Lisbôa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Contribuição da Metodologia Lean Construction na Construção Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além Paraíba 
2018 
Thaimara da Silva Lisbôa 
 
 
 
 
 
 
 
A Contribuição da Metodologia Lean Construction na Construção Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bacharelado em Engenharia Civil 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais Alves Fortes 
 
 
 
 
 
 
Professora Orientadora: Esp. Letícia Pires Finamore 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além Paraíba 
2018 
Ficha Catalográfica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISBÔA, Thaimara da Silva. 
 
Título: A Contribuição da Metodologia Lean Construction na Construção Civil. 
Nº de Folhas: 47 
 
Bacharel em Engenharia Civil – Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais Alves 
Fortes – FACE-ALFOR, mantida pela Fundação Educacional de Além Paraíba – 
FEAP. 
 
Coordenador: Roque Hudson Silveira 
Professor Titular: Roque Hudson Silveira 
Professora Orientadora: Esp. Leticia Pires Finamore 
Professor Convidado: Fausto José de Vasconcelos 
 
 
 
 
 
Thaimara da Silva Lisbôa 
 
 
A Contribuição da Metodologia Lean Construction na Construção Civil. 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Faculdade de Ciências 
Jurídicas e Gerenciais Alves Fortes – FACE-
ALFOR, mantida pela Fundação Educacional de 
Além Paraíba – FEAP, como requisito parcial à 
obtenção do título em Bacharel em Engenharia 
Civil. 
 
 
 
 
Banca examinadora: 
 
_____________________________________________ 
Prof. Titular: Roque Hudson Silveira 
 
 
_____________________________________________ 
Prof.ª Orientadora: Esp. Letícia Pires Finamore 
 
 
_____________________________________________ 
Prof. Convidado: Fausto José de Vasconcelos 
 
 
__________ 
Nota 
 
 Aprovado  Aprovado com restrições  Reprovado 
 
 
_____________________________________________ 
Prof. Coordenador: Roque Hudson Silveira 
 
Além Paraíba, 26 de Novembro de 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dedico estes escritos aos meus pais; Rita e Claudio, pelo seu esforço, empenho e 
dedicação para a minha formação. Também uma dedicatória especial ao Conrado meu 
companheiro e a Daniel meu amado filho. 
Agradecimentos 
Agradeço, em primeiro lugar, aos meus pais, por todo amor e esforço dedicados a mim ao 
longo desse percurso. 
Agradeço à Deus, por iluminar meu caminho e por me dar forças para seguir. 
À professora Leticia, pelo seu interesse, esforço e conselhos para que esse trabalho fosse feito 
da melhor forma possível. 
Ao coordenador do curso de engenharia, Prof. Roque Hudson Silveira, pelo interesse ímpar, 
acolhimento e pontuações precisas para o andamento e conclusão do curso. 
Ao curso de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais Alves Fortes, 
Fundação Educacional de Além Paraíba, sem o qual nada disso seria possível. 
Aos amigos que fiz quando estagiei no Secretaria de Obras e Serviços Públicos de Além 
Paraíba – MG, que me auxiliaram durante parte da graduação. 
E um agradecimento especial, aos meus amigos de turma, por toda ajuda, companheirismo, 
alegrias e os momentos únicos que me proporcionaram ao decorrer do curso, sem vocês não 
teria graça. 
Agradeço também, aos amigos da vida e aos familiares mais próximos, que sempre me 
motivaram. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo 
A aplicação de ferramentas de gestão, que antes eram utilizadas apenas nos escritórios das 
grandes empresas, começam a alcançar de forma tênue os planejamentos das obras, com 
objetivo de atingir os melhores resultados, tornando as obras mais econômicas e rápidas, 
elevando o padrão de qualidade das construções. O objetivo deste trabalho é fazer o estudo da 
metodologia de gestão Lean Construction, desenvolvido por Lauri Koskela em 1992, que 
busca orientar boa as práticas na construção civil, com o intuito de otimizar os processos que 
envolvem as execuções das construções. Para tal estudo, foi necessária uma reflexão a 
respeito da qualidade na construção civil e um panorama geral da mesma, um breve histórico 
e conceito da filosofia Lean e um embasamento a metodologia Lean Cosntruction, finalizando 
o trabalho com a conclusão do estudo. 
 
PALAVRAS CHAVES: Gestão; Desperdício; Construção enxuta; Execução; Eficiência. 
 
ABSTRACT 
The application of management tools, which were previously used only in large companies 
offices, begin to reach tenuously the planning of the construction, in order to achieve the best 
results, making construction more economical and quick, and raising the quality standard. The 
objective of this paper is to study the methodology of management Lean Construction, 
developed by Lauri Koskela in 1992, which seeks to guide good practices in construction, 
with the purpose of optimizing the processes that involve the execution of constructions. For 
this paper, a reflection on the construction quality and an overview of it was needed, a brief 
history and concept of the Lean philosophy and a foundation of the Lean Construction 
methodology, finalizing the work with the conclusion of the study. 
 
KEY WORDS: Management; Waste; Lean construction; Execution; Efficiency. 
 
Lista de Ilustração 
Figura 1 - Processos do Fluxo de Materiais. ........................................................................... 16 
Figura 2 - Ciclo de Qualidade. ................................................................................................ 20 
Figura 3 - Trabalhador Segurando o Mangote Para Auxiliar na Concretagem ....................... 25 
Figura 4 - Suporte de Mangote. ............................................................................................... 26 
Figura 5 - Layouts de Canteiro de Obras................................................................................. 26 
Figura 6 - Alvenaria Mal Executada. ...................................................................................... 31 
Figura 7 - Alvenaria Executada da Forma Correta de Acordo com o Princípio da 
Variabilidade. ........................................................................................................................... 32 
Figura 8 – Alternativas de Planejamento de Execução. .......................................................... 35 
Figura 9 - Verga Montada no Local e Verga Pré-Moldada. .................................................... 36 
Figura 10 - Aço Cortado e Dobrado. ....................................................................................... 37 
Figura 11 - Placa de Identificação do Material. ...................................................................... 39 
Figura 12 - Identificação dos Materiais Armazenados. .......................................................... 39 
Figura 13 - Identificação dos Andares da Edificação. ............................................................. 40 
Figura 14 - Informação a Respeito do Uso de Equipamentos de Proteção. ............................ 40 
 
 
 
Lista de tabelas 
Tabela 1 - Ficha de Verificação de Serviço. ............................................................................
29 
 
 
Lista de siglas 
 
STP: Sistema Toyota de Produção 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11 
CAPITULO I – CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................. 14 
1.1 Sistema Toyota de Produção .............................................................................................. 14 
1.2 Lean Construction .............................................................................................................. 15 
1.3 Gerenciamento e Elaboração de Projetos na Construção Civil .......................................... 17 
1.4 Conceito de Qualidade na Construção Civil....................................................................... 19 
1.5 Perspectiva Geral de uma Obra .......................................................................................... 22 
CAPITULO II – PRÍNCIPIOS UTILIZADOS PARA A GESTÃO DE PROCESSO ............ 24 
2.1 Reduzir a Parcela de Atividades que Não Agregam Valor ................................................ 24 
2.2 Aumentar o Valor do Produto Através da Consideração das Necessidades dos Clientes .. 27 
2.3 Reduzir a Variabilidade ...................................................................................................... 30 
2.4 Reduzir o Tempo de Ciclo .................................................................................................. 32 
2.5 Simplificar Através da Redução do Número de Passos ou Partes ...................................... 35 
2.6 Aumentar Flexibilidade de Saída ....................................................................................... 37 
2.7 Aumentar a Transparência dos Processos .......................................................................... 38 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 42 
RERÊNCIAS ............................................................................................................................ 44 
 
11 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 Um bom planejamento evita desperdícios, aumenta eficiência produtiva, promove 
economicidade e melhora os processos, especialmente na construção civil. A aplicação de 
ferramentas de gestão, que antes eram utilizadas apenas nos escritórios das grandes empresas, 
começa a alcançar de forma tênue os planejamentos das obras a fim de obter melhores 
resultados e um padrão de qualidade mais elevado. 
 Lima (2015 p.3), afirma que atualmente a indústria da construção no Brasil carece de 
bons planejamentos, nos quais o foco seja o tempo, o custo e a qualidade. Por sua vez, Cattini 
Junior (1882 apud LIMA, 2015 p.1) relata que no Brasil a evolução da área de planejamento 
ainda apresenta resistência quando comparado aos países desenvolvidos e as grandes 
empresas internacionais, que estão constantemente criando novas regras e/ou linhas de 
gerenciamento de projetos com o objetivo de baratear os custos de produção ou encurtar o 
tempo de execução, tornando o empreendimento cada vez mais lucrativo para o executor e 
mais atrativo para o cliente. 
 Contudo, esse fato não expõe o panorama geral da construção civil. O fenômeno da 
estagnação é comum em países onde a mão de obra é barata, pois é mais eficiente, 
financeiramente, contratar trabalhadores do que investir em tecnologias construtivas. 
Entretanto há países em que os custos trabalhistas são demasiadamente elevados, sendo assim, 
torna-se mais vantajoso investir em tecnologias. A título de ilustração, citamos a Arábia 
Saudita, naquela localidade é mais econômico importar trabalhadores da Índia, do que 
comprar máquinas e equipamentos. 
 Com isso, o desafio está em utilizar ferramentas para melhorar a qualidade dos 
serviços executados e aderir tecnologias construtivas de forma gradual, como investimentos a 
longo prazo, a fim de que não haja reflexos significantes no preço dos empreendimentos, e 
sim na produtividade e na qualidade dos mesmos. 
 
 O objetivo geral deste trabalho é mostrar que a construção civil também pode fazer o 
uso de metodologias de controle e planejamento, afim de sanar os principais problemas e 
desafios do setor. A primeira etapa para se alcançar as melhorias almejadas, está em desafiar 
os profissionais a mudar comportamentos tradicionais do setor e aderir técnicas e ferramentas 
desenvolvidas no Lean Construction, com isso é possível melhorar a qualidade dos processos 
construtivos, diminuir o tempo de execução, reduzir os custos gerais da obra bem como a 
12 
 
 
probabilidade de ocorrência de erros, que geram custos adicionais e desnecessários aos 
empreendimentos. 
 Além dos objetivos gerais, este trabalho possui objetivos específicos, sendo eles: 
 Identificar ações propostas pela metodologia Lean Construction; 
 Apresentar exemplos práticos da utilização das ferramentas estudadas; 
 Fazer um comparativo das práticas atuais na construção civil com práticas propostas 
pela metodologia em apreço. 
 
 O emprego de metodologias de gestão na construção civil aperfeiçoa a qualidade dos 
processos construtivos tornando o setor mais competitivo e entregando empreendimentos de 
melhor qualidade aos clientes finais. 
 Ocorre, frequentemente, por parte do ser humano a prática de atos falhos, fato que não 
deveria acontecer. Principalmente quando existem fatores próprios aptos a potencializar 
eventuais falhas, muitas vezes, decorrentes da falta de planejamento, que pode ocorrer em 
qualquer área: seja humana, exatas ou saúde. Em especial na construção civil, os erros 
cometidos na fase de planejamento se intensificam na fase da execução, aumentando 
exponencialmente os custos com ações corretivas. Citamos alguns desses desacertos que 
surgem com maior reincidência na construção civil, a saber: falhas na comunicação entre 
funcionários, ou entre empreiteiros e subempreiteiros; riscos não mensurados que se 
concretizam; falhas na execução por falta de instrução ou treinamento; gastos excessivos com 
mão de obra e materiais; retrabalhos; etc. 
 Diante dessas prerrogativas, a opção pelo tema se justifica, a fim de retratar a 
importância do estudo de ferramentas de gestão e sua aplicabilidade na construção civil. Pois 
a adoção de instrumentos de planejamento é necessária para que ocorra uma melhor interação 
entre os diferentes departamentos que estão envolvidos no setor da construção civil, 
atendendo os parâmetros estabelecidos, como qualidade, custo e prazo, para alcançar da 
melhor forma o objetivo final – o projeto construído com o mínimo de erros e satisfação final 
do cliente. 
 
 Este trabalho estrutura-se em quatro partes. 
 Inicialmente estaremos apresentando a introdução, com o esclarecimento do tema 
optado, os objetivos do trabalho, a justificativa do estudo embasada no tema e finalmente a 
estrutura do trabalho. 
13 
 
 
 A seguir, o primeiro capítulo com a contextualização da aplicabilidade das ferramentas 
de gestão na construção civil. Nele informaremos todos os conceitos e definições necessários 
para elucidar o entendimento a respeito do tema. Os conceitos abordados neste capitulo 
possuem evolução histórica, definições e características. 
 No segundo capítulo explicaremos a metodologia Lean Construction, que é o estudo 
principal do trabalho. Abordaremos seus princípios, aplicabilidade e as comparações das 
práticas atuais e as práticas que a metodologia aponta para serem adotadas. 
 Finalmente, apresentaremos algumas considerações, que através do estudo, nos foi 
possível concluir. Mostrando como a aplicabilidade da metodologia Lean Construction se 
mostra
bastante eficiente e fácil de se aplicar junto ás pequenas empresas/construtoras. 
 
14 
 
 
CAPITULO I – CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
 A aplicabilidade de ferramentas de gestão, ou seja, o planejamento em toda etapa e/ou 
serviço surgiu diante das dificuldades de mercado da construção civil. Dessa forma 
iniciaremos a fundamentação teórica do presente estudo, apresentando a definição básica do 
Sistema Toyota de Produção, a metodologia Lean Construction com seu desdobramento, o 
setor da construção civil com seus aspectos característicos e o relacionamento do mesmo com 
a gestão de projetos e a qualidade. 
 
1.1 Sistema Toyota de Produção 
 
 O Sistema Toyota de Produção (STP) foi criado por Taiichi Ohno e Eiji Toyoda, no 
Japão, em uma época de recessão econômica no país, logo depois a Segunda Guerra Mundial. 
O STP foi desenvolvido para a indústria automobilística, se baseou no Sistema Ford de 
Produção, conhecido pela produção em massa, porém, apresentando altas taxas de produtos 
defeituosos, uma vez que a qualidade dos itens fabricados era considerada em segundo plano. 
 Conforme relata Lorenzon (2008 apud VENTURINI 2015), Toyoda e Ohno 
verificando a escassez de recursos, devido à crise financeira que o país passava, concluíram 
que seria inviável se manter no mercado utilizando o Fordismo. Dessa forma, eles pensaram 
em criar um modelo de produção que competisse com o mercado mundial adaptado a 
realidade do Japão. 
 Diante desse cenário, ou seja, da necessidade de se manter no mercado mundial, foi 
criado então o STP, também conhecido como Lean Production (produção enxuta). Bem 
definido por Dennis (2008 apud VENTURINI 2015, p.24): ” esse sistema consiste em fazer 
mais com menos – menos tempo, menos espaço, menos esforço humano, menos maquinaria, 
menos material – e, ao mesmo tempo, dar aos clientes o que eles querem. ” 
 Como citado anteriormente, este sistema de produção usa o mínimo de material e/ou mão 
de obra, para produzir o máximo, sem comprometer a qualidade dos produtos, ou seja, ela não 
pode ser afetada, e ainda, deve ser conforme a almejada. Para tal, os defeitos devem ser 
identificados e corrigidos pelos trabalhadores, não permitindo que produtos defeituosos cheguem 
ao final da linha de produção. 
15 
 
 
 O sistema de produção do Lean Production criou o conceito Lean Think – Pensamento 
enxuto – que resumidamente consiste em criar mais valor para o cliente com o mínimo de 
recursos, e que por ser um conceito muito amplo pode ser aplicado facilmente em diversas áreas 
atuação do mercado, como o mercado da construção civil que será apresentado a seguir com o 
Lean Construction. 
 
1.2 Lean Construction 
 
 O Lean Construction – construção enxuta – consiste na gestão da produção voltada à 
construção civil, através da adaptação das técnicas e ferramentas desenvolvidas no STP. Essa 
metodologia de gestão faz uso do conceito Lean Thinking, citado anteriormente, como base 
principal de sustentação dos seus princípios. 
 Com o cenário da construção civil nos anos 90, surge a metodologia Lean 
Construction, que obteve seu marco inicial a partir da publicação de um relatório técnico 
realizado pelo pesquisador Lauri Koskela intitulado como Application of the New Production 
Philosophy to Construction – em livre tradução: Aplicação da Nova Filosofia de Produção à 
Construção – na Universidade de Stanford, U.S.A., em 1992. 
 Koskela visando o sucesso das industrias nos anos 90, introduziu na construção civil a 
concepção de desperdícios utilizada na Produção Enxuta. Nessa concepção, desperdícios 
ganha um sentindo mais amplo e passar ser compreendido como toda atividade realizada pelo 
trabalhador que consome recursos, mas não agregam valor, ou seja, tudo que não é percebido 
para o cliente. O significado de valor nesse contexto é tudo que agrada ao cliente ou atende de 
forma satisfatória suas necessidades/expectativas. Dessa forma surge a metodologia da 
construção enxuta. 
 Os princípios que se baseiam esta metodologia, tem como objetivo buscar minimizar 
todos os tipos de desperdícios e aumentar a produtividade, oferecendo exatamente o produto 
que o cliente almeja, no tempo que ele necessita, dessa forma aumentando a capacidade das 
empresas em atender todos os clientes satisfatoriamente. 
 Formoso (2002, p.4) explica que: 
 
 O modelo de processo da Construção Enxuta, assume que um processo consiste em 
um fluxo de materiais, desde a matéria prima até o produto final, sendo o mesmo 
constituído por atividades de transporte, espera, inspeção e processamento (ou 
conversão, que transformam os insumos, em produtos intermediários). As atividades 
de transporte, espera e inspeção não agregam valor ao produto final, sendo por esta 
razão denominadas atividades de fluxo. 
16 
 
 
 A figura a seguir ilustra o conceito de atividade de fluxo, o qual Formoso se referiu 
anteriormente. 
Figura 1 - Processos do Fluxo de Materiais. 
Fonte: Formoso (2002 p.4). 
 
 A criação de valor é outra vertente característica dos processos na Construção Enxuta. 
Como dito anteriormente, o conceito valor está diretamente vinculado à satisfação do cliente. 
Logo, um processo só gera valor quando as atividades transformam as matérias primas ou 
componentes em produtos requeridos pelos clientes, sejam eles internos ou externos. 
(FORMOSO 2002, p.4) 
 Empreendimentos que utilizam a metodologia Lean Construction, obtém um 
diferencial quando comparados a outros que não utilizam metodologia de gestão. Organização 
é a palavra de ordem neste sistema, pois cada item tem o seu lugar e todos os operários têm 
suas funções bem definidas, trabalhando dentro de um cronograma de atividade, trazendo um 
ótimo resultado sobre a utilização do tempo, estabilidade da produção, antecipação de ações, 
capacidade de previsão e economia do material. 
 Além das bases conceituais da Construção Enxuta, Koskela em seu trabalho, dividiu 
esta metodologia em um grupo de princípios para nortear o gerenciamento de processos na 
construção civil, que tem como foco a redução de desperdícios. De acordo com Venturini 
(2015 p.33) esses princípios são: 
1. Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor; 
2. Aumentar o valor do produto através da consideração das necessidades do 
cliente; 
3. Reduzir a variabilidade; 
4. Reduzir o tempo do ciclo de produção; 
5. Simplificar através da redução do número de passos ou partes; 
6. Aumentar a flexibilidade na execução do produto; 
7. Aumentar a transparência do processo; 
8. Focar o controle no processo global; 
9. Introduzir melhoria contínua no processo; 
17 
 
 
10. Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões; 
11. Referenciais de ponta (benchmarking). 
 
 Neste trabalho focaremos apenas nos sete primeiros princípios, devido a aplicabilidade 
dos mesmo o nosso nicho de mercado, o das pequenas e médias construções que admitem o 
gerenciamento mais informal. 
 
1.3 Gerenciamento e Elaboração de Projetos na Construção Civil 
 
 De acordo com (PMBOK 2000, p.6), “Gerência de Projetos é a aplicação de 
conhecimentos, habilidades, e técnicas para projetar atividades que visem atingir ou exceder 
as necessidades e expectativas das partes envolvidas, com relação ao projeto. ” Ou seja, o ato 
de gerenciar um projeto decorre da organização, do planejamento, da supervisão e do 
monitoramento de todos os fatores de um projeto constantemente, de forma a alcançar os 
objetivos almejados, tanto no aspecto técnico quanto organizacional. 
Ensina-nos Kerzner (2002 apud ROMANO 2003, p.73) que: 
 
No mundo atual, os projetos tronam-se aparentemente cada vez maiores e mais 
complexos. Alguns entendem que um projeto deve
ser definido como uma atividade 
multifuncional, pois o papel de gerente de projetos tem-se tornado mais o de 
integrador do que o de um especialista técnico. Assim a gestão de projetos pode ser 
definida como o planejamento, programação e controle de uma série de tarefas 
integradas de forma a atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos 
participantes do projeto. Dessa forma, percebe-se que o mundo empresarial passou a 
reconhecer a importância da gestão de projeto, tanto para o futuro quanto no 
presente. 
 
 O gerenciamento de um projeto envolve a coordenação eficaz e eficiente de recursos 
de diferentes tipos, como recursos humanos, materiais, financeiros, políticos, equipamentos, e 
de esforços necessários para obter-se o produto final desejado – no caso da construção civil, a 
obra construída, atendendo os parâmetros preestabelecidos de prazo, custo, qualidade e risco. 
 O gerenciamento de projetos é de suma importância na construção civil e a cada dia 
mais os profissionais da área vem utilizando-o, no intuito de atender as expectativas do cliente 
com a maior eficácia possível e para melhorar os seus procedimentos de projeto. 
 Os profissionais da construção civil objetivando a melhoria de seus procedimentos de 
projetos vêm centralizando suas ações em três pontos: gerenciamento de projetos; projeto e 
produção; e apresentação de projetos. 
18 
 
 
 As ações são focalizadas nos gerenciamentos de projetos, pois este ponto possui um 
alcance amplo e incisivo sobre o processo projetual e suas consequências, de maneira global, 
sendo até mesmo considerada como uma intervenção de maior importância para suprir as 
expectativas e exigências dos clientes, sem deixar de lado a eficácia da obra. Por outro lado, a 
compatibilização de projetos com o processo construtivo é de grande valia a fim de evitar o 
desperdício de recursos humanos e materiais. Por último, a apresentação de projetos tem por 
intuito implementar a comunicação das soluções apuradas no projeto a ser executado, de 
modo que isso tudo conduz a uma melhor objetividade, clareza e facilita a aplicação de tudo 
que havia sido previamente estabelecido no papel na etapa de construção ou execução da 
obra. 
 Entretanto, nas pequenas e médias construções, o gerenciamento de projeto pode 
ocorrer de forma mais informal e com menos burocracia, devido às particularidades do setor. 
 Além da ação focada em três pontos, como anteriormente salientado, o gerenciamento 
de projetos na construção civil ainda contempla quatro fases, sendo elas: a colheita de 
informações básicas; concepção ou briefing; desenvolvimento; e detalhamento. 
 A primeira fase é aquela na qual se faz o levantamento, hierarquização e interpretação 
das informações básicas sobre as características do terreno e de sua ocupação. Normalmente, 
quando se tratar de grandes empreendimentos tal etapa fica a cargo da incorporada. 
 A segunda é relativa à concepção de alternativas e soluções, que são elaboradas com 
base nas informações obtidas na primeira fase. Nesta fase, se delimita as necessidades do 
cliente a serem atendidas e aquelas para se viabilizar o desenvolvimento do projeto. Contando 
com o estudo preliminar de arquitetura tudo isso junto, vai desenvolver a definição do produto 
final e já devem considerar informações e as experiências de outras especialidades do projeto 
e do pessoal da produção, de forma a coordenar conceitualmente as visões do incorporador ou 
do dono da obra e do arquiteto com a dos demais especialistas e analisar as possibilidades 
tecnológicas e construtivas a serem aplicadas no empreendimento, levando-se em conta as 
características observadas na fase anterior. 
 Já a terceira fase é aquela em que há o desenvolvimento e a validação das soluções 
apresentadas compreendendo o desenvolvimento interativo dos anteprojetos de forma a 
coordenar as soluções de diferentes especialidades, visando amarrar as decisões de e otimizar 
o projeto. 
 A quarta e última fase compreende o detalhamento, representação e apresentação das 
informações do projeto, momento em que o projeto passa ser visualizado como um serviço de 
19 
 
 
apoio e orientação à obra e aos usuários e não como um processo que somente apresenta e 
desenvolve soluções a serem implementadas. 
Com esse processo, Fabricio et al (1999 apud ROMANO 2003, p.142) ensina-nos a 
buscar transformação do processo tradicional conflituoso e fragmentado da gestão, em um 
processo colaborativo e de coordenação de esforços e conhecimentos, onde seja possível 
resolver as conexões entre os projetos e dos projetos com a obra. Pois quando se amplia a 
interação entre os projetistas, é mais fácil coordenar as soluções, ao invés de somente discutir 
a compatibilização da atual obra com os projetos anteriormente desenvolvidos. 
 Assim, conclui-se que o gerenciamento e a elaboração de projetos são de grande 
importância na construção civil e deve ser utilizado, contando sempre com o auxílio da 
tecnologia da informação. 
 
1.4 Conceito de Qualidade na Construção Civil 
 
 Autores clássicos entendiam que qualidade seria um conceito subjetivo diretamente 
relacionado à percepção do cliente final sobre o que ele espera sobre determinado produto ou 
serviço (DEMING 1993 apud TONETTO 2016, p.10). Reforça, Juran (1992 apud TONETTO 
2016, p.10) que aos olhos dos clientes, quanto melhores as características do produto, mais 
alta a sua qualidade, ao passo que, quanto menos defeitos, melhor a qualidade. 
 Entretanto, tais conceituações remetem a um período onde a qualidade era focada 
apenas na fiscalização do produto final. Atualmente, ocorreu uma mudança substancial no que 
se entende por qualidade, pois houve uma intensificação com a relação da detecção de 
defeitos para a melhoria continua durante o processo produtivo. 
 Explica Feigenbaum (1994 apud TONETTO 2016, p.10), que de acordo com a 
mudança de panorama, qualidade significa correção dos problemas e defeitos e suas causas ao 
longo de toda a produção, envolvendo fatores como os projetos, engenharia, produção e 
manutenção, que exercem influência sobre o produto final, ou seja, a construção e 
consecutivamente a satisfação do usuário. 
 Na construção civil toda a execução da obra passou a ser controlada e aperfeiçoada, 
sendo certo que nesta área a gestão da qualidade é ainda mais desafiadora, dado os intemperes 
existentes, com especial importância no controle de custos, dos desperdícios e do retrabalho. 
20 
 
 
 Em seu estudo, Melo (2005 apud TONETTO 2016, p.15), destaca algumas 
características do setor da construção civil que são inerentes, nesse contexto são elas: 
 
 1. O objeto de construção, via de regra, é um produto individual e o local de 
produção (canteiro de obras) varia de acordo com a localização e tipo de edificação. 
2. Grande parte dos projetos de construção civil é relativamente de curta duração. 
Isto leva a um pensamento de curto prazo no planejamento da execução da obra. 3. 
Num canteiro de obras, várias equipes de trabalho se sucedem no decorrer do 
processo da construção. Isto torna a coordenação especialmente complexa, 
particularmente quando várias equipes precisam atuar no mesmo espaço de trabalho. 
4. Na indústria de construção civil, os terceirizados fazem parte do processo de 
produção no próprio local de realização do produto (a edificação). Além disso, 
diferentes terceirizados entram em cena no mesmo ambiente de trabalho. Isto torna a 
coordenação e otimização dos processos de trabalho especialmente difíceis. 
 
 Deve ser destacado também, os agentes constituintes do ciclo produtivo da construção 
civil. “Os envolvidos em cada uma de suas etapas requerem diferentes níveis e aspectos de
qualidade, e agentes que trabalham em qualquer dessas etapas do ciclo incorporam diferentes 
níveis de qualidade e afetam a qualidade do produto final. ” (SOUZA 2004 apud TONETTO 
2016, p.15). 
 A figura abaixo ilustra o ciclo de qualidade e as pessoas envolvidas em cada fase. 
Figura 2 - Ciclo de Qualidade. 
Fonte: Tonetto (2016 p.16). 
 
 Vale ressaltar que um dos problemas básicos da qualidade das construções é a 
variabilidade do produto final e a falta de consideração das exigências dos clientes. Souza 
21 
 
 
(2004 apud TONETTO 2016, p.16) aponta aspectos próprios da construção civil, que são 
obstáculos à aplicação de procedimentos e ferramentas do sistema e gestão de qualidade. São 
eles: “a) A construção é uma indústria de caráter nômade; b) Criar produtos únicos e não em 
série; c) Utilizar mão de obra pouco qualificada; d) A prática constante da produção 
centralizada e não em cadeia; e) As responsabilidades são dispersas e pouco definidas. ” 
 Esses e outros problemas impactam na qualidade das construções o que repercute de 
forma negativa ao cliente final. As dificuldades e aspectos citados acima, impedem que haja a 
efetivação da qualidade nas construções, o que acaba repercutindo no prazo de entrega 
prometido pelos profissionais ou empresas envolvidas na obra. Em virtude disso, Grigonis 
(2010 apud TONETTO 2016, p.17) afirma que as construtoras acabam fazendo cobranças aos 
envolvidos sobre prazo de entrega e custos no acabamento das obras, deixando a qualidade do 
serviço a ser prestado e do produto final em si em segundo plano. 
 Assim se faz necessária a elaboração inicial de plano de qualidade da obra, com o 
intuito de obter controle do projeto, esclarecer todos os detalhes próprios da organização, da 
construção e da qualidade almejada. 
 Para Figueiredo (2006 apud TONETTO 2016, p.17), são benefícios de um sistema de 
gerenciamento de obras: 
a) Sistema de controle de processos que fornece estabilidade e previsibilidade 
permitindo ações de melhoria; b) Padronização dos procedimentos; c) Redução do 
retrabalho e desperdício de materiais; d) Gestão da documentação; e) Definição das 
responsabilidades dos profissionais e melhoria do fluxo de informações. 
 
 Por tanto, para que ocorra o gerenciamento da qualidade, são necessários alguns 
critérios avaliativos. Para isso é necessário desenvolver uma estrutura para a implementação 
da gestão da qualidade, de modo que possua passos e critérios para conduzir a gestão da 
qualidade em toda obra. As etapas que devem compor uma estrutura de gestão de projetos, 
vão desde a organização (documentos, elaboração de projetos, etc.), até o pós-obra. O 
conjunto dessas etapas formam um sistema de gestão da qualidade. 
Neste trabalho, a seguir, abordaremos a gestão da qualidade na execução e gestão de 
obras, ou seja, a aplicação do conceito teórico no controle de materiais, serviços e de mão de 
obra. Entretanto, para uma melhor compreensão do presente trabalho serão analisados alguns 
princípios, permitindo uma avaliação mais especifica das principais atividades de uma obra e 
22 
 
 
do seu produto final, de modo que será avaliado tão somente a qualidade aplicada à um 
empreendimento e não a estrutura de uma empresa que atua no ramo da construção civil. 
 
1.5 Perspectiva Geral de uma Obra 
 
 Para se alcançar o objeto construído no final dos empreendimentos de construção civil 
devemos passar pelas seguintes fases: 
 Viabilidade do Projeto; 
 Projeto; 
 Planejamento; 
 Execução; 
 A fase de viabilidade do projeto consiste no estudo de informações básicas a respeito 
do que se deseja construir. São levantadas informações do terreno e informações econômicas 
financeiras do empreendimento. Essa etapa tem como finalidade prever se um determinado 
empreendimento é viável, ou seja, prevê os possíveis custos, se o mesmo traz lucros ou 
prejuízos e fornece bases para a concepção do projeto. 
 Nessa fase alguns cuidados devem ser tomados, por exemplo, se o que se pretende 
construir for algo que traga retorno financeiro, é necessário fazer uma análise de mercado e as 
possibilidades de rendimento do mesmo. Entretanto, caso a construção não seja objeto de 
venda ao público, sendo um produto para um cliente especifico, como a construção de uma 
residência unifamiliar, se faz necessário analisar se o orçamento do cliente é compatível com 
o que ele deseja, no terreno escolhido. 
 A respeito do terreno, os cuidados inerentes nesta etapa dizem a respeito da orientação 
solar, dimensões do mesmo, topografia e resistência do solo. Além disso é importante analisar 
a presença ou não de ligações externas, como rede de água e esgoto, abastecimento elétrico, 
pavimentação das vias, facilidade de acesso e segurança. Deve haver uma análise da 
compatibilidade entre o preço do terreno e o tipo de empreendimento. 
 Após a análise de todos os panoramas citados, o profissional deve estar seguro quanto 
a continuidade ou não do empreendimento, se o mesmo for considerado viável é possível 
seguir para próxima etapa, a elaboração do projeto. 
23 
 
 
 O projeto é a etapa onde são feitos todos os detalhamentos do empreendimento, são 
elaborados os inúmeros projetos sendo eles o arquitetônico, hidrossanitário, elétrico, estrutural 
e o projeto executivo. Esta etapa envolve todos os dados levantados na análise de viabilidade 
possibilitando o estudo preliminar da arquitetura e dos demais projeto. São consideradas todas 
as necessidades a serem atendidas no produto, de acordo com as tendências do mercado ou 
solicitações do cliente e as normas de construções locais. 
 Atualmente os diversos projetos de uma edificação são elaborados de forma interativa, 
de modo que se consiga coordenar diversos profissionais e soluções para otimizar 
globalmente o projeto. 
 O planejamento consiste em preparar a execução do projeto, nesta fase avistamos tudo 
o que será efetivado com a construção. São elaborados cronogramas para especificar quando 
cada etapa começa e são definidos os métodos construtivos, de modo que haja melhora no 
processo construtivo e evitando retrabalho e perdas de material. 
 Podem ser considerados 3 tipos de planejamento, o de curto, médio e longo prazo. O 
planejamento de curto prazo acontece na obra propriamente dita, pois consiste na ordenação 
das atividades diárias, semanais ou até mesmo mensais, supervisionando diretamente o 
andamento da obra. O planejamento de médio prazo consiste em ajustar o planejamento de 
logo prazo, que pode precisar de adequações ao longo do tempo, por vários motivos por 
exemplo readequação de orçamento. O planejamento a longo prazo, é feito a partir de uma 
visão ampla da obra, focado em resolver as principais necessidades do empreendimento e 
evitar futuras adversidades. Com planejamento adequado, é provável que se consiga melhorar 
a execução, ganhar tempo, diminuir possíveis desperdícios e solucionar futuros problemas 
mais facilmente. 
 Após a elaboração do cronograma inicia-se a execução. Evidentemente esta etapa 
segue uma sequência lógica pois alguns dos processos de construções são dependentes de 
outros. As etapas da execução são divididas superficialmente em: contenções, fundações, obra 
bruta, vedação externa e acabamentos. 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
CAPITULO II – PRÍNCIPIOS UTILIZADOS PARA A GESTÃO DE PROCESSO 
 
 Neste capitulo serão abordados os princípios de constituem a Lean Construction e que 
devem ser seguidas para se alcançar uma gestão de qualidade nas obras. Os princípios serão 
explicados e a serão dados alguns exemplos de aplicação dos mesmos, pois é de suma 
importância saber o que fazer, onde e como fazer. 
 
2.1 Reduzir
a Parcela de Atividades que Não Agregam Valor 
 
 Para Koskela (1992, apud JUNQUEIRA, 2002, p.17), as atividades que não agregam 
valor podem ser definidas como: 
a) atividades que agregam valor ou atividades de transformação/conversão de 
material ou informação, na direção do que é requerido pelo consumidor; 
b) atividades que não agregam valor (desperdício); atividades que consomem 
tempo, recursos e espaço, sem agregar valor. 
 
 Esse princípio consiste em eliminar as atividades de fluxo que não agregam valor, 
portanto não são fundamentais para o processo construtivo. Ou seja, são práticas que 
consomem recursos, tempo e/ou espaço e que não contribuem para o objeto final a ser 
construído. Dentro dessa perspectiva, devem ser eliminadas, a fim de que se possa alcançar 
mais eficiência nas atividades. Para eliminar as atividades que não agregam valor, é 
necessário fazer o um mapeamento de cada processo. A título de exemplo, é possível citar o 
tempo gasto com a movimentação de materiais para as bases de trabalho, vejamos o caso da 
argamassa feita na central de concreto, que muitas vezes necessita ser levada a pontos mais 
distantes para ser utilizada, sendo que poderia ser feita a distribuição prévia dos materiais 
necessários nos locais de aplicação, para que a argamassa seja feita no próprio local de 
utilização. 
 Contudo, é relevante ressaltar que não são todas as atividades que não constituem 
valor que podem ser eliminadas. Existem atividades que não agregam valor diretamente ao 
consumidor final, mas que são fundamentais à eficiência geral dos processos. Por exemplo, é 
de suma importância dar treinamento dos funcionários, de maneira que fiquem mais 
25 
 
 
capacitados, e esse valor não é agregado diretamente ao produto final. Outro exemplo é a 
instalação de recursos de segurança, se fazem necessários e não são passiveis de serem 
agregados ao valor final, entre outros. 
 É o princípio mais importante da Lean Construction, pois está intimamente 
relacionado com todos os outros princípios, porque os próximos princípios estarão de alguma 
maneira focados em reduzir a parcela de atividades que não agregam valor, ou seja, reduzir as 
perdas e aumentar a eficiência dos procedimentos, eliminando atividades desnecessárias. 
 O principal passo para alcançar esse princípio é esclarecer as atividades de fluxo. Com 
a representação nítida do fluxo do processo, é possível identificar, controlar e eliminar as 
atividades que não agregam valor aos processos. A ferramenta essencial utilizada neste 
princípio é a logística. 
 Na imagem 3 temos um servente segurando um mangote de bombeamento da 
argamassa, enquanto a mesma é espalhada pelo pedreiro. Pensando com o princípio de reduzir 
as parcelas que não agregam valor, o emprego de um suporte de mangote permitiria que o 
sfuncionário espalhe a argamassa, ao invés de somente segurar o mangote, ou então, elaborar 
outras atividades, de acordo com a imagem 4. 
Figura 3 - Trabalhador Segurando o Mangote Para Auxiliar na Concretagem 
Fonte: http://www.usinadoconcreto.com.br/portfolio/ 
 
26 
 
 
Figura 4 - Suporte de Mangote. 
Fonte: Formoso (2002 p.6). 
 
 A figura 5 mostra dois layouts de canteiro de obra, e é possível perceber que o 
primeiro layout da central de concreto no canteiro obras, exige o transporte de cimento entre 
os agregados para alcançar carregadeira, betoneira e caçamba. O segundo layout, mostra uma 
melhor organização dos itens na central de concreto, que gera maior produtividade devido à 
redução do transporte dos materiais, consecutivamente a redução do tempo. 
 
Figura 5 - Layouts de Canteiro de Obras. 
Fonte: GREEF, A. et. al (2012 apud Pagiolli 2015, p.38) 
27 
 
 
 2.2 Aumentar o Valor do Produto Através da Consideração das Necessidades dos 
Clientes 
 
O cliente pode ser: 
 Cliente externo: consumidores finais; 
 Cliente interno: trabalhadores da produção. 
 Segundo Koskela (1992, apud JUNQUEIRA, 2002, p.17), o valor não é uma qualidade 
particular do processo de conversão, mas é gerado como consequência do atendimento aos 
requisitos do cliente. 
 Se no princípio anterior o foco era reduzir o que não gerava valor, neste princípio o 
foco é maximizar o que gera valor final para o consumidor. 
 Para alcançar esse objetivo é necessário que em um projeto, seja possível identificar de 
forma clara as necessidades e preferências do consumidor, e estas devem ser consideradas a 
começar da concepção do projeto até a produção do produto. Também é necessário conhecer 
como o cliente vê o empreendimento, pois isso torna possível a previsão dos envolvidos 
evitando conflitos entre as partes, interferências e retrabalhos. 
 Durante da concepção do projeto tem que se obter dados relativos ao mercado e as 
preferências dos consumidores finais, por meio de pesquisas com possíveis compradores ou 
avaliações de ocupações já entregues. Neste caso nos referimos a grandes empreendimentos, 
como por exemplo, apartamentos que serão vendidos ainda na planta, centros comerciais e 
shoppings. 
 Dentro do curso de produção, durante a construção, o princípio de agregar valor ao 
cliente também deve ser aplicado, porém neste caso, vamos considerar os clientes internos 
(trabalhadores da produção). Esclarecendo, consideremos que os funcionários que executam a 
alvenaria das paredes, devem seguir todas as especificações o projeto, pois no mesmo haverá 
a referência dos pontos onde serão as portas e janelas e as dimensões dos vãos que deverão ser 
deixados nas paredes para a fixação das esquadrias. Se essas marcações não estiverem de 
acordo com o projeto, a equipe que fará a colocação das esquadrias (cliente interno) irá 
posicionar de forma errada as mesmas, de acordo com o que está e não com o que está 
planejado, ou ainda, não conseguirá fazer a colocação das esquadriais, pois, os vãos podem 
não estar com tamanho correspondente aos tamanhos das esquadrias, o que gera atraso á obra 
28 
 
 
e retrabalho para consertar o que não está correto. Neste caso, é possível ver uma sucessão de 
erros que além de atrapalhar as equipes dos serviços subsequentes, podem chegar aos clientes 
finais, o que não é bom, pois não vai agregar valor ao empreendimento mediante ao mesmo. 
 Para atingir a finalidade deste princípio e preservar a qualidade dos serviços, pode ser 
feita a utilização de um documento para inspecionar as etapas de cada serviço, pode ser feito 
através de uma ficha de verificação de serviço, com a finalidade de atender o consumidor 
final. É um documento muito utilizado em grandes empresas, pois ajuda as mesmas 
inspecionar suas obras. A tabela 1 mostra um exemplo deste tipo de documentação para 
inspecionar os serviços.
29 
 
 
Tabela 1 - Ficha de Verificação de Serviço. 
Fonte: adaptado de Pagiolli (2015 p. 39).
FVS – Ficha de Verificação de Serviço Obra: Identificação: 
Serviço: Alvenaria Local da inspeção: 
ETAPA VERIFICAR 
Data de abertura: 
 Resultado 
Observações: 
Tolerância 
Marcação 
Nivelamento e alinhamento da 
fiada de marcação com nível de 
mangueira ou laser e linha de 
náilon 
Desvio máx.: 5mm 
Esquadro com esquadro 
metálico 60x40x100 cm 
Desvio máx.: 15mm 
Elevação 
Prumo com prumo de e régua de 
alumínio 
Desvio máx.: 3mm 
Dimensões dos vãos de portas e 
janelas cm trena métrica 
Desvio máx.: 10mm 
Cota de respaldo 
(somente 
estrutural) 
Cota de respaldo com trena 
métrica e nível de mangueira ou 
laser. 
Desvio máx.: 5mm 
Inspecionado por: Data do fechamento: 
Legenda: Não inspecionado: Em branco Aprovado: 0 Reprovado: X Reinspecionado e Aprovado: ok 
30
2.3 Reduzir a Variabilidade 
 
 Existem três tipos de variabilidade incluídos no andamento da produção, de acordo 
com Formoso (2002 p.7), são elas: 
I. Variabilidade de demanda: consiste na mudança das necessidades e 
desejos dos clientes; 
II. Variabilidade nos processos anteriores: está relacionado com os 
fornecedores do processo e consiste na variação das dimensões ou 
especificações de materiais; 
III. Variabilidade no próprio processo: pode ser a variação de tempo de 
execução ou produtividade de uma equipe para um mesmo tipo de atividade. 
 
 Formoso (2002 p.7) ainda diz que, de acordo com a gestão existem duas razões para 
reduzir a variabilidade, sendo a primeira que do ponto de vista do cliente, um produto 
uniforme traz mais satisfação, pois o produto corresponde às especificações previamente 
estabelecidas. E a segunda razão, é que a variabilidade aumenta as parcelas de atividade que 
não agregam valor e aumenta também tempo necessário para executar um produto, 
principalmente pelas seguintes razões: 
a) Interrupção de fluxos de trabalho, causada pela interferência entre as equipes. 
Isto ocorre, quando uma equipe fica parada ou precisa ser deslocada para outra 
frente de trabalho, em função de atrasos da equipe antecedente; 
b) Não aceitação de produtos fora de especificação pelo cliente, resultando em 
retrabalhos ou rejeitos. (FORMOSO 2002 p.7) 
 
 A variabilidade é parcela que não consegue ser completamente removida dentro da 
construção civil, devido as circunstâncias locais que são inerentes da obra, do feitio dos seus 
processos, da falta de controle dos profissionais sobre os processos e pelo ritmo de trabalho, 
que é monitorado pelo homem. Porém parte dessa parcela pode ser reduzida e para alcançar 
esse objetivo é necessário que se estabeleça uma padronização nos processos, seja na 
execução dos serviços ou na sua organização, sendo necessários treinamentos para explicar os 
processos construtivos e a forma de organizar-se dentro do empreendimento. 
 Exemplificando melhor este princípio, podemos observar a imagem 6, onde é possível 
ver variabilidade na execução de uma alvenaria, há variação na quantidade de argamassa, em 
alguns lugares tem argamassa demais, ou seja, material desperdiçado. Existem tijolos 
31 
 
 
diferentes aos usados em maior parte da alvenaria e partes da alvenaria que estão quebradas. 
Já na imagem 7, os tijolos seguem sem elementos quebrados no meio da alvenaria e a 
quantidade de argamassa de assentamento mantem um padrão. Se for utilizado um padrão 
para a execução das alvenarias isso pode reduzir desperdícios com argamassas e tijolo, além 
de melhorar a qualidade das paredes e fazer com que a produtividade seja aumentada. 
Figura 6 - Alvenaria Mal Executada. 
Fonte: https://www.amplusconstrutora.com.br/wp-content/uploads/2017/10/alvenaria-mal-
feita.jpg 
 
32 
 
 
Figura 7 - Alvenaria Executada da Forma Correta de Acordo com o Princípio da Variabilidade. 
Fonte:https://pedreirao.com.br/alvenaria-como-construir-as-paredes-de-tijolos-ou-blocos/ 
 
 Outro exemplo de variabilidade que afeta a obra é a falta de planejamento das frentes 
de serviços, pois esta pode ocasionar grandes movimentações da equipe, por exemplo, a falta 
de planejamento da demanda solicitada dos trabalhos pode acarretar irregularidades no 
andamento dos serviços, pois ora a equipes serão muito requisitadas, ora não haverá uma 
quantidade considerável de serviços. No caso de remanejamentos não planejados de mão de 
obra, estes poderão gerar grande perda por movimentação das equipes, elevada rotatividade 
de funcionários, queda na qualidade dos serviços, falta de conclusão da etapas e perdas por 
execução de produtos defeituosos 
 
2.4 Reduzir o Tempo de Ciclo 
 
 Segundo Koskela (1992 apud VENTURINI 2015, p.34), o tempo de ciclo está 
definido como sendo a somatória dos períodos de tempo (processamento, inspeção, espera e 
movimentação) necessários para a produção de determinado produto. 
 Esse princípio baseia-se na filosofia Just in Time, a qual tem o foco em produzir 
somente o que o próximo processo solicitar, de modo que a produção seja em fluxo contínuo 
e sem interrupções, a fim de obrigar a supresõa das atividades de movimentação que não 
agregam valor. 
 Esse princípio consiste basicamente em planejamentos estratégicos que sincronizam o 
ritmo dos trabalhadores e o fluxo de material, objetivando proteger a produção e manter 
33 
 
 
continuidade das operações na obra, consecutivamente diminuindo o tempo de ciclo e a 
variabilidade. 
 
 Baseado em Formoso (2002 p.8) possui as seguintes vantagens: 
 Entrega mais rápida ao cliente: as equipes devem estar focadas na 
conclusão de um conjunto de unidades, a produção deve ser separada em 
lotes menores, ao contrário de espalhar as mesmas por todo canteiro. Sendo 
possível entregar aos clientes possível as unidades mais cedo, o que diminui 
o custo do empreendimento. A velocidade na entrega é muito importante 
para alguns segmentos de mercado, pois alguns clientes necessitam dos 
empreendimentos em um prazo mais curto, logo a velocidade acaba sendo 
uma vantagem competitiva; 
 A gestão dos processos torna-se mais fácil: o volume de produtos 
inacabados em estoque (denominado de trabalho em progresso) é menor, o 
que tende a diminuir o número de frentes de trabalho, facilitando o controle 
da produção e do uso do espaço físico disponível; 
 O efeito aprendizagem tende a aumentar: como os lotes são 
menores, existe menos sobreposição na execução de diferentes unidades. 
Assim, os erros apareçam mais rapidamente, podendo ser identificadas e 
corrigidas as causas dos problemas. O aprendizado obtido nas unidades 
iniciais pode então ser aproveitado para melhoria do processo na execução 
das unidades posteriores; 
 As estimativas de futuras demandas são mais precisas: com os 
lotes de produção são menores e concluídos em prazos mais reduzidos, a 
empresa trabalha com uma estimativa mais precisa da demanda. Isto torna o 
sistema de produção mais estável; 
 O sistema de produção torna-se menos vulnerável a mudanças de 
demanda: pode-se obter um certo grau de flexibilidade para atendimento da 
demanda, sem elevar substancialmente os custos, pois algumas alterações de 
produto solicitadas podem ser implementadas com facilidade nos lotes de 
produção subsequentes. 
 
 Para alcançar a implantação deste princípio, existe um grupo de ações que 
podem ser implantadas na construção, sendo eles: 
 A supressão de dependências entre as tarefas quando possível, com isso torna-se 
possível executar determinadas atividades de forma paralela; 
34 
 
 
 Concentrar a produção em um número menor de unidades, como dito anteriormente, 
pois é mais fácil controlar da produção e ajustar a mesma, de acordo com a 
necessidade; 
 Eliminar as atividades de fluxo, ou seja, eliminar as atividades que consomem tempo, 
recursos e espaço e não contribuem com a produção; 
 Padronizar os métodos de execução de maneira que se acelere as atividades e evite 
erros e variações que levem ao retrabalho. 
 
 Para ilustrar o princípio da redução do tempo de ciclo, tomaremos um exemplo 
prático, do uso de dispositivos eletrônicos como tabletes e celulares, por exemplo, para 
diminuir o tempo de deslocamento comunicação entre os vários agentes de uma construção, 
principalmente o tempo que é gasto com idas e vindas entre o escritório e o canteiro para 
buscar informações técnicas, de projetos e de produção. Com os aparelhos e seus aplicativos a 
informação é passada de forma mais fácil para os setores, facilitando o controle das atividades 
nos escritórios e a solução de
problemas na execução. 
 Outra situação que ilustra a aplicação deste principio, por exemplo no planejamento de 
uma obra hipotética de quatro unidades de residênciais, existem duas formas diferentes de se 
panejar a execução do empreendimento. Na primeira alternativa, a execução dos trabalhos nas 
quatros residências ocorreriam simutaneamente, ou seja, há uma concentração de trabalho 
grande no empreendimento, de acordo com a imagem 8. No 4º período, existiriam frentes de 
trabalho em todas as unidades do empreendimentos, e a primeira unidade é entregue somente 
no 6º periodo, sendo notavel que há uma demora na finaização de uma unidade causada pela 
desfragmentação da equipe. 
 Na segunda aternativa do planejamento de execução existe um número menor de 
unidades sendo executadas ao mesmo tempos, podendo ser utilizadas menos frentes de 
trabalho e um maior conrole do que está sendo construido, evitando erros durante a execução 
e em excuções futuras. Há uma concentração maior de esforços direcionados em poucas 
unidades, o que faz com que a primeira unidade seja entregue no 3º periodo e no 6º periodo 
três unidades já estariam finalizadas, duas residências a mais, quando comparamos a primeira 
alternativa de planejamento de construção com a segunda alternativa. 
35 
 
 
Figura 8 – Alternativas de Planejamento de Execução. 
Fonte: Formoso (2002 p.9) 
 
 Nessa situação ainda, podemos observar um exemplo de economicidade, pois na 
primeira alternativa para que haja até quatro construções paralelas ocorrendo, é necessário que 
haja um número maior de trabalhadores, quando comparamos a segunda, ou seja, além de 
uma execução mais rápida devido a uma grande concentração de esforços em uma unidade 
por vez, há uma economia em mão de obra, visto que a equipe será menor. 
 
2.5 Simplificar Através da Redução do Número de Passos ou Partes 
 
 Este princípio significa simplificar o processo através da redução de passos, sejam eles 
no fluxo de material, fluxo de informação ou na conversão das atividades, ou seja, quanto 
maior o número de etapas envolvidas na produção, maior é o número de esforços que não 
acrescentam valor. 
 As atividades que não agregam valor nesse princípio, são aquelas que são 
fundamentais a eficiência geral dos processos, ou seja, tarefas cooperantes de preparação e 
finalização fundamentais para cada processo (como, montagem de andaimes, treinamento de 
funcionários, limpeza do canteiro, etc.). Com isso, entende-se que são atividades que não 
podem ser eliminadas, que não acrescentam valor e que levam tempo, logo, quanto menos 
processos que necessitem destas atividades, mais rápidos serão os mesmos. 
 Para alcançar esse princípio existem diversas ações, porém, a alternativa mais 
importante, é o planejamento adequado no processo de produção, disponibilizando 
equipamentos, materiais e informações necessárias em locais apropriados, para atender as 
36 
 
 
equipes com a menor ocorrência de deslocamentos que provoquem interrupções 
significativas. O planejamento deve ser capaz também de eliminar interdependências, pois se 
um serviço atrasar todos os outros consecutivamente também atrasam. 
 Uma forma de reduzir o número de etapas na execução é utilizar elementos pré-
fabricados. Por exemplo, na imagem abaixo, temos a verga pré-moldada e a moldada no local. 
A verga pré-moldada, o próprio funcionário consegue posicioná-la e continuar a confecção da 
alvenaria, o que reduz significativamente o número de passos. Já a verga moldada no local, 
necessita que a execução da alvenaria seja interrompida para que ela seja executada e é 
necessário esperar a secagem antes de continuar a alvenaria. A imagem a seguir ilustra o que 
foi dito anteriormente. 
 
Figura 9 - Verga Montada no Local e Verga Pré-Moldada. 
Fonte: Formoso (2002 p.10) 
 
 Além das vergas existem outros componentes pré-fabricados que podem ser utilizados 
afim de reduzir os passos na obra e maximizar a produção, outro exemplo é a compra de aço 
já cortado, dobrado e armado para as fundações, como na imagem a seguir. 
37 
 
 
Figura 10 - Aço Cortado e Dobrado. 
Fonte: Pagiolli (2015 p.66). 
 
 Outra forma de implantar esse princípio nas obras é através do emprego de equipes 
polivalentes, que são equipes com profissionais com conhecimento em várias áreas. Ou seja, 
ao invés de usar uma equipe especializada para cada serviço, fazer a utilização de equipes que 
possuem habilidades e conhecimentos para atuar em mais de uma área especifica. Com tudo, 
cabe ressaltar que as equipes só poderão ser trocadas de função de acordo com o planejamento 
e a finalização dos serviços, para que não ocorra variabilidade e consecutivamente, queda na 
qualidade dos serviços. 
 
2.6 Aumentar Flexibilidade de Saída 
 
 Esse princípio consiste em disponibilizar produtos que possam ser alterados de acordo 
com a demanda, ou seja, cria a possibilidade de modificações nas características das 
edificações que serão entregues aos clientes. Os empreendimentos que possuem determinada 
flexibilidade em seus produtos, conseguem agregar valor aos produtos finais mediante os seus 
clientes, pois conseguirão atender de uma melhor forma a demanda. 
 “Embora o princípio de aumentar a flexibilidade de saída pareça contraditório com o 
aumento da eficiência, muitas indústrias têm alcançado flexibilidade mantendo níveis 
38 
 
 
elevados de produtividade. ” (FORMOSO 2002, p.10). Essas modificações devem ser 
previamente planejadas, para que não haja gastos significativos, para que nada seja descartado 
e para que não haja retrabalhos. 
 Á primeira vista, a flexibilização pode parecer contraditório com a simplificação, 
porém, na realidade, podem ser complementares. Por exemplo, projetos com a utilização de 
componentes modulares, ou com paredes em Drywall, que são métodos construtivos que 
permitem grande liberdade de utilização, podem ser combinados com a redução do tempo de 
ciclos e a simplificação dos números de passos. 
 A utilização deste princípio pode ocorrer na personalização da edificação no período 
mais tarde possível, na utilização de mão-de-obra polivalente devido sua capacidade de se 
adaptar as mudanças e na utilização de métodos construtivos flexíveis, que não prejudiquem a 
produção. 
 A título de exemplo, em um empreendimento pode ser utilizado o sistema construtivo 
de lajes planas, que por não possuírem vigas, deixa livre a escolha do layout do ambiente. 
 Ou ainda, o empreendimento com seis apartamentos por andar, sendo duas unidades 
de dois quartos e quatro unidades de três quartos. Como forma de satisfazer o gosto dos 
clientes externos a empresa oferece para os apartamentos de 2 quartos, seis opções de layout 
interno e para os apartamentos de 3 quartos, sete opções de layout interno. A disposição dos 
treze tipos de layouts disponibilizados pela empresa é padrão e determinada, não sendo 
possível escolher o layout e sua localização no edifício simultaneamente. Com isso é possível 
dar possibilidade do cliente escolher o que melhor lhe atende sem onerar a empresa e atrasar 
seus serviços. 
 
2.7 Aumentar a Transparência dos Processos 
 
 Esse princípio representa o acréscimo da disponibilidade de informações essenciais 
para a execução dos processos. Com o aumento de informações, os erros de execução tendem 
a ser menores e a identificação dos mesmos se torna mais fácil, ou seja, se funcionários estão 
sabendo exatamente como funciona os processos da obra, a tendência é que se minimizem os 
erros. Isto faz com que haja um mecanismo de desenvolvimento da mão de obra, 
consecutivamente aumentando a qualidade da mesma. 
39 
 
 
 O conceito da transparência
dos processos, pode ser aplicado na utilização de recursos 
visuais com informações relevantes para produção e para os funcionários, como indicadores 
de desempenho, focar na melhoria da limpeza e organização, avisos de segurança, sinalização 
luminosa, demarcação de áreas, etc. As imagens a seguir, ilustram a aplicação desse princípio 
das formas citadas anteriormente. 
Figura 11 - Placa de Identificação do Material. 
Fonte: Pagiolli (2015 p.68). 
 
Figura 12 - Identificação dos Materiais Armazenados. 
Fonte: Pagiolli (2015 p.69) 
40 
 
 
Figura 13 - Identificação dos Andares da Edificação. 
Fonte: Pagiolli (2015 p.69). 
 
 
Figura 14 - Informação a Respeito do Uso de Equipamentos de Proteção. 
Fonte: Pagiolli (2015 p.70) 
 
41 
 
 
 Ainda a fim de ilustrar a aplicação deste princípio, ensina-nos Pagiolli (2015), que a 
divulgação de índice de produtividade, prazos e metas aos funcionários facilita a compreensão 
da responsabilidade de todos, além de tornar mais claro o que cada um precisa produzir, 
consequentemente estimulando os trabalhadores melhorar a produção. Isto porque a maior 
parte das informações coletadas pelo ser humano acontece via visão, ou seja, manter essas 
informações de forma clara e de fácil visualização é de extrema importância. Logo, a empresa 
poderia montar um mural visível a todos os funcionários, no qual estariam disponíveis as 
informações referentes ao andamento da obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O objetivo deste trabalho era de estudar a metodologia Lean, percorrendo suas origens, 
seus conceitos e seus princípios que são utilizados para nortear boas práticas na execução de 
projetos. 
 A partir dos estudos de Koskela, o mesmo adaptou a filosofia Lean criada para 
indústria seriada, para que a mesma fosse usada no setor da construção civil, essa adaptação 
ficou conhecida como Lean Construction. A adaptação foi necessária, pois na construção 
civil, os produtos não são feitos em séries como nas indústrias. Na construção civil, cada obra 
é única e possui suas peculiaridades, características e dimensões, mesmo possuindo processos 
repetitivos, também possuí processos específicos, necessitando de planejamento especifico, de 
acordo com o porte, tipo e finalidade. 
 No modelo atual de gestão de projetos na engenheira civil, os objetivos são fixos e os 
meios para atingi-los são alterados somente quando é necessário reparar alguma falha 
executiva, ou seja, a gestão reativa. O habitual na construção é dividir o projeto executivo em 
tarefas individuais e tenta-se gerir e otimizar os processos, porém, apesar de parecer que faz 
sentido, essa forma é ineficiente, pois assim verifica-se somente os custos e prazos e 
desconsidera as relações complexas entres as tarefas. Ou seja, não há uma devida preocupação 
com todo o processo complexo que cerca uma obra. 
 O modelo de gestão de projetos que propõe o Lean Construction estabelece um 
sistema de controle com duas faces, ou seja, a coordenação vai alternando entre o 
planejamento e o controle da produção. Outro ponto chave nesta metodologia é que uma 
atividade só é iniciada, colocada no planejamento ou execução, quando tudo que é necessário 
para executar a mesma esteja previamente resolvido. Se uma tarefa não é executada, o sistema 
recebe o retorno imediatamente conseguindo identificar a causa do problema dês a sua 
origem. Com isso, é possível trabalhar de forma preventiva e corretiva melhorando todos os 
processos. 
 A aplicação desta ferramenta de gestão é uma ação que não envolve recursos 
financeiros, mas que tem o potencial de mudar a produtividade de um projeto, evitando o 
desperdício, retrabalho, otimizando os recursos e melhorando a qualidade das obras. A 
vantagem de utilizar a Lean Construction está na capacidade de fornecer aos profissionais a 
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possibilidade de obter a estabilidade da produção, capacidade de previsão, antecipação de 
ações econômicas de materiais e a redução dos desperdícios. 
 Contudo, conclui-se que a metodologia Lean Construction é um conceito novo de 
produção na área da construção e para que seja implantada é necessário adquirir 
conhecimentos a respeito da filosofia com base na bibliografia do tema ou com outros 
profissionais que já a utilizam. Além disso, é necessário entender como funciona a empresa 
ou empreendimento a ser construído, para saber como alcançar a melhoria contínua nos 
processos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Construção Enxuta em uma Obra de Edificação em Cuiabá. Cuiabá – MT, 2015. 
 
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ROCHA, Bruna Ferreira da. O Guia PMBOK e as pequenas empresas construtoras: Estudo de 
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ROMANO, Fabiane Vieira. Modelo de Referência para o Gerenciamento do Processo de 
Projeto Integrado de Edificações. Florianópolis, SC: PPGEP/UFSC, 2003. 
 
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TONETTO, Mirela Schramm. Avaliação da gestão da qualidade em obras prediais: um estudo 
de caso. Santa Maria, RS: Universidade Federal de Santa Maria, 2016. 
 
VENTURINI, Juliana Sanches. Proposta de ações baseadas nos 11 princípios Lean 
Construction para implantação em um canteiro de obras de Santa Maria. Universidade Federal 
de Santa Maria, Santa – RS, 2015. 
 
 
 
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