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MALÁRIA COMPLICADA – qualquer espécie Artesunato 2,4 mg/kg – dose de ataque via intravenosa 1,2 mg/kg após 12 e 24h de ataque Dose diária de 1,2 mg/kg por 6 dias TOTAL: 7 dias de tratamento Artemeter 3,2 mg/kg – dose de ataque via intramuscular Após 24h aplicar 1,6 mg/kg/dia por 4 dias TOTAL: 5 dias de tratamento *não usar em caso de choque *na malária vivax ou mista associar c/ primaquina VO por 7 dias no momento da alta hospitalar * na falciparum, associar com primaquina em dose única no momento da alta MALARIA MISTA (Pf/Pv) -não complicada artemeter + lumefantrina VO nas mesmas doses da p.falciparum e usar primaquina VO por 7 dias para vivax o resultado discrimina a espécie, a parasitemia contada em 200 leucócitos e a parasitemia semi-quantitativa é dada em cruzes (+/2 a ++++) Parasitemia acima de +++ para p.falciparum devem levantar suspeita de malária complicada mas se o pct estiver bem, pode receber tratamento ambulatorial Para mortes sem causa definida em suspeita de malária, sempre pedir necropsia Pcts com fortes suspeitas clinicas e epidemiológicas devem repetir a gota espessa a cada 24h, enquanto persistir o sintoma febril PRESCRIÇÕES: ADULTOS: CRIANÇA: GESTANTES: DEFICIENTES DE G6PD: 8 dias - 3 comps de 15mg (adulto) VIVAX NÃO COMPLICADA Cloroquina (150 mg VO) não precisa ajustar peso Dia 1: 4 comps/dia Dia 2: 3 comps/dia Dia 3: 3 comps/dia Primaquina (15 mg VO) 0,5mg/kg/dia para pc > 60kgs 7 dias: 2 comps/dia Cloroquina (150 mg VO) diluição do comp em agua e pode ser administrado com seringa Dia 1: 10mg/kg/dia Dia 2: 7,5mg/kg/dia Dia 3: 7,5mg/kg/dia Primaquina (5mg ou de 15mg) a partir de 6 meses 7 dias: 0,5mg/kg/dia Para evitar recaídas, devem fazer quiomioprofilaxia com cloroquina 5mg/kg/semana (dose máxima de 300mg) por 12 semanas Não podem tomar primaquina Gota espessa deve ser realizada caso a criança nasça com icterícia ou febre VIVAX RESISTENTE Caso tenham usado a cloroquina corretamente e ainda tenha prasitemia positiva do dia 5 ao dia 42 são considerados resistentes (recrudescência) deve ser feita a associação artemeter/lumefantrina e primaquina deve ser prescrita novamente por 7 dias Parasitemia + após dia 42 sem ter retornado a área endêmica é recaída por falha da primaquina, deve-se administrar novamente por período mais longo 0,5mg/kg/dia por 14 dias. Caso continue, aumentar a dose para 0,75mg/kg/dia por mais 14 dias. Caso persista a recaída, fazer quimioprofilaxia com cloroquina (5mg/kg/dia por 12 semanas) FALCIPARUM NÃO COMPLICADA Artemeter (20mg) + lumefantrina (120mg) VO 0-14kg: 1 comps. 12/12h por 3 dias 15-24kg: 2 comps. 12/12h por 3 dias 25-34kg: 3 comps. 12/12h por 3 dias >34kg: 4 comps. 12/12h por 3 dias *Crianças <6 meses e gestantes no primeiro trimestre devem ser acompanhadas *tomar de preferência com alimentos gordurosos *independente da presença de gametócitos de p.falciparum, sempre administrar a primaquina como gametocitocida em dose única no dia 1 na dose de 0,25mg/kg (1 comp. De 15 mg para adulto) *se a parasitemia ainda for positiva no dia 5, contatar malariologo QUANDO SUSPEITAR: SINTOMAS QUE PODEM INDICAR COMPLICAÇÕES GRAVES: 1. Dor abdominal intensa (ruptura de baço, frequente em P.vivax) 2. Icterícia de mucosas 3. Mucosas muito hipocoradas 4. Anuria por mais de 24 horas 5. Vômitos persistentes 6. Sangramento em qualquer topografia 7. Dispneia ONDE TRATAR O PACIENTE: Não complicada: nível ambulatorial Qualquer complicação: pronto-atendimento Hipotensão persistente após hidratação venosa ou convulsões repetidas: UTI EXAMES LABORATORIAIS INESPECÍFICOS DE ROTINA: só devem ser solicitados em pcts c/ suspeita de complicação clínica 1. Hemograma 2. Bioquímica do sangue (bilirrubinas, AST, ALT, ureia, creatinina, glicose e lactato) 3. INR (índice internacional normalizado – avalia a via extrínseca da coagulação) em caso de sangramento 4. Gasometria arterial, em caso de dispneia 5. Análise de LCR (líquido cefalorraquidiano) em caso de síndrome neurológica *O EAS é de pouca utilidade e pode confundir o médico já que a própria infecção da malária gera piúria EXAMES DE IMAGEM DE ROTINA: 1. Radiografia de tórax em caso de dispneia ou ausculta alterada 2. Ultrassonagrafia de abdome em caso de vômitos persistentes (colecistite alitiasica) e dor abdominal intensa (ruptura de baço) 3. TC de crânio em caso de síndrome neurológica COMO TER CERTEZA DO DIAGNOSTICO: 1. Gota espessa ou teste rápido FORMA ASSINTOMÁTICA FORMA NÃO COMPLICADA FORMA COMPLICADA 1. Contactantes com pacientes diagnosticados 2. Que residam em área endêmica (IPA>50) 1. Síndrome febril aguda em pct procedente de área endêmica 2. Plaquetopenia a esclarecer 3. Anemia a esclarecer 4. Hepatoesplenomegalia a esclarecer 1. Síndrome aguda ictérica, hemorrágica, aguda, icetro- hemorragica, respiratória ou neurológica 8. cianose de extremidades 9. Taquicardia 10. Convulsão ou desorientação 11. Prostação (em crianças) 12. Comorbidades descompensadas 2. malária grave o Gestantes, crianças e adultos não imunes constituem o grupo de maior risco pra forma grave da doença o Complicações clínicas graves devem ser identificadas precocemente pois o tratamento específico mais agressivo mudam o prognóstico do paciente o A OMS classifica a malária grave segundo 10 manifestações clínicas e laboratoriais (tabela 115.1 pg 775) o Observa-se que as formas mais frequentes de malária grave por falciparum no brasil, em adultos, são a insuficiência renal aguda e colestase hepática. Em crianças a forma mais comum é a anemia. A malária grave por vivax é rara e segue o mesmo padrão e deve-se sempre investigar outras coinfecções associadas 3. malária com outras complicações: o Plaquetopenia (plaquetimetria <150.000/mm³) é encontrada em 70% dos pcts; geralmente a medula responde bem a isso, fazendo a compensação e mesmo com a plaquetopenia <50.000/mm³ o sangramento clinico é raro e de pouca magnitude o A plaquetopenia tem sido relacionada com o aumento da parasitemia, entretanto, trata-se de uma complicação benigna e que regride logo após início da terapêutica. A transfusão raramente deve ser indicada o Complicações menos frequentes são a formação de hematoma subcapsular esplênico ou infarto esplênico (maior frequência por vivax) e podem sofrer rotura culminando em choque hipovolêmico e óbito o Pcts com queixa de dor abdominal intensa deve-se realizar obrigatoriamente a ultrassonografia de abdome. Complicação muito frequente, sobretudo em pcts com quadro de icterícia e vômito, é a colecistite alitiásica, identificada facilmente na ultrassom abdominal fazendo o diagnostico diferencial com dengue, leptospirose e febre tifoide. o A anemia não grave associada a malária é complicação relativamente comum o Na malária gestacional podem ocorrer complicações como retardo do crescimento intrauterino, parto prematuro, óbito fetal e sangramento retroplacentário Patogenia: A febre da malária resulta da produção de citocinasquando ocorre o rompimento das hemácias, liberando na corrente plasmódios e toxinas como a hemozoína (pigmento malárico resultante da transformação da hemoglobina) Fatores relevantes para a virulência dos plasmódios: 1. Capacidade de multiplicação 2. Preferencias no estágio de vida do eritrócito 3. Capacidade de produzir citoaderencia 4. Indução da produção de citocinas 5. imunogenicidade do hospedeiro o mecanismo mais relevante é a adesão dos eritrócitos parasitados ao endotélio microvascular. Esse complexo de mecanismo de citoaderencia envolve a formação de protuberâncias (knobs) na superfície dos eritrócitos a partir de antígenos variantes do parasito (PfEMP1) e da própria hemácia, e a ativação endotelial, através de mediadores inflamatórios, como TNF. Os principais receptores dessa ligação são: CD36, ICAM-1, condroitina-sulfato A e ac hialuronico. O resultado final é a obstrução de capilares de importantes órgãos como cérebro, pulmão, fígado e rins, cuja anóxia é a base fisiopatogênica do quadro clínico mais grave. Diagnóstico clínico: 1. malária não grave o As espécies mais prevalentes no país são a P. vivax (antigamente dita terçã benigna) e P. falciparum (quartã maligna – maior gravidade) o Na maior parte das vezes apresenta-se como um síndrome febril aguda indiferenciada o Lembrando que a febre é raramente observadas em áreas endêmicas (2 semanas para o aparecimento), pois nessas áreas o diagnóstico e tratamento costumam ser mais rápido. 60% dos casos iniciam tratamento dentro de 48h após o surgimento dos sintomas. o Vale lembrar também que características imunológicas individuais de cada paciente definem os quadros mais ou menos exuberantes. Sabe-se que o limiar de parasitemia que desencadeia a febre na malária vivax é um pouco inferior ao limiar da malária falciparum, o que faz com que mesmo menores parasitemias por aquele parasito causem febre de forma mais precoce o Tipicamente, os pcts se queixam de quadro agudo de febre alta, calafrios, mialgia, artralgia, cefaleia intensa, astenia, tontura, náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal o Febre intensa com calafrios seguida de sudorese abundante não são comuns mas se observados podem fazer diagnostico diferencial eventualmente com uma convulsão tônico-clônica* o Ao exame físico, que por muitas vezes esta normal, pode-se encontrar mucosas hipocoradas, hepatoesplenomegalia de consistência diminuída e dor à palpação abdominal. Fatores que determinam a forma grave da doença, classicamente encontrada na africa sub-saariana Nas áreas onde a doença por P. vivax é endêmica, a forma mais grave mais comum da doença é a anemia. Em área de transmissão moderada, adultos apresentam formas complicadas, especialmente icterícia colestática, anemia e complicações respiratórias. Existem também “portadores assintomáticos” do plasmódio. Ainda não se conhecem os mecanismos de proteção mas acredita-se que essas pessoas podem manter o ciclo da doença, em função de não buscarem tratamento, podendo continuar infectando mosquitos. Ciclo da malária no homem: O ciclo hepático dura cerca de 14 dias, período de incubação da doença. *os merozoítos que saem do fígado não voltam pro fígado mas as que saíram das hemácias, voltam a contaminar hemácias repetindo os ciclos esquizogônicos eritrocíticos até sua interrupção pela morte do paciente, pela terapêutica ou parcialmente pelo surgimento da imunidade. *a sincronia do ciclo geralmente é observada após 2 semanas de doença clínica (febre intermitente) – terçã a cada 48h e quartã a cada 72h *alguns merozoitos se diferenciam em gametócitos – forma sexual de infecção do vetor. Na vivax, estão presentes no sangue periférico desde o início da doença e na falciparum, apenas 7 dias depois, por estarem inicialmente sequestrados em vasos profundos da medula óssea Ciclo hepático (pré-eritrocítico) Femêa inocula os ESPOROZOÍTOS que penetram os hepatócitos No fígado, os esporozoítos se transformam em CRIPTOZOÍTO que cresce e inicia a reprodução assexuada ESQUIZOGONIA Nesse processo, o núcleo sofre várias divisões mitóticas sem divisão do citoplasma formando uma célula multinucleada, EQUIZONTE Os núcleos formados recobrem-se de citoplasma e membrana plasmática originando os MEROZOÍTOS O hepatócito com merozoítos é chamado ESQUIZONTE MADURO e o processo é dito ESQUIZONIA TISSULAR ou TECIDUAL Merozoítos formam pequenas vesículas chamadas MEROSSOMOS Que são liberados dos hepatócitos nos sinusoides hepáticos e vão invadir os eritrócitos se tornando TROFOZOÍTOS Trofozoítos através de esquizogonia sanguínea ou eritrocítica formam os ESQUIZONTES SANGUÍNEOS Incitam a resposta imunitária com repercussão clínica – quando se rompem os eritrócitos liberam novos merozoítos na circ sang Momento que coincide com o paroxismo febril devido a liberação de moléculas tóxicas, como a glicofosfatidilinositol (GPI) Malária Polyana Cardoso 1. Descrição da fisiopatogenia (definição, espécies, epidemiologia, ciclo e quadro clínico) 2. Diagnóstico clínico e laboratorial 3. Definição de esquema terapêutico de acordo com a espécie, faixa etária, gestantes e peso Definição e epidemiologia: Doença parasitária de maior impacto mundial – estimando-se entre 367 mil e 755 mil óbitos anuais A maioria das transmissões ocorrem na África Brasil, Venezuela e Colômbia possuem 75% dos registros sendo que, no brasil, 99,8% dos casos concentra-se na região da Amazônia legal Em 1950, com Campanha de Erradicação da Malária, a doença ficou quase totalmente restrita a região amazônica e alguns casos autóctones foram registrados na região de mata atlântica Em 1970, o número de casos caiu consideravelmente, porem devido ao desenvolvimento econômico da Amazônia (zona franca, áreas de garimpo) em 1975, houve novamente o aumento no número de casos, alcançando 635.646 em 1999 Com o passar do anos, a espécie parasitaria Plasmodium vivax começou a ser a predominante nas américas, diferindo, então, da espécie predominante na África, onde predomina o Plasmodium falciparum PIACM (plano de intensificação das ações de controle da malária) foi implantada em 2001 e diminuiu novamente o número de casos, porém, em 2005 mais casos foram registrados novamente e desde então medidas de controle foram baseadas no diagnóstico e tratamento precoce e tem levado a uma tendência de diminuição nos casos de todo o brasil. O SIVEP-malária (sistema de vigilância epidemiologia em malária) registrou progressivo declínio Espécies: transmitida pela picada do mosquito Anopheles darlingi (principal), na costa brasileira pelo Anopheles aquasalis e na mata atlântica pelo Anopheles kertesia cruzii. Os protozoários responsáveis pela malária são intracelulares obrigatórios e pertencem a família Plasmodiidae. No gênero Plasmodium, quatro espécies têm importância clínica e epidemiológica – as que causam infecções em humanos. E outra espécie vem sendo observada por causar complicações clínicas graves, o P. knowlesi. A biologia dos plasmódios inclui um: ciclo reprodutivo ASSEXUADO no homem, que resulta a doença e um SEXUADO no mosquito. Plasmodiumvivax Menos letal Ciclo sanguíneo se repete a cada 48h Predominante no brasil Cada esporozoíto forma 10.000 novos merozoítos 15 novos merozoítos/eritrócito a cada ciclo sanguíneo Invade APENAS reticulócitos Plasmodium falciparum Maior letalidade Ciclo sanguíneo se repete a cada 48h Predominante na África Cada esporozoíto forma 40.000 novos merozoítos 24 novos merozoítos/eritrócito a cada ciclo sanguíneo Invade eritrócitos de diferentes idades P. ovale P. malariae No brasil, não existe infecção por P.ovale e a P. malariae é muito rara
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