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Parte Geral – Doutrina
Lei nº 12�873/2013: Alterações no Salário-Maternidade e Segurado 
Especial
JOãO MARCELINO SOARES
Servidor Público do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Bacharel em Direito pela 
Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR e Pós-Graduando em Direito Previden-
ciário e Processual Previdenciário Aplicado pela mesma instituição. Autor de livros e artigos 
publicados em revistas especializadas. 
RESUMO: A Lei nº 12.873/2013 foi sancionada no dia 25.10.2013, sendo fruto da conversão da 
Medida Provisória nº 619, de 06.06.2013, com algumas alterações apresentadas no respectivo 
projeto de lei de conversão. Com alterações na Lei nº 8.213/1991, tal norma trouxe novidades 
no benefício do salário-maternidade e na (des)caracterização do segurado especial, conforme 
exposto no presente artigo.
PALAVRAS-CHAVE: Salário-maternidade; segurado especial, alterações.
SUMÁRIO: Introdução; 1 Alterações no salário-maternidade; 1.1 Adoção; 1.2 Conversão de 
titularidade; 1.3 Afastamento da atividade; 2 Alterações ao segurado especial; 2.1 Contratação 
de terceiros e safra; 2.2 Atividade remunerada e entressafra; 2.3 Empresário; Conclusão; Re-
ferências.
INTRODUÇÃO
A Lei nº 12.873/2013 alterou a redação da Lei nº 8.213/1991 e trouxe 
importantes alterações no benefício previdenciário do salário-maternidade 
e no enquadramento do segurado especial, com alguns dispositivos que já 
entraram em vigor e outros que irão vigorar apenas em 2014.
Quanto ao salário-maternidade, as novidades gravitam na possibili-
dade de concessão do benefício ao adotante do sexo masculino e na ex-
tinção da gradação etária da criança adotada, bem como na possibilidade 
de conversão de titularidade do benefício na hipótese de falecimento da 
segurada, durante ou antes de sua fruição, respeitados os limites legais.
No que tange ao segurado especial, ocorreram alterações nas regras 
de enquadramento, com a possibilidade de participação deste segurado em 
sociedade empresária e modificações no cálculo das “120 pessoas/dia” per-
mitidas na contratação de terceiros, bem como nos 120 dias de atividade 
remunerada permitida ao próprio segurado especial.
 Revista Síntese: Direito Previdenciário, São Paulo, v. 13, n. 59, mar./abr. 2014.
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Dito isto, passa-se a analisar as alterações.
1 ALTERAÇÕES NO SALÁRIO-MATERNIDADE
1.1 adoção 
A Lei nº 12.873/2013 retirou a gradação etária da criança adotada 
para fins de percepção de salário-maternidade da adotante, na trilha da de-
cisão proferida na ACP 5019632-23.2011.404.7200, que já vinha sendo 
cumprida administrativamente desde o ano passado. Assim, independente-
mente da idade do adotado, a adotante terá um salário-maternidade de 120 
dias, se preenchidos os requisitos concessórios. 
Muito embora o afastamento da gradação etária já fosse acatado em 
âmbito pretoriano, a alteração legislativa foi importante para rechaçar de 
vez o tratamento desigual e discriminatório da antiga redação do art. 71-A 
da Lei nº 8.213/1991. Neste sentido, já observavam Carlos Alberto Pereira 
de Castro e João Batista Lazzari1:
Ao deferir-se a licença somente em caso de adoção de criança até a idade de 
oito anos completos, e ainda, de forma “escalonada”, “classificando” os des-
tinatários da proteção materna substitutiva da maternidade biológica, forma-
-se odiosa discriminação no tocante a quem tenha mais que esta idade – e 
que não deixam de ser crianças e de ter direito a receber, não somente em 
tese, a “proteção integral” indicada pelo art. 227 da Constituição.
A novidade, porém, está na possibilidade de o percipiente do salário-
-maternidade ser do sexo masculino. Deste modo, o homem que adotar 
uma criança – ou obtiver guarda para este fim – poderá gozar do benefício, 
se preenchidos os requisitos para a concessão. 
A alteração legislativa, neste ponto, vem a contemplar outras expres-
sões familiares, haja vista que o afastamento remunerado pelo salário-ma-
ternidade tutela não apenas o descanso físico da parturiente e o adequado 
aleitamento materno, mas também serve a propiciar o início de um vínculo 
afetivo na relação familiar, determinante para a formação do caráter e da 
personalidade da criança. Como já alertava Érica Barcha Correia2, “o con-
ceito de maternidade não pode se reportar tão-somente à figura feminina. 
1 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. Florianópolis: 
Conceito, 2007. p. 547-548.
2 CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de especialização em direito previdenciário. In: ROCHA, Daniel Machado 
da; SAVARIS, José Antônio (Coord.). Juruá: Curitiba, 2007. p. 308.
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O Direito, por sua vez, não pode deixar de regular novas modalidades de 
constituição familiar, v.g., as famílias monoparentais”.
Logo, se houver a adoção de uma criança por pares homossexuais 
masculinos, ou, ainda, apenas por um homem que visa à constituição de 
uma família monoparental, o fato de o adotante ser um homem não será 
mais impeditivo à concessão do benefício.
Note-se, entretanto, que o art. 71-A, § 2º, da Lei nº 8.213/1991 veda 
o gozo de mais de um salário-maternidade no mesmo processo de adoção. 
Ou seja: se houver adoção por um casal – seja hétero ou homossexual –, 
apenas um dos cônjuges ou companheiros terá direito ao benefício. O be-
nefício ao adotante, como já era previsto, é pago diretamente pela Previdên-
cia Social, independentemente da espécie de segurado.
Aqui, certamente surge uma indagação: e se a parturiente não tiver a 
qualidade de segurado, poderia seu cônjuge ou companheiro fruir do bene-
fício, caso preencha os requisitos para tanto? Pelo texto legal, não. Percebe-
-se que o novo art. 71-A, caput, da Lei nº 8.213/1991 prevê que, se houver 
adoção, o benefício poderá ser concedido tanto ao segurado homem como 
à segurada mulher, desde que não cumule aos dois; entretanto, não estende 
tal possibilidade na hipótese de parto, o que certamente gera um tratamento 
distintivo a depender do fato gerador.
A previsão de concessão de salário-maternidade ao segurado mas-
culino e a extinção da gradação etária da criança adotada está previsto no 
atual art. 71-A da Lei nº 8.213/1991, que já se encontra em vigor.
1.2 conversão de titularidade
Outra novidade da Lei nº 12.873/2013 sobre o salário-maternidade 
é a possibilidade de sua conversão de titularidade em caso de falecimento 
do segurado, prevista no art. 71-B da Lei nº 8.213/1991. Assim, se a segu-
rada detinha direito ao salário-maternidade, mas faleceu antes do fruí-lo, 
seu cônjuge ou companheiro poderá fazê-lo, desde que também ostente a 
qualidade de segurado. De igual maneira ocorre se o falecimento acontecer 
durante a fruição do benefício: o companheiro ou cônjuge supérstite terá 
direito de gozar o seu restante, se também tiver a qualidade de segurado.
Entretanto, esta conversão de titularidade deve ser requerida até a 
data em que seria fixada a DCB (Data de Cessação do Benefício) do benefí-
cio originário, e o cálculo do valor do benefício secundário deve ser refeito, 
com base na nova titularidade, sendo pago entre a data do óbito e o término 
do benefício originário. Por certo, não há óbice da cumulação do salário-
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RSP Nº 59 – Mar-Abr/2014 – PARTE GERAL – DOUTRINA ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������93-maternidade para o companheiro ou cônjuge supérstite desde o óbito com 
a pensão por morte.
Esta conversão de titularidade também se aplica aos casos de ado-
ção. Assim, se um dos adotantes falecer durante ou antes da percepção 
do salário-maternidade, o outro cônjuge ou companheiro adotante poderá 
recebê-lo, durante todo o período de 120 dias ou durante o tempo restante, 
caso o benefício já tenha sido concedido ao falecido. Grife-se, todavia, a 
exigência do requerimento até a data em que seria fixada a DCB do be-
nefício originário e a necessidade de o cônjuge ou companheiro também 
ostentar a qualidade de segurado. Entretanto, a conversão não é possível se 
houver também o falecimento do filho ou seu abandono.
Esta conversão de titularidade está prevista no art. 71-B da Lei 
nº 8.213/1991, e possui uma vacatio legis de 90 dias a contar da publicação 
da Lei nº 12.873/2013, ocorrida em 25.10.2013.
1.3 afastamento da atividade
Outra regra trazida pelo art. 71-C da Lei nº 8.213/1991 impõe a ne-
cessidade expressa do afastamento do segurado do trabalho ou atividade 
desempenhada durante o gozo do benefício, sob pena de sua suspensão. 
Quando se trata de segurada empregada, o salário-maternidade pago 
pela empresa coincide com a licença-maternidade, de maneira que inexiste 
prestação dos serviços durante o afastamento. Entretanto, não havia na le-
gislação de regência nenhuma disposição proibitiva do retorno ao trabalho 
durante o gozo do benefício às demais seguradas obrigatórias3. 
Mesmo assim, a autarquia previdenciária indeferia o benefício caso 
verificasse que a segurada retornou ao trabalho durante o período de afas-
tamento. Assim, por exemplo, se fossem constatados recolhimentos no pe-
ríodo de afastamento por uma segurada contribuinte individual, por GFIP 
ou GPS, o benefício não era concedido, com base em consultas técnicas 
internas (4236, 3416, 2103), o que violava sobremaneira o princípio da 
legalidade restrita, pois impunha um requisito concessório inexistente na 
legislação. 
Todavia, com o advento do art. 71-C da Lei nº 8.213/1991, o afas-
tamento do trabalho ou atividade desempenhada é condição indispen-
3 O que existe como vedação expressa do retorno ao trabalho é o art. 4º da Lei nº 11.770/2008, mas que trata 
da prorrogação da licença-maternidade das seguradas empregadas por meio do Programa Empresa Cidadã. 
Sobre o tema, vide: SOARES, João Marcelino; VESCOVI, Luiz Fernando. Prorrogação da licença-maternidade: 
as limitações da Lei nº 11.770/2008. Revista Trabalhista Direito e Processo, Anamatra/LTr, n. 41, 2012.
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sável para a fruição do benefício. Tal artigo também possui uma vacatio 
legis de 90 dias a contar da publicação da Lei nº 12.873/2013, ocorrida em 
25.10.2013.
2 ALTERAÇÕES AO SEGURADO ESPECIAL
2.1 contratação de terceiros e safra
Com nova redação do art. 11, § 7º, da Lei nº 8.213/1991, determi-
nou-se a desconsideração do período de auxílio-doença do trabalhador no 
cálculo do “120 pessoas/dia” e a desnecessidade que o labor prestado ao 
segurado especial ocorra apenas no período de safra. Explica-se.
A regra é que o segurado especial ou seu grupo familiar não pode 
contratar empregados ou outros prepostos para ajudar na produção rural, 
sob pena de desconsideração de sua qualidade de segurado especial. É 
apenas permitido o auxílio eventual de terceiros, mas sem remuneração. 
Trata-se, aqui, da prática conhecida no meio rural como “troca de dia”, na 
qual os vizinhos ajudam determinado agricultor, normalmente na colheita, 
em troca da ajuda deste mesmo agricultor na colheita deles. Portanto, não 
há remuneração nem subordinação, mas apenas uma ajuda mútua, não se 
descaracterizando, assim, a condição de segurado especial.
Mas existe uma exceção trazida pela Lei nº 11.718/2008, em que o 
segurado especial pode contratar empregados ou outros prepostos, como 
trabalhadores eventuais, sem que isto descaracterize sua condição. Trata-se 
do art. 11, § 7º, da Lei nº 8.213/1991, que prevê a contratação de trabalha-
dores na proporção de 120 pessoas/dia no mesmo ano. Assim, dentro do 
mesmo ano civil, o segurado especial pode contratar, de forma corrida ou 
intercalada: 1 preposto por 120 dias; 2 prepostos por 60 dias; 3 prepostos 
por 40 dias; 4 prepostos por 30 dias; 5 prepostos por 24 dias; 6 prepostos 
por 20 dias; e assim sucessivamente, até chegar à possibilidade de contratar 
120 prepostos por 1 dia.
Ora, antes, esta contratação deveria ocorrer apenas no período da 
safra (ou safrinha), entendida como o período compreendido entre o pre-
paro do solo e a colheita (IN 45, 45, art. 7º, § 2º). Agora, não há mais esta 
restrição, até pela dificuldade de identificação no caso concreto do período 
de safra quando na existência de produção de várias culturas pelo segurado 
especial. Ademais, o período em que o trabalhador estiver em percepção de 
auxílio-doença não será considerado para este cálculo.
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2.2 atividade remunerada e entressafra
Outro limite retirado foi a necessidade de os 120 dias da atividade 
remunerada permitida do próprio segurado especial ocorrerem somente no 
período de entressafra. Explica-se.
Entende-se por regime de economia familiar “a atividade em que o 
trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao 
desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar”. Assim, a regra é que, 
se o indivíduo exerce outra atividade remunerada, descaracterizada está sua 
condição de segurado especial, salvo as várias exceções legais. Uma destas 
exceções é, justamente, a possibilidade de outra atividade remunerada pelo 
segurado especial em período não superior a 120 dias, corridos ou interca-
lados, dentro do mesmo ano civil.
Antes, pois, exigia-se que este período ocorresse somente na entres-
safra, o que foi retirado com a novel redação do art. 11, § 9º, III, da Lei 
nº 8.213/1991.
2.3 empresário
A Lei nº 12.873/2013 possibilitou que, sem perder tal condição, o 
segurado especial participe de sociedade empresária ou figure como em-
presário individual ou empresário individual de responsabilidade limitada 
– Eireli, inclusive com a aceitação de incidência no IPI sobre os produtos, 
desde que (art. 11, § 12, da Lei nº 8.213/1991):
a) a empresa tenha objeto agrícola, agroindustrial ou agroturística;
b) seja Microempresa – ME, nos termos da Lei Complementar 
nº 123/2006, ou seja, com receita bruta anual até R$ 360.000,00 
(art. 3º, inciso I, da Lei Complementar nº 123/2006, com altera-
ção da Lei Complementar nº 139/2011);
c) mantenha a atividade rural;
d) a sede da empresa seja no mesmo município das atividades ru-
rais ou município limítrofe;
e) e, se tiver mais sócios, todos devem ser segurados especiais.
Trata-se da continuação do alargamento do conceito de segurado es-
pecial trazida pela Lei nº 11.718/2008, afastando-se a vetusta interpretação 
de que o segurado especial é tão somente aquele sujeito pobre e miserável 
que sobrevive com dificuldades de sua atividade de total subsistência. 
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O segurado especial, a partir deste novo panorama legislativo, é tam-
bém aquele indivíduo que explora atividadeturística em sua propriedade, 
que industrializa sua produção, que contrata terceiros dentro dos limites 
legais, que exerce atividade remunerada urbana dentro dos limites normati-
vos, que não precisa residir no terreno no qual desenvolve suas atividades, 
que exerce mandato eletivo de vereador, que é dirigente de cooperativa, 
que possui previdência complementar, que declara imposto de renda e que, 
agora, também pode se constituir como empresário, observados os requi-
sitos mencionados. Isto tudo sem perder a condição de segurado especial. 
Esta nova realidade do segurado especial está em harmonia com in-
vestimentos governamentais à população rural e com a necessidade de sua 
manutenção no campo visando ao desenvolvimento da produção agríco-
la do país. Cita-se, como exemplos, o Programa de Agroindústria, o Plano 
Safra 2013-2014 e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura 
Familiar – Pronaf. O segurado especial, assim, não é apenas quem retira 
sua alimentação exclusivamente da atividade pesqueira ou campesina, mas 
também quem propicia o desenvolvimento socioeconômico do seu grupo 
familiar. Neste sentido, adverte Jane Lucia Bervanger4:
Se o aplicador não se conscientizar do seu papel – de aplicar e não legislar 
– a legislação previdenciária não conseguirá motivar a permanência do agri-
cultor familiar no meio rural e, por conseguinte, dificultará o cumprimento 
da estratégia de investir na produção de alimentos e na segurança alimentar.
Entretanto, a possibilidade do exercício da atividade empresarial 
pelo segurado especial somente produzirá efeitos a partir de 01.01.2014, 
como dispõe o art. 63, inciso III, da Lei nº 12.873/2013.
CONCLUSÃO
Conforme exposto, a Lei nº 12.873/2013 alterou a redação da Lei 
nº 8.213/1991 e trouxe modificações no benefício previdenciário do salá-
rio-maternidade e no enquadramento do segurado especial.
A retirada da gradação etária da criança adotada para fins de percep-
ção de salário-maternidade da adotante, como reflexo da decisão proferida 
na ACP 5019632-23.2011.404.7200, afastou um tratamento desigual da an-
tiga redação do art. 71-A da Lei nº 8.213/1991, que classificava discrimina-
4 BERVANGER, Jane Lucia Wilhelm. As inovações da Medida Provisória nº 619/2013: o segurado especial. In: 
Previdência Social nos 90 anos da Lei. CHAVES, Eloy (Coord.); BERVANGER, Jane Lucia Wilhelm; FOLMANN, 
Melissa. Curitiba: Juruá. 2013. p. 470. 
 Revista Síntese: Direito Previdenciário, São Paulo, v. 13, n. 59, mar./abr. 2014.
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toriamente os adotados e mitigava uma proteção social constitucionalmente 
garantida. 
Quanto à possibilidade de concessão do benefício na hipótese de 
adoção pelo segurado do sexo masculino, tal inovação traduz o reconhe-
cimento estatal da necessidade de proteção da criança e do adolescente 
inserido em outras expressões familiares, como a família monoparental e os 
pares homossexuais, propiciando o início de um vínculo afetivo na relação 
familiar, determinante para a formação do caráter e da personalidade do 
adotado.
Esta proteção integral da criança também é fundamento na conversão 
de titularidade do benefício, possibilitando-se que o companheiro ou côn-
juge supérstite obtenha o afastamento remunerado a fim de salvaguardar a 
proteção e o bem-estar do adotado ou recém-nascido e o fortalecimento da 
nova família. 
Já no particular do segurado especial, a Lei nº 12.873/2013 expres-
sa a continuidade do reconhecimento estatal de uma nova uma realidade 
do segurado especial, deflagrada com o advento da Lei nº 11.718/2008. 
Neste novo panorama, vislumbra-se um esforço do governo em fortalecer 
a agricultura familiar, colimando a manutenção do produtor no campo e o 
desenvolvimento da produção agrícola do país. Neste viés, deve ser tutela-
do como segurado especial não apenas aquele sujeito que sobrevive com 
dificuldades em sua atividade de total subsistência, mas também o produtor 
rural que, conjugado com o desenvolvimento socioeconômico de seu grupo 
familiar, colabora diariamente com a segurança alimentar da nação.
REFERÊNCIAS
BERVANGER, Jane Lucia Wilhelm. As inovações da Medida Provisória nº 619/2013: o 
segurado especial. In: Previdência Social nos 90 anos da Lei CHAVES, Eloy (Coord.); 
BERVANGER, Jane Lucia Wilhelm; FOLMANN, Melissa. Curitiba: Juruá. 2013.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previ-
denciário. Florianópolis: Conceito, 2007.
CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de especialização em direito previdenciário. In: 
ROCHA, Daniel Machado da; SAVARIS, José Antônio (Coord.). Juruá: Curitiba, 2007.
SOARES, João Marcelino; VESCOVI, Luiz Fernando. Prorrogação da licença-mater-
nidade: as limitações da Lei nº 11.770/2008. Revista Trabalhista Direito e Processo, 
Anamatra/LTr, n. 41, 2012.
 Revista Síntese: Direito Previdenciário, São Paulo, v. 13, n. 59, mar./abr. 2014.